Centro de Ensino Superior do Amapá

Prof. Dr. Sérgio Orlando

Fı́sica II
Apostila 05: Equação de Bernoulli

Esta apostila tem como objetivo auxiliar os acadêmicos no estudo preliminar da disciplina.
Ela foi baseada nos livros da Bibliografia adotada para o curso [1, 2]. Por se tratar de um
resumo, limitações são evidentes, portanto, não eximi o acadêmico da necessidade do estudo
dos livros indicados na Bibliografia adotada.

0.1 Equação de Bernoulli

A equação de Bernoulli nada mais é do que, a aplicação do teorema do trabalho-energia.
Para mostrar isso, vamos considerar a Figura 1, onde temos um fluido ideal escoando da parte
inferior (entrada) até a parte superior (saı́da). Podemos observar que na entrada temos uma
−
→
força F1 atuando sobre uma área A1, ou seja, temos uma pressão agindo sobre o fluido nessa
seção de entrada, fazendo com que uma quantidade de volume ∆V seja empurrada em direção
−
→
a saida na parte superior. Já na parte superior temos uma força F2 atuando sobre a área A2,
em sentido contrário ao da força de entrada, dessa forma, teremos as Equações 1 e 2,

Figura 1: Representação de um fluido escoando em um tubo para demonstrar a equação de

Bernoulli. Adaptado da Fonte [1]

W1 = F1 L = P1 A1 L1 = P1 ∆V (1)

W2 = −F2 L = −P2 A2 L2 = −P2 ∆V (2)

1
 Como o trabalho total sobre o sistema é dado pela soma dos trabalho, assim teremos o
trabalho de acordo com a Equação 3,

WR = W1 + W2
WR = P1 ∆V − P2 ∆V

WR = (P1 − P2 )∆V (3)

De acordo com a Figura 1, o fluido escoa com uma velocidade v1 e v2 , fazendo com que, o
fluido tenha energia cinética dada pelas equações 4 e 5,

1 1
K1 = mv12 = ρ∆V v12 (4)
2 2

1 1
K2 = mv22 = ρ∆V v22 (5)
2 2
Devido o sistema sofrer variação nas velocidades, podemos concluir que está ocorrendo
também uma variação da energia cinética, que pode ser dada pela Equação 6
1 1
∆K = K2 − K1 = ρ∆V v22 − ρ∆V v12
2 2

1
∆K = ρ∆V (v22 − v12 ) (6)
2
Ainda na Figura 1, o sistema também apresenta altura e com isso, também terá energia
potencial, que será dada pelas Equações 7 e 8,

U1 = mgy1 = ρ∆V gy1 (7)

U2 = mgy1 = ρ∆V gy2 (8)

Dessa forma, a variação da energia potencial será dada por ela Equação 9,

∆U = U2 − U1 = ρ∆V gy2 − ρ∆V gy1

∆U = ρ∆V g(y2 − y1 ) (9)

Agora, que já temos as energias Equação 6 e 9 e o trabalho total na Equação 3, podemos
aplicar o teorema do trabalho-energia (WR = ∆E), e obter a Equação 10, chamada de equação
de Bernoulli,

WR = ∆E
WR = ∆K + ∆U
1
(P1 − P2 )∆V = ρ∆V (v22 − v12 ) + ρ∆V g(y2 − y1 )
2
2
 1
P1 − P2 = ρ(v22 − v12 ) + ρg(y2 − y1 ) (10)
2
Também podemos expressar a equação de bernoulli da seguinte forma,

1 1
P1 + ρv12 + ρgy2 = P2 + ρv22 + ρgy1 (11)
2 2
A Equação 11 pode ser resumida em,

1
P + ρv 2 + ρgy = constante (12)
2
1
onde o termo P1 + ρgy é referente a pressão estática e o termo ρv 2 é referente a pressão
2
dinâmica.
Obs. 1 - Se a velocidade for nula (v = 0) a Equação 12 se reduz a Equação 13 que dá a
pressão de um fluido estático.

P + ρgy (13)

Obs. 2 - Se não ocorrer diferença de nı́vel, ou seja, y = 0, a Equação 12 se reduz a Equação

14, dizendo que, ao aumentar a velocidade, ocorre um diminuição na pressão e vice-versa.

1
P + ρv 2 (14)
2

Exercı́cio

1. (Halliday) A água se move com uma velocidade de 5,0 m/s em um cano com uma seção
reta de 4,0 cm2 . A água desce gradualmente 10 m enquanto a seção reta aumenta para
8,0 cm2 .

(a) Qual é a velocidade da água depois da descida?

(b) Se a pressão antes da descida é 1, 5 × 105 Pa, qual é a pressão depois da subida?

2. (Young) Qual é a pressão manométrica necessária no tubo principal da rua para que uma
mangueira de incêndio ligada a ele seja capaz de lançar água até uma altura de 15,0
m? (suponha que o diâmetro do tubo principal seja muito maior do que o diâmetro da
mangueira de incêndio.)

3. (Young) Em um ponto de um encanamento a velocidade da água é 3,0 m/s e a pressão

manométrica é igual a 5, 0 × 104 Pa. Calcule a pressão manométrica em um segundo
ponto do encanamento, 11,0 m abaixo do primeiro, sabendo que o diâmetro do cano no
segundo ponto é igual ao dobro do diâmetro do primeiro.

3
4. (Halliday) A entrada da tubulação da Figura, tem uma seção reta de 0,74 m2 e a velocidade
da água é 0,40 m/s. Na saı́da, a uma distância D = 180 m abaixo da entrada, a seção
reta é menor que a da entrada e a velocidade da água é 9,5 m/s. Qual é a diferença de
pressão entre a entrada e a saı́da?

5. (Halliday) Um cano com diâmetro interno de 2,5 cm transporta água para o porão de uma
casa a uma velocidade de 0,90 m/s com uma pressão de 170 kPa. Se o cano se estreita
para 1,2 cm e sobe para o segundo piso, 7,6 m acima do ponto de entrada, quais são a
velocidade e a pressão da água no segundo piso?

6. (Halliday) Na Figura, água doce atravessa um cano horizontal e sai para a atmosfera com
uma velocidade v1 = 15 m/s. Os diâmetros dos segmentos esquerdo e direito do cano são
5,0 cm e 3,0 cm.

(a) Que volume de água escoa para a atmosfera em um perı́odo de 10 min?

(b) Quais são a velocidade v1 e a pressão manométrica no segmento esquerdo do tubo?

7. (Young) Um sistema de irrigação de uma lavoura descarrega a água de um cano horizontal

à taxa de 7200 cm3 /s. Em um ponto do cano em que a raio é 4,0 cm, a pressão absoluta
da água é 2,4×105 Pa. Em um segundo ponto do cano, a água passa por uma constrição,
onde o raio é 2,0 cm. Qual é a pressão absoluta da água ao passar por essa constrição?

8. (Young) A água entra em uma residência através de um tubo com raio interno de 1,0
cm, com uma pressão absoluta igual a 5,0x105 Pa. Um tubo com raio interno de 0,5 cm
conduz ao banheiro do segundo andar a 5,0 m de altura (Figura). Sabendo que no tubo
de entrada a velocidade é igual a 3 m/s. Qual é a velocidade, a pressão absoluta e a vazão
do escoamento na tubulação que conduz a água ao banheiro?

4
Referências
[1] HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Fı́sica Volume 2: Gra-
vitacao, Ondas e Termodinamica. 8. ed. Rio de Janeiro, Brasil: LTC – Livros Técnicos e
Cientı́ficos Editora Ltda, 2009.

[2] YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Fı́sica 2: Termodinâmica e Ondas. 12. ed. São Paulo,
Brasil: Person Education do Brasil, 2009.