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Licenciatura em Teatro / Ano letivo 18/19 / Semestre Ímpar / Oficina de Teatro II / Docente

Ana Tamen / Daniela Gomes – 40437 / Mariana Baeta – 41205 / Patrícia Bento – 39995

Dramaturgia da peça:
Ópera dos Vinténs, de Bertold Brecht

Brecht queria mostrar, através das suas encenações, temas que lhe provocavam incómodos e
preocupações sociais e económicas como a guerra, a inflação, injustiças sociais, a religião, a família e até o
desprezo da arte. É oposto ao texto dramático que Aristóteles fundamentou em termos de forma de composição
de uma narrativa.

A obra “A Ópera dos três Vinténs” é um musical, em que as canções são cantadas
com a finalidade de comentar as ações, de forma a refletir sobre elas criticamente.

As canções são uma melhor forma do espetador perceber o acontecimento narrado. Elas
explicitam o texto e tomam uma posição comunicando um comportamento, de maneira crítica e esclarecedora.
Esta peça fala de um casal, os Peachum, que são empresários de um bando de mendigos, os quais descobrem
que a sua única filha (Polly) tem intenções de se casar com o mais respeitado ladrão de Londres, Macheath.
Na sua empresa, o Sr. Peachum, caracteriza os seus empregados como deficientes ou mendigos e manda-os
para a rua para pedirem esmolas. No entanto, Peachum mostra-se descontente com a situação do casamento e
recorre ao polícia Brown, que por sua vez é o melhor amigo do Mac da Naifa. A Jenny, umas das prostitutas
com que Mac se envolve acaba por denunciá-lo. A justiça acaba por capturá-lo com condenação de morte. Até
que, por intervenção da Rainha, ele é salvo e aceite na família Peachum.

 A peça desenrola-se em torno da corrupção, da sensualidade e do ciúme.

Destaca-se na relação entre o Mac é atraído pela O ciúme é revelado quando Mac está preso
polícia e o maior ladrão da sensualidade das e as suas pretendentes o vão visitar,
cidade. O agente está a par de prostitutas, tal como morrendo de ciúmes uma da outra. Através
todas as infrações cometidas elas são atraídas pela disto origina-se uma discussão entre
por Mac, no entanto não é capaz de Mac, deixando-se ambas. Também a possessão é notada na
de fazer algo contra ele, pelo manipular por elas e peça, no momento em que Peachum se
facto de serem grandes amigos, elas por ele. mostra indignada pela sua “filhinha” pura
não sendo parcial com o seu e sensual se casar com o maior ladrão de
trabalho. Londres.
Escola de Artes da Universidade de Évora
Teatro | 2018/2019 | 1º semestre | Daniela Gomes; Mariana Baeta e Patrícia Bento

 Mac também procura seu refúgio nas prostitutas, mas estas aceitam o suborno de Peachum, entregando
Mac aos polícias. Ou seja, Mac depende de toda a gente, mas todos acabam por traí-lo, porém é sempre
ele que tem todos na mão.

 Mac casa com Polly, pois tem interesse que ela trate dos seus negócios, para que ele fique à vontade
para viajar à vontade sem preocupações.

 A libertação de Mac, pela rainha não tem qualquer justificação no plano da ação dramática, assim
como a fragmentação do enredo que não deixa margem à identificação com qualquer personagem,
sendo que todos são colocados sob o pano de fundo das necessidades materiais de sobrevivência e do
comportamento esperado por eles na ordem burguesa. Ou seja, o público não se identifica com as
personagens da peça, porque o ator questiona a personagem, cria o seu guestus, mas sempre com
dúvidas em relação à interpretação da personagem. As personagens vão-se contradizendo ao longo da
peça, por isso pode haver uma admiração por parte do público, mas não uma identificação com as
mesmas.

A música utilizada na peça, os cartazes com os títulos das cenas, que já resumem o
que vai acontecer e os bastidores à mostra rompem com os últimos fios do drama
tradicional.

Isto apresenta uma estrutura social, sendo apresentada e criticada,


falsificando a base do teatro épico brechtiano.

Peachum e Mac são bons líderes de instituições burguesas, daqueles que vivem com “três vinténs”, mas
sob a influência da estrutura social que toca a todos.

 Os empregados de ambos acabam por ser enganados através de um discurso do progresso via
trabalho virtuoso e nisto são explorados e objetificados, porém agem contra os ideias do senso, ou
seja, no seio da corrupção, do roubo e do engano.

 A peça não é uma crítica à classe baixa, mas sim uma crítica aqueles que têm empresas burguesas, no
entanto são corruptas e são governadas com pouco dinheiro – o proletariado também tem uma visão
capitalista, é sujeito à contradição e com objetivos burgueses (existe uma alteração de mentalidades).

Escola de Artes da Universidade de Évora


Teatro | 2018/2019 | 1º semestre | Daniela Gomes; Mariana Baeta e Patrícia Bento

 Esta ópera possibilita à construção da naturalização do discurso dominante uma via de acesso mais
acessível à crítica, à denúncia de uma sociedade amoral, sem ética e sem princípios, que protege o
bandido e humilha quem trabalha honestamente.

 O primeiro ato da peça inicia-se com uma música matinal de Peachum, que critica a sociedade
capitalista e a religião, esta é utilizada como um método para conseguir esmolas por intermédio da
exploração do sentimento de pena daqueles que têm medo de enfrentar o “juízo final” (música na
página 293).

 Outro aspeto presente na peça que gera distanciamento épico, são os conselhos para os atores, pois
devem atuar narrando os acontecimentos para o público e não apenas representar – uma das
principais características do teatro épico.

Os elementos cénicos são de muita importância quando se trata de distanciamento épico. Com isto, podemos
concluir que para além das músicas, vestuário e gestos, há também a presença de vários letreiros, os quais
ajudam na criação do prólogo da cena, transmitindo à plateia o tema que está a ser falado naquele momento
– estes letreiros levam à quebra da quarta parede.

Escola de Artes da Universidade de Évora

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