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Aspectos neurodesenvolvimentais e relacionais

do bebê com Síndrome de Down


Neurodesarrollo y aspectos relacionales del bebé con Síndrome de Down
Neurodevelopmental and Relational Aspects of Baby with Down Syndrome

Rosália Carmen de Lima Freire, Symone Fernandes de Melo, Izabel Hazin*


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Maria C.D.P. Lyra
Universidade Federal de Pernambuco

Doi: dx.doi.org/10.12804/apl32.2.2014.05

Resumo Palavras-chave: Síndrome de down, neurodesenvolvi-


mento, aspectos relacionais
Dentre as inúmeras patologias que afetam a infância,
a Síndrome de Down (SD) destaca-se por provocar al- Resumen
terações globais no processo de desenvolvimento. Nos
últimos anos, principalmente devido à sua alta incidên- Entre las innumerables patologías que afectan la infan-
cia, diversas pesquisas têm sido empreendidas com o cia, el Síndrome de Down (SD) se destaca por provocar
intuito de melhor compreender esta síndrome, o que tem alteraciones globales en el proceso de desarrollo. En los
trazido importantes contribuições ao conhecimento na últimos años, principalmente debido a su alta inciden-
área. Entretanto, verificam-se, ainda, lacunas no tocan- cia, diversas investigaciones han sido emprendidas con
te à compreensão das mudanças e transformações que el objetivo de comprender mejor este síndrome, lo que
caracterizam o desenvolvimento dessas crianças, espe- ha traído importantes contribuciones al conocimiento
cialmente no que concerne aos estágios mais precoces en el área. Sin embargo, aún se verifican lagunas en lo
do seu desenvolvimento. Com o objetivo de contribuir que respecta a la comprensión de los cambios y trans-
com este campo de pesquisa, o presente artigo de revisão formaciones que caracterizan el desarrollo de esos ni-
objetivou apresentar resumidamente os principais aspec- ños, especialmente en lo concerniente a las etapas más
tos acerca do neurodesenvolvimento e desenvolvimen- precoces de su desarrollo. Con el objetivo de contribuir
to relacional dos bebês com SD. Espera-se, com isto, con este campo de investigación, el presente artículo de
contribuir com a literatura na área ao destacar ambos revisión tiene como objetivo presentar resumidamente
os aspectos no início da vida do bebê e facilitar, assim, los principales aspectos acerca del desarrollo neurológi-
o resgate por estudantes e pesquisadores dos estudos co y relacional de los bebés con SD. Con esto, se espera
sobre a SD. contribuir con la literatura en el área al destacar ambos

* Rosália Carmen de Lima Freire, Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Symone Fernandes de Melo, Departamento de Psicologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Izabel Hazin, Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Maria C. D. P. Lyra, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de Pernambuco.
A correspondência relacionada com este artigo deve ser direcionada a Rosália Carmen de Lima Freire, Universidade Federal do Rio Grande
do Norte; Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes; Departamento de Psicologia; Campus Universitário s/n – Lagoa Nova; Cep: 59078-
970. Correio eletrônico: rosaliacarmen@yahoo.com.br

Para citar este artigo: Freire, De Lima, R. C., De Melo F. S., Hazin, I. & Lyra, M. (2014). Aspectos neurodesenvolvimentais e relacio-
nais do bebê com Síndrome de Down. Avances en Psicología Latinoamericana, 32(2), 247-259. doi: dx.doi.org/10.12804/apl32.2.2014.05

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aspectos en el inicio de la vida del bebé y facilitar así, ocasionada pela não-disjunção, ou seja, uma falha
el rescate de los estudios sobre SD por estudiantes e na separação correta de um par de cromossomos
investigadores. durante a meiose. Como se sabe, metade dos cro-
Palabras clave: Síndrome de down, desarrollo neuroló- mossomos de cada indivíduo é derivada do pai e
gico, aspectos relacionales a outra metade da mãe. Portanto, as células ger-
minativas (espermatozoides e óvulos) possuem,
Abstract apenas, a metade do número de cromossomos (23)
encontrados normalmente nas outras células do
Among the pathologies that affect childhood, Down corpo. Na não-disjunção, uma célula-filha durante
Syndrome (DS) stands out for causing global changes a meiose recebe 24 cromossomos e a outra 22. Uma
in the developmental process. In recent years, mainly célula com apenas 22 cromossomos não consegue
because of its high incidence, several studies have been sobreviver. Entretanto, um óvulo ou espermato-
undertaken in order to better understand this syndro- zoide com 24 cromossomos consegue sobreviver
me, which has contributed to an important increase in e ser fertilizado. Desse modo, o zigoto resultante
knowledge about this area. However, there are still gaps terá 47 cromossomos, em vez dos 46 usuais. Se este
in relation to understanding the changes and transforma- cromossomo extra for o cromossomo 21, condição
tions that characterize the development of these children, denominada de “trissomia do 21”, o bebê nascerá
especially in relation to the initial stages of their deve- com a SD (Kozma, 2007; Pueschel, 2002).
lopment. With the objective to contribute to this field A trissomia do 21 ocorre em cerca de 95% dos
of research, this article aimed to summarize the main casos de SD. No entanto, esta síndrome também
aspects about the neurodevelopmental and relational pode ser associada a outros dois grupos de anoma-
development of babies with DS. It is expected thus, to lias genéticas: a translocação e o mosaicismo. Na
contribute to the literature in the area, emphasizing both translocação, observa-se a presença de material
aspects, at the beginning of the baby’s life and thereby cromossômico extra 21 em todas as células do
facilitate the treatment by students and researchers of corpo. Porém, este material é ligado a outro par
the studies on DS. cromossômico que não o par 21 (muitas vezes, ao
Keywords: Down syndrome, neurodevelopment, rela- cromossomo 14). Este tipo de anomalia é verificado
tional aspects em cerca de 4% dos casos de SD. Já no mosaicismo,
ocorre uma variação no número extra de cromos-
Dentre as inúmeras patologias que afetam a somos 21 em determinadas células, sendo outras
infância, a Síndrome de Down (SD) destaca-se consideradas normais. Há comprovações de que
por provocar alterações globais no processo de 1% dos casos de SD refere-se a este subgrupo de
desenvolvimento. A sua alta incidência na popu- anomalias (Cunningham, 2008; Fávero & Oliveira,
lação (cerca de 1 para cada 800 indivíduos nascidos 2004; Rondal, 1993).
vivos) e a possibilidade do diagnóstico precoce, Pouco se conhece ainda sobre as possíveis cau-
apontam para a relevância e potencialidade do sas que levariam ao nascimento de um bebê com
estudo do seu desenvolvimento em fases iniciais SD. O principal fator de risco, que tem sido com-
(Schwartzman, 2003). Neste sentido, o presente provado através de diversas pesquisas, é a idade
artigo visa trazer contribuições ao estudo da criança materna avançada. Observa-se um aumento expo-
com SD, a partir de uma revisão de trabalhos que nencial da incidência da SD em mães a partir dos 35
abordam os aspectos neurodesenvolvimentais e anos, chegando em 1 para cada 30 nascidos vivos
relacionais no início da vida. em mães com mais de 45 anos (Brito Júnior, Gue-
A SD é um tipo de cromossomopatia que ocasio- des, Noronha & Silva Júnior, 2011; Cunningham,
na um conjunto de manifestações físicas, clínicas 2008; Schwartzman, 2003). Contudo, cabe ressaltar
e mentais específicas, e que pode afetar indivíduos que estes dados não descartam a possibilidade de
de diferentes raças, etnias e classes socioeconô- incidência da síndrome em crianças com mães mais
micas (Schwartzman, 2003). Geralmente, a SD é jovens (Silva & Dessen, 2002).

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Schwartzman (2003) atenta que grande parte 2010; Casarin, 2007; Moreira, El-Hani & Gusmão
das concepções que envolvem formações trissô- 2000; Schwartzman, 2003, Wuo, 2007).
micas, entretanto, não chega a se desenvolver, oco- Os bebês com SD, de uma maneira geral, nas-
rrendo frequentemente abortos espontâneos. Dados cem de 7 a 10 dias antes do previsto. Observa-se que
recentes sugerem que após o nascimento, 85% o peso e o comprimento desses bebês são levemente
dos bebês com SD conseguem sobreviver até pelo inferiores aos das crianças não portadoras da sín-
menos um ano de idade. Quando a morte ocorre, drome. Os reflexos podem encontrar-se alterados.
ela é associada a malformações congênitas que são Além disto, o tônus muscular do bebê é pobre, a
comuns nesta população, principalmente as mal- força e a coordenação muscular limitadas, havendo
formações cardíacas e as infecções respiratórias. um relativo progresso quanto a estes aspectos du-
Apesar das frequentes alterações em diversos rante o desenvolvimento (Casarin, 2003; Gusman
sistemas do organismo, nos últimos anos tem sido & Torre, 2003; Pueschel, 1995, 2002; Schawartz-
observado um aumento significativo na expectativa man, 2003; Schiavo, 1999; Werneck, 1995).
de vida desta população. Isto se deve, principal- De acordo com relatos das mães, os recém-natos
mente, à ampliação das intervenções médicas com com SD mostram-se bastante sonolentos, choram
a oferta de melhores tratamentos clínico-cirúrgicos, pouco e dormem muito. É frequente a presença de
que têm sido responsáveis pelo aumento da ex- dificuldades pronunciadas na sucção e deglutição,
pectativa de vida destes indivíduos, possibilitando apresentando, muitas vezes, regurgitação, devido
que esta passasse de uma média de 12 anos de à flacidez de um músculo denominado “cárdia”,
idade em 1940 para 60 anos ou mais na atualidade que, por ficar entreaberto, facilita o refluxo dos
(Contestabile, Benfenati & Gasparini, 2010; Lott alimentos. A vocalização é menos frequente du-
& Dierssen, 2010). rante os primeiros meses. Observa-se, ainda, um
O diagnóstico da SD pode ocorrer ainda na fase atraso na produção de sons, identificado desde a
intrauterina, sendo possível detectar indícios desta fase do balbucio. Atraso também é identificado na
patologia pelo rastreamento ultrassonográfico e aquisição da linguagem de maneira geral (Casa-
obter diagnóstico mais preciso por meio de exames rin, 2003; Gusman & Torre, 2003; Pueschel, 1995,
invasivos – amniocentese clássica (entre a 16ª e 20ª 2002; Schawartzman, 2003; Schiavo, 1999; Wer-
semanas) ou biópsia do vilo corial (entre a 10ª e 12ª neck, 1995).
semanas) (Bunduki et al., 2002; Lopes, Pimentel, Além das complicações citadas, crianças com
Almeida, Matos & Lopes, 2007). Não ocorrendo SD também apresentam algumas alterações es-
o diagnóstico no período pré-natal, os médicos, truturais e funcionais no desenvolvimento do seu
comumente, são capazes de identificar bebês com sistema nervoso (SN). Luria e Tskvetkova (1964) já
SD imediatamente após o seu nascimento. Eles observaram, em sua época, que existe uma lesão di-
costumam apresentar expressões fenotípicas espe- fusa, assim como uma comunicação neuronal pecu-
cíficas como fissuras palpebrais oblíquas, orelhas liar no desenvolvimento cognitivo desta população,
pequenas, prega palmar única, pregas epicânticas, o que afeta a instalação e as consolidações das co-
dentre outras. nexões de redes nervosas necessárias para estabele-
Além das expressões fenotípicas, é comum que cer os mecanismos da atenção, memória, capacida-
crianças com SD apresentem uma série de compro- de de correlação e análise e do pensamento abstrato
metimentos clínicos, que incluem, dentre outros, (Macêdo, Lima, Cardoso & Beresford, 2009).
alterações cardiovasculares, oftalmológicas, audi- Segundo Lefévre (1988), a SD pode ser enqua-
tivas, gastrointestinais, imunológicas, respiratórias, drada no grupo das chamadas encefalopatias não
fonoarticulatórias, problemas na tireóide, hipotonia progressivas. Uma das características mais impor-
muscular e distúrbios no sono. Nem todos os indi- tantes dessa síndrome é a desaceleração no des-
víduos, no entanto, apresentam estas alterações, envolvimento do sistema nervoso central (SNC).
existindo uma enorme variação no que diz respeito O tamanho do cérebro é reduzido, principalmente
aos comprometimentos clínicos (Barata & Branco, o lobo frontal (responsável pelo pensamento abs-

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trato, linguagem, comportamento), tronco cerebral do SN. No entanto, como citado anteriormente, é
(responsável pela atenção, vigilância) e cerebelo importante observar que a constituição cerebral não
(responsável pelo controle motor). se reduz apenas à consideração de um determinado
É importante ressaltar que nos últimos anos, aspecto (determinismo genético), visto que outros
principalmente devido à grande incidência da sín- fatores (como as experiências com o ambiente)
drome, diversas pesquisas têm sido empreendidas, poderão influenciar o desenvolvimento cerebral e
o que tem trazido importantes contribuições ao cognitivo dessa população.
conhecimento na área. Entretanto, verificam-se, Poucos foram os estudos que se dedicaram a in-
ainda, lacunas no tocante à compreensão das mu- vestigar o desenvolvimento pré-natal do SN na SD.
danças e transformações que caracterizam o des- Os que o fizeram, observaram diferenças discretas
envolvimento dessas crianças, especialmente no no peso encefálico dessas crianças. Estes achados
que concerne aos estágios mais precoces do seu também já foram observados em recém-nascidos,
desenvolvimento. destacando-se que a forma do encéfalo constituía-
Com o objetivo de contribuir com este campo se similar a dos bebês sem a síndrome, porém, o
de pesquisa, a seguir serão apresentados, resumi- peso situava-se em faixas inferiores aos da nor-
damente, os principais aspectos acerca do neuro- malidade. Além disto, observou-se, também, que
desenvolvimento e desenvolvimento relacional dos entre três e seis meses de idade ocorria uma des-
bebês com SD. Espera-se contribuir com a litera- aceleração do crescimento do encéfalo nas crianças
tura na área ao destacar tanto aspectos neurodes- com SD, fazendo com que o peso encefálico, em
envolvimentais como relacionais do início da vida 69% dos casos, fosse situado abaixo dos valores
do bebê, facilitando assim o resgate por estudantes normais (Schwartzman, 2003; Wisniewski, 1990).
e pesquisadores dos estudos sobre SD. Após o nascimento, as alterações no SN em
bebês com SD tornam-se ainda mais evidentes.
Aspectos Neurodesenvolvimentais Em crianças com desenvolvimento típico (DT), o
peso do encéfalo ao nascimento equivale a cerca
O desenvolvimento do SN e das funções neu- de 300 gramas, triplicando ao final do primeiro
ropsicológicas da criança não é um processo ho- ano de vida, quadruplicando por volta dos quatro
mogêneo, pois depende da interação de variados anos e, algumas vezes, chegando a quintuplicar
fatores. O SN se constitui a partir de processos aos 12 anos. Em indivíduos com SD, observou-
complexos, que envolvem programações genéti- se uma redução de cerca de 10% a 50% do peso
cas, o curso de desenvolvimento intrauterino, o encefálico total (Schwartzman, 2003; Wisniewski
crescimento neuronal diferenciado das diversas & Rabe, 1986).
áreas cerebrais, as comunicações celulares, os Os estudos autópsicos e de neuroimagem, co-
graus de mielinização das estruturas cerebrais, as- mo os de ressonância magnética, demonstram que
sim como interações entre a criança e o ambiente. diversas áreas cerebrais encontram-se reduzidas na
Essas interações podem possibilitar ao cérebro em SD, especialmente o lobo frontal, lobo temporal,
desenvolvimento a capacidade de se reorganizar tronco cerebral, cerebelo e hipocampo (Contestabi-
funcionalmente, mesmo após a ocorrência de lesões le et al., 2010; Ma´ayan, Gardiner & Iyengar, 2006;
e ou disfunções (Muszkat & Mello, 2008). Menghini, Costanzo & Vicari, 2011; Pennington,
Sabe-se que na SD a presença do cromossomo Moon, Edgin, Stedron & Nadel, 2003; Pinter, Eliez,
extra 21 (ou de regiões críticas dele) associada a es- Schimitt, Capone & Reiss, 2001; Vicari, 2006). Por
ta síndrome, e a consequente alteração na dosagem outro lado, áreas subcorticais, tais como o núcleo
gênica, acabam ocasionando diversas alterações lenticular, e áreas como a substância cinzenta do
no desenvolvimento do SN desta população. A córtex parietal posterior e do córtex occipital, pos-
alteração genética reflete-se, portanto, em modi- suem volumes cerebrais relativamente normais nes-
ficações nos processos maturacionais específicos ta população (Lott & Dierssen, 2010; Vicari, 2006).

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Algumas pesquisas relatam, também, que a a atenção, memória, capacidade de correlação e


cópia extra do cromossomo 21 pode afetar o ciclo pensamento abstrato (Macêdo et al., 2009; Silva
celular de precursores neuronais durante o des- & Kleinhans, 2006).
envolvimento cerebral em fetos com SD. Como Outro aspecto importante no desenvolvimento
se sabe, o desenvolvimento do SN tem início na cerebral e que também tem sido observado com
vida intrauterina, a partir de poucas células do em- alterações em crianças com SD diz respeito à for-
brião, denominadas células-tronco neurais. Estas mação de sinapses. A sinapse é um mecanismo
células possuem uma grande capacidade de auto- extremamente delicado; qualquer desarranjo na
rrenovação, além de serem capazes de se dividir quantidade de neurotransmissores, e na forma e
milhares de vezes, e serem multipotentes, pois quantidade de receptores, pode levar a quadros ce-
geram as células-mãe (precursoras neuronais) que, rebrais patológicos. No cérebro de crianças e ado-
por sua vez, originam todos os tipos de neurônios lescentes é grande a quantidade de sinapses, visto a
e de células gliais do SN. Assim, ainda no útero, importância dos neurônios estabelecerem conexões
a partir de sucessivas, rápidas e precisas divisões entre si, pois somente a partir da formação das redes
mitóticas, o SN desenvolve-se chegando a atingir neurais é possível o aprendizado (Pinheiro, 2007).
centenas de bilhões de células (Kolb & Whishaw, Alterações características podem ser observa-
2002; Lent, 2008). Na SD, parece ocorrer uma al- das na morfologia das sinapses de indivíduos com
teração no “timing” do ciclo da mitose e da taxa de SD. O comprimento sináptico médio, por exemplo,
proliferação celular destes precursores neuronais, apresenta modificações durante o desenvolvimento
o que é evidenciado pela diminuição do processo pós-natal do encéfalo, observando-se que a super-
de neurogênese que ocorre no cérebro de fetos com fície média por contato sináptico parece ser 20%
esta síndrome (Bhattacharyya, McMillan, Chen, a 35% menor em indivíduos com SD do que em
Wallace & Svendsen, 2009; Contestabile et al., controles (Schwartzman, 2003). Como discutido no
2010; Guidi et al., 2008). parágrafo anterior, o estabelecimento de sinapses
Cabe ressaltar que o controle preciso do proces- anormais pode culminar com o comprometimen-
so de neurogênese é de fundamental importância to das funções corticais e, consequentemente, da
para a maturação, assim como para o funcionamen- aprendizagem desta população.
to do SN. Durante o desenvolvimento, alterações O desenvolvimento alterado de estruturas den-
nesse processo podem ocasionar frequentemente dríticas tem sido frequentemente associado a diver-
abortos espontâneos. De acordo com Suzuki, Pe- sas formas de deficiência intelectual, incluindo-se
reira, Janjoppi e Okamoto (2008), esta inibição do a SD. Como se sabe, os dendritos constituem-se
processo de neurogênese acompanhada de apoptose como as principais estruturas receptivas dos neu-
(morte celular programada) excessiva de proge- rônios. De fato, foi observada uma diminuição
nitores neurais, que pode ocorrer em cérebros de no comprimento das ramificações dendríticas em
crianças com SD, está relacionada com a hipoplasia cérebros de bebês com SD que apresentam anor-
hipocampal comumente observada. malidades progressivamente adquiridas durante o
Além da diminuição do número de neurônios, desenvolvimento (Contestabile et al., 2010; Macê-
a maneira como estes se organizam em diversas do et al., 2009). Como as espinhas dendríticas são
áreas do SN também é afetada na SD, existindo estruturas essenciais para a conectividade cerebral
alterações não só na estrutura formada pelas redes e plasticidade sináptica dos circuitos, alterações
neuronais, como também nos processos funcionais nessas estruturas podem ter impactos importantes
de comunicação de um neurônio com o outro. Estas sobre a atividade da rede neuronal (Contestabile
alterações podem exercer diversos efeitos sobre o et al., 2010).
desenvolvimento inicial nos circuitos cerebrais, Uma mielinização tardia também tem sido des-
prejudicando, por exemplo, a instalação e conso- crita em cérebros de crianças com SD. Considera-
lidação das conexões de redes nervosas necessá- se que a mielinização faz parte dos estágios finais
rias para o estabelecimento de mecanismos como de maturação ontogenética do SN, iniciando-se

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ainda no útero (sexto mês de vida intra-uterina), Aspectos Relacionais


intensificando-se após o nascimento (por volta dos
dois anos) e prosseguindo, às vezes, até a terceira O desenvolvimento socioafetivo do bebê com
década de idade (Pinheiro, 2007). Sabe-se que as SD encerra desafios, tendo sido objeto, especial-
diferentes áreas do córtex não possuem mielini- mente nas últimas décadas, de diversos estudos
zação homogênea. Regiões corticais de mielini- científicos, realizados sob diferentes perspectivas
zação precoce controlam movimentos relativa- teóricas, o que tem permitido um avanço significa-
mente simples ou análises sensoriais, enquanto as tivo no conhecimento desta temática.
áreas com mielinização tardia controlam as funções Sabe-se que nos primeiros meses de vida de
mentais superiores. Pode-se afirmar, portanto, que a uma criança, seu desenvolvimento psicológico é
mielinização funciona como um índice aproximado observado principalmente pelas reações motoras
da maturação cerebral (Kolb & Whishaw, 2002). e afetivas, pelo olhar, movimentos e vocalizações.
O atraso no processo de mielinização na SD O bebê que apresenta SD demonstra, muitas vezes,
tem sido observado principalmente em regiões que dificuldade em manter a atenção e estar alerta aos
apresentam mielinização tardia, como, por exem- estímulos externos, se mostrando menos respon-
plo, as fibras longas de associação e fibras intercor- sivo. A hipotonia afeta tanto o desenvolvimento
ticais dos lobos frontais e temporais (Schwartzman, motor como a expressão afetiva. Tais características
2003). Este fato pode estar relacionado, portanto, podem interferir na comunicação do bebê com o
ao maior atraso no desenvolvimento que essas ambiente, sobretudo, com seu parceiro social (Ca-
crianças e adolescentes apresentam em funções in- sarin, 2003; Voivodic & Storer, 2002).
telectuais superiores, como a linguagem e memória. Conforme apontam Fogel (1989) e Fogel, Mes-
Apesar de atualmente entendermos melhor as singer, Dickson e Hsu (2001) a habilidade motora
diversas alterações nos cérebros das crianças com do bebê exerce uma grande influência no desen-
SD, a relação entre estas e os prejuízos cognitivos volvimento da comunicação, tanto com o ambiente
que elas apresentam ainda não é bem compreen- físico como com o social. A evolução motora que
dida. Tem-se especulado que as dificuldades de ocorre por volta dos dois meses de idade, quando
indivíduos com SD em tarefas linguísticas podem o bebê consegue o controle cervical, associada
ser explicadas em termos do comprometimento aos avanços em sua percepção visual, organização
de estruturas fronto-cerebelares envolvidas na ar- cognitiva e afetiva, criam condições para o incre-
ticulação e memória de trabalho verbal (Vicari, mento da comunicação face a face. Com o curso
2006). Já a redução da capacidade da memória de do desenvolvimento, as habilidades do bebê para
longo prazo pode estar relacionada com a disfunção sentar-se e levantar-se se revelam fundamentais na
temporal e à disfunção do hipocampo, que parece evolução da comunicação com o ambiente. Desta
ser uma das características mais marcantes da SD forma, uma imaturidade motora e postural impõe
(Rachidi & Lopes, 2008; Vicari, 2006). limites ao processo comunicativo na infância. A
Além disto, a hipoplasia cerebelar (que é as- comunicação face a face, por exemplo, pode ser
sociada principalmente com a hipotonia) e a dis- limitada pela falta de habilidade do bebê em con-
função motora também podem ter um papel impor- trolar os músculos do pescoço para manter a cabeça
tante no desenvolvimento ineficaz de habilidades ereta. O incremento da atenção aos objetos, por sua
de aprendizagem (Lott & Dierssen, 2010; Menghini vez, depende da evolução das habilidades motoras
et al., 2011). Por outro lado, a preservação que é que capacitam o bebê a manipulá-los com maior
observada na substância cinzenta do lobo parietal facilidade.
na SD é consistente com o bom desempenho rela- Gusman e Torre (2003) chamam a atenção para
tado em tarefas visuoespaciais (Pinter et al., 2001; o fato de que a redução na força de preensão em
Vicari, 2006). crianças com SD pode interferir na exploração dos

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Aspectos neurodesenvolvimentais e relacionais do bebê com Síndrome de Down

objetos, dado também presente em pesquisa reali- enquanto os bebês que não têm a síndrome passam
zada por Bonomo e Rossetti (2010), que destacam gradativamente a gastar mais tempo explorando ou-
a falta de força, dificuldade em segurar objetos tras possibilidades acessíveis ao seu mundo visual,
grandes ou dois objetos numa mesma mão pelo ta- os bebês com SD não o fazem na mesma extensão,
manho reduzido da superfície de contato e a pouca permanecendo por mais tempo com o seu interesse
variedade nos padrões de exploração manual dos voltado para a comunicação face a face. A autora
objetos. Esses são fatores a serem considerados no faz referência, ainda, a um atraso, por parte de tais
desenvolvimento destas crianças. Além disso, o crianças, no desenvolvimento da habilidade em
atraso no engatinhar, arrastar-se, sentar-se e ficar utilizar o contato de olhar para engajar o adulto
de pé reduz as oportunidades de exploração do em atividades de seu interesse, comportamento
ambiente. Campos, Coelho e Rocha (2010) su- descrito como “contato de olhar referencial” e que
gerem que bebês com SD podem se engajar com aparece em crianças não-portadoras da síndrome,
menos frequência em atividades de interação com ao final do primeiro ano de vida (Buckley, 1993).
o ambiente, o que pode ser associado à dificuldade Tristão e Feitosa (2003), por outro lado, em es-
em registrar estímulos cotidianos (como diferentes tudo sobre a percepção da fala em bebês no primei-
sons e pessoas), bem como em explorar o meio uti- ro ano de vida, abordam tal temática em situações
lizando habilidades motoras. diferenciadas, como a da SD, e, ao fazê-lo, discu-
O desenvolvimento da linguagem nas crianças tem aspectos relevantes ao desenvolvimento da co-
com SD também se mostra seriamente prejudicado, municação em tais crianças. As autoras evidenciam
especialmente no tocante à linguagem expressiva que o desenvolvimento pré-linguístico em bebês
verbal, o que repercute na comunicação social. Tais com a síndrome difere do observado em bebês
crianças aprendem novas palavras e expandem seu com DT, verificando-se alterações no surgimento
vocabulário mais lentamente do que crianças com do contato visual e níveis elevados deste compor-
DT e têm dificuldades na inteligibilidade da fala, tamento, o que resulta em um uso funcional dife-
apresentando problemas fonológicos e articulató- renciado do olhar em situações interativas. Além
rios. Elas demonstram dificuldades no desenvolvi- disso, as autoras apontam um padrão diferenciado
mento de habilidades de comunicação mais sofisti- de atenção e habituação a estímulos de fala no pri-
cadas, embora sua compreensão para vocabulário, meiro ano de vida, por parte de bebês com SD. Este
gramática e sintaxe seja usualmente maior do que padrão estaria relacionado, dentre outros fatores, a
a sua habilidade expressiva sugere. A compreen- dificuldades na condição auditiva em tais crianças.
são verbal associada à expressão gestual são áreas As autoras destacam, entretanto, a necessidade de
comumente bem desenvolvidas em crianças com novos estudos, de caráter longitudinal, para melhor
SD (Buckley, 1993; Guerra, 1997; Hauser-Cram et compreensão dessa relação. O estudo realizado por
al., 1999; Jerusalinsky, 2001; Jones, 1980, Porto- Tristão e Feitosa (2003) conduz à consideração da
Cunha & Limongi, 2008). interferência da condição auditiva do bebê com SD
Buckley (1993), em artigo acerca do desenvol- sobre o desenvolvimento de estratégias de comuni-
vimento da linguagem em crianças com a síndrome, cação com o mundo externo.
ao abordar a evolução da comunicação ao longo do Silva e Salomão (2002) realizaram no Bra-
primeiro ano de vida, afirma que, apesar de um leve sil uma pesquisa visando analisar as interações
atraso no aparecimento do sorriso e no engajamento mãe-criança portadora de SD e mãe-criança com
em conversações precoces com os pais, esses bebês DT, com ênfase nos aspectos comunicativos. As
demonstram, por volta do sexto mês de vida, igual crianças estudadas estavam na faixa etária de 12
interesse em jogos sociais que envolvem vocali- a 24 meses. O método utilizado foi o registro em
zações, sorrisos e trocas de turno, despendendo a vídeo em ambiente natural – residência das díades,
mesma quantidade de tempo neste tipo de ativida- em situação de brinquedo livre. Os resultados da
de, quando comparados a crianças de desenvolvi- investigação demonstraram que as mães de crianças
mento típico (DT). Entretanto, a partir de então, com SD usaram mais o contato físico para ajudar

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Rosália Carmen de Lima Freire, Symone Fernandes de Melo, Izabel Hazin, Maria C.D.P. Lyra

o filho a realizar atividades do que as mães de atraso em seu desenvolvimento. Ressalta, assim, a
crianças com DT. Foi observado que o uso de ajuda necessidade de mudanças nas estratégias adotadas
física deve-se ao fato da mãe achar que o filho não nos programas de estimulação precoce, de modo a
é capaz de realizar sozinho algumas atividades, o favorecer uma maior responsividade por parte das
que pode levá-la, em alguns momentos, a impedir mães em detrimento da diretividade observada.
a finalização da tarefa por parte do filho, seja rea- Voivodic e Storer (2002) também evidenciam a
lizando a tarefa pela criança, seja introduzindo um diretividade da mãe de crianças com SD, mas con-
novo tema à brincadeira. As autoras concluíram sideram que o alto grau de diretividade manifestado
ainda que as crianças com SD responderam menos pode ser decorrente de um mecanismo de adaptação
às solicitações de suas mães do que as crianças com às peculiaridades da criança.
DT, percebendo-se também uma dificuldade na Silva e Dessen (2003) desenvolveram uma pes-
atenção coordenada. As autoras constataram uma quisa sobre crianças com SD e suas interações
quebra de continuidade nas interações mãe-criança familiares na qual foram estudadas 6 famílias com-
com SD, pelo fato das mães tenderem a chamar postas por pai, mãe e criança com a síndrome resi-
a atenção para um novo tema, sem antes explorar dentes em Brasília – DF. A coleta de dados consistiu
as brincadeiras pelas quais o filho demonstrava em questionário, entrevistas semiestruturadas e
interesse. observação do comportamento com uso de vídeo,
Pino (2000) estudou o efeito do contexto sobre abrangendo o registro de interações entre a criança
o estilo de interação materna numa amostra com- e a mãe, a criança e o pai e, ainda, a criança, a mãe e
posta por dezesseis díades mãe-criança (oito com o pai. Apesar das crianças participantes da pesquisa
crianças com SD e oito com crianças com DT). O situarem-se na faixa etária de 2 a 3 anos e 5 meses
método utilizado foi a observação em situação natu- de idade, alguns aspectos levantados mostram-se
ral abrangendo dois diferentes contextos: brinque- relevantes à compreensão da comunicação no início
do livre e momento de refeição da criança. Os dois da vida. Os resultados demonstram a liderança do
grupos foram emparelhados tendo como critério o pai ou da mãe em detrimento da criança durante os
nível de desenvolvimento linguístico da criança e episódios interacionais. Os dados sugerem, ainda,
não a idade cronológica. Os dados revelaram que as uma maior diretividade e intrusividade, tanto por
mães de crianças com SD utilizaram comportamen- parte do pai como da mãe, durante as interações
tos de ajuda e instrução na interação com os filhos com as crianças, embora as autoras destaquem que
mais frequentemente do que as mães de crianças a intrusividade dos genitores parece não ter impe-
com DT. As mães estudadas demonstraram uma dido uma sincronia nas interações, sugerindo uma
tendência a assumir o papel de “professoras” em adaptação entre os genitores e os filhos com SD.
atividades menos estruturadas e a adotar um estilo O estilo interacional diretivo é também abor-
mais intrusivo em situações mais estruturadas, co- dado por Borges e Salomão (2003) que constatam
mo no momento da refeição. haver, na literatura sobre o tema, interpretações
A autora relaciona o estilo materno observa- controversas no que concerne à relação entre tal
do nas mães de crianças com SD ao treinamento estilo de input materno e o desenvolvimento da
recebido por estas nos programas de estimulação linguagem. Segundo as autoras, embora a maior
precoce a que seus filhos são submetidos. Tais pro- parte dos estudos afirme que a diretividade pode
gramas, especialmente nas décadas de 1970 e 1980, interferir negativamente no desenvolvimento da
adotavam uma estratégia de treinamento baseada linguagem, estando associada a um desenvolvi-
em técnicas de modificação de comportamento, o mento mais lento nessa área, alguns pesquisadores
que, segundo Pino (2000), favorecia a adoção de questionam o estereótipo negativo a ela associado
um estilo de interação mais diretivo por parte das e alertam que diferentes estilos diretivos podem
mães. A autora considera que tal estilo interacio- refletir diferentes intenções comunicativas, cha-
nal tende a restringir as oportunidades de apren- mando também a atenção para a necessidade dos
dizagem por parte da criança, contribuindo para o estilos diretivos serem analisados à luz da idade da

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Aspectos neurodesenvolvimentais e relacionais do bebê com Síndrome de Down

criança (Barnes et al., 1983; Pine, 1992, 1994, apud no processo de auto-organização do sistema de
Borges & Salomão, 2003). comunicação. Isto sugere que diferentes formas de
Melo (2006), em estudo mais recente, aborda adaptação dos parceiros podem suprir as limitações
o desenvolvimento da comunicação entre a mãe apresentadas pelo bebê.
e o bebê com SD no primeiro ano de vida. A au- É possível observar que a maior parte das pes-
tora fundamenta-se na perspectiva dos Sistemas quisas aponta dificuldades específicas no desen-
Dinâmicos, utilizando o modelo de análise da co- volvimento da comunicação entre a mãe (ou outros
municação denominado EEA – Estabelecimen- cuidadores) e o bebê portador da SD. Embora haja
to - Extensão - Abreviação, proposto por Lyra e certa controvérsia quanto ao nível de responsivi-
colaboradores (Lyra, 1988, 2000; Lyra & Chaves, dade desses bebês, de uma forma geral, os dados
2000; Lyra & Rossetti-Ferreira, 1995; Lyra & Sou- resultantes das pesquisas revelam um discreto
za, 2003; Lyra & Winegar, 1997). Trata-se de um atraso na evolução das habilidades comunicativas
estudo longitudinal com duas díades mãe-bebê nos bebês que apresentam a síndrome, bem como
cujo filho tem SD, acompanhadas dos três meses a falhas, por parte destes, em exercer de forma plena
um ano de idade da criança através de registros o seu papel como parceiro na interação. Além disto,
semanais, em vídeo (20 minutos cada), das trocas os estudos ressaltam, ainda, uma postura mais di-
comunicativas face a face e mediadas por objeto, retiva e até intrusiva da mãe na comunicação com
realizados em sala especialmente organizada para seu filho portador da síndrome, quando comparado
este fim, com colchões e brinquedos apropriados. à postura de mães frente a bebês de DT. Observam-
O procedimento de análise consistiu na avaliação, se, no entanto, controvérsias acerca da função e das
segundo a segundo (microanálise), dos registros consequências de tal postura materna na dinâmica
das trocas comunicativas, buscando identificar os da comunicação mãe-bebê, havendo a necessidade
padrões de organização da comunicação e suas de novos estudos que possibilitem uma compreen-
transformações ao longo do tempo. são mais acurada deste aspecto.
O modelo possibilitou a identificação de três
características, de natureza relacional, que marcam Considerações Finais
a evolução do sistema de comunicação nas díades
estudadas: adaptação mútua, diretividade materna As experiências nos primeiros anos de vida de
versus responsividade do bebê e busca de autono- uma criança possuem um grande impacto para o seu
mia versus atitude materna. A adaptação mútua desenvolvimento posterior. Nesta fase, sobretudo,
prevaleceu na maior parte do período investigado, o desenvolvimento do SN, se associado a oportuni-
demonstrando que, a despeito das dificuldades dades ambientais apropriadas, destacando-se aí as
inerentes à síndrome, os parceiros conseguiram interações do bebê com o seu cuidador, permitem
construir um conhecimento compartilhado e, a às crianças a aquisição de inúmeras habilidades.
partir das trocas correguladas, mãe e bebê adapta- Os processos psicológicos da interação social asso-
ram-se mutuamente desde os primeiros meses de ciam-se aos processos fisiológicos do SN, de modo
vida do bebê. No decurso do desenvolvimento foi que os primeiros contatos e interações do bebê com
verificado pelas autoras que a diretividade materna o seu cuidador são capazes de gerar habilidades que
cumpre a função de potencializar as habilidades funcionarão como um poderoso estímulo para o
comunicativas do bebê, prejudicadas pela síndro- neurodesenvolvimento (Bonomo & Rossetti, 2010;
me. Ao final do período analisado, entretanto, os Seidl-De-Moura, Mendes, Pessôa & Marca, 2011).
bebês dão indícios de uma maior autonomia, ca- É possível observar que neste período inicial de
bendo à mãe, no entanto, dar o suporte necessário desenvolvimento existe certa complementaridade
ao filho, possibilitando que o sistema evolua rumo entre o comportamento do bebê e o da pessoa que
a níveis de maior complexidade. A partir da análise cuida dele. No caso das crianças com SD, como já
microanalítica, foi possível compreender a singu- discutido anteriormente, essas primeiras experiên-
laridade dos percursos empreendidos pelas díades cias podem ficar comprometidas pelas característi-

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Rosália Carmen de Lima Freire, Symone Fernandes de Melo, Izabel Hazin, Maria C.D.P. Lyra

cas peculiares que estas crianças apresentam, além Bhattacharyya, A., Mcmillan, E., Chen, S. I., Wallace,
do impacto que a notícia de ter um filho com essa K. & Svendsen, C. N. A. (2009). Critical Period
síndrome pode causar na família. Tal impacto pode in Cortical Interneuron Neurogenesis in Down
dificultar que a mãe tenha reações consonantes com Syndrome Revealed by Human Neural Progenitor
sua sensibilidade natural, que possibilitariam a esta Cells. Developmental Neuroscience, 31, 497-510.
adaptar-se às características do bebê (Voivodic & Borges, L. C. & Salomão, N. M. R. (2003). Aquisição
Storer, 2002). da Linguagem: Considerações da Perspectiva da
Devido à interação de diversos fatores de risco, Interação Social. Psicologia: Reflexão e Crítica,
as famílias que têm um filho com SD representam, 16(2), 327-336.
por vezes, um sistema ecológico em estado de Bonomo, L. M. M. & Rossetti, C. B. (2010). Aspectos
equilíbrio frágil (Casarin, 2007; Nunes, Dupas & Percepto-Motores e Cognitivos do Desenvolvi-
Nascimento, 2011). É fato que a síndrome foi as- mento de Crianças com Síndrome de Down. Revis-
sociada, por mais de um século, a uma condição de ta Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento
inferioridade, de modo que, ainda hoje, apesar do Humano, 20(3), 723-734.
conhecimento acumulado sobre o tema e das infor- Brito Júnior, H. L., Guedes, S. S., Noronha, F. L. &
mações acessíveis, o estigma está presente, influen- Silva Júnior, T. J. (2011). Prevalência de Car-
ciando a imagem que os pais constroem de seu filho diopatia Congênita em Crianças com Síndrome
portador da síndrome e suas reações em relação de Down de Juiz de Fora e Região. Hu Revista,
a ele (Casarin, 2003; Voivodic & Storer, 2002; 37(2), 147-153.
Wuo, 2007). No entanto, a família, em especial a Buckley, S. (1993). Language Development in Children
mãe, que reconhece a especificidade da criança e with Down’s Syndrome: Reasons for Optimism.
é capaz de se adaptar às suas necessidades, pode Down Syndrome Research And Practice, 1, 3-9.
oferecer oportunidades para o bebê progredir no Bunduki, V., Ruano, R., Peralta, C. F. A, Miguelez, J.,
sentido da integração, do acúmulo de experiências Carvalho, M. B., Yoshizaki, C T. & Zugaib, M.
e, assim, facilitar o seu desenvolvimento (Voivodic (2002). Rastreamento Antenatal da Síndrome de
& Storer, 2002). Down Utilizando Parâmetros Ultra-Sonográficos.
É importante, portanto, fornecer informações Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia,
atualizadas aos familiares de bebês com SD a res- 24(9), 601-608.
peito das características e potencialidades destas Campos, A. C., Coelho, M. C. & Rocha, N. A. C. F.
crianças. No entanto, é imprescindível que estes, e (2010). Desempenho Motor e Sensorial de Lacten-
em especial a mãe, sejam estimulados a conhecer tes com e sem Síndrome de Down: Estudo Piloto.
a singularidade do seu bebê com SD, para, assim, Fisioterapia e Pesquisa, 17(3), 203-208.
buscar a melhor forma de se relacionar com ele e Casarin, S. (2003). Aspectos Psicológicos na Síndrome
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revela-se fundamental, porém, os profissionais que Casarin, S. (2007). Síndrome de Down: Caminhos da
atuam com bebês que apresentam tal cromossopa- Vida. (Tese de Doutorado, Pós-Graduação em
tia devem estar atentos quanto à consideração da Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de
singularidade do processo evolutivo de cada bebê São Paulo, São Paulo).
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Recebido em: 7 de fevereiro de2013


Aprovado em: 9 de dezembro de 2013

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