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Histórico da transfusão
A transfusão sanguínea é considerada uma forma de transplante, onde o sangue é
transplantado do doador para o receptor, utilizada geralmente em casos de anemia, hemorragia,
coagulopatia ou hipoproteinemia. Após ser coletado do cão doador, o sangue pode ser
imediatamente transfundido em um animal receptor, ou pode ser fracionado em
hemocomponentes (KRISTENSEN; FELDMAN, 1995).
A história do início das transfusões sanguíneas passou por várias etapas. Inicialmente
envolvendo transfusões de um animal para outro e em seguida, transfusões de animais ao
homem. Os primeiros experimentos relatos com transfusão de sangue ocorreram em Oxford no
ano de 1666, com Richard Lower (1631-1703) quem realizou experimentos com sangue
transfundido de um cão para outro. Em 1667 Lower realizou outra transfusão, em um estudante
da Universidade de Cambridge que havia rachado a cabeça, com sangue de ovelha transfundido
duas vezes, e o estudante sobreviveu. Porém após este caso, outras transfusões foram realizadas
sem o mesmo sucesso e logo esta terapia caiu em descrédito (GIANGRANDE, 2000)
A primeira pessoa que realizou transfusão de sangue de um humano para outro foi James
Blundell, obstetra do Hospital St. Thomas, em Londres. Após ver muitos casos de pacientes
morrendo por hemorragia pós-parto, desenvolveu uma pesquisa sobre transfusão de sangue
usando apenas cães. Ele mostrou que a morte por hemorragia poderia ser evitada em cães e
concluiu que "somente o sangue humano deveria ser empregado", depois de observar que a
doação de sangue canino para humanos levava a morte. Ele desenvolveu uma seringa com duas
vias, e isso foi usado com um considerável grau de sucesso no tratamento de mulheres com
hemorragia pós-parto. Seu primeiro relato de uma transfusão de sangue de entre humanos foi
apresentado à Sociedade Médico-Cirúrgica de Londres em 22 de dezembro de 1818. Isso
representou o início da era moderna da medicina transfusional (BLUNDELL, 1828; JONES;
MACKMUL, 1928).
Os doadores caninos
O candidato a doador de sangue canino deve ser saudável, ter idade entre 2 e 8 anos, com
preferência para mais novos que serão doadores por mais tempo e o peso deve estar em torno de
28 kg. Devem ser cães com temperamento calmo, para facilitar a manipulação durante a coleta.
O cão deve receber cuidados veterinários, incluindo vacinas e vermífugos regularmente. Os
doadores não podem estar recebendo nenhuma medicação, assim como não podem ter recebido
nenhuma transfusão sanguínea anteriormente, evitando a presença de anticorpos contra
diferentes tipos de sangue. O uso de sedativos não é recomendado para doadores, pois requerer
de sedação para o processo é um dos fatores que leva a exclusão de um possível doador. Para
prevenir a possibilidade de efeitos adversos de estresse na cadela e seus filhotes, fêmeas em
período pós-parto são evitadas como doadoras. As fêmeas doadoras devem ser nulíparas e
castradas. Cães podem doar de 13 a 17 mL de sangue/kg de peso corporal em intervalos de 3 a 4
semanas.
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que vivem em regiões endêmicas. Triagem para agentes infecciosos que podem ter algum
impacto sobre a saúde do doador também é uma importante consideração.
Anticorpos contra DEA 1.1 ou 1.2 são produzidos num receptor negativo 4-14 dias depois
a primeira transfusão de eritrócitos positivos para ambos os DEA 1.1 ou 1.2 e induz a uma
reação transfusional retardada que leva a destruição rápida de eritrócitos transfundidos,
diminuindo a eficácia da transfusão. Se o cão recebe subsequentes transfusões de sangue
incompatíveis, o destinatário sensibilizado pode desenvolver uma reação hemolítica aguda.
DEA 1.1 é referido como tendo a maior relevância clínica por sua antigenicidade forte,
e é considerado o mais forte entre todos antígenos. Portanto, a tipagem sanguínea de
ambos, doadores e destinatários, para este antígeno é altamente recomendado.
Cães DEA 3 tem uma baixa prevalência nos Estados Unidos (6%), com maior frequência
em cães da raça Greyhound. DEA 4 tem uma alta prevalência (98%) . Reação hemolítica grave
à transfusão ocorreu em um cão DEA 4-negativo previamente sensibilizado a partir de
exposição a um doador DEA 4-positivo. Antígenos DEA 5 e 7 estão presentes em 23% e 45%,
respectivamente, da população canina, e controvérsia existe a respeito do significado clínico dos
anticorpos dirigidos.
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Resources International). Métodos disponíveis para tipagem de antígenos DEA 1.1 incluem
cartões de digitação (DMS RapidVet-H, DMS Laboratories), kits de cartucho (Teste Rápido
DEA1.1, Alvedia), aglutinação em tubo e coluna de aglutinação em gel dentro de microtubos
(ID-Gel Teste Canine DEA 1.1, DiaMed-Vet).
O teste de reação cruzada pode ser usado quando a tipagem sanguínea não é avaliada ou
não está disponível. Um resultado compatível não significa que o doador e o receptor possuem o
mesmo tipo sanguíneo, mas que não foram detectados anticorpos no soro do receptor contra as
hemácias do doador, prevenindo apenas a ocorrência de reação transfusional hemolítica aguda e
não as demais reações imunológicas. O teste de compatibilidade sempre deve ser realizado antes
da transfusão.
Os doadores felinos
O doador felino ideal deve ter idade aproximada de 1 a 8 anos e pesar acima de 4,0 kg.
Machos são mais procurados por serem maiores. O animal deve ser vacinado anualmente para
doenças infecciosas importantes. Devido à preocupação com doenças infecciosas os doadores
devem viver preferencialmente sem acesso à rua. É preconizado que os animais tenham
temperamento dócil, mas independentemente do temperamento, a maioria dos gatos irá exigir
algum tipo de sedação ou contenção química para a coleta do sangue. Um protocolo eficaz
consiste na associação de cetamina ao midazolam, a dose necessária de sedativos, bem como a
escolha do protocolo varia entre os estudos, com relatos sobre a coleta com a associação de
cetamina, na dose 5-6 mg/kg, ou midazolam na dose 0,1 mg/kg.
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Tipagem sanguínea em felinos
Em felinos o sistema de antígenos de células vermelhas adotado foi o de grupo sanguíneo
AB, que contém três tipos de sangue: tipo A, Tipo B e do tipo raro AB (AUER & BELL 1981,
GIGER 2000). Embora os antígenos de superfície dos eritrócitos do sistema de grupo sanguíneo
AB dos felinos seja diferente do sistema de grupo sanguíneo ABO humano os gatos também
possuem aloanticorpos naturais (também conhecido como isoanticorpos) contra o antígeno de
grupo sanguíneo faltante. Estes aloanticorpos são de grande importância na prática clínica
porque podem induzir a reações de incompatibilidade sanguínea. O tipo sanguíneo de gatos é
determinado por seus 3 alelos, aonde A é dominante sobre o raro AB que é dominante sobre o
B. O tipo A é o sangue mais comum encontrado em gatos domésticos. Contudo, a frequência
dos tipos de sangue em gatos domésticos sem raça definida varia em todo o mundo. Em uma
pesquisa feita em gatos de raça foi relatado que 46% de Angora Turco e 60% de Van Turco
tinham sangue tipo B (ARIKAN et al., 2003).
Gatos tipo A podem ter fracos anticorpos anti-B, o que pode causar uma sobrevida curta
dos eritrócitos em um receptor tipo B. No entanto, gatos tipo B, tem fortes anticorpos anti-A
podendo causar uma reação fatal com apenas 1 mL de sangue transfundido. O tipo AB não
possui anticorpos tipo A nem B. Porém, gatos AB apenas devem receber transfusões de tipos A
ou AB, pois o tipo B possui muitos anticorpos anti-A.
Um dos métodos utilizado para tipagem sanguínea felina é preparado a partir de soro de
gatos do tipo B contendo anticorpos anti-A e uma solução anti-B preparada com Triticum
vulgaris, uma lectina de germe de trigo que induz preferencialmente aglutinação das células do
tipo B. O sangue é centrifugado para separar plasma e eritrócitos. Depois disso, as células são
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ressuspensas em solução tamponada com fosfato para alcançar um hematócrito de 4%. Depois
são pipetados o anti-soro (50 µL) e uma solução de anti-B (50 µL) em dois tubos separados, é
adicionada a suspensão de células do sangue (25 µL) para cada tubo e mistura-se
cuidadosamente. Em seguida os tubos são incubados a temperatura ambiente durante 15
minutos, e recentrifugados durante 15 segundos. Finalmente, os tubos são suavemente agitados,
e a presença de aglutinação é registrada.
Em gatos como não existem doadores universais deve-se sempre fazer uma tipagem
sanguínea antes da transfusão, mesmo em caso de emergência para evitar risco de vida.
Recentemente o antígeno MiK também foi detectado (WEINSTEIN, 2007). É essencial que
além da tipagem sanguínea realize-se um teste de compatibilidade entre doador e receptor antes
da primeira transfusão em felinos.
Reações transfusionais
Antes de indicar uma transfusão é importante avaliar a relação risco-benefício deste
hemocomponente para o animal, pois algumas reações transfusionais podem ocorrer e
prejudicar a condição clínica do receptor. As reações podem ser imunológicas, hemolíticas ou
não e não imunológicas. A triagem correta do doador evita que ocorra algumas reações durante
a transfusão.
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Reações tardias podem ocorrer até 2 a 21 dias após a transfusão e os sinais são de uma
hemólise extravascular, e uma redução do hematócrito é observada.
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