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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MATO GROSSO


ACÓRDÃO N° 25215

PROCESSO NO 144-76.2011.6.11.0000- CLASSE- PC


PRESTAÇÃO DE CONTAS - DE PARTIDO POLÍTICO - PARTIDO DA REPÚBLICA - PR -
CONTAS ANUAL:- EXERCÍCIO 2010
REQUERENTE(S): WELLINGTON ANTONIO FAGUNDES, PRESIDENTE REGIONAL DO
PR/MT
ADVOGADO(S): ADEMAR JOSÉ PAULA DA SILVA ~ODRIGO TERRA CYRINEU CELSO
RODRIGUES SALES MICHAEL RODRIGO DA SILVA GRAÇA
REQUERENTE(S): PARTIDO DA REPÚBLICA - PR/MT
RELATOR: DOUTOR FLÁVIO ALEXANDRE MARTINS BERTIN

PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL - PARTIDO


POLÍTICO - DIRETÓRIO REGIONAL. EXERCÍCIO
FINANCEIRO 2010 - RECEBIMENTO DE RECURSOS
PROVENIENTES DE FONTE VEDADA. "DÍZIMO
PARTIDÁRIO". CONTRIBUIÇÕES DE SERVIDORES
QUE EXERCEM CARGO OU FUNÇÃO DEMISSÍVEIS
AD NUTUM - DESCONTO SOBRE A REMUNERAÇÃO -
VEDAÇÃO - ARTIGO 31, INCISOS II DA LEI NO
9.096/95. IRREGULARIDADES NÃO SANADAS.
APLICAÇÃO DA SANÇÃO DE SUSPENSÃO DE
REPASSE DE NOVAS COTAS DO FUNDO
PARTIDÁRIO E RECOLHIMENTO DO VALOR
CORRESPONDENTE AOS RECURSOS
ARRECADADOS DE FONTE VEDADA AO TESOURO
NACIONAL- CONTAS ANUAIS DESAPROVADAS.

1- Desaprovam-se as contas de campanha cuja


documentação comprobatória da movimentação de
recursos no pleito apresenta irregularidade
insanável que compromete a fiscalização por parte
da Justiça Eleitoral. (Precedentes deste Regional).

2- Recebimento de contribuições de servidores


públicos estaduais de recrutamento ·• amplo,
ocupante de cargos em comissão e funções de ,)

confiança do Executivo Estadual. Vedação: prevista


no art. 31, II da Lei no 9.096/95, e Resolyção TSE
no 22.025/2005 (Precedentes deste Region:al).

3- "Modus operandi" a revelar a prática de "dízimo


partidário" (Precedentes deste Regional).

4- Aplicação das sanções:


a) suspensão do repasse de novas cotas do Fundo
Partidário pelo período de 1 (um) ano (art. 36, II,
da Lei no 9.096/95);
b) recolhimento ao Fundo Partidário do valor
correspondente aos recursos arrecadados de fonte
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vedada, no montante de R$ 1.993.111,49 (um
milhão, novecentos e noventa e três mil, cento e
onze reais e quarenta e nove centavos).
c) Encaminhamento de cópia de autos ao Ministério
Público Eleitoral para fins de análise de eventual
ato de improbidade administrativa.

ACORDAM os Membros do Tribunal Regional


Eleitoral de Mato Grosso, por unanimidade, em DESAPROVAR AS CONTAS.

DESEMBAR~~ORA ""'"""""'n
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MATO GROSSO

PROCESSO: 14476/2011 - PC
RELATOR: Dr. Flávio Alexandre Martins Bertin

RELATÓRIO

Dr. Flávio Alexandre Martins Bertin (Relator)


Cuida-se de prestação de contas do Partido da República -
PR/MT, referente ao exercício financeiro de 201 O.
Apresentadas as contas e encaminhada para análise da
equipe técnica desta e. Corte, verificou-se a existências de irregularidades (fls.
4.999/5.003). Intimada, a agremiação apresentou documentos (fls. 5.033/5.071
e 5.083/15.028), que, após a análise da Coordenadoria de Controle Interno,
não se mostraram suficientes a sanar as irregularidades das contas, tendo a
equipe técnica se manifestado pela desaprovação das contas (fls.
15.128/15.137).
Dentre as irregularidades não sanadas pelo Partido da
República, verificadas no relatório técnico conclusivo, destacam-se as
seguintes:
a) Atraso na apresentação das contas, irregularidade que dá
ensejo a meras ressalvas;
b) Recursos recebidos de fonte vedada, configurando
doações obtidas por meio de consignação em folha de pagamento, no valor
de R$ 1.993.111 ,49;
c) Transferências de recursos a diretórios de diversos partidos
políticos de Mato Grosso, no valor de R$ 360.500,00 caracterizando possível
repasse dos valores recebidos a título de contribuições dos filiados, sem o
devido esclarecimento, consubstanciando recursos de origem não
identificada;
Com relação as irregularidades dos item "b" e "c", a
agremiação juntou autorizações de débito programado, para justificar os
descontos realizados nas contas dos servidores públicos, contudo, verificou-se
que as autorizações apresentavam "claros indícios de que as doações e/ou
contribuições recebidas pelo PR/MT em 2010, estão vinculadas aos cargos
exercidos pelos respectivos servidores e/ou contribuintes."
As referidas doações não foram escrituradas na contabilidade
de forma individualizada, em afronta ao que dispõe o art. 39, § 5° da Lei no
9.096/95.
Novamente intimado, desta vez para se manifestar acerca das
irregularidades constantes do parecer técnico conclusivo, o partido
apresentou resposta, pugnando pela aprovação das contas, sem, contudo,
trazer documentos.
Em parecer (fls. 15.171 /15.173) a douta Procuradoria Regional
Eleitoral fez requerimentos, pedindo que fossem oficiados o Banco do Brasil e a
Secretaria de Administração do Governo do Estado de Mato Grosso, para
trazerem informações acerca dos servidores públicos estaduais e seus
vencimentos, com relação ao ano de 201 O.
A tendidas as solicitações ministeriais, vieram aos autos as
informações requeridas, de modo que, em parecer final (fls. 12.239/12.247), a
douta Procuradoria Regional Eleitoral, opinou pela desaprovação das contas.

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Para que nulidades futuras não fossem arguidas, a


agremiação foi intimada, para querendo, manifestar-se acerca dos
documentos aos autos, em decorrência das diligências requeridas pelo
Representante ministerial.
Em sua manifestação, o PR/MT requereu a baixa os autos para
que a área técnica efetue o enquadramento jurídico e contagem de
eventual valor recebido irregularmente.
A Coordenadoria de Controle Interno e Auditoria - CCIA,
prestou através da Informação SAACP /CC! A no 084/2015 (fls. 15.277I 15.281),
emitiu segundo Parecer Técnico Conclusivo, em que encerra nos seguintes
termos, verbis:
"7. Isto posto, tendo em vista que não houve qualquer
inovação nas informações inicialmente apresentadas pelo
partido, para esclarecer e/ou regularizar as inconsistências
detectadas nesta prestação de contas, bem como, ficou
demostrada a ausência de identificação detalhada da
origem dos recursos arrecadados a título de "Crédito
Convênio", no montante de R$ I. 993. III ,40 (hum milhão,
novecentos e noventa e três mil, cento e onze reais e quarenta
centavos] ratifica-se, na íntegra, o teor do Parecer Técnico
Conclusivo de folhas 15128/15137, pela desaprovação das
contas. (destaque no original)
A pedido do Partido, foi ofertada nova vistas ao Ministério
Público Eleitoral, que ratificou in to tum o parecer de fls. 15.239/15.247 pela
desaprovação.
É o relatório.

Dr. Douglas Guilherme Fernandes (PRE)


Mantido o parecer.

VOTO

Dr. Flávio Alexandre Martins Bertin (Relator)


Eminentes Pares, douto Procurador.
É caso de desaprovação das contas.
As irregularidades verificadas, na contabilidade em exame,
são graves e impedem que esta Justiça Especializada proceda a efetiva
análise da regularidade e transparência das contas.
Dentre as irregularidades apontadas, no relatório técnico,
constatou-se o seguinte:
a) ENTREGA DA PRESTAÇÃO DE CONTAS FORA DO PRAZO
A prestação de contas foi encaminhada à Justiça Eleitoral em
04/05/2011, conforme consta do protocolo de folhas 02, portanto, fora do
prazo legal determinado no artigo 32 da Lei n° 9.096/95 1•

1
Art. 32. O partido está obrigado a enviar, anualmente, à Justiça Eleitoral, o balanço contábil do exercício
findo, até o dia 30 de abril do ano seguinte.

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A inconsistência é de somenos importância impondo, apenas,


ressalvas.
b) DOAÇÕES RECEBIDAS "RELATÓRIO CONVÊNIO BANCO DO
BRASIL"
Segundo a análise da área técnica deste Tribunal:
"Constam registras no "Demonstrativo de Doações Recebidas"
(fls. 16/ 17), no campo doador: "Relatório Convênio Banco do
Brasil", referente às doações recebidas de janeiro à
dezembro/2009, totalizando R$ 1.993.111,49 (hum milhão,
novecentos e noventa e três mil, cento e onze reais e quarenta
e nove centavos).
As contribuições recebidas com o histórico de "Convênio
Banco do Brasil" referem-se a contribuições de filiados,
detalhadas nos "Relatórios de Recebimentos" emitidos pelo
Banco do Brasil, constantes dos volumes VIII ao XXVI destes
autos. Ressalta-se que esta ocorrência pode indicar
consignações em folha de pagamento, e não consta dos
autos, autorização dos doadores e/ ou declaração do banco,
sobre o procedimento de "Débito em Conta", cujo fato
carece de esclarecimentos."
Diante da possível ocorrência de consignações em folha de
pagamento, levantada no Relatório Conclusivo da CCIA, o Ministério Público
Eleitoral requereu diligências para o seu esclarecimento acerca das
contribuições recebidas pelo Partido da República - PR/MT, registradas no
extra to bancário sob a rubrica de "crédito de convênio".
Deferida as diligências, foram prestadas as seguintes
informações:
i) O Banco do Brasil informou as datas de crédito e de
referência de proventos pagos pelo Governo do Estado
de Mato Grosso (fls. 15.193); encaminhou cópia do
convênio firmado entre o Partido da República e o
Banco do Brasil (fls. 15.212/15.226); mídia com os
arquivos-retorno referentes ao período (fls.
15.229/15.230).
ii) A Secretaria de Gestão do Governo do Estado,
encaminhou mídia contendo a relação dos servidores
comissionados do Poder Executivo Estadual da
Administração Direta, Autárquica e Fundacional das
folhas normais e 13° salário referentes ao ano de 201 O
(fls. 15.232/15.234).
iii) A Secretaria Judiciária coube a juntada aos autos da
relação de filiados do PR/MT, entretanto a mídia está
vazia (fls.15.189).
Além dos documentos acima relacionados, constata-se que a
própria agremiação colacionou aos autos farta documentação que só
reforça a prática do ilícito (fls. 5.126 - Vol. XXVII a fls. 15.128 - Vol. LXXV) ao
juntar as "Autorização de Débito Programado" em que em sua quase
totalidade traz a inscrição do órgão de lotação do "doador" e, para espancar
de vez qualquer dúvida quanto a ilicitude, em ato falho, o partido colacionou
dentre as autorizações, uma que chamou a atenção do Ministério Público, em
que em seu rodapé consta manuscrito a seguinte inscrição "Obs: Já é
descontado para o PPS, vai ser transferido p/ o PR?" (fls. 15.156 Vol. LXXV).

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Deste modo, ao confrontarmos os documentos acima


elencados com a relação dos servidores comissionados do Poder Executivo
Estadual da Administração Direta, Autárquica e Fundacional das folhas
normais e 13° salário referentes ao ano de 201 O (fls. 15.232/15.234) com a
relação das datas de crédito e de referência de proventos pagos pelo
Governo do Estado de Mato Grosso (fls. 15.193), a conclusão a que se chega é
a mesma de outros julgados envolvendo essa Agremiação, qual seja, a de
que também no ano de 201 O ela montou um esquema de arrecadação de
valores provenientes de fonte inesgotável - e ilícita -, tal seja a folha de
pagamento dos servidores comissionados do Executivo Estadual, violando
sobremaneira o inciso 11 do art. 31 a Lei n° 9.096/1995.
Portanto a irregularidade, receber recursos de fonte vedada, é
suficientemente grave a ponto de impor a desaprovação da contabilidade.
c) TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS A OUTROS PARTIDOS
POLÍTICOS
O relatório da área técnica aponta transferências de recursos
a diretórios de diversos partidos políticos de Mato Grosso, no montante de R$
360.500,00 (trezentos e sessenta mil e quinhentos reais) que, a meu sentir, só
vem reforçar a tese de repasse dos valores recebidos compulsoriamente a
título de contribuições dos filiados, sem o devido esclarecimento, quanto a
origem dos recursos, ou seja recursos de fonte vedada.
Abaixo transcrevo o quadro discriminado, constante do
Demonstrativo das Transferências Financeiras lntrapartidárias Efetuadas (fls.
5116):
Transfe renc1as
- f"mance1ras Efe tua d as peoI PR/MT em 201 O
Data Destinatário CNPJ Valor R$
31/12/2010 PMN/MT 00.085.275/0001-75 9.000,00
31/10/2010 PSB/MT 24.77 4.358/0001-30 7.500,00
31/12/2010 DEM/MT 01.364.447/0001-02 30.000,00
31/12/2010 PP/MT o1.339.285/0001-52 130.000,00
31/12/201 o PR - Diretório 08.7 67.054/0001-99 20.500,00
Municipal
31/12/201 o PTN/MT 03.977.296/0001-93 18.000,00
31/12/201 o PTC/MT 05.170.363/0001-99 18.000,00
31/12/2010 PMDB/MT 15.081.755/0001-35 120.000,00
31/12/2010 PPS/MT 00.770.169/0001-20 7.500,00
Total 360.500,00

Por sua vez, quanto aos registres no "Demonstrativo de


Doações Recebidas" (fls. 16/17), no campo doador: "Relatório Convênio
Banco do Brasil", referente às doações recebidas de janeiro à dezembro/2009,
totalizando R$ 1.993.111,49 (um milhão, novecentos e noventa e três mil, cento
e onze reais e quarenta e nove centavos) e do repasse de recursos a outras
agremiações partidárias, no montante de R$ 360.500,00 (trezentos e sessenta
mil e quinhentos reais), abaixo discriminado, constante do Demonstrativo das
Transferências Financeiras lntrapartidárias Efetuadas (fls. 5116) o Partido
apresentou a seguinte justificativa (fls. 5089):
"4. 1 Atentando-se estritamente aos termos do apontamento da
CC/A a agremiação partidária traz ao caderno procedimental
todas as autorizações de débito em conta realizada pelos seus
doadores desde o ano de 2007 até o final do ano de 20 1O.

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4.2.De se ver, portanto, que não se trata de consignação em


folha de pagamento, mas de débito automático, procedido
pelo Banco do Brasil e não pelos setores de pagamentos dos
órgãos estatais, não havendo falar-se em recebimento de
fontes vedadas.
4.3 Assim, a agremiação partidária tem a dizer, por ora, que
todos os valores recebidos foram precedidos de autorização
de cada um dos doadores, sanando os itens "2.8" e "2.9" eis
que, com relação a este último, as verbas repassadas às
demais agremiações também se encontram amparadas pelas
autorizações dos inúmeros doadores, a relevar que o importe
tem lastro de legitimidade" (destaques no original)
Como se observa da parte final do item 4.3, acima transcrito,
ao tentar justificar a transferência de recursos para outras agremiações, o
Partido assume a tutela de receber doações de simpatizantes de outras
agremiações, o que é, no mínimo, surreal.
Registro, que a Agremiação tem utilizado de forma reiterada,
a prática de recebimento de recursos de fonte vedada, através do que se
convencionou chamar de "dízimo partidário" recebido de "doações" de
servidores comissionados, já tendo sido condenada, por este Tribunal, a
recolher ao Tesouro Nacional, os seguintes valores relativos aos exercícios
financeiros de 2007 2008 e 2009·
I

ANO PROCESSO VALOR A RELATOR


RECOLHER
2007 PC No 6358 (6963- R$ 607.217,21 Dr. Pedro Francisco da
34.2008) Silva
2008 PC No 29 (1916- R$ 1.650.171 ,20 Dr. Ricardo Gomes de
45.2009) Almeida
2009 PC N° 497-53.201 O R$1.883.895, 1O Dr. Francisco Alexandre
Ferreira Mendes Neto
TOTAL R$ 4.141.283,51

Nesse passo, o recebimento de recursos de fonte vedada,


através do que se convencionou chamar de "dízimo partidário" recebido de
"doações" de servidores comissionados, fere de morte o inciso 11 do artigo 31
da Lei n° 9.096/95, que estabelece o seguinte:
"Art. 31. É vedado ao partido receber, direta ou indiretamente,
sob qualquer forma ou pretexto, contribuição ou auxílio
pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive através de
publicidade de qualquer espécie, procedente de:
I- entidade ou governo estrangeiros;
11 - autoridade ou órgãos públicos, ressalvadas as dotações
referidas no art. 38;
III - autarquias, empresas públicas ou concessionárias de
serviços públicos, sociedades de economia mista e fundações
instituídas em virtude de lei e para cujos recursos concorram
órgãos ou entidades governamentais;
IV- entidade de classe ou sindical."
Nos autos em mesa, resta evidente que a) todos os doadores
são correntistas do Banco do Brasil (responsável á época pela folha de
pagamento do funcionalismo público estadual); b) débitos automáticos

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coincidindo com as datas de créditos de salários nas contas correntes; c)


valores das "contribuições" correspondentes ao percentual médio de 3% (três
por cento) sobre o subsídio do cargo comissionado; d) formulário de
contribuição padronizado e em quase a sua totalidade havia a indicação do
órgão de lotação do "doador" (manuscrito).
Sobre a contribuição sobre a remuneração de detentores de
cargos ou funções de confiança, o Colendo Tribunal Superior Eleitoral - TSE
firmou o seguinte entendimento ao responder à Consulta n. 1135:
"CARGO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA - CONTRIBUIÇÃO A
PARTIDO POLÍTICO - DESCONTO SOBRE A REMUNERAÇÃO -
ABUSO DE AUTORIDADE E DE PODER ECONÔMICO - DIGNIDADE
DO SERVIDOR - CONSIDERAÇÕES - Discrepa do arcabouço
normativo em vigor o desconto, na remuneração do servidor
que detenha cargo de confiança ou exerça função dessa
espécie, da contribuição para o partido político."
(CTA- CONSULTA n° 1135- Brasília!DF- Resolução no 22025 de
14/06/2005 - Relator(a) Min. Marco Aurélio Mendes de Farias
Mel/o - Publicação: DJ - Diário de Justiça, Data 25/07/2005,
Página 1RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 16,
Tomo 2, Página 403)
Constatada a arrecadação de recursos de fonte vedada, a
Resolução TSE no 23.432/2014, que regulamenta o Título III da Lei no 9.096/95,
em seu artigo 14 determina as medidas a serem adotadas:
Art. 14. O recebimento direto ou indireto dos recursos previstos
no art. 13 desta Resolução sujeitará o órgão partidário a
recolher o montante ao Tesouro Nacional, por meio de Guia de
Recolhimento da União (GRU), até o último dia útil do mês
subsequente à efetivacão do crédito em qualquer das contas
bancárias de que trata o art. 6° desta Resolução, sendo
vedada a devolução ao doador originário.
§ 1o O disposto no caput deste artigo também se aplica aos
recursos provenientes de fontes vedadas. que não tenham
sido estomados no prazo previsto no § 3° do art. 11, os quais
deverão, nesta hipótese, ser recolhidos ao Tesouro Nacional.
§ 2° No caso das doações estimáveis em dinheiro por meio de
doação ou cessão temporária de bem que não seja do
patrimônio do doador identificado, as consequências serão
apuradas e decididas no momento do julgamento da
prestação de contas.
§ 3° O não recolhimento dos recursos no prazo estabelecido
neste artigo ou a sua utilização constitui irregularidade grave a
ser apreciada no julgamento das contas.
§ 4° Para o recolhimento previsto no § 1o deste artigo, não
poderão ser utilizados recursos do Fundo Partidário.
§ 5° Independentemente das disposições previstas nesta
Resolução, a Justiça Eleitoral dará imediata ciência ao
Ministério Público Eleitoral sempre que for identificado que o
partido político recebeu ou está recebendo recursos
financeiros de procedência estrangeira, para os fins previstos
no art. 28 da Lei n° 9.096, de 1995."
Por sua vez, o inciso 11 do art. 36 da Lei no 9.096/95, estabelece
a sanção pela arrecadação de recursos de fontes vedadas, de suspensão de

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r
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participação no recebimento de cotas do Fundo Partidário por 1 (um) ano,


verbis:
"Art. 36. Constatada a violação de normas legais ou
estatutárias, ficará o partido sujeito às seguintes sanções:
I - no caso de recursos de origem não mencionada ou
esclarecida, fica suspenso o recebimento das quotas do fundo
partidário até que o esclarecimento seja aceito pela Justiça
Eleitoral:
11 - no caso de recebimento de recursos mencionados no art.
li, fica suspensa a participação no fundo partidário por um
ano;
III - no caso de recebimento de doações cujo valor ultrapasse
os limites previstos no art. 39, § 4°, fica suspensa por dois anos a
participação no fundo partidário e será aplicada ao partido
multa correspondente ao valor que exceder aos limites
fixados."
Com essas considerações, em consonância com a
manifestação ministerial, voto pela DESAPROVAÇÃO das contas do Partido da
República - PR/MT referente ao exercício financeiro de 201 O, e aplico as
seguintes sanções:
a) O recolhimento, pelo Diretório Regional do Partido da
República PR/MT, no prazo de 30 (trinta) dias a partir da publicação desta
decisão, ao Tesouro Nacional, por meio de Guia de Recolhimento da União
(GRU), no montante de R$ 1.993.111,49 (hum milhão, novecentos e noventa e
três mil, cento e onze reais e quarenta e nove centavos), devidamente
corrigidos até a data do efetivo comprimento desta determinação.
b) Suspensão, com perda das cotas, da participação do
Diretório Regional no Fundo Partidário, por 01 (um) ano, a partir da publicação
desta decisão (inciso 11 do art. 36 da Lei n° 9.096/95).
c) Não efetuado o recolhimento ao Tesouro Nacional, após o
trânsito em julgado desta decisão, proceda-se a execução na forma do art.
62 da Resolução TSE no 23432/2014.
d) Encaminhamento de cópia de autos ao Ministério Público
Eleitoral para fins de análise de eventual ato de improbidade administrativa.
É como voto.

Dr. Ricardo Gomes de Almeida; Dr. Paulo Cézar Alves Sodré; Dr.
Rodrigo Roberto Curvo; Des. Luiz Ferreira da Silva; Dr. Lídio Modesto da Silva
Filho.
TODOS: Com o relator.

Des. Maria Helena Gargaglione Póvoas (Presidente)


O tribunal, por unanimidade, desaprovou as contas do Partido
da República - PR/MT, referente ao exercício 201 O, nos termos do voto do
douto relator em consonância com o parecer ministerial.

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