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Resumo: O presente artigo foi produzido a partir de uma pesquisa documental, em parte da
Coleção Tempo de Aprender, tendo como objetivo identificar como são propostas as situações
matemáticas nos livros Didáticos de 8º e 9º anos do Ensino Fundamental da EJA e quais
contextos são abordados nestas situações. Os dados foram coletados por meio de uma análise
detalhada dos referidos livros, em que foram analisadas as situações em quatro contextos:
cotidianas, interdisciplinares, intradisciplinares e história da matemática. Para a análises foram
considerados os seguintes referenciais: Vieira (2004), Spinelli (2011), OCEM (2006), PCN EJA
(2002), e outros. A partir da análise, constatamos que as situações matemáticas no livro de 8º
ano que mais se destacam são as interdisciplinares e as cotidianas, os contextos
intradisciplinares e envolvendo a história da matemática aparecem pouco. No livro de 9º ano os
quatro contextos aparecem de modo uniforme, sendo que um dá suporte para o outro.
Consideramos que as situações matemáticas nos livros didáticos de 8º e 9º anos são propostas a
partir de diferentes contextos que ultrapassam a ideia do cotidiano como dia a dia, pois há uma
preocupação em que os diferentes contextos sejam abordados ao ensinar e ao aprender
matemática, mas é preciso tomar alguns cuidados para não enfatizar apenas a contextualização e
esquecer a descontextualização, para que se produzam os conceitos matemáticos.
Palavras Chaves: Contextos. Contextualização. Livros Didáticos. EJA.
Introdução
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Texto elaborado para o Componente Curricular Prática de Ensino s/f de Estágio Supervisionado V:
Trabalho de Sistematização do Curso em Matemática – Licenciatura, sob orientação da professora Marta
Cristina Cezar Pozzobon.
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Graduando do Curso de Matemática – Licenciatura da UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul.
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Para atender esses alunos, os professores devem estar preparados, pois como são
cidadãos com diferentes experiências, buscam algo que possa contribuir em sua
formação. Para suprir essa necessidade, a escola e os professores devem estar
preparados, para ensinar esses sujeitos que ficaram impossibilitados de aprender os
saberes escolares em idade adequada. Isso fica claro nos PCN de Matemática da EJA,
que dizem:
Nesse sentido, o PNLD EJA (Programa Nacional do Livro Didático) nos traz o
grande desafio que o professor tem para alcançar seus objetivos.
1. Procedimentos Metodológicos
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Para responder a questão investigativa, realizamos uma pesquisa documental, em
dois livros da EJA, o do 8º e 9º anos, pois segundo Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009,
p. 5) “a pesquisa documental é um procedimento que se utiliza de métodos e técnicas
para a apreensão, compreensão e análise de documentos dos mais variados tipos”. Nesse
sentido, pretendemos realizar uma análise para entender quais situações são propostas
nos Livros Didáticos e que contextos são propostos nas mesmas. Essa pesquisa
documental será constituída das seguintes etapas:
- Leitura criteriosa dos Livros Didáticos: EJA 8º ano, volume 3, 2ª Ed., Coleção Tempos
de Aprender e EJA 9º ano, volume 4, 2ª Ed, Coleção Tempos de Aprender;
- Separar todas as situações que envolvem matemática e contextos cotidianos,
matemáticos, históricos e interdisciplinares;
- Entender como estes contextos são apresentados e se os mesmos colaboram na
significação dos conceitos matemáticos;
- A partir dessa classificação, analisar os dados, considerando os referenciais teóricos:
Spinelli (2011), Vieira (2004), OCEM (2006), PCN EJA (2002), e outros, no sentido de
analisar a partir dos diferentes contextos intradisciplinares, interdisciplinares, históricos
e cotidianos.
Porém, na busca de novos métodos para ensinar é preciso tomar alguns cuidados
para não correr o risco de banalizar a aprendizagem. A contextualização precisa ser
considerada de maneira coerente, ou seja, o contexto em si deve ter um objetivo, uma
perspectiva de pesquisa, para se alcançar alguma construção de conceitos
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Seguindo essa perspectiva, pretendo identificar e compreender como são
propostas as situações matemáticas nos livros Didáticos de 8º e 9º anos do Ensino
Fundamental da EJA.
Fonte: Livro Didático Tempo de Aprender, 8º do Ensino Fundamental, IBEP, 2009, p. 95.
Uma outra situação que estamos considerando apresenta um texto sobre taxa de
homicídio, este possibilita trabalhar matemática e outras áreas de conhecimento, o que
configura contextos interdisciplinares. Isso está visível na Figura 2.
Fonte: Livro Didático Tempo de Aprender, 8º do Ensino Fundamental, IBEP, 2009, p. 133
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Ao analisarmos a Figura 2 é possível identificar uma situação que permite
trabalhar utilizando o principio interdisciplinar, assim sendo, ilustra o que foi
apresentado acima, na revisão bibliográfica sobre a Resolução nº 2, de janeiro de 2012,
a qual traz que a interdisciplinaridade e a contextualização devem permitir a
transversalidade do conhecimento entre diferentes áreas do conhecimento. Nessa figura,
considera-se um gráfico, o qual possibilita trabalhar interpretação gráfica e estatística.
Através desta situação interdisciplinar o professor trabalha os conceitos matemáticos
envolvendo outras áreas do conhecimento, evitando a fragmentação dos conteúdos, ou
seja, permite trabalhar conceitos de mais de uma disciplina com o mesmo tema. Isto está
claro em Spinelli (2011, p. 91) ao considerar que “[a] interdisciplinaridade é, neste
contexto, a conferência na qual se aglutinam os agentes que buscam uma visão sintética
e unificadora do conhecimento, vencendo, desta maneira, a fragmentação disciplinar”.
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Fonte: Livro Didático Tempo de Aprender, 8º do Ensino Fundamental, IBEP, 2009, p.101
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partir do momento que ocorre a descontextualização. Quanto a isso Soldera (2013) nos
traz que:
Como relação aos contextos históricos, eles aparecem apenas uma vez no
referido livro, em que o autor traz um pouco da história de Tales de Mileto, conforme a
figura 4.
Fonte: Livro Didático Tempo de Aprender, 8º do Ensino Fundamental, IBEP, 2009, p. 153.
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Ao olhar para as situações históricas, é possível perceber que as mesmas são de
extrema importância para a construção do conhecimento, pois possibilitam ao aluno
perceberem o porquê do surgimento dos conceitos matemáticos, ou seja, ver que os
mesmos surgiram de uma necessidade de entender uma determinada situação. Também
as OCEM (2006) nos colocam que:
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Fonte: Livro Didático Tempo de Aprender, 9º ano do Ensino Fundamental, IBEP, 2009, p. 103
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Fonte: Livro Didático Tempo de Aprender, 9º ano do Ensino Fundamental, IBEP, 2009 p 149-
150.
Neste sentido vale ressaltar que a obra analisada traz a história de maneira
presente nas atividades de ensino, como a figura anterior mesmo nos mostra, pois a
história, muitas vezes, é trazida como uma simples leitura complementar, perdendo o
seu real sentido de promover a discussão do conceito, a exploração dos porquês
aprender determinado conteúdo.
Em relação aos contextos interdisciplinares, os mesmos aparecem em textos, os
quais trazem assuntos que possibilitam trabalhar a matemática e as outras áreas do
conhecimento, conforme consideramos na figura 7.
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Fonte:Livro Didático Tempo de Aprender, 9º ano do Ensino Fundamental, IBEP, 2009, p. 148
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Fonte: Livro Didático Tempo de Aprender, 9º ano do Ensino Fundamental, IBEP, 2009, p. 126-127
Considerações finais
Ao olhar para os documentos oficiais, percebemos que tanto a contextualização
como a interdisciplinaridade são apresentadas como princípios que norteiam o ensino.
Da mesma forma ao analisar os livros didáticos percebemos que os mesmos por serem
de EJA e pertencerem ao PNL-EJA 2011, estão formulados de maneira que o aluno se
depare com situações de ensino próximas aquelas vivenciadas no seu dia a dia,
identificando-se mais com os conteúdos, percebendo o quanto os mesmo estão presentes
no seu cotidiano. Quanto a isto vale ressaltar o que nos dizem os PCN da EJA
A contextualização dos temas matemáticos é outro aspecto que vem sendo
amplamente discutido. Trata-se de apresentá-los em uma ou mais situações em que
façam sentido para os alunos, por meio de conexões com questões do cotidiano dos
alunos, com problemas ligados a outras áreas do conhecimento, ou ainda por
conexões entre os próprios temas matemáticos (algébricos, geométricos, métricos etc.)
(BRASIL. 2002, p. 16).
Neste sentido, esta investigação foi desenvolvido com o intuito de entender
como são propostas as situações matemáticas nos livros didáticos de 8º e 9º anos do
ensino fundamental. Então, em relação ao livro do 8º ano, os contextos que mais se
destacam são os interdisciplinares e cotidianos, pois eles se fazem mais presentes nas
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situações de ensino propostas no livro. Desta forma os contextos históricos, que
destacam a base, o porquê do surgimento de um determinado conteúdo e os contextos
intradisciplinares que proporcionam o ato de contextualizar/descontextualizar para que
o aluno realmente chegue ao conhecimento almejado, aparecem de maneira sucinta.
Já no livro de 9° ano, os contextos (interdisciplinar, cotidiano, histórico e
intradisciplinar) aparecem de forma mais unificada, ou seja, um vem dando apoio para o
outro, isto pode ser constatado na situação em que o autor explora o volume dos sólidos.
Parece que este livro é formulado de maneira mais condizente ao que traz Vieira (2004),
ao abordar sobre grupos que compõem as situações matemáticas, considerando o
primeiro as que trazem situações cotidianas e interdisciplinares, o segundo as situações
históricas e o terceiro a contextualização interna à própria matemática.
Referências
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