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SOLUÇÃO ANALÍTICA E NUMÉRICA
DA EQUAÇÃO DE LAPLACE
3.
Todos os dispositivos elétricos funcionam baseados na ação de campos elétricos, produzidos por
cargas elétricas, e campos magnéticos, produzidos por correntes elétricas. Por sua vez, correntes
elétricas se constituem de cargas elétricas em movimento. Para entender o funcionamento de
dispositivos elétricos, devemos ser aptos para avaliar estes campos nestes dispositivos, e em torno
deles. Isso é possível se dominarmos técnicas que nos permitam uma visualização espacial dos
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fenômenos. Em outras palavras, devemos ser capazes de produzir mapas de campos que descrevam
o comportamento dos fenômenos elétricos. Estes mapas normalmente representam linhas de fluxo,
superfícies equipotenciais e distribuições de densidades. Estes mapas nos dão informações a
respeito de intensidade de campo, diferença de potencial, energia armazenada, cargas, densidades
de correntes etc.
2
Vamos escrever a equação de Laplace (∇ V = 0) em coordenadas retangulares, para o caso
bidimensional:
∂ 2V ∂ 2V
+ =0 (16.1)
∂x 2 ∂y 2
Esta é uma equação diferencial a derivadas parciais de segunda ordem (possui derivadas de segunda
ordem) e primeiro grau (não possui potências além da primeira). a Equação 16.1 é a maneira mais
geral de se expressar a variação do potencial eletrostático V em relação à posição (x,y,z), não sendo
específica a nenhum problema em particular. Em outras palavras, para se resolver um problema em
eletrostática utilizando esta equação, deve-se conhecer as condições de contorno do problema.
Vamos resolver a equação (16.1) utilizando o método da separação de variáveis, onde assumimos
que V pode ser expresso como o produto de duas funções X e Y . Ou:
V= XY (16.2)
onde:
X é função de x, apenas,
Y é função de y apenas,
1 d 2V 1 d 2V
+ =0 (16.4)
X dx 2 Y dy 2
Desde que a soma dos três termos é uma constante, e cada variável é independente, cada termo
deve ser igual a uma constante. Então, podemos escrever:
1 d2V
= a12 (16.5)
X dx 2
ou:
d2V
= a12 X (16.6)
dx 2
e, similarmente:
d 2V
= − a12 Y (16.7)
dy 2
d 2V
= − a12 Z (16.8)
dz 2
O problema agora consiste em achar a solução para cada variável separadamente (daí o nome
“separação de variáveis”).
X = C1e a 1 x + C 2 e − a 1 x (16.9)
onde C1 e C2 são constantes arbitrárias, que devem ser calculadas a partir das condições de
contorno.
De maneira semelhante :
−a1 jy (16.10)
X = C 3 e a1 jy + C 4 e
Qualquer termo em 16.10 é uma solução, e a soma também é uma solução. Para verificar isso, basta
substituir 16.10 em 16.6.
onde C1, C2, C3, e C4 são constantes a determinar, a partir das condições de contorno do problema.
As soluções também podem ser escritas nas formas de funções trigonométricas e hiperbólicas.
Exemplo 16.1
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Considere um capacitor de placas paralelas, de área 100 cm e distância entre as placas 0.01 m. a
placa inferior está no potencial zero, e a placa superior no potencial 100 V. Utilizando a equação de
Laplace, determine a distribuição de potencial entre as placas (desprezar o espraiamento).
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solução
V = 100 V
z ∫ dV = ∫ C dz 1
z1 V = 0 ou:
V = C1z + C2
y
Utilizando agora as condições de contorno,
figura 16.1 - Capacitor de placas paralelas vamos determinar as constantes C1 e C2.
Não há variação do potencial nas direções y e Em z = 0, temos V = 0. Portanto:
x, mas apenas na direção z. Portanto a
equação de Laplace se reduz a: 0 = 0 + C2 ⇒ C 2 = 0
dV V = 104 z ( V)
= C1
dz
integrando:
Portanto, constante, e igual à relação V/d,
como era de se esperar
.
Na seção anterior apresentamos uma solução exata para a equação de Laplace em um capacitor de
placas paralelas. Trata-se, entretanto, de um problema extremamente simples. Configurações mais
complexas torna a solução analítica extremamente difícil, e, em muitos casos, impossível. Nesta
seção vamos apresentar um método de solução numérica da equação de Laplace (método bastante
primitivo, diga-se de passagem), denominado de solução repetitiva.
Para simplificar a variação na direção z não existe. Isso reduz o nosso problema a um problema de
campo bidimensional:
∂2 V ∂ 2 V
+ =0 (16.12)
∂x 2 ∂y 2
O primeiro termo na equação 16.2 é a derivada parcial segunda de V em relação a x, isto é, a taxa de
variação em relação a x da taxa de variação de V em relação a x. Idem para o 2º termo, em relação a
y. Vamos reescrever a equação 16.12 da seguinte maneira:
(
∂ ∂V ∂x
=
)∂ ∂V ∂y
(16.13)
∂x ∂y
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V3 3
∆y
V1 V0 V2
∆x ∆x
1 P 2
∆y
V4 4
V1 + V2 + V3 + V4 − 4 V0 ≈ 0 (16.15)
ou:
1
V0 ≈ ( V1 + V2 + V3 + V4 ) (16.16)
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Se conhecermos o potencial nos pontos 1, 2, 3 e 4, podemos calcular o potencial no ponto P de
acordo com a equação 16.16. Em outras palavras, o significado físico da equação de Laplace é que o
potencial em um ponto é simplesmente a média dos potenciais dos quatro pontos que o circundam, a
uma mesma distância.
Exemplo 16.2
Considere a configuração Mostrada na figura 16.3. A placa superior está a um potencial de 40 V, e
isolada. O perfil em forma de U está no potencial zero. Calcular a distribuição de potenciais para esta
configuração, utilizando o método de solução repetitiva da equação de Laplace.
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solução
Gap 40 V Gap
0 10 V 0
0
figura 16.4 - 1º cálculo do potencial
20 V 20 V
40 V 40 40 40 20
20
0 0
0 10 V 0 0 7.5 10 V 7.5 0
0 0 0 0 0 0
figura 16.5 - 2º cálculo do potencial figura 16.6 - 3º cálculo do potencial
20 40 40 40 20
0 0
0 7.5 10 V 7.5
0 2.5 3. 2.5
8
0
0 0 0 0
0
Apresentamos neste capítulo dois exemplos, um com a solução analítica da equação de Laplace,
outro com uma solução numérica. A solução analítica das equações de Laplace e Poisson se
restringem a casos onde a geometria é bastante simples, e por isso ela não é muito utilizada. A
solução numérica dessas equações é bastante comum, e métodos bastantes avançados já foram
desenvolvidos. Apesar de termos realizados exemplos de eletrostática, o mesmo procedimento é
realizado no caso de campos magnéticos, onde as complexidades de geometria e meios magnéticos
não lineares são ainda maior.
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EXERCÍCIOS
30 V
gap = 1 mm
a 5
cm
40 V 20 V
15
10 b cm
cm
5 cm
10 V
figura 1 - figura do problema 1
3 cm
V=0
V =
100
9 cm
P1
3 cm
9 cm
P2