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RESUMO
Este trabalho objetiva-se analisar as ações sociais que estão sendo implementadas
no atual governo Crivella, na cidade do Rio de Janeiro. Ao abordar essa gestão, é
necessário aduzira influência da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) na esfera
pública; essa incidência vê-se refletida na escolha das instituições executoras das
ações sociais, no discurso oficial acerca da assistência social, nos mecanismos de
implantação dos programas etc. reforçando o caráter moralizador e conservador no
método de atendimento das manifestações da questão social. Com isso, objetiva-se
analisar as características das ações sociais executadas na cidade,buscando
desvendar o influxo da IURD nas decisões políticas, sobretudo, aquelas vinculadas
aos programas sociais fadadas às populações mais empobrecidas.
RESUMEN
1
Professora Associada da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail:
alejapasto@yahoo.com.br.
2
Assistente Social da Prefeitura Municipal de Armação dos Búzios. E-mail: fwgf20@gmail.com.
3
Discente da modalidade de bacharelado do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Escola de
Serviço Social. E-mail: jessikaloliveirah@gmail.com.
4
Discente da modalidade de bacharelado do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Escola de
Serviço Social. E-mail: oliiviaramos@outlook.com.
CORLETO, A. P.; FARIA, G. G.; OLIVEIRA, J. L.; PENHA, O. R.
O atendimento das necessidades sociais no Rio de Janeiro: retomada do conservadorismo religioso
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
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Este programa municipal busca coibir “atos de vandalismo”, furtos, roubos e “desordens urbanas” através de abordagens
individuais e coletivas nos ônibus e principais vias de acesso à orla carioca.
7
O programa responsabilidade da FECOMERCIO, Prefeitura do Rio de Janeiro e SEAS-DH do estado do Rio de Janeiro se
coloca como objetivo elaborar estratégias de Segurança Pública para combater a violência, os roubos e furtos em áreas
específicas da cidade que concentram atividades comerciais e turísticas. As principais ações desenvolvidas são: rondas,
abordagens individuais e coletivas.
8
O objetivo deste programa estadual consiste em recuperar os territórios controlados pelo tráfico e consolidar o controle estatal
sobre essas comunidades sob influência de grupos criminosos ostensivamente armados.
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Este programa federal busca fortalecer as funções protetivas da família em situação de risco e vulnerabilidade social e
prevenir o rompimento dos vínculos familiares e comunitários, por meio de atividades sócio educativas.
10
Reduzir as violações de direitos sócio assistenciais e preservar a integridade e autonomia da população em situação de rua é
o principal objetivo deste programa federal. Para atingir esses objetivos desenvolvem-se ações como: acompanhamento e
articulação com a rede de serviços, promoção de oficinas, reforça-se a alimentação e acesso a espaços de guarda de
pertences.
11
Essa discussão pode ser aprofundada em “Programas Sociais no Rio de Janeiro: Entre o Controle e a Proteção” (Jantorno,
G et al, 2018 - no prelo) que sistematiza parte dos resultados da pesquisa maior desenvolvida pelo grupo acima referenciado.
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Cabe aqui salientar que a partir de 2017 quando se inicia a gestão Crivella
percebe-se uma íntima articulação da IURD coma prefeitura e influência dessa
instituição religiosa na esfera pública; dessa forma, o atual Prefeito busca
reconfigurar a dimensão pública do Estado tornando-o permeável aos interesses e
preceitos religiosos específicos da Igreja Universal, reforçando os traços
conservadores, moralistas e controladores na sua gestão. Essa estratégia se
consolida com a participação das mídias (internet, redes sociais, jornais), instituições
de ensino, instituições religiosas etc. Os quais propagam sua “verdade” e suas
escolhas ancoradas nesses preceitos que transcendem o espaço do privado e
impregnam o espaço público, colocando limites reais à diversidade, ao pluralismo e
ao caráter laico do Estado. Podemos assim dizer que há traços em que as ações
sociais desenvolvidas pela prefeitura do Rio de Janeiro se apresentam “convertida” a
uma ideologia religiosa, onde se confunde a política e religião.
12
O prefixo “neo” é utilizado para apresentar um caráter de novidade dentro do protestantismo, mas especificamente do
pentecostalismo. Assim o Movimento de renovação e readaptação propõem o abandono de hábitos e estereótipos pelo qual os
“crentes” eram conhecidos trazendo novos ritos, arranjos modernos que permeiam a evangelização pelos meios de
comunicação e até mesmo pela via política. (SILVA, 2007)
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bíblico –13, como também, segundo um vídeo publicado pelo próprio Crivella, “eleger
um presidente da República que vai trabalhar por nossas igrejas para cumprirmos a
missão de levar o evangelho a todas as nações da Terra”.
13
“E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do
Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir”. (Deuteronômio 28:13). Trecho bíblico apropriado para
reforçar a importância da centralização política por parte da bancada evangélica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se desta forma, que para pensar o governo Crivella se faz necessário
levar em consideração três grandes pilares que se entrelaçam: o conservadorismo
religioso, controle das populações/territórios e assistencialismo. Dessa forma,
ancorado nesses pilares o projeto do atual governo municipal traz para dentro do
Estado as instituições religiosas, em especial Igreja Universal do Reino de Deus, e
diversos sujeitos que se vinculam institucionalmente à IURD. Podemos ousar dizer,
ao olhar para a dinâmica política no Brasil e para a importância que a bancada
evangélica vem adquirindo nos últimos anos, que talvez seja o Rio de Janeiro uma
importante experiência piloto desse grupo conservador no país.14 Mas que para além
disto, sustenta as velhas concepções: satanização do público em detrimento do
privado e a valorização de uma moral cristã, propagada pela Igreja Universal.
14
Um exemplo dessa experiência piloto materializada em uma das ações da prefeitura é o episódio do censo religioso,
realizado em agosto de 2017, através de um questionário direcionado aos servidores da Guarda Municipal, de caráter
obrigatório, o qual resultou uma insatisfação coletiva por parte dos agentes e o pedido de suspensão ao Ministério Público, por
alegação de medida inconstitucional e constrangedora.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS