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Aula 03

Noções de Direito Processual Penal p/ PRF - Policial - 2016 (com videoaulas)

Professor: Renan Araujo


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AULA 03: JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

SUMÁRIO

1. JURISDIÇÃO ................................................................................................ 3
1.1. Conceito ................................................................................................... 3
1.2. Características da Jurisdição .................................................................... 3
1.2.1. Inércia .................................................................................................... 3
1.2.2. Caráter substitutivo .................................................................................. 5
1.2.3. Definitividade........................................................................................... 5
1.3. Princípios da Jurisdição ............................................................................ 5
1.3.1. Investidura .............................................................................................. 5
1.3.2. Indelegabilidade ....................................................................................... 6
1.3.3. Inevitabilidade da jurisdição....................................................................... 6
1.3.4. Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) ...................................... 6
1.3.5. Princípio do Juiz natural ............................................................................ 7
1.3.6. Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) ........................................ 7
1.4. Espécies de Jurisdição .............................................................................. 7
2. DA COMPETÊNCIA ....................................................................................... 8
2.1. Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou competência de
Jurisdição ou competência de Justiça. ............................................................... 9
2.2. Competência em razão da pessoa (ratione personae) ............................ 12
2.3. Competência Territorial (ratione loci) .................................................... 14
2.3.1. Em razão do local da infração................................................................... 14
2.3.2. Em razão do domicílio do réu ................................................................... 17
2.4. Da Conexão e da Continência ................................................................. 17
2.5. Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência pela
conexão ou continência ................................................................................... 20
2.6. Separação de processos em hipóteses de conexão e continência ........... 21
2.7. Competência penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juízes Federais e dos
Juizados Especiais Criminais Federais ............................................................. 24
2.7.1. Da competência criminal do STF ............................................................... 24
2.7.2. Competência Criminal do STJ ................................................................... 29
2.7.3. Competência Criminal da Justiça Federal (Juízes, TRFs e Juizados Especiais
Federais) ........................................................................................................... 31
2.7.4. Pontos polêmicos ................................................................................... 35
2.8. Tópicos jurisprudenciais relevantes ....................................................... 36
3. EXERCÍCIOS DA AULA ............................................................................... 39

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4. QUESTÕES COMENTADAS .......................................................................... 47
5. GABARITO ................................................................................................. 72

Olá, meus amigos!

Hoje vamos estudar um tema MUITO relevante, que costuma ser


muito cobrado em provas de concursos públicos, que é a competência.
Antes, daremos uma passada pela Jurisdição, pois é fundamental para a
perfeita compreensão da competência no processo penal.

Bons estudos!

Prof. Renan Araujo

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1. JURISDIÇÃO
1.1. Conceito
O Estado, enquanto poder soberano, exerce três grandes funções:
Administrativa, legislativa e jurisdicional. A primeira é exercida pelo
Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo Judiciário. Nas
aulas de Direito Constitucional vocês verão que, na verdade, cada um
dos Poderes da República exerce primordialmente uma função, e
não exclusivamente. Entretanto, para o nosso estudo, basta que vocês
saibam isso.
Dentre estas funções, como eu disse acima, ao Judiciário cabe a
função jurisdicional. Mas em que consiste a função jurisdicional? Para
entendermos, vamos à etimologia da palavra.
Jurisdição deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O
DIREITO. Partindo desta premissa, podemos conceituar a Jurisdição
como:
A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a
um caso concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo
é sanar uma crise jurídica e trazer a paz social.

A finalidade da jurisdição, ou seu escopo, é trazer a paz social.


Entretanto, essa é sua finalidade social. Ela possui, ainda, pelo menos
duas outras finalidades.
A jurisdição possui um escopo jurídico, que é resolver o imbróglio
jurídico que perdura, dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo
o sistema jurídico vigente. O fortalecimento do senso de democracia
participativa também se insere nesse escopo da jurisdição, quando
falamos, por exemplo, da Ação Popular (que também possui previsão
para o a seara penal).
Possui também, uma finalidade política, que é a de fortalecer a
imagem do Estado como entidade soberana, que tem o poder de
dizer quem está certo e fazer valer essa decisão.
Por fim, a jurisdição possui um escopo educacional ou
pedagógico, que, no processo penal, tem por finalidade transmitir à
população a aplicação prática do Direito, fazendo com que a população se
torne cada vez mais consciente daquelas condutas que são penalmente
tuteladas (parte da Doutrina entende como sendo integrante do
escopo social).

1.2. Características da Jurisdição

1.2.1. Inércia

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O Princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se
movimenta, só presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a
parte que alega ter o direito lesado ou ameaçado acioná-lo, requerendo
que exerça seu Poder jurisdicional.
Entretanto, existem exceções. Vocês não precisam saber todas. O
que vocês precisam saber é que há exceções, e isso basta. Uma
delas é a possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem provocação),
conceder a ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa
mediante abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654, § 2° do
CPP:
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem
de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre
ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

A jurisdição é inerte por alguns motivos, dentre eles:


Um conflito jurídico pode não ser um conflito social, e não
cabe ao Juiz criar um;
Um Juiz que dá início a um processo, mal ou bem, está a indicar
para qual lado tende a julgar, e isso violaria o princípio da
imparcialidade de Juiz.
Assim, não pode um Juiz dar início a um processo (salvo as
raríssimas exceções legais), sob pena de violação a este princípio da
Jurisdição.1
Depois de ajuizada a ação, e consequentemente, provocado o
Judiciário, a inércia da jurisdição tem fim, e o processo é conduzido por
impulso oficial (sem que haja necessidade de provocação das partes).
Entretanto, embora não haja necessidade de provocação das partes
para que o processo tramite, em algumas situações, o
desenvolvimento dependerá da colaboração das partes. Tanto é
que a inércia do querelante, nas ações penais privadas, por determinado
lapso temporal, gera o fenômeno da perempção, já estudado.
Fato é que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o
trâmite do processo, após a movimentação do Estado-Juiz, a parte
SEMPRE TERÁ UMA SENTENÇA. Entretanto, a simples provocação do

1
Um Juiz não pode dar início a um processo sem que haja provocação, nem julgar um
pedido que não foi feito, porque isso seria uma burla ao princípio da inércia.
Suponhamos que Pedro tenha sido denunciado pela prática de um crime de homicídio.
Não pode o Juiz, valendo-se da denúncia oferecida, condená-lo, ainda, por um roubo
cometido em outro momento, e que não fora objeto da denúncia, SIMPLESMENTE
PORQUE ISSO NÃO FOI OBJETO DA AÇÃO. Isso é o que se chama de princípio da
adstrição, ou congruência, que é um dos corolários da inércia da jurisdição.

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Estado-Juiz não garante ao autor uma SENTENÇA DE MÉRITO (Mais à
frente estudaremos as diferenças entre ambas).

1.2.2. Caráter substitutivo


Diz-se que a jurisdição possui caráter substitutivo porque a vontade
do Estado (vontade da lei) substitui a vontade das partes. Entretanto,
nem sempre isso ocorre, visto que, como já dissemos, existem ações em
que a vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional não substituirá a
das partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por
homicídio em face de B. A, no entanto, concorda com a punição e a
reconhece como merecida e justa, não se importando em ser preso, pois
matara o assassino de seu irmão.

1.2.3. Definitividade
Como o próprio nome indica, meus caros alunos, a jurisdição é
dotada de definitividade, ou seja, em um dado momento, a decisão
prestada pelo Estado-Juiz será definitiva, imodificável.
Claro que essa definitividade só ocorrerá se a demanda for apreciada
no mérito. Se estivermos diante de uma sentença meramente terminativa
(que não aprecia o mérito da demanda), esta não fará coisa julgada
material, logo, a tutela jurisdicional prestada não será definitiva. POR
ISSO SE DIZ QUE AS SENTENÇAS DE MÉRITO SÃO DEFINITIVAS.
Entretanto, alguns doutrinadores entendem que no caso de não haver
sentença de mérito, NÃO HÁ JURISDIÇÃO!

CUIDADO! Nos processos em que há sentença condenatória, esta


nunca faz coisa julgada material, pois, a qualquer tempo, pode ser
promovida a revisão criminal, desde que preenchidos alguns
requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP.

1.3. Princípios da Jurisdição

1.3.1. Investidura
Para se exercer a Jurisdição, deve-se estar investido do Poder
jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado, ele é quem
delega esse Poder aos seus agentes. Essa delegação do Poder
jurisdicional se dá através da posse no cargo de magistrado, que, no
Brasil, pode ser por concurso público (art. 93, I da CF/88), ou pelo
quinto constitucional (art. 94 da CF/88).

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1.3.2. Indelegabilidade
Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem
delegá-lo a terceiros. Possui duas vertentes: Externa e Interna.
Na sua vertente externa, significa que não pode o Poder Judiciário
(a quem a CF/88 conferiu a função jurisdicional) delegá-la a outros órgãos
ou a outro Poder.
Na vertente interna, significa que, após fixadas as regras de
competência para julgamento de um processo, não pode um órgão do
Judiciário delegar sua função para outro órgão jurisdicional.

1.3.3. Inevitabilidade da jurisdição


Esse princípio é aplicado em dois momentos distintos. Um é a
vinculação obrigatória ao processo, e o outro é a vinculação obrigatória
aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição).
No primeiro caso, obrigatória ou não a utilização do Poder Judiciário
(a depender do tipo de ação penal), iniciado o processo, as partes estão
vinculadas à relação processual. No caso do réu, em momento algum ele
teve opção.
No segundo caso, após obrigatoriamente vinculados a participar do
processo, estes sujeitos estão obrigados a suportar a decisão (tutela
jurisdicional), gostem ou não. Esse estado de sujeição torna os efeitos da
jurisdição inevitável para as partes envolvidas.

1.3.4. Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade)


Estabelece a constituição, em seu art. 5°, inciso xxxv, que:
Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;

Esse princípio também possui duas vertentes. A primeira refere-se


à possibilidade que todo cidadão tem, de levar à apreciação do
Poder Judiciário uma demanda (nos casos de a demanda ser uma
ação penal, somente os legitimados podem oferecê-la), e de ter a
prestação de uma tutela jurisdicional (Isso não garante uma sentença de
mérito, lembre-se!). A segunda vertente é a de que o processo deve
garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa, na visão de que
o Estado só cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o
interesse da parte.
Assim, se o Judiciário demora 15 anos para julgar um processo
criminal, não está oferecendo à sociedade uma ordem jurídica justa.
Quando nos referimos ao acesso à ordem jurídica justa,
especificamente no processo penal, estamos falando em acesso à
tutela jurisdicional adequada, que se materializa através:
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! Do acesso ao processo – Minimizando-se os obstáculos à
propositura da demanda (principalmente quando estivermos
tratando de ação penal privada).
! Defesa Satisfatória dos hipossuficientes no processo –
Notadamente com a ampliação e fortalecimento da Defensoria
Pública.
! Eficácia da tutela – Com o desenvolvimento das medidas
cautelares assecuratórias, a razoável duração do processo e
fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer valer a
decisão.

1.3.5. Princípio do Juiz natural


Esse princípio visa a evitar que a parte escolha o magistrado
que irá julgar a sua causa ou, sob a ótica inversa, que o Estado
determine quem será o Juiz de uma causa após a propositura desta,
conforme já vimos na aula 00.

1.3.6. Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade)


Significa que a Jurisdição possui um limite territorial. Esse limite é o
território brasileiro, as fronteiras onde o país exerce seu poder soberano.
Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDIÇÃO EM TODO
TERRITÓRIO NACIONAL. Entretanto, por questão de organização
funcional, a competência de cada (forma pela qual exercerá seu poder
jurisdicional) é delimitada de várias formas. Falaremos mais no tópico
sobre COMPETÊNCIA.
Assim, se uma questão afirmar que quando um Juiz de São Paulo
solicita a outro, do Rio de Janeiro, a prática de um ato processual (carta
precatória) porque não tem jurisdição no Rio de Janeiro, está ERRADA! O
Juiz de São Paulo tem jurisdição em todo o território nacional, o que ele
não tem é competência fora de sua base territorial.

1.4. Espécies de Jurisdição


A doutrina enumera várias espécies de “jurisdições”, baseada nos
mais diversos critérios. Entretanto, apenas duas nos serão úteis:
! Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo
órgão que atua no processo desde o início. Já a superior é
exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais podem
atuar TANTO COMO JURISDIÇÃO INFERIOR COMO
SUPERIOR, a depender da demanda, pois existem demandas
cuja competência originária para processo e julgamento é dos
Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de
foro.

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! Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial, no
processo penal, é formada pelas 02 “Justiças especiais”
estabelecidas na Constituição, em razão da matéria: Justiça
Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). Já a
jurisdição comum é exercida residualmente. Tudo que não
for jurisdição especial será jurisdição comum, que se divide em
estadual e federal. OBS: A Justiça do trabalho não possui
competência criminal.

2. DA COMPETÊNCIA
Conforme estudamos, a Jurisdição é o Poder conferido ao Estado,
para através dos órgãos Jurisdicionais, dizer, no caso concreto, quem tem
o Direito.
A Competência, por sua vez, é a medida da Jurisdição, ou,
para outros, o limite da Jurisdição.
Trocando em miúdos, a Competência é o conjunto de regras que
estabelecem os limites em que cada Juiz pode exercer, de maneira
válida, o seu Poder Jurisdicional.2
A Competência pode ser de três ordens:
• Competência em razão da matéria (ratione materiae) – É
aquela definida com base no fato a ser julgado.
• Competência em razão da pessoa (ratione personae) – É
definida tendo por base determinadas condições relativas às
pessoas que se encontram no polo passivo do processo criminal
(os acusados).
• Competência territorial (ratione loci) – Considera o local
onde ocorreu a infração (ou outros critérios territoriais) para
que seja definida a competência.

O CPP, no entanto, em seu art. 69, traz sete critérios para a


fixação da competência:
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.


NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição.
Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 205

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Porém, doutrinariamente, entende-se que somente os itens I, II,
III, e VII são verdadeiros critérios de fixação de competência
criminal. Os demais itens são critérios utilizados para
consolidação da competência após a ocorrência do fato a ser julgado,
em razão da existência de mais de um órgão jurisdicional previamente
competente para julgar o caso. Estes critérios de consolidação da
competência também são chamados de critérios de modificação da
competência.
Vamos estudar, desta forma, cada uma das espécies de competência.

2.1. Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou


competência de Jurisdição ou competência de Justiça.
Embora os termos “competência de jurisdição” e “competência de
Justiça” não me agradem, eles são usados por alguns doutrinadores,
portanto, vocês devem conhecer estes termos.
Esta espécie de competência é a primeira que deve ser analisada
para que possamos, no caso concreto, definir qual o órgão Jurisdicional é
competente para julgar o processo.
Esta espécie leva em consideração a natureza do fato criminoso para
definir qual a “Justiça” competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar,
etc.).
Assim, a competência em razão da matéria se divide da seguinte
forma:
COMPETÊNCIA
CRIMINAL EM
RAZÃO DA
MATÉRIA

JUSTIÇA JUSTIÇA
COMUM ESPECIAL

FEDERAL ESTADUAL ELEITORAL MILITAR

Assim, existem basicamente duas ordens de competência criminal


em razão da matéria: Comum e especial. A Justiça comum se divide
em Federal e Estadual. Já a Justiça Especial se divide em Eleitoral
e Militar.
Desta maneira, o primeiro passo na fixação da competência é definir
à qual “Justiça” cabe julgar o fato.

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A Justiça Especial (Eleitoral e Militar) julga somente os crimes que
sejam eleitorais e militares. Todos os outros crimes são de competência
da Justiça Comum. Dizemos, assim, que a Justiça comum possui
competência residual.
Mas como saber quando um crime será julgado pela Justiça
Comum Federal e quando será julgado pela Justiça Comum
Estadual? Nesses casos, somente será competente a Justiça Comum
Federal se estivermos diante de uma das hipóteses previstas no
art. 109 da Constituição:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça
Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e
Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado
estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando,
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste
artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados
por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando
o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais
federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a
execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira,
após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a
respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária
onde tiver domicílio a outra parte.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção
judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato
ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda,
no Distrito Federal.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio
dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de

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previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara
do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que
outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para
o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-
Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Todas as causas que não se enquadrem na competência da Justiça


Comum Federal, serão de competência da Justiça Comum Estadual.
Assim, a Justiça comum estadual possui competência duplamente
residual: 1) primeiro, é residual porque a Justiça Comum é residual em
relação à Justiça Especial; 2) é residual em relação à Justiça Comum
Federal.
Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele “passa
batido” pela definição da competência em razão da matéria (que ele
chama de “natureza da infração”), limitando-se a dizer que esta será
definida conforme as Leis de Organização Judiciária. Por “Leis de
Organização Judiciária” entenda-se, atualmente, “Constituição Federal”,
pois quando do advento do CPP (1941), a definição destas normas era
mera questão de organização judiciária, e não uma questão de índole
constitucional como hoje.
No entanto, o CPP trata de uma hipótese de competência em razão
da natureza da infração: A competência do Tribunal do Júri. Nos
termos do art. 74 do CPP:
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts.
121, §§ 1o e 2o, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código
Penal, consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para
infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se
mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua
competência prorrogada.
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à
competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente
caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o).

A competência do Tribunal do Júri está prevista, ainda, na


própria Constituição Federal, em seu art. 5°, XXXVIII, d:

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 11 () 23


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(&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,−
%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a
lei, assegurados:
(...)
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes são os


previstos no capítulo I do Título I da parte especial do CP,
compreendendo os crimes de homicídio, instigação ou induzimento
ao suicídio, infanticídio e aborto3.
Com relação a estes crimes, entende-se que a Constituição
estabeleceu uma cláusula pétrea, ou seja, cláusula que não pode ser
modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina entende que as
hipóteses de competência do Tribunal do Júri podem ser ampliadas, mas
nunca reduzidas!

2.2. Competência em razão da pessoa (ratione personae)


Após definida qual “Justiça” irá julgar o processo, devemos definir a
competência do órgão Jurisdicional verificando as condições pessoais dos
acusados.
Em regra, os processos criminais são julgados pelos órgãos
jurisdicionais mais baixos, inferiores, quais sejam, os Juízes de primeiro
grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados casos, considerando
a presença de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que
essa competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a
chamada prerrogativa de função (vulgarmente conhecida como
“foro privilegiado”).
EXEMPLO: O art. 96, III da Constituição Federal estabelece que cabe
aos Tribunais de Justiça dos Estados e do DF, julgar os Juízes estaduais
de primeiro grau, bem como os membros do MP que atuem na primeira
instância, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (hipótese
na qual serão julgados pelo TRE local):
Art. 96. Compete privativamente:
(...)
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

Existem inúmeras outras hipóteses previstas na Constituição Federal,


nas quais há prerrogativa de foro em razão da função exercida pelo

3
Existem, ainda, crimes dolosos contra a vida previstos, por exemplo, na Lei de
Genocídio (Lei 2.889/56). Neste caso, a competência também será do Tribunal do Júri
(STF, RE 351.487/RR).

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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
acusado. Para facilitar a compreensão de vocês, reuni estas hipóteses no
quadro abaixo:
TRIBUNAL DESTINATÁRIO DA NORMA EMBASAMENTO
COMPETENTE CONSTITUCIONAL DE CONSTITUCIONAL
COMPETÊNCIA

3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+


#+)6/∋)(%∃2∃∗(∗+9 ∀#∃%&∋ &∋()∗#)+∋ ≅.(> ΑΒ7 ΧΧΧ7 ∗) ∆Ε
& ∗, −+∋(.+(, ∗, /+0+∋(1.+, 2345+6,7 0,∋
∀#∃%&∋(∃) ∗+ 6.+8&∋ 6,8#0∋ & ∗& .&∋9,0∋)4+5+∗)∗&7
,&)−∃.( .&∋∋)5:)∗) ) 6,89&(;06+) ∗) ∀#∋(+<)
+)−(∗&(∃) + ∗/ =5&+(,.)5>?
0∃)−#∃−/ 1+∗+#(2
3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+
#+)6/∋)(%∃2∃∗(∗+9 2.&Φ&+(, ≅.(> ΗΑ7 Ι7 ∗) ∆Ε
/#0+6+9)5>Γ

TRIBUNAL 0:;∀3<=∀>?3≅ 0= <≅?Α= EMBASAMENTO


COMPETENTE Β≅<;∀3∀ΧΒ3≅<=∆ 0: CONSTITUCIONAL
Β≅ΑΕ:∀Φ<Β3=
3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+
#+)6/∋)(%∃2∃∗(∗+9 ∀#∃%&∋ Φ&∗&.)+∋
∗) ϑ.&) ∗& ∋#) Κ#.+∋∗+<Λ,7 +065#∃∗,∋ ,∋
∗) ∀#∋(+<) /+5+(). & ∗) ∀#∋(+<) ∗,
Μ.)4)5Ν,7 0,∋ 6.+8&∋ 6,8#0∋ & ∗&
∀#∃%&∋(∃) .&∋9,0∋)4+5+∗)∗&7 ,∋ 8&84.,∋ ∗,
/+0+∋(1.+, 2345+6, ∗) Ο0+Λ, Π.&∋∋)5:) )
?+Γ∃/∋(∃)
6,89&(;06+) ∗) ∀#∋(+<) =5&+(,.)5ΘΒ &
1+∗+#(∃) 2.&Φ&+(,∋ /#0+6+9)+∋7 ∋& 9.)(+6).&8 ≅.(> ΣΤΥ7 Χ7 ς)Ω7 ∗) ∆Ε
6.+8&∋ 0) Ρ.4+() Φ&∗&.)5>

;/8+∋−+ ∋() 3∋4#(.5+) 6+∋(∃)


7/8&∋)9 2.&∋+∗&0(& ∗) Ξ&9345+6)7 ,
Ψ+6&Ζ2.&∋+∗&0(&7 ,∋ 8&84.,∋ ∗,
∆,0[.&∋∋, ∴)6+,0)57 ∋&#∋ 9.Ρ9.+,∋ ≅.(> ΣΤΗ7 Χ7 ς4Ω7 ∗) ∆Ε
/+0+∋(.,∋ & , 2.,6#.)∗,.Ζ]&.)5 ∗)
Ξ&9345+6)>

4
Mesmo em se tratando de CRIME FEDERAL, cabe ao TJ o julgamento, e não ao TRF. A
ressalva constitucional é apenas em relação à Justiça ELEITORAL. Ver, por todos,
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 214/215
5
Nos crimes de responsabilidade PRÓPRIOS a competência para julgar o prefeito
municipal é da CÂMARA DE VEREADORES. (STF, RE 192.527/PR, bem como HC 71.991-
1/MG).
6
Em relação aos magistrados e membros do MPF, o TRF a que estão vinculados será
competente, mesmo em se tratando de crime que seria de competência da Justiça
Estadual. Ver, por todos, PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 214

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1+∗+#(2 =∋()∗, & ,∋ ∆,8)0∗)0(&∋ ∗) /).+0Ν)7
∗, =⊥1.6+(, & ∗) ≅&.,0ϑ#(+6)7
.&∋∋)5:)∗, , ∗+∋9,∋(, 0, ).(> ΓΗ7 Χ
Π&∋()4&5&6&0∗, ) 6,89&(;06+) ∗,
_&0)∗, Ε&∗&.)5 9).) Κ#5[). ,∋
6,8)0∗)0(&∋ ∗)∋ Φ,.<)∋ ).8)∗)∋ &8 ≅.(> ΣΤΗ7 Χ7 ς6Ω7 ∗) ∆Ε
6.+8&∋ ∗& .&∋9,0∋)4+5+∗)∗& 6,0&⊥,∋
6,8 ,∋ ∗, 2.&∋+∗&0(& ∗) Ξ&9345+6) &
Ψ+6&Θ7 ,∋ 8&84.,∋ ∗,∋ Μ.+4#0)+∋
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∗( Χ∋∃Η/ + /) 7Ι+4+) ∗+ 8∃))Η/
∗∃62/8ϑ−∃7( ∗+ 7(#ϑ−+# 6+#8(∋+∋−+Κ

;/8+∋−+ ∋() ∃∋4#(.5+) 6+∋(∃)


7/8&∋)9 ],:&.0)∗,.&∋ ∗,∋ =∋()∗,∋ ≅.(> ΣΤΓ7 Χ7 ς)Ω7 ∗) ∆Ε
& ∗, −+∋(.+(, Ε&∗&.)5>

3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+


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−&∋&84).[)∗,.&∋ ∗,∋ Μ.+4#0)+∋ ∗&
∀#∋(+<) ∗,∋ =∋()∗,∋ & ∗, −+∋(.+(,
Ε&∗&.)57 ,∋ 8&84.,∋ ∗,∋ Μ.+4#0)+∋ ∗&
;&6+#∃/#
∆,0()∋ ∗,∋ =∋()∗,∋ & ∗, −+∋(.+(,
∀#∃%&∋(2 ∗+ Ε&∗&.)57 ,∋ ∗,∋ Ξ&[+,0)+∋ =5&+(,.)+∋ &
,&)−∃.( ∗, Μ.)4)5Ν,7 ∗,∋ 8&84.,∋ ∗,∋
∆,0∋&5Ν,∋ ,# Μ.+4#0)+∋ ∗& ∆,0()∋ ∗,∋ ≅.(> ΣΤΓ7 Χ7 ς)Ω7 ∗) ∆Ε
/#0+6∃9+,∋ & ,∋ ∗, /+0+∋(1.+, 2345+6,
∗) Ο0+Λ, #& ,Φ+6+&8 9&.)0(& (.+4#0)+∋>

2.3. Competência Territorial (ratione loci)

2.3.1. Em razão do local da infração


A terceira e última fase para a definição da competência para
julgamento de um processo criminal, compreende a análise do local
de ocorrência da infração (ou, em alguns casos, o local do domicílio do
réu), que irá determinar em que base territorial será o processo julgado
(comarca, na Justiça Estadual, e Seção Judiciária, quando for da
competência da Justiça Federal).
Para definirmos a competência territorial devemos,
primeiramente, saber onde o crime foi praticado. Mas, para isso,
precisamos saber qual o critério para definição do “lugar do crime”.
Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do
resultado, considerando-se como local do crime o lugar onde o

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 15 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
resultado se consuma7. A exceção são os crimes plurilocais dolosos
contra a vida, onde se aplica a teoria da atividade.8
Existem ainda alguns regramentos específicos, como nos crimes
de competência dos Juizados Especiais e nos atos infracionais, em que se
aplica a teoria da atividade, e nos crimes falimentares, em que se
considera lugar do crime o local em que foi decretada a falência. Assim:

Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado


Crimes plurilocais dolosos Teoria da atividade
contra a vida
Juizados Especiais Teoria da atividade
Crimes falimentares Local onde foi decretada a
falência
Atos infracionais Teoria da atividade

E se o crime for praticado no exterior e se consumar no


exterior? Ou, ainda, se o crime for praticado a bordo de aeronaves
ou embarcações, mas, por determinação da Lei Penal, estejam
sujeitos à Lei Brasileira? Qual o órgão jurisdicional competente
para julgar estas causas? Existem casos em que, mesmo ocorrendo
fora do território nacional, determinados crimes estão sujeitos à Lei Penal
brasileira, conforme estudamos no curso de Direito Penal. Nesses casos, a

7
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de
execução.

§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a


competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último
ato de execução.

§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado.

§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta
a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de


duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

8
Trata-se de entendimento jurisprudencial consolidado, para facilitar a produção
probatória, na busca pela verdade real. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza.
Op. Cit., p. 209

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 16 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
fixação da competência se dá na capital do estado em que o réu
(acusado), no Brasil, tenha fixado seu último domicílio, ou, caso
nunca tenha sido domiciliado no Brasil, na capital federal.
Nos casos de crimes cometidos a bordo de aeronaves e
embarcações, a competência será fixada no local em que primeiro
aportar ou pousar a embarcação ou aeronave, ou, ainda, no último
local em que tenha aportado ou pousado.9
Mas, e no caso de o crime não se consumar, sendo, portanto,
um crime tentado (art. 14, II do CP)? Nessa hipótese, aplica-se o
disposto art. 70, segunda parte, do CPP, considerando-se como lugar
do crime o local onde ocorreu o último ato de execução.
O § 3° e o art. 71 tratam do fenômeno da prevenção. O que isso
significa? Quando dois ou mais órgãos jurisdicionais são competentes
para apreciar determinada demanda, a competência será fixada naquele
que primeiro atuar no caso. Assim, a competência será fixada naquele
Juízo que primeiro praticar algum ato no processo ou algum ato
pré-processual (prisão pré-processual, por exemplo), relativo ao
processo. Essa é a definição de competência fixada por prevenção.
Nos termos do art. 83 do CPP:
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição
cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da
denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).

Se dois ou mais Juízes, na mesma comarca, forem competentes para


julgar a demanda, a competência será fixada pelo critério da
distribuição, ou seja, a competência será fixada naquele órgão

9
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente
o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca
tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.

Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da


República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais,
em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em
que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em
que houver tocado.

Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo
correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave
estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão
processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso
após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.

Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos
arts. 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção. (Redação dada pela Lei nº
4.893, de 9.12.1965)

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 17 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
jurisdicional ao qual fora distribuída a ação penal. Nos termos do art. 75
do CPP:
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na
mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente
competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança
ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à
denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.

Entretanto, conforme disse a vocês, tanto o critério da prevenção


quanto o critério da distribuição não passam de critérios de
consolidação da competência territorial, pois a competência daquele
Juiz já existia antes da prevenção ou distribuição, tendo apenas se
consolidado quando da ocorrência de um destes fenômenos.

2.3.2. Em razão do domicílio do réu


Existem casos em que a competência territorial poderá ser fixada
levando-se em conta o domicílio do réu. Estas hipóteses estão previstas
nos arts. 72 e 73 do CP:
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á
pelo domicílio ou residência do réu.
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela
prevenção.
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o
foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da
infração.

Gostaria de chamar a atenção de vocês para um fato: O art. 73 fala em


“casos de exclusiva ação privada”. Assim, no caso de ação penal
privada subsidiária da pública, não pode o querelante optar pela
comarca do domicílio do réu em detrimento da comarca do local
da infração, caso este local seja conhecido, pois esta ação não é
exclusivamente privada, mas, na verdade, é pública. Muito cuidado
com isso!!

2.4. Da Conexão e da Continência


A conexão e a continência são fenômenos que importam na
modificação da competência previamente estabelecida.

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A conexão está prevista no art. 76 do CPP:
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao
mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas
contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.

A Doutrina, em sua maioria, classifica a conexão em10:


• Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do
CPP) – Ocorre quando pessoas diversas cometem infrações
diversas no mesmo local, na mesma época, mas desde que não
estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo.
• Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) – Nesta
hipótese não importa o local e o momento da infração, desde
que os agentes tenham atuado em concurso de pessoas.
Assim, exige-se para esta hipótese de conexão que os agentes
tenham agido unidos por um vínculo subjetivo, uma comunhão
de esforços para a prática das infrações penais.
• Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) –
Traduz a hipótese de conexão de infrações praticadas no
mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os agentes praticaram
as infrações uns contra os outros. Exemplo: Dois crimes de
lesões corporais praticados reciprocamente entre fulano e
beltrano.
• Conexão objetiva teleológica (art. 76, II do CPP) – Uma
infração deve ter sido praticada para “facilitar” a outra. Assim,
imaginem que um assassino tenha espancado um vigia para
entrar na casa e assassinar o dono da residência.
• Conexão objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) –
Nesta hipótese uma infração é cometida para ocultar a outra,
ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou garantir a
vantagem da outra infração. Imaginem o caso de alguém que
comete homicídio e, logo após, mata também a única
testemunha, para garantir que ninguém poderá provar sua
culpa, garantindo, assim, a impunidade do fato.
• Conexão instrumental (art. 76, III do CPP) – Exige-se, nesse
caso, que a prova da ocorrência de uma infração e de sua
autoria influencie na caracterização da outra infração. Exemplo
clássico é a conexão entre o crime de furto e de receptação, no

,
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 241/243

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qual a prova da existência do furto, e de sua autoria, influencia
na caracterização do crime de receptação.

A continência, por sua vez, está prevista no art. 77 do CP;


Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o,
53, segunda parte, e 54 do Código Penal.

Os mencionados arts. 51, § 1°, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto


original da parte geral do Código penal, que foi totalmente alterado pela
Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes dispositivos se referem às
hipóteses de concurso formal e suas aplicações no caso de erro na
execução (aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos
arts. 70, 73 e 74 do CP.
Assim, por questões didáticas, a doutrina divide a continência
em:
• Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I do CPP) –
É o caso no qual duas ou mais pessoas são acusadas pela
mesma infração (concurso de pessoas). Diferentemente da
hipótese de conexão, aqui há apenas um fato criminoso, e não
vários.11
• Continência por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art.
70 do CP) – Aqui, mediante uma só conduta, o agente pratica
dois ou mais crimes, sem que tenha tido a intenção de praticá-
los.

As hipóteses de continência e conexão podem ser melhor explicadas


através do gráfico abaixo:

NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 244

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HIPÓTESES DE
MODIFICAÇÃO DA
COMPETÊNCIA

CONEXÃO CONTINÊNCIA

INTERSUBJETIVA OBJETIVA INSTRUMENTAL CUMULAÇÃO EM RAZÃO DE


OU PROBATÓRIA SUBJETIVA CONCURSO FORMAL
DE CRIMES

SIMULTANEIDADE TELEOLÓGICA
OCASIONAL

CONCURSO CONSEQUENCIAL

RECIPROCIDADE

2.5. Regras aplicáveis nos casos de determinação da


competência pela conexão ou continência
O CPP prevê algumas regras que devem ser observadas quando da
consolidação da competência pela conexão ou continência. Nos termos do
seu art. 78:
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão
observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição
comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263,
de 23.2.1948)
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei
nº 263, de 23.2.1948)
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais
grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de
infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação
dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de
maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

Assim, em resumo:
1. Havendo conexão ou continência entre um crime de competência
do Tribunal do Júri e outro crime, de competência do Juiz singular, a
competência deverá ser fixada naquele.

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2. No caso de Jurisdições da mesma categoria, primeiro se utiliza o
critério de fixação da competência territorial com base na local em que
ocorreu o crime que possuir pena mais grave. Se as penas forem
idênticas, utiliza-se o critério do lugar onde ocorreu o maior
número de infrações penais. Caso as penas sejam idênticas e tenha
sido cometido o mesmo número de infrações penais, ou, ainda, em
qualquer outro caso, aplica-se a fixação da competência pela prevenção
(Lembram-se da prevenção, não é?)
3. Se as Jurisdições forrem de graus diferentes (Um Tribunal
Superior e um Juiz singular, por exemplo), a competência será fixada no
órgão de Jurisdição superior.
4. Se houver conexão entre uma causa de competência da Justiça
Comum e outra da Justiça Especial, será fixada a competência nesta. Ex.:
Imaginem um crime eleitoral conexo com um crime comum. Será da
competência da Justiça Eleitoral o julgamento de ambos os processos.
Inclusive, o STF editou o verbete n° 704 da súmula de sua
Jurisprudência, afirmando que a atração de um processo por conexão
ou continência, no caso de correu, por prerrogativa de função do outro
réu, não viola a Constituição:
SÚMULA Nº 704
NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-
RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS DENUNCIADOS.

2.6. Separação de processos em hipóteses de conexão e


continência
Embora a regra seja a de que, havendo conexão ou continência,
todos os processos conexos ou continentes sejam julgados pelo mesmo
órgão jurisdicional, existem algumas exceções, ou seja, existem
casos em que mesmo ocorrendo conexão ou continência, não
haverá reunião de processos.
Estas hipóteses estão previstas no art. 79 do CPP:
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a
algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu
foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art.
461.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações
tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes,
ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a

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prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a
separação.

Vamos analisar as hipóteses isoladamente:


• Concurso entre a Jurisdição comum e militar – A única
ressalva que deve ser feita é a de que, no caso de militar que
comete crime doloso contra a vida de um civil, responde
perante o Tribunal do Júri, e não perante a Justiça Militar, nos
termos do art. 82, § 2° do Código de Processo Penal Militar –
CPPM.
• Concurso entre crime e infração de competência do
Juizado da Infância e da Juventude – Nestas hipóteses (por
exemplo, um crime cometido em concurso de pessoas por um
menor, que responde perante o ECA, e um adulto), não pode
haver reunião de processos.
• Insanidade mental de um dos corréus (art. 152 do CPP) –
Nesse caso, havendo a insanidade mental do correu sido
regularmente apurada em incidente de insanidade mental, os
processos devem ser separados, pois o processo, em relação
ao correu declarado mentalmente insano, será suspenso, nos
termos do art. 152 do CPP. Frise-se que essa insanidade
mental do réu deve ser posterior ao fato criminoso (art. 151 do
CPP).
• Impossibilidade de formação do conselho de sentença no
Tribunal do Júri – Embora o § 2° do art. 79 mencione o “art.
461”, com as alterações promovidas pela Lei 11.689/08, vocês
devem entender como “art. 469, § 1° do CPP”. Este artigo trata
da impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Júri,
formar-se o conselho de sentença (mínimo de sete jurados),
em razão das recusas legalmente permitidas realizadas pelos
advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do
Júri, dois ou mais réus, e sendo diferentes os advogados, as
recusas aos Jurados (Direito de recusar algum jurado)
impossibilitarem a formação do conselho de sentença, o
processo deverá ser desmembrado.
• Separação facultativa quando os fatos criminosos
tenham sido praticados em circunstâncias de tempo e
lugar diferentes, ou o Juiz entender que a reunião de
processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa
ou puder implicar em retardamento do processo (art. 80
do CPP) – O importante é saber que, nestas hipóteses, a
separação dos processos é discricionária, ou seja, o Juiz pode,
ou não, a seu critério, decidir pela separação dos processos.

ATENÇÃO! Existe uma outra hipótese de separação de processos, no

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entendimento jurisprudencial. No caso de CRIMES DOLOSOS contra a
vida praticados em concurso de pessoas, quando um dos
acusados possui foro por prerrogativa de função fixado na
Constituição Federal, ao invés de todos os acusados serem julgados
perante o Tribunal (em razão da prerrogativa de foro de um dos
comparsas), haverá a separação dos processos, de forma que o
detentor de prerrogativa de foro será julgado perante o Tribunal
respectivo e os demais pelo Tribunal do Júri.
EXEMPLO: José e Valter são contratados por Ricardo Albuquerque,
deputado federal, para matarem Lúcio, desafeto de Ricardo. José e Valter
executam o crime. No caso em tela, Ricardo de Albuquerque possui foro
privilegiado (como é deputado federal, a Constituição prevê que cabe ao
STF julgá-lo nos crimes comuns), mas os demais não possuem. Neste
caso, Ricardo será julgado pelo STF e os demais serão julgados pelo
Tribunal do Júri.
Por que, neste caso, não há atração por continência? Não há
porque as regras de continência são infraconstitucionais, e tanto a
competência do Júri quanto a do STF (por prerrogativa de função) estão
previstas na própria Constituição Federal. Assim, normas
infraconstitucionais não podem se sobrepor a normas de índole
constitucional.

O art. 81 trata da hipótese de perpetuação da competência.


Vejamos:
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda
que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a
proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que
não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos
demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão
ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou
absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o
processo ao juízo competente.

O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois


processos (reunidos por conexão ou continência), e no processo de sua
competência originária (e não aquele que lhe foi remetido em razão da
conexão ou continência) ele profere sentença absolutória ou desclassifica
o fato para outro crime, que não seja de sua competência, mesmo assim
ele continua competente para julgar o processo recebido pela
conexão.
O § 1°, por sua vez, estabelece uma exceção à regra. Se houver
reunião de processos para julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo
desclassificação, absolvição sumária ou impronúncia, deverá o Juiz

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remeter o processo conexo ao Juízo competente (que não era o Tribunal
do Júri).12
O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conexão ou
continência, mas terem sido instaurados processos em Juízos diversos, o
Juiz cuja competência é prevalente poderá avocar (trazer para si) o
julgamento dos demais processos, a qualquer tempo, salvo se já houver
sentença definitiva naqueles (já tiverem transitado em julgado). Se já
tiver ocorrido o trânsito em julgado, os processos serão reunidos
posteriormente para fins de execução de pena:
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados
processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os
processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará,
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.

2.7. Competência penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juízes


Federais e dos Juizados Especiais Criminais Federais
Conforme estudamos, a competência nada mais é que uma divisão
funcional para o exercício legítimo da Jurisdição. As normas que definem
a competência estão previstas em diversos diplomas legislativos, dentre
eles, a própria Constituição.
Vamos estudar, mais detalhadamente agora, a competência criminal
de cada um dos órgãos do Judiciário citados:

2.7.1. Da competência criminal do STF


Nos termos da Constituição Federal, compete ao STF julgar:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente,
os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-
Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999)
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas
alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do

12
Isso não ocorrerá se a desclassificação ocorrer apenas no momento da quesitação
formulada aos jurados (art. 492, §1º do CPP).

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Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e
do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o
Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito
Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da
administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator
ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos
diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 22, de 1999)
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária,
facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou
indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros
do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente
interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e
quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer
outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora
for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas
Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores,
ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho
Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o
mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais
Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou
última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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Perceba, meu caro aluno, que a competência criminal do STF,
segundo a constituição, pode ser de duas ordens: Originária e
Recursal.
A competência originária está prevista no inciso I do art. 102, e
engloba as seguintes situações:
• Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o
Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.
• Nas infrações penais comuns e nos crimes de
responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o
disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os
do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente.
• O "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas
referidas nas alíneas anteriores (Presidente, Vice, Membros
do Congresso, Ministros do STF, dos Tribunais Superiores, PGR,
ministros do TCU, Ministros de Estado, Comandantes das
Forças Armadas e chefes de missão diplomática de caráter
permanente).
• O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior
ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de
crime sujeito à mesma jurisdição em uma única
instância.
• A revisão criminal de seus próprios julgados;
• A execução de sentença nas causas de sua competência
originária, facultada a delegação de atribuições para a prática
de atos processuais.

CUIDADO MASTER! O Presidente do Banco Central e o Advogado-Geral


da União possuem status de Ministros de Estado.

Na competência originária o processo criminal começa diretamente


no STF, sem passar antes por qualquer outro órgão do Judiciário.
A competência para a execução dos seus próprios julgados e para
julgar a revisão criminal de seus próprios julgados são competências
lógicas, pois, considerando ser o STF o Tribunal Máximo do país, não faria
sentido submeter a Revisão Criminal, por exemplo, a outro órgão do
Judiciário.

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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
As hipóteses de competência constitucional originária do STF são, na
verdade, TODAS POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO, sendo, portanto,
ratione personae.
A primeira hipótese trata dos crimes comuns praticados pelo:
" Presidente da República
" Vice-Presidente da República
" Membro do Congresso Nacional
" Ministros do STF
" Procurador-Geral da República

Estas são as cinco “figuras” que possuem prerrogativa de função,


devendo ser julgadas, por crimes comuns, no STF. Mas, e quem as
julga no caso de crimes de responsabilidade? A resposta está no art.
52, I e II da Constituição, que prevê a competência do SENADO
FEDERAL:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos
crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma
natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 23, de 02/09/99)
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros
do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público,
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

A segunda hipótese de competência criminal originária do STF se


refere aos crimes comuns e aos crimes de responsabilidade praticados por
algumas autoridades. Vejamos:

" Ministros de Estado (ressalvado o disposto no art. 52, I)


" Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
(ressalvado o disposto no art. 52, I)
" Membros dos Tribunais Superiores (STM, TST, TSE, STJ)
" Membros do Tribunal de Contas da União
" Chefes de missão diplomática de caráter permanente

Mas o que seria essa ressalva do artigo 52, I da Constituição?


Essa ressalva se refere à possibilidade de o crime de responsabilidade
praticado por qualquer destas pessoas ser CONEXO com um crime de
responsabilidade praticado pelo Presidente ou pelo Vice-Presidente da
República. Neste caso, a competência para julgamento do crime de

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responsabilidade praticado por alguma destas figurinhas não será do STF,
mas do SENADO FEDERAL.
Por fim, há ainda a competência originária do STF para processo e
julgamento das ações de Habeas Corpus. Como são normas que podem
causar confusão, vou explicar através do seguinte gráfico, para que vocês
assimilem a matéria:

Λ,Μ∃,∗
)&#(+∗ ;< =>?

≅ΑΒΧ∆;>∆ Β<Α><Ε Β<Α><Ε <Φ


≅ΑΒΧ∆;>∆ Γ>Α;><
?ΑΗΙ

≅∋∃%∗ϑ∃−&∃Κ Λ∗+∃Κ Μ∃/0∋,% >ΕΧςΦ;ΑΩ =Φ≅∆ΕΧ<Ε =&−/#∃∗(∗+ /&


ϑ, Β,−)∋∃%%,Κ Μ∗−∗%&∋,% ϑ, 4&∋7∃/∋ϑ#∃/ 7&Λ/) (−/)
>ΒΦΚ ϑ,% >∋∗0.−(∗% +)−+Λ(8 )&Λ+∃−/)
=.Ν∃∋∗,∋∃%Κ Μ∗−∗%&∋,% ϑ∃ ∗∃#+−(8+∋−+ Μ
∆%&(ϑ,Κ ≅ΟΕΚ Β,/(−ϑ(−&∃% Λ&#∃)∗∃.Η/ ∗/ ;&6#+8/
ϑ(% ?,∋Π(% Α∋/(ϑ(% ∃ ∀#∃%&∋(2 1+∗+#(2Ν /& )+
ΒΘ∃Ρ∃% ϑ∃ Μ∗%%Σ, −#(−+ ∗+ 7#∃8+ )&Λ+∃−/ Μ
8+)8( Λ&#∃)∗∃.Η/ +8
ϑ∗ΝΤ,/Υ&∗+( ϑ∃ +(∋Υ&∃∋
&8( Ο∋∃7( ∃∋)−Π∋7∃(
Ν∃∋/(−∃−&∃

No Habeas Corpus há três sujeitos:

≅ΑΒΧ∆;>∆ ΞΦ∆Μ ∆=>[ =<?Ε∆;∴< Α


≅ΕΧΛΑ]⊥< ∴Α ΩΧς∆Ε∴Α∴∆

Β<Α><Ε ΞΦ∆Μ ∆=>[ Β<Μ∆>∆;∴< Α


ΧΩ∆ΟΑΩΧ∴Α∴∆

ΧΜ≅∆>ΕΑ;>∆ ΞΦ∆Μ ΑΨΦΧΗΑ < ΖΑς∆Α=


Β<Ε≅Φ=

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Além da competência originária, o STF possui uma competência
criminal recursal, que está prevista no inciso II do art. 102, trazendo as
seguintes hipóteses, nas quais o STF julgará o Recurso Ordinário
interposto:
" Crime político
" Habeas Corpus, quando o decidido em ÚNICA INSTÂNCIA
pelos TRIBUNAIS SUPERIORES

Vejam, portanto, que são apenas duas as hipóteses de competência


criminal mediante Recurso Ordinário.

CUIDADO! Se uma pessoa ajuíza Habeas Corpus perante o STJ, por


exemplo, (em razão de uma ilegalidade praticada por um Tribunal de
Justiça) e a ordem de Habeas Corpus é denegada (Indeferido o pedido),
a pessoa pode optar por:
" Interpor Recurso Ordinário perante o STF (pois o HC foi decidido pelo
Tribunal Superior em única instância); ou
" Ajuizar NOVO HC perante o STF (Pois se entende que o ato do
Tribunal Superior, negando o HC, transforma o Tribunal em
autoridade coatora)13.
Assim, sendo julgado e negado um HC, em única instância por um
Tribunal Superior, pode ser que o STF aprecie a matéria em grau de
recurso (Recurso Ordinário) ou mediante competência originária (Novo
HC).

2.7.2. Competência Criminal do STJ


Nos termos do art. 105 da Constituição Federal:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e,
nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais,
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que
oficiem perante tribunais;


ΒΦΧ∴Α∴<_ . /01 2)3 4)56∋7∋&(8 ∋ 9:%;%<∋7=8 (8 >? 5838 ≅9Α≅:%:9:%28 () 4)594≅8Β ∋9:84%<∋&(8
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b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de
Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do
próprio Tribunal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua
jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da
Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o
disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da
autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de
outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração
direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do
Trabalho e da Justiça Federal;
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às
cartas rogatórias;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo
internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou
domiciliada no País;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei
federal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro
tribunal.

A competência criminal do STJ, tal qual a do STF, também é dividida


em ORIGINÁRIA e RECURSAL.
A competência originária se dará nos seguintes casos, conforme o
quadro abaixo:

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 4: () 23


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>%∗−#1∋ 5(,#−.∀∋( ΨΦΩΟΑ ;<= ΒΕΧΜ∆=
Β<ΜΦ;=

Ficou mais fácil de entender assim?


A competência recursal criminal do STJ, por sua vez, se dá no caso
de Recurso Ordinário em Habeas Corpus, quando a decisão for
proferida em ÚNICA OU ÚLTIMA INSTÂNCIA por Tribunal de Justiça
ou TRF, quando for DENEGATÓRIA A DECISÃO (indeferido o pedido do
HC).

2.7.3. Competência Criminal da Justiça Federal (Juízes, TRFs e


Juizados Especiais Federais)
A competência criminal da Justiça Federal é também definida na
Constituição, possuindo algumas regras de competência ratione
personae e outras de competência ratione materiae. Vejamos:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 41 () 23


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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
(...)
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando,
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste
artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados
por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando
o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de
autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais
federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a
execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira,
após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a
respectiva opção, e à naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.

No caso do inciso IV, temos duas hipóteses:


a) Crimes políticos – Praticados com motivação política (art. 2° da
Lei 7.170/83 – NÃO PRECISA LER A LEI!).
b) Crimes praticados contra bens, interesses e serviços da
União, suas autarquias e empresas públicas – Nesse caso, serão
julgadas pela Justiça Federal (Juízes de primeiro grau) as condutas
delituosas que ofendam a União, suas autarquias ou empresas públicas.
Imaginem um roubo a uma repartição federal, ou um homicídio praticado
contra um agente da Polícia Federal em serviço. Por ofenderem bens
jurídicos da União, serão julgados pela Justiça Federal.
Temos, ainda, as seguintes hipóteses de julgamento de ações penais,
previstas nos incisos V, VI, IX e X:
" Crimes previstos em tratado ou convenção internacional,
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente
" Crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira
" Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada
a competência da Justiça Militar
" Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro;

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 43 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
" Crimes envolvendo disputas sobre direitos indígenas

Em todas estas cinco hipóteses, a competência para julgamento será


da Justiça Federal (em regra, de primeiro grau).
Mas, e quando será competente o TRF? A competência do TRF
está prevista no art. 108 da Constituição:
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e
da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os
membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes
federais da região;
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio
Tribunal ou de juiz federal;
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e
pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua
jurisdição.

O TRF possui, assim como o STF e o STJ, tanto competência


originária quanto recursal.
As hipóteses podem ser explicadas de maneira mais didática através
do quadro abaixo:

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 44 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Β<Μ≅∆>;ΒΧΑ
ΒΕΧΜΧ;ΑΩ ∴<= >Ε?%

Α]α∆= ≅∆;ΑΧ= ≅<Ε ΖΑς∆Α= Β<Ε≅Φ= Ε∆ΛΧ=α∆= ΒΕΧΜΧ;ΑΧ=


ΒΕΧΜ∆= Β<ΜΦ;= ∆ ∴∆ =∆Φ= ΨΦΩΟΑ∴<= ∆
Ε∆ΒΦΕ=ΑΩ
ΒΕΧΜ∆= ∴∆ ∴<= ΨΦΩΟΑ∴<= ∴<=
Ε∆=≅<;=ΑςΧΩΧ∴Α∴∆ ΨΦχΗ∆= ?∆∴∆ΕΑΧ=

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,Χ3Τ 1:0:?=∆

A hipótese do inciso V-A, grifada na cor verde, traz o chamado


“deslocamento de competência”, previsto no §5° do art. 108. Vejamos:
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-
Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Mas o que seria grave violação de direitos humanos? Ninguém


sabe, nem o STJ. Entretanto, a posição que predomina na Jurisprudência
é a de que deve ser analisada a situação no caso concreto, de forma a se
definir se houve grave violação aos direitos humanos e PREJUÍZO À
IMAGEM EXTERNA DO PAÍS.14
Por fim, a competência criminal dos Juizados Especiais
Federais está explicitada no art. 2° da Lei 10.259/01:

Φ
PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 241/242

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 45 () 23


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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os
feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor
potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação
dada pela Lei nº 11.313, de 2006)

Mas o que seriam as causas de menor potencial ofensivo? As


causas de menor potencial ofensivo são aquelas que se enquadrem nos
requisitos previstos na Lei 9.099/95, que embora trate dos Juizados
Especiais Estaduais, se aplica aos Juizados Federais, de maneira
subsidiária, nos termos do art. 1° da Lei 10.259/01. Vejamos:
Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça
Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o disposto na
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Agora, vejamos quais são os requisitos para que uma infração penal
possa ser considerada uma IMPO (Infração de Menor Potencial Ofensivo),
nos termos do art. 61 da Lei 9.099/95:
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
(Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)

Assim, como a JUSTIÇA FEDERAL NÃO TEM COMPETÊNCIA


PARA JULGAR CONTRAVENÇÕES PENAIS, conforme previsão do art.
109, IV da Constituição, podemos entender que a competência criminal
dos Juizados Especiais Federais Criminais está atrelada aos crimes de
competência da Justiça Federal aos quais a Lei comine pena máxima NÃO
SUPERIOR A DOIS ANOS (Isso inclui dois anos), cumulada ou não com
multa.
Assim, o crime de desacato praticado contra funcionário público
federal, POR EXEMPLO, será da competência do Juizado Especial Federal
Criminal, vejamos:
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão
dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Esta, portanto, é a regra de fixação da competência dos Juizados


Especiais Criminais Federais.

2.7.4. Pontos polêmicos


Reuni no quadrinho abaixo alguns pontos polêmicos que talvez
possam ser objeto de questionamento na prova de vocês:

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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ

" Se houver conflito entre uma competência criminal por prerrogativa


de função (No STF, no STJ ou no TRF, por exemplo), com a
competência criminal do Júri, prevalecerá a competência do
Tribunal, SE A PRERROGATIVA DE FORO FOI PREVISTA NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
" No caso de julgamento de crime político (da competência dos
Juízes Federais de primeiro grau), caso haja recurso, o RECURSO
ORDINÁRIO É DIRETO PARA O STF!
" O STF e o STJ entendem que todo crime que viole os direitos
fundamentais dos Trabalhadores são considerados “crimes contra a
organização do Trabalho”, estejam ou não no capítulo “Dos Crimes
contra a Organização do Trabalho”, previsto no Código Penal.
" O STF e o STJ entendem que a competência para julgamento dos
crimes que versem sobre direitos indígenas só é da Justiça
Federal quando estejam ligados às questões da comunidade
indígena, e não qualquer crime praticado por indígena. Ex.: Um
indígena sai da tribo e vai para a cidade. Lá, furta uma bolsa. Esse
crime nada tem a ver com a comunidade indígena, sua cultura,
terras. Nesse caso, a competência é da Justiça Estadual. Agora
imagine um caso em que há uma chacina praticada por fazendeiros
de uma região, na qual foi dizimada uma população indígena, como
retaliação pela ocupação das terras. Nesse caso, é nítida a
competência da Justiça Federal.

2.8. Tópicos jurisprudenciais relevantes

• Desvio de verbas do SUS – Competência da Justiça FEDERAL


- (...) 1. Segundo o posicionamento do Supremo Tribunal Federal e desta Corte
de Justiça, compete à Justiça Federal processar e julgar as causas relativas ao
desvio de verbas do Sistema Único de Saúde - SUS, independentemente de se
tratar de repasse fundo a fundo ou de convênio, visto que tais recursos estão
sujeitos à fiscalização federal, atraindo a incidência do disposto no art. 109, IV,
da Carta Magna, e na Súmula 208 do STJ.
(...) (AgRg no CC 122.555/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 14/08/2013, DJe 20/08/2013)

• Armazenamento e disseminação de vídeos pornográficos de


crianças e adolescentes – Competência da Justiça Estadual –

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 47 () 23


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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
A Competência da Justiça Federal somente restará caracterizada se
houver violação a interesse ou patrimônio da União, bem como se
restar demonstrada a transnacionalidade do delito: (...) Assim,
não estando evidenciada a transnacionalidade do delito - tendo em vista que a
conduta do investigado, a ser apurada, restringe-se, até agora, à captação e ao
armazenamento de vídeos, de conteúdo pornográfico, ou de cenas de sexo
explícito, envolvendo crianças e adolescentes, nos computadores de duas escolas
-, a competência, in casu, é da Justiça Estadual. (...) (CC 103.011/PR, Rel.
Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/03/2013,
DJe 22/03/2013) -------- “(...) o crime de disseminação de material que
contenha pornografia infantil, art. 241-A, do Estatuto da Criança e do
Adolescente, somente compete à Justiça Federal quando verificado acesso
além das fronteiras nacionais" (STF, RE 612.030 AgR/SC, 1.ª Turma, Rel.
Min. DIAS TOFFOLI, DJe 26/05/2011).”

• Contravenção penal – conexão com crime de competência da


Justiça Federal - Competência da Justiça Estadual –
desmembramento do julgamento - (...) 1. Apesar da existência de
conexão entre o crime de contrabando e contravenção penal, mostra-se inviável
a reunião de julgamentos das infrações penais perante o mesmo Juízo, uma vez
que a Constituição Federal expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, a
competência da Justiça Federal para o julgamento das contravenções penais,
ainda que praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União.
Súmula nº 38/STJ. Precedentes.
2. Firmando-se a competência do Juízo Federal para processar e julgar o
crime de contrabando conexo à contravenção penal, impõe-se o
desmembramento do feito, de sorte que a contravenção penal seja
julgada perante o Juízo estadual.
(...)
(CC 120.406/RJ, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
12/12/2012, DJe 01/02/2013)
• Documento falso emitido por órgão estadual – apresentação
perante autoridade federal – competência da Justiça Federal
“(...) 1.- O uso de Carteira Nacional de Habilitação falsa perante autoridade da
Polícia Rodoviária Federal lesa serviço da União.
Precedentes.
2.- É irrelevante para determinar a competência do Juízo no crime de
uso de documento falso a qualificação do órgão expedidor do documento
público pois o critério a ser utilizado se define em razão da entidade ou
do órgão ao qual ele foi apresentado, porquanto são estes que
efetivamente sofrem os prejuízos em seus bens e serviços.
(...)
(CC 115.285/ES, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Rel. p/ Acórdão
Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/08/2014, DJe
09/09/2014)
• Transferência eletrônica fraudulenta entre contas bancárias
– furto mediante fraude – competência do foro do local em
que se situa a conta SUBTRAÍDA – (...) Nos termos do entendimento
da Terceira Seção desta Corte, a subtração de valores de conta-corrente,
mediante transferência fraudulenta para conta de terceiro, sem consentimento

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 42 () 23


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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
da vítima, configura crime de furto mediante fraude, previsto no art. 155, § 4º,
inciso II do Código Penal.
2. É competente o Juízo do lugar da consumação do delito de furto, in
casu, o local em que se situa a conta bancária subtraída. 3. Conflito
conhecido para declarar a competência do Juízo Federal da 5ª Vara de Santos -
SJ/SP, o suscitado.
(CC 131.043/MA, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
08/10/2014, DJe 14/10/2014)
• Tráfico internacional de arma de fogo – transnacionalidade –
competência da Justiça Federal – necessidade de que se
comprove a internacionalidade da conduta – insuficiente
mera alegação de que se trata de produto de origem
estrangeira – (...) Compete à Justiça Federal processar e julgar o delito
previsto no art. 18 da Lei n. 10.826/2003 (CR, art. 109, incs. IV e V). Todavia,
"para a configuração do tráfico internacional de arma de fogo não basta
apenas a procedência estrangeira do armamento ou munição, sendo
necessário que se comprove a internacionalização da ação" (CC
105.933/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe 20/05/2010).
02. Não havendo prova segura de que a munição encontrada na residência do
investigado foi importada, sem autorização da autoridade competente, caberá à
Justiça estadual processar e julgar a ação penal que vier a ser deflagrada em
razão desse fato.
(...) (CC 133.823/PR, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SC), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/10/2014, DJe
15/10/2014)

• Pedido de restituição de bens apreendidos – Competência do


Juízo que determinou a apreensão – (...) Salvo situações
excepcionais, a competência para processar e julgar pedido de
restituição de bens apreendidos, ainda que se trate de dinheiro, é do
Juízo que determinou a apreensão. Prevalece a regra não havendo relação
entre os fatos que determinaram a apreensão do bem (dinheiro) e a instauração
de inquérito policial para apuração de crime contra o sistema financeiro nacional.
02. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara
de Delitos de Drogas e Acidentes de Trânsito de Rio Branco/AC, ora suscitante.
(CC 119.922/AC, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SC), TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/09/2014, DJe
09/10/2014)
• Uso de documento falso – documento emitido por órgão
vinculado à administração federal – apresentação que não
ocorre perante órgão federal – competência da Justiça
Estadual – “(...)1. A apresentação de atestado médico falso, ainda que
supostamente proveniente de órgão da União ou de entidade autárquica ou
empresa pública, com a finalidade exclusiva de justificar falta ao trabalho em
empresa privada, não atrai a competência da Justiça Federal. (...) (CC
119.939/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
em 11/04/2012, DJe 07/05/2012)” -------- “(...) O cometimento de crimes com
uso de documento expedido por órgão vinculado administrativamente à
União não justifica o processamento e julgamento do feito pela Justiça
Comum Federal, quando não há evidência de prejuízo para a União, suas
entidades autárquicas ou empresas públicas. (...) (AgRg no CC 120.166/SP, Rel.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 48 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/11/2012, DJe
07/12/2012)”

Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

3. EXERCÍCIOS DA AULA

01 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


No item abaixo, é apresentada uma situação hipotética concernente à
competência no processo penal, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Sebastião, funcionário público da Secretaria de Saúde, desviou da
repartição municipal a importância de R$ 200.000,00 de que tinha a
posse em razão do cargo, verba proveniente do orçamento da União
Federal, fiscalizada pelo Ministério da Saúde e destinada ao Sistema Único
de Saúde (SUS), mediante o convênio FAE/PNAE com as prefeituras.
Nessa situação, por terem os valores desviados integrado o patrimônio
municipal, caberá à justiça comum processar e julgar Sebastião pelo
crime de peculato.

02 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


No item abaixo, é apresentada uma situação hipotética concernente à
competência no processo penal, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Léa fez uso de histórico escolar e de guia de transferência falsos, de
estabelecimento de ensino superior particular sediado no município de
Goiânia - GO, perante entidade de ensino superior privada com sede em
Brasília - DF, visando, com isso, ao ingresso nesta. Nessa situação, e de
acordo com o entendimento do STF, a competência para processar e
julgar Léa será da justiça federal.

03 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


No item abaixo, é apresentada uma situação hipotética concernente à
competência no processo penal, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Renato, após arrombar a porta e adentrar em uma agência franqueada da
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), de propriedade
privada, subtraiu em proveito próprio a importância de R$ 5.000,00.
Nessa situação, caberá à justiça federal processar e julgar Renato pelo
crime de furto qualificado.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 49 () 23


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04 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)
A respeito das prisões preventiva e temporária, julgue o item a seguir.
Considere a seguinte situação hipotética.
Marina foi denunciada perante a justiça comum pela prática do crime de
peculato, tendo sido decretada a sua prisão preventiva em atendimento a
representação da autoridade policial. Cumprido o mandado de prisão, a ré
foi interrogada, tendo, no prazo da defesa prévia, argüido a
incompetência do juiz - ratione materiae. O juiz acatou a exceção e
remeteu os autos à justiça federal.
Nessa situação, presentes os requisitos legais, o juiz federal deverá
renovar o despacho da custódia cautelar.

05 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


À luz dos direitos penal, processual penal e previdenciário, julgue o item a
seguir.
Compete à justiça federal processar e julgar crime de estelionato
praticado mediante a falsificação de guias de recolhimento de
contribuições previdenciárias, independentemente da ocorrência de lesão
patrimonial à autarquia da previdência social.

06 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


A respeito dos direitos penal, processual penal e constitucional, julgue o
item subseqüente.
Considere a seguinte situação hipotética.
O MP ofereceu denúncia contra um deputado federal pela prática de
infração penal durante o exercício funcional, tendo o STF, antes do
recebimento, solicitado da respectiva Casa Legislativa licença para que
fosse processado. A Câmara dos Deputados não se pronunciou a respeito
do pedido de licença, tendo o mandato do parlamentar expirado.
Nessa situação, como o crime foi perpetrado durante o exercício
funcional, mesmo com a sua cessação prevalece a competência especial
por prerrogativa de função.

07 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Com fulcro nos direitos administrativo, constitucional, penal e processual
penal, julgue o item a seguir.
Compete à justiça federal processar e julgar o crime de porte ilegal de
arma de fogo de procedência estrangeira.

08 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Com fulcro nos direitos administrativo, constitucional, penal e processual
penal, julgue o item a seguir.

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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
No crime de contrabando ou descaminho, a competência para processar e
julgar a ação penal é do juízo federal do local onde foram apreendidos os
objetos introduzidos ilegalmente no país.

09 - (CESPE - 2004 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Acerca do direito processual penal, julgue o item que se segue.
Se um indivíduo praticar crime de estelionato mediante uso de cheque
sem provisão de fundos, a competência para processar e julgar o crime
será do foro do local em que o cheque foi emitido, e não o do local da
recusa ao pagamento.

10 - (CESPE - 2002 - AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)


No item subseqüente, é apresentada uma situação hipotética acerca da
competência no processo penal, seguida de uma assertiva a ser julgada.
Um garimpeiro ceifou a vida de um silvícola no interior de uma reserva
indígena, desferindo-lhe golpes de faca. Nessa situação, como os direitos
dos índios são tutelados pela União, de acordo com a orientação do STJ, a
competência para processar e julgar o garimpeiro será da justiça federal.

11 - (CESPE - 2003 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


A respeito da competência no processo penal, julgue o item.
Compete à justiça federal processar e julgar Contravenção penal
praticada em detrimento de serviços da União.

12 - (CESPE - 2003 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


A respeito da competência no processo penal, julgue o item.
Um indivíduo, mediante grave ameaça exercida com o emprego de um
fuzil, subtraiu do interior de uma agência da Caixa Econômica Federal
vários objetos de propriedade dessa instituição bancária. Nessa situação,
a competência para processar e julgar o crime de roubo será da justiça
federal.

13 - (CESPE - 2002 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


Bosco, funcionário público municipal lotado na secretaria da saúde,
desviou, dela se apropriando, a importância de R$ 150 mil de que tinha a
posse em razão da função, recursos financeiros repassados ao município
por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), fiscalizados
pelo Ministério da Saúde por intermédio de seu sistema de auditoria. Em
face de uma representação perante a Polícia Federal, instaurou-se
inquérito policial para apurar os fatos. Concluídas as investigações, os
autos foram encaminhados à justiça federal, tendo o Ministério Público
Federal (MPF) requerido a sua remessa à justiça comum estadual, no seu
entendimento a competente. Na justiça comum estadual, o órgão do

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 51 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Ministério Público manifestou-se pela incompetência daquele juízo e
suscitou conflito de atribuições.
Com base na situação hipotética apresentada, julgue o item a seguir.
Se os juízes federal e da justiça comum estadual encampassem as
manifestações do procurador da República e do promotor de justiça,
respectivamente, por meio de decisões judiciais, de acordo com a
jurisprudência predominante, o conflito existente seria o de competência.

14 - (CESPE - 2002 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


Bosco, funcionário público municipal lotado na secretaria da saúde,
desviou, dela se apropriando, a importância de R$ 150 mil de que tinha a
posse em razão da função, recursos financeiros repassados ao município
por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), fiscalizados
pelo Ministério da Saúde por intermédio de seu sistema de auditoria. Em
face de uma representação perante a Polícia Federal, instaurou-se
inquérito policial para apurar os fatos. Concluídas as investigações, os
autos foram encaminhados à justiça federal, tendo o Ministério Público
Federal (MPF) requerido a sua remessa à justiça comum estadual, no seu
entendimento a competente. Na justiça comum estadual, o órgão do
Ministério Público manifestou-se pela incompetência daquele juízo e
suscitou conflito de atribuições.
Com base na situação hipotética apresentada, julgue o item a seguir.
Se, após a conclusão do inquérito policial, Bosco tivesse assumido o
mandato de prefeito municipal, a competência para processá-lo e julgá-lo
passaria a ser do tribunal de justiça do estado.

15 - (CESPE - 2002 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
Um vereador praticou um crime de homicídio durante o mandato. Nessa
situação, por ter foro especial por prerrogativa de função, caberá ao
tribunal de justiça a competência para processar e julgar o edil.

16 - (CESPE - 2002 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
Um deputado federal praticou um crime contra a ordem tributária durante
o exercício funcional. Nessa situação, a competência para processar e
julgar o parlamentar será do STF, ainda que o inquérito policial ou a ação
penal sejam iniciados após a cessação do exercício funcional.

17 - (CESPE - 2012 – MPE -TO – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


A respeito de jurisdição e competência, assinale a opção correta.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 53 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
A) Será do tribunal do júri a competência para o processo e o julgamento
de membro do MP acusado de praticar crime doloso contra a vida.
B) No caso de ação penal privada, prevalece, no processo penal, a
competência de foro, sendo preponderante o interesse do querelante
quando se trata da distribuição territorial da competência.
C) Não consubstanciam transgressão ao princípio do juiz natural as regras
que estabelecem a competência originária dos tribunais para o processo e
o julgamento de determinadas pessoas em razão de prerrogativa de
função.
D) A incompetência absoluta do juízo anula somente os atos decisórios,
devendo o processo, quando declarada sua nulidade, ser remetido ao juiz
competente.
E) No caso de delito de competência da justiça comum, a absolvição do
réu por tribunal castrense permite a inauguração, perante o juízo
competente, de nova ação penal pelo mesmo fato.

18 - (CESPE – 2011 – TJ-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
Caso diversas infrações sejam praticadas por diversas pessoas, umas
contra as outras, configurar-se-á conexão intersubjetiva por
reciprocidade.

19 - (CESPE – 2011 – TRE-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
O tribunal de justiça não tem competência para julgar prefeito municipal
pela prática de crime eleitoral.

20 - (CESPE – 2011 – TRE-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
O tribunal do júri é competente para julgar promotor de justiça que
comete crime doloso contra a vida, consumado ou tentado.

21 - (CESPE – 2011 – TRE-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
Conforme entendimento sumulado do STF, quando o foro por prerrogativa
de função for estabelecido exclusivamente pela constituição estadual,
prevalecerá o juízo natural previsto na CF, ou seja, a competência do
tribunal do júri, para os crimes dolosos contra a vida, por exemplo.

22 - (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO)


Admite-se a fixação da competência ratione loci pelo domicílio ou pela
residência do réu quando não for conhecido o lugar da infração ou nos

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 54 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
casos de exclusiva ação privada, em que o querelante poderá preferir o
foro do domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar
da infração.

23 - (CESPE – 2012 – TRE-RJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
A competência será determinada pela prevenção se houver dois ou mais
juízes competentes e um deles tiver antecedido aos outros na prática de
alguma medida relativa ao processo, ainda que em fase anterior ao
oferecimento da denúncia ou da queixa.

24 - (CESPE – 2012 – PC-CE – INSPETOR)


Considere que a agência dos Correios de determinado bairro de Fortaleza
– CE, que funciona em prédio próprio da ECT, tenha sido assaltada por
agentes armados, que roubaram a quantia de R$ 500,00. Nesse caso, a
competência para processar e julgar eventual ação penal será da justiça
federal.

25 - (CESPE – 2012 – PC-CE – INSPETOR)


Considere que um agente tenha sido surpreendido por inspetores civis, na
cidade de Fortaleza – CE, com mercadorias que adentraram no Brasil, por
meio de contrabando, pela cidade de Foz do Iguaçu – PR. Nesse caso, a
competência da justiça federal será determinada pelo local de entrada dos
produtos, e não pelo local da apreensão.

26 - (CESPE – 2013 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL)


Compete à justiça federal processar e julgar a contravenção penal
praticada em detrimento de bens e serviços da União.

27 - (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO)


Em se tratando de ações penais privadas, prevalece, no processo penal, a
competência de foro, com preponderância do interesse do queixoso no
que diz respeito à distribuição territorial da competência.

28 - (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO)


Uma quadrilha, em determinado lapso temporal, realizou, em larga
escala, diversos roubos de cargas e valores transportados por empresas
privadas em inúmeras operações interestaduais, o que ensejou a atuação
da Polícia Federal na coordenação das investigações e a instauração do
competente inquérito policial. Nessa situação hipotética, findo o
procedimento policial, os autos deverão ser remetidos à justiça estadual,

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 55 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
pois a atuação da Polícia Federal não transfere à justiça federal a
competência para processar e julgar o crime.

29 - (CESPE – 2013 – MPU – ANALISTA – DIREITO)


Deputado estadual que pratique crime doloso contra a vida deve ser
julgado, dada a prerrogativa de foro especial, pelo tribunal de justiça do
estado em que tenha sido eleito.

30 - (CESPE – 2013 – TJ-DF – ANALISTA JUDICIÁRIO)


No que se refere a competência, sujeitos processuais, provas, medidas
cautelares e recursos, julgue os itens a seguir.
O querelante pode escolher ajuizar queixa-crime no foro do domicílio do
réu, ainda que conhecido o lugar da infração.

31 - (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ)


Assinale a opção correta em relação a competência, conexão e
continência.
A) Na determinação da competência por conexão ou continência, quando
houver concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá
aquela.
B) A junção dos processos, em decorrência de conexão ou continência, é
absoluta.
C) A competência será determinada pela conexão quando duas ou mais
pessoas forem acusadas pela mesma infração.
D) Caso um deputado federal cometa um crime de corrupção e seu
comparsa, um delito doloso contra a vida, ambos serão processados e
julgados perante o STF.
E) Se um deputado federal cometer um crime doloso contra a vida, ele
terá de ser julgado pelo STF, em detrimento do tribunal do júri.

32 - (CESPE – 2014 – TJ/SE - ANALISTA)


Acerca do inquérito policial, da ação penal e da competência, julgue os
próximos itens.
Em caso de conexão ou continência, é facultativa a separação dos
processos caso os crimes tenham sido cometidos em tempo e lugares
diferentes.

33 - (CESPE – 2011 – PC-ES – DELEGADO DE POLÍCIA)


Em caso de crime continuado e, também, de infração permanente,
praticado em território de duas ou mais jurisdições, a competência
processual penal será definida pela prevenção.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 56 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ

34 - (CESPE – 2010 – DPE-BA – DEFENSOR PÚBLICO)


Júlio e Lauro foram denunciados, em processos distintos, pela prática da
mesma infração penal. Nessa situação, a continência pode ser
reconhecida em qualquer fase da persecução penal, ainda que um dos
processos esteja em sede recursal ou, ainda, na fase de execução penal.

35 - (CESPE – 2010 – PGM-RR – PROCURADOR)


Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência será firmada
pelo domicílio da vítima.

36 - (CESPE – 2010 – PGM-RR – PROCURADOR)


Caso um prefeito municipal cometa crimes contra bens, interesses ou
serviços da União, ele somente poderá ser processado criminalmente
mediante ação penal instaurada no tribunal de justiça do estado.

37 - (CESPE – 2010 – PGM-RR – PROCURADOR)


A competência territorial é relativa; não alegada no momento oportuno,
ocorre a preclusão. Por conseguinte, ela é prorrogável.

38 - (CESPE – 2010 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)


A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz
competente.

39 - (CESPE – 2015 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO)


José foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra Carlos, em
Brasília. A vítima era policial federal e estava investigando crime de
falsificação de moeda que teria sido praticado por José em Goiânia. O juiz
determinou a citação de José por edital, devido ao fato de ele não ter sido
encontrado no endereço que constava dos autos.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
A competência para processar e julgar José será do tribunal do júri
federal do DF.

40 - (CESPE – 2015 – TJ-PB – JUIZ – ADAPTADA)


Em se tratando de crime permanente praticado em território de duas ou
mais jurisdições, a competência será firmada pela residência do réu.

41 - (CESPE – 2015 – TJ-PB – JUIZ – ADAPTADA)

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 57 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
A justiça federal deverá julgar os casos de contravenção praticada em
detrimento de bens, serviços ou interesses da União.

42 - (CESPE – 2015 – TJDFT – JUIZ – ADAPTADA)


Roberto importou do exterior, para venda, grande quantidade de
equipamentos eletroeletrônicos. Ele não declarou esses bens à aduana
brasileira nem recolheu os tributos que seriam devidos. Antes de chegar a
Brasília, destino final, seu voo fez escalas em São Paulo e Goiânia. Nessa
situação, havendo a apreensão da mercadoria em Brasília, competirá à
justiça federal do DF processar e julgar a ação.

4. QUESTÕES COMENTADAS

01 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


No item abaixo, é apresentada uma situação hipotética
concernente à competência no processo penal, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
Sebastião, funcionário público da Secretaria de Saúde, desviou da
repartição municipal a importância de R$ 200.000,00 de que tinha
a posse em razão do cargo, verba proveniente do orçamento da
União Federal, fiscalizada pelo Ministério da Saúde e destinada ao
Sistema Único de Saúde (SUS), mediante o convênio FAE/PNAE
com as prefeituras. Nessa situação, por terem os valores
desviados integrado o patrimônio municipal, caberá à justiça
comum processar e julgar Sebastião pelo crime de peculato.
COMENTÁRIO: A Justiça Federal possui competência para julgar os
crimes cometidos em detrimento do patrimônio da União, suas autarquias
e empresas públicas. Vejamos o art. 109, I da CRFB/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou
empresa pública federal forem interessadas na condição de
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à
Justiça do Trabalho;
No caso em tela, o STF entende que, embora as verbas públicas
pertencessem ao Município, estas verbas foram repassadas pela
UNIÃO ao Município, para que este desenvolvesse atividade
mediante Convênio, ou seja, atividade que seria de competência
da União. Nesse caso, a competência é da JUSTIÇA FEDERAL:
EMENTA: Justiça Federal: competência: julgamento de agente
público municipal por desvio de verbas repassadas pela União
para realizar incumbência privativa da União - a eles delegada

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 52 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
mediante convênio ou não - ou de interesse comum da União e
da respectiva unidade federada, como ocorre em recursos
destinados à assistência social (CF, art. 23, II e X).
(RE 232093, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira
Turma, julgado em 28/03/2000, DJ 28-04-2000 PP-00097
EMENT VOL-01988-06 PP-01251)
Portanto, a afirmativa está ERRADA.

02 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


No item abaixo, é apresentada uma situação hipotética
concernente à competência no processo penal, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
Léa fez uso de histórico escolar e de guia de transferência falsos,
de estabelecimento de ensino superior particular sediado no
município de Goiânia - GO, perante entidade de ensino superior
privada com sede em Brasília - DF, visando, com isso, ao ingresso
nesta. Nessa situação, e de acordo com o entendimento do STF, a
competência para processar e julgar Léa será da justiça federal.
COMENTÁRIO: A Justiça Federal possui competência para julgar os
crimes cometidos em detrimento do patrimônio da União, suas autarquias
e empresas públicas. Vejamos o art. 109, I da CRFB/88:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;
No caso da questão, o STF entende que a falsificação de documentos com
vistas à ingresso em Instituição de Ensino, ainda que particular, atrai a
competência da Justiça Federal, eis que cabe a União fiscalizar as
Instituições de Ensino Superior. Vejamos:
EMENTA: - Recurso extraordinário. Conflito de Competência.
2. É da Justiça Federal a competência para processar e
julgar crime de falsificação de documentos, objetivando
ingresso de aluno em instituição de ensino superior,
embora particular. 3. Crime em detrimento de interesse e
serviço da União Federal. Fiscalização federal em
estabelecimento de ensino superior. 4. Conflito de competência
caracterizado. 5. Recurso extraordinário conhecido, por haver o
acórdão ofendido o art. 109, IV, da Constituição, e provido, para
declarar-se a competência da Justiça Federal.
(RE 193940, Relator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRA, Segunda
Turma, julgado em 17/06/1997, DJ 12-09-1997 PP-43737
EMENT VOL-01882-05 PP-00985)

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 58 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Portanto, a afirmativa está CORRETA.

03 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


No item abaixo, é apresentada uma situação hipotética
concernente à competência no processo penal, seguida de uma
assertiva a ser julgada.
Renato, após arrombar a porta e adentrar em uma agência
franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT),
de propriedade privada, subtraiu em proveito próprio a
importância de R$ 5.000,00. Nessa situação, caberá à justiça
federal processar e julgar Renato pelo crime de furto qualificado.
COMENTÁRIO: A Justiça Federal possui competência para julgar os
crimes cometidos em detrimento do patrimônio da União, suas autarquias
e empresas públicas. Vejamos o art. 109, I da CRFB/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;
Embora os Correios sejam uma empresa púbica federal, a questão deixa
claro que o crime não se deu em detrimento do patrimônio dos Correios,
mas de uma agência fraqueada (franquia) dos Correios, de
PROPRIEDADE PARTICULAR.
Assim, a competência é da Justiça Estadual.
Portanto, a afirmativa está ERRADA.

04 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


A respeito das prisões preventiva e temporária, julgue o item a
seguir.
Considere a seguinte situação hipotética.
Marina foi denunciada perante a justiça comum pela prática do
crime de peculato, tendo sido decretada a sua prisão preventiva
em atendimento a representação da autoridade policial. Cumprido
o mandado de prisão, a ré foi interrogada, tendo, no prazo da
defesa prévia, argüido a incompetência do juiz - ratione materiae.
O juiz acatou a exceção e remeteu os autos à justiça federal.
Nessa situação, presentes os requisitos legais, o juiz federal
deverá renovar o despacho da custódia cautelar.
COMENTÁRIO: Sendo declarada a incompetência do Juízo, os atos
DECISÓRIOS são anulados, nos termos do art. 567 do CPP:

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 59 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo
o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz
competente.
Sendo a decisão de decretação da preventiva um ato decisório, a
declaração de incompetência acarreta a nulidade deste ato, devendo ser
renovado pelo Juiz competente.
Contudo, deve-se levar em conta que atualmente a jurisprudência do
STJ admite que o Juízo competente apenas “ratifique” os atos praticados
pelo Juízo incompetente, não sendo necessário renovar os atos decisórios
(desde que não se refiram ao mérito da causa).
Portanto, a afirmativa está CERTA.

05 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


À luz dos direitos penal, processual penal e previdenciário, julgue
o item a seguir.
Compete à justiça federal processar e julgar crime de estelionato
praticado mediante a falsificação de guias de recolhimento de
contribuições previdenciárias, independentemente da ocorrência
de lesão patrimonial à autarquia da previdência social.
COMENTÁRIO: Para resolver esta questão, basta uma leitura da súmula
107 do STJ:
"Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de
estelionato praticado mediante falsificação das guias de
recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não
ocorrente lesão à autarquia federal".
Desta maneira, é indispensável a ocorrência de lesão à autarquia federal
para que o crime seja de competência da Justiça Federal neste caso.
Portanto, a afirmativa está ERRADA.

06 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


A respeito dos direitos penal, processual penal e constitucional,
julgue o item subseqüente.
Considere a seguinte situação hipotética.
O MP ofereceu denúncia contra um deputado federal pela prática
de infração penal durante o exercício funcional, tendo o STF, antes
do recebimento, solicitado da respectiva Casa Legislativa licença
para que fosse processado. A Câmara dos Deputados não se
pronunciou a respeito do pedido de licença, tendo o mandato do
parlamentar expirado.
Nessa situação, como o crime foi perpetrado durante o exercício
funcional, mesmo com a sua cessação prevalece a competência
especial por prerrogativa de função.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 6: () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
COMENTÁRIO: Uma vez cessado o mandato, cessa a prerrogativa de
foro em razão da função, de forma que a competência deixa de ser do
STF. Vejamos:
EMENTA: Ação Penal. Questão de ordem sobre a competência
desta Corte para prosseguir no processamento dela.
Cancelamento da súmula 394. - Depois de cessado o
exercício da função, não deve manter-se o foro por
prerrogativa de função, porque cessada a investidura a
que essa prerrogativa é inerente, deve esta cessar por
não tê-la estendido mais além a própria
Constituição. Questão de ordem que se resolve no sentido de
se declarar a incompetência desta Corte para prosseguir no
processamento desta ação penal, determinando-se a remessa
dos autos à Justiça comum de primeiro grau do Distrito Federal,
ressalvada a validade dos atos processuais nela já praticados.
(AP 315 QO, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno,
julgado em 25/08/1999, DJ 31-10-2001 PP-00007 EMENT VOL-
02050-01 PP-00009 RTJ VOL-00180-01 PP-00041)
Portanto, não permanece a competência por prerrogativa de função.
Assim, a afirmativa está ERRADA.

07 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Com fulcro nos direitos administrativo, constitucional, penal e
processual penal, julgue o item a seguir.
Compete à justiça federal processar e julgar o crime de porte
ilegal de arma de fogo de procedência estrangeira.
COMENTÁRIO: O fato de a arma ser de procedência estrangeira não
desloca a competência para a Justiça Federal, eis que não se caracteriza,
por si só, prejuízo a bens, interesses ou serviços da União, suas
autarquias ou empresas públicas.
Vejamos esta decisão do STJ:
PROCESSUAL PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA. PROCEDÊNCIA
ESTRANGEIRA. COMPETÊNCIA. JUÍZO ESTADUAL.
- O fato do agente estar portanto arma de origem
estrangeira ou de uso restrito, não afasta a competência
da Justiça Estadual, vez que não traduz a ocorrência de
crime em detrimento de bens, serviços ou interesse da
União, de suas autarquias e empresas públicas.
- Conflito conhecido. Competência do Juízo Estadual, o
suscitado.
(CC 34.546/RS, Rel. Ministro VICENTE LEAL, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 11/09/2002, DJ 21/10/2002, p. 272)
Portanto, a afirmativa está ERRADA.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 61 () 23


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08 - (CESPE - 2002 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)
Com fulcro nos direitos administrativo, constitucional, penal e
processual penal, julgue o item a seguir.
No crime de contrabando ou descaminho, a competência para
processar e julgar a ação penal é do juízo federal do local onde
foram apreendidos os objetos introduzidos ilegalmente no país.
COMENTÁRIO: Esta afirmativa está correta, pois traduz o entendimento
pacificado do STJ.
Vejamos:
PENAL. PROCESSUAL. CONTRABANDO/DESCAMINHO.
COMPETENCIA.
1. O JUIZO FEDERAL COMPETENTE PARA PROCESSAR E
JULGAR ACUSADO DE CRIME DE CONTRABANDO OU
DESCAMINHO E O DO LUGAR ONDE FORAM APREENDIDOS
OS OBJETOS INTRODUZIDOS
ILEGALMENTE NO PAIS.
2. CONFLITO CONHECIDO; COMPETENCIA DO SUSCITADO.
(CC 14.411/PR, Rel. Ministro EDSON VIDIGAL, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 05/10/1995, DJ 13/11/1995, p. 38637)
Portanto, a afirmativa está CORRETA.

09 - (CESPE - 2004 - DPF - DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL)


Acerca do direito processual penal, julgue o item que se segue.
Se um indivíduo praticar crime de estelionato mediante uso de
cheque sem provisão de fundos, a competência para processar e
julgar o crime será do foro do local em que o cheque foi emitido, e
não o do local da recusa ao pagamento.
COMENTÁRIO: A afirmativa está ERRADA, eis que o STF possui
entendimento SUMULADO no sentido de que a competência, neste
caso, é do Juízo do local onde ocorreu a recusa do pagamento.
Vejamos a súmula 521 da Corte Suprema:
O FORO COMPETENTE PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DOS
CRIMES DE ESTELIONATO, SOB A MODALIDADE DA EMISSÃO
DOLOSA DE CHEQUE SEM PROVISÃO DE FUNDOS, É O DO
LOCAL ONDE SE DEU A RECUSA DO PAGAMENTO PELO SACADO.
Portanto, a afirmativa está ERRADA.

10 - (CESPE - 2002 - AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)


No item subseqüente, é apresentada uma situação hipotética
acerca da competência no processo penal, seguida de uma
assertiva a ser julgada.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 63 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Um garimpeiro ceifou a vida de um silvícola no interior de uma
reserva indígena, desferindo-lhe golpes de faca. Nessa situação,
como os direitos dos índios são tutelados pela União, de acordo
com a orientação do STJ, a competência para processar e julgar o
garimpeiro será da justiça federal.
COMENTÁRIO: O STF e o STJ entendem que a competência para
julgamento dos crimes que versem sobre direitos indígenas só é da
Justiça Federal quando estejam ligados às questões da comunidade
indígena, e não qualquer crime praticado por indígena. Ex.: Um indígena
sai da tribo e vai pra cidade. Lá, furta uma bolsa. Esse crime nada tem a
ver com a comunidade indígena, sua cultura, terras. Nesse caso, a
competência é da Justiça Estadual. Agora imagine um caso em que há
uma chacina praticada por fazendeiros de uma região, na qual foi
dizimada uma população indígena, como retaliação pela ocupação das
terras. Nesse caso, é nítida a competência da Justiça Federal.
Vejamos:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INTERESSE PARTICULAR DE
ÍNDIO. NÃO-ENQUADRAMENTO NA HIPÓTESE PREVISTA NOS
ARTS. 109, XI, E 231, CAPUT, DA CF/88. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA COMUM ESTADUAL.
1. Hipótese em que o autor, silvícola, ajuizou individualmente
Ação de Indenização por danos morais contra o Estado do
Amazonas, em razão de uso de força policial na desocupação de
imóvel urbano particular.
2. A Primeira Seção do STJ firmou o entendimento de que,
"nos feitos que envolvem interesses particulares de
silvícola, sem nenhuma repercussão na
comunidade indígena, não é devida a aplicação da
competência prevista no art. 109, XI, da CF/88" (CC
105.045/AM).
3. Conflito de Competência conhecido, declarando-se
competente o Juízo Estadual suscitado para processar e julgar o
feito.
(CC 115.286/AM, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 23/03/2011, DJe 19/04/2011)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

11 - (CESPE - 2003 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


A respeito da competência no processo penal, julgue o item.
Compete à justiça federal processar e julgar Contravenção penal
praticada em detrimento de serviços da União.
COMENTÁRIO: O item está errado, pois a Justiça Federal não possui
competência para processar e julgar contravenções, ainda que praticadas
em detrimento de bens e serviços da União.
Vejamos o que diz o art. 109, IV da Constituição:

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 64 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

12 - (CESPE - 2003 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


A respeito da competência no processo penal, julgue o item.
Um indivíduo, mediante grave ameaça exercida com o emprego de
um fuzil, subtraiu do interior de uma agência da Caixa Econômica
Federal vários objetos de propriedade dessa instituição bancária.
Nessa situação, a competência para processar e julgar o crime de
roubo será da justiça federal.
COMENTÁRIO: O item está CERTO.
De fato, a Justiça Federal possui competência para processar e julgar os
crimes cometidos em prejuízo de bens, serviços e interesses da União,
suas entidades autárquicas e EMPRESAS PÚBLICAS.
Vejamos o que diz o art. 109, IV da Constituição:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Assim, e considerando que a Caixa Econômica Federal é uma empresa
pública federal, a competência nesse caso é da Justiça Federal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.
13 - (CESPE - 2002 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)
Bosco, funcionário público municipal lotado na secretaria da
saúde, desviou, dela se apropriando, a importância de R$ 150 mil
de que tinha a posse em razão da função, recursos financeiros
repassados ao município por meio de convênio com o Sistema
Único de Saúde (SUS), fiscalizados pelo Ministério da Saúde por
intermédio de seu sistema de auditoria. Em face de uma
representação perante a Polícia Federal, instaurou-se inquérito
policial para apurar os fatos. Concluídas as investigações, os autos
foram encaminhados à justiça federal, tendo o Ministério Público
Federal (MPF) requerido a sua remessa à justiça comum estadual,
no seu entendimento a competente. Na justiça comum estadual, o
órgão do Ministério Público manifestou-se pela incompetência
daquele juízo e suscitou conflito de atribuições.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 65 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Com base na situação hipotética apresentada, julgue o item a
seguir.
Se os juízes federal e da justiça comum estadual encampassem as
manifestações do procurador da República e do promotor de
justiça, respectivamente, por meio de decisões judiciais, de
acordo com a jurisprudência predominante, o conflito existente
seria o de competência.
COMENTÁRIO: Quando dois membros do MP entendem que são
incompetentes para atuar em determinado caso, temos um conflito de
atribuição.
Contudo, caso os Juízes perante os quais estes membros atuam
encampem as manifestações dos membros do MP, proferindo decisões
judiciais externando sua incompetência para atuar no caso, o STJ entende
que o conflito deixa de ser de atribuição e passa a ser um conflito de
competência.
Vejamos:

CRIMINAL. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES. PRONUNCIAMENTO


DAS AUTORIDADES JUDICIÁRIAS. CONFIGURAÇÃO DE
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA.
JUSTIÇA FEDERAL E JUSTIÇA ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE
ELEMENTO QUE ATRAIA A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE
INDÍCIOS. PARECER ACOLHIDO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. Evidenciado que as autoridades judiciárias se
pronunciaram a respeito da controvérsia, ainda que
acolhendo as manifestações do Ministério Público Federal
e estadual, configura-se o conflito de competência.
Precedentes.
(...)(CAt .231/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/05/2012, DJe 04/06/2012)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

14 - (CESPE - 2002 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


Bosco, funcionário público municipal lotado na secretaria da
saúde, desviou, dela se apropriando, a importância de R$ 150 mil
de que tinha a posse em razão da função, recursos financeiros
repassados ao município por meio de convênio com o Sistema
Único de Saúde (SUS), fiscalizados pelo Ministério da Saúde por
intermédio de seu sistema de auditoria. Em face de uma
representação perante a Polícia Federal, instaurou-se inquérito
policial para apurar os fatos. Concluídas as investigações, os autos
foram encaminhados à justiça federal, tendo o Ministério Público

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 66 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
Federal (MPF) requerido a sua remessa à justiça comum estadual,
no seu entendimento a competente. Na justiça comum estadual, o
órgão do Ministério Público manifestou-se pela incompetência
daquele juízo e suscitou conflito de atribuições.
Com base na situação hipotética apresentada, julgue o item a
seguir.
Se, após a conclusão do inquérito policial, Bosco tivesse assumido
o mandato de prefeito municipal, a competência para processá-lo
e julgá-lo passaria a ser do tribunal de justiça do estado.
COMENTÁRIO: Considerando que os repasses realizados pelo Governo
Federal tiveram sua aplicação fiscalizada pelo Ministério da Saúde,
através de sistema de auditoria, o STJ entende que a competência, nesse
caso, é da Justiça Federal. Vejamos a súmula 208 do STJ:
COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR PREFEITO
MUNICIPAL POR DESVIO DE VERBA SUJEITA A PRESTAÇÃO DE
CONTAS PERANTE ORGÃO FEDERAL.
Em se tratando de competência da Justiça Federal, a competência para
processar e julgar o prefeito municipal será do Tribunal Regional Federal
da respectiva região.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

15 - (CESPE - 2002 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)


No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética, seguida
de uma assertiva a ser julgada.
Um vereador praticou um crime de homicídio durante o mandato.
Nessa situação, por ter foro especial por prerrogativa de função,
caberá ao tribunal de justiça a competência para processar e
julgar o edil.
COMENTÁRIO: Os vereadores não possuem foro por prerrogativa de
função previsto na CONSTITUIÇÃO FEDERAL (nada impedindo que a
Constituição Estadual preveja isso).
Considerando isto, e considerando que o crime de homicídio é da
competência do Tribunal do Júri, prevista esta competência na
Constituição Federal, art. 5º, XXXVIII, d, nesse aparente conflito de
competências, o STF entende que prevalece a competência do júri.
Vejamos o teor do verbete nº 721 da súmula de jurisprudência dominante
do STF:
"A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre
o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela Constituição estadual"
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

16 - (CESPE - 2002 - AGU – PROCURADOR FEDERAL)

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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética, seguida
de uma assertiva a ser julgada.
Um deputado federal praticou um crime contra a ordem tributária
durante o exercício funcional. Nessa situação, a competência para
processar e julgar o parlamentar será do STF, ainda que o
inquérito policial ou a ação penal sejam iniciados após a cessação
do exercício funcional.
COMENTÁRIO: O STF entende que, uma vez cessado o mandato, a
competência por prerrogativa de função cai por terra, cabendo ao Juiz de
primeira instância processar e julgar o ex-parlamentar, ainda que o crime
tenha sido praticado durante o mandato.
Vejamos:
EMENTA: 1. Agravo regimental em Inquérito. 2. Recurso
interposto contra decisão monocrática que, em face da perda do
mandato de Deputado Federal, reconheceu a incompetência
superveniente do STF para processar e julgar o investigado nos
termos do art. 102 da CF, determinando a baixa dos autos ao
Juízo da 2ª Vara Federal de Mato Grosso. 3. O agravante
sustenta que os atos investigados neste inquérito teriam
ocorrido no Distrito Federal, o que atrairia a competência para
esta Seção Judiciária. 4. Com a perda do mandato eletivo
pelo investigado, querelado ou denunciado, cessa a
competência penal originária do STF para apreciar e
julgar autoridades dotadas de prerrogativa de foro ou de
função. Precedentes do STF. 5. Considerada a perda do
mandato do Deputado Federal investigado, nos termos do art.
76, inciso III, do CPP, o juízo competente para apreciar a
matéria é, em princípio, o da 2ª Vara da Seção Judiciária de
Mato Grosso, sem prejuízo de entendimento diverso daquele
juízo, a quem caberá decidir a respeito, com sujeição aos
recursos cabíveis. 6. Agravo regimental desprovido.
(Inq 2415 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal
Pleno, julgado em 25/06/2009, DJe-157 DIVULG 20-08-2009
PUBLIC 21-08-2009 EMENT VOL-02370-15 PP-03306)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

17 - (CESPE - 2012 – MPE -TO – PROMOTOR DE JUSTIÇA)


A respeito de jurisdição e competência, assinale a opção correta.
A) Será do tribunal do júri a competência para o processo e o
julgamento de membro do MP acusado de praticar crime doloso
contra a vida.
B) No caso de ação penal privada, prevalece, no processo penal, a
competência de foro, sendo preponderante o interesse do
querelante quando se trata da distribuição territorial da
competência.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 62 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
C) Não consubstanciam transgressão ao princípio do juiz natural
as regras que estabelecem a competência originária dos tribunais
para o processo e o julgamento de determinadas pessoas em
razão de prerrogativa de função.
D) A incompetência absoluta do juízo anula somente os atos
decisórios, devendo o processo, quando declarada sua nulidade,
ser remetido ao juiz competente.
E) No caso de delito de competência da justiça comum, a
absolvição do réu por tribunal castrense permite a inauguração,
perante o juízo competente, de nova ação penal pelo mesmo fato.
COMENTÁRIO:
A) ERRADA: Os membros do MP possuem prerrogativa de foro prevista na
Constituição, sendo de competência dos Tribunais de Justiça dos estados
procederem ao processo e julgamento dos membros do MP, nos termos
do art. 96, III da Constituição Federal. Assim, havendo conflito entre foro
por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal e a
competência do Júri, prevalece aquela, segundo entendimento do STF;
B) ERRADA: Cuidado com a pegadinha. Embora o art. 73 do CPP
estabeleça a possibilidade de o querelante escolher o foro do domicílio do
réu, mesmo quando conhecido o lugar da infração, isso não ocorre em
toda ação penal privada, mas apenas na ação penal privada EXCLUSIVA,
ou seja, não inclui a ação penal privada subsidiária da pública. Portanto,
errada!
C) CORRETA: De fato, este é o entendimento adotado pelo STF e também
pelo STJ. Estes Tribunais entendem, ainda, que nem mesmo a atração por
conexão de um processo relativo a outra pessoa, que não possui
prerrogativa de foro, constitui violação ao Juiz Natural. Vejamos:
EMENTA: COMPETÊNCIA CRIMINAL. Ação penal. Membro do Ministério Público
estadual. Condição de co-réu. Conexão da acusação com fatos imputados a
desembargador. Pretensão de ser julgado perante o Tribunal de Justiça.
Inadmissibilidade. Prerrogativa de foro. Irrenunciabilidade. Ofensa às
garantias do juiz natural e da ampla defesa, elementares do devido processo
legal. Inexistência. Feito da competência do Superior Tribunal de Justiça. HC
denegado. Aplicação da súmula 704. Não viola as garantias do juiz
natural e da ampla defesa, elementares do devido processo legal, a
atração, por conexão ou continência, do processo do co-réu ao foro
por prerrogativa de função de um dos denunciados, a qual é
irrenunciável.
(HC 91437, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em
04/09/2007, DJe-126 DIVULG 18-10-2007 PUBLIC 19-10-2007 DJ 19-10-
2007 PP-00087 EMENT VOL-02294-02 PP-00391 RTJ VOL-00204-03 PP-
01224)

D) ERRADA: Embora o art. 567 do CPP disponha que o reconhecimento da


incompetência gera a anulação dos atos decisórios, remetendo-se os
autos ao Juízo competente, o STJ entende que, embora haja controvérsia,
o Juízo competente pode ratificar os atos decisórios proferidos pelo Juízo

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 68 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
absolutamente incompetente (desde que não sejam relativos ao mérito da
causa). Vejamos:
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ROUBO PERPETRADO CONTRA
AGÊNCIA DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS NÃO FRANQUEADA.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. CONEXÃO APENAS COM O DELITO DE
FALSA COMUNICAÇÃO DE CRIME. AUSÊNCIA DE CONEXÃO QUANTO AOS
DEMAIS DELITOS.
DESMEMBRAMENTO. COMPETÊNCIA DE AMBOS OS JUÍZOS. RATIFICAÇÃO DE
ATOS PRATICADOS PELO JUÍZO INCOMPETENTE. POSSIBILIDADE. CONFLITO
CONHECIDO.
(...)V. Reconhecida a incompetência absoluta da Justiça Estadual para
processar e julgar os delitos de roubo e de falsa comunicação de
crime ou contravenção, cumpre examinar se a ação penal deve ser
anulada na íntegra, ou se podem ser mantidos os atos decisórios não
meritórios praticados.
VI. Embora o tema seja alvo de controvérsias, prevalece nesta Corte
atualmente o entendimento de que, constatada a incompetência
absoluta, os autos devem ser remetidos ao Juízo competente, que
pode ratificar ou não os atos já praticados, nos termos do artigo 567
do Código de Processo Penal, e 113, § 2º, do Código de Processo
Civil.
VII. Declarada a competência da Justiça Federal para o julgamento do crime
de roubo contra a EBCT e o previsto no art. 340 do Código Penal a ele
conexo, mantendo-se a competência da Justiça Estadual para a apuração dos
demais crimes narrados nas denúncias.
VIII. Conflito de competência conhecido, nos termos do voto do Relator.
(CC 112.424/PR, Rel. Ministro GILSON DIPP, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
09/11/2011, DJe 17/11/2011)

E) ERRADA: Há decisões do STJ entendendo que no conflito entre a


competência absoluta da Justiça Militar e o princípio do ne bis in idem,
deve prevalecer este último. Vejamos:
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL MILITAR. CONSTRANGIMENTO E LESÕES
LEVES (ARTS. 222, § 2o., E 209, CAPUT, AMBOS DO CPM). PACIENTE QUE,
PELOS MESMOS FATOS, JÁ CUMPRIU OBRIGAÇÃO IMPOSTA EM TRANSAÇÃO
PENAL (PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE), PERANTE JUIZADO
ESPECIAL CRIMINAL, COM EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. DENÚNCIA
RECEBIDA PELO JUÍZO MILITAR. ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
DA JUSTIÇA COMUM.
PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM. CENTRALIDADE, EM NOSSO ORDENAMENTO
CONSTITUCIONAL, DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. PARECER DO
MPF PELA CONCESSÃO DA ORDEM. ORDEM CONCEDIDA, PARA TRANCAR A
AÇÃO PENAL EM CURSO NA 1a. AUDITORIA DA JUSTIÇA MILITAR/RS.
1. A sentença prolatada por juiz absolutamente incompetente - ou,
como se dá no caso, a homologação de transação penal proposta pelo
Parquet -, embora nula, pode acarretar o efeito de tornar definitiva a
absolvição do acusado. Assim, apesar de eivada de nula, a decisão do
Juízo Especial Criminal tem como consequência a proibição da
reformatio in pejus.
2. A coisa julgada material significa a imutabilidade do comando
contido na sentença. Na seara penal, a res judicata sustenta-se sobre
a necessidade de segurança que a ordem jurídica demanda.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 69 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
3. Ao confrontar a competência absoluta da Justiça Militar e o
princípio do ne bis in idem, deve a solução tender para esta, em razão
da centralidade dos direitos e garantias individuais em nossa Carta
Constitucional.
4. Parecer do MPF pela concessão da ordem.
5. Ordem concedida, para determinar o trancamento da Ação Penal em
curso na 1a. Auditoria da Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul.
(HC 90.472/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA
TURMA, julgado em 29/09/2009, DJe 03/11/2009)
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

18 - (CESPE – 2011 – TJ-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
Caso diversas infrações sejam praticadas por diversas pessoas,
umas contra as outras, configurar-se-á conexão intersubjetiva por
reciprocidade.
COMENTÁRIOS: O item está correto. Essa é, de fato, a definição
doutrinária da conexão intersubjetiva por reciprocidade, prevista no art.
76, I do CPP:
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao
mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas
contra as outras;
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

19 - (CESPE – 2011 – TRE-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
O tribunal de justiça não tem competência para julgar prefeito
municipal pela prática de crime eleitoral.
COMENTÁRIOS: O item está correto. Embora os prefeitos possuam
prerrogativa de foro para serem julgados perante o TJ local, no caso de se
tratar de crime de competência da justiça especializada, caberá ao
respectivo órgão de segunda instância o julgamento (no caso, o TRE
local), nos termos da súmula 702 do STF.
Vejamos:
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com
o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:
(...)
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (Renumerado do
inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
[...]
SÚMULA 702 DO STF

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 7: () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
A COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PARA JULGAR PREFEITOS
RESTRINGE-SE AOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM
ESTADUAL; NOS DEMAIS CASOS, A COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA CABERÁ AO
RESPECTIVO TRIBUNAL DE SEGUNDO GRAU.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

20 - (CESPE – 2011 – TRE-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
O tribunal do júri é competente para julgar promotor de justiça
que comete crime doloso contra a vida, consumado ou tentado.
COMENTÁRIOS: O item está errado. Embora o tribunal do júri tenha
competência para o processo e julgamento dos crimes dolosos contra a
vida, tal competência fica afastada quando o acusado possui foro por
prerrogativa de função estabelecido na própria Constituição Federal, como
ocorre com os promotores de justiça, que são julgados perante o TJ local.
Vejamos:
Art. 96. Compete privativamente:
(...)
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns
e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
Nesse caso, prevalece a competência por prerrogativa de foro, conforme
súmula 721 do STF:
"A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela Constituição estadual"
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

21 - (CESPE – 2011 – TRE-ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
Conforme entendimento sumulado do STF, quando o foro por
prerrogativa de função for estabelecido exclusivamente pela
constituição estadual, prevalecerá o juízo natural previsto na CF,
ou seja, a competência do tribunal do júri, para os crimes dolosos
contra a vida, por exemplo.
COMENTÁRIOS: O item está correto. No aparente conflito de
competências entre o Tribunal do Júri e a competência de foro por
prerrogativa de função prevista apenas na Constituição Estadual,
prevalece a competência do Tribunal do Júri, conforme súmula 721 do
STF:
"A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela Constituição estadual"
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 71 () 23


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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
22 - (CESPE – 2012 – TJ-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO)
Admite-se a fixação da competência ratione loci pelo domicílio ou
pela residência do réu quando não for conhecido o lugar da
infração ou nos casos de exclusiva ação privada, em que o
querelante poderá preferir o foro do domicílio ou da residência do
réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
COMENTÁRIOS: O item está correto. Esta é a previsão contida nos arts.
72 e 73 do CPP:
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-
se-á pelo domicílio ou residência do réu.
(...)
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá
preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o
lugar da infração.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

23 - (CESPE – 2012 – TRE-RJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA


JUDICIÁRIA)
A competência será determinada pela prevenção se houver dois
ou mais juízes competentes e um deles tiver antecedido aos
outros na prática de alguma medida relativa ao processo, ainda
que em fase anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa.
COMENTÁRIOS: O item está correto. Esta é uma hipótese de
consolidação da competência pela prevenção, nos termos do art. 83 do
CPP:
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição
cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do
processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da
denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

24 - (CESPE – 2012 – PC-CE – INSPETOR)


Considere que a agência dos Correios de determinado bairro de
Fortaleza – CE, que funciona em prédio próprio da ECT, tenha sido
assaltada por agentes armados, que roubaram a quantia de R$
500,00. Nesse caso, a competência para processar e julgar
eventual ação penal será da justiça federal.
COMENTÁRIOS: Existe uma pequena controvérsia jurisprudencial a
respeito da competência no caso de crimes praticados contra agências
dos correios. Parte da Jurisprudência entende que sempre será da
competência da Justiça Federal, pois a ECT é uma empresa pública
federal, e, portanto, a competência é da Justiça Federal, nos termos do
art. 109, IV da CRFB/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 73 () 23


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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
(...)
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Contudo, há parcela da Jurisprudência que entende que isso só se aplica
quando a agência pertencer à própria ECT (Pois existem agências que são
franqueadas, ou seja, pertencem a particulares e atuam sob o regime de
franquia).
A questão não diz se se trata, ou não, de agência franqueada. De toda
forma, a questão é clara ao dizer que a agência funciona dentro de prédio
da própria ECT, o que já denota, por si só, a existência de um interesse
por parte da empresa pública.
De qualquer maneira, apenas parte da jurisprudência faz esta distinção. A
maioria ainda entende que haverá sempre interesse da ECT, de forma que
a competência será sempre da Justiça Federal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

25 - (CESPE – 2012 – PC-CE – INSPETOR)


Considere que um agente tenha sido surpreendido por inspetores
civis, na cidade de Fortaleza – CE, com mercadorias que
adentraram no Brasil, por meio de contrabando, pela cidade de
Foz do Iguaçu – PR. Nesse caso, a competência da justiça federal
será determinada pelo local de entrada dos produtos, e não pelo
local da apreensão.
COMENTÁRIOS: O item está errado. O STJ firmou o entendimento no
sentido de que a competência, neste caso, é determinada pelo local da
apreensão dos produtos, nos termos do verbete nº 151 da súmula de sua
jurisprudência. Vejamos:
Súmula 151 do STJ
A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou
descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão
dos bens.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

26 - (CESPE – 2013 – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL)


Compete à justiça federal processar e julgar a contravenção penal
praticada em detrimento de bens e serviços da União.
COMENTÁRIOS: O item está errado, pois a Justiça Federal não possui
competência para o processo e julgamento de contravenções penais,
tendo o art. 109, IV da CRFB expressamente excluído as contravenções
penais:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 74 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

27 - (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO)


Em se tratando de ações penais privadas, prevalece, no processo
penal, a competência de foro, com preponderância do interesse do
queixoso no que diz respeito à distribuição territorial da
competência.
COMENTÁRIOS: O item está errado. A preponderância do interesse do
queixoso somente se aplica quando estivermos diante de ações penais
privadas exclusivas, ou seja, não há esta possibilidade em relação às
ações penais privadas subsidiárias da pública. Vejamos:
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o
foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da
infração.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

28 - (CESPE – 2013 – POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO)


Uma quadrilha, em determinado lapso temporal, realizou, em
larga escala, diversos roubos de cargas e valores transportados
por empresas privadas em inúmeras operações interestaduais, o
que ensejou a atuação da Polícia Federal na coordenação das
investigações e a instauração do competente inquérito policial.
Nessa situação hipotética, findo o procedimento policial, os autos
deverão ser remetidos à justiça estadual, pois a atuação da Polícia
Federal não transfere à justiça federal a competência para
processar e julgar o crime.
COMENTÁRIOS: O item está correto. Embora, neste caso, a Polícia
Federal possua atribuição para investigar o caso (art. 144, §1º, I da
CRFB/88), isso, por si só, não transfere à Justiça Federal a competência
para processar e julgar o delito, que permanece sendo de competência da
Justiça Estadual, eis que não há nenhuma hipótese de atração da
competência para a Justiça Federal, nos termos do art. 109 da CRFB/88.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

29 - (CESPE – 2013 – MPU – ANALISTA – DIREITO)


Deputado estadual que pratique crime doloso contra a vida deve
ser julgado, dada a prerrogativa de foro especial, pelo tribunal de
justiça do estado em que tenha sido eleito.
COMENTÁRIOS: Há divergência doutrinária. No aparente conflito de
competências entre o Tribunal do Júri e a competência de foro por

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 75 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
prerrogativa de função prevista apenas na Constituição Estadual,
prevalece a competência do Tribunal do Júri, conforme súmula 721 do
STF:
"A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro
por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela Constituição estadual"
Os deputados estaduais não possuem prerrogativa de foro
EXPRESSAMENTE prevista na Constituição Federal, logo, deveria
prevalecer a competência do Júri.
Contudo, há corrente doutrinária que sustenta que, pelo princípio da
simetria, os deputados estaduais possuem as mesmas prerrogativas dos
deputados federais (aplicadas as devidas proporções), de maneira que
haveria prerrogativa de foro para eles, com previsão constitucional
(implícita).
O STJ possui decisões adotando a segunda corrente, ou seja,
considerando que o foro por prerrogativa de função dos deputados
estaduais está previsto na CF/88, pelo princípio da simetria.
A questão é tão controversa que o CESPE chegou a dar a afirmativa como
ERRADA no gabarito preliminar, mas voltou atrás e passou a entender
que está correta.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

30 - (CESPE – 2013 – TJ-DF – ANALISTA JUDICIÁRIO)


No que se refere a competência, sujeitos processuais, provas,
medidas cautelares e recursos, julgue os itens a seguir.
O querelante pode escolher ajuizar queixa-crime no foro do
domicílio do réu, ainda que conhecido o lugar da infração.
COMENTÁRIOS: Questão polêmica! O CESPE entendeu como correta,
tendo como base o art. 73 do CPP:
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá
preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o
lugar da infração.
Contudo, este dispositivo só se aplica às ações penais privadas. Não se
aplica, portanto, à ação penal privada subsidiária da pública (em que
também há querelante). Desta maneira, o item estaria errado.
Assim, entendo que o item está errado.
Porém, a Banca considerou a AFIRMATIVA COMO CORRETA.

31 - (CESPE – 2014 – TJ/CE – AJAJ)


Assinale a opção correta em relação a competência, conexão e
continência.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 76 () 23


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%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
A) Na determinação da competência por conexão ou continência,
quando houver concurso entre a jurisdição comum e a especial,
prevalecerá aquela.
B) A junção dos processos, em decorrência de conexão ou
continência, é absoluta.
C) A competência será determinada pela conexão quando duas ou
mais pessoas forem acusadas pela mesma infração.
D) Caso um deputado federal cometa um crime de corrupção e seu
comparsa, um delito doloso contra a vida, ambos serão
processados e julgados perante o STF.
E) Se um deputado federal cometer um crime doloso contra a vida,
ele terá de ser julgado pelo STF, em detrimento do tribunal do
júri.
COMENTÁRIOS:
A) ERRADA: Neste caso, deverá prevalecer a jurisdição especial, conforme
art. 78, IV do CPP.
B) ERRADA: A junção dos processos pode ser rechaçada pelo Juiz quando
as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de
lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para
não lhes prolongar a prisão cautelar, ou por outro motivo relevante, o juiz
entender conveniente a separação, nos termos do art. 80 do CPP.
C) ERRADA: Neste caso teremos continência, e não conexão, nos termos
do art. 77, I do CPP.
D) ERRADA: O entendimento que tem predominado é no sentido de que,
neste caso, a competência do Júri não prevalece frente à competência do
STF para processar e julgar o deputado, competência esta de foro por
prerrogativa de função, por possuírem o mesmo status constitucional.
Contudo, entende-se que esta competência do júri prevalece sobre as
regras legais (e, portanto, infraconstitucionais) de fixação da competência
por conexão (que seria o caso), de forma que o corréu não seria julgado
pelo STF, ocorrendo a separação dos processos e seu julgamento pelo
Tribunal do Júri. Vejamos:
(...) 2. Em caso de co-autoria em crime doloso contra a vida, o
privilégio de foro ostentado por um dos agentes, porque
desembargador, não atrai para competência do Superior Tribunal de
Justiça o julgamento do outro envolvido, que deve ser julgado pelo
Tribunal do Júri, seu juiz natural. Precedentes do STF e do STJ.
3. O reconhecimento da competência do Tribunal do Júri para processar e
julgar a reclamante não prescinde da prévia desconstituição da competência
até então prorrogada e preventa deste Superior Tribunal de Justiça em
decorrência de anterior deferimento de quebra dos sigilos bancário e
telefônico dos acusados, que não podia ser ignorada nem pelo Ministério
Público, nem pelo Juízo do primeiro grau, nos seus efeitos jurídico-
processuais.
(...)

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 77 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
(&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,−
%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
(Rcl 2.125/CE, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, CORTE ESPECIAL,
julgado em 03/12/2008, DJe 05/02/2009)
E) CORRETA: O item está correto pois, neste caso, prevalece a
competência de foro por prerrogativa de função, uma vez que está
prevista na Constituição Federal. Vejamos o entendimento sumulado do
STF:
Súmula 721
A COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI PREVALECE
SOBRE O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ESTABELECIDO
EXCLUSIVAMENTE PELA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.

32 - (CESPE – 2014 – TJ/SE - ANALISTA)


Acerca do inquérito policial, da ação penal e da competência,
julgue os próximos itens.
Em caso de conexão ou continência, é facultativa a separação dos
processos caso os crimes tenham sido cometidos em tempo e
lugares diferentes.
COMENTÁRIOS: Item correto, pois é a exata previsão do art. 80 do CPP:
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as
infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar
diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes
prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar
conveniente a separação.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

33 - (CESPE – 2011 – PC-ES – DELEGADO DE POLÍCIA)


Em caso de crime continuado e, também, de infração permanente,
praticado em território de duas ou mais jurisdições, a competência
processual penal será definida pela prevenção.
COMENTÁRIOS: Item correto. Neste caso, a competência será firmada
pela prevenção, já que ambos serão considerados competentes para o
julgamento da demanda, nos termos do art. 71 do CPP:
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada
em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

34 - (CESPE – 2010 – DPE-BA – DEFENSOR PÚBLICO)


Júlio e Lauro foram denunciados, em processos distintos, pela
prática da mesma infração penal. Nessa situação, a continência
pode ser reconhecida em qualquer fase da persecução penal,
ainda que um dos processos esteja em sede recursal ou, ainda, na
fase de execução penal.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 72 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
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(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
COMENTPARIOS: Aqui temos continência, nos termos do art. 77, I do
CPP. Contudo, não poderá haver a reunião de processos quando um deles
já estiver em fase de execução penal, pois já possuirá sentença definitiva,
nos termos do art. 82 do CPP:
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados
processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os
processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará,
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

35 - (CESPE – 2010 – PGM-RR – PROCURADOR)


Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência será
firmada pelo domicílio da vítima.
COMENTÁRIOS: Item errado, pois, neste caso, a competência será
determinada pelo local de domicílio ou residência do réu:
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

36 - (CESPE – 2010 – PGM-RR – PROCURADOR)


Caso um prefeito municipal cometa crimes contra bens, interesses
ou serviços da União, ele somente poderá ser processado
criminalmente mediante ação penal instaurada no tribunal de
justiça do estado.
COMENTÁRIOS: O prefeito, neste caso, será julgado perante o TRF, pois
será compatibilizada a competência de foro por prerrogativa de função
afeta ao TJ com a competência ratione materiae da Justiça Federal, de
forma que o Prefeito será julgado pelo órgão de segunda instância (foro
por prerrogativa de função) da Justiça Federal (ratione materiae), nos
termos do art. 29, X e 109, IV da CRFB/88, respectivamente.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

37 - (CESPE – 2010 – PGM-RR – PROCURADOR)


A competência territorial é relativa; não alegada no momento
oportuno, ocorre a preclusão. Por conseguinte, ela é prorrogável.
COMENTÁRIOS: Item correto. A competência territorial é considerada
pela Doutrina como relativa, ou seja, se não for alegada a eventual
incompetência territorial do Juízo no momento oportuno, ocorrerá a
preclusão, não podendo mais ser arguida, de forma que a competência irá
“prorrogar-se” nas mãos do Juízo originalmente incompetente.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

(;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 78 () 23


!∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456
(&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,−
%9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α
(;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ
38 - (CESPE – 2010 – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO)
A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios,
devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser
remetido ao juiz competente.
COMENTÁRIOS: Item correto. Vejamos a redação do art. 567 do CPP:
Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios,
devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz
competente.
Frise-se, apenas a título de registro, que o STJ entende que a nulidade
dos atos decisórios somente se aplica no caso de nulidade absoluta. No
caso de nulidade relativa os atos decisórios poderiam ser ratificados pelo
Juízo competente:
“(...) O § 1º do artigo 108 do Código de Processo Penal, estabelece que se a
exceção de incompetência for aceita, "o feito será remetido ao juízo
competente onde, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá".
2. Por sua vez, o artigo 567 da Lei Penal adjetiva preceitua que "a
incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juízo
competente".
3. Da leitura dos dispositivos legais em apreço, observa-se que em caso de
incompetência relativa, o Juízo competente deve confirmar os atos decisórios
proferidos, para que se revistam de legalidade.
(...)”
(HC 185.407/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
12/03/2013, DJe 26/03/2013)
Mais: Mesmo em se tratando de atos decisórios, é possível a ratificação,
desde que não se trate de ato decisório “meritório” (sentença):
2. Inexiste nulidade a ser declarada, pois os atos eram de caráter instrutório
e não decisório, tendo sido ratificados posteriormente, pelo juízo competente.
3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a modificação da
competência não invalida automaticamente a prova regularmente
produzida. Destarte, constatada a incompetência absoluta, os autos
devem ser remetidos ao juízo competente, que pode ratificar ou não
os atos já praticados.
4. Não se verifica qualquer nulidade na ratificação de atos decisórios
não meritórios, como no caso, pois a ratificação consiste na validação
desses atos pelo juízo competente, mormente quando não
demonstrado qualquer prejuízo, uma vez que o processo seguiu seus
trâmites normais e a pronúncia foi proferida pelo juízo competente.
5. Recurso Especial a que se nega provimento.
(REsp 1453601/AL, Rel. Ministro WALTER DE ALMEIDA GUILHERME
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), QUINTA TURMA, julgado em
05/02/2015, DJe 12/02/2015)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

39 - (CESPE – 2015 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO)

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José foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra
Carlos, em Brasília. A vítima era policial federal e estava
investigando crime de falsificação de moeda que teria sido
praticado por José em Goiânia. O juiz determinou a citação de
José por edital, devido ao fato de ele não ter sido encontrado no
endereço que constava dos autos.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
A competência para processar e julgar José será do tribunal do
júri federal do DF.
COMENTÁRIOS: Item correto. Isto porque a competência será do
Tribunal do Júri, por força do art. 5º, XXXVIII da Constituição:
Art. 5º (...)
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe
der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
Com relação à competência ratione materiae, esta será da Justiça
Federal, pois se trata de crime que afeta interesse da União, pois fora
praticado contra policial federal em razão de sua função, por força
do art. 109, IV da Constituição.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral;
Por fim, a competência territorial será do Juízo Federal do DF, já que lá
ocorreu a consumação da infração penal, por força do art. 70 do CPP:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que
se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for
praticado o último ato de execução.
Notem que a jurisprudência entende que, no caso de crimes dolosos
contra a vida, em que o resultado morte ocorre em local diverso do local
da prática do ato, é possível a fixação da competência territorial para o
Juízo do local da execução do delito:
(...) 1. Nos termos do art. 70 do CPP, a competência para o
processamento e julgamento da causa, será, de regra, determinada
pelo lugar em que se consumou a infração.
2. Todavia, a jurisprudência tem admitido exceções a essa regra, nas
hipóteses em que o resultado morte ocorrer em lugar diverso daquele
onde se iniciaram os atos executórios, determinando-se que a
competência poderá ser do local onde os atos foram inicialmente
praticados.

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3. Tendo em vista a necessidade de se facilitar a apuração dos fatos e a
produção de provas, bem como garantir que o processo possa atingir à sua
finalidade primordial, qual seja, a busca da verdade real, a competência pode
ser fixada no local de início dos atos executórios.
(HC 95.853/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em
11/09/2012, DJe 04/10/2012)
Assim, seja como for, como a conduta foi praticada no DF e também no
DF ocorreu o resultado morte, a competência territorial será do Juízo
Federal do DF, não havendo qualquer discussão a respeito.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

40 - (CESPE – 2015 – TJ-PB – JUIZ – ADAPTADA)


Em se tratando de crime permanente praticado em território de
duas ou mais jurisdições, a competência será firmada pela
residência do réu.
COMENTÁRIOS: Neste caso a competência será firmada pela prevenção,
nos termos do art. 71 do CPP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

41 - (CESPE – 2015 – TJ-PB – JUIZ – ADAPTADA)


A justiça federal deverá julgar os casos de contravenção praticada
em detrimento de bens, serviços ou interesses da União.
COMENTÁRIOS: Item errado, pois a justiça federal não possui
competência para o processo e julgamento de contravenções penais, nos
termos do art. 109, IV da Constituição Federal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA.

42 - (CESPE – 2015 – TJDFT – JUIZ – ADAPTADA)


Roberto importou do exterior, para venda, grande quantidade de
equipamentos eletroeletrônicos. Ele não declarou esses bens à
aduana brasileira nem recolheu os tributos que seriam devidos.
Antes de chegar a Brasília, destino final, seu voo fez escalas em
São Paulo e Goiânia. Nessa situação, havendo a apreensão da
mercadoria em Brasília, competirá à justiça federal do DF
processar e julgar a ação.
COMENTÁRIOS: Item correto. Conforme a jurisprudência do STJ, no
caso dos delitos de descaminho ou contrabando, a competência será
determinada pelo local da apreensão dos produtos:
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Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.

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5. GABARITO

1. ERRADA
2. CORRETA 23. CORRETA
3. ERRADA 24. CORRETA
4. CORRETA 25. ERRADA
5. ERRADA 26. ERRADA
6. ERRADA 27. ERRADA
7. ERRADA 28. CORRETA
8. CORRETA 29. CORRETA
9. ERRADA 30. CORRETA
10. ERRADA 31. ALTERNATIVA E
11. ERRADA 32. CORRETA
12. CORRETA 33. CORRETA
13. CORRETA 34. ERRADA
14. ERRADA 35. ERRADA
15. ERRADA 36. ERRADA
16. ERRADA 37. CORRETA
17. ALTERNATIVA C 38. CORRETA
18. CORRETA 39. CORRETA
19. CORRETA 40. ERRADA
20. ERRADA 41. ERRADA
21. CORRETA 42. CORRETA
22. CORRETA

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