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A abordagem sistêmica da administração está fundamentada em dois dos principais conceitos da teoria
geral dos sistemas:
a) Interdependência das partes – refere-se à composição das entidades, onde o todo de uma
entidade é composto por partes de outras entidades, que são interdependentes com relação ao
todo;
b) Tratamento adequado da realidade reconhecida como complexa – é o reconhecimento da grande
complexidade da sociedade moderna, que exige técnicas específicas para lidar com o
pensamento complexo.
Entre os principais aspectos a serem considerados quando da definição das partes de um sistema estão
a continuidade da operação do sistema e a facilidade de substituição de partes defeituosas ou
problemáticas do sistema.
Exposta a importância da visão sistêmica, desenvolvem-se a seguir os conceitos de sistema, estímulo
(evento de negócio), dado e informação.
Podem-se imaginar inúmeros sistemas de diferentes portes, desde o sistema solar até o sistema
molecular. São exemplos de sistemas: hidráulico de um veículo, financeiro de um país, de transporte de
uma cidade, respiratório de um ser humano e contábil de uma organização.
Dentro de uma organização, há diversos sistemas em operação: planejamento e controle da produção,
gestão de materiais, gestão dos recursos humanos, gestão das finanças, entre outros.
Uma das formas mais corriqueiras da percepção de um estímulo nas organizações é a chegada de dados
que caracterizam um evento do ambiente de negócios.
Imagine-se um ambiente de comércio eletrônico via Internet, em que o cliente fornece seus ,dados
à organização vendedora por meio de uma das páginas da web que compõem a loja virtual. Dessa
forma, o evento pedido de compra é caracterizado na organização pela chegada de um conjunto
de dados: nome do cliente, número do cartão de crédito, data do pedido, produto solicitado,
quantidade do produto, endereço de entrega, entre outros.
No exemplo, geram-se as seguintes informações com base no total dos dados de pedidos de vendas
acumulados: o total de pedidos de compras colocados na organização durante o mês, seu total efetivado,
quanto cada linha de produtos representa no total de pedidos do período.
É interessante observar que o sistema de informação trata dados, seja criando, alterando, excluindo, ou
simplesmente os lendo. Da análise dos dados pode-se gerar a informação que apresenta o maior
potencial de agregação de valor à organização.
A constituição de um sistema de informação envolve diversos componentes e atores que devem estar
harmonicamente integrados. A essência de um sistema de informação são os seus insumos – dados –,
que, quando processados por softwares analíticos, geram informações.
Nessa afirmação já se identificam dois importantes recursos dos sistemas de informação: seus dados e
informações e as instruções (algoritmos) utilizadas para processá-los.
Desses cinco recursos que caracterizam e compõem o sistema de informação, alguns exigem maior
atenção do administrador. Entre os que apresentam uma profunda redução de importância ao longo dos
últimos anos, estão os recursos de hardware e os recursos de rede.
Na década de 1960, o componente principal e mais caro de um sistema de informação era o hardware.
Os softwares, a maioria deles voltados para a automação de atividades, eram relativamente simples de
serem idealizados por serem uma reprodução do que se fazia na operação manual.
Os componentes do hardware tiveram seus custos substancialmente reduzidos ao longo dos anos. Para
constatar isso basta observar a capacidade dos processadores atuais versus seu preço.
Quanto à redução da importância dos recursos de tecnologia da informação nas organizações, ocorreu
uma polêmica recente, nos meios acadêmicos e nos organizacionais, motivada pela publicação do artigo
de Nicholas Carr (2003): “IT doesn’t matter” (tecnologia da informação não importa).
Nesse texto, o autor define os recursos de TI como commodity, ou seja, recurso não estratégico, por
estarem disponíveis a todas as organizações.
Muitos questionaram essa posição, como Keen, por exemplo, que a refutou, afirmando:
Quando todas as empresas têm, essencialmente, acesso aos mesmos recursos de tecnologia
da informação, a diferença competitiva e os benefícios econômicos que as empresas possam
ganhar reside no gerenciamento da TI e não nas diferenças tecnológicas (KEEN, apud
DEVARAJ e KOHLI, 2002, p. 20).
Analisando a posição de Carr e de seus antagonistas, nota-se que não há discordância na essência das
ideias. Há de se considerar e ressaltar a definição utilizada por Carr para TI, declarada em uma pequena
nota de rodapé, apresentada na última página de seu polêmico artigo:
“Tecnologia da Informação” é um termo confuso. Nesse artigo, ele é utilizado em seu senso
comum, denotando as tecnologias utilizadas para processar, armazenar e transportar
informações no formato digital (CARR, 2003).
Como o próprio Carr aponta, a definição do termo TI é bastante confusa e pode ser entendida de muitas
formas, de acordo com a experiência de cada leitor. É provável que muitos dos seus antagonistas não
tenham lido a discreta nota de rodapé de seu artigo ou, se a leram, não a interpretaram devidamente.
Muitos autores já vinham trabalhando com a mesma ideia de Carr: o simples fato de as organizações
investirem na compra de tecnologias de processamento, meios de armazenamento e meios para
o transporte de informações não resolve mais seus grandes desafios, muito menos apresenta
potencial para a TI ser considerada um recurso estratégico.
Para discutir:
Referências
De Sordi, José Osvaldo. Administração de Sistemas de Informação: uma abordagem interativa. São Paulo
: Saraiva, 2010
LAUDON, Kenneth; LAUDON, Jane. Sistemas de Informação Gerenciais. 9. ed. São Paulo : Pearson
Prentice Hall, 2010.