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Ao realizar este exercício, vamos ler apenas algumas frases por dia, sempre uma pequena

parte que tenha unidade e nunca mais do que um parágrafo. Cada frase será transformada
num objecto de meditação, ou seja, será confrontada de forma aprofundada de modo a
reconhecer nela a experiência interior a que o autor se refere. Só temos que encontrar
uma experiência imaginativa e memorativa que se aproxime humanamente da
consciência do filósofo, não é preciso conhecer a sua biografia, basta que as consciências
filosóficas se encontrem. Para isso, vamos usar elementos de memória, de imaginação,
associação de ideias e demais recursos à nossa disposição. Apenas nos podemos dar por
satisfeitos quando a frase, que inicialmente nos chegou como ideia, se tenha transformado
numa percepção. Por vezes, há frases que não nos evocam nada e permanecem em estado
de compreensão abstracta. Nesses casos, não vamos passar adiante e devemos esperar
alguns dias até que alguma coisa nos surja, até porque será útil dormir sobre o assunto.
Não há problema se levarmos vários meses nuns poucos parágrafos. Aos poucos, a
velocidade do processo aumentará, mas não adianta tentar forçar isso. A técnica que
devemos utilizar é o oposto da análise de texto, que tenta se ater somente ao texto,
fazendo o seu desmembramento. Nós vamos, antes, puxar de dentro da nossa memória –
incluindo a memória afectiva – os elementos que o texto nos evoca, e este processo vai
aproximar gradativamente as nossas evocações das experiências originárias que
motivaram o texto. Iremos evocar a pessoa real do autor com a descompactação de cada
frase. Muitas evocações que nos surjam podem estar longe daquilo que motivou o autor, e
aí temos que voltar ao texto e seleccionar aquelas que estão em coerência com ele. Temos
que refrear o impulso de continuar a leitura quando esta se torna interessante. Quando
passarmos para o segundo parágrafo, adicionado ao esforço anterior de absorção
imaginativa existencial, é necessário fazermos a articulação com o primeiro parágrafo.
No final, teremos obtido a sequência exacta das ideias, já transformadas em recordações e
percepções, porque os conceitos abstractos que fomos encontrando já foram
transformados em exemplos concretos, vivenciados e reais. Podemos ter a tentação de ir
escrevendo à medida que vamos fazendo a leitura, mas devemos, no início, conter este
ímpeto. Devemos antes aprofundar a experiência e depois, quando a colocarmos por
escrito, já será algo mais definitivo e útil para outros.

Não basta um esforço intelectual, é necessário preencher com o imaginário. Por exemplo,
quando lemos no, início da Metafísica de Aristóteles, que “todos os homens tem por
natureza o desejo de conhecer. Prova disso é o prazer que nós temos nos nossos sentidos,
especialmente no sentido da visão”, temos de tentar observar isto em nós, a
concupiscência visual, que nos pode deixar extasiados sem possuirmos as coisas. A visão
é o mais cognitivo dos sentidos, ela dá mais do que os outros, apesar da verdadeira posse
advir dos restantes.

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