Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1. Os governos democráticos
O governo JK e o desenvolvimentismo
O governo de Juscelino foi uma época de grande euforia
nacional em grande razão do crescimento econômico
vivido pelo Brasil, em grande parte fruto dos incentivos ao
desenvolvimento industrial e da construção de uma nova
cidade.
O slogan usado em sua campanha presidencial resumia o
objetivo de seu governo: fazer o Brasil progredir
“cinquenta anos em cinco”.
Nesse mesmo período, o país obteve grandes conquistas no
mundo do esporte.
Na música, o destaque foi o surgimento da bossa nova.
O acelerado crescimento econômico, as conquistas
esportivas e a repercussão da bossa nova fizeram o Brasil
ganhar enorme visibilidade internacional. No plano
interno, a euforia e o clima de otimismo foram as marcas
que caracterizavam o país em seus “anos dourados”.
O Plano de Metas
Determinado a promover o desenvolvimento do país,
Juscelino criou o Plano de Metas, um programa com trinta
objetivos a serem alcançados ao longo dos cinco anos de
seu governo.
Inúmeras facilidades foram criadas visando estimular a
entrada de investimentos estrangeiros: concessão de
terrenos para a instalação de fábricas, redução de impostos,
permissão para a remessa de lucros ao exterior e
autorização para importar equipamentos industriais.
Tais medidas estimularam a entrada de multinacionais,
sobretudo do setor automobilístico, e também facilitaram a
criação de empresas nacionais, fabricantes de bens de
consumo duráveis, como eletrodomésticos.
Visando aumentar a oferta de energia, o governo construiu
as usinas hidrelétricas de Furnas e de Três Marias, em
Minas Gerais, e ampliou o refino do petróleo.
No setor de transportes, portos e ferrovias foram
modernizados, mas privilegiou-se a construção de
rodovias, para receber os carros e caminhões produzidos no
país.
A construção de Brasília
Ao assumir a presidência da república, Juscelino se
comprometeu a concretizar uma ideia existente desde o
século XIX: levar a administração federal para uma nova
capital, que seria construída na região central do Brasil.
Projetada pelo urbanista Lúcio Costa e pelo arquiteto Oscar
Niemeyer, a cidade recebeu o nome de Brasília e foi
inaugurada em 21 de abril de 1960.
O breve governo de Jânio Quadros
Apesar do crescimento econômico e do clima de otimismo
no Brasil, o governo de JK foi muito criticado. Os gastos
para sustentar o crescimento foram grandes e resultaram no
aumento da dívida externa e da inflação no país.
Jânio Quadros foi eleito presidente da república. Durante
sua campanha, Jânio se apresentou como um político que
governava para o povo, sem compromissos partidários.
Ao assumir o cargo, em janeiro de 1961, Jânio tomou
medidas extremamente polêmicas no plano interno e, na
política externa, procurou manter certa independência em
relação às potências hegemônicas do período.
Política interna: Jânio proibiu o uso dos biquínis e
os desfiles em concursos de miss com maiôs
cavados. Proibiu também lança-perfume nos bailes
de carnaval e as brigas de galos, entre outras
medidas polêmicas.
Política externa: Visando demonstrar
independência em relação aos Estados Unidos,
Jânio condecorou o então ministro da Indústria e
Comércio de Cuba, Ernesto “Che” Guevara, com a
Ordem do Cruzeiro do Sul, apoiou a luta pela
independência das colônias portuguesas na África,
restabeleceu relações diplomáticas com a União
Soviética e abriu relações comerciais com a China.
Condução da economia: Até a eleição de Jânio, o
Estado brasileiro subsidiava parte das despesas com
a importância de trigo e de petróleo para favorecer
o consumo interno. No entanto, com o intuito de
controlar os gastos públicos, Jânio reduziu a
participação do Estado nessas despesas. Resultado:
logo no início de seu governo, os preços do pão e
dos combustíveis aumentaram 100%.
A renúncia de Jânio e a crise sucessória
O presidente renunciou a seu mandato em 25 de agosto,
alegando que “forças ocultas” o impediam de governar.
Acredita-se que, com essa decisão, Jânio esperava
mobilizar a população em defesa de seu governo. Mas não
foi isso que ocorreu. O Congresso Nacional aceitou o
pedido de renúncia e a população não se manifestou.
Com a renúncia de Jânio, o vice-presidente João Goulart
deveria assumir o cargo. Entretanto, Jango, como era
popularmente conhecido, encontrava-se em viagem
diplomático à China na ocasião.
Por sua ligação com movimentos dos trabalhadores, Jango
era visto com desconfiança pelas elites conservadoras e
pelos militares, que o identificavam com a ameaça
comunista. Por isso, tentaram impedir a sua posse.
No Rio Grande do Sul, o então governador Leonel Brizola
iniciou uma campanha exigindo o cumprimento da
Constituição, o que significava garantir a posse de Jango.
Nomeada Campanha da Legalidade, a operação logo
recebeu o apoio de vários políticos e setores da sociedade
em todo o país.
Com o impasse, o Congresso votou uma proposta para pôr
fim à crise: Goulart assumiria a presidência, mas com
poderes limitados. Instaurou-se no país um regime
parlamentarista, no qual um primeiro-ministro seria o chefe
de governo.
O nome indicado pelas lideranças políticas e militares e
aceito por João Goulart foi o do mineiro Tancredo Neves.
Assim, Jango retornou ao Brasil e assumiu a presidência da
república. Parecia que a crise tinha sido superada.
O governo Jango
Graças à campanha movida pelo partido de Jango, o PTB,
e apoiada por sindicatos e movimentos populares, o
plebiscito que definiria a permanência ou a revogação do
parlamentarismo foi antecipado em dois anos.
A votação ocorreu em 6 de janeiro de 1963, e a maioria da
população decidiu, após um ano e quatro meses de regime
parlamentarista, pelo retorno ao presidencialismo.
Ao recuperar os poderes presidenciais, Jango manifestou
sua intenção de promover um conjunto de reformas que
tinham como objetivo modernizar o capitalismo brasileiro,
proporcionando à população maior justiça social.
As reformas de bases, como ficaram conhecidas, previam
estender o direito de voto aos analfabetos e aos militares de
baixa patente, a ampliação do monopólio da Petrobras, a
nacionalização de empresas farmacêuticas e prestadoras de
serviços públicos e a limitação da remessa de lucros das
empresas para o exterior, entre outras medidas.
A mobilização popular e as Ligas Camponesas
Os primeiros anos do governo Jango coincidiram com o
aumento da participação popular na vida política do país.
Os trabalhadores reuniam-se em sindicatos para organizar
greves e reivindicar melhores condições de trabalho; os
estudantes se reuniam em organizações estudantis, como a
União Nacional dos Estudantes (UNE); e até os militares
de baixa potência, como os soldados, os cabos, os sargentos
e os marinheiros, exigiam ser ouvidos por seus superiores.
No campo, também houve um aumento da organização dos
trabalhadores. Um dos movimentos de maior destaque foi
o das Ligas Camponesas. Esse movimento procurava
defender os trabalhadores rurais de abusos praticados pelos
donos das terras.
Jango criou, em 1963, o Estatuto do Trabalhador Rural, que
estendia aos trabalhadores rurais os mesmos direitos dos
urbanos, como registro em carteira profissional, salário
mínimo, férias e descanso semanal remunerados, entre
outros.
O golpe civil-militar
As reformas propostas por Jango buscavam diminuir as
desigualdades na sociedade brasileira, mas foram vistas
pelos setores conservadores como o primeiro passo para a
adoção do comunismo no Brasil.
Ciente de que suas reformas não poderiam ser aprovadas
no Congresso Nacional, Jango resolveu instituí-las por
meio de decretos, anunciados em grandes comícios.
No meio urbano, cresceu o número de greves, chegando a
172 em 1963, quase seis vezes maior do que em 1958. Os
estudantes se mobilizavam defendendo uma aliança
estudantil com os operários e os camponeses.
A resposta dos setores conservadores foi a Marcha da
Família com Deus pela liberdade, manifestação realizada
no dia 19 de março de 1964, em São Paulo, que mobilizou
milhares de pessoas favoráveis à deposição de Jango.
Na noite do dia 31 de março de 1964, tropas partiram de
Minas Gerais com destino ao Rio de Janeiro, onde estava o
presidente. No Rio, o Jango não aceitou o golpe e foi para
Brasília, no dia 1º de abril, tentar articular a resistência.
Mas não teve sucesso.
Na madrugada do dia 2 de abril, o Congresso Nacional
declarou vaga a presidência da república, empossando o
presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, no
lugar de Jango. Iniciava-se o regime militar no Brasil,
período que ficou conhecido, posteriormente, como “anos
de chumbo”.