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Curso de

Cosmetologia

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na Bibliografia Consultada.
MÓDULO IV

8.1. ESPESSANTES

Os espessantes orgânicos dividem-se por sua vez em 2 classes: (1) os


espessantes de fase oleosa, que são insolúveis em água e solúveis em óleo, sendo
chamados por isto de agentes de consistência. São empregados em cremes, loções e
condicionadores. (2) Os espessantes de fase aquosa, que são normalmente insolúveis na
fase oleosa.
Os espessantes inorgânicos são geralmente eletrólitos tais como cloreto de sódio,
citrato de sódio, fosfato de sódio ou amônio e os aluminosilicatos.

Agentes de consistência:
ƒ Álcoois graxos
ƒ Monoestearato de gliceríla
ƒ Ésteres de álcoois e ácidos graxos
ƒ Ceras naturais e minerais, óleos e gorduras

Espessantes
ƒ CMC - carboximetilcelulose
ƒ HEC – hidroxietilcelulose - natrosol
ƒ Vinílicos: Carbômero, PVP, álcool polivinilico
ƒ Polissacarídeos: amido, agar-agar, carragenados, gomas, alginatos

8.2. ALCALINIZANTES E NEUTRALIZANTES

São usados em cosméticos para conferir alcalinidade às soluções, para neutralizar


ácidos graxos e obter sabões, umectantes, géis de carbomeros e corrigir pH. Podem ser
de origem inorgânica e orgânica.

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ƒ TEA - trietanolamina
ƒ NaOH

8.3. ACIDIFICANTES E NEUTRALIZANTES

Os ácidos mais usados em cosméticos são os orgânicos. São usados para


obtenção de sabões e umectantes e correção de pH.

ƒ Ácido cítrico
ƒ Ácido fosfórico

8.4. SEQÜESTRANTES

São componentes que apresentam capacidade de complexar íons metálicos e


alcalinos terrosos (Fé, Cu, Mg) que causam danos às formulações cosméticas, pois
precipitam com tensoativos, promovem a oxidação de componentes graxos insaturados e
são componentes vitais dos microorganismos.

ƒ EDTA
ƒ Citrato de sódio

Fazem sinergismo com conservantes, seqüestrando oligoelementos necessários ao


metabolismo dos microorganismos ao mesmo tempo em que aumentam a permeabilidade
da membrana celular, potencializando sua ação. Os conservantes usualmente
potencializados são o metil parabeno, o propilparabeno, o formaldeído, entre outros.
Do mesmo modo, fazem sinergismo com os antioxidantes, eliminando os íons ferro
e cobre responsáveis pela catálise metálica no processo oxidativo de óleos e gorduras.
O Agente sequestrante é chamado comumente de composto complexo. Existem
diversas teorias que explicam como se dá a ação dos sequestrantes, que se traduzem
nas teorias de formação de íons complexos, das quais se destaca a teoria de Lewis. Do
ponto de vista da teoria de Lewis, todos os compostos complexos possuem grupamentos
contendo átomos com pares de elétrons não compartilhados, atuando como um excelente

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grupo elétron-doador. Por outro lado, os íons metálicos são excelentes aceptores de
elétrons, uma vez que possuem orbitais atômicos vazios (orbitais d). A existência de um
grupo elétron-doador e de um grupo elétron-receptor é a condição necessária e suficiente
para a ocorrência de reação química, neste caso, chamada reação de complexação, onde
a ligação química formada é chamada de ligação covalente coordenada. Isto posto, fica
fácil entender porque a ação do sequestrante é pH dependente: para valores de baixo pH
o íon hidrogênio atua como receptor de elétrons competindo com o íon metálico e para
valores de pH elevados o íon hidróxido atua como elétron-doador competindo pelo metal,
muitas vezes causando sua precipitação, já que muitos hidróxidos de metais são
insolúveis.
A maioria das reações de complexação se dá na relação de uma molécula do íon
complexo para um íon metálico. Daí decorre a necessidade da utilização de água
desmineralizada ou deionizada nas formulações cosméticas, já que esta contém baixa
concentração de íons dissolvidos, permitindo o uso de mínimos teores de sequestrantes,
não onerando, portanto a formulação.
Problemas causados pela presença de íons metálicos em formulações cosméticas:
ƒ Reação com os componentes amínicos para formar produtos insolúveis;
ƒ Muitos corantes estão sujeitos a alterações e até precipitações na presença de íons
metálicos;
ƒ A oxidação de corantes e fragrância é catalisada por quantidades mínimas de íons
metálicos como Fe3+, Cu2+, Mn2+;
ƒ Alguns antimicrobianos são inativados pela contaminação com metais.

Benefícios dos agentes sequestrantes em formulações cosméticas:


ƒ Mantêm a transparência de sistemas que podem turvar com a presença de metais,
formando compostos insolúveis ou pouco solúveis;
ƒ Protegem componentes de fragrâncias que podem reagir ou ser oxidado com a
presença de traços de metais;
ƒ Estabilizam polímeros doadores de viscosidade, pois pode ocorrer certo grau de
“despolimerização” destes componentes em presença de metais provocando queda
de viscosidade e turvação do sistema com o tempo;
ƒ Previnem rancidez e formação de outros odores provenientes da decomposição de

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ativos e óleos no sistema;
ƒ Previnem descoloração em produtos contendo tioglicolato ou PABA;
ƒ Retardam a decomposição de sulfitos;
ƒ Ajudam no combate a bactérias Gram (-), fungo e leveduras;
ƒ Melhoram o brilho dos cabelos, impedindo que depósitos de cálcio e magnésio
permaneçam sobre os mesmos;
ƒ Ajudam a manter a cor dos cabelos após tingimento;
ƒ Impedem que cremes antiperspirantes manchem as roupas de amarelo;
ƒ Previnem a oxidação de vitaminas;
ƒ Melhoram o poder de limpeza dos limpadores de dentadura;
ƒ Inibem a formação de amônia proveniente da degradação da uréia.
ƒ Amolecedores de cutícula quando acondicionados em vidros, geralmente turvam
por ataque alcalino ao vidro, que pode ser inibido pela adição de sequestrantes.

8.5. CONSERVANTES

Contaminação microbiana

Alguns dos principais contaminantes em matéria-prima e produtos cosméticos são


microorganismos dos seguintes gêneros:
ƒ Pseudomonas,
ƒ Enterobacter,
ƒ Klebsiella,
ƒ Staphylococcus
ƒ Fungos e leveduras

Esses microorganismos provêm de alguma fonte de contaminação, ou seja, do


ambiente, do ser humano, dos equipamentos usados na fabricação dos produtos
cosméticos e podem ter origem nas más condições de limpeza.
Os conservantes são aquelas substâncias que adicionadas aos produtos tem
como finalidade preservá-los de danos causados por microorganismos durante a
estocagem, ou mesmo de contaminações acidentais produzidas pelos consumidores

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durante o uso.
Para cada tipo de agente conservante e dependendo da formulação existe uma
concentração máxima permitida, que deve ser seguida rigorosamente.
A presença de água e de vários componentes orgânicos nas formulações é que
favorecem a proliferação dos microorganismos. Quando esta realmente acontece, alguns
fatores que envolvem produto, produtor e consumidor devem ser considerados:

ƒ Alteração do produto:
ƒ Credibilidade do fabricante;
ƒ Saúde do consumidor:

Requisitos básicos:
ƒ Boa solubilidade em água;
ƒ Boa estabilidade;
ƒ Ser inodoro e incolor;
ƒ Ser economicamente viável;
ƒ Ser atóxico;
ƒ Ser efetivo a baixas concentrações.

Exemplos
ƒ Ésteres do ácido benzóico com função fenólica ou parabenos
ƒ lmidazolidiníluréia
ƒ Isotiazolinonas
ƒ Álcool benzílico
ƒ Álcool etílico (acima de 20%)
ƒ Fenoxetanol
ƒ p-clorometaxilenol

8.6. ANTIOXIDANTES

Substâncias que inibem ou bloqueiam o processo de oxidação dos componentes de


uma formulação cosmética, farmacêutica ou de outros produtos susceptíveis a oxidação.

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Na indústria cosmética, os componentes mais propensos à oxidação são as fragrâncias,
os corantes, os ativos e, principalmente, os óleos vegetais e alguns emolientes.
A oxidação pode se manifestar principalmente por modificações do odor e da cor
podendo até provocar irritações no tecido cutâneo. O odor desagradável é devido à
formação de aldeídos, cetonas e ácidos estranhos as ao produto.
A deterioração de óleos e gorduras pode se dar pela ação de enzimas,
microorganismos, oxigênio e presença de traços de metais.
Auto-oxidação acontece quando um composto insaturado, como um triglicerídeo,
por exemplo, entra em contato com oxigênio, uma dupla ligação no carbono alfa pode ser
rompida por um radical livre de oxigênio. Na etapa inicial, catalisada por calor, luz e traços
de metais, o carbono alfa perde o hidrogênio. O glicerídeo que assim se forma é muito
instável e reage facilmente com oxigênio. Em seguida o radical graxo livre degrada-se em
compostos orgânicos de cadeia curta, tais como radicais peróxidos e hidroperóxidos
livres. Resultam, no final da seqüência, misturas de aldeídos, cetonas, álcoois e ácidos,
de odor, paladar e cor desagradáveis. Em óleos vegetais este processo desenvolve-se
rapidamente na forma de reações em cadeia.
Mecanismo simplificado do processo de auto-oxidação

Estágio de indução

R – H → R° + h°
(processo fotoquímico, reações com ozônio ou por estresse molecular que levem à
cisão homolítica da ligação)

Estágio de propagação

R° + O2 → RO2°
RO2° + RH → RO2H + R°
Estágio de terminação

R° + R° → R-R (pouco provável)


RO2° + H° → RO2H

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RO2° + R° → RO2R
RO2° + RO2° → ROH + RCOR + RCHO + O2

Antioxidantes verdadeiros: interrompem as cadeias de radicais livres


ƒ BHT butilhidroxi-tolueno
ƒ BHA butilhidroxi-anisol
ƒ Galatodepropila
ƒ Tocoferol

Antioxidantes que atuam sofrendo oxidação (agentes redutores)


ƒ Metabissulfito de sódio
ƒ Bissulfito de sódio
ƒ Ác. Ascórbico (vit.C)
ƒ Palmitato de ascorbila

Antioxidante que atua por mecanismos preventivos


ƒ EDTA (ác. Etilenodiaminotetracético)

8.7. LISTA RESTRITIVA DE SUBSTÂNCIAS

A lista restritiva contém substâncias que podem ser adicionadas aos produtos de
higiene pessoal, cosméticos, perfumes e outros de natureza e finalidade idênticas,
obedecendo os limites, restrições, condições de uso e advertências de rotulagens
específicas para cada uma das substâncias. A lista completa encontra-se na Resolução
RDC nº 215, de 25 de julho de 2005.

LISTA DAS SUBSTÂNCIAS QUE OS PRODUTOS COSMÉTICOS PODEM CONTER SUJEITOS À


RESTRIÇÕES E CONDIÇÕES ESTABELECIDAS
Nº Substância Campo de Concentração Outras Limitações Condições de
Ordem Aplicação Máxima ou Uso e
ou Uso Autorizada Requerimentos Advertências
1 Ácido bórico a) talcos a) 5% a) Não poderá ser a) Não usar em

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b) produtos b) 0,5% usado em crianças
para c) 3% produtos para menores de 3
higiene oral crianças menores anos de idade.
de 3 anos de
c) outros idade.
produ-
dutos
2 Hidroquinona a) Corante a) 2% . a)Não usar para
de b) 2% tingir o buço ou
oxidação sobrancelhas.
para Enxaguar
cabelos imediatamente
b) se o produto
Clareador entrar em contato
de pele com os olhos.
localizada Contém
hidroquinona
b)Contém
hidroquinona.
Evitar contato
com os olhos.
Aplicar sobre
pequenas áreas.
Se surgir irritação
suspender o uso.
Não usar em
crianças com
menos de 12
anos.

8.8. LISTA DE SUBSTÂNCIAS DE USO PROIBIDO

Fica proibido o uso em produtos cosméticos das substâncias das categorias I e II


do IARC e outras referências internacionais, classificadas como cancerígenas
mutagênicas ou tóxicas para a reprodução. A lista completa encontra-se na Resolução
RDC nº 48, de 16 de março de 2006.

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ƒ Aceglumato de deanol∗ (Acetoglutamato)
ƒ Espironolactona*
ƒ Metotrexato*
ƒ Ácido Aminocapróico* e seus sais
ƒ Ácido Tricloroacético
ƒ Epinefrina*
ƒ Álcoois acetilenicos, seus ésteres, éteres e sais
ƒ Substâncias com efeitos androgênicos
ƒ Óleo de antraceno
ƒ Antibióticos
ƒ Arsênico e seus compostos
ƒ Benzeno
ƒ Bromo elementar
ƒ Tetracaína* e seus sais
ƒ Fenilbutazona*
ƒ Colchicina, seus sais e derivados
ƒ Metformina* e seus sais
ƒ Dinitrato de Isossorbida*
ƒ Efedrina e seus sais
ƒ Fluorouracil*
ƒ Progestogênios
ƒ Estrógenos
ƒ Pilocarpina e seus sais
ƒ Hioscina, seus sais e derivados
ƒ Estricnina e seus sais

9. SISTEMAS EMULSIONADOS

Emulsões são sistemas termodinamicamente instáveis, nos quais há a mistura de


dois líquidos imiscíveis, dispersos entre si como gotículas e/ou cristais líquidos.

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Produtos emulsionados têm uso extenso, com as mais diversas finalidades, em
áreas cosméticas, farmacêuticas, industriais, alimentícias, agricultura, transporte de
materiais perigosos, detergentes, entre outros. A formulação e o controle das variáveis do
processo de fabricação nos permitem obter emulsões com características adequadas à
finalidade específica desejada.
A estabilidade das emulsões deve-se principalmente ao uso de tensoativos na sua
preparação, compostos anfifílicos em cuja molécula existem grupamentos hidrófilos e
lipófilos, que se posicionam entre as duas fases da emulsão (aquosa e oleosa),
originando a película interfasial que diminui a tensão entre elas estabilizando o sistema. O
balanço entre as duas porções moleculares com características opostas dessas
substâncias é denominado EHL - equilíbrio hidrófilo-lipófilo. Este representa um sistema
de classificação dos tensoativos, tendo como base os parâmetros de solubilidade desses
compostos em solventes polares e/ou apolares.
Neste sistema, introduzido por Griffin em 19492, uma escala numérica
adimensional de valores entre 1 e 20 é usada para descrever a natureza do agente
tensoativo, sendo que os valores de EHL aumentam de acordo com a hidrofilia da
molécula. O equilíbrio hidrófilolipófilo de um tensoativo é uma propriedade importante no
processo de emulsificação, posto que determina o tipo de emulsão que tende a produzir.
Agentes emulsivos de EHL baixo tendem a formar emulsões água/óleo, ao passo que
aqueles com EHL alto formam emulsões óleo/água. Portanto, o conhecimento dos valores
de EHL permite predizer o tipo de comportamento esperado do composto, fornecendo
desta forma orientação para suas aplicações práticas conforme demonstrado a seguir:

ESCALA DE GRIFINN
Comportamento em água Faixa de EHL
Emulgentes A/O 4–6
Agentes umectantes 7–9
Emulgentes O/A 8 – 18
Detergentes 13 – 15
Solubilizantes 15 – 18

Os métodos de determinação do EHL são classificados em três categorias, sendo


elas (1) o método teórico, relacionando o EHL de um tensoativo com sua estrutura

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molecular; (2) o método direto, comparando visualmente o comportamento de tensoativos
com padrões de EHL conhecidos e (3) métodos indiretos, relacionando componentes
físico-químicos mensuráveis com o EHL dos compostos.
Representando a metodologia teórica, calcula-se o EHL dos compostos pelo
método de Davies, que se baseia na atribuição de valores para grupamentos presentes
na molécula de tensoativo, na soma desses valores e na aplicação dos mesmos em
equação que fornece o EHL e no método de Griffin, que propõe o cálculo do EHL para
produtos nos quais o grupo hidrofílico é composto apenas por derivados do óxido de
etileno.
Os números correspondentes ao EHL de alguns produtos são freqüentemente
indicados em literatura como “valores compreendidos em uma faixa entre dois pontos”,
muitas vezes não próximos, como para a família dos óleos de origem vegetal em que a
referência de EHL fica compreendida entre 6 e 12. Esta situação dificulta de maneira
significativa à elaboração de sistemas emulsionados estáveis. Demonstra-se, portanto, a
importância de resgatar técnicas que possam ser realizadas com instrumental comumente
disponível em laboratório, possibilitando a obtenção de valores críticos de EHL de muitas
substâncias, facilitando a escolha do tensoativo ideal na prática da emulsificação.
A estabilidade das emulsões depende intrinsecamente da interação interfásica
estabelecida pelo agente emulsivo, composto anfifílico, entre as fases imiscíveis que as
constituem. A escolha, proporção e a característica do tensoativo a ser utilizado na
preparação da emulsão almejada, são previstas por meio da verificação dos valores de
EHL das substâncias envolvidas, o que permite predizer o tipo de comportamento
esperado do composto frente a substâncias polares ou apolares. Os tensoativos devem
apresentar valor de EHL equivalente ao da fase dispersa, para poder mantê-la
estabilizada frente à fase dispersante.

9.1. TIPOS DE EMULSÕES

As emulsões classificam-se em quatro tipos de acordo como tamanho das


partículas da sua fase dispersa ou interna: (1) macroemulsões: emulsões opacas,
termodinamicamente instáveis, partículas de tamanho maior que 0,4μ, facilmente visível
ao microscópio e requerem agitação vigorosa; (2) microemulsões: são compostas por

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duas fases líquidas mutuamente imiscíveis, uma espontaneamente dispersa na outra com
auxílio de um ou mais tensoativos e co-tensoativos, tamanho inferior a 0,1μ,
termodinamicamente estáveis, obtidas com baixa agitação, totalmente transparente ou
ligeiramente transluzente; (3) miniemulsões: emulsões intermediárias entre as duas
primeiras, tamanho de partícula vaiando entre 0,1 a 0,4μ, emulsões branco azuladas,
semi-opacas, emulsionante geralmente é uma mistura de um tensoativo iônico com um
co-tensoativo, não é usada em cosméticos devido a baixa viscosidade e toque
extremamente aquoso; (4) emulsões múltiplas: liberação do fármaco em partes
específicas do corpo sem sua deterioração em outros órgãos, prolongar a liberação de
fármacos que possuem um curto tempo de vida, contornar o problema de sabor ruim de
determinados fármacos, prolongar o tempo de hidratação da pele, proteger agentes
bioativos sensíveis, produção de cremes demaquilantes menos untuosos.

Macroemulsão

Podem ser classificadas com A/O ou O/A FIGURA 35. O que determina se uma
emulsão é O/A ou A/O não é tipo ou a quantidade relativa de componentes hidro e
lipossolúveis. Com base em considerações termodinâmicas, W. D. Bancroft deduziu uma
regra geral, que diz “ A fase em que o emulsionante é preferencialmente solúvel é a fase
contínua da emulsão”. Desta forma as emulsões O/A são aquelas em que o agente
emulsionante é hidrossolúvel ou hidrofílico.

FIGURA 35: representação macroscópica das emulsões.

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Características da emulsão O/A

ƒ Tato menos oleoso


ƒ Secagem rápida
ƒ Dispersão em água e são facilmente laváveis
ƒ Condutividade elétrica semelhante à fase aquosa
ƒ São coloridas por corantes hidrossolúveis
ƒ Quando colocadas em papel de filtro produzem uma banda larga, molhando o papel
ƒ Podem formar uma espuma branca quando aplicados sobre a pele
ƒ Embalagens mais adequadas são vidro, porcelana e plástico para evitar oxidação e
corrosão
ƒ É obrigatório o uso de conservantes
ƒ Exigem necessariamente a adição de umectantes

Características da emulsão A/O

ƒ Tato gorduroso
ƒ Não possuem condutividade elétrica
ƒ São coloridas por corantes lipossolúveis
ƒ Quando colocadas em papel de filtro não espalham
ƒ Promovem alto grau de emoliência a pele e ação dissolvente dos cremes de
limpeza
ƒ São de difícil preparação/homogeneização
ƒ Não é necessária a adição de umectantes

Microemulsões

O termo microemulsão foi introduzido por Hoar e Schulman, em 1943, os quais


descreveram esses sistemas como transparentes ou translúcidos, obtidos por titulação a
partir de uma emulsão comum, a qual apresenta aspecto leitoso e, quando adicionado um
álcool de cadeia média, este sistema clarifica.

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O tensoativo pode ser puro, mistura, ou combinação com outros componentes, cuja
principal função é a redução da tensão interfacial. Para a formação espontânea dos
sistemas microemulsionados, a tensão interfacial deve estar próxima de zero. Esse
sistema apresenta algumas vantagens tais como transparência, alta estabilidade, fácil
preparação e capacidade de incorporar diferentes classes de fármacos com diferentes
propriedades físico-químicas.

Emulsões múltiplas

São geralmente preparadas em 2 fases. No caso da A/O/A (FIGURA 36), forma-se


uma pré-emulsão A/O com tensoativos de baixo EHL e esta é adicionada lentamente com
agitação a uma solução aquosa contendo um emulsionante hidrofílico. No caso da
O/A/O(FIGURA 36), forma-se uma pré-emulsão O/A com tensoativos hidrofílicos e esta é
adicionada lentamente com agitação a uma fase oleosa contendo um emulsionante
lipofílico. Não necessariamente as fases da emulsão A/O/A devem ser iguais e
normalmente são diferentes em composição.

FIGURA 36: Representação macroscópica das emulsões múltiplas.

9.2. COMPONENTES BÁSICOS

ƒ Água
ƒ Substâncias graxas
ƒ Emoliente
ƒ Emulsionantes
ƒ Agentes de propriedades específicas

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o Espessantes/ Agentes de consistência
o Umectantes
o Estabilizantes
o Sequestrantes
o Conservantes
o Antioxidante
ƒ Modificadores do aspecto organoléptico
o Fragrância
o Corante
o Agentes de brilho pérola
o Opacificantes
ƒ Corretivos pH
ƒ Aditivos

9.3. TÉCNICAS DE EMULSIFICAÇÃO

Para facilitar o preparo da emulsão torna-se conveniente à acomodação dos


componentes em fases:

Fase Aquosa
ƒ Veículo: água
ƒ Umectantes: polietilenoglicóis (ATPEG 400, ATPEG 600), glicerina, sorbitol,
polissacarídeos, etc.
ƒ Espessantes hidrofílicos: polímeros derivados do ácido acrílico, hidroxietilcelulose
ƒ Princípios ativos e promocionais hidrossolúveis: aloe vera, extratos vegetais,
vitamina E acetato, D-panenol, etc
ƒ Quelantes: etilenodiamino diacetato de sódio, citrato de sódio
ƒ Conservantes
ƒ Corantes

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Fase Oleosa
ƒ Emolientes: responsáveis por espalhabilidade do creme sobre a pele, lubrificação e
hidratação da pele em conjunto com o uso de umectantes. Exemplos de emolientes
são: álcool estearílico propoxilado (ALKOMOL E), óleo mineral, óleos vegetais,
silicones, ésteres graxos, etc.
ƒ Agentes de consistência ou espessantes da fase oleosa: álcoois graxos, ésteres
graxos, etc.
ƒ Antioxidantes: butilhidroxitolueno, vitamina E.
ƒ Filtros solares/ fotoantioxidantes: octilmetoxicinamato, benzofenonas 3 e 4.
ƒ Princípios ativos e promocionais lipossolúveis: óleos vegetais
ƒ Fragrâncias

PROCESSO CONVENCIONAL

Este processo consiste no aquecimento de todos os componentes solúveis na fase


aquosa e dos componentes da fase oleosa em temperaturas entre 75 a 85ºC. Após a
mistura das duas fases e seguido por um período de homogenização, é iniciado o
resfriamento da emulsão e adicionado os demais componentes da formulação que, por
motivo de oxidação ou degradação, não toleram alta temperatura. Neste processo é gasta
uma considerável quantidade de energia (térmica e mecânica) e tempo, que
proporcionam alta estabilidade à emulsão. A quantidade de energia térmica pode atingir
95% do consumo total de energia no processo.
A maior desvantagem deste método, além do consumo de energia e tempo, é que
ele descreve as moléculas de emulsionantes apenas em função de suas modificações
estruturais, sem considerar o seu comportamento na interface O/A durante a
emulsificação, não prevendo as mudanças de EHL com as alterações nas condições para
emulsificação tais como temperatura, natureza das fases oleosa e aquosa, presença de
aditivos (eletrólitos, solventes).
Por exemplo: com o aumento da temperatura, a força de hidratação entre a água e
o tensoativo não iônico etoxilado diminui e o emulsionante torna-se menos hidrófilo (mais
solúvel na fase oleosa) e conseqüentemente, seu EHL também diminui até ocorrer à
inversão da emulsão.

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PROCESSO ACELERADO

Desenvolvido por Joseph Lin, no qual a energia térmica é usada para as operações
que realmente necessitam de aquecimento, tais como fusão dos componentes,
dissolução, formação de sabão in situ, inversão de fase e esterilização. Quantidade
significativa de água pode ser adicionada a frio. O uso de bases auto-emulsionantes
mostra-se muito adequado a este processo. O método consiste na divisão da fase
contínua, no caso aquosa, em duas porções. Uma porção é utilizada a quente para
formação da emulsão concentrada e em seguida é adicionada lentamente a outra porção
a frio para diluição e resfriamento do sistema, o que proporciona uma economia de
energia térmica, de tempo de processo e de mão de obra. A adição de água fria deve ser
feita abaixo de 70°C e, preferencialmente, abaixo de 50°C, de modo lento e contínuo para
evitar choque térmico, que provoca a formação de emulsão com gotas grandes,
influenciando na aparência da emulsão e podendo até provocar separação de fases.
Este processo é aplicado tanto para emulsões O/ A como para A/O e independe do
tipo de emulsionante. No entanto é mais comum para o processo O/A, já que é mais
simples diluir este tipo de emulsão do que a A/O e mais fácil manusear água do que óleo.
Em ambos os casos, a fase fria não deve ultrapassar 60% da quantidade de fase externa
total, pois pode formar grandes glóbulos emulsionados distribuídos de forma não
homogênea e causar a separação de fases da emulsão. Assim, pelo menos 40% da fase
externa deve ser aquecida para preparação da emulsão concentrada. Quanto aos
emulsionantes, podem ser usados os não iônicos, aniônicos e bases auto-emulsionáveis.
Controlando-se variáveis como temperatura do primeiro estágio da emulsificação,
intensidade de agitação, proporção da fase externa adicionada no primeiro estágio da
emulsificação (no caso, água) é possível à obtenção de melhores emulsões por este
método que pelo convencional.

PIT (TEMPERATURA DE INVERSÃO DE FASES)

Desenvolvido por Shinoda, cuja vantagem é o uso da energia térmica para redução
do tamanho de gotas da emulsão para maior estabilidade dos produtos finais. Uma
emulsão O/ A quando estabilizada com tensoativo não iônico etoxilado pode inverter para

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A/ O com o aumento da temperatura acima do cloud point do tensoativo. A temperatura
em que ocorre inversão da emulsão é chamada “temperatura de inversão de fases - PIT”.
Em temperaturas acima da PIT, o tensoativo torna-se ainda mais lipófilo, ocorrendo
separação de água e, conseqüentemente, da emulsão. Desta forma a PIT está
relacionada a uma dada temperatura em que o EHL do tensoativo, tensão interfacial O/ A
e a distribuição do tamanho de partículas são mínimos.
O método da PIT consiste na preparação da emulsão numa temperatura de 2 a 4°C
abaixo da PIT, visando obter uma fina dispersão, na qual a tensão interfacial é muito
baixa. Com o resfriamento rápido da emulsão são formados pequenos glóbulos
emulsionados, conferindo estabilidade para a emulsão. O efeito de aditivos tais como
eletrólitos sobre a fase externa da emulsão e de misturas de emulsionantes ou de óleos
são refletidos na PIT e automaticamente ajustados de modo a mudar o EHL do
emulsionante na interface. Emulsões O/ A contendo tensoativos não iônicos etoxilados
apresentam PIT constante dentro de uma ampla faixa de conteúdo de água (30 a 70%),
mantendo constante a relação óleo/ emulsionante. Entretanto, a PIT desaparece nas
emulsões com alto conteúdo de água (acima de 80%) e com extremamente baixo
conteúdo de água (abaixo de 20%). Em suficientemente baixo conteúdo de água, aparece
uma fase de microemulsão, com tamanho de gotas muito pequeno que é utilizado para a
emulsificação seguindo o processo da PIT, conforme representado graficamente na
FIGURA 37.

FIGURA 36: representação esquemática das condições de PIT em função do conteúdo de água.

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Assim, processos envolvendo a formação de uma emulsão concentrada à quente e
posterior diluição com água restante da formulação durante o resfriamento, podem ser
úteis para obtenção de uma emulsão com pequeno tamanho de gotas, de aparência
branco azulada e estável. A PIT da emulsão deve ser ajustada para cada relação e
seleção do sistema emulsionante/ co-emulsionante e fase oleosa, em função do aumento
da temperatura para ser determinada a temperatura de inversão de fases. Um
emulsionante favorável para emulsões O/A deve possuir uma PIT de 20 a 60ºC maior que
a temperatura de estocagem da emulsão.
Emulsões com mesma PIT podem ter diferentes comportamentos na estabilidade
dependendo do sistema emulsionante. A velocidade de coalescência das gotas é
diminuída quando é utilizado co-emulsionante lipofílico, como o monoestearato de
glicerila, em mistura com o emulsionante hidrófilo, visto que ocorre a formação de uma
fase gel lamelar ao redor das gotas de óleo, o que impede a coalescência dessas gotas.
Co-emulsionantes mais solúveis em água como o álcool laurílico etoxilado não conferem
tão boa estabilidade a emulsão como emulsionantes lipofílicos.

Alguns fatores são determinantes para o processo PIT:


ƒ A PIT é diretamente proporcional ao EHL. Quanto maior o HL, maior é a PIT, ou
seja, a PIT aumenta com a hidrofilidade do emulsionante.
ƒ Quanto mais larga é a distribuição de oligômeros de óxido de eteno do
emulsionante não iônico, maior é a PIT e a estabilidade da emulsão, motivo pelo
qual, misturas de emulsionantes de baixo e alto EHL deve ser a melhor escolha do
sistema emulsionante.
ƒ Para tensoativos etoxilados com dado valor de EHL, quanto menor a polaridade da
fase oleosa, maior é a PIT, ou seja, o tensoativo deve ser mais lipofílico para
compensar a menor polaridade do óleo. Isto significa que deve ser escolhido um
tensoativo de menor EHL para óleos menos polares. Aditivos como a parafina que
diminui a polaridade da fase oleosa, aumentam a PIT e aditivos como ácido oleico
ou álcool laurílico que aumentam a polaridade, diminuem a PIT.
ƒ A adição de hidrocarbonetos hidrofóbicos de cadeia reta longa solubilizados na fase
interna da emulsão, ou o aumento na sua cadeia carbônica, aumenta a PIT. Já a
adição de hidrocarbonetos aromáticos de cadeias curtas e aditivos polares, como

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por exemplo, álcoois e ácidos graxos e monoglicerídeos de ácidos graxos,
diminuem a PIT, com muito pouca dependência do tamanho da cadeia carbônica.
Assim, a PIT aumenta com o comprimento da cadeia carbônica do hidrocarboneto
hidrofóbico, ou seja, com o aumento do peso molecular e diminui com o aumento
da concentração de aditivos polares.
ƒ A adição de sais à fase aquosa, diminui a PIT das emulsões feitas com tensoativos
não iônicos etoxilados;
ƒ Quanto maior a razão óleo/ água, maior é a PIT e quanto maior a razão tensoativo/
óleo, menor é a PIT.

PROCESSO A FRIO

Só é possível se os componentes da fase aquosa e oleosa apresentarem a


forma líquida na temperatura ambiente. A viscosidade é obtida por espessantes
hidrofílicos.

---------- FIM MÓDULO IV ----------

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