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François Laplantine e Alexis Nouss propõem-nos o embrião do que seria uma filosofia da cultura
categorias e princípios, a filosofia mestiça é a filosofia da diferença como matriz das diferenças,
como o próprio processo mestiço, neste livro dicionário há sempre lugar para novas entradas. A
Para surpresa nossa, mas certamente não por acaso, no livro dicionário de François
português, como se, aquém e além dos trópicos, da heteronímia pessoana às dobras
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ao qual, já em 1995, chamamos de heterologos. Esta expressão pretende ressalvar que, mais do
eksistencialmente como razão das diferenças, aberta à infinita diversidade e pluralidade do real,
estando este tipo de razão, de certo modo, presente em todas as partes do mundo que falam
Ocidente desde a Grécia, que apaga a diferença e a multiplicidade sob a capa cinzenta da razão
[3]
variedade dos seres, seja no espaço geográfico, seja no antropológico, no social e no cultural” .
De fato, Portugal é o mergulho vertiginoso na distância; a busca e o nomadismo sem fim nem
ponto de chegada. Navegar é preciso, viver não é preciso. A aventura portuguesa é tecida de
Pensamento preposicional, como diria Michel Serres, do com versus o contra, do e versus
o ou, simbolizado na lógica de um talvez sutil e errante, a mestiçagem seria a arte de religar o
sinuosidade abissal do tempo do que da linearidade da ratio espacializante. Por isso mesmo,
como ressalta Laplantine no prefácio da obra, a mestiçagem é um conceito mais elíptico do que
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enfático, mais enigmático do que transparente , tecido de deslizamentos, dobras e metáforas,
numa gênese sem teleologia. Medularmente impura, a mestiçagem é o que escapa à estabilidade e
à substancialização, por isso mesmo, o pensamento dum informe que não é o contrário da forma,
duma não consciência, que não é o contrário da consciência. Pensamento do movimento e das
mutações, das tensões e oscilações, dos processos e passagens, é mais ritmicidade do que
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epistemologia da mestiçagem , porquanto o seu pensamento transcategorial, e por isso mesmo
não classificatório, é refractário tanto às tipologias como às topologias, tanto às lógicas binárias
evocando ora as terceiras margens líquidas de Guimarães Rosa, ora os jardins de veredas que se
mesmo solidário de uma ontologia dos fluxos, de uma epistemologia das traduções, de uma
completamente impensadas na filosofia clássica. Contra a fusão, a posse, o gozo do outro como
totalidade indiferenciada, as figuras entre como a serpente de plumas - Quetzal - ou Dona Flor e
seus dois maridos, não por acaso latino-americanas, remetem para a hibridação mestiça no jogo
nem trajectória” mas “o ponto de encontro do que vem do Oriente e do Ocidente, da África e da
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Europa, da Europa e da América” , um pensamento da troca e da partilha, do movimento e da
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, o mesmo que levaria o catalão Eugéne D´Ors a designá-lo de um lusismo, e assim distinguir
pureza e mesura do logos ático cuja simplificação conceptual consistiria em dobrar de uma só
do engenho de Vieira à sutileza do jeitinho brasileiro. Não é por acaso, como lembra Alexis
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Nouss , que o pensamento barroco foi o dos grandes momentos da mestiçagem biológica e
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monadologia, como diria Deleuze , mais não é do que uma nomadologia.
diferante, o heterologos mestiço é essencialmente lúdico, duma seriedade colorida e duma leveza
e recusa ainda a dignidade de filosofia. Aquém de todas as archés e de todos os telos, de todas as
fora à superfície, o líquido navegar dos que, por mais cumpridos, como Pessoa-Portugal, se
Condenando o eu a uma expatriação radical, torna-o consciente de que nenhuma raiz o define
mas unicamente o movimento para o outro. Sujeito que tem o outro na sua pele, como diria
[10]
Levinas , o nômade mestiço é um peregrino do fora, passageiro da Terra mais do que
povo que falta. Talvez porque, mais intensivo do que extensivo, o nomadismo mestiço é
ontológico, fuga de todas as territorialidades categoriais, no cruzamento sem fusão de todas elas,
até ao paradoxo do trânsito na imobilidade como Pessoa-Campos para quem a melhor forma de
viajar é sentir tudo de todas as maneiras. Por isso mesmo, os fios que tecem a mestiçagem nunca
poderão apresentar-se sob o signo de qualquer lirismo redentor. Mais preposição do que posição,
a mestiçagem é o pensamento duma alteridade radical, duma negatividade pulsional sem a dupla
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sou eu porque sou para o outro” . Desta feita, uma comunidade mestiça terá sempre de ser
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pensada como Blanchot ou Nancy , inavouable ou désoeuvrée, “não traçada por ligações e
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limites duma sociabilidade mas aberta à infinitude da alteridade” , o que implica passar da
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Reconhecer o mundo como mestiço e a mestiçagem como um mundo” .
Não global mas mundial, o pensamento mestiço não suporta a descoloração nem a
opõe-se às universalização por estabilização, propondo uma nova concepção de totalidade, menos
categoria do que idéia, no sentido kantiano. Pensamento não do ser mas do poder ser, não do
todo mas do quase todo, ao universal indiferente, reificante, contrapõe um universal mestiço,
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reclama uma universalidade por variação, não por purificação , uma totalidade mais
ontológica do que ôntica, a totalidade do tempo versus a totalização espacial do partes extra
mestiçagem é a filosofia deste espaço aberto e complexo em que vivemos, do tornar-se sempre
outro de um mundo de identificações flutuantes, cuja alteridade não pode mais fechar-se na
caverna platônica, uma vez que a heterogeneidade e a mudança fazem parte dele. É a perda de
todos os centros, do mundo e de nós mesmo, no rasto de um pensamento vibratório, sem começo
nem fim.
Por isso mesmo, o humanismo mestiço não é um pensamento utópico, não pactua com
mestiço é a própria experiência do fora, com seus mares sem fim e histórias trágico-marítimas,
implicando vida e morte, negatividade e ausência. Pensamento à beira mar e à beira mágoa,
Canção à beira mar e à beira mágoa, espécie de canto-grito do vaivém oceânico, nada melhor do
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que o fado português para exprimir a ritmologia desta dissonância .
sua versatilidade e variedade múltipla, é a nomadização plena dos portos por achar, por isso
mesmo característico duma identidade sempre em vias de, e de uma filosofia naturalmente débil,
sintomáticas de uma ontologia nas bordos do quase, à maneira de Mário de Sá Carneiro. Não diz
Pessoa que em prosa é mais difícil se outrar? Não escreve Caeiro a prosa dos seus versos, o
filosofema a haver do poema inconjunto, do seu/nosso devir outro na errância de nós mesmos?
poiético sempre além da fixação conceptual, o dizer da disjunção conjunta no jogo da paradoxia e
fora, pela Distância abissal do mar. Por isso mesmo, a nossa identidade sempre se entreteceu do
e do Atlântico. Sucessivamente ocupado por celtas, romanos visigodos, judeus, árabes, entre
culturas foram mais fortes, sendo neste extremo sul da costa européia do Atlântico que começa a
tomar forma o que viria a ser uma das maiores epopéias mestiças do Novo Mundo”, lembra
[18]
Laplantine .Cultura entre o dentro e o fora, a terra e o mar, a realidade e a ficção, Portugal
nunca se sente tão português senão quando se identifica com o outro, correndo o risco de
Esta capacidade de tudo receber e assimilar, fará de uma cidade como Lisboa, também ela
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descrita por Laplantine como cruzamento de culturas, raças e temporalidades, uma cidade
antropofágica, muito antes de São Paulo na Semana de 22. Lançada no estuário do Tejo, o rio
através do qual se vai para o mundo, como diria Alberto Caeiro, evocando o nada que é tudo do
mito na errância ulisseica da sua fundação, Lisboa é o paradigma de uma universalidade mestiça,
marinheira. Cidade-estuário com os olhos fixos no mar, cidade sem identidade, no sentido de uma
substancialidade definida, Lisboa mistura séculos de cultura, recriando-se nas suas dissonâncias
paradoxalmente, faz parte de nós mesmos. Mais próximo da Lei do que do ser, o mar é o abissal
duma ausência eternamente presente, a intimidade da Distância, talvez porque menos gregos que
na saudade a paradoxia que melhor mostra o enigma do que o diz. A escuta saudosa dos mares
não é o theorein grego, o ver do intelecto que esgota e conseqüentemente esquece o Outro, mas
um pensar poiético do Outro na variação transfinita do mar sem fim português. Para uma terra
que conserva nas dobras do seu saber a figura do estrangeiro, a voz do outro será sempre a duma
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, “não foi como para as outras metrópoles européias uma empresa de franca colonização,
porquanto sempre comportou uma parte de ficção, ou mais exactamente de entre-dois, misturando
a realidade colonial e o imaginário da colónia”. Não será por acaso que Roberto Da Matta, Sérgio
Todavia, a propensão para a exterioridade e conseqüente interseção com o outro, não excluiu, em
Inquisição ao Estado Novo, temática que, por mais contundente, não nos compete agora analisar.
Portugal, dirá ainda Laplantine, aponta para uma nova filosofia da universalidade mestiça,
uma universalidade do singular, lamentavelmente não teorizada pela filosofia portuguesa a haver,
porque naturalmente à espera de outros livros dicionários como este. Talvez porque, o sentido de
Portugal decorre mais da sua posição ontológica do que de teorizações epistêmicas. Teixeira de
Pascoaes é o primeiro a falar de uma ontologia do ser português e Fernando Pessoa, ainda que de
um jeito mais implícito que explícito, também procurará traçá-la de acordo com a sua
circunstância.
situado entre Castela e o mar, o on lusitano tornar-se-á uma possesio maris, a voz da terra
ansiando pelo mar, como dizia o poeta. Nas bordas do Ocidente logocêntrico, operando,
abre-se à passagem, ao deixar ser do outro e, subterraneamente, ao outrar-se com ele. Precária no
seu on geográfico, a ontologia portuguesa está condenada a um ser-entre, sendo Fernando Pessoa,
do Restelo, ou apostar na ontologia das passagens, parece-nos ser ainda hoje o drama de um
Portugal que, encapsulado na Europa, continua atado às navegações como a postes. Contra a
existência sedentária dos possuidores da terra, o ek-sistir nomádico dos mares é um navegar
disseminações, somos celtas, gregos, latinos, árabes, judeus e muito mais, as dobras múltiplas
duma identidade flutuante. A nossa miscigenação poligenesíaca, heteronímica, o nosso saber de
do que de tratados, sendo o ensaio um gênero mestiço por excelência. Como diria Levinas, “o
navegador que utiliza o mar e o vento domina estes elementos mas nem por isso os transforma
em coisas. Conteúdo sem forma, o elemento não tem formas que o contenham, desdobrando-se
relação adequada à sua indeterminação descobre-se precisamente como meio: mergulhamos nele.
[21]
Nada acaba, nada começa” .
imaginação e tempo, métis mais do que logos, engenho e arte mais do que ratio fundacional.
incompossibilidade dos mundos, numa altura em que a compossibilidade era norma lógica e
teológica, a nossa diversidade mais não sendo do que o excesso do outro sobre as nossas próprias
projeções, uma idéia criacionista no sentido leonardino, uma superabundância. A alteridade dos
mares é a de um outrem que não faz número comigo, o estrangeiramento absoluto que perturba o
Menos logos do que métis, menos claro e distinto do que mestiço, o nosso pensar anfíbio,
apelando a Ulisses mais do que a Sócrates ou Descartes, reclama a fluidez das águas, a
metamorfose do informe. A Grécia não teorizou a métis, ainda que os mitos gregos a coloquem
sofistas abrem a filosofia aos recursos da métis, por isso mesmo encurralados por Platão. A métis
tem por campo o mundo movente do múltiplo e do ambíguo, sendo por isso mesmo flexível e
polimorfa em constante mutação. A lógica da métis é uma lógica das águas, daquilo que não
tendo forma se com-forma e trans-forma. A forma das águas está sempre no outro em que se
escoa, no héteros que a define. “O líquido manifesta a sua liquidez, as suas qualidades sem
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suporte, os seus adjectivos sem substantivo” na errância infinita do navegador. “Ao mesmo
tempo que se apresenta como o avesso do ser, no vago da sua indeterminação, oferece-nos uma
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íntima familiaridade, a fruição das entranhas do ser” . Filha das ninfas aquáticas, a métis é a
metaforização de um devir mestiço, associando-se aos navegantes de mares e rios, como Pessoa e
híbridos, mistos de filósofos e de poetas, quando não profetas como Pascoaes, ainda que mais um
nabi hebreu do que um mantis grego, são os heterônimos de um ser líquido. Um ser em pedaços
repartido, cujo unívoco liame é a voz sem boca de um dionisíaco mar sem fim, por isso mesmo
contraposto ao lago apolíneo e com fim de gregos e romanos, como destacará Pessoa em
Mensagem. Um mar Ereignis, um acontecer do mar que simultaneamente nos traça e traga, nos
traceja e apaga destinos e esperas. Um mar saudade no entardecer auroral dos nossos ofídicos
percursos.
Desta feita, na circum-navegação da verdade, a nossa alethéia saudosa não é mera etapa
histórica no pensamento ocidental, mas uma A-lethéia que transborda do Ocidente, porquanto o
seu finistérrico estar lhe permite visionar todo o processo. Assim descreve Pessoa em Mensagem
a rostidade vaga de Portugal, fitando com olhar esfíngico e fatal o Ocidente futuro do passado. A
saudade é o próprio processo aletheico, A-lethéia mais do que qualquer aletheia. Nenhuma
linguagem histórica a pensa ou diz. Aquém de todos os começos, projeta-nos a um dar mais
abissal, sem nome nem conceito, uma aletheia sem veritas que o sem fundo dos mares apenas
murmura. Em Pascoaes, a saudade, mais originária que o logos grego, é a voz desterritorializada
do ser que fenece nas coisas. Em Pessoa, é a voz da terra ansiando pelo mar.
Para um povo cúmplice dos mares, a cisma saudosa deixa o ser habitar a sua misteriosa
ausência. Escuta e canto, poema e fado, roça o héteros mais extremo do seu acontecer.
Dinamizada por esse imemorial que a abre pluralizando-a, a memória nunca se apresenta
velho/novo. Experiência do tempo jamais fixado, do mar jamais estabilizado, do mundo jamais
Platão no Timeu, característica de uma identidade traçada no alhures de si, no largar por aí fora,
Oceano, ainda que algumas vezes reterritorializadas no espectro do mythos. O mar é o nosso
Umwelt. Não se está apenas no mar, devem-se com ele, de tal sorte que o devir marítimo da terra
se confunde com o devir marinheiro de um povo, podendo mesmo dizer-se que, para o português,
a nomadologia é a sua condição ontológica. O mar é o outro do nosso ser em errância, verdadeiro
ultra-ser de uma ontologia em falta, apelando a um tempo paradoxal, fora dos gonzos, o tempo
mesmo, a existência do outro é a variação transfinita do Outro absoluto do mar. O preço deste
estrangeiramento in extremis é o de uma fragilidade sempre ameaçada pelo fora, por mais que
tente reforçar-se com o cimento do identitário; o risco permanente de dessubjetivação dos que
vivem a ausência mais do que a presença, o mar e a saudade, mais do que a terra e as suas
evidências. Daí os nossos percursos ofídicos mais extáticos do que estáticos, sempre entre dois,
porque sempre em errância, como se o outro que nos fragiliza e indecidibiliza, nos tornasse
sempre mais novos e mais velhos do que nós próprios, porque infinitamente finitos. Fomos,
somos esse outro cabo geográfico e mental, a ponta finistérrica do mesmo, paradoxalmente um
limite e um limiar. O mar é a linha de força inscrita no sem fundo da nossa identidade, abrindo-a
histórico, do povo-milagre que fomos e ainda, de certo modo, nos julgamos ser, o nosso
acontecer cósmico vem-nos do acontecer do mar, esse Abgrund intempestivo que nos ata ao leme
Poeta filosofante da intimidade do fora, dum dentro que se constitui como um dobrar do
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fora , ninguém melhor do que Pessoa para exprimir o devir heteronímico da portugalidade e
de si mesmo, não sendo por acaso que a obra de François Laplantine e Alexis Nouss lhe dará
[25]
particular realce . Já o filósofo Alain Badiou, havia reconhecido a obra pessoana, constatando
[26]
a falta de filosofemas capazes de pensar a sua poesia . “Porque se trata de um dos poetas
decisivos deste século”, dirá, “devemos procurar pensá-lo como condição possível da filosofia”
[27]
.
o dos mais sedentários. O trânsito na imobilidade dos que ficam crucificados nas navegações,
[28]
intimizado. Pessoa é um nós mobile nos antípodas de qualquer eu cartesiano . O viajante das
sensações próprias e alheias, das próprias como alheias e das alheias como próprias,
radicalizando o je est un autre de Rimbaud. “Atravessa todos os ismos do Sena que aclimata ao
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estuário do Tejo, fabricando outros como o sensacionismo, o paulismo e o intersecionismo” .
radical.
Pessoa/Portugal é o fora absoluto de si mesmo. A sua falta de ser é o seu excesso de poder
ser todo o mundo e ninguém. “O bom português é várias pessoas”, dirá, “nunca me sentindo tão
portuguesmente eu, senão como quando me sinto diferente de mim – Alberto Caeiro, Ricardo
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Reis, Álvaro de Campos e Fernando Pessoa, e quantos mais havidos ou por haver” . Forma
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radical de estranhamento, “a heteronímia é a via estreita da mestiçagem” , e, por isso mesmo,
[32]
processo heteronímico é o de um pensamento singularmente heterológico.
mental dos viajantes intensivos. E, todavia, Pessoa não é um anônimo sem nome, porquanto
mesmo o ninguém do ortônimo é um vazio pleno - todo o mundo -, ele próprio se confundindo
com as suas dobras, sendo mesmo a mais complexa, um novelo enrolado para dentro. Desta falta
se desdobra o poeta em poetas, desta carência ôntica se sonham e desvelam mundos, sendo sobre
ontologia líquida de um quinto império sem imperium, o insubstancial substante de uma língua
sem cessar ex-patriada, heteronimizada, e sempre já reterritorializante, a pátria móvel dos que a
falam e recriam.
expresso no inconjunto topos literário que é Caeiro, partes sem todo. O mistério da proliferação
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onde não há mais centro nem autor, apenas a rostidade vazia de Pessoa, ele próprio o outro .
[34]
Mais do que o livro mallarmiano Pessoa é uma literatura, sendo o paganismo transcendental ,
menos a marca de um politeísmo absoluto, do que o outrar-se de uma filosofia poiética, num
estéticas são já, inextricavelmente, personagens conceptuais, e, por isso mesmo, muito mais do
que uma simples composição literária. Por isso Alberto Caeiro, escreve a prosa dos seus versos, a
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Pessoa pertence à categoria dos “meio” filósofos, como dirá Deleuze” , que são
também muito mais que filósofos, sem serem contudo sábios”. Homens bifurcantes entre poesia e
filosofia, géneros híbridos, triton genos. Não apagam a diferença, não a superam, mas dizem o
seu devir no atletismo contorcionista dum pensar sentiente. Há neles um devir sentiente do
pensamento no devir pensante da emoção, à Ricardo Reis. Acrobatas do vazio no seu esforço
quantos a falam e recriam. O milagre luso é esta possesio maris como fractalização no mundo,
esta exuberância barroca de dobrar tudo de todas as maneiras, radicalmente distinta da medida e
da pureza dos gregos. Como se, na mesma coordenada, Atenas e Lisboa, a Grécia e Portugal
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fossem duas periferias européias arquetípicas , semelhantes no espírito de lugar mas opostas
nos seus paradigmas culturais: o logos ático e o heterologos barroco; como se, entre o mar com
fim e o mar sem fim, o Mediterrâneo e o Atlântico, houvesse toda uma distância mais poiética do
que lógica.
Por isso o Mestre de Pessoa, ele próprio um criador criado, é o rosto de uma humanidade
genérica, de um povo por cumprir. Espécie de homem sem qualidades, é o fora absoluto de
Pessoa, a sua virtualidade plena. Caeiro é o que perde, o que desembrulha, o que desinterpreta, o
que raspa a tinta dos conceitos. Escreve a prosa dos seus versos na perda de todos os predicados,
as sensações. “Argonauta das sensações verdadeiras”, na não verdade da sua verdade ressoa o
vazio pleno do ser, a fidelidade ao puro acontecer. Alteridade indócil, nômade permanente, Caeiro
identidade fluida de ambos. De uma infinição marítima, não duma finitude territorial. O infinito
do mar à escala humana, étnica, ontológica. Todavia, ex-patriado no fora, desterritorializado nos
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névoas duma espectrologia não deixarão de toldar a nossa ontologia em errância . Encalhado
às portas da Europa, o navio nação que fomos transforma-se num coro de veladoras do sonho
marinheiro de outrora. É o drama em gente das gentes sem mar, de um Portugal sonâmbulo,
das mestiçagens em português, o devir tudo de todas as maneiras no cenário barroco brasileiro,
onde a natureza e a cultura parecem conspirar juntas para criar uma sociedade rítmica,
todas as singularidades e vibrações à flor da pele. O universal em errância de um povo que falta,
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de heróis sem consciência, do malandro e do jeitinho, como destacará Laplantine . Verdadeira
desafio ao projecto ocidental cansado, apontando o outro início, nem grego nem de todo não
grego, nem cristão nem de todo pagão, porque Khôra de todas as dobras e variações, energeia
aquém ousia. Estranho contexto onde se fala ainda uma língua superficialmente neolatina, onde
se aceita o vago dos dogmas cristãos, mas se dança afro, se pensa índio, se sente pagão, se vive,
português, francês, japonês, libanês, russo e tudo o mais, sobremaneira expresso numa língua
sensacionista debaixo da qual pulsam inúmeras outras línguas, Lebensform de um povo travessia.
Contra o pragmatismo sofístico dos americanos ricos do norte, o Brasil inventa o seu
poiética, ontológica, sobremaneira analisado por Flusser o filósofo checo que aí permaneceu por
cerca de trinta anos. Daí um cristianismo híbrido, profundo e superficial, mais ctónico do que
santo do sagrado dos orixás e o devir sagrado do mais santo dos santos. “Os processos brasileiros
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ocorrem à margem da história, da consciência e dos próprios brasileiros” , dirá aquele autor,
porquanto, menos substância do que processo, o brasileiro é obra da poiesis, e por isso mesmo,
travessia, mistura e metamorfose. Será sobretudo Guimarães Rosa quem melhor entenderá o
sentido ôntico-ontológico deste in fieri em terceira margem, apropriando-se dele na sua ontologia
poiética da língua.
oswaldina é extensiva a todo o processo mestiço no Brasil, podendo dizer-se que a linguagem
rosiana é uma variação linguística-poiética impar deste processo. O manifesto de Oswald de
mestiço, sendo Macunaíma de Mário de Andrade a figura mais expressiva desta ritualização.
Anti-herói que esqueceu a consciência nos ramos duma árvore, Macunaíma é a consciência
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Autêntica gourmandise de l´autre , como sugere Laplantine, a antropofagia não é um
movimento niilista mas essencialmente criativo, preocupada com a construção cultural da nação
valores do antigo colonizador e de todas as culturas em geral, o Brasil não é nem destrutivo nem
passivo. Nutrindo-se do outro, transforma-o e recria-o, sendo no como desta transformação que
reside a sua poiesis mais original: a devoração do outro, dos outros, para torná-los carne e sangue
brasileiro, sendo este processo evidente nos ecletismos filosóficos e em todas as formas culturais
lato sensu. Flusser apontará como exemplos, Guimarães Rosa e Villa Lobos, “o primeiro pondo
na boca de um caboclo reflexões sobre Plotino, Heidegger e Camus, numa visão kafkiana do
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portuguesa e ritmos africanos” . Palco da semana de 22, São Paulo é a metonímia deste Brasil
antropofágico, devorando todos os estrangeiros que aí chegam, ainda que a ácida ironia de
alguns, como Flusser e nós próprios acreditem que o Brasil insere mas não integra.
Reivindicação da devoração do próximo, a antropofagia brasileira é uma devoração
[42]
xenófila não xenófoba . O outro diferido é um outro admirado, de tal modo que, no final deste
processo, jamais acabado, misturado com o outro, o mesmo também não será mais o mesmo. A
Contra a colonização puritana dos homens do norte, o cenário árido e desumano trazido
tanto da raça como da cultura, (...) somos a utopia realizada, bem ou mal, em face do utilitarismo
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selva, somos a bandeira estacada na fazenda” . Reconhecendo a herança duma colonização
mestiça, iniciada nas bordas finistérricas do Ocidente, o Brasil soube canibalizar “essa religião da
caravela que presidiu ao arfar das Utopias”. Até porque, como diria ainda Oswald de Andrade, “a
Concluindo: “os jesuítas são os maometanos de Cristo. Entra na sua arrancada um fogo estranho
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que não dissimula raízes árabes” .
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Reforma, seria para Oswald de Andrade “o maior dos bens” , legitimando-se a própria técnica
como conquista do ócio. O ócio e a festa são os alvos da utopia antropofágica na vivência do
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do progresso, oposta a todos os nativismos e indianismos românticos . Para um povo que
prefere o otium ao negotium, a fim de não morrer de verdade, como diria Nietzsche em relação à
arte, o carnaval é a verdadeira festa inclusiva, em que o tabu vira totem, um fenómeno
antropofágico total. O jogo ontológico da vida e do viver, “num morder e mastigar com os dentes
[47]
todos os alimentos do mundo” .
múltiplas influências vindas de toda a parte. Terceira margem que tudo arrasta num devir cultura
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sempre novo, daí a designação de país de futuro de Stefan Zweig . País das múltiplas
oswaldino. O Brasil não existe nunca em estado puro, mas sempre em double bind e em
paradoxia, sendo a sua aptidão natural para a religio, conjunctio da disjunctio sem conciliação
rio, rizoma. Movimento de fluxos descodificados, a sua identidade é um devir povo. Mais do que
Portugal, está constantemente a transgredir a ordem do ser como presença e representação, não
identitário e do fusional, “nem é exclusivamente português, nem apenas indiano, nem tão pouco
africano. No Brasil pode-se ser brasileiro pela nacionalidade, português pela língua, russo pela
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origem, francês pela educação e inglês pela religião” , dirá Laplantine, de tal sorte que,
sempre entre dois ou mais universos, como destacará Roberto da Matta, torna-se “um país de
éticas múltipla e dúplices, onde o que está entre, o mediador, o intermediário, o moderador, terá
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sempre um papel fundamental” . Tecido verdadeiramente matizado, ao perspectivismo em
Por isso mesmo, a brasilidade, como aliás a portugalidade, não é uma totalidade unificada,
sucedeu em 1927 ao movimento nacionalista Verde Amarelo e preconizava o poder forte dos
valores brasileiros, ao lusotropicalismo de Gilberto Freyre, podendo dizer-se, porém, que é contra
estas tentações que o Brasil profundo realmente eksiste. A mestiçagem questiona tanto o
tradunionismo dos iguais mas separados, quanto a miscigenação utópica de Gilberto Freyre, cuja
nem assimilação nem integração, nem fusão nem confusão, é cor e ritmo, tensão e oscilação
constante, e por isso mesmo, temor e tremor, um pensamento inquieto, como o próprio Brasil.
Riobaldo não é Macunaíma, nem Guimarães Rosa é o mestiço Mário de Andrade, todavia
a terceira margem da língua, nonada e criação, ou melhor, criação nos bordas de uma nonada
profunda, a que Flusser chamou o iapa da língua, é ainda animada pelo ritmo da antropofagia.
sempre dentro da gente, fazendo pensar na íntima distância do fora, que é o mar pessoana. Aí se
esgrime a língua como experimentação do Nada, desfraldando a Nonada que tanto nos aproxima
de deus como do demo, do silêncio com da reza. Raspando, à maneira de Alberto Caeiro, a tinta
gramatical das palavras, retoma aquilo a que chamará o seu sentido prisco, descobrindo o magma
Multilíngüe, estrangeiro na sua própria língua, Guimarães Rosa permanece um mestiço no rio de
uma língua intensiva, variável e heterogênea, o devir-outro da sua própria língua. Deslizando no
vaivém das palavras, mastigando afetos e perceptos na sua plasticidade voluptuosa, a linguagem
rosiana é um terceiro lugar, a pátria-língua pessoana transplantada e enriquecida no Brasil, nos
Brasis, no mundo, o topos da mobilidade. Se para Pessoa, a língua é o estar-entre de uma pátria
diasporante, para Rosa ela é o ser-entre característico da metamorfose. Para ambos um lugar de
Quanto ao Portugal sonâmbulo que hoje somos, não propriamente fadista, porque como
diria Eduardo Lourenço, insolentemente feliz, continua a ser esse corpo heteronimizado nunca
idêntico a si mesmo, promessa de um povo língua sempre por cumprir, o por vir de uma saudade
outro, nas tentativas e erros junto do outro. O regresso do si a si, dum si que é ontologicamente
carência do outro, não será mais do que a nossa permanente errância de si no outro, do si como
outro e do outro como si mesmo. A estranha singularidade duma identidade que só advém a si
pelo desvio e pelo fora. Dobramo-nos ainda na pluralidade de vozes que hoje dão corpo à
cidadãos de pátrias européias e cidandantes da língua. Lição heteronímica que os filosofemas não
sabem ainda pensar (Badiou), experiência de séculos de universalidade mestiça que as teoria não
Por tudo isto, o livro dicionário Métissages é particularmente significativo para nós, na
medida em que, escrito noutra língua, desafia a nossa incapacidade de ver, de nos vermos,
Na escassez ôntica da terra marítima, a descoberta tornou-se uma idéia fixa, ou talvez
melhor, a idéia que fixa, o topos da reunião na consciência da diáspora. Descobridores da idéia de
descoberta, resta-nos descobrir, ou talvez apenas (des)encobrir, na potentia mestiça que somos,
novas formas poiéticas de dobrar. Descobrir o sentido futuro da nossa identidade porosa no
cruzar de novos territórios ontológicos, lingüísticos, culturais. Descobri-lo como sintoma dessa
totalidade aberta. Uma universalidade diferente, não indiferente, uma universalidade à medida do
[1]
Métissages. p. 514.
[2]
VARELA, M. Helena. O heterologos em língua portuguesa: elementos para uma antropologia filosófica situada. Rio
de Janeiro: Espaço e Tempo, 1996.
[3]
VARELA, H. O heterologos em língua portuguesa, uma filosofia da razão atlântica. In: Microfilosofia(s) atlântica(s)
. Braga: APPACDM, 2001. p.15
[4]
Métissages, p. 8.
[5]
Idem., p 11.
[6]
Ibidem.
[7]
Cf. deleuze, G. A Dobra: Leibniz e o Barroco. Trad. brasileira. São Paulo: Papirus, 1991.
[8]
Métissages, p. 488.
[9]
DELEUZE, op. cit., p. 208.
[10]
Autrement qu´ être ou au delà de l´essence. La Haye. Nijhoff, 1974, p.14
[11]
In :.Dieu, la mort et le temps. Paris, Grasset & Fasquelle, 1993. p.218. Levinas afirmaria: “o antihumanismo
moderno tem razão, na medida em que o humanismo não é suficientemente humano. De facto, só é humano o humano
do outro homem”.
[12]
Métissages, p. 14,15.
[13]
BLANCHOT, M. La Communauté inavouable. Paris: Minuit, 1983. NANCY, J. L. La communauté
désœuvrée. Paris : Christian Bourgeois, 1986.
[14]
Métissages, p. 16.
[15]
Ibidem.
[16]
Cf. p. 480.
[17]
Ver Métissages, p. 253.
[18]
Op. cit., p. 488.
[19]
Op. cit., p. 354.
[20]
Ibidem.
[21]
LEVINAS, E. Totalidade e infinito. Lisboa : Edições 70, 1988. p. 115-6.
[22]
LEVINAS, op. cit.., p. 116.
[23]
Ibidem.
[24]
No sentido da interpretação de Deleuze relativamente a Foucault. Lisboa: Vega,1998.
[25]
Métissages, p. 480-85.
[26]
Ver também, VARELA, H. Microfilosofia(s) Atlântica(s). Braga: APPACDM, 2001. p.105.
[27]
BADIOU, A. Uma tarefa filosófica: ser contemporâneo de Pessoa. In: Pequeno Manual de Inestética. Lisboa:
Instituto piaget,1999.p.257 ET SEQ.
[28]
Ver Métissages, p. 480.
[29]
Métissages, p. 480.
[30]
Páginas íntimas e de auto-interpretação. Lisboa: Ática, 1964, p. 94.
[31]
Métissages, p. 482.
[32]
VARELA, H. O heterologos em língua portuguesa. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1996. p. 183-249.
[33]
Sobre a rostidade pessoana no processo heteronímico ver: VARELA, H. O mestre e o mensageiro na poetosofia
pessoana. In: Conjunções filosóficas luso-brasileiras. Lisboa: Fundação Lusíada, 2002, p. 67-79.
[34]
VARELA, H. O paganismo transcendental de Fernando Pessoa na versão Ricardo reis. In: Conjunções filosóficas
luso-brasileiras. Lisboa: Fundação Lusíada, 2002. p.67-79.
[35]
O que é a filosofia. p. 62.
[36]
Du Baroque. Paris: Gallimard, 1964. p. 194.
[37]
Cf. VARELA, H. Rasura e reinvenção do trágico no pensamento em língua portuguesa. In: Microfilosofia(s), p.62 et
seq.
[38]
Métissages, p. 373.
[39]
FLUSSER, V. A Fenomenologia do brasileiro. Rio de Janeiro: UERJ, 1998. p. 67.
[40]
Métissages,p. 82.
[41]
Fenomenologia do Brasileiro, p.89.
[42]
Métissages, p. 83.
[43]
A marcha das utopias. In: A utopia antropofágica.São Paulo: Globo, 1995. p. 166.
[44]
Op. cit., p. 169,170.
[45]
Op. cit., p. 218.
[46]
Sobre este assunto ver, VARELA, H. Vilem Flusser e a fenomenologia do pensamento brasileiro. In Conjunções.
p. 135 et seq.
[47]
Cf. Levinas, op. cit.,p. 118.
[48]
Brasil país do futuro. Porto: Livraria Civilização, 1949.
[49]
Métissages,p. 268.
[50]
A casa & a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 25.
[51]
Métissages, p.285.
[52]
Cf. DELEUZE, O que é a filosofia? p. 89-90. Na sua leitura do Erewhon de Samuel Butler, mais próximo da
imanência de um Now-here do que de qualquer utópico Now-where.