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QUANDO Salomão, filho de Davi, se tornou rei de Israel em 1037 AEC, orou a Jeová,
pedindo-lhe “sabedoria e conhecimento” para “julgar este grande povo”. Em resposta,
Jeová lhe deu ‘conhecimento e sabedoria, e um coração entendido’. (2 Crô. 1:10-12;1 Reis
3:12; 4:30, 31) Em resultado disso, Salomão chegou a “falar três mil provérbios”. (1 Reis
4:32) Parte dessas palavras de sabedoria foi assentada por escrito no livro bíblico de
Provérbios. Visto que a sua sabedoria era realmente a que “Deus lhe pusera no coração”,
então, ao estudarmos Provérbios, estamos estudando, com efeito, a sabedoria de Jeová
Deus. (1 Reis 10:23, 24) Esses provérbios englobam verdades eternas. Têm o mesmo valor
hoje como quando foram proferidos pela primeira vez.
2. Por que era o tempo de Salomão uma época propícia para Deus prover tal
orientação?
2O reinado de Salomão era uma época propícia para Deus guiar seu povo. Dizia-se
que Salomão ‘se sentava no trono de Jeová’. O reino teocrático de Israel estava no seu
apogeu, e Salomão foi favorecido com superabundante “dignidade real”. (1 Crô. 29:23,25)
Era época de paz, fartura e segurança. (1 Reis 4:20-25) Entretanto, mesmo sob aquele
domínio teocrático, o povo tinha seus problemas e suas dificuldades pessoais em virtude
das imperfeições humanas. É compreensível que o povo se voltasse para o sábio Rei
Salomão em busca de ajuda para solucionar seus problemas. (1 Reis 3:16-28) Ao
pronunciar julgamento nesses numerosos casos, ele proferiu ditos proverbiais que se
adequavam a muitas circunstâncias da vida do dia-a-dia. Esses ditos breves, mas cheios
de significado, foram muito prezados por aqueles que desejavam harmonizar seu modo de
vida com a vontade de Deus.
3O livro não diz que Salomão escreveu os Provérbios. Todavia, diz que
ele ‘falou’provérbios, também que “fez uma investigação cabal, a fim de pôr em ordem
muitos provérbios”, revelando assim que tinha interesse em preservar esses provérbios
para uso futuro. (1 Reis 4:32; Ecl. 12:9) Na época de Davi e de Salomão, o nome dos
secretários oficiais figurava na lista dos oficiais da corte. (2 Sam. 20:25; 2 Reis 12:10) Não
sabemos se esses escribas da sua corte escreveram e compilaram os provérbios de
Salomão, mas as expressões de um rei tão importante seriam altamente consideradas e
normalmente seriam assentadas por escrito. Admite-se em geral que o livro seja uma
coleção compilada de outras coleções.
4. (a) Como se divide geralmente o livro de Provérbios? (b) Quem originou a maior parte
dos provérbios?
4O livro de Provérbios pode ser dividido em cinco partes. Estas são: (1) Capítulos 1-9,
iniciando com as palavras: “Os provérbios de Salomão, filho de Davi”; (2) Capítulos 10-24,
descritos como “Provérbios de Salomão”; (3) Capítulos 25-29, esta parte começa com as
seguintes palavras: “Também estes são provérbios de Salomão transcritos pelos homens
de Ezequias, rei de Judá”; (4) Capítulo 30, inicia assim: “Palavras de Agur, filho de Jaque”
e (5) Capítulo 31, que abrange “Palavras de Lemuel, o rei, a mensagem ponderosa que sua
mãe lhe deu em correção”. Salomão foi, pois, o originador da maior parte dos provérbios.
Quanto a Agur e Lemuel, não há nenhuma informação precisa sobre a identidade deles.
Alguns comentaristas sugerem que Lemuel talvez tenha sido outro nome de Salomão.
6 Nas Bíblias hebraicas, esse livro era chamado originalmente pela primeira palavra do
livro, mish·léh, que significa “provérbios”. Mish·léh é o plural, em construto, do substantivo
hebraico ma·shál, substantivo este que, segundo se crê, deriva duma raiz que significa “ser
parecido” ou “ser comparável”. Estes termos descrevem bem o conteúdo do livro, pois
provérbios são ditos sucintos que com freqüência empregam semelhança ou comparação
destinada a fazer o ouvinte refletir. A forma breve dos provérbios faz com que seja fácil
seguir a linha de pensamento e entendê-los, e os torna interessantes, sendo desta forma
facilmente ensinados, aprendidos e lembrados. A idéia fica gravada na memória.
9 Além disso, o livro de Provérbios revela estar em harmonia com o restante da Bíblia,
provando assim que faz parte de “toda a Escritura”. Quando o comparamos com a Lei de
Moisés, com o ensinamento de Jesus e com os escritos de seus discípulos e apóstolos,
observamos uma notável união de pensamento. (Veja Provérbios 10:16—1 Coríntios
15:58 e Gálatas 6:8, 9; Provérbios 12:25—Mateus 6:25; Provérbios 20:20—Êxodo
20:12 e Mateus 15:4.) Mesmo quando se trata de pontos tais como a preparação da terra
para ser a habitação do homem, há harmonia de pensamento com outros escritores da
Bíblia. — Pro. 3:19, 20; Gên. 1:6, 7; Jó 38:4-11; Sal. 104:5-9.
13 Os fios destacados que tecem esta primeira parte são a sabedoria prática, o
conhecimento, o temor de Jeová, a disciplina e o discernimento. Há advertências contra a
má companhia, contra rejeitar a disciplina de Jeová e contra as relações ilícitas com
mulheres estranhas. (1:10-19; 3:11, 12; 5:3-14; 7:1-27) Duas vezes, a sabedoria é descrita
como estando em lugares públicos, podendo ser assim obtida e estando disponível.
(1:20, 21; 8:1-11) Ela é personificada, fala solicitamente aos inexperientes e até dá
esclarecimentos sobre a criação da terra. (1:22-33; 8:4-36) Que livro notável é! Esta parte
termina com o tema inicial, que “o temor de Jeová é o início da sabedoria”. (9:10) Do
começo ao fim, argumenta que o reconhecimento de Jeová em todos os nossos caminhos,
junto com nossa aderência à sua justiça, é o caminho da vida e pode resguardar-nos de
tantas coisas indesejáveis.
Se considerarmos esta lista em relação com a vida do dia-a-dia, nós nos daremos conta
da utilidade prática de Provérbios.
15. Cite alguns exemplos da variedade das situações humanas tratadas em Provérbios.
15 O restante desta parte (13:1–24:34) faz lembrar as normas de Jeová, a fim de agirmos
com perspicácia e discernimento. Uma enumeração da grande variedade de situações que
os humanos têm de enfrentar mostra o amplo alcance dos assuntos tratados nesse livro.
São de máximo proveito os conselhos bíblicos sobre: fingimento, presunção, manter a
palavra, argúcia, associações, disciplina e educação dos filhos, o conceito do homem sobre
o que é reto, a necessidade de ser vagoroso em irar-se, mostrar favor aos atribulados,
fraude, oração, zombaria, contentar-se com o necessário para a vida, orgulho, lucro injusto,
suborno, contendas, autodomínio, isolar-se, calar-se, parcialidade, altercações, humildade,
luxo, assistência a pai e mãe, bebidas inebriantes, trapaça, qualidades de uma esposa, dar
presentes, tomar empréstimo, emprestar, bondade, confiança, termos de propriedades,
edificar a família, inveja, revide, vaidade, resposta branda, meditação e verdadeiro
companheirismo. Que tesouro de conselhos a recorrer para orientação sadia sobre
assuntos do dia-a-dia! Para alguns, diversos desses itens podem parecer sem importância,
mas notamos aqui que a Bíblia não negligencia as nossas necessidades mesmo nas coisas
aparentemente pequenas. Nisto, o livro de Provérbios é de valor inestimável.
17. (a) Que “mensagem ponderosa” transmite Agur? (b) Que diferentes séries de quatro
coisas descreve ele?
17 Quarta Parte (30:1-33). Trata-se da “mensagem ponderosa” atribuída a Agur. Depois
de humilde reconhecimento de sua própria pequenez, o escritor faz alusão à incapacidade
do homem de criar a terra e as coisas que há nela. Diz que a Palavra de Deus é refinada,
e refere-se a Deus como um escudo. Pede que seja afastada dele a palavra mentirosa e
que não lhe sejam dadas nem riquezas nem pobreza. Descreve em seguida uma impura,
orgulhosa e gananciosa geração que amaldiçoa os próprios pais. Quatro coisas que não
disseram “Basta!” são identificadas, bem como quatro coisas que são maravilhosas demais
para compreender. (30:15, 16) Fala-se da atitude impudente da mulher adúltera que afirma
não ter pecado. Daí, há quatro coisas que a terra não pode suportar, quatro coisas
pequenas, mas instintivamente sábias, e quatro coisas que sobressaem na sua locomoção.
Mediante comparações aptas, o escritor adverte que “premer a ira é o que produz a
altercação”. — 30:33.
18. O que tem a dizer o Rei Lemuel sobre (a) a mulher má e (b) a esposa capaz?
20 (1) O conhecimento é a maior necessidade do homem, pois não lhe é salutar ficar na
ignorância. É impossível adquirir conhecimento exato sem o temor de Jeová, pois tal temor
é o início do conhecimento. O conhecimento é preferível ao ouro fino. Por quê? Porque,
mediante o conhecimento, os justos são libertados; ele nos refreia de cair no pecado. Quão
necessário é buscá-lo, assimilá-lo! É precioso. Portanto: “Inclina teu ouvido e ouve as
palavras dos sábios, para que fixes teu próprio coração no meu conhecimento.”
— 22:17; 1:7; 8:10; 11:9; 18:15; 19:2; 20:15.
27. (a) O que constitui uso insensato da língua? (b) Por que é tão importante fazer uso
sábio de nossos lábios e de nossa língua?
28. Que dano causa o orgulho, mas que benefícios resultam da humildade?
29 Diligência, não indolência: Muitas são as descrições do preguiçoso. Ele devia ir ter
com a formiga para aprender uma lição e se tornar sábio. Quanto ao diligente — este
prosperará! — 1:32; 6:6-11; 10:4,
5, 26; 12:24; 13:4; 15:19; 18:9; 19:15, 24; 20:4, 13;21:25, 26; 22:13; 24:30-34; 26:13-
16; 31:24, 25.
30 A boa associação: É loucura associar-se com os que não temem a Jeová, com os
iníquos ou estúpidos, com pessoas irascíveis, com mexeriqueiros ou com glutões. Antes,
busque a companhia de pessoas sábias, e adquirirá mais sabedoria. — 1:10-19; 4:14-
19;13:20; 14:7; 20:19; 22:24, 25; 28:7.
32 Como ser boa esposa: Repetidas vezes os Provérbios avisam contra a esposa ser
contenciosa e agir vergonhosamente. A esposa discreta, capaz e que teme a Deus tem na
língua a lei da benevolência; quem encontra tal esposa obtém a boa vontade da parte de
Jeová. — 12:4; 18:22; 19:13, 14; 21:9, 19; 27:15, 16; 31:10-31.
33. Que instruções úteis são dadas sobre a educação dos filhos?
33 Como criar os filhos: Devem-se-lhes ensinar os mandamentos de Deus regularmente
para que ‘não os esqueçam’. Devem ser criados desde a infância na instrução de Jeová.
Não se poupe a vara quando necessária; como expressão de amor, a vara e a repreensão
dão sabedoria ao menino. Os pais que criam seus filhos no caminho de Deus terão filhos
sábios que lhes trarão regozijo e muito prazer. — 4:1-9; 13:24; 17:21; 22:6, 15; 23:13,
14,22, 24, 25; 29:15, 17.
36. De que pontos de vista pode Provérbios ser descrito como sendo atual, prático e
proveitoso?
36 Quão proveitoso é o livro de Provérbios para ensinar e disciplinar tanto a nós como a
outros! Parece que nenhum aspecto das relações humanas ficou despercebido. Há alguém
que se isola dos co-adoradores de Deus? (18:1) É alguém em posição de responsabilidade
que tira conclusões antes de ouvir ambos os lados da questão? (18:17) É brincalhão
perigoso? (26:18, 19) Mostra-se parcial? (28:21) O comerciante na sua loja, o lavrador no
campo, o marido, a esposa e o filho — todos recebem instrução salutar. Os pais são
ajudados de modo a poderem expor os muitos laços ocultos na vereda dos jovens. Os
sábios podem ensinar os inexperientes. Os provérbios são práticos onde quer que vivamos;
a instrução e o conselho do livro nunca ficam antiquados. “O livro de Provérbios”, disse
certa vez o educador norte-americano William Lyon Phelps, “é mais atual do que o jornal
desta manhã”.* O livro de Provérbios é atual, prático e proveitoso para ensino, porque é
inspirado por Deus.
37. Como se harmoniza Provérbios com os ensinamentos do Salomão Maior?
38. Como nos ajuda Provérbios a aumentar nosso apreço pelo Reino de Deus e pelos
seus justos princípios?
38 Quão gratos podemos ser de que Este preeminentemente sábio é a escolha de Jeová
para ser a Semente do Reino! Seu trono “será firmemente estabelecido pela própria justiça”,
será um reinado pacífico muito mais glorioso do que o do Rei Salomão. Dir-se-á a respeito
da dominação desse Reino: “Benevolência e veracidade — elas salvaguardam o rei; e ele
amparou seu trono pela benevolência.” Isso abrirá diante da humanidade uma eternidade
de governo justo, a respeito do qual Provérbios também diz: “Quando o rei julga em
veracidade os de condição humilde, seu trono ficará firmemente estabelecido para todo o
sempre.” Assim, reconhecemos com prazer que os Provérbios iluminam a nossa vereda,
dando-nos conhecimento, sabedoria e compreensão, bem como a vida eterna; mais
importante, porém, magnificam a Jeová como a Fonte da verdadeira sabedoria, que ele dá
por intermédio de Cristo Jesus, o Herdeiro do Reino. O livro de Provérbios aumenta o nosso
apreço pelo Reino de Deus e pelos justos princípios segundo os quais governa agora.
— Pro. 25:5; 16:12; 20:28; 29:14.
[Nota(s) de rodapé]
Treasury of the Christian Faith, 1949, editado por Stuber e Clark, página 48.