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Arminius e a Santificação do Crente

Por Jeremy Craft


(tradução: Kenneth Eagleton)
27 de agosto de 2012
http://www.helwyssocietyforum.com/?p=2580

O desacordo de Arminius com os cinco pontos do calvinismo é bem conhecido, mas outros
aspectos da sua teologia são geralmente negligenciados. Um destes é a doutrina da
santificação. Tanto arminianos quanto calvinistas ignoram ou desconhecem os ensinos dele,
como se ele nunca tivesse se expressado sobre o tema. No entanto, este assunto define muito
do que atualmente se denomina arminianismo. O quê, então, ensinou Arminius sobre a
santificação? Para responder a esta pergunta, veremos o que ele ensinou e em seguida
poderemos avaliar a teologia arminiana contemporânea à luz destes ensinos.

O propósito da santificação

De acordo com Arminius, qual é o propósito da santificação? Ele a define bem resumidamente:

É um ato gracioso de Deus através do qual purifica o pecador, mesmo crente, da


escuridão da ignorância e do pecado interior, e o imbui com o Espírito de
conhecimento, justiça e santidade, para que estando separado da vida do mundo
e estando conforme Deus, possa viver a vida de Deus. 1

A vida cristã deve, portanto, ser entendida como uma peregrinação – como foi bem colocado
por John Bunyan. Santificação é a purificação do crente, conformando-o ao que ele agora foi
declarado ser: justo. Este processo consiste de dois princípios: a mortificação do velho homem
que vive pela carne e a vivificação do novo homem que vive pelo Espírito. 2

Arminius descreveu esta luta interna entre o velho e o novo homem como uma luta greco-
romana entre a carne e o Espírito. 3 Tendo escrito consideravelmente sobre Arminius, Keith
Stanglin afirma que este processo de santificação era frequentemente descrito desta forma
entre os contemporâneos de Arminius. Ele escreve: “Lucta, ou luta greco-romana, apesar de
não se encontrar na Vulgata latina, era uma palavra comumente usada para descrever o

1
James Arminius, “Disputation XLIX: On the Sanctification of Man,” The Writings of James Arminius, trad.
James Nichols e W. R. Bagnall (Grand Rapids: Baker Books, 1977), II: 120.
2
Ibid., 120.
3
Ibid.
2

relacionamento entre a carne e o Espírito”. 4 Esta imagem encontra suas origens em passagens
como Gálatas 5:17: “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque
são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer”.
Semelhantemente, Efésios 6:12 descreve o cristão como alguém que luta “contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestes”. Em outras palavras, a vida de santificação é uma luta
contínua do cristão.

É interessante ver como a interpretação de Arminius de Romanos 7 influenciou seu ponto de


vista quanto à santificação. Arminius era um dos poucos teólogos de sua época a interpretar
esta passagem como a descrição do estado de um homem não regenerado, escravo ao pecado
(atualmente uma interpretação comum). Na época, a maioria dos teólogos argumentavam que
Romanos 7 descrevia a luta do cristão com o pecado. No entanto, de acordo com Arminius, esta
posição implica em uma visão mais fraca da graça santificadora de Deus. Stanglin declara:
“Arminius considerava que a sua posição quanto aos regenerados reforça mais o poder da
graça divina do que aquilo que os seus opositores estavam dispostos a reconhecer, pois
considerava que o pessimismo deles era devido a uma visão mais fraca da graça santificadora”.5
No seu pensamento, as declarações de Paulo sobre o Espírito em Romanos 8 não se alinhavam
com a interpretação da época do capítulo anterior.

Ao comparar a lei tanto ao cristão quanto ao não cristão, Arminius argumentava que Romanos
7 declara a vitória do crente sobre o pecado e a maldição da lei. Ele diz: “Pois no primeiro [o
cristão], a carne vence; mas no segundo [o não cristão], o Espírito geralmente vence a luta e
torna-se conquistador”. 6 Apesar de crer que o cristão luta com o pecado, ele também cria que
o Espírito concede a vitória final.

Arminius cria que o tom de Romanos 7 era mais otimista do que pessimista, assegurando aos
cristãos a vitória sobre o pecado. Esta segurança também influenciou o seu pensamento quanto
à perseverança. Ele declara: “Aqueles que foram enxertados em Cristo pela verdadeira fé e que
se tornaram participantes do seu Espírito que gera vida, possuem poder [ou força] suficiente
para lutarem contra Satanás, o pecado, o mundo e sua própria carne para obterem a vitória
sobre seus inimigos” (ênfase dele). 7 E mais: “Cristo os preserva de cair”. 8 A escravidão do

4
Ibid., 119.
5
Keith D. Stanglin, Arminius on the Assurance of Salvation: The Context, Roots, and Shape of the Leiden
Debate, 1603-1609 (Boston: Brill, 2007), 123.
6
Stanglin, 125.
7
Writings, I: 254. Apesar de Arminius argumentar que há motivos fortes para a perseverança do crente,
ele reconhece que isto não descarta necessariamente a possibilidade da apostasia. Ele deixa claro nos
seus escritos que o seu ensino sobre a perseverança não exclui o seu questionamento sobre a
possibilidade realmente de apostasia para o cristão. Apesar de ser debatido o que ele cria quanto a
3

pecado sob a lei se torna ineficaz. Somos capazes de conquistar a carne, pois o Espírito trabalha
para nos santificar. A vitória é nossa.

Como acontece a santificação

Mesmo que saibamos os propósitos de Deus para a santificação, precisamos conhecer como ela
se torna efetiva. Arminius dava o crédito a Deus pela santificação: “O autor da santificação é
Deus, o próprio Pai Santo, no seu Filho que é o Santo dos Santos, através do Espírito de
santidade”. 9 Para Arminius, o sacrifício expiatório de Cristo era a única obra objetiva da nossa
santificação. Isto procede do apóstolo Pedro que liga a obra santificadora do Espírito
diretamente à aspersão do sangue de Jesus (1 Pedro 1:1-2). De modo semelhante, o
entendimento de Arminius sobre a santificação corresponde ao seu ponto de vista quanto à
expiação. Ele liga a santificação diretamente aos sacrifícios levíticos prescritos no Antigo
Testamento:

Os sacerdotes, sob o Antigo Testamento... estavam habituados a serem


aspergidos com sangue e, da mesma forma, o sangue de Jesus Cristo, que é o
sangue do Novo Testamento, serve para este propósito – nos aspergir, nós que
somos por Ele constituídos como sacerdotes, para servir o Deus vivo. Neste
aspecto, a aspersão do sangue de Cristo, que serve principalmente para a
expiação de pecados e que é a causa da justificação, pertence também à
santificação. 10

A doutrina de santificação de Arminius era consequência da sua alta cristologia, principalmente


seus pontos de vista sobre a expiação de Cristo. Ele aponta com destreza a ligação entre a
justificação e a santificação. Apesar de a expiação de Cristo ser a base da nossa justificação, é
também a base para a nossa santificação. O Espírito age para aplicar o sacrifício purificador de
Deus à nossa vida.

apostasia, fica claro que ele não pensava que a possibilidade de apostasia minasse a suficiência da
graça do Espírito para a perseverança do cristão e para capacitá-lo a perseverar.
8
Ibid., 254.
9
Writings, II: 255. É interessante notar que Stranglin declara que a visão mais otimista de Arminius de
Romanos 7 levou a acusações de que ele fosse simpatizante das posições pelagianas. Veja
Stranglin, Arminius on the Assurance of Salvation, 126.
10
Ibid., 121.
4

No entanto, esta obra não se dá à revelia de nós mesmos. “Deus opera isto em nós, mas ele
não o faz sem nós; Ele age em nós para que possamos agir”, declara Arminius. 11 Isto se
assemelha às palavras de Paulo: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2:13). Como Paulo, Arminius não fundamenta
nossa santificação em nossa obediência, mas demonstra como a santificação é efetuada em
nós12. Nossa justificação não é dependente da nossa santificação; no entanto, nossa justificação
é o meio pelo qual a obra de purificação do Espírito se efetua.

A santificação segundo Arminius e segundo o arminianismo contemporâneo

Até aqui, o ponto de vista de Arminius quanto à santificação está mais de acordo com a teologia
reformada padrão da sua época (exceto talvez com respeito à sua ênfase) e é muito diferente
da teologia arminiana contemporânea. Grande parte do que é chamado arminianismo, que
segue as adaptações de John Wesley, ensina que a inteira santificação é possível e é até mesmo
o que se espera dos crentes. Este ensino afirma que o cristão pode chegar a um ponto em seu
progresso espiritual onde passa a ter uma santificação inteira (completa) onde vive uma vida de
perfeição sem pecado. Um teólogo wesleyano, John Miley, escreveu: “A santificação completa
será recebida instantaneamente à condição de fé, assim como a justificação é obtida; e haverá
uma nova experiência de uma grande e graciosa transformação, e tão consciente como a
experiência da regeneração”. 13 A experiência consciente da qual fala Miley é comumente
conhecida como segunda obra de graça.

Mas a teologia da segunda graça é contrária aos ensinos de Arminius. Apesar de Arminius
atribuir a vitória e o poder sobre o pecado aos cristãos por viverem no Espírito e não na
escravidão, ele não afirma e nem ensina a perfeição sem pecado. Preste atenção em suas
palavras:

Esta santificação não se completa (é concluída) em um só instante; mas o pecado


(de cujo domínio fomos libertos pela cruz e pela morte de Cristo) é mais e mais
enfraquecido através de perdas diárias e o homem interior é diariamente

11
James Arminius, De imaginis Dei restitutione (1605), vii, quoted in Keith D Stanglin, Arminius on the
Assurance of Salvation, 119.
12
Leroy Forlines declara que a justiça da santificação é em nós efetuada pelo Espírito Santo, no que
concerne nossa justiça pessoal. F. Leroy Forlines, Quest for Truth: Answering Life’s Inescapable
Questions(Nashville: Randall House Publications, 2001), 229.
13
John Miley, Systematic Theology (New York: Hunt and Eaton, 1894), II; 369.
5

renovado cada vez mais enquanto carregamos em nosso corpo a morte de Cristo
e que o nosso homem exterior caminhe para a morte. 14

Apesar de Arminius falar positivamente quanto ao resultado da santificação, suas afirmações


não sustentam nenhuma forma de inteira santificação. Repare a progressão gradual com que
descreve a santificação. Ele atribui nossa vitória sobre o pecado à morte de Cristo na cruz. A
cruz cancela o poder do pecado enquanto que a ressurreição nos fortifica cada vez mais a andar
em novidade de vida.

O contraste entre o homem exterior e o homem interior é claro. A cruz quebrou o poder do
pecado e continua a enfraquecê-lo, renovando diariamente o homem interior enquanto mata o
homem exterior. Enquanto o homem interior é fortalecido, o homem exterior morre – em
outras palavras, a substituição gradativa do antigo pelo novo. Eventualmente, nenhum vestígio
do velho permanecerá.

Conclusão

Ao concluirmos o mês de ênfase arminiana, notamos um Arminius muito diferente daquele que
talvez esperássemos. Sua teologia é arminiana demais para a comunidade reformada, como
vimos em seus ensinamentos nos artigos sobre a queda e a condição humana e sobre a graça
preveniente. Ao mesmo tempo, é reformada demais para muitos arminianos, como ficou
evidenciado em seus ensinamentos sobre a santificação. O que vemos, no entanto, é um
Arminius que adere ao que há de melhor na tradição reformada, enquanto providencia uma
alternativa para os cristãos insatisfeitos com a espiritualidade reformada.

Arminius tem muito a oferecer ao evangélico contemporâneo, se este tiver ouvidos para ouvi-
lo. Ele certamente não é o vilão frequentemente caricaturado pelos críticos! Ao contrário, é
nosso parceiro pela causa de Cristo.

Tradução e uso com permissão de Helwys Society Forum.

14
Writings, II: 121.

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