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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE OSVALDO CRUZ
FORO DE OSVALDO CRUZ
2ª VARA
AVENIDA ESTADOS UNIDOS, 480, Osvaldo Cruz - SP - CEP

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0002535-88.2013.8.26.0407 e código BB0000000CFML.
17700-000

SENTENÇA
Processo Físico nº: 0002535-88.2013.8.26.0407
Classe - Assunto Procedimento Ordinário - Tempo de Serviço
Requerente: Jesus Ross Martins
Requerido: Fazenda Pública Estadual

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Fábio Alexandre Marinelli Sola

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO ALEXANDRE MARINELLI SOLA, liberado nos autos em 15/08/2014 às 10:01 .
Vistos.

Trata-se de Ação Declaratória c/c condenatória movida por JESUS ROSS


MARTINS contra a FAZENDA PUBLICA ESTADUAL. Alega, em suma, que
ingressou na Administração, tomando posse no cargo de agente de segurança penitenciária
e que passou a ocupar cargo de cargo de direção. Possuindo mais de 30 anos de
contribuição, sendo 26 anos 08 meses e 23 dias como Agente de Segurança Penitenciária,
requereu sua aposentadoria especial, bem como à concessão do abono permanência, com
base no que dispõe o art. 40, § 4º, inciso III e art. 2º, da Lei Complementar n. 1.109/10,
mas teve seu pleito indeferido com base em orientação normativa interna.
Assim, requer seja reconhecido o direito à aposentadoria especial, bem
como o direito ao abono de permanência.
Juntou os documentos e cópias, fls. 18/47.
Citada a requerida apresentou contestação, fls. 100/112. No mérito,
defendeu que a aposentadoria especial do agente de segurança penitenciário tem como
pressuposto o efetivo exercício da atividade pelo prazo de 20 anos ininterruptos e que
eventual assunção de cargo de direção promove a interrupção do período de carência.
Juntou os documentos de fls. 113/127.
Impugnação à contestação, fls. 131/140.
É o Relatório.
Fundamento e Decido.
Ao que se apura dos autos, o autor é investido no cargo de Agente de
Segurança Penitenciária desde a data de 26/07/1986( fls25/26), ou seja, há, mais de 26
(vinte e seis) anos.
A questão trazida nos autos é a legalidade da intepretação dada pela
Administração no sentido de que a assunção de cargo de direção ou chefia importa na
interrupção do tempo de carência exigido para aposentadoria especial pelo agente de
segurança penitenciário.
Com efeito, a Lei Complementar Estadual n° 1.109/10 é o diploma legal que
disciplina a aposentadoria dos ocupantes de cargos de agentes de segurança penitenciários.
No artigo 2º constam os requisitos exigidos para a aposentadoria especial, in verbis:
Artigo 2º: "Os Agentes de Segurança Penitenciária, a que se refere a Lei
Complementar nº 498, de 29 de dezembro de 1986, serão aposentados
voluntariamente, desde que atendidos, cumulativamente, os seguintes
requisitos:
I - 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se homem, e 50 (cinquenta) anos
de idade, se mulher;
II - 30 (trinta) anos de contribuição previdenciária;

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III - 20 (vinte) anos de efetivo exercício no cargo.


Parágrafo único - Aos integrantes da carreira de Agente de Segurança
Penitenciária cujo provimento no cargo ocorreu em data anterior à de
vigência da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, não
será exigido o requisito de idade, bastando a comprovação do tempo de
contribuição previdenciária e do efetivo exercício no cargo, previstos nos
incisos II e III deste artigo.
Além do requisito subjetivo, relacionado à idade, exige-se a permanência do

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO ALEXANDRE MARINELLI SOLA, liberado nos autos em 15/08/2014 às 10:01 .
servidor por vinte anos no cargo de agente de segurança penitenciário.
Segundo a requerida , quando o agente público passa a ocupar cargo de
direção ou de chefia, ele se desvincula do cargo de agente de segurança penitenciário,
intepretação que não parece ser a correta. E isto porque o cargo de direção ocupado pelo
autor tem como pressuposto o cargo de agente de segurança penitenciário.
Em termos funcionais, o provimento do cargo de diretor de unidade
penitenciária mostra-se como de provimento derivado e dependente do provimento
originário.
Não bastasse, o artigo 11, parágrafo único, da Lei Complementar Estadual
n° 959/04, dispõe sobre os casos em que se considera interrompido o interstício temporal
para fins de aposentadoria, conforme texto abaixo transcrito:
Artigo 11 - Interromper-se -á o interstício quando o servidor estiver
afastado para ter exercício em cargo ou função de natureza diversa
daquela que exerce, exceto quando:
I - afastado nos termos dos artigos 78 , 79 e 80 da Lei nº 10.261 , de 28 de
outubro de 1968;
II - afastado, sem prejuízo dos vencimentos, para participação em
cursos,congressos ou demais certames afetos à sua área de atuação, pelo
prazo máximo de 90 (noventa) dias;
III - afastado nos termos do § 1º do artigo 125 da Constituição do Estado.
IV - designado para função de direção, chefia ou encarregatura
retribuída mediante "pro labore", a que se refere o artigo 14 desta lei
complementar."
(grifo nosso)
Obviamente, não há como se entender a presença da interrupção de
interstício, especialmente porque é do interesse público que os agentes de segurança
penitenciários experientes e com capacidade gerencial assumam postos de direção ou
chefia, vertendo seu conhecimento para o aprimoramento da gestão pública.
Não resta dúvida que, a se adotar a interpretação dada pela autoridade
pública, os agentes de segurança penitenciário sem se olvidar que, tratando-se de sistema
previdenciário misto, onde há destaque para a contribuição, é de se marcar que o autor não
deixou de contribuir para formação de pecúlio, de sorte que se mostra injusta a negativa na
concessão de seu direito.
A presente decisão não é isolada e encontra respaldo no entendimento
majoritário do Tribunal de Justiça de São Paulo:
Ementa: RECURSOS OFICIAL E DE APELAÇÃO MANDADO DE
SEGURANÇA - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO

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EXERCÍCIO INTERINO DE FUNÇÃO DE DIRETORIA - PRETENSÃO À


INCORPORAÇÃO DOS BENEFÍCIOS PREVISTOS NA LEI
COMPLEMENTAR Nº 959/04 POSSIBILIDADE. 1. A designação do
Servidor Público para o exercício interino da função de diretor foi
determinada por superior hierárquico. 2. Função interina efetivamente
desempenhada pelo servidor, que faz jus à correta remuneração e à
aposentadoria, computado o período de tempo exercido na função interina.
3. Ação mandamental julgada parcialmente procedente. 4. Sentença

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mantida. 5. Recursos oficial e de apelação desprovidos. (Apelação n°
0018138-70.2011.8.26.0053, 5ª Câmara de Direito Público, Rel. Des.
FRANCISCO BIANCO, j. em 11.6.2013)

À evidência que as funções de direção e chefia foram exercidas no âmbito


da Secretaria da Administração Penitenciária, sempre tendo como cargo originário o de
Agente de Segurança Penitenciária.
Dessa forma, o período exercido pelo autor nas funções de direção e chefia
não poderiam ter sido desconsiderados pela Administração para o cômputo do tempo de
efetivo exercício no cargo para fins de aposentadoria especial.
Daí porque é equivocada a interpretação fazendária dada ao referido
comando legal, porquanto o autor jamais deixou o seu cargo originário para fins de
exercício das funções de chefia e direção, enquadrando-se no art. 2º, da Lei n. 1.109/10.
Outrossim, observo que o exercício das funções de chefia e direção sempre
se dá no interior das Unidades Prisionais, não havendo como se afastar o risco da atividade,
razão pela qual não viceja a alegação de que a norma constitucional visou privilegiar
somente os que exercem atividades de risco, já que, ainda que investidas em tais funções,
estará o servidor, de maneira ininterrupta, em contato com a população carcerária.
Nesse sentido, aliás, já se posicionou a Egrégia Sexta Câmara: “Apelação -
Servidor Público - Agente de segurança penitenciária - Ação visando à contagem do
tempo que o autor passou exercendo funções de direção e chefia para fins de concessão de
aposentadoria especial, bem como à concessão do abono de permanência - Sentença de
improcedência - Recurso voluntário do autor - Provimento de rigor - O período em que o
autor exerceu cargo em comissão de direção e chefia não pode ser desconsiderado do
cômputo do tempo de efetivo exercício no cargo para fins de concessão de aposentadoria
especial - Inteligência do inciso III do art. 2º da LCE nº 1.109/2010 - Precedentes desta
Corte Abono de permanência devido desde a data em que implementados os requisitos
para a concessão da aposentadoria especial Se o servidor possui os requisitos para
aposentar-se, seja pelo regime comum ou pelo especial, e opta por permanecer em
atividade, faz jus ao abono - Entendimento pacificado pelo E. STJ - R. sentença
reformada, com a inversão do ônus de sucumbência - Recurso provido.” (Apelação Cível
n. 0003606-28.2012, Rel. Des. SIDNEY ROMANO DOS REIS, j. 19.08.2013)
A mesma solução se adota com relação ao abono permanência.
O Colendo Superior Tribunal de Justiça conta com diversos precedentes
segundo os quais “O segurado que já tenha implementado tempo de serviço necessário à
aposentadoria especial, se optar por permanecer em atividade, faz jus ao abono de
permanência ” (REsp 204960 / SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJ 14/02/2000, p. 60)

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No mesmo sentido, veja-se:


“Em prestigiamento a uma interpretação analógica extensiva, também
devem ser incluídos na possibilidade de percepção do abono de permanência instituído
pela EC 41/2003 os servidores que executam atividades de risco, eis que, na essência, não
existente distinção entre aposentadoria voluntária comum e a voluntária especial., Não é
justo nem razoável que haja um discrímen quanto ao deferimento de um beneficio também
de índole previdenciária só porque há tratamento diferenciado quanto aos critérios para a
aposentação. Não pode o interprete desigualar os que na essência são iguais. Precedentes

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO ALEXANDRE MARINELLI SOLA, liberado nos autos em 15/08/2014 às 10:01 .
do STJ ( RE 609043AgR)
Evidente, portanto, que se o servidor possuir o tempo necessário para fins de
aposentadoria especial e optar por permanecer em atividade, tem direito ao abono
permanência, desde a data em que reuniu as condições necessárias para a aposentadoria
especial.
Ante ao exposto, julgo PROCEDENTE a ação promovida por JESUS
ROSS MARTINS contra FAZENDA PÚBLICA ESTAUDAL , nos termos do artigo
269, I do Código de Processo Civil, para reconhecer o direito ao autor em se ver
aposentado pelo regime especial da Lei Complementar Estadual n° 1.109/10, computando
no tempo de serviço aquele exercício em cargo de direção ou chefia, bem como para
reconhecer eventual direito ao abono de permanência na forma da legislação em vigor.
As diferenças referentes ao lustro retroativo à citação, não fulminadas pela
prescrição qüinqüenal, deverão ser pagas corrigidas e acrescidas de juros de mora desde a
citação, conforme artigo 1º-F da Lei Federal 9.494/97, observando-se a recente redação da
Lei 11.960/2009.
Tratando-se de crédito de natureza alimentar, goza dos respectivos
benefícios constitucionais para seu pagamento, nos termos do artigo 100, §1ºA, da CF,
acrescido pela Emenda Constitucional nº 30/2000, bem como o disposto no artigo 116 da
Constituição Paulista, de sorte que as parcelas vencidas até implementação do pagamento
deverão ser pagas de uma só vez.
Ante sucumbência a requerida arcará com as custas, despesas e honorários
advocatícios que fixo em 10% sobre o valor da condenação.
Diante da nova redação do parágrafo 2º do artigo 475 do Código de
Processo Civil, deixo de determinar a remessa necessária, pois o valor da causa encontra-se
no limite estipulado na norma em comento.
PR.I.
Osvaldo Cruz, 11 de agosto de 2014.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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