A CONSTITUIÇÃO ELEMENTAR DA
MATÉRIA
Tudo começou com filosofia
Uma questão que sempre intrigou a o homem foi
a constituição elementar da matéria. No ano 450
a.C., dois filósofos gregos, Demócrito de Abdera e
Leucipo de Mileto, imaginaram que, se pegasse um
corpo qualquer e o fossem dividindo sucessivas
vezes, haveria um certo momento em que essa
divisão não seria mais possível. Nesse momento se
chegaria ao átomo. A palavra átomo deriva do grego
“a” (não) e tomos (parte), que significa sem partes,
indivisível.
Naquele tempo tratava-se apenas de um
pensamento filosófico sem base experimental.
Passaram-se muitos séculos durante os quais o
homem foi acumulando observações experiências,
até que um dia essa ideia foi retomada.
O modelo atômico de Dalton
Em 1803, o cientista inglês John Dalton, baseado
em uma série de leis experimentais das
transformações químicas de 1773, com;
- Lei da conservação da massa, de Lavoisier: a
massa não se modifica quando a matéria sofre
transformação;
- Lei das proporções fixas, de Proust: quando
diferentes matérias participam de uma
transformação, elas o fazem sempre numa mesma
proporção criou um modelo retomado o antigo
retomando o antigo conceito dos gregos.
Toda Espécie de matéria é formada por átomos.
Os átomos são esferas maciças, homogêneas,
indivisíveis e indestrutíveis.
O modelo atômico de Dalton explicava naquela 2°) Os raios catódicos caminham em linha reta.
época muitos dos fatos que eram observados Protejam na parede oposta da ampola a sombra de
experimentalmente e por isso a ideia de usar qualquer anteparo que for colocado em sua trajetória.
modelos, para compreender melhor a constituição
elementar da matéria, foi bem aceita pelos cientistas. 3°) Os raios catódicos possuem carga negativa.
É fato, porém, que uma ciência experimental vive em Quando é aplicado um campo elétrico externo à, os
constante evolução. Novas experiências e novas raios catódicos se dirigem para o campo positivo.
descobertas foram feitas; muitas não podiam ser
Em 1897, o físico inglês Joseph John Thomson,
explicadas pelo modelo de átomo maciço e, assim,
trabalhando com raios catódicos, concluiu que eles
essa concepção não explicava adequadamente parte
eram parte integrante de toda espécie de matéria,
do comportamento da matéria.
uma vez que a experiência podia ser repetida com
Investigando a essência matéria qualquer tipo de gás. Thomson denominou então os
raios catódicos de elétrons.
Por volta de 1856, muitas descobertas
A descoberta dos prótons
interessantes foram feitas utilizando-se a ampola
criada por Sir William Crookes, na qual era
Em 1896, Eugene Goldstein, utilizando um cátodo
introduzido um gás a baixa pressão para, em
perfurado em ampolas semelhantes à de crookes,
seguida, aplicar uma alta voltagem entre os
contendo gás a baixa pressão (0,1 mmHg
eletrodos.
aproximadamente), pode observar um foco luminoso
surgir atrás do catodo , vindo da direção do anodo.
A Descoberta dos elétrons
Goldstein denominou esse fluxo de raios anódicos
Observou-se, utilizando ampola de Crookes, que
um gás normalmente mau condutor de eletricidade, ou raios canais.
se tornava condutor, caso tivesse sua pressão muito
Os raios canais possuem carga elétrica positiva.
reduzida ( entre 10 e 0,01 mmHg).
Eles são desviados para a placa negativa na
Nessa condições, ao se aplicar uma voltagem presença de um campo elétrico externo a ampola.
entre eles os eletrodos na ampola de Crookes,
De todos os gases empregados nas experiências,
provoca-se a descarga elétrica do gás e via-se um
o hidrogênio era o que produzia raios canais com a
fluxo luminoso partindo do cátodo (polo-), em direção
menor massa e o menor desvio no campo elétrico. A
ao ânodo (polo+). A esse fluxo luminoso deu-se o
essa parte elementar dos raios canais chamou-se
nome de raios catódicos.
próton.
Sobre os raios catódicos chegou-se às seguintes
A radioatividade
conclusões:
Em 1896, o físico francês Antonie Henri
1°) Os raios catódicos possuem massa. São capazes
Becquerel descobriu que certos materiais que
de mover um pequeno moinho colocado da ampola
contem urânio emitem raios de grande poder de
de crookes.
penetração, capazes ate de impressionar um filme
fotográfico. Becquerel identificou através de diversas
experiências que esse fenômeno envolve três tipos
de raio, de características próprias, denominadas
alfa, beta e gama.
Os raios alfa são partículas pesadas e positivamente
carregadas
Os raios beta são partículas leves e negativamente
carregadas
Os raios gama são radiações eletromagnéticas
O modelo de Thomson
Joseph John Thomson, em 1898, baseado na sua
descoberta do elétron e na descoberta da
radioatividade, sugeriu que o átomo deveria ser
formado por uma esfera positiva, não maciça e
“incrustrada” de elétrons (carga negativa), de modo
que a carga total fosse nula.
A experiência de Rutherford
Em 1911, Ernest Rutherford realizou experiências
bombardeando uma finíssima lamina de ouro ( 10-4
mm de espessura) com partícula cuja carga elétrica
e positiva (+2), emitidas pelo polônio, um material
positivo.
Através da experiência, Rutherford observou que:
A maioria da das partículas alfa atravessou a
placa de ouro se, sofrer desvio considerável em sua
trajetória.
Algumas partículas alfa (poucas), foram rebatidas
na direção contraria ao choque
Desses fatos, tirou as seguintes conclusões:
1) No átomo há grandes espaços vazios.
2) No centro do átomo existe um núcleo muito
pequeno e denso
3) O núcleo do átomo tem carga positiva
Rutherford admitiu que havia elétrons girando ao
redor do núcleo para equilibrar sua carga positiva.
Segundo Rutherford, as partículas positivas do
núcleo eram as mesmas da experiência Goldstein.
Foi Rutherford que as chamou de prótons.
O modelo atômico de Bohr
Logo notou-se uma contradição no modelo de
Rutherford. Segundo a teoria clássica do
eletromagnetismo, de James Clerk Maxwell, físico
escocês, uma carga elétrica em movimento
acelerado emite energia (perde energia) na forma de
ondas eletromagnéticas.
O elétron em movimento circular estaria sujeito à
aceleração centrípeta e iria emitir energia até cair no
núcleo. O sistema atômico entraria em colapso e
matéria estaria comprometida na as estrutura básica,
Mas isso não ocorre
Assim, em 1913, Niels Bohr criou um novo
modelo atômico baseado na linha de espectros de
emissão.
Espectros de emissão Como as leis da física
clássica não conseguiam explicar o comportamento
de coisas muito pequenas como o átomo, um físico
alemão chamado Max Planck introduziu em 1900
uma teoria nova, denominada dos quanta .
Essa teoria afirma que a energia se propaga de
forma descontinua, como “pacotinhos de energia”
denominados quantum (plural de quanta).
Considere, por exemplo, o espectro completo das
radiações eletromagnéticas onde a parte visível
correnpondente à decomposição da luz branca ao
atravessar um prisma de difração.
Cada uma dessa onda eletromagnéticas, visível
ou na, representa uma energia que se propaga numa
certa frequência, à qual corresponde um determinado
valor de quantum.
Niels Bohr, estudando o espectro de emissão do
hidrogênio, isto é, a luz que ele emite quando se faz
incidir um feixe de raios catódicos sobre uma
amostra desse elemento, relacionou-se a energia do
elétron ao quantum e elaborou um modelo atômico
nos seguintes postulados:
1°) O elétron move-se em orbitais circulares em torno
de um núcleo atômico central.
2°) A energia de cada elétron é a soma de suas
energias cinética (de movimento) e potencia ( de
posição, tendo o núcleo com nível de referência).
Essa energia não pode ter um valor qualquer, mas
apenas valores que sejam múltiplos de um quantum.
3°) Somente certas órbitas eletrônicas são permitidas
para o elétron, e ele não emite energia ocorre.
4°) Quando o elétron passa de uma órbita para outra,
emite ou absorve um quantum de energia.
O modelo de bohr explica satisfatoriamente o
átomo de hidrogênio, que possui apenas 1 elétron ao
redor, mas não explica átomos com um número
maior dessas partículas.
Em 1915, Sommerfeld sugere orbitais elípticas.
Na década de 30 do século XX, o inglês James
Chadwick descobre o nêutron, com carga elétrica
neutra e massa aproximadamente igual a do nêutron.
Hoje em dia sabemos que o átomo é, na verdade,
um intrincado sistema contendo inúmeras partículas
e subpartículas que podem ser descritos sob um
ótica ondulatória.
O texto foi retirado do livro: FONSECA, MARTHA R.
M. DE. Química integral, 2° grau: volume único. São
Paulo, Editora: FTD. 1993