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A História Que Separou o Brasil

da América Latina
Análise política e cultural das condições que levaram o Brasil ao
eurocentrismo

Wander Florêncio
wanderflorencio@gmail.com

Ultimamente temos visto uma enorme crescente de publicações sobre


história, política e diversos outros campos que se esbarram nos citados. No
entanto, percebe-se a precariedade e irregularidade quando o assunto é
América Latina. Talvez por influência do meio externo, ou até pela sociedade
brasileira não se sentir pertencente ao grupo latino. É fato de se constatar a
existência de uma modesta, porém efetiva, discriminação cultural advinda dos
brasileiros para com os nossos vizinhos.

O fato disso é a análise de publicações, com relativo sucesso, de


“Montailou, povoado occitânico de 1294 a 1324” de Leroy Ladurie, mas “Los
grandes momentos Del Indigenismo en México” de Luís Villoro, continua
desconhecido por grande parte do público brasileiro.

Por que essa extensa bibliografia sobre a revolução francesa, enquanto não
sabemos absolutamente nada sobre a revolução mexicana e nem mesmo
sobres as mais variadas lutas populares ocorridas em nosso país?

Essas minhas indagações não são tendenciosas a quaisquer


discriminação da importância relativa ao casos europeus, seja eles quais
forem. Os acontecimentos, de forma geral, são de extrema importância. O caso
é a importância desigual dada aos fatos, desde o ensino escolar brasileiro,
quando na verdade, nossas características de base, vão de encontro muito
maior com nossos vizinhos latino americanos.

Uma explicação dada pela professora da USP e escritora da Folha de


São Paulo, Maria Prado, explica que isso se dá ao fato do Brasil apresentar
uma característica eurocêntrica, responsável, portanto, pelo fato do país estar
voltado para a Europa e de costas para a América Latina.

A análise pode ser feita desde a comparação das colonizações


portuguesa e espanhola, podendo nos aprofundar numa análise de
possibilidades de explicação desta reflexão. A rivalidade histórica das
metrópoles fez com que, nosso limite não fosse apenas geográfico, e sim,
cultural. As formas distintas de proclamação de independência ajudaram a
fortalecer a idéia de diferença ideológica entre Brasil e América Latina. Se por
um lado o Brasil foi capaz de manter uma união nacional, as colônias
hispânicas possuíram um caráter anárquico, libertino e caótico.

A república brasileira, no entanto, veio a inaugurar uma tentativa de


aproximação com seus vizinhos, mesmo que tenha sido uma tentativa tímida.
Na primeira metade do século XX foram feitos contatos com intelectuais
hispânicos, especialmente com a Argentina, para a publicação de uma manual
de história de América, de Rocha Pombo.

Somente a partir dos anos 60 esse afastamento volta a diminuir com o


contexto hegemônico entre as intelectualidades de esquerda. Um pensamento
homogêneo sobre a América Latina pobre, subdesenvolvida, vítima da
exploração do imperialismo norte-americano. Um dos grandes sucessos
publicados foi “As Veias Abertas da América Latina” de Eduardo Galeano.

A América Latina passa a ser vista como uma possibilidade de


contestação do sistema capitalista, protagonista de uma revolução, seguindo
os passos da revolução cubana. E a vitória sandinista em 1979, vem reforçar
essa perspectiva.

Com o crescimento de toda agitação e de uma presença forte e


marcante da esquerda ascendente nesse momento, a esperança de uma
possibilidade de mudança, de um mundo mais justo, equilibrado, sem pobreza
e opressão crescem paralelamente. Contudo, todas esses sonhos são
abalados com a queda do muro de Berlim. Avançam críticas ao regime cubano
dentro da própria esquerda, na Nicarágua é eleito os opositores dos
sandinistas - A década de 80, a década perdida. São devastadores, a partir de
então, os efeitos da globalização.

Ressurge como grito de desespero a proposta do Mercosul. Ainda que


visto apenas como uma parceria econômica, o mercosul também atinge a
esfera cultural. No entanto, ainda existem muitos obstáculos para que se
consolide a idéia de uma parceria política, social, econômica e cultural entre os
países latino-americanos e o Brasil. Consolidada a idéia de auxílio mútuo, seria
capaz a América Latina de contribuir para uma nova construção de sua
imagem? A idéia de países pobres, atrasados e ignorantes passariam para
consistentes pesquisas e debates intelectuais entre nós mesmos.

Ainda sim, fica no ar uma certeza e uma dúvida colocada pela


pesquisadora do ramo Maria Padro. A primeira se refere à constatação de
como é difícil pensar a América Latina a partir do Brasil, ainda que sejam
evidentes os ricos e férteis resultados que se obteriam, caso perseguíssemos
as trilhas abertas pela história comparada. E a indagação que persiste se
refere as concretas possibilidades do despertar de um interesse maduro e
permanente do público brasileiro em relação a essa outra metade da América
Latina, tão próxima e, ao mesmo tempo tão distante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

PRADO, Maria Ligia Coelho. O vizinho distante, Folha de São Paulo, 2005.

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