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Programa Cultural para o

Desenvolvimento do Brasil
Programa Cultural para o
Desenvolvimento do Brasil

Brasilia - DF
Novembro 2006
“É outra – e é nova – a visão que o Estado brasileiro tem, hoje, da
cultura. Para nós, a cultura está investida de um papel estratégico,
no sentido da construção de um país socialmente mais justo e de
nossa afirmação soberana no mundo. Porque não a vemos como algo
meramente decorativo, ornamental. Mas como base da construção e
da preservação de nossa identidade, como espaço para a conquista
plena da cidadania, e como instrumento para a superação da exclusão
social – tanto pelo fortalecimento da auto-estima de nosso povo,
quanto pela sua capacidade de gerar empregos e de atrair divisas para
o país. Ou seja, encaramos a cultura em todas as suas dimensões, da
simbólica à econômica.”

Luiz Inácio Lula da Silva


Arte Kusiwa - pintura corporal e arte gráfica Wajäpi Presidente da República
Acesso:
palavra-chave
O efetivo ingresso do Brasil em um ciclo de nestes quatro anos, com o coro democrático e numa perspectiva muito além dos gabinetes: no Estado, na sua dimensão cultural. Alteramos a
desenvolvimento sustentável e duradouro deve plural da sociedade brasileira, cada dia mais espaço público. Nos voltamos para a construção fisionomia centralizadora e abrimos as portas
ser moldado a partir da diversidade cultural e exigente do exercício dos direitos de acesso à de novos paradigmas de políticas. A gestão do Ministério da Cultura para todas as vozes
das aspirações mais legítimas do povo brasileiro cultura e à educação. pública e as instituições estão absorvendo e performances, para comunidades locais,
em seu direito à cultura. Ao dar vida nova ao riquezas, inteligências e valores ocultados por para as vanguardas, para os grupos culturais,
O contexto contemporâneo e mundial é de
Ministério da Cultura, o governo Lula recupera os artistas, intelectuais e produtores culturais.
uma economia mais complexa, pressionada anos de falta de apoio e reconhecimento do
a necessária grandeza da ação do Estado nesta Uma abertura para todos os públicos que
pela alta tecnologia, pelo deslocamento da Estado. A cultura passa, enfim, a estar presente
área, horizonte fundamental para estruturar um fazem e vivem a cultura. Hoje as portas
noção de valor, pela necessidade de uma na agenda do país. Esperamos, assim, encerrar estão abertas, a casa é de todos: a casa dos
projeto de país. população mais capacitada e com maior acesso um ciclo de descompromisso do Estado para que pensam e fazem o Brasil. Já é possivel
A formulação de uma política nacional de cultura ao conhecimento. Este é o ponto crítico que com o desenvolvimento cultural do Brasil. projetar um novo Estado, que assuma suas
como pilar estratégico do Estado faz vir à tona condiciona a necessidade de gerar oportunidades Este é o sentido do “do-in antropológico” responsabilidades intransferíveis com o
a diversidade que é patrimônio da sociedade de ocupação para todos. A cultura desafia o promovido por políticas, programas e ações: desenvolvimento cultural.
brasileira. Este patrimônio — fruto da nossa desenvolvimento a encarar a sua gente como massagear pontos vitais — mas momentaneamente Nossa trajetória foi desenhada e vivida com
formação histórica, da elaboração simbólica força viva e patrimônio, como ponto de partida adormecidos — do corpo cultural do país. Avivar o muita paixão, afinada com o desejo dos
dos brasileiros e do esforço cotidiano de buscar e de chegada do crescimento e da distribuição velho e atiçar o novo, porque a cultura brasileira não brasileiros de conviver com o que há de
a realização humana, a justiça social e a plena de riqueza, como sujeitos de acesso. pode ser pensada fora desse jogo, dessa dialética melhor em nossa própria cultura. No primeiro
cidadania — tem ganhado condições melhores permanente entre a tradição e a invenção, numa momento da gestão, uma idéia poética me
A cultura também desafia o desenvolvimento
de existência, para além da sobrevivência, encruzilhada de matrizes milenares e informações e veio à mente, como síntese do que queríamos
a realizar-se a partir da própria cultura, como
gerando a afirmação social de agentes que tecnologias de ponta. pensar sobre a cultura: “O povo sabe o que
fator essencial à preparação da sociedade e dos
possibilitam uma melhor qualidade de vida. quer, mas também quer o que não sabe”. Hoje
brasileiros, individualmente, para enfrentar os A partir desse processo, é possível fazer brotar,
Ao elaborar uma política ampla, que ultrapassa desafios do século XXI. Nosso desenvolvimento de baixo para cima, a diversidade de nosso esse crescente acesso de todos tem gerado,
as fronteiras do próprio Ministério da Cultura, é pela cultura — reservatório de capacidades, território, a força simbólica de muitas culturas inclusive aos que conviviam em ambientes
começamos a enfrentar antigos desafios, como ofícios e saberes — e não apesar dela e das que fazem a singularidade complexa do mais cultivados, uma possibilidade nova de
os baixos indicadores de acesso a bens culturais populações que lhe emprestam o corpo. É ela Brasil, rebentos de um Brasil profundamente ver e ouvir o que não era conhecido. Em
que limitam os horizontes de boa parte de nossa a potência que, num curto prazo, irá influenciar diferente do que, no passado, alguns olhos breve esperamos que o conhecimento mútuo
população. na qualidade de nosso sistema de inovação e de sempre enxergaram filtrado pelo complexo de todos gere a possibilidade de acesso maior
O fato é que a cultura brasileira impacta tanto o produtividade. Que vai assegurar a qualidade de de inferioridade colonial. Essa formulação ao repertório da diversidade cultural de toda
crescimento material de emprego e renda como vida necessária para que os brasileiros realizem de primeira hora ganhou, aos poucos, a humanidade. Um acesso universal.
a qualidade de vida, os principais indicadores sua plena consciência de estar no mundo. Que vai consistência num redesenho de instituições
de bem-estar real dos brasileiros. A cada dia qualificar as relações sociais e garantir uma vida e procedimentos, e se tornou um meio
torna-se mais evidente que o investimento em mais abrangente do que as comunidades que real de ativar esses sedimentos históricos e
cultura é item indispensável desta estratégia, ao nos compõem, possibilitando um sentimento culturais do País, dando a eles uma feição
lado da qualidade do sistema de educação e da verdadeiro de Nação. contemporânea.
superação dos gargalos físicos em infra-estrutura. Para assegurar um proceso dinâmico, nossa Ao gerar um intenso diálogo com a sociedade, Gilberto Gil
É o que Ministério tem escutado, ao dialogar, gestão vem sendo formulada e executada iniciado em 2003, mudamos a postura do Ministro da Cultura

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Resgate do
papel do Estado
O Governo Lula marcou uma diferença A desproporção de importância entre a Cabe ao Estado, pois, promover e estimular Criar, fazer e definir obras, temas e estilos
profunda em relação a seus antecessores economia e as demais políticas sociais — o desenvolvimento cultural da sociedade. é papel dos artistas e dos que produzem
ao redefinir a missão do Ministério da incluindo as políticas culturais — é histórica O governo tem chamado para si uma cultura. Escolher o que ver, ouvir e sentir
Cultura como formulador e promotor de em nosso País. Mas, exatamente por falta é papel do público. Criar condições de
responsabilidade intransferível. É uma
políticas de desenvolvimento cultural dos referenciais sociais, as altas taxas de acesso, produção, difusão, preservação e
e ao tratar a cultura como vetor e questão de missão e compromisso público
desenvolvimento econômico que o Brasil livre circulação, regular as economias da
catalizador do desenvolvimento social e com o desenvolvimento do país e com a
experimentou no século passado — entre cultura para evitar monopólios, exclusões
econômico do Brasil. qualidade de vida da população. Trata-
as maiores do mundo — tiveram impactos e ações predatórias, democratizar o acesso
Este governo herdou um Ministério da Cultura se de uma compreensão da cultura como aos bens e serviços culturais, isso é papel
negativos para o nosso patrimônio natural e
insignificante para a grandeza cultural do para a qualidade de vida dos brasileiros, em dimensão simbólica da vida social, como do Estado.
país: institucionalmente atrofiado, incapaz de suas necessidades materiais e culturais. direito de cidadania, direito de todos os
exercer o papel do Estado no desenvolvimento brasileiros e como uma economia poderosa, Juca Ferreira
A visão neoliberal, hegemônica no Brasil e
cultural e de gestar as políticas públicas geradora de ocupação e renda. Secretário Executivo do Ministério da Cultura
em boa parte do mundo depois da queda do
para satisfazer as necessidades e demandas
muro de Berlim, só agravou essa alienação
da sociedade.
entre crescimento econômico e outras
O Estado havia renunciado à sua missão. dimensões da vida social. É absolutamente
Abandonara seu papel constitucional de coerente que um governo de inspiração
formulador e executor das políticas capazes neoliberal tenha, de 1995 a 2002,
de promover o desenvolvimento cultural enfraquecido e esvaziado sistematicamente
da sociedade brasileira. Terceirizou essa
a dimensão cultural e, consequentemente,
tarefa ao mercado — aos departamentos
o Ministério responsável pelo estímulo e
de comunicação e marketing das empresas.
apoio à dimensão criativa e inovadora da
Sem menosprezar a importância da ação
sociedade brasileira.
empresarial para a cultura, havíamos chegado
a uma situação absurda, marcada pela Hoje, em todo o mundo, a própria noção de
omissão dos governantes e por ações culturais crescimento econômico está em crise. Nesta
operadas prioritariamente por favorecimentos fase da economia mundial, os processos
e clientelismos de toda ordem. criativos e bens simbólicos tornam-se o centro
As razões desse descaso progressivo de da disputa por hegemonia. As novas teorias
governos anteriores frente à cultura brasileira do desenvolvimento, com a perspectiva de
são múltiplas. Começam na dificuldade de sustentabilidade, incorporam a cultura como
definir o papel do Estado, sua importância aspecto decisivo do desenvolvimento.
para o desenvolvimento cultural -- tornando É neste cenário que a política cultural deste
difícil, senão impossível, a criação de políticas governo tem que ser compreendida, como o
realmente eficientes e lúcidas, a partir do Ministro Gil afirmou em seu discurso de posse:
interesse público, capazes de valorizar nossa “como parte do projeto geral de construção
diversidade cultural e afirmar os interesses de uma nação realmente democrática, plural
nacionais no mundo globalizado. e tolerante”.
Índice
O Ministério da Cultura no Governo Lula
2003 - 2006: o primeiro mandato - 13
Fortalecimento institucional e diálogo com a sociedade -14
Reforma administrativa: um verdadeiro Sistema MinC - 17
Orçamento: melhor aplicação de recursos - 19
Políticas setoriais e eixos estruturantes - 21
Audiovisual - 21
Patrimônio, memória e preservação - 22
Cidadania e tecnologias sociais - 25
Identidades e diversidade cultural - 26
Cultura afro-brasileira - 28
Democratização, modernização
e alcance nacional - 29
Um novo padrão de fomento, investimento
e financiamento - 30
Economia da cultura - 33
Política e presença internacional - 34
2007 - 2010: o segundo mandato - 37
Direitos culturais e cidadania - 39
Cultura é educação - 40
Comunicação é cultura - 42
Um Programa Cultural para o
Desenvolvimento do País - 45
Ações estratégicas - 45
Desafios - 46
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O Ministério • O reconhecimento dos saberes e
conhecimentos culturais dos brasileiros deve

da Cultura no
ser uma tarefa permanente do Estado brasileiro
e de suas instituições.

Governo Lula O governo Lula chega ao final de seu primeiro


mandato com uma política à altura da grandeza
cultural do Brasil, com um vasto rol de realizações
na área, uma experiência largamente bem-
2003 - 2006: sucedida, um conjunto de políticas setoriais já
produzindo resultados e inúmeras parcerias
o primeiro mandato estabelecidas por todo o país.
O governo Lula deu nova vida ao Ministério A partir da gestão do ministro Gilberto Gil,
da Cultura e grandeza à ação do Estado. o MinC ganhou um protagonismo inédito e
Na gestão do ministro Gilberto Gil foi ampliou seu campo de atuação, colocando
deflagrado um processo — rico e dinâmico as questões centrais da cultura brasileira na
agenda do Governo Federal e de amplos
— de construção, por meio de um intenso
setores da sociedade. O conjunto de propostas
diálogo com a sociedade e com os produtores
que, mais à frente apresentamos, para o
culturais, de novos paradigmas e políticas.
segundo governo Lula aponta para uma
Esses paradigmas legitimaram-se como necessária definição do papel do Estado neste
referências para a gestão cultural: novo momento de formulação e projeção;
• Se o desenvolvimento econômico expressa visa também dar continuidade, aprofundar
o bem-estar material de uma nação, é o e ampliar o trabalho que foi levado a termo
desenvolvimento cultural que define a sua pelo MinC no primeiro mandato.
qualidade. O MinC baseou suas políticas em um conceito
• A cultura é um direito básico do cidadão, abrangente e preciso de cultura, que articula
três dimensões vitais:
tão importante quanto o direito ao voto,
à moradia, à alimentação, à saúde e à • Cultura como expressão simbólica (estética
educação. e antropológica).
• A sociedade brasileira é a razão de ser das • Cultura como direito e cidadania de todos
políticas culturais, e o acesso universal aos bens os brasileiros.
culturais, à memória e ao patrimônio artístico e • Cultura como economia e produção de
histórico deve ser o objetivo dessas políticas. desenvolvimento.
• Deve-se conjugar a política pública O ministro Gil optou por afirmar a abrangência
de cultura com as demais políticas da cultura em suas múltiplas manifestações.
governamentais e sintonizá-las com um novo Dos conhecimentos tradicionais aos mais
projeto de desenvolvimento para o país. elaborados produtos culturais da alta
tecnologia. O vasto território, até então oculto
• O Brasil demanda políticas públicas que, ao para as instituições federais, foi finalmente
mesmo tempo, promovam o desenvolvimento reconhecido, tornando-se objeto de políticas
cultural geral da sociedade, contribuam para a de incentivo. Uma abrangência mapeada
inclusão social e para a geração de ocupação e por meio de editais inovadores, marcada
renda e afirmem a nossa singularidade diante com objetividade e responsabilidade por
Prêmio Projéteis Funarte de Arte Contemporânea – Tapumes, de Henrique Oliveira, Rio de Janeiro, 2006 das demais culturas do mundo. pesquisas, analisada em diversos estudos

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realizados nessa gestão. São subsídios para passo adiante dos multiculturalismos e dos
futuros planejamentos, que ficam agora regimes de tolerância que foram propostos
disponíveis nos inéditos convênios com a partir dos centros culturais hegemônicos.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística O reconhecimento das diferenças culturais
(IBGE) e Instituto de Pesquisa Econômica que nos enriquecem não apaga as diferenças
Aplicada (Ipea). Tais levantamentos e dados sociais que ainda marcam e empobrecem
nos permitem começar a ver a dimensão real nossa sociedade.
e a enorme extensão e presença que a cultura Os avanços conceituais e políticos realizados
tem na vida brasileira. proporcionaram o sucesso de inúmeros
O conceito estruturante de diversidade cultural programas, como o Cultura Viva, o Programa
vem sendo seriamente assumido, aplicado Monumenta, o Revelando os Brasis, o Programa
e respeitado. O foco das ações tem sido as de Patrimônio Imaterial, o DOCTV, o Programa
demandas e as necessidades do conjunto da para as Culturas Populares e para as Culturas
sociedade. Acessibilidade é a palavra-chave. Indígenas, o Sistema Nacional de Cultura, o
Este MinC recusou-se a ser apenas uma caixa Programa de Circulação Regional de Teatro, o
de repasse de verbas para uma clientela Programa Arte sem Barreiras, o Sistema Nacional
preferencial. Não substituiu nem se deixou de Museus, ou, ainda, a vigorosa retomada do
substituir pelo mercado. Não cabe ao Estado Projeto Pixinguinha.
fazer cultura, ainda que formular políticas para
a cultura seja produzir cultura — toda política Fortalecimento institucional
cultural faz parte da cultura política de uma e diálogo com a sociedade
sociedade e de um povo, num determinado
Para viabilizar esta política cultural
momento de sua existência e não pode deixar
transformadora, era imprescindível estabelecer
de expressar aspectos essenciais da cultura
as bases para um novo arranjo institucional,
desse mesmo povo.
novos aparatos regulatórios e legais, novos
Ao Estado, cabe intervir. Não segundo a espaços institucionais para a formação de
cartilha do velho modelo estatizante, mas entendimentos e tomada de decisões, novos e
para clarear caminhos, abrir clareiras e abrigar. confiáveis sistemas de referência nacional para
Podemos assegurar que a política cultural do o compartilhamento de responsabilidades,
MinC é hoje feita de muitas mãos e agentes para o planejamento de metas e para a
sociais, institucionais, culturais e políticos. afirmação de direitos.
Definido a partir de um reconhecimento Espaços de entendimentos e decisões para
estruturante — nossa diversidade cultural a construção da política cultural estão
e nossas diferentes formas simbólicas são emergindo de processos participativos,
um patrimônio — o conceito de cultura confirmando a porosidade democrática do
que norteia o MinC vem sendo assumido e Estado. É o caso das Câmaras Setoriais do
refletido por agentes e pensadores. Uma idéia- Livro e Leitura, da Dança, do Teatro, do Circo,
realidade que modifica a gestão da cultura e da Música, das Artes Visuais e do Conselho
passa ao plano da aplicação. Um critério de Superior de Cinema, criações desta gestão e
ação respeitado pelas mais diversas instituições nas quais realiza-se a deliberação participativa
e iniciativas culturais em todo o país. e compartilhada de políticas públicas para os
A adesão ao conceito de diversidade se dá setores e atividades culturais.
de muitos modos, também de forma crítica O desmonte do balcão de negócios só se
e sem omitir os conflitos existentes em nossa completa com a qualificação dos agentes
formação histórica e social, o que significa um culturais, fazendo com que o sistema se auto-
Brasília sediou o 1º Encontro Sul-americano de Culturas Populares realizado em 2006

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regule por meio da incorporação e adesão trato democrático e zeloso dos méritos, das Reforma administrativa: um sistema de “belas artes” e “belas letras”,
aos procedimentos transparentes, impessoais finalidades e do acesso aos recursos públicos. compartimentando o processo vivo de
Uma disponibilidade que é hoje muito maior e
um verdadeiro Sistema MinC interação artística e simbólica. A conseqüência
e democráticos e dos critérios que dão
especificidade às políticas públicas. possível a cada brasileiro, independentemente Ao mesmo tempo em que a política pública era a incapacidade de atender as demandas
de renda e de contatos sociais. estava sendo construída, encontrou-se a de um universo cultural de que se alimenta
O MinC pautou sua atuação pela absoluta
exigência de dotar o Ministério de recursos tanto a produção contemporânea quanto
observância aos preceitos constitucionais que A crescente compreensão da necessidade de
materiais, de recursos humanos e de as formas arcaicas e persistentes em muitas
regem a administração pública. O diálogo com novos instrumentos de regulação econômica
instrumentos gerenciais que fossem capazes manifestações e saberes do Brasil.
os diversos segmentos e o perfil republicano das atividades culturais se propaga numa
politização saudável das questões jurídicas de dar corpo a esse novo espírito público. Outra questão conceitual enfrentada foi a do
no trato da coisa pública fortaleceram a A gestão conseguiu realizar uma reforma significado de “política cultural”, uma idéia
legitimidade do Ministério como agente que fundamentam o direito autoral e
o diferenciam do direito comercial. Há administrativa significativa, embora restrita — que tinha perdido o sentido e que foi arrancada
central na formação de entendimentos e na dadas as condições a que está submetido todo de um sistema de privilégios armado em torno
implementação compartilhada de soluções. um patamar de acúmulo que é ponto de
o governo — mas, ainda assim, profunda. do balcão de financiamento exclusivo para
partida para a atualização dos marcos de
Sistemas de avaliação claros, especializados Toda a reorganização institucional foi agregadores de prestígio. Hoje o MinC atende
propriedade intelectual, da consciência
e criteriosos refletem a decisão de priorizar coordenada por uma visão estratégica de com isonomia todos aqueles que fazem e
comum frente aos desafios contemporâneos
processos seletivos transparentes, por meio transversalidade para dotar o Estado de um que apreciam as muitas culturas brasileiras
que estão postos para cada cultura. É um
de editais, concursos e premiações. Isso torna equipamento que tenha coerência em suas vivas nos muitos territórios e cidades dessa
avanço que essa gestão traz consigo no nação, sem desmerecer os mestres e nomes
concreto o espírito novo desta gestão pública debate sobre a liberação de usos, para ações. Temas e áreas da cultura ganharam
maior consistência com o amparo de consagrados que deram e continuam a dar
da cultura. As distorções dos mecanismos fins públicos, dos conteúdos culturais. A
secretarias, fundações, institutos e agências, suas contribuições essenciais. O Ministério
são hoje menores e fiscalizadas. Os desvios sociedade tem discutido e proposto novas tem claro, hoje, que sua responsabilidade
são punidos e corrigidos. Assim, firma-se um soluções para os impasses sobre o direito assegurando um funcionamento mais
é enorme, tem a altura da expectativa da
de cópia. O Ministério firma-se como uma sistêmico e integrado.
sociedade brasileira, e por isso não pode fazer
caixa de ressonância dessas opiniões. O Sistema MinC teve uma coordenação ativa escolhas entre um setor ou outro da cultura.
As empresas estatais vêm dando o exemplo de dos presidentes e diretores das instituições Não pode – em nome da gestão – priorizar
uma política pública por meio do mecanismo que o compõem, e todos passaram a gerir setores, regiões, mas deve com generosidade
de renúncia fiscal. São editais periódicos colaborativamente a política do Ministério, buscar os meios, os orçamentos, alcançando
do orçamento ao debate de questões e lançando sementes para todas as legítimas
e sofisticados, que atendem a cada elo da
conceituais, tomando decisões conjuntas demandas da vida cultural brasileira.
cadeia produtiva da cultura, da produção
sobre os rumos a seguir e fortalecendo
à distribuição e ao acesso. A Petrobrás Afirmamos assim a amplidão territorial,
processos específicos que se encontravam geográfica e simbólica da cultura, uma
lidera hoje esse movimento na direção de
em curso. A reforma, que definiu melhor forma vital que não se resume às linguagens
um investimento em cultura baseado em
a competência e precisou a finalidade e atividades artísticas, mas que através
seleções públicas e com concretos retornos
de cada área administrativa, eliminou as delas envolve valores, posturas, hábitos,
para a sociedade brasileira. Medidas e ações
sobreposições e a excessiva centralização identidades comuns e diversas, conceitos,
estruturais para muitos setores têm sido
que geravam desperdícios de tempo e saberes e fazeres múltiplos. Uma cultura que
priorizadas, invertendo a ênfase que se dava
de recursos. Criou uma cultura gerencial junta artes, modos de civilizações, tradições
aos eventos culturais. sistêmica, de interdependência entre áreas e comunitárias, assentamentos humanos,
Está em curso a preparação do primeiro objetivos. Todos passaram a ter atribuições encantamentos míticos e rituais, turismo
Plano Nacional de Cultura, aspiração complementares e inter-relacionadas. cultural e hospitalidade, e os faz convir ao
histórica do setor cultural brasileiro, que se A reforma administrativa enfrentou questões mesmo tempo. Uma cultura que está em todo
tornou possível após a aprovação de uma estratégicas e conceituais no trato da o lugar, que precisa ser incentivada e cuidada
Proposta de Emenda Constitucional e de cultura. Uma delas é a erosão das estruturas em seu todo, sem que acabemos reduzindo-a
iniciativas voltadas para uma pactuação organizacionais anteriores. Elas reproduziam ao oficialismo de uma única visão.
federativa na área da cultura, por meio de uma antiquada visão de cultura. As Num país complexo, com o desafio do
um Sistema Nacional de Cultura. competências se organizavam sob o crivo de crescimento e do desenvolvimento em escala,

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a tarefa é produzir cultura e fazer a cultura casa nova, reformada, com condições Orçamento: melhor cultura já responde diretamente por 5% do
chegar a seu destinatário. O território cultural materiais e gerenciais para executar as PIB do país. E pode ir muito além, desde que
se estendeu nessa gestão até as fronteiras altas responsabilidades. A cara é outra, o
aplicação de recursos impulsionada por políticas que garantam seu
da educação e da televisão, e foi preciso espírito é outro. Nossa cultura caminha para ser uma prioridade impacto econômico e social e a conectem com
encontrar dispositivos administrativos, como de governo. O orçamento do MinC cresceu o projeto de pleno desenvolvimento do Brasil.
Várias instituições já dialogam com essa nova
a Câmara Interministerial MinC/MEC e o cultura institucional: o IBGE incorporou a paulatinamente – embora ainda esteja muito O Governo Lula reforçou os instrumentos
Fórum de Televisões Públicas, que traçassem cultura em sua agenda, e a partir de agora distante do mínimo ideal, que deveria ser de de financiamento existentes e implementou
novos marcos e estradas para que esses 2% das receitas tributárias, como propõe uma novos – linhas de crédito do BNDES para
teremos pesquisas periódicas sobre o impacto
processos de comunicação, circulação e PEC atualmente em tramitação no Congresso pequenas e médias empresas culturais e
da cultura na economia, no consumo das
presença social da cultura se desenvolvessem Nacional. Ainda assim, saltamos de 0,2% para os Fundos de Investimento em Cinema
famílias, na exportação e na importação.
plenamente. Para que essas interfaces 0,6% do Orçamento da União, o que aponta (Funcines), por exemplo.
O Banco Nacional de Desenvolvimento uma aproximação com o percentual mínimo
fossem enxergadas como meios essenciais Os patrocínios culturais das empresas estatais
Econômico e Social (BNDES) criou um recomendado pela Unesco, que é de 1% do
para que milhões de brasileiros realizem seu agora estão em sintonia com as políticas públicas
Departamento de Economia da Cultura, total do orçamento federal. Esse patamar
aprendizado e cultivem seus valores, sendo do setor. Com isso, temos mais recursos, gastos
iniciativa inédita que coincide com a recente mínimo, nível de importância basilar da cultura de modo mais eficiente e inclusivo.
garantidos os melhores conteúdos a custos
aprovação de um programa de Economia da na consolidação do desenvolvimento nacional,
acessíveis, gerando convívios culturais mais é um padrão de investimento que foi afirmado De modo similar, cresce entre os investidores
Cultura pelo Ministério do Planejamento.
saudáveis à população. como necessário pelo estágio de complexidade privados o entendimento da decisiva
O Congresso Nacional ampliou os debates importância do investimento em cultura com
Para assegurar essa política cultural a que chegou essa gestão. O incremento
sobre cultura: nunca parlamentares base na formulação de políticas e programas.
abrangente, surgiu uma estrutura com orçamentário para a Cultura é o tratamento
incorporaram tanto a cultura em suas agendas, Graças à eficiência decorrente da reforma
capacidade de formulação, planejamento e que merece o setor com imenso potencial de
projetos de lei, emendas e discussões públicas. geração de renda, emprego e bem-estar. Além administrativa, a capacidade de execução do
gestão. As autarquias passaram a ser voltadas
para setores específicos, organizando O Ministério da Educação criou em parceria de ser um componente essencial para possibilitar orçamento do MinC superou a marca dos 99%
políticas mais precisas e ajustadas pela com o MinC uma câmara interministerial para o pleno desenvolvimento da condição humana no biênio 2005 e 2006. Somos o Ministério
convivência direta dos problemas e políticas em comum e desenvolveu um sistema e qualificar as relações dos brasileiros, a com a melhor execução orçamentária.
demandas cotidianas. de cooperação entre secretarias e instituições,
com escolas, bibliotecas, universidades e pró-
Um passo a mais foi dado em 2006, com
reitorias.
a realização do primeiro concurso público
Orçamento MinC
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da história do Ministério. O reforço e a O Ministério da Previdência criou uma linha
renovação trazidos para dentro de cada previdenciária específica para os trabalhadores
instituição vinculada, como a Biblioteca da cultura – o Cultura Prev. 513
Nacional e o IPHAN, eram aguardados havia Com o Ministério do Trabalho, criamos um
em milhões de R$
mais de 20 anos. Essa gestão apostou em programa de bolsas culturais para milhares de
um fortalecimento institucional que deixou jovens carentes desenvolverem capacitações e 375
para trás uma década e meia de desmontes e ocupações culturais.
312
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terceirizações da responsabilidade do Estado Este cenário mostra a crescente compreensão 289
e da Administração Pública com a cultura da cultura como agenda de todos, e uma
brasileira. ação responsável e decisiva para fortalecer a
A sede em Brasília passou pela primeira diversidade cultural brasileira no coração de
reforma desde a construção da Esplanada dos nossas principais instituições. E, finalmente,
Ministérios. Condições sofríveis tornavam o com o Minsitério das Relações Exteriores, o
Ministério menos eficiente e operante diante Ministério da Cultura foi capaz de qualificar a
de demandas cada vez maiores. Hoje, quem presença da cultura brasileira no mundo em
visita o Ministério e suas instituições vê uma eventos como o Ano do Brasil na França. 2002 2003 2004 2005

1 - Inclui emendas feitas pelo parlamento, mas exclui recursos para salários e encargos de pessoal.
2 - Primeiro ano do Governo Lula e da Gestão Gil no MinC. O orçamento, porém, foi feito pelo governo anterior.

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Políticas setoriais recursos, equipamentos e tecnologias para
produção de filmes e documentários em todas as
e eixos estruturantes
Renúncia Fiscal (Lei Rouanet) regiões do país, produção, em grande medida,
associada à rede pública de televisão. Essa
Audiovisual produção audiovisual receberá agora o apoio
em milhões de R$ 691 da Programadora Brasil que traçará estratégias
Os avanços na construção de políticas públicas de distribuição e inserção desses conteúdos
manifestam-se claramente nos benefícios em canais que o tornam disponível para a
que obteve o setor audiovisual, atingindo população brasileira.
a compreensão de seu complexo sistema Incremento e democratização do financiamento
507 produtivo e distributivo. Esse amplo campo são diretrizes que deram uma grande injeção
de atividade, que se estende cada vez mais de ânimo e qualidade no cinema nacional.
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para além do cinema — englobando as O desafio agora é dar continuidade a esse
transformações por que passa a TV, a partir processo: avançar para consolidar o setor como
345 das novas tecnologias digitais — é uma área uma indústria com capacidade de gerar público
estratégica para dar alcance às políticas e renda. A qualificação do investimento exige
culturais. Ele não diz respeito a um único estratégias de estimulo à profissionalização
segmento da cultura, mas, de forma integrada, e à sustentabilidade. Esses são pressupostos
atravessa todos eles. essenciais para que o Brasil alcance uma
É importante destacar o relançamento inserção estratégica no mercado global.
da Secretaria do Audiovisual como órgão No mundo contemporâneo é necessário
articulador da política de cinema e audiovisual, reconhecer a televisão como um dos espaços
e a consolidação da Agência Nacional do culturais mais importantes, com grande poder
2002 2003 2004 2005 Cinema (ANCINE), por meio da sua alocação no de inserção social. As novas tecnologias de
Ministério da Cultura, assim como a realização geração e difusão de conteúdos convergem
de concurso público para prover quadros ao cada vez mais, na atualidade. O agenciamento
órgão, a plena execução orçamentária, e maior do som e da imagem encontra um novo
capacidade para realizar o acompanhamento padrão de economia. As TVs públicas deverão
do mercado. se tornar uma dimensão importante da política
Estatais Outro ponto que marcou a gestão e deverá se
aprofundar nos próximos anos é o estímulo
de audiovisual.
Com o fortalecimento da ANCINE, foi afirmada
ao debate sobre as transformações advindas sua missão de órgão fiscalizador e fomentador.
Evolução do investimento da convergência digital e sobre a comunicação O desenvolvimento de modelos de economia da
por meio da Lei Rouanet, em milhões de R$ social eletrônica, partes essenciais de uma cultura audiovisual passou por uma redefinição
e relação percentual política de cinema e audiovisual abrangente. dos papéis fiscalizadores e de promoção da
O Ministério da Cultura foi ativo na geração de Agência, garantindo o planejamento indutor
36% debates sobre a comunicação social eletrônica, da cadeia produtiva do setor. Os mais de 300
do total atuou no desenvolvimento do Sistema Brasileiro novos longas-metragens, curtas, programas
de Televisão Digital e integrou todas as principais de TV, filmes de animação e games realizados
35% 32%
38% discussões do período sobre o tema. neste primeiro governo do presidente Lula
do total do total
do total Estão sendo criadas as condições que preparam encontram novas possibilidades de mercado.
254 o Brasil para ser um importante produtor e Os investimentos na Cinemateca somam R$ 8,2
153 164 exportador de conteúdos, invertendo a lógica milhões (de 2003 a julho de 2006), e dotaram
131
perversa que no passado condicionou o país esse centro de referência com equipamentos
a ser mero consumidor. Programas como Olhar de última geração, permitindo realizar, com
2002 2003 2004 2005 Brasil, DOCTV, Curta Criança, Documenta Brasil e instalações adequadas, a missão de preservar
os editais anuais de fomento têm assegurado a memória audiovisual brasileira.

20 21
Patrimônio, memória tratamento paisagístico, recuperação de
áreas públicas, o que tem gerado uma auto-
e preservação valorização local e novas oportunidades de
A preservação do patrimônio histórico desenvolvimento.
brasileiro tem recebido deste governo um Bens tombados foram restaurados em todo
investimento maior a cada ano. Sintoma de o país (fortes, igrejas, casarões, teatros) por
uma nova ênfase, forma de ver e reconhecer meio da Lei Rouanet ou de investimento
os saberes, os sítios históricos e os valores direto do IPHAN. Além disso, ganharam um
atribuídos a eles por essa gestão; ênfase uso de interesse público, abrindo espaços para
estratégica à memória e ao conhecimento a cultura atual e fazendo a nossa memória
dos brasileiros sobre sua própria origem, interagir vivamente com nosso presente.
formação e identidade. De 2003 a 2005, R$ O MinC deu início à política de reconhecimento,
665 milhões foram destinados à recuperação registro e proteção do patrimônio imaterial
de cidades, sítios e edificações históricos, do país. Desde 2003, esse patrimônio que
museus, acervos, arquivos e bibliotecas. A diz respeito aos diversos saberes, fazeres,
noção de patrimônio foi trabalhada de modo tradições, lugares, ritmos e linguagens,
a contemplar e atualizar a percepção da muitas técnicas e modos de ser tipicamente
diversidade cultural, étnica e social do país, brasileiros, resultante de criações coletivas,
em busca da aproximação com a sociedade passa a ser reconhecido e tomado como
e as comunidades locais, definindo a tarefa riqueza nacional a ser preservada e difundida.
comum de preservação do patrimônio e da Foram registrados o samba de roda, o ofício das
memória nacional. baianas do acarajé, o Círio de Nazaré, a viola
O novo Instituto do Patrimônio Histórico e de cocho do Pantanal, o jongo e a cachoeira
Artístico Nacional (IPHAN) vem promovendo do Iauaretê. Outros estão em estudo.
uma ampla política de reconhecimentos O investimento na manutenção, recuperação
e registros por todo o Brasil, valorizando e modernização dos museus teve crescimento
populações detentoras de conhecimentos expressivo nesta gestão do MinC. Foram
tradicionais e expressões brasileiras. E o faz desenvolvidos quatro editais anuais de seleção
liderando uma rede de instituições nacionais de projetos, permitindo a revitalização de
e internacionais, agentes, grupos culturais, suas instalações. Houve investimentos anuais
comunidades e indivíduos, que, com maior de R$ 15 milhões em instituições públicas e
ou menor relação com o Estado, tem o privadas de todo o país. Além disso, foram
compromisso comum de valorizar a memória criados, com apoio do MinC, outras unidades
dos brasileiros. No plano internacional, voltadas para novas abordagens temáticas, a
o Brasil atuou fortemente para aprovar a exemplo da história do trabalho e dos modos
Convenção da Unesco sobre a proteção e de produção (Museu de Artes e Ofícios – Belo
promoção da diversidade cultural. Agora Horizonte), a língua e seus usos (Museu da
basta ratificá-la no Congresso Nacional. Língua Portuguesa – São Paulo), o cotidiano
A restauração do patrimônio histórico passou da favela (Museu da Maré – Rio de Janeiro),
a ser diretamente associada à revitalização entre outros.
urbana e ao desenvolvimento cultural, A criação do Sistema Nacional de Museus
turístico e econômico das cidades, tendo seus possibilitou uma instância de coordenação e
habitantes como principais beneficiários e planejamento de ações entre museus públicos
parceiros das ações. O Programa Monumenta e privados. Foram abertas as perspectivas para
já está presente em 26 cidades históricas o fortalecimento autônomo dessas instituições
brasileiras, implementando ações conjuntas que deverão se completar com a criação do
de restauro de edifícios, melhorias viárias, Instituto Brasileiro de Museus. Restauração do Patrimônio Histórico e Cultural de Belém, Pará

22 23
Cidadania e tecnologias sociais de capacitação em cultura digital e produção
cultural para jovens da comunidade.
As ações do Programa Cultura Viva valorizaram
São mais de 500 Pontos de Cultura espalhados
e deram suporte às atividades de grupos de pelo país. Outros 4 mil foram habilitados e
cultura já atuantes em diferentes segmentos aguardam a necessária ampliação orçamentária
(teatro, capoeira, artesanato, reciclagem, do programa para serem contemplados. O
música, moda, dança, tradições populares, Cultura Viva é hoje a maior ação do MinC para
audiovisual e hip-hop, por exemplo). O dar realidade ao desejo de disponibilização de
programa promoveu a democratização do bens e serviços culturais a todos. Um trabalho
acesso aos meios de produção cultural, visando para promover a autonomia das comunidades,
garantindo que essas possam formar seus
à constituição de uma rede colaborativa de
produtores de cultura.
produtores de cultura, a partir das trocas de
Os resultados colhidos são de uma grandeza
experiências e de conteúdos que dinamizem
imensurável, sobretudo no que diz respeito
as comunidades envolvidas. ao protagonismo social alcançado pelos
Após um processo de seleção pública, os grupos e ao exercício de auto-estima e
grupos passam a ser Pontos de Cultura e sentido comunitário. Essa política pública
recebem investimento de até R$ 185 mil. Esse atinge populações muitas vezes ameaçadas
pelo isolamento cultural (grupos indígenas,
dinheiro passa a ser gerido pela comunidade
quilombolas e favelados) e é uma tecnologia
e é destinado à ampliação de seus espaços
decisiva na integração pela cultura do
públicos e estruturação de suas atividades. tecido social. O público beneficiado é
Além disso, os grupos têm acesso a kit majoritariamente formado por jovens que,
multimídia digital (computador, câmeras, a partir dessa experiência, são investidos de
software de edição, acesso à internet) e bolsas maior mobilidade social e política.

O Programa Cultura Viva incentiva, apóia e fortalece as manifestações da cultura popular em todo país Casa de Cultura Tainã, Campinas (SP)

24 25
Identidades e povos indígenas estão sendo contempladas
pelas políticas culturais.
diversidade cultural
Essas políticas foram construídas a partir
O Programa de Identidades e Diversidade Cultural de consultas amplas, que abriram canais
do MinC foi constituído para transformar as de diálogo a grupos sociais por meio de
premissas e diretrizes fundamentais que a seminários, fóruns e conferências nacionais
gestão adotou em um conjunto de políticas e regionais. As diretrizes propostas serviram
e ações culturais que atendesse grupos para gerar critérios para editais de fomento,
sociais e comportamentos culturais até então premiações, promovendo uma ação decisiva
desconsiderados pela ação pública. O recorte do MinC que compreende a diversidade dos
populacional sob a luz da diversidade cultural processos de simbolização e identificação.
é uma das novidades das políticas públicas
Muitos contextos e modos de produção
para a cultura, sofisticando a compreensão
culturais de setores postos à margem da cultura
da sociedade e da formação brasileiras,
dominante apresentam a quase inexistência
das múltiplas identidades resultantes de
de uma organização, um reflexo da total falta
migrações, dos comportamentos coletivos,
de acesso aos mecanismos e códigos para
das políticas afirmativas de identidades.
fomento, uma perversa exclusão do usufruto
Além disso, a diversidade cultural foi uma e dos benefícios que o Estado pode lhes dar.
das grandes bandeiras internacionais que o O principal desafio do MinC foi estabelecer,
ministro Gilberto Gil defendeu em reuniões através de oficinas e processos de capacitação
de organismos multilaterais, em fóruns e dirigidos a este público, uma realização das
encontros de líderes mundiais, como uma demandas por meio de seu reconhecimento
política afirmativa que propõe garantias às institucional por programas de fomento.
muitas culturas existentes. Essa ação gerou
uma presença decisiva na redação final e
aprovação do texto como tratado da Unesco,
onde são estabelecidas diretrizes para a
construção de uma política de cooperação
no reconhecimento e proteção das diferenças
culturais. Ele deve receber a assinatura de
várias nações, inclusive do Brasil, e deve ser
um instrumento de afirmação entre nós da
diversidade cultural da humanidade.
O programa começou a apresentar resultados
de reconhecimento de nossos modos culturais
que vivem em conflito nos meios dominantes.
São ações que asseguram espaços, valorizam,
difundem e fazem respeitar grupos
historicamente marginalizados em seus
modos de expressão tradicionais ou recentes,
de suas identidades, como a capoeira, as
culturas indígenas, as culturas populares,
os estudantes, os trabalhadores rurais e as Página ao lado: Jabuti-bumbá, Acre; Ponto de Cultura
manifestações GLBTs e hip-hop. Pela primeira Grão de Luz, Bahia; Quilombo Kalunga, Goiás; Samba de
vez, nos 20 anos do Ministério, as culturas dos Roda, Bahia e Estrela de Ouro, Pernambuco

26 27
Cultura afro-brasileira foi reorientada, certificando 851 comunidades, Democratização, modernização
prestando atendimento em juízo a 17
A partir da atuação da Fundação Cultural comunidades e atendendo, mediante projetos
e alcance nacional
Palmares, a política do MinC para a cultura de desenvolvimento sustentável, mais de 400 A reestruturação da Fundação Nacional de Arte
afro-brasileira experimentou uma mudança outras. Com a edição de 22 livros, duas revistas (Funarte), que chegou a ser extinta no governo
fundamental. A reversão da passividade que e farto material gráfico, nova abordagem Collor, tem importância decisiva na criação de
operava no financiamento de projetos avulsos, conceitual passou a circular entre muitas programas de fomento, pesquisa, memória e
com pouquíssimos recursos, fez com que ela comunidades. A recuperação de 10 filmes do circulação no campo das artes.
passasse a ser uma efetiva implementadora cinema negro, o apoio a oito programas de TV Com a Caravana Funarte de Circulação de
da política de fortalecimento da cultura afro- sobre a arte e cultura negras, a produção de 85 Espetáculos, as áreas de Teatro e Dança
brasileira. Sua integração com a política do programas de rádio, gravados em CD-Rom e ganharam circuito que levou as melhores
MinC e a articulação com a ação de outros disponibilizados através do portal da FCP, gera companhias do país a cerca de 500 municípios.
ministérios fizeram com que deixasse de ser uma circulação de conteúdos audiovisuais que Os prêmios Myriam Muniz e Klauss Vianna Exposição de Paulo Bruscky, no Atos Visuais, Funarte, 2006
um gueto administrativo, passando a atuar ampliam as possibilidades de reconhecimento asseguraram, a partir de 2005, investimento de
predominantemente por meio de convênios, cultural dessas populações. Os eventos R$ 15 milhões, em parceria com a Petrobras, José da Silva, em convênio com o Instituto
execução direta mediante pregão e editais de internacionais, como o África Brasil, Mostra Pan- que permite a muitos grupos e produtores dar Camões, que incentiva um trânsito no mundo
seleção. Hoje, de forma transversal, a Palmares Africana de Cinema e Arte Contemporânea e a continuidade a seus trabalhos. de língua portuguesa. O intercâmbio com o
lidera, dentro do Sistema MinC, a compreensão Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora, Na área de Circo, o Prêmio de Estímulo investiu Festival Tchecov, entre Brasil e Rússia, trouxe
da cultura afro-brasileira em todas as foram provavelmente o mais importante R$ 3 milhões em 2004 e 2005, fazendo corpo um universo de colaboração entre essas duas
linguagens, expressões contemporâneas, acontecimento para o restabelecimento de com o projeto de modernização da Escola tradições teatrais.
eventos e formulações estratégicas laços culturais com nossas matrizes africanas, Nacional de Circo, no Rio de Janeiro. O Programa de Edições da Funarte doou, em
Ao longo de quatro anos, a ação de proteção um entrelaçamento que fortalece nossa O resgate do Projeto Pixinguinha, paralisado 2006, 50 mil publicações especializadas em
às comunidades remanescentes de quilombos presença no contexto internacional. desde 1997, o Programa Pauta Funarte de formação, pesquisa e memória da produção
Música Brasileira, a retomada do Projeto artística nacional para mil bibliotecas em
Bandas, a Caravana de Circulação de Música de todo o Brasil, além de lançar 20 novos títulos,
Concerto e o Programa de Concertos Didáticos desde 2005. Na internet, o Canal Funarte
para Escolas geraram itinerâncias e incentivos disponibilizou músicas inéditas dos acervos do
para a música popular e erudita. A Bienal de Projeto Pixinguinha e dos encontros históricos
Música Brasileira ampliou os canais de difusão da Sala Sidney Miller. O Programa Brasil Memória
e audição, com enorme adesão de inscritos e das Artes é o resgate e a preservação de cerca
de participação de público. de um milhão de documentos da história
A Rede Nacional de Artes Visuais gerou encontros, do teatro, da música, da dança e do cinema
oficinas e seminários nos 27 estados. Também brasileiros, com apoio da Petrobras, que serão
documentou a produção contemporânea, futuramente disponibilizados a pesquisadores
abrindo um sistema de interações inédito e ao público em geral.
no país. A rede é complementada com um Também foi consolidado o projeto Cultura
suporte didático distribuído gratuitamente e Prev, de previdência para os artistas, que
dirigido ao público em formação. O Programa permitirá estabilidade e reconhecimento de
Projéteis de Arte Contemporânea reabriu e sua contribuição à cultura do país. Voltado
democratizou o acesso às galerias da Funarte para artistas com deficiência, o Programa
através de editais, gerando exposições inéditas Especial Arte Sem Barreiras lançou, com o
e espaços de diálogos críticos. Ao reestruturar patrocínio das Loterias Caixa, o edital Além
o Centro de Conservação e Preservação dos Limites, premiação a artistas e grupos
Fotográfica,0 possibilitou suporte técnico que trabalham a inclusão através da arte. E
aos acervos brasileiros de imagens. o Festival Brasileiro Além dos Limites garantiu
Importante relação internacional foi criada com investimentos de R$ 1 milhão em 2006 para
Samba de Roda, Santo Amaro, Bahia o Prêmio de Dramaturgia Luso-Brasileiro Antônio esse tipo de criação.

28 29
Um novo padrão de fomento, que assegura a democrática nacionalização uso da Lei Rouanet (Lei 8.313/91). Entre então de produtos culturais como livros, CDs
do acesso ao recurso público. Essa diretriz elas estão: e DVDs. O novo Decreto também assegura
investimento e financiamento consolidada para a atuação de todo o que os conteúdos financiados com recursos
• Garantia do uso do mecanismo de renúncia
Desde seu início, um desafio para a gestão sistema MinC fez com que atingíssemos um fiscal para viabilizar Editais e Programas. públicos sejam acessíveis à população
do ministro Gilberto Gil era o de estabelecer patamar de responsabilidade pública que brasileira, uma efetivação do princípio
• Ampliação das áreas e segmentos atendidos
um novo padrão de fomento, investimento torna inaceitável o retorno a práticas não “recursos públicos devem gerar benefícios
pelo PRONAC.
e financiamento para a cultura e as artes no transparentes de alocação de recursos na área públicos”. No mesmo sentido, mecanismos
Brasil. Inicialmente, coube efetuar correções cultural. • Possibilidade de beneficiar projetos que se de seleção, monitoramento e avaliação de
no sistema vigente, um sistema problemático destinem à circulação e à comercialização de resultados, uma vez aprimorados, passam a
A partir de consultas aos agentes culturais nos
que tinha expressivas distorções, apesar de produtos culturais. realmente incorporar os recursos alocados por
seminários Cultura Para Todos, (mais de 30 mil
seus méritos. De início foi preciso separar os pessoas foram ouvidas em todo o Brasil), o • Estabelecimento da necessidade de planos renúncia fiscal à lógica de responsabilização
problemas para tratá-los com objetividade, MinC implementou mudanças importantes de democratização do acesso aos resultados e accountability, necessária para tornar o
gerando procedimentos e critérios coerentes no Decreto 5.761/2006, que regulamenta o dos projetos financiados com recursos mecanismo mais legítimo, responsável e
com o projeto de real democratização do públicos. consistente.
acesso aos benefícios gerados pelos recursos • Aperfeiçoamento dos mecanismos de O padrão de investimento, financiamento
públicos investidos em cultura. avaliação e monitoramento dos projetos. e fomento à cultura deve ser composto por
Além disso, era necessário garantir a ampliação Os Editais e os Programas reduzem a múltiplos mecanismos, que possam ser
do volume de recursos a serem investidos concentração de recursos em regiões, mobilizados por agentes públicos, privados
em cultura; a diversificação das fontes de segmentos e atividades culturais. Além disso, e do terceiro setor em prol da cultura
financiamento e sua adequação ao perfil dos contribuirão para ampliar o acesso a recursos brasileira. Essa combinação de investimento,
demandantes; profissionalização das atividades e investimentos em atividades consideradas financiamento e fomento, uma vez que são
culturais financiadas; o estabelecimento estruturantes em sua relevância. Possibilitarão instrumentos distintos e integrados, garantirá
de processos seletivos transparentes e a integração com mecanismos estaduais e inovação real nos instrumentos que temos à
descentralizados; desconcentração espacial e municipais de fomento à cultura. disposição da economia cultural. Mecanismos
dos perfis populacionais e de renda para os de fomento podem – e devem – ser utilizados
O novo decreto que regula a Lei Rouanet
investimentos públicos em cultura; estímulo para potencializar e tornar mais fáceis e
está sintonizado com o conceito ampliado
à maestria, à inovação criativa e à valorização seguros os mecanismos de investimento e
de cultura, incorporando novos segmentos
das tradições; integração com os mecanismos financiamento à cultura.
e atividades, e destacando os programas
estaduais e municipais de investimento em Além de dobrar o valor destinado ao
e projetos que desenvolvem as Economias
cultura. Essas diretrizes dão sentido ao desejo financiamento de instituições e projetos
da Cultura e que geram perspectivas de
de democratização. culturais, em relação a 2002, está assegurado
sustentabilidade. Todos os elos das diferentes
O sistema federal de fomento à cultura economias da cultura podem agora ser que a maior parte dos recursos seja investida
herdado era constituído quase exclusivamente beneficiados pela Lei Rouanet, e não de acordo com políticas claras e processos
pela renúncia fiscal e pelas transferências dos apenas os projetos destinados à produção, à públicos de seleção. Um produto da inédita
recursos do Tesouro e do Fundo Nacional formação e ao intercâmbio, como estabelecia sintonia entre o MinC, as empresas estatais,
de Cultura, por meio de mecanismos que se a regulamentação anterior. Na prática, isso a Casa Civil, a Subsecretaria de Comunicação
combinavam de maneira pouco transparente. significa que a facilitação e a ampliação do Institucional (SECOM), o Ministério da
A implementação do dispositivo do consumo e da fruição de bens e serviços Fazenda, a Agência de Promoção de
empréstimo reembolsável redundou em culturais serão agora também beneficiadas. Exportações e Investimentos (APEX) e outros
desastroso fracasso. órgãos governamentais.
Essas mudanças vão viabilizar o Programa
Para que algo começasse a mudar, foi de Cultura do Trabalhador Brasileiro, que O progressivo aumento, ainda que insuficiente,
necessário aumentar o volume de recursos fornecerá a milhares de trabalhadores do orçamento público (consignado no
aplicados diretamente pelo MinC, por meio brasileiros, através de um Ticket Cultural, a Fundo Nacional de Cultura) e do sistema de
dos mecanismos republicanos de editais possibilidade de aquisição de ingressos de editais promoveu uma maior capilaridade
e concursos públicos, uma nova postura cinema, teatro, museus e espetáculos, ou do atendimento. O montante de captação

30 31
de recursos pelo mecanismo de renúncia regiões do país bateram recordes sucessivos de Economia da cultura das festas e feiras populares geram uma
fiscal bateu recordes em todos os segmentos captação. O número de projetos apresentados organização da atividade econômica, abrindo
culturais considerados pela Lei Rouanet. Outra inovação adotada pelo MinC foi mercados, prevendo a sua sustentabilidade e
ao MinC praticamente quadruplicou em
Apenas dois exemplos: assumir as atividades culturais também como permitindo o refinanciamento das atividades
relação ao governo anterior. O crescimento
atividades econômicas. Um programa de culturais por meio de seus próprios produtos
Música: de R$ 52,7 milhões (2002) para R$ da ordem de 35% no número de empresas economia da cultura começa a vigorar no realizados comercialmente.
141,7 milhões (2005). patrocinadoras de cultura no Brasil demonstra Plano Plurianual de Governo a partir de 2007,
Patrimônio Cultural: de R$ 51,5 milhões o maior dinamismo do setor cultural brasileiro, Ações piloto, voltadas para a capacitação
com metas e indicadores para avaliar sua
(2002) para R$ 124,7 milhões (2005). como também a crescente conscientização de pessoas, a construção de indicadores
efetividade. Um enfoque que abre caminhos
no interior dos projetos empreendidos, a
Vinte e cinco estados brasileiros alcançaram por parte do empresariado da relevância dos para consolidar um ambiente favorável ao
definição de linhas de crédito diferenciadas e
suas maiores marcas de captação de recursos investimentos em cultura em nosso país. Mas desenvolvimento das atividades culturais e
a promoção da presença no mercado externo
no biênio 2004/2005. Neste período, todas as ainda é preciso avançar mais. organização de suas cadeias produtivas, dos
foram estabelecidas em parceria com o
arranjos locais e dos sistemas articulados com
BNDES, a APEX, o SEBRAE, o IBGE e o IPEA.
outras economias, como a do entretenimento

foto de Ricardo Labastier


e a do lazer. Desde junho de 2006, com a aprovação do
Programa de Desenvolvimento da Economia
O vigor, a diversidade, a criatividade e a
da Cultura (PRODEC) no Plano Plurianual do
alta qualidade de nossa produção cultural
governo federal, essas ações pioneiras, que
confirmam a vocação do Brasil para fazer
diagnosticaram, construíram bases de dados e
dessa economia um dos maiores vetores de
estatísticas, estimularam negócios, divulgaram
desenvolvimento. Na atualidade, a cultura
produtos e serviços, e fomentaram empresas
já responde por 5% dos empregos formais
e empreendedores, passarão a ter orçamento
no país (IPEA) e por 5% do PIB nacional
e gestão próprios.
(Mercosul Cultural/ 2004).
O Minc também trabalha para agregar ao
Instrumentos de fomento e estudos setoriais
sistema de contas do Brasil a conta satélite da
detalhados são essenciais para fortalecer
cultura, de modo a mensurar, com precisão
nossa produtividade, dando a ela escala e
e periodicidade, o impacto econômico das
planejamento. Com esse objetivo, o MinC
atividades culturais.
vem firmando parcerias com o BNDES, o IPEA,
o Banco Interamericano de Desenvolvimento As atividades de criação, produção,
(BID) e outras instituições. Os dados de que circulação, difusão e o consumo de bens
dispomos hoje, embora ainda precários, e serviços culturais — envolvidos aí a
atestam que a cultura brasileira contribui comercialização, o financiamento e a
decisivamente para o crescimento do país — regulação de mercados — representam hoje
e permitem apostar no vasto potencial desse o setor mais dinâmico da economia mundial.
segmento econômico. Tem registrado crescimento médio de 6,3%
ao ano, enquanto o conjunto da economia
Estudos previstos do encadeamento da
cresce a 5,7%. O setor já é responsável por
atividade cultural, sua produtividade e retorno
7% do PIB do planeta, segundo estimativa do
econômico devem nos fornecer um “PIB da
Banco Mundial. Graças a esse desempenho,
cultura”. Hoje já há uma sistematização de
a Economia da Cultura já é entendida por
indicadores que permitirão a quantificação
diversos países como um vetor privilegiado
do volume geral de trocas que ocorre nesses
de desenvolvimento sustentável.
setores. O estímulo a feiras de negócios
setoriais, os programas de exportação, o Essa economia que tem na cultura um de
incentivo à distribuição de produtos e serviços, seus centros propulsores estabelece um novo
a qualificação de infra-estrutura de produção, modo de reprodução capitalista que já se
os mecanismos de agregação de valor para convenciona chamar de “Economia Nova”. Seu
Edital do Programa Monumenta viabilizou o Festival de Poesia de Goiás realizado em 2006 na Cidade de Goiás (GO) produtos da cultura popular e a dinamização modo de produção e de circulação de bens e

32 33
serviços é baseado na criação e na propriedade Muitos dos produtos culturais são bem O Brasil tem tido papel ativo no Mercosul da Diversidade Cultural da Unesco, um
intelectual, e é altamente impactado pelas aceitos pelos diversos mercados, a ponto Cultural, nos países africanos, na documento vital para a cultura na era da
novas tecnologias, não se amoldando mais de se dizer que o Brasil “está na moda”, o Comunidade de Países de Língua Portuguesa globalização. O ministro da Cultura e a
aos paradigmas da economia industrial que gera uma exigência de consolidar os e junto à Comunidade Árabe. Em sintonia delegação brasileira tiveram papel decisivo
clássica. Se as novas tecnologias criaram novos espaços conquistados. A existência de um com a estratégia de consolidação do campo nas negociações, que resultaram na
produtos, também estabeleceram novas mercado interno forte é fundamental para cultural entre os organismos internacionais, reafirmação da diversidade como direito dos
formas de difusão, novos modelos de negócio garantir a continuidade de ciclos e garantir a a ação do MinC tem sido relevante para povos, como instrumento de diálogo entre
e novas formas de competição por mercados. situação favorável que a produção nacional que importantes instituições internacionais identidades e de desenvolvimento multilateral
Tudo isso exige outras formas de fomento e de
ainda tem, com sua ampla primazia como a Organização dos Estados Americanos dos diversos territórios do planeta.
administração de recursos.
sobre a estrangeira, em áreas como a da (OEA) e o BID passem a desenvolver linhas
O potencial de crescimento do setor é bastante música popular. Essa presença, com a força simbólica e
de atuação especificas para a cultura
elástico, não depende de recursos escassos e política do ministro Gilberto Gil, tem trazido
Tais fatores tornam a economia da cultura um junto aos países em que atuam. Assim, o
não renováveis, seu insumo básico é a criação vida nova às nossas instituições e práticas
e a capacidade de inovação. Seus produtos setor estratégico na pauta dos programas de MinC ocupa hoje lugar de destaque na
culturais, gerando diante da mundialização
têm alto valor agregado e sua feitura agencia modernização e desenvolvimento dos países recém-criada Comissão Interamericana de
uma decisiva inteligência cultural, que ganha
múltiplos trabalhos intelectuais e manuais. em tempos de globalização. Nosso desafio Cultura, da OEA.
é consolidar as condições para a realização potências locais. É o que nos tem tornado mais
É um setor ecologicamente limpo e não Maior expressão da força cultural do Brasil
do imenso potencial do país nesse campo, conhecidos do que já éramos fora do Brasil.
predatório: suas atividades têm baixo impacto no concerto das nações é a Convenção
sobre o meio ambiente. É também um setor garantindo uma atividade econômica que É sinal vital de uma situação contemporânea
altamente empregador, que gera ocupação gere bons usos, valores diversificados e que vive o país hoje, momento histórico
em todos os níveis, com possibilidades de críticos, e resultados sociais favoráveis a que nos favorece imensamente e que deve
remuneração qualificada. Seu desenvolvimento todas as populações que participam desse gerar as melhores condições para que nosso
econômico está fortemente vinculado ao processo produtivo. desenvolvimento seja mais do que um lema
desenvolvimento social, seja pelo potencial político ou uma fantasia sazonal.
inclusivo, seja pelo desenvolvimento humano Política e presença Um desenvolvimento que significa a
inerente à produção e à fruição de cultura.
internacional superação de muitos atrasos e desequilíbrios
Os produtos e serviços culturais são
Além de incrementar o intercâmbio cultural, que ameaçam cidadãos brasileiros e os põem
diferenciados, pois têm a enorme virtude de
o MinC vem desenvolvendo, em consonância na marginalidade material e cultural no
veicular e transmitir universos simbólicos,
modos de vida, informação consistente, com o Itamaraty, uma verdadeira diplomacia mundo de hoje. A cultura brasileira tem dito
valores e identidades sociais. A exportação cultural. Essa iniciativa tem propiciado o e feito, tem mostrado que há mais caminhos
desses bens e serviços tem um saudável aumento da presença e do prestígio do Brasil que aqueles traçados pela linha reta do
impacto na imagem do país e qualifica sua e da cultura brasileira no exterior. Prestígio progresso econômico tradicional, que há uma
forma de inserção internacional, abrindo que ficou patenteado no Ano do Brasil na possibilidade de superação e de conquista de
portas para outros comércios e produtos. França, em 2005, e na Copa da Cultura, na autonomia frente aos gargalos da miséria e
São produtos que dinamizam um vasto Alemanha, em 2006. Fica também evidente da destruição do patrimônio socioambiental.
rol de atividades econômicas, como, por nas inúmeras solicitações de atividades
Essa forma de vida mais sofisticada que o
exemplo, a indústria de eletroeletrônicos semelhantes em outros países (por exemplo,
Espanha, China e Canadá), na presença mundo enxerga em nós, uma biopolítica
— a compra de aparelhos de som e de
TVs é ampliada pelo desejo e necessidade aclamada dos Pontos de Cultura estruturados que muitos brasileiros começam a ver, está
de acessar conteúdos culturais, através de na França e nos Estados Unidos e na forte ai para mostrar muitos caminhos e modos
programas e filmes. atuação do Brasil em fóruns e congressos de caminhar. Há ainda muitos olhos a serem
No Brasil há profissionais e produtos de alto internacionais, como nas discussões sobre o abertos, sensibilidades a serem tocadas,
nível, que têm facilidade para absorver novas direito autoral não-restritivo e sobre a cultura percepções e imaginações a serem ativadas.
tecnologias, gerando apropriações criativas digital – debates para os quais nosso país tem Nosso mundo está em revolução, onde
que vocacionam o país para a inovação. dado uma contribuição decisiva. Ministro Gilberto Gil no Ano do Brasil na França, 2005 estaremos amanhã?

34 35
2007 - 2010: Para isso, este Programa deve ser a expressão
do caráter diversificado e multidimensional

o segundo
da cultura brasileira, em termos de uma
afirmação de políticas públicas para o Estado
e de ativação de redes sociais de produção,
mandato difusão e recepção cultural. Terá que traduzir
o movimento por mudanças que ganhou
força nos últimos anos da vida republicana
O Programa Cultural para o Desenvolvimento e que teceu novas formas participação e
do Brasil deverá assegurar a continuidade, a responsabilidade civil. Dado o seu caráter
ampliação e a consolidação do processo que democrático e dinamizador, a diversidade
o MinC vem construindo. A política cultural cultural brasileira, em suas múltiplas
deverá estar inserida em um projeto nacional dimensões, deve ser um dos eixos estratégicos
de desenvolvimento, cujo desafio maior é do projeto nacional de desenvolvimento.
o de acelerar o crescimento sustentável e
O Programa Cultural para o Desenvolvimento
gerar uma melhor distribuição de renda. Os
do Brasil terá também que pensar o país no
avanços sociais, políticos e culturais precisam
“Falamos de cultura como
contexto de uma América do Sul integrada,
ser institucionalizados e perenizados, para
num processo que se demonstra possível antes
que novos ciclos regressivos não venham a
pela cultura do que pela economia e pelas

espaço de realização de
erodir os avanços, zerando novamente o jogo
infra-estruturas. Muito mais que Latina, essa
e sacrificando processos históricos.
América do Sul se mostra múltipla, também
O desafio é construir um mercado consumidor

cidadania.”
afro-descendente e também ameríndia,
de massas, que represente inclusão e investida de uma consciência pós-colonial
possibilite a auto-sustentabilidade do país. e de uma vontade de ser mais do que a
Construir um desenvolvimento que considere a alteridade possível do Ocidente.
sustentabilidade ambiental, o aprimoramento
Este Programa Cultural passa, portanto,
da nossa democracia e o aprofundamento da
por aprofundar nossa política de inserção
justiça social. A cultura é uma ferramenta
internacional não subordinada, articuladora
eficiente e poderosa para a redução das
desigualdades e para a universalização de das relações Sul–Sul. Identifica como parceiros
Gilberto Gil culturais preferenciais o Mercosul, a América
conquistas de qualidade de vida, permitindo o
desenvolvimento das capacidades cognitivas, Latina, a África, os países da Comunidade de
da inventividade e do discernimento crítico Língua Portuguesa, a Comunidade Árabe, a
por parte da população. África do Sul, a Rússia, a Índia e a China, por
exemplo. O relacionamento com os países
Em muitos aspectos da política cultural, o que da Comunidade Européia, com os Estados
hoje é uma pequena atuação simbólica terá Unidos e com o Japão, importantes centros
que ganhar escala e amplitude para cumprir de hegemonia cultural e econômica no
seus objetivos. É preciso dotar esse processo mundo contemporâneo, deve se estabelecer
de inovação de uma ossatura institucional
em termos dos interesses da comunidade
adequada, fazendo surgir uma estrutura de
nacional e da soberania de nossa população,
Estado sob um processo vivo de ampliação
que permitam aos trânsitos e comércios uma
de horizontes, de liberação de forças sociais
ancoragem na relevância e no dinamismo da
e simbólicas, para que a imaginação não
diversidade cultural brasileira.
sirva exclusivamente à fantasia dos mundos
possíveis, mas seja a construtora de realidades Passa por enfrentar a lógica rentista e
efetivas entre nós. especulativa de oligopólios financeiros

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de nosso tempo, que buscam naturalizar educação, cultura, tecnologia, comunicações, Direitos culturais e cidadania A sociedade civil vem desenvolvendo uma
nas mentes uma imaginação consumista e esporte e infra-estrutura para beneficiar poderosa tecnologia social em meio às
normatizar em instituições idéias de que a toda a população. Algo que expressa em A diversidade cultural brasileira é uma dificuldades mais radicais, apesar dos muitos
vida deve ser regrada exclusivamente pelo termos contemporâneos uma idéia há muito realidade que se aprofunda cada vez mais, entraves administrativos e orçamentários que
mercado — interno e externo — e suas formulada e um desejo de realização humana: com a ampliação da democracia e a sua ainda persistem. No Brasil, existem centenas
dinâmicas auto-suficientes. Tal enfrentamento a democratização do acesso aos meios persistência em um ciclo histórico durador. de milhares de grupos que se organizaram em
traduz-se na adoção de perspectivas que de produção, ao veículos de difusão e às A cidadania dos brasileiros não se realiza torno da capoeira, do teatro, da dança, da
implicam na afirmação e universalização de condições de fruição da cultura. Uma cultura plenamente sem acesso à educação e à música, do cinema e audiovisual, do hip-hop
direitos, a geração de emprego com melhoria que não é só produto, mas é valor vivo dos cultura, e carece de um esforço intergeracional e de festas, de manifestações tradicionais,
das relações de trabalho, na distribuição processos, dos serviços e dos bens culturais, que está por se consumar no atual estágio da arcaicas, míticas, para não nos estendermos
de renda e poder econômico, no estímulo uma cultura que é a forma da ampliação de sociedade brasileira, mais ainda carece de em infinitos exemplos. A partir dessas ações
à produção e à economia sustentáveis, em condições estruturais para o desenvolvimento estruturas institucionais mais sólidas. culturais, se constroem os sentimentos de
maiores investimentos públicos em saúde, brasileiro. No atual processo de inclusão de milhões de identificação, de pertencimento societário,
brasileiros no usufruto de direitos elementares, os laços comunitários e o senso crítico,
a cultura é estratégica para a construção de uma possibilidade de simbolização que
protagonismo da sociedade civil. Ela é um é consciência e defesa na relação com as
mazelas sociais vigentes. Na verdade, nesse
importante meio de recuperação da auto-
processo é que se elaboram algumas das
estima de grupos humanos com acesso restrito
formas mais inteligentes e instigantes de
a direitos e oportunidades, uma condição
resistência e de superação das formas de
preliminar para muitos que não partilham
injustiça e opressão.
do reconhecimento cultural e não têm suas
identidades valorizadas socialmente. Esse Cabe ao Estado brasileiro incentivar e apoiar
eficiente instrumento de coesão social deve a sociedade na articulação dessas ações
ser disponibilizado pelo Estado para que cada socioculturais. Para isso, é preciso ampliar e
um possa assumir seu lugar e ter sua própria dar maior capilaridade aos programas que
voz nos espaços público e privado, como geram iniciativas, como os Pontos de Cultura,
uma instituição mista, um lugar de interação
garante a Constituição. Sob a luz dos direitos
e cooperação entre Estado, sociedade civil e
culturais, temos muito a avançar na atualização
agentes culturais, um dispositivo que pode
dos marcos legais de propriedade intelectual,
e deve atingir a escala necessária para dar
seja para que direitos coletivos de populações
atendimento a milhares de grupos.
gerem riqueza para sua sustentabilidade, seja
para ampliar o acesso dos brasileiros a bens Nesse mesmo sentido é que dizemos que
culturais indispensáveis a sua formação. É a busca incessante pela ampliação e a
perfeitamente possível harmonizar direitos democratização do acesso aos produtos,
autorais, direitos de investidores e direitos da resultados e benefícios das atividades culturais
é um princípio. E, particularmente, essa
população brasileira.
acessibilidade não pode ser restritiva quando
A maior presença da cultura na escola se trata de bens e serviços financiados com
brasileira é também uma condição de recursos públicos. Esse é um direito cultural
realização plena e universal de direitos básico que continuará sendo tenazmente
culturais dos brasileiros. Material didático perseguido no segundo mandato do presidente
para professores e alunos, educação Lula, no conjunto de seus programas e ações,
patrimonial e maior acesso a conteúdos através do desenvolvimento dos instrumentos
para finalidade de educação e cultura são jurídicos e administrativos, das possibilidades
diretrizes essenciais do aprofundamento dos que uma gestão qualificada da “coisa pública”
Samba de Roda no Recôncavo Baiano, Bahia direitos civis no campo da cultura. deve providenciar.

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Cultura é educação Essa rearticulação deve passar pelo
entendimento do ambiente e da vida
A educação formal brasileira ainda não
universitária e escolar, como lugares de
proporciona aos usuários dos equipamentos
aprendizagem, fruição, mas também de
de ensino o acesso de cada cidadão à
produção cultural, onde cada geração
diversidade cultural, à cultura universal e à
aquela que é singular de sua comunidade, de desenha seu projeto de futuro e ganha a
sua região e de seu país. A ausência da cultura aptidão cultivada para realizar seu presente.
como uma das dimensões estruturantes da Desde os anos 1960, a arte-educação foi
educação prejudica os objetivos de uma incluída como atividade curricular nas escolas
política educacional de qualidade e realmente brasileiras, mas avançou-se pouco nesta senda.
transformadora dos modos e das condições É preciso que ela se estenda para além de um
de existência. serviço trivial de atendimento e mediação
Para que os brasileiros conheçam e se cultural. É necessário que ela penetre nas salas
reconheçam em sua cultura local, e vejam de aulas remodelando currículos, ao mesmo
nela a possibilidade de acesso mais genuíno tempo em que os institutos, teatros, museus,
à cultura regional, nacional e universal, é bibliotecas e equipamentos culturais tenham
preciso que o patrimônio cultural comum seja
espaços para um aprendizado consistente,
objeto de uma memória corrente, que cidades,
que garanta a continuidade das descobertas
espaços e ambientes passem a ter seus lugares
e das conquistas culturais em níveis cada vez
de cultivo de tradições, saberes e fantasias.
mais complexos.
Urge que se restabeleça uma relação estratégica
e institucionalizada entre o Ministério Nas últimas décadas, a presença da arte, da
da Cultura e o Ministério da Educação, literatura e da cultura em geral vem sofrendo
que garanta aos dois uma autonomia reveses ou desaparecendo das salas de
compartilhada, de responsabilidade recíproca aula brasileiras, o que tem empobrecido o
com os processos de formação do indivíduo e ambiente das escolas e das universidades.
da sociedade. Para efeito dessa rearticulação, A formação de profissionais e cidadãos mais
é necessário que se estabeleça também uma
inspirados e abertos à inovação criativa deve
relação, por sob os arranjos institucionais,
ser uma idéia que não se reduza à qualificação
entre saberes “fora da escola” e o ensino
da força de trabalho e à reciclagem de
de modo geral, desde o ensino básico
até às universidades. capacidades instrumentais. Devemos pensar
em homens e mulheres mais respeitosos
A repercussão dos saberes culturais no
e articulados com o patrimônio cultural e
sistema de saber formal é uma novidade que
pode repercutir imensamente na atratividade cognitivo brasileiro. Só será possível através
da escola, na sua qualidade em produzir dessa incorporação plena da cultura e das
cidadãos conscientes da realidade local e artes no processo educacional, afirmação
delas como atividades decisivas na formação Prêmio Projéteis Funarte de Arte Contemporânea – Paisagens Descoladas, de Marcus André, Rio de Janeiro, 2006
universal. Pode também dar instrumentos
de poder às populações cujos conhecimentos de cada pessoa , de cada indivíduo e cidadão,
tradicionais são transmitidos apenas por seu para iluminar os processos educacionais com
próprio esforço informal. uma lucidez contemporânea.

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“Estamos reivindicando, de
forma realista, pelo menos 1%
do orçamento para uma Pasta
que responde por um conjunto
Armazém de livros da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 2005 de atividades produtivas que
Comunicação é cultura A diversidade cultural brasileira cobra
sua maior presença em todas as telas e
representam, segundo estudos
disponíveis, bem mais que 1%
Há tempos a comunicação tornou-se um
dispositivos eletrônicos. O acesso interativo
tema essencialmente cultural. Os sistemas de
de milhões de brasileiros a conteúdos
informação e os dispositivos de veiculação

do PIB nacional.”
dos conteúdos culturais estão cada vez mais culturais tem nesses veículos uma mediação
integrados, um processo de convergência indispensável, e neles se materializa o
que fez, como já se disse, “o meio” se tornar destino, a visibilidade ou a exclusão de
“a mensagem”. Políticas para esta área, que milhares de grupos culturais brasileiros. O
deveria propiciar a integração da sociedade horizonte da convergência tecnológica chega
e ampliar a vivência da cultura, terão que ao Brasil sob a superação de barreira até
enfrentar sérios problemas, como a baixa então limitadoras dessa diversidade, signo
presença da diversidade cultural e regional da maior diversidade de opções e conteúdos, Gilberto Gil
brasileira nos conteúdos veiculados pelos maior interatividade, maior liberdade para
meios de comunicação de massa. Televisão,
usuários e produtores. É sob estas aspirações
rádio e novas mídias digitais, pelo celular e
que essa diversidade aspira ter garantido o
pela internet, são veículos contemporâneos
– talvez os mais importantes fatos culturais de seu lugar de geração de conteúdos, assim
nossa época – que permitem a circulação de como o seu lugar de receptor de produtos,
telenovelas, filmes, vídeos, textos, imagens e para que esse sistema se realize plenamente
muitos conteúdos culturais. como um meio de “comunicação”.

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Um Programa Cultural para
o Desenvolvimento do País

Ações estratégicas públicos e privados, numa lógica colaborativa,


de compartilhamento, devidamente instituída,
1 – Elevar o orçamento da Cultura para com direitos e obrigações.
1% do Orçamento da União, para assegurar o 6 – Criar um forte Sistema de Informações
atendimento responsável ao processo cultural Culturais, que realize amplo mapeamento
brasileiro e viabilizar a implementação de um da cultura brasileira, da sua força econômica
conceito federativo, com repasses aos estados e simbólica, e que seja uma referência em
e municípios, visando efetivar o Sistema estatísticas, pesquisa e estudos sobre a cultura
Nacional de Cultura. no Brasil.
2 – Ampliar o programa Cultura Viva, em
7 – Consolidar um sistema diversificado,
especial os Pontos de Cultura, como uma
abrangente e nacionalmente integrado
ampla rede básica, pertencente à sociedade,
para o fomento e financiamento da
reforçando a autonomia e a capacidade de
cultura. Este sistema deve contemplar
realização dos brasileiros.
mecanismos diversificados, para atender
3 – Implementar o Programa de Cultura públicos, segmentos e propósitos também
do Trabalhador Brasileiro, para viabilizar a diversificados. Ao lado dos atuais mecanismos
aquisição de ingressos para estabelecimentos do Fundo Nacional de Cultura, de Renúncia
artísticos e culturais, a visitação a espaços Fiscal, de FUNCINES e de investimentos a
culturais e a aquisição de produtos como fundo perdido, serão constituídos outros como
livros, CDs e DVDs. os empréstimos reembolsáveis (microcrédito),
4 – Constituir um consistente e diversificado a ativação dos FICARTs e de outros fundos
sistema público de comunicação, cujo privados de investimento em cultura. O
núcleo seja uma também forte e articulada Programa de Cultura do Trabalhador Brasileiro,
rede pública de rádio e televisão, sob a assim como os mecanismos de Editais e de
coordenação do MinC, que aproveite o rápido Programas de Incentivo via renúncia fiscal,
avanço tecnológico para garantir mais canais integram este sistema diversificado que,
de difusão e acesso, bem como programação para se efetivar plenamente, deverá buscar
de qualidade nos lares brasileiros. a articulação com os mecanismos estaduais
5 – Desenvolver o Sistema Nacional de e municipais e também com as agências
Cultura e aprovar o Plano Nacional de de financiamento privadas. Um dos focos
Cultura, como instrumentos de articulação preferenciais deverá ser a consolidação de
e pactuação entre Estado brasileiro, em organizações e sistemas de distribuição e
sua dimensão ao mesmo tempo unitária e difusão da produção cultural brasileira, no
federativa, e a sociedade. O Sistema Nacional mercado interno e externo.

Clarabóia da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 2005


de Cultura, expresso e operacionalizado 8 – Sintonizar os marcos legais de direito
pelo Plano, deve ir além da União, estados autoral e de propriedade intelectual com a
e municípios: devem compô-lo, também, acessibilidade, ao tempo em que preservem
institutos, instituições, entidades, setores os direitos de criadores e difusores.

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9 – Institucionalizar a parceria estratégica culturais e propiciar espaços e meios públicos cultura que envolvam as cadeias criativas de diferentes segmentos, propósitos e perfis de
entre os ministérios da Cultura e da Educação para reflexão, crítica, apoio à produção, à produção e de distribuição de bens culturais. demandantes.
para o planejamento e desenvolvimento de pesquisa, à formação cultural e ao debate 3.2 – Firmar políticas de desenvolvimento 5.2 – Dando continuidade aos esforços
políticas e ações nos diversos campos do saber, intelectual. econômico, de produção e difusão de arranjos já realizados, prosseguir a revisão das leis
da inteligência e da cultura. 2 – Assegurar a cidadania cultural e a produtivos locais e regionais. de incentivo à cultura para permitir uma
10 – Prosseguir na reforma administrativa acessibilidade. 3.3 – Ampliar instrumentos de exportação da integração sistêmica com o orçamento direto
do MinC, de modo a aprofundar o processo 2.1 – Implementar o Plano Nacional do Livro cultura brasileira no âmbito de uma política e para fazer prevalecer a lógica pública.
de qualificação e fortalecimento institucional e da Leitura como parte integrante da política de presença do país no exterior. 5.3 – Criar uma agência financiadora de
iniciado nesta gestão. para colocar o livro e a leitura num lugar de projetos culturais, a exemplo da FINEP na
3.4 – Estimular o surgimento de linhas de
destaque no imaginário e na cesta básica crédito para investimento em tecnologia e área de ciência e tecnologia, que permita
Desafios do brasileiro e como promoção da língua inovação no campo cultural. mobilizar recursos com maior agilidade e
1 – Reconhecer a diversidade cultural brasileira. portuguesa. alavancar a economia da cultura.
3.5 – Desenvolver e articular uma política
1.1 – Adequar a legislação e a institucionalidade 2.2 – Valorizar grupos culturais que trabalham consistente para o desenvolvimento da infra- 5.4 – Desenvolver e regulamentar os FICARTs
da cultura brasileira à Convenção da Diversidade com os conceitos de criação colaborativa estrutura cultural nas cidades brasileiras. e outros fundos públicos e privados de
Cultural da Unesco, para que a diversidade (creative commons), direitos autorais não investimento em cultura.
3.6 – Promover o desenvolvimento responsável
se firme e se aprofunde como referência das restritivos ou direitos livres (copyleft), novos O novo sistema de investimento,
do turismo cultural.
políticas de Estado e da articulação cultural do processos de produção e distribuição, financiamento e fomento à cultura deverá
entre outros, que colaborem com a maior 4 – Compreender a educação e a comunicação
Brasil com outros países. contemplar os seguintes mecanismos:
acessibilidade do público a bens e serviços como dimensões fundamentais da cultura.
1.2 – Desenvolver ações que reconheçam, Fomento a fundo perdido – Custeado pelos
culturais. 4.1 – Assegurar que os sistemas de ensino
preservem e possibilitem a difusão e o manejo recursos próprios do Ministério e destinado
2.3 – Apoiar programas, projetos, pesquisas e incorporem a cultura como um dos eixos
de conhecimentos tradicionais diversos, à execução direta de políticas e programas
ações que desenvolvam, trabalhem, difundam estruturantes de seus processos pedagógicos.
sobretudo os associados à biodiversidade. conduzidos pelo MinC, beneficiando projetos e
e promovam o acesso a equipamentos e novas 4.2 – Desenvolver ações que potencializem iniciativas que apresentem baixa possibilidade
1.3 – Promover a atualização da noção
tecnologias — softwares culturais livres, meta- a universidade e a escola como pontos de de obtenção de financiamento junto à iniciativa
de patrimônio cultural, produzindo uma
reciclagem de hardware e caminhos digitais difusão e produção cultural. privada, selecionados preferencialmente a
política sustentável de patrimônio, memória
para a criação e as linguagens artísticas. 4.3 – Apoiar e fomentar a regionalização de partir de editais públicos.
e preservação. Articular a dimensão
preservação com as dimensões circulação, 2.4 – Com base nos conceitos de inclusão e parte da programação da TV brasileira. Fomento pelo Fundo Nacional de Cultura –
acesso, produção e geração de valor. Dotar o protagonismo social, desenvolver e fomentar 4.4 – Desenvolver políticas que elevem a Modalidade de fomento direto executado pelas
IPHAN de mecanismos para liderar as ações ações e medidas de apoio à cultura, em especial presença da produção independente nas organizações e unidades do Sistema MinC para a
e políticas de patrimônio, preservação e à popular, que articulem seus diversos atores redes de televisão. execução de políticas e programas para beneficiar
memória. em redes dinâmicas, capazes de propiciar um projetos e iniciativas meritórias selecionadas
4.5 – Desenvolver políticas que estabeleçam
diálogo entre as linguagens e tradições e de majoritariamente por editais públicos. A Lei
1.4 – Desenvolver uma política de promoção uma maior relação entre a produção nacional
fortalecer o setor em sua interlocução com 8.313/91 estabelece que o fomento de projetos
da língua portuguesa como principal de filmes e a televisão.
o Estado, o mercado, as tecnologias e outras pelo Fundo Nacional de Cultura necessita do
patrimônio simbólico de nossa identidade e 4.6 – Redefinir os marcos legais das rádios
formas de organização da cultura. oferecimento de contrapartida por parte do
diversidade e como ponto de encontro entre e TVs públicas e suas redes para que se
as nações lusófonas. Essa política envolve o 2.5 – Desenvolver e ampliar políticas e beneficiário. Será necessário reformatar o Fundo
estruturem como parte das políticas de Nacional de Cultura.
remodelamento do ensino do português; programas que franqueiem o acesso aos meios
educação e cultura.
o apoio à pesquisa, aos estudos e às ações de fruição, difusão, distribuição e produção Editais financiados pela renúncia fiscal
de promoção da língua; incremento do de obras audiovisuais. 5 – Desenvolver uma política diversificada e (Mecenato) – Editais públicos de seleção via
eficaz de financiamento da cultura. renúncia fiscal que podem ser propostos pelas
intercâmbio cultural no âmbito da CPLP; 3 – Fortalecer a economia e a auto-
1.5 – Desenvolver e ampliar políticas sustentabilidade da cultura. 5.1 – Consolidar um novo padrão de organizações do sistema MinC, pelos órgãos
e programas que relacionem cultura e financiamento da cultura no Brasil calcado consultivos de políticas culturais (câmaras
3.1 – Promover a capacitação de
pensamento, como formas de articular em mecanismos variados, baseados em e conselhos), por governos estaduais e
empreendedores da cultura e investir em
universidades e instituições acadêmicas e estudos de impacto e adaptados aos municipais e por empresas patrocinadoras,
novos processos e modelos de negócios da

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desde que previamente comunicadas ao Fundos de Investimento para as 6.3 – Constituir o Conselho para o 7.2 – Atualizar a liderança social de instituições
MinC. Uma das características especiais dos Atividades Artísticas e Culturais, via Bolsa Desenvolvimento das Economias da Cultura, como o IPHAN e a FUNARTE e estabelecer
Editais é que os recursos a serem alocados de Valores – Mecanismo de investimento a Câmara Setorial do Patrimônio Cultural, e novas instituições equipadas, informatizadas e
são previamente pactuados com o(s) em projetos, atividades e empreendimentos consolidar o Grupo de Trabalho das Culturas modernas, capazes de acumular inteligência,
patrocinador(es), garantindo a destinação de culturais financiados a partir de fundos Indígenas.
formatar planejamento e acompanhar a
recursos para áreas, atividades e segmentos privados constituídos e operacionalizados 6.4 – Aprofundar a articulação junto com os
considerados prioritários e relevantes. complexa dinâmica do campo cultural.
junto às bolsas de valores. Como inovação gestores estaduais e municipais de cultura,
Programas via renúncia fiscal (Mecenato) para o próximo mandato do presidente Lula, com vistas à consolidação de um novo 7.3 – Dotar o sistema MinC de instituições
– De modo similar aos editais, os Programas deveremos incorporar o sistema adotado pacto federativo com definições mais claras descentralizadas, com capacidade e
financiados via mecanismo de renúncia fiscal no Brasil para a viabilização dos fundos de e pactuadas de responsabilidades e direitos autonomia para desenvolver plenamente
podem ser propostos pelos mesmos atores investimento para financiar projetos nas entre os entes federados na gestão cultural. operações impróprias à administração
acima indicados. A diferença com o mecanismo áreas de biotecnologia e desenvolvimento centralizada, a fim de atender as demandas
7 – Garantir um MinC mais eficiente,
de editais é que os Programas tendem a ser de software – e que se assemelham em transparente e capaz de atender a sociedade. da gestão cultural.
mais robustos (assim, um Programa pode muito aos projetos culturais no tocante
ser composto por alguns editais), e devem às difíceis condições de cálculo de risco. 7.1 – Dotar o Ministério da Cultura de maior 7.4 – Ampliar o quadro de pessoal
se preocupar com a previsibilidade e a Seguindo esse modelo, poderemos alocar capacidade de investimento, para atualizar permanente, com gestores concursados, como
sustentabilidade da alocação de recursos para recursos do Fundo Nacional de Cultura para suas competências e de ampliação do
requisito fundamental para formular, avaliar,
as atividades ou segmentos a que se destina compor, inicialmente e por um determinado fomento, e sua capacidade de disponibilizar
acompanhar e executar atribuições em campos
por um período de tempo mais longo. Tanto período de tempo, os fundos privados de acesso para a maioria da população a bens e
serviços culturais. distintos do tecido cultural brasileiro.
os editais como os Programas devem constar investimento, estabelecendo-se claramente
do Plano Anual do PRONAC. as cláusulas de permanência e devolução dos
Programa de Cultura do Trabalhador aportes públicos.
Brasileiro – Programa a ser viabilizado com Fundos de Investimento para as Atividades
recursos oriundos da renúncia fiscal via Lei Artísticas e Culturais, via Sistema Bancário
Rouanet combinado com recursos próprios das – Trata-se de uma modalidade que será
empresas brasileiras. Este Programa tem por estimulada para que os agentes financeiros
objetivo possibilitar ao trabalhador brasileiro públicos e privados desenvolvam fundos de
acesso facilitado a produtos e serviços captação e investimento cujos rendimentos
culturais tais como a compra de ingressos de poderão ser alocados no financiamento de
cinema, teatro, circo, museus e espetáculos e projetos e empreendimentos culturais.
a aquisição de produtos culturais como livros,
CDs e DVDs. 6 – Aprofundar o caráter compartilhado,
colaborativo e transformador da gestão
Empréstimos reembolsáveis – Modalidade cultural.
de empréstimo destinada a pequenos e
médios produtores culturais, com taxas de 6.1 – Fortalecer os Colegiados Setoriais de
juros subsidiadas e condições de pagamento Cultura já implementados e o Conselho
facilitadas. Será operacionalizada por bancos Nacional de Políticas Culturais como
oficiais, a partir de recursos do Fundo instâncias de pactuação entre os elos das
Nacional de Cultura e recursos próprios dos cadeias econômicas da cultura, destas
bancos, destinados a operações de crédito com o movimento social e o Estado, e de
para produtores culturais. compartilhamento da gestão cultural.
Mecanismo de créditos preferenciais para 6.2 – Consolidar um fórum para concentração
atividades culturais – Consiste na ampliação de entendimentos, conceitos, práticas, metas
das linhas de crédito facilitado para as e objetivos junto aos investidores privados.
atividades culturais operacionalizadas pelo Similar ao articulado atualmente pela SECOM
mecanismo do Cartão BNDES. junto às empresas estatais.

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Luiz Inácio Lula da Silva Instituições vinculadas Marcos Alves de Souza
Presidente da República Gerente de Direitos Autorais
Luiz Fernando de Almeida
Gilberto Gil Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Dulcinéia Miranda
Ministro da Cultura Nacional - IPHAN Coordenadora Geral do Gabinete
do Secretário
Juca Ferreira Gustavo Dahl
Secretário Executivo Agência Nacional do Cinema - ANCINE Fábia Galvão
Fabiana de Andrade
Alfredo Manevy José Almino de Alencar e Silva Neto
Secretário de Políticas Culturais Fundação Casa de Rui Barbosa Gabriel Fialho
Mariana Dornelles
Célio Turino Ubiratan Castro Araújo
Fundação Cultural Palmares - FCP
Pedro Pessoa
Secretário de Programas e Projetos Culturais Equipe de Apoio
Sérgio Mamberti Antonio Carlos Grassi
Secretário da Identidade Fundaçao Nacional de Artes - Funarte
e Diversidade Cultural Muniz Sodré de Araújo Cabral
FundaçãoBiblioteca Nacional - FBN
Programa Cultural para o
Márcio Meira
Desenvolvimento do Brasil
Secretário de Articulação Institucional
Representações Regionais Esta publicação foi feita por meio da
Orlando Senna
Secretário do Audiovisual José Roberto Aguilar parceria entre o Ministério da Cultura
Representação Regional de São Paulo e o Centro de Gestão e Estudos
Marco Acco
Secretário de Fomento e Adair Leonardo Rocha Estratégicos – CGEE.
Representação Regional
Incentivo à Cultura
do Rio de Janeiro
Ministério da Cultura
Textos e Fotografias
Assessores especiais Cesária Alice Macedo
do Ministro da Cultura Representação Regional de Minas Gerais
Graça Ramos
Multicultural Arte e Comunicação
Adolpho Ribeiro Schindler Netto Tarciana Gomes Portella Edição e Revisão
Chefe de Gabinete Representação Regional do Nordeste
Jarbas Delani
Nazaré Pedrosa Rozane Maria Dalsasso Diagramação e Arte Final
Assessoria de Assuntos Internacionais Representação Regional do Rio Grande do Sul
Cyntia Campos Ana Elizabeth de Almeida
Assessoria de Comunicação Representação Regional do Pará
Jorge Vinhas
Assessoria Parlamentar
Secretaria de Políticas Culturais
Paula Porta Elder Vieira
Gerente de Formulação de Políticas Culturais
Assessora Econômica e
de Projetos Especiais Pablo Gonçalo
Gerente de Planejamento,
Letícia Schwarz Estudos e Pesquisas
Diretoria de Gestão Estratégica
Erlon José Paschoal
Elaine Santos Gerente de Desenvolvimento
Diretoria de Gestão Interna e Informação Azulejaria, São Luis, Maranhão
Este livro foi impresso sobre papel couche fosco 150g/m2 (miolo)
e cartão supremo 250g/m2 (capa), na tipologia Chiant Win95BT,
em novembro de 2006.

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