Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1
Financiamento é uma operação financeira em que a parte financiadora fornece recursos para a outra parte,
que está sendo financiada. No caso do financiamento público da educação, os entes federados (União, esta-
dos-membros, Distrito Federal e municípios) fornecem recursos financeiros para manutenção de suas escolas,
pagamento de pessoal e investimentos na infraestrutura escolar.
101
Cristina Helena Almeida de Carvalho
102
102
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
2
Para análise mais aprofundada sobre o direito à educação, sugere-se a leitura do capítulo 2 deste livro, que
versa sobre o tema.
3
O Distrito Federal que existiu de 1891 até 1960 foi uma unidade federativa do Brasil, no atual território do
município do Rio de Janeiro. Deixou de existir depois da inauguração da nova capital do país, Brasília, que
foi sediada no novo Distrito Federal.
103
103
Cristina Helena Almeida de Carvalho
ensino continuaria gratuito apenas para os que não pudessem pagar. Houve
sutil diferença entre os textos constitucionais de 1934 e 1946, pois no segundo
a gratuidade foi assegurada apenas aos mais pobres e não a todos de forma
progressiva. A vinculação de recursos foi restabelecida, sendo que o único
percentual de impostos modificado foi o dos municípios, de 10% para 20%,
sendo acrescentado o termo anual ao Texto Constitucional.
Durante o período de vigência constitucional foi promulgada, em
1961, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, na qual
se definiu o percentual de impostos da União em 12%, acima da determina-
ção da Carta Magna. A LDB deixou claro o descompromisso do governo
federal com as desigualdades regionais, na medida em que determinou que,
se os entes federados não usassem os percentuais mínimos na manutenção
e desenvolvimento da educação, não poderiam solicitar auxílio à União.
A ditadura militar conduziu à elaboração de nova Constituição Fe-
deral em 1967, pela via do Congresso Nacional Constituinte, porém com
os membros da oposição afastados, a fim de legitimar o golpe militar
ocorrido em 1964. O texto incorporou medidas já estabelecidas pelos
Atos Institucionais e por Atos Complementares e concentrou os poderes
no Executivo federal. Quanto à educação, o ensino obrigatório e gratuito
nos estabelecimentos primários oficiais restringiu-se à faixa etária de sete
a 14 anos, ampliando a escolaridade obrigatória de quatro para oito anos,
sendo a gratuidade além do 1º grau apenas para os que não pudessem pagar.
Como ocorreu no Estado Novo, a vinculação de recursos foi suprimida.
A Emenda Constitucional nº 1/1969, promulgada por uma Junta
Militar, ratificando o “recesso do Congresso Nacional”, promoveu algu-
mas modificações expressivas, porém nada alterou com relação ao direito
à educação. Quanto ao financiamento, previa-se a possibilidade de in-
tervenção estadual no município quando este não aplicasse 20% da sua
receita tributária no ensino primário. Na verdade, houve uma retomada da
vinculação apenas no nível municipal sobre o total da receita de impostos,
104
104
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
105
105
Cristina Helena Almeida de Carvalho
sindicatos e suas demandas, bem como dos grupos privados, foi acompanhado
dos debates no Congresso Nacional em torno da reestruturação do Estado
brasileiro. O movimento de descentralização das políticas públicas ganhou
impulso na Assembleia Nacional Constituinte, por um duplo conjunto de forças
políticas: por um lado, os congressistas que acreditavam na descentralização
como reação aos excessos da centralização, do autoritarismo e da concentração
de poder nas mãos do Executivo federal; e por outro lado, aqueles que defen-
diam a descentralização político-administrativa como forma de aproximação
entre as demandas sociais e os governos subnacionais. Cabe destacar que as
políticas descentralizadas envolvem eliminar burocracias, redistribuir recursos
diretamente aos municípios e transpor obstáculos ou possíveis desvios, porém
não se traduzem em autonomia, pois não houve redefinição de foco, mas recon-
centração de poder baseada nos localismos, o que amplifica as desigualdades
regionais (OLIVEIRA, 2010).
A Constituição Federal promulgada em 1988 no governo José Sarney
(1985/1990) materializou esse duplo movimento e estabeleceu o modelo
de federalismo cooperativo que deveria ter sido sedimentado por meio do
regime de colaboração recíproca, descentralizado, com funções comparti-
lhadas entre os entes federados. A Carta Magna determinou o sistema de
repartição de competências e de atribuições legislativas entre seus inte-
grantes dentro de limites expressos. A novidade do Texto Constitucional
foi atribuir a cada município brasileiro o papel de ente federado. Em outras
palavras, foram conferidas aos municípios a autonomia administrativa
(competência de auto-organização de seus órgãos e serviços), legislativa
(competência para editar leis, inclusive sua Lei Orgânica) e política (com-
petência para eleger os integrantes dos poderes Executivo e Legislativo).4
4
Para análise mais aprofundada sobre o federalismo educacional brasileiro, sugere-se a leitura do capítulo 1
deste livro.
106
106
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
107
107
Cristina Helena Almeida de Carvalho
5
Para análise mais aprofundada sobre a dualidade público-privado na educação brasileira, sugere-se a leitura
do capítulo 4 deste livro.
108
108
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
109
109
Cristina Helena Almeida de Carvalho
6
De acordo com o relatório da Receita Federal (2013) sobre a carga tributária no Brasil em 2012, a União
arrecadou 69%, enquanto todos os estados-membros arrecadaram 25% e todos os municípios, 6% dos tributos.
7
Haverá acréscimo de 1% no FPM, que entra em vigor de forma parcelada nos anos de 2015 e 2016.
110
110
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
8
A Lei Kandir foi criada para que a União compense a perda financeira dos estados-membros com a renúncia fiscal
do ICMS com o intuito de reduzir os preços finais das mercadorias exportadas e favorecer a balança comercial.
9
O município tem direito a 100% do ITR, desde que assuma a responsabilidade por fiscalização e cobrança e
que isso não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal.
111
111
Cristina Helena Almeida de Carvalho
112
112
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
10
Para análise mais aprofundada dessa mudança legal, sugere-se a leitura do capítulo 2 deste livro.
11
O Fundef definiu diferenciação de valor por aluno, segundo os níveis de ensino e tipos de estabelecimento
nas matrículas presenciais do ensino fundamental: 1ª a 4ª séries; 5ª a 8ª séries; estabelecimentos de Ensino
Especial e escolas rurais.
113
113
Cristina Helena Almeida de Carvalho
Fundef Fundeb
União a estados União a estados
FPE 21,5% do IPI e o IR FPE 21,5% do IPI e IR
10% do IPI de produtos exportados pelos 10% do IPI de produtos exportados pelos
estados estados
&RPSHQVDomR¿QDQFHLUDSHODGHVRQHUDomR &RPSHQVDomR¿QDQFHLUDSHODGHVRQHUDomR
do ICMS - Lei Kandir do ICMS - Lei Kandir
Estados Estados
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Imposto sobre a Circulação de
Serviços (ICMS) Mercadorias e Serviços (ICMS)
União a municípios Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA)
FPM 23,5% do IPI e o IR Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doação (ITCMD)
&RPSHQVDomR¿QDQFHLUDSHODGHVRQHUDomR União a municípios
do ICMS-Lei Kandir
FPM 23,5% do IPI eo IR
&RPSHQVDomR¿QDFHLUDSHODGHVRQHUDomR
do ICMS - Lei Kandir
50% do imposto sobre a Propriedade terri-
torial Rural (ITR)
114
114
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
115
115
Cristina Helena Almeida de Carvalho
116
116
Tabela 1: Valor anual mínimo por aluno,12 contribuição dos fundos e complementação da União
117
12
O valor mínimo por aluno/ano equivale ao fator de ponderação 1, tendo sido usado para as séries iniciais do ensino fundamental em escolas em área urbana em turno parcial.
Cristina Helena Almeida de Carvalho
118
118
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Contribuição do salário-educação
119
119
Cristina Helena Almeida de Carvalho
120
120
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
13
O PIB é o total de bens e serviços finais produzidos no País durante um ano.
121
121
Cristina Helena Almeida de Carvalho
14
Sobre o financiamento público direto e indireto à iniciativa privada, consultar Carvalho (2013).
15
Conforme divulgado pelo Inep, entre os indicadores financeiros educacionais, em 2011, 0,8% do PIB foi
destinado à iniciativa privada.
122
122
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
16
É importante lembrar que os três impostos municipais e demais transferências, como IRPF dos servidores
municipais e IOF-ouro, não fazem parte da subvinculação do Fundeb.
123
123
Cristina Helena Almeida de Carvalho
17
Os royalties correspondem à compensação financeira pela exploração do petróleo, de gás natural e de outros hidro-
carbonetos líquidos considerados pela CF/88 como bens da União. A alíquota é de 15% sobre o valor da produção.
18
A Lei nº 12.351, de 22 de dezembro de 2010, criou o Fundo Social, que é uma poupança pública de longo
prazo com base nas receitas auferidas pela União, cujo destino deve ser o desenvolvimento social e regional.
124
124
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
de Educação e acima dos percentuais vinculados. Sem dúvida, foi uma nova
fonte de recursos conquistada pela educação para suprir as carências nacionais.
Os recursos da União provenientes da extração de petróleo da camada do pré-sal devem ser destinados
exclusivamente a esse Fundo Social.
125
125
Cristina Helena Almeida de Carvalho
19
Superávit primário é o resultado positivo da soma de todas as receitas e deduzidas todas as despesas do
governo, excetuando gastos com pagamento de juros.
126
126
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
20
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é a Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, que estabelece
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal.
127
127
Cristina Helena Almeida de Carvalho
128
128
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Saiba Mais
{Saiba Mais II} - Imposto é toda contribuição compulsória usada para as necessidades
da administração pública, que não corresponde a qualquer contraprestação específica de
serviços por parte do governo. Sua cobrança decorre do acontecimento de uma situação
específica estabelecida em lei.
129
129
Cristina Helena Almeida de Carvalho
{Saiba Mais IV } - O art. 71 da LDB/96 especifica as despesas que não devem ser
consideradas como Manutenção e Desenvolvimento do Ensino; portanto, os recursos
vinculados não podem ser utilizados para as despesas elencadas nesse artigo.
{Saiba Mais V} - O Fundeb define, a cada ano, o valor mínimo nacional por aluno, para
cada etapa e modalidade da educação básica, e as devidas ponderações por etapa e mo-
dalidade de ensino. Para saber sobre os valores mínimos para cada etapa e modalidade da
educação básica, consultar o sítio eletrônico do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) e as Portarias Interministeriais, disponíveis em: <www.fnde.gov.br>.
{Saiba Mais VI} - Em 2008 foi aprovada a Lei nº 11.738, de16 de julho de 2008, que
estabeleceu o Piso Nacional Salarial do Magistério Público da Educação Básica. O valor
inicial foi de R$ 950,00 mensais para a formação em nível médio na modalidade Normal,
em jornada de 40 horas semanais, sendo o mínimo de 2/3 da carga horária em interação
com os alunos. O valor é corrigido anualmente, acrescido do percentual de crescimento
do valor anual mínimo por aluno. Em 2015, o piso nacional era de R$ 1.917,78.
130
130
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
{Saiba Mais IX} - O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) foi criado em 1995
e tem por finalidade prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas
públicas de educação básica das redes estaduais, municipais, distritais e às entidades
sem fins lucrativos de Educação Especial. O programa tem por objetivo a melhoria da
infraestrutura física e pedagógica das escolas e o reforço da autogestão escolar nos planos
financeiro, administrativo e didático. O recurso é repassado uma vez por ano e seu valor é
calculado com base no número de alunos matriculados na escola segundo o Censo Escolar
do ano anterior. O dinheiro destina-se à aquisição de material permanente, manutenção,
conservação e pequenos reparos da unidade escolar; aquisição de material de consumo
necessário ao funcionamento da escola; avaliação de aprendizagem; implementação de
projetos pedagógicos; e desenvolvimento de atividades educacionais. Para saber mais
sobre o programa, consultar: <http://www.fnde.gov.br/programas/dinheiro-direto-escola/
dinheiro-direto-escola-apresentacao>. Para análise mais aprofundada sobre o PDDE,
ver Moreira (2012).
{Saiba Mais X} - O Custo Aluno Qualidade inicial é o valor por aluno para garantir
ampliação do acesso e melhoria da qualidade da educação de acordo com as metas do
PNE. Para conhecer mais sobre o assunto, consultar Carreira; Pinto (2007).
131
131
Cristina Helena Almeida de Carvalho
Referências
132
132
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Referências Documentais
Referências Legais
133
133