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Massacres escolares e saúde mental:

qual a relação?
Por Alessandra Diehl, em março/2019
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Massacres escolares como o ocorrido na escola do município de Suzano, Raul


Brasil, em março de 2019 ou em outras escolas americanas – o massacre de
Columbine, por exemplo, em um passado não tão longínquo – aumentam a
pressão da população sobre as autoridades de saúde, segurança e educação com
o propósito de avaliar criteriosamente os riscos das diversas formas de violência
grave. Em situações agudas, a análise de ameaças, assassinatos em massa e
posterior suicídio concentram-se em processos de pensamento e ações de
adolescentes que apresentam ameaça de violência, a fim de ponderar em que
medida o adolescente progrediu de pensamentos para ações.

Ameaças afirmam uma intenção com as chances de promulgação dependendo do


grau de comprometimento. O comprometimento, por sua vez, é refletido no nível
de preocupação, plausibilidade, planejamento e preparação. A maioria das
ameaças não tem compromisso de agir como um fim em si motivado por coisas
como o desejo de expressar uma emoção, o desejo de amedrontar e a tentativa de
manipular os outros, embora apenas ocasionalmente sejam um aviso. A avaliação
das ameaças para cometer um massacre é considerada em termos de motivação
e aparente comprometimento.

Aqueles que ameaçam assassinatos em massa também diferem significativamente


dos agressores “lobos solitários” em seus quadros clínicos, o que pode auxiliar na
avaliação do risco. Atentados solitários como os de Port Arthur e Parklands High
School na Flórida continuam sendo eventos raros, embora mais frequentes ano
após ano. Já massacres com a ajuda coletiva pode ter intenções terroristas,
raciais, étnicas e outros crimes de ódio, assim como o Massacre de Orlando.

O lobby das armas afirma que a doença mental está subjacente à violência
armada e deve ser um ponto chave para a intervenção. Nesse contexto, existe
uma máxima que diz algo assim: “nem tanto e nem tão pouco”. Atualmente,
reconhece-se que pessoas com esquizofrenia, por exemplo, ainda que por força
de um pequeno subgrupo, têm maior probabilidade de serem violentas do que a
população geral. Existe um vínculo modesto, mas significativo, entre os transtornos
mentais e a violência na comunidade. No entanto, a grande maioria dos indivíduos
mentalmente doentes não é violenta. Apesar dos retratos da mídia sobre sua
periculosidade, eles são mais propensos a serem vítimas de violência e suicídio.
Predominantemente, indivíduos violentos não têm doença mental e assassinos em
massa não têm doença mental grave identificável. Muitos possuem configurações
de personalidade desadaptadas. A disponibilidade e a posse de armas, não a
doença mental grave, tendem a determinar a maioria dos homicídios por armas de
fogo. Retratos midiáticos sobre tiroteios em massa cometidos por indivíduos
popularmente designados como “perturbados” estimulam a atenção do público
leigo e podem reforçar a crença popular de que a doença mental geralmente
resulta em violência. Além disso, estudos epidemiológicos mostram que a grande
maioria das pessoas com doenças mentais graves raramente é violenta. Por outro
lado, a doença mental está fortemente associada ao aumento do risco de suicídio,
que é responsável por mais da metade das mortes relacionadas a armas de fogo
nos Estados Unidos (EUA).

Conheça a atualização em Dependência Química chancelada pela


Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD)

Após os recentes massacres de armas nos EUA, houve pedidos de melhores


recursos para os serviços de saúde mental. Tudo isso para ajudar a identificar e
responder aos que estão em risco, além de regular o acesso a armas de fogo.
Rastrear por rastrear populações com doenças mentais para o risco de violência
pode ser equivocado segundo alguns pesquisadores. No entanto, os profissionais
da saúde mental podem desempenhar um papel fundamental no trabalho junto às
autoridades legais para monitorar e auxiliar a regulamentação do acesso a armas
de fogo, especialmente entre populações de alto risco. Também podem avaliar a
eficácia de políticas e leis destinadas a prevenir lesões por armas de fogo e
mortalidade que estão associadas a doenças mentais graves e transtornos por uso
de substâncias. O lobby das armas parece estar transformando o debate sobre a
disponibilidade de armas de fogo, questionando agora se pessoas com histórico de
doenças mentais devem ou não ter acesso a tais armas – o que parece ser um
convite ao aumento do preconceito contra pessoas com transtornos. A
regulamentação de armas de fogo pode prevenir a mortalidade por armas de fogo
e ferimentos.

Assim, devido à grande variabilidade no comportamento agressivo,


frequentemente são necessárias intervenções separadas para o indivíduo, para a
família e outros ambientes de desenvolvimento. A formulação de políticas na
interface da prevenção da violência armada e das doenças mentais deve basear-
se em dados epidemiológicos relativos ao risco de melhorar a eficácia, a
viabilidade e a justiça das iniciativas políticas. A avaliação estruturada de riscos em
cuidados especiais de saúde é direcionada à tomada de decisões em relação à
redução de riscos e ajuda adequada para adolescentes em risco.

Um ano após o massacre de julho de 2011, no acampamento de verão Utøya na


Noruega, 87 pais de 63 jovens que sobreviveram ao massacre foram
entrevistados, mostrando que os cuidadores apoiaram ativamente seus filhos e
descreveram um processo exigente de estabelecer novas rotinas para possibilitar
a frequência escolar. A maioria dos pais descreveu mudanças radicais em seus
adolescentes. Muitas vezes, a luta pelo estabelecimento de rotinas trouxe conflito
e frustração ao relacionamento entre pais e filhos. O primeiro ano escolar após o
trauma foi descrito como uma luta frustrante e solitária: seus adolescentes foram
em grande parte incapazes de restaurar a vida cotidiana normal e o funcionamento
escolar. Em 20% dos casos, as relações entre a escola e a casa foram tensas e
relatadas como um fardo por causa da falta de compreensão das necessidades e
medidas insuficientes e medidas educacionais não adaptativas; outros 20%
comunicaram conflito nas relações entre a escola e a casa, enquanto 50%
mostraram resultados positivos ou neutros. Cerca de 10% dos matriculados
desistiram da escola ou começaram a trabalhar, em vez de terminar os estudos.

Os pais seguem, em geral, sendo aconselhados a levar seus filhos de volta ao


colégio logo após a exposição ao trauma de massacres escolares, para que
possam receber apoio social e restaurar a estrutura de apoio da vida cotidiana.
Que a serenidade, força, os desejos e sonhos transformadores dos adolescentes,
professores, funcionários e pais da escola Raul Brasil continuem mantidos e uma
cultura de paz tão almejada possa ser alcançada.

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