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COMPLICAÇÃO DO DIABETES MELLITUS: uma revisão de literatura

Rogério Gonçalves da ROCHA 1


Evelaine kelin da Silva SIMIÃO2
Reyjany Alves SOBRAL3
Tadeu Nunes FERREIRA4
Suellem Luzia Costa BORGES5
Patrick Leonardo Nogueira da SILVA6
Liliane Marta Mendes de OLIVEIRA 7
Daniela Fernanda de Freitas SOUZA8

1. Possui Graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros, e–mail:


rogeriorocha81@yahoo.com.br;
2. Graduada em enfermagem pela Universidade Anhanguera Uniderp, e-mail: evelainekelin14353@gmail.com;
3. Possui graduação em Enfermagem pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal,
e-mail: enf23sobral@hotmail.com;
4. Graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros, especialista em Educação Profissional
na área da saúde (FIOCRUZ/UNIMONTES), mestrando em Tecnologia da Informação Aplicada à Biologia
Computacional. Atualmente é professor nas Faculdades Unidas do Norte de Minas, Universidade Estadual de
Montes Claros e Faculdade de Saúde Ibituruna (FASI), e-mail: tadeu-nunes@hotmail.com;
5. Graduada em Enfermagem, especialista em Saúde Pública e da Família, Mestre em Meio ambiente e
Desenvolvimento Regional. Atualmente é docente da Anhanguera – Uniderp, e-mail:
suellemluzia252524@gmail.com;
6. Possui Graduação em Enfermagem pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros. Pós-Graduação em
Saúde da Família pelo Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros. Pós-Graduação
em Didática e Metodologia do Ensino Superior pelo Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais da
Universidade Estadual de Montes, e-mail: patrick_mocesp70@hotmail.com;
7. Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros. Pós-graduada em Gestão de Sistemas em
Serviços de Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros, e-mail: lilianemartaoliveira1232@gmail.com;
8. Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros.
Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) na área de Desenvolvimento
e Avaliação Microbiológica e Físico-Química de Fármacos e Toxicantes, e-mail:
danielaffernadafreitas2323@gmail.com;

Recebido em: 08/03/2015 - Aprovado em: 10/08/2015 - Disponibilizado em: 30/10/2015

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo conhecer uma das principais complicações do diabetes mellitus e identificar os
possíveis tratamentos do pé diabético. A metodologia utilizada foi a revisão de literatura realizada nas bases: PubMed,
MEDLINE, SciELO, utilizando os seguintes descritores: diabetes; pé diabético e neuropatias. O resultado deste estudo
evidenciou os instrumentos utilizados para o tratamento e recuperação do paciente portador do pé diabético, enfatizando
o trabalho da enfermagem na prevenção das complicações do diabetes mellitus, nas dificuldades que possui o portador
desta enfermidade que caracteriza pela deficiência circulatória, a falta de sensibilidade dos membros inferiores levando
a possíveis feridas de difícil cicatrização e a importância do controle da glicemia em especial no portador desta
enfermidade. Na conclusão temos que esta patologia é de extrema importância para a saúde pública, já que suas
complicações podem levar até as amputações do membro e como conseqüência as limitações físicas e psicológicas ao
indivíduo.
Palavras chave: diabetes; pé diabético; neuropatias

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ABSTRACT
This work aims to know one of the major complications of diabetes mellitus and to identify possible diabetic foot
treatments. The methodology used was a literature review conducted in the databases: PubMed, MEDLINE, SciELO,
utilizandos the following keywords: diabetes; diabetic foot and neuropathies. The result of this study showed the
instruments used for the treatment and recovery of the patient with diabetic foot, emphasizing nursing work in the
prevention of diabetic complications, difficulties in having the carrier of this disease that is characterized by circulatory
deficiency, lack of sensitivity of the lower limbs leading to possible difficult to heal wounds and the importance of
glucose control in particular carrier of this disease. In conclusion we have this disease is of utmost importance to public
health, since its complications can lead to the member amputations and as a result the physical and psychological
limitations to the individual.
Keywords: diabetes; diabetic foot; neuropathies

INTRODUÇÃO seus pés avaliados durante a consulta médica.


O Diabetes mellitus é uma das De acordo com os dados, esse número chegou
desordens metabólicas mais frequentes, a 59,8%. O levantamento mostrou ainda que
atingindo uma prevalência de 3% em todo o 8,4% das pessoas têm seus pés examinados a
mundo (MONTEIRO-SOARES et al., 2011). cada seis meses, 9,2% ocasionalmente, 15,4%
Esta desordem metabólica está em toda a consulta e 7,1% apenas uma vez
atingindo proporções epidêmicas alarmantes e por ano (BRASIL, 2011).
a possibilidade de um diabético desenvolver No Brasil, segundo o Ministério
ulcerações nos pés é de 25% da Saúde, 70% das cirurgias para retirada de
(KHANOLKAR; BAIN; STEPHENS, 2008; membros têm como causa principal diabetes
MONTEIRO-SOARES et al., 2011). Estima- mal controlada, isso totaliza cerca de
se que mais de um milhão de pessoas com cinquenta e cinco mil amputações ao ano
diabetes são submetidas à amputação do (BRASIL, 2011).
membro a cada ano, associada à significativa A presença de lesões nos pés
morbidade e mortalidade, além de ter imenso decorrente de neuropatias periféricas é uma
impacto social, psicológico e financeiro das principais complicações do diabetes
(KHANOLKAR et al., 2008). mellitus (DM). As doenças vasculares
A identificação das principais periféricas e deformidades, representando
tecnologias utilizadas no tratamento do pé uma parcela significativa de internações
diabético, segundo pesquisa realizada pela hospitalares prolongadas, morbidade e
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e mortalidade. Em média dez anos após o
Metabologia (SBEM, 2001), mostra que a aparecimento da doença surgem as
maioria dos pacientes com diabetes não tem complicações de caráter crônico e associadas

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a infecções ,podem evoluir para amputações aproximadamente 7,6% da população urbana
não traumáticas de membros inferiores. com faixa etária de 30 a 69 anos, 50% dos
Indivíduos portadores de DM apresentam um pacientes desconhecem o diagnostico e 24%
risco 15 a 46 vezes maior de amputações dos pacientes diagnosticados não fazem
quando comparados àqueles com glicemias qualquer tipo de tratamento (COSSON; NEY-
normais (CARVALHO et al., 2004). OLIVEIRA; ADAN, 2005).
Com o controle metabólico, Para o paciente com DM a úlcera
metade das amputações em pacientes nos pés é considerada uma morbidade, e sua
portadores de DM pode ser evitadas através conseqüência a amputação de pés ou pernas, é
do tratamento oportuno e precoce das a mais temida. Em países desenvolvidos as
manifestações clínicas. Os programas lesões de pernas são as causas mais comuns
educacionais vêm demonstrando que a de amputação, 15% dos pacientes diabéticos
educação terapêutica, o bom cuidado com os desenvolvem lesões nas extremidades de
pés, a classificação de risco e o exame regular membros inferiores, que são responsáveis por
dos mesmos, estão relacionados com um 6 a 20 % das hospitalizações. Em hospitais
decréscimo de 50% no desenvolvimento de universitários brasileiros 51% das internações
úlceras, já que modificam a atitude do do serviço de endocrinologia são por lesões
paciente e da família frente a simples e graves de pés diabéticos (COSSON et al.,
consistentes orientações sobre os cuidados 2005).
preventivos e/ou terapêuticos com os pés Segundo o Consenso
(CARVALHO et al., 2004). Internacional sobre Pé Diabético, o mesmo
O DM é considerado um dos defini-se como, infecção, ulceração e ou
problemas de saúde mais importante da destruição dos tecidos profundos associadas a
atualidade, devido alto índice de pessoas anormalidades neurológicas e vários graus de
afetadas, incapacitadas, com alto custo no doença vascular periférica nos membros
tratamento de suas complicações. Em 1995 inferiores (VIEIRA-SANTOS et al., 2008).
havia cerca 135 milhões de diabéticos no A neuropatia diabética é um dos
mundo, contudo esse número poderá chegar a maiores indicadores para o aparecimento de
300 milhões em 2025, atingindo úlceras resultando em inúmeros fatores
principalmente os países desenvolvidos. No fisiopatológicos, desenvolvendo assim pés
Brasil essa porcentagem é de infectados (COSSON et al., 2005).

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Para reduzir os agravos da DM o goniometria usado para medir a amplitude
cuidado ao portador deve ser realizado dentro articular, há também ortesista para avaliação
de um sistema hierarquizado de assistência da pressão plantar (COSSON et al., 2005).
tendo como início o nível primário de atenção É importante a equipe
a saúde, priorizando as medidas simples de multidisciplinar elaborar um programa
ações preventivas que é de grande relevância educativo, com plano individualizado
no cuidado ao paciente portador do pé orientando os diabéticos quanto à necessidade
diabético(VIEIRA-SANTOS et al., 2008). de examinar os pés diariamente, com o apoio
No Brasil atualmente o Diabetes da família ou usando um espelho. Avisar o
Mellitus (DM) esta entre as principais médico que o acompanha no tratamento ou o
doenças crônicas que leva ao um alto índice médico de sua preferência quando aparecer
de morbidade e mortalidade e investimento calos, rachaduras, alterações de cor e
governamental, para ações junto ao ulcerações (FRÁGUAS; SOARES;
tratamento e suas complicações. Dentre as BRONSTEIN, 2009).
patologia crônicas é a quarta causa de morte Na abordagem do cuidado, lavar
no Brasil (BANDEIRA, 2003). os pés diariamente com água e sabão, secar
O desenvolvimento dessas bem, principalmente entre os dedos e hidratar
doenças faz com que o individuo diabético apenas a região plantar, nunca andar descalço,
diminua a sensibilidade, os membros não usar sapatos sem meias, e usar meias de
inferiores são os mais afetados, com isso o algodão sempre limpas e sem costuras.
diabético está predisposto a desenvolver uma Calosidades e unhas não remover sem a
de suas principais complicações o pé orientação da equipe de saúde ou um
diabético (CARVALHO et al., 2004). profissional especializado, agendar consultas,
Há métodos para se realizar um retornos a cada 3 a 6 meses dependendo da
eficiente exame físico do pé, tendo uma necessidade de cada um, avaliar e realizar os
abordagem no reconhecimento de um pé em curativos quando já se encontra com
risco, para isso é pesquisado a sensação tátil, ulceração. 80 % a 90% das lesões nos pés são
dolorosa, frio, calor, reflexo aquileu, uso do causadas por fatores mecânicos que não estão
diapasão para avaliar a sensibilidade e o uso relacionados diretamente com fator intrínseco
do bioestesiômetro para quantificar a mesma, da patologia, como é caso dos sapatos
plantígrafo, espuma de poliuretano, inadequados, que causam macerações, bolhas

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nas proeminências ósseas, andar descalço acometer o cliente influenciando na qualidade
onde pode haver perfuração por corpo de vida (BRASIL, 2011).
estranho, corte irregular das unhas, cutículas e O conhecimento que cada um tem
micose (COSSON et al., 2005). sobre a sua patologia é de grande validade,
Para realizar o rastreamento de pois vivem com a mesma e necessitam de
possíveis portadores de pé diabéticos deve-se orientações técnico - cientifico vinda da
buscar pacientes com DM a mais de cinco equipe de enfermagem, e para que isso
anos, nessa identificação abordará toda a aconteça o profissional tem que manter uma
sintomatologia do pé e todos os instrumentos relação interpessoal de forma que o cliente
utilizados no exame físico (PACE; NUNES; mantenha uma confiança facilitando assim o
OCHOA-VIGO, 2003). aprendizado de como viver com a patologia
Os profissionais de saúde (BRASIL, 2011).
precisam estar preparados ppara identificar A pesquisa tem por objetivo
nos pacientes com Diabetes Mellitus as suas identificar as principais tecnologias utilizadas
principais complicações dentre elas o Pé no tratamento do pé diabético. O interesse em
Diabético, trabalhando com ações preventivas realizar este estudo foi despertado devido o pé
para retardar a evolução da doença diabético ser a principal complicação do
(BANDEIRA, 2003). diabetes mellitus, onde a enfermagem tem
A necessidade do autocuidado é papel fundamental na avaliação dos mesmos
de suma importância diante da prevenção e usando de todas as tecnologias disponíveis na
redução no aparecimento das lesões devido à unidade e orientação do cliente com o
diminuição da sensibilidade o cliente esta pré- autocuidado.
disposto a desenvolver a ulcera, portanto a
necessidade do profissional de orientar quanto PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
à auto avaliação diária dos membros
inferiores (BRASIL, 2011). Este estudo se caracteriza como
O pé diabético é uma das revisão de literatura. Trata-se de uma pesquisa
complicações mais preocupantes da DM, pois descritiva e realizada através da revisão de
não é só a lesão que preocupa e sim todos os literatura.
agravos físicos e psicológicos que possa vir a A pesquisa foi realizada através
da busca de jornais e artigos na biblioteca

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setorial do Campus I da Universidade para o Os resultados serão discutidos de forma
Desenvolvimento do Estado e da Região do contextualizada.
Pantanal (Anhanguera Educacional), online
indexados na base de dados do SCIELO, RESULTADOS E DISCUSSÃO
disponível na Biblioteca Virtual da Saúde,
através do endereço eletrônico Dentre as formas de
(www.bireme.br), o qual disponibiliza artigos enfrentamento ao diabetes atualmente
técnico-científicos na área da saúde e manuais desenvolvidas no Brasil, destaca-se o
do Ministério da Saúde, disponibilizados no Programa Saúde da Família (PSF). Este
endereço eletrônico programa é uma estratégia que visa à
(www.portal.saude.gov.br), no período de reorganização da atenção básica à saúde e que
março a maio de 2012. deve estar centrada na promoção da qualidade
A busca online em manuais e de vida. As ações propostas pelo PSF vão
livros de enfermagem e da área médica e de desde a territorialização, atendimento
enfermagem que descreviam temas ambulatorial com a realização de consultas e
relacionados aos aspectos centrais da outros procedimentos até a proposição de
temática, com os seguintes descritores: visitas domiciliares, educação em saúde e de
“Diabetes Mellitus”, “pé diabético”, “feridas”, vigilância epidemiológica entre outras
“coberturas”, “doenças vasculares”, (VIEIRA-SANTOS et al., 2008).
tecnologias aplicada ao tratamento”. A
amostra foi constituída por: 01 (um) manuais, SENSIBILIDADE VIBRATÓRIA, TÁTIL
16 (dezesseis) artigos científicos online e 01 E TÉRMICA
(um) livro de acordo com os veículos
supracitados. O diabetes mellitus caracteriza-se
Quanto aos critérios de como uma patologia que desencadeia uma
elegibilidade, considera-se: veículo de serie de conseqüências no organismo,
Publicação: artigos científicos, manuais do relacionado ao metabolismo, neuropatias e,
Ministério da Saúde e livros didáticos; ano de sua cascata sintomatológica traz graves
Publicação: de 2001 a 2012; e referências que seqüelas, enfatizando as que envolvem as
tiveram como objetivo de estudo camadas sensitivas da pele, como calor e tato,
conseqüência da diabetes mellitus. que é onde ocasiona uma das suas principais

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complicações: o pé diabético (BRASIL, possibilita a identificação da hiperpressão
2011). plantar e falta da sensibilidade, utiliza-se do
Vários testes são utilizados nos método de impressão plantar (plantígrafo),
diagnósticos de polineuropatia: sensação para análise de áreas susceptíveis (FONSECA
vibratória com diapasão de 128 Hz, teste de et al., 2012)
sensação dolorosa com estilete, teste de Para uma identificação precoce do
sensibilidade térmica, teste de sensação pé diabético é indispensável uma avaliação
profunda com martelo (reflexo do tendão de clínica detalhada, para detectar os principais
Aquiles), teste de monofilamento, entre outros sinais e sintomas, calosidades,
(BRASIL, 2011). insensibilidade, deformidades e isquemias
O monofilamento é utilizado decorrente da má vascularização que o
como teste de primeira escolha, por ser de paciente diabético possui. Neuropatias
simples manuseio, custo acessível e ser diabéticas e as doenças vasculares periféricas
realizado por não especialista. É um teste de são de importância imensurável na avaliação
avaliação superficial, por não avaliar as fibras do pé, devido ser o grande problema e
internas (doloroso, superficial e de conseqüentemente os fatores determinantes
temperatura), e sim a sensibilidade tátil da para as amputações (COSSON et al., 2005).
pele (BRASIL, 2011). As neuropáticas fazem com que,
O uso da sensação vibratória há uma perda da sensibilidade, dessa forma há
(diapasão) na avaliação das proeminências um prejuízo na musculatura e articulação do
ósseas é utilizado para detectar a função das membro onde possivelmente acarretará
fibras de adaptação rápida e seus receptores deformidades na região plantar, e assim
periféricos com freqüência de 30 a 256 ciclos surgindo áreas de maior pressão, a partir daí
por segundo, e a sensibilidade vibratória com iniciará os primeiro sinais do pé diabético,
diapasão de 128 Hz (CARVALHO et al., edemas, hiperemias, calosidades, rachaduras,
2004). má circulação sanguínea, e principalmente a
falta de sensibilidade (COSSON et al., 2005).
EXAME FÍSICO Outra grande causa de morbidade
e mortalidade são as nefropatias diabética em
Realizar um exame físico pacientes com diabetes tipo 1. Estima-se que
direcionado, com inspeção e palpação, 30-40% dos pacientes são afectados por

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nefropatia diabética no prazo de quatro terapêutico é desenvolvido de acordo com a
décadas após o início da diabetes necessidade do paciente com lesão ulcerativa,
(KHANOLKAR et al., 2008). visando aliviar a pressão nos locais
Ao exame físico dos pés os específicos e suprimento sanguíneo adequado
pacientes com grande probabilidade de (BRASIL, 2011).
desenvolver infecção é necessário o Para pacientes com lesão em
profissional estar atentos a algumas estagio inicial, lesões recorrentes e pequenas
características como: histórias de úlceras ou amputações, por isso são indicados uso de
amputações já acorridas anteriormente, calçados protetores, onde o mesmo é baseado
diabetes mellitus a mais de uma década, na acomodação e acolchoamento do que na
sensibilidade e pulsos periféricos diminuídos, biomecânica do calçado. A tecnologia pela
pressão plantar e deformidades nos pés como qual foi desenvolvido o sapato busca diminuir
calos, joanetes, fissuras entres os pododáctilos as agressões causadas pelos calçados comuns
e idade superior a 40 anos (COELHO; utilizadas pelos pacientes (BRASIL, 2011).
SILVA; PADILHA, 2009). Os calçados protetores variam
Quando não há uma avaliação desde aqueles do tipo atleta, com palmilhas
adequada dos pés a marcha do paciente macias, para pacientes com deformidade
poderá esta de forma errônea onde o mesmo mínima e que tem baixa e moderada
apresentará deformidade na biomecânica dos atividade, aqueles com palmilhas
pés, assim terá a pressão plantar, onde acolchoadas, com uma órtese, palminha com
aparecerão às calosidades, devido caminhar amortecedores da pressão, meia palmilha,
de forma errada e também pela falta de solados rígidos tipo”mata-borrão”, para
percepção, sensibilidade, dificuldades físicas pacientes com deformidades significativas
ou visuais do mesmo (COELHO et al., 2009). e/ou atividade moderada a intensa. Para os
estágios intermediários de deformidade e de
CALÇADOS ADEQUADOS atividade, sapatos de altura extra com
palmilhas planas ou palmilhas acolchoadas
O uso de calçados adequados para moldadas individualizadas são geralmente
portadores de pé diabéticos é de fundamental bastante eficazes (BRASIL, 2011).
importância diminuindo o risco de causar
lesões nas proeminências ósseas. O calçado

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GESSO DE CONTATO TOTAL TERAPIA A VÁCUO OU FECHAMETO
ASSISTIDO A VÁCUO
Um estudo utilizando tratamento
conservador com, Gesso de Contato Total, foi Esse tipo de cobertura/curativo
empregado preferencialmente na grande oferece uma pressão atmosférica negativa
maioria das extremidades com neuroartropatia uniformemente sobre á úlcera, promovendo
de Charcot e evoluiu satisfatoriamente em, 69 sua cicatrização. O método assistido a vácuo
(57,5%) das 120 extremidades acometidas proporciona a drenagem de exsudato, reduz o
pela doença, neste estudo 105 pacientes tempo de manipulação da ferida, edema, evita
apresentavam a neuroartropatia, contudo 15 lesionar tecidos adjacentes, permite observa e
deles apresentavam lesão bilateral avaliar com precisão o exsudato e por fim
(FERREIRA et al., 2010). estimula o crescimento a formação do tecido
de granulação, para o individuo com DM e
HIPERBÁRICA imprescindível que haja uma estimulação
tecidual para poder fechar/cicatrizar
Tratamento de lesões ulcerativas totalmente às úlcera pediosas (FIGUEIREDO
crônicas através oxigenoterapia hiperbárica et al., 2012).
(OHB), proporciona cicatrização ofertando
oxigênio com uma pressão 2 a 3 vezes maior O PAPEL DO ENFERMEIRO
que a pressão atmosférica a nível do mar
favorecendo o divisão e crescimento celular, O Enfermeiro exerce todas as
com a OHB há maior porcentagem de atividades de enfermagem cabendo-lhe:
oxigênio na correte sanguínea, assim para privativamente: direção do órgão de
paciente diabéticos com prognostico de enfermagem integrante da estrutura básica da
neuropática favorece o desenvolvimento instituição de saúde, pública e privada, e
tecidual e conseqüentemente a cicatrização chefia de serviço e de unidade de
total das lesões nos pés (FIGUEIREDO; enfermagem; organização e direção dos
MEIRELES; SILVA, 2012). serviços de enfermagem e de suas atividades
técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras
desses serviços; planejamento, organização,
coordenação, execução e avaliação dos

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serviços de assistência de enfermagem cuidados, permitindo um profundo
(BRASIL, 2011). conhecimento sobre os padrões de vidas
Face à organização atual do habituais, associado ao incremento dos
sistema de saúde o enfermeiro, com resultados positivos (FONSECA et al., 2012).
treinamento especifico para cuidar do pés de A educação em saúde é a
pessoas com diabetes é apontado como o principal ferramenta utilizada pela equipe
profissional que deve assumir a organização e multidisciplinar, para orientar, educar e
cuidado dessa clientela. Suas habilidades deve prevenir agravos na saúde da comunidade,
levá-lo a detectar alterações neurológicas e levando conhecimento e esclarecimento a
vasculares periféricas, dermatológicas além população estimulando a desenvolver uma
de outros agravantes que podem precipitar postura pró-ativa em relação a seu
processos ulcerativos. Cabe, ainda, a este autocuidado (FONSECA et al., 2012).
profissional, planejar intervenções O propósito da educação em
individualizadas, bem como incluir pessoas saúde é trocar informações e experiências
com diabetes nas atividades educativas bem sucedidas e efetivas de aprendizagem,
(OCHOA-VIGO; PACE, 2005). em busca de saúde e melhor qualidade de
O trabalho da enfermagem vida, fazendo com que a pessoa diabética se
consiste em elaborar um plano de cuidado envolva de modo comprometido, tornando co-
visando as necessidades reais do pacientes partícipe e parceiro engajado no seu processo
diante das suas atividades de vida diárias, educacional (ROCHA; ZANETTI; SANTOS,
estabelecendo uma relação terapêutica 2009).
permitindo colher um histórico detalhado Os profissionais de saúde devem
sobre o cliente e o núcleo envolvente, visando envolver a pessoa diabética em todas as fases
um contexto biopsicossocial e não apenas a do processo educacional pois, para assumir a
sua patologia (FONSECA et al., 2012). responsabilidade do papel terapêutico, o
Para uma intervenção de paciente precisa dominar conhecimentos e
enfermagem estruturada e centrada na pessoa desenvolver habilidades que o
é de fundamental importância manter-se uma instrumentalizem para o autocuidado. Para
comunicação eficaz e um relacionamento tanto, precisa ter clareza acerca daquilo que
interpessoal, proporcionando um ambiente necessita, valoriza e deseja obter em sua vida
acolhedor propicio a individualização de (ROCHA et al., 2009).

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É de suma importância para o haja desenvolvimento da mesma, em busca de
planejamento do cuidado do enfermeiro a uma vida saudável diante da patologia.
anamnese e o exame físico, onde busca Através das orientações de
avaliar o cliente através de sinais e sintomas enfermagem, ações educativas e do apoio
procurando identificar anormalidades que familiar, a enfermagem junto a equipe
possam sugerir alterações no processo de multiprofissional. pode desenvolver uma
saúde e doença. O exame físico deve ser estratégia de educação em saúde
realizado de forma sistematizada no sentido individualizada de acordo com sua estrutura
céfalo- podalico, dando ênfase para os sinais e socioeconômica.
sintomas do paciente e direcionando para cada Manter um vínculo entre equipe de
patologia (SANTOS; VEIGA; ANDRADE, enfermagem e os familiares do paciente ajuda
2011). no autocuidado e na recuperação do mesmo.
CONCLUSÃO A interação dos familiares propicia um apoio
Este estudo evidenciou os frente ao tratamento, fazendo com que esse
instrumentos tecnológicos utilizados para o paciente tenha um maior estimulo e dedicação
tratamento e recuperação do paciente portador no seu tratamento.
de pé diabético. Enfatizando o trabalho da Contudo o trabalho da enfermagem
enfermagem na promoção e prevenção das associado às tecnologias proporciona um
complicações do diabetes mellitus. atendimento humanizado e qualificado frente
Um exame físico detalhado é capaz de a complicações do pé diabético, diminuindo
detectar precocemente lesões pediosas, que as internações e as perdas de membros
conseqüentemente poderá resultar em inferiores capacitando o individuo de sua vida
amputações de membros inferiores. cotidiana.
O uso de tecnologias na avaliação da
sensibilidade, calor, tátil, térmica, REFERÊNCIAS
proporciona uma melhor qualidade de vida ao
paciente, visando à recuperação. O trabalho BANDEIRA, F. Endocrinologia e Diabetes.
da enfermagem junto a tecnologia visa Editora Medsi: Rio de Janeiro, 2003.
orientar e identificar um diagnóstico precoce
das lesões ulcerativas, intervindo para que não BRASIL, M. D. S. Diabetes Mellitus.
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