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DO
EGITO ANTIGO II
SÉRIE MONOGRAFIAS, 6
ISBN: 8 5-89128-07-5
Talvez não tenha existido nenhuma outra cultura que tenha dedicado
tantos esforços à morte e à esperança em uma outra vida como os egípcios.
Buscando de todas as maneiras assegurar uma existência em um Outro
Mundo.
A idéia de uma outra vida inspirou-os desde a Pré-história por meio da
representação simbólica da viagem do Sol, que nasce todas as manhãs,
atravessando a imensidão do céu azul sobre os campos e o Nilo até alcançar,
velho e cansado, no fim do dia o deserto ocidental para encontrar a morte. O
seu renascimento no oriente sugere a ressurreição e um percurso em um
mundo misterioso e obscuro para além da vida. Na morte, primeiro o rei e
depois os nobres e por fim todos desejavam, como o sol, percorrer o mesmo
caminho e alcançar o mesmo destino: uma gloriosa ressurreição.
Ao longo do tempo os teólogos elaboraram representações do Outro
Mundo cheio de obstáculos e de perigos, de espíritos malignos e de guardiões.
Para superá-los era necessário conhecer a topografia do Além por meio de
verdadeiros guias do Outro Mundo e possuir as fórmulas que dariam o poder
de vencer as dificuldades e os inimigos. Era igualmente indispensável
conhecer os nomes de uma multidão de divindades e de gênios para fazer essa
viagem sem perigos.
Os egípcios que amavam profundamente a vida buscavam prolongá-la
depois da morte. Os mitos de Osíris e da viagem noturna de Rê são a base dos
grandes textos religiosos ilustrados por vinhetas - As Grandes Compilações da
literatura funerária.
Segundo as crenças egípcias os indivíduos estão destinados à
eternidade e à ressurreição no Outro Mundo como Osíris, para isso as suas
imagens deveriam permanecer intactas garantidas pela mumificação e por
suas representações em estátuas, pinturas e relevos. As suas múmias
protegidas dentro de seus esquifes e sarcófagos são guardadas no interior de
suas tumbas junto aos seus bens mais valiosos e queridos.
Enquanto o seu espírito glorificado habitava os campos do Outro
Mundo, viajava com o Sol em sua barca e habitava as suas imagens revendo
II
os seus parentes nos dias de festa quando vinham trazer oferendas. Todos
necessitavam, na outra vida, de alimentos renovados ritualmente todos os
dias por meio de cerimônias e das cenas pintadas nas capelas das tumbas. Os
egípcios imaginavam um Outro Mundo com campos verdejantes que
assegurariam eternamente a sua subsistência, campos que deveriam ser
trabalhados por servidores funerários.
As práticas funerárias dos antigos egípcios, expressas por normas e
costumes, definem-se pelas relações de ordem técnica e ritual que utilizando
uma linguagem simbólica elaborada que respondia, coletivamente, contra a
ameaça do desaparecimento dos membros de sua sociedade. O sepultamento
era parte de um funeral e este parte de um conjunto de rituais pelos quais os
vivos relacionam-se com a morte.
III
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO I
INTRODUÇÃO II
SUMÁRIO IV
I. A VISÃO DA MORTE 1
IV.4. LITANIA DE RÊ 68
X. ESTELAS 117
V
ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
I. A VISÃO DA MORTE
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a todos a brevidade da vida e para que bebam e se divirtam pois este é o fim de
todos.
Longe de ser ocultada, a morte era concebida como uma continuidade da
vida. Unidas de tal forma que a vida e a morte explicavam-se uma pela outra.
Assim, numa passagem do “Livro dos Mortos” ela é descrita nos seguintes
termos:
“...Não se torne meu corpo em vermes, mas liberta-me como tu
te libertaste (Osíris). Rogo-te, não me deixes cair na podridão,
como permites a cada deus, a cada deusa, a cada animal e a
cada réptil ver a corrupção depois que a alma os abandona
após a morte. E quando a alma se vai, o homem vê a corrupção
e os ossos do seu corpo apodrecerem, mudam-se num mau
cheiro total, os membros deterioram-se um após o outro, os
ossos desfazem-se, transformados em massa inerte, a carne
transforma-se em líquido fétido, ele torna-se um irmão na
decadência que o salteia, converte-se em multidões e vermes,
desfaz-se totalmente em vermes, dá-se cabo dele, e ele perece
à vista do deus Shu como perecem todos os deuses e todas as
deusas e todos os pássaros e todos os peixes, e todas as
coisas que rastejam e todos os répteis... Que a vida venha da
sua morte”2.
A morte não era um fim mas um meio de passagem para um outro plano,
ela é um momento da existência. O mundo antes da criação é descrito como um
estado em que “ainda não existia o céu, ainda não existia a Terra, ainda não
existia os homens, ainda não existiam os deuses, ainda não existia a morte”3.
A idéia que os egípcios faziam do ser humano é de fundamental
importância para compreendermos a sua concepção da morte e
consequentemente as suas crenças funerárias. Além do corpo, eles atribuíam
ao homem alguns elementos mais ou menos espirituais e independentes da
matéria, cujos principais eram o bá e o ká.
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4 “Livro dos Mortos” Cap. LXXXIX intitulado: “Encantamento para permitir um bá reunir-
se com seu corpo na necrópole”.
5 “Textos das Pirâmides” 134a.
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do corpo, com o poder de locomover-se. Seu papel ainda não é muito claro, está
intimamente associado ao bá, ambos possuíam a faculdade de visitar a múmia
no interior da tumba. Era associado às capacidades físicas, como a força física,
comer, beber e as atividades sexuais. Aparece pela primeira vez nos “Textos dos
Caixões”, do I Período Intermediário.
O akh (Ax) é frequentemente traduzido como glória ou espírito luminoso é
o resultado da união do bá com o ká. É um elemento imortal, transcendente e
perfeito e não um estado como o ká ou uma faculdade como o bá. Era comum
a todos as divindades.
O “nome” ren (rn) é pelo nome que um ser passava a existir. Através dele
o homem situava-se no Universo, possuía uma personalidade, uma
individualidade e um destino. O poder da magia atuava para o bem ou para o
mal através do nome. Apagar o nome de uma pessoa era o mesmo que suprimir
a sua lembrança neste mundo, como privá-la de uma existência além-túmulo.
O “coração” ib (ib) é a sede da emoção e do pensamento. Órgão no qual
atuavam os deuses. Sede do intelecto e da concepção física e intelectual. Um
homem sem coração era antes de tudo um imbecil. Era a sede da consciência,
do bem e do mal, e por isso era mantido no corpo mumificado e seria pesado
numa balança diante do Tribunal de Osíris.
É impossível determinar em que momento de sua história os egípcios
elaboraram estes princípios espirituais, contudo, é evidente que a partir do
momento que os mortos são sepultados, há um culto funerário, e que este
supunha uma existência, nos moldes de uma segunda vida, como provam os
alimentos e os objetos depositados junto aos corpos. A posição fletida dos
corpos, nos primeiros sepultamentos neolíticos, seria aquela do dormir, uma
indicação de que a morte seria um longo sono. Esta posição “fetal” poderia ser
um indício de que o morto encontraria na terra um meio materno do qual
nasceria para uma nova vida.
Tudo indica que os egípcios nunca conceberam a morte como sendo um
fim, eles jamais admitiram a possibilidade de um desaparecimento completo da
personalidade de um indivíduo pela simples perda de seu corpo físico. Se é
verdade que os egípcios não viam a morte como um fim são igualmente certas
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chamado Duat ou Dat (DAt), escrito por uma estrela dentro de um círculo .
Significava a “zona crepuscular” e o “céu noturno”, segundo a qual haveria um
céu inferior, identificado ao “Oceano Primordial”, onde as almas dos mortos
refugiavam-se após a morte, compartilhando com as estrelas de uma vida
eterna. Nesta crença estelar destacam-se as chamadas “imperecíveis” (ixmw-sk)
localizadas no céu norte. As estrelas circumpolares, assim denominadas por
nunca desaparecerem do céu, um símbolo ideal para a vida eterna.
Outro grupo de estrelas destacadas nesta doutrina eram as “infatigáveis
(ixmw-rwD) localizadas no céu sul, assim chamadas por seguirem
incansavelmente a trajetória do sol. As almas dos reis mortos estariam
associadas às “imperecíveis” enquanto as almas dos eleitos seriam as
“infatigáveis”.
Algumas estrelas isoladas tinham um papel de destaque nesta crença:
Órion6 (s3H) era considerado o bá de Osíris que reinava sobre as estrelas (almas)
dos mortos; Sóthis (Sírius)7 (spdt) era a mãe e irmã do morto, identificada,
portanto a Ísis e Néftis; Háthor era a guia dos caminhos do céu e a “estrela da
manhã” seria Hórus8. As demais estrelas anônimas seriam as almas dos mortos,
que acompanhariam no céu os reis e os deuses como haviam feito em vida.
Esta concepção estelar de uma existência após a morte estabeleceu pela
primeira vez uma distinção entre a parte material do homem, abandonada à
terra e sua parte espiritual, que deixava a matéria para desfrutar, com as
estrelas, de uma existência eterna. Embora esta crença estelar tenha
desaparecido muito cedo, traços dela são ainda perceptíveis durante o Novo
Império, por exemplo, as entradas das tumbas eram orientadas pelas estrelas.
Num momento impossível de ser determinado, esta crença estelar foi
absorvida por uma doutrina puramente solar, exposta na forma de inscrições,
encontradas em sua maioria nas câmaras funerárias reais do final da V e VI
dinastias. Esta não foi uma obra popular, mas uma obra de salvação da alma
do rei, baseada em conhecimentos mágicos que permitiriam ao rei morto
ascender ao céu e empreender a viagem cósmica junto a Rê. Constituía-se num
verdadeiro sacramento que possibilitaria a alma do rei derrotar os inimigos e os
perigos e serem aceitos pelas forças divinas.
As duas doutrinas, estelar e solar, não se opunham essencialmente,
ambas tratavam do destino póstumo do rei, e afinal as estrelas e o sol
movimentam-se no mesmo espaço, assim sendo o rei seria o único a desfrutar
de uma existência junto a Rê, enquanto os outros mortos glorificados formariam
a sua corte (as estrelas) que o acompanharia para servi-lo.
Assim como não há além de um único rei, parece neste momento não
haver além de um único morto, seu corpo deve ser protegido por um complexo
funerário e a sua existência assegurada por toda a eternidade. Com a sua morte
confundem-se o destino de toda a sociedade, uma luta contra a morte e a
desordem social.
A concepção de um mundo dos mortos localizado em um céu inferior foi
mantida. A princípio, o sol após ter percorrido o céu superior, mergulhava ao
ocidente no mundo subterrâneo que iluminava durante a noite. Ele utilizava
cotidianamente duas barcas na realização de seu périplo: a barca mandjet
(manDt) pela manhã, cujo nome significa algo como “estar em boa saúde”, “estar
intacto” ou ainda “aquela que pertence à luz do dia” e a barca meseket (mskt ou
msktt) à noite que significa “desaparecer pouco a pouco”, uma alusão à luz
crepuscular.
Se fora fácil adaptar a concepção estelar à doutrina solar, o mesmo não
ocorreu a Osíris, cuja origem era completamente estranha ao mundo solar. Esta
conciliação somente foi possível por razões políticas que tiveram, sem dúvida,
um papel maior que as afinidades teológicas. Osíris tornara-se tão popular no
Delta, no início do Antigo Império, que o clero heliopolitano julgou indispensável
a sua introdução no ciclo solar.
A propagação do culto de Osíris pelo país enriqueceu sua personalidade
com diferentes aspectos: sua passagem por Mênfis acentuou seu caráter
funerário pela associação a Sokar, divindade ctônica habitante do AmDuat; em
Heliópolis ele foi integrado à Eneida Heliopolitana enquanto filho de Geb e Nut
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e o deus falcão Hórus foi escolhido como seu filho, tornando-se deste modo uma
divindade astral; em Abidos ele foi identificado com uma divindade funerária
arcaica com a aparência de um cão negro, Khentimentiu (#nty-Imnty.w) cujo
nome significa “Aquele que está à cabeça dos Ocidentais” o que se tornou um
epíteto de Osíris no final do Antigo Império tornando-se o deus da necrópole e
senhor mortos (os ocidentais).
Existe igualmente a hipótese de Osíris ter absorvido, ou mesmo ter-se
originado, do culto do rei Anedjty (ou Anedjeb) da I dinastia, adorado como um
deus funerário em Busíris, de quem Osíris incorporou os cetros reais em sua
iconografia.
A sobrevivência dos mortos não se apoiava mais no reaparecimento
cotidiano do sol, mas também sobre os ciclos da natureza regidos por Osíris.
Ele é o grão que após ter sido ceifado encontra uma nova vida estando confinado
à terra; como o grão sob a terra, é no “Mundo Inferior” que os mortos deverão
nascer para uma nova vida.
O mito de Osíris, simples e familiar, possibilitou a todo homem, mesmo o
mais humilde, a possibilidade de tornar-se, após a morte, um Osíris. Isto é,
conhecer a ressurreição, a sobrevivência da alma não era mais um privilégio do
rei e de alguns poucos. O nome de Osíris passa a preceder o nome de todos os
mortos como forma de assegurar esta identificação. O significado do nome
Osíris (Wsir) é incerto, podendo ser o “Local do Olho”.
Esta identificação não é fortuita mas objetiva maiores benefícios ao morto:
assim como Osíris foi acolhido no mundo de Rê, o morto “osirificado” também
teria este acesso ao mundo celeste, anteriormente restrito ao rei, após ser
declarado “justificado” ou “justo de voz” (mAa-xrw) epíteto que o qualifica como
tendo passado com sucesso pelo “Julgamento da Alma”, satisfazendo as
condições do Maat. Este epíteto, até o fim da história egípcia, virá logo após o
nome do morto escrito nos monumentos e mobiliário funerário. Este epíteto é
utilizado pela primeira vez sob o reinado de Mentuhotep III.
Além disso Osíris era um deus com atributos reais, o açoite nekhakha
(nxAnxA) e o cajado heka ou hekat (HqAt) o que tornaria o morto um rei no outro
mundo permitindo o seu acesso às fórmulas e aos símbolos de autoridade de
uso exclusivos do rei.
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12 “Eles (os mortos) não vão como mortos, eles vão como vivos”, “Texto das Pirâmides”
134.
13 “Livro dos Mortos” Cap. CLXXV intitula-se “de como não morrer uma segunda vez”,
idéia presente ainda nos capítulos XLIV, LXIV, CXVI, CXXXVI A, CXXVII A e em
“Textos dos Caixões”, 47b.
14 “Texto dos Caixões” I, 88b.
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também pelo fim deles15. Os deuses, o rei, os homens e tudo o que pertence ao
universo são dependentes de uma renovação perpétua somente possível através
da morte, não se trata de uma simples realidade, mas de uma visão positiva
essencial para a estrutura social egípcia.
Segundo este conceito cada ser deve morrer a fim de poder regenerar-se,
somente o não-existente estaria morto de maneira definitiva e permanente. A
não-existência significava, de modo geral, o que é informe, inarticulado,
ilimitado e não diferenciado. Em contrapartida o existente é claramente
definido, articulado e limitado, a existência pode ser ordenada, experimentada
e renovada. Os termos utilizados para designar a não-existência são muitos: tm-
wnn e mn-wn negações do verbo ser, iwty e iwtt literalmente “o que não é” ou “o que
não existe”, nsd mt=f literalmente “quando não era (existia) ainda” utilizado para
uma situação anterior à criação.
Do mundo criado, isto é, ordenado, fazem parte os mortos justificados,
ao passo que aqueles que sofrem uma segunda morte são condenados a uma
região completamente profunda, totalmente escura, infinita, um abismo aquoso
onde as trevas indicam o estado anterior à Criação tornando-se um “não-
existente”16.
Para este abismo devem ir Apópi, inimigo de Rê, e os inimigos do Egito
pois, não basta a sua morte, já que uma nova vida emerge da morte, é preciso
expulsá-los do mundo existente.
Portanto dentro deste “otimismo cósmico” das crenças religiosas egípcias
a morte não é anárquica pois possui modelos: o funeral real e os ritos osiríacos.
No rico imaginário religioso egípcio a morte aparece como um
acontecimento natural e desta forma alimenta uma visão otimista de perpétuo
retorno e rejuvenescimento como o ciclo solar, o ciclo da vegetação, o ciclo da
lua e o ciclo do Nilo.
Este eterno retorno é o valor maior das crenças funerárias, presente desde
os tempos mais antigos: “Vá para que tu retornes! Dorme para que tu despertes!
Morra para que tu vivas”17.
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chamado Nega nos “Textos das Pirâmides” foi identificado posteriormente com
Ápis que possuía uma estreita ligação com Osíris.
Normalmente inacessível à maior parte da população a oferenda de
animais sacrificados limitava-se à cabeça e à pata dianteira de um touro e à
cabeça de um ganso, que eram deixados sobre a mesa de oferendas ou colocados
em um fosso externo ao túmulo.
A presença do morto como indivíduo que habita na tumba comporta uma
outra forma de consumo de bens: aquela que conhecemos como provisões
funerárias, isto é, as oferendas que não tomaram a forma de gêneros
alimentícios, que poderiam ou ser feitos especialmente, destinados somente ao
uso funerário, ou poderiam ser as posses de uso diário que o proprietário
desejava levar consigo ao outro mundo como caixas, cadeiras, camas e similares
além de equipamentos para cosmético, brinquedos, instrumentos musicais,
ferramentas e armas.
A obrigação de se ofertar alimentos ao morto no dia de seu funeral não
era aceita pelos egípcios como sendo suficiente para a sua sobrevivência, a
regularidade na deposição das oferendas na tumba teve início no Período Tinita,
inicialmente em benefício exclusivo do rei morto. Como foi dito anteriormente
houve um período da história egípcia que somente o rei era possuidor de uma
alma imortal o que o tornava o centro de um culto funerário específico.
Durante a III dinastia um serviço regular de oferendas alimentares foi
estabelecido tendo como centro a “Casa da Eternidade” (pr-Dt), um órgão
administrador do culto real ligado ao palácio que tinha por função oficiar
diariamente o serviço de oferendas no templo funerário em benefício dos reis
mortos. Tal organismo funcionava em um sistema de fundação que mantinha o
corpo sacerdotal, o templo funerário e tudo o que fosse necessário ao culto. O
cargo principal desta fundação era o de “Chefe das Oferendas” (Hr Htpw) ocupado
por um dos grandes personagens da corte ou por um dos filhos do rei.
Assim como o rei em vida protegera e alimentara os seus fiéis servidores
(imakhu) também na morte continuaria a fazê-lo.
O rei, no Egito, era o único proprietário do solo e de seus recursos
portanto o único que poderia autorizar a construção de uma tumba, utilizando
para tanto os recursos materiais do Estado, que eram então postos a serviço de
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representação de Hórus como o filho herdeiro de seu pai morto. O mito de Osíris
conferiu ao ritual de “Abertura da Boca” e ao serviço de oferendas uma noção
de piedade filial e de legitimidade dos herdeiros perante a sociedade. Os egípcios
acreditavam que o responsável pela realização dos ritos funerários fosse o
primogênito do morto, não tendo esta possibilidade a filha mais velha ou o seu
parente mais próximo, e em último caso o seu melhor amigo, que assim
estabeleceria os seus direitos de herança, desde que assumisse o papel de
Hórus.
É claro que, ao delegar a responsabilidade dos ritos a um sacerdote, o
filho não perderia os seus direitos, desde que providenciasse os recursos
necessários para a sua realização.
Pelos ritos funerários, os egípcios buscavam não somente uma comunhão
entre os deuses e os homens, mas também entre eles próprios. Os rituais
funerários eram o elo entre as gerações. O pai morto tornava-se o recém-nascido
e o filho herdeiro um novo pai para a família. A morte reverte os papéis, muda
o protagonista das gerações que se ligam graças à solidariedade dos ritos. Se o
pai engendrou fisicamente o filho, este por sua vez, oficiando os ritos abre a seu
pai as portas de uma nova vida espiritual, o filho tornando-se o pai espiritual.
Se o pai se completa por meio de seu filho este se completa em seu pai, o rito
ativa o ciclo de solidariedade entre as gerações.
Como vimos, a morte é uma etapa que conduz o indivíduo a assumir uma
forma diferente de existência que difere da vida pelo fato de ser mais efetiva.
Portanto, a solidariedade em torno do morto no momento dos funerais assim
como após o sepultamento faz-se pelo fato de que no Egito os mortos dependem
dos vivos mais do que estes dos mortos.
Esta solidariedade ativa só se interrompe pela falta de memória, isto é,
quando o ontem não existe mais. A memória expressa no túmulo, no nome e
nos rituais funerários mantém o presente ligado ao passado, sem ela só haveria
um eterno hoje e o mundo social dissolver-se-ia, pois para os egípcios a morte
era menos uma morte biológica efetiva do que a extinção do ser social com a
perda individual e grupal da memória. Neste sentido a morte social era para um
egípcio fonte de preocupações maiores do que a extinção do suporte físico da
memória.
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Dentre todas as civilizações a egípcia talvez seja a que mais tenha nos
legado testemunhos da presença da morte em sua sociedade. As tumbas, as
múmias, o material funerário e a grande abundância de textos nos revelam a
importância de sua crença em uma vida póstuma.
Para nós que vivemos em uma sociedade que se preocupa em ocultar os
sinais da morte, afastando-a da melhor maneira possível do nosso convívio, os
egípcios sempre nos fascinaram por sua necrolatria. Assim, desde que a
egiptologia existe, antes mesmo de tornar-se uma ciência, os estudos a
respeito de suas crenças referentes à morte sempre foram uma prioridade.
O grande interesse por parte dos egiptólogos no estudo das crenças
funerárias egípcias reside no fato de que os restos materiais são em sua
grande maioria provenientes das necrópoles, e, por estas localizarem-se
invariavelmente na zona desértica, este material conservou-se melhor que os
outros vestígios.
Entretanto, tem-se estudado muito mais as práticas funerárias egípcias
que uma antropologia da morte. Ainda estamos tentando estabelecer quais as
relações entre suas concepções e suas práticas, qual o papel destas práticas
no domínio público e no privado e entender como os egípcios antigos
concebiam a noção de morte.
Tentando-se esclarecer algumas destas questões estaremos diante de
uma cultura e uma civilização habitada por vivos, que buscavam
ambiciosamente uma existência após a morte, e não apenas de um povo com
túmulos e múmias.
No curso de sua história, os egípcios souberam elaborar um sistema
orgânico de crenças e de práticas relativas à morte cujo objetivo essencial era
minimizar o impacto da morte sobre a sua sociedade, limitando-a a um
fenômeno que interrompe provisoriamente a existência dos indivíduos,
incidindo somente sobre a sua aparência, isto é, no seu receptáculo físico
(carnal). Em torno desta concepção central crenças distintas uniram-se em um
imaginário capaz de aceitar a morte, neutralizando e ordenando-a com rituais
e símbolos, a fim de transcendê-la.
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possível após ser percorrida uma longa jornada repleta de perigos. Ambas as
crenças levaram à elaboração de um riquíssimo repertório textual e
iconográfico.
Nestes textos a morte é apresentada como sendo não apenas o fim da
vida, mas também como a entrada para um novo modo de ser. Os egípcios
acreditavam que embora a vida fosse transitória, ela poderia ser preservada
através da renovação. Nos rituais esta verdade mítica era invertida, e a vida
renovada pela preservação. A idéia presente em todos os mitos funerários
egípcios era a de que a vida só poderia existir e ser renovada através da morte.
Não somente os seres humanos, mas também os deuses eram mortais.
A renovação dava-se fora do mundo criado, na escuridão das águas
primevas (Num) que circundava o universo criado e era mantido fora dele,
circulado por uma serpente que morde a ponta de sua cauda. No “Livro do
Am-Duat”, na última hora da noite, o deus-sol e os mortos eleitos penetram
como velhos, abatidos pelo cansaço da vida, no corpo de uma serpente
gigantesca chamada “A que envolve o Mundo” e ao saírem de dentro dela
surgem rejuvenescidos como crianças, e o deus-sol é chamado “o jovem”.
Esta mitologia funerária tem início com os “Textos das Pirâmides”, um
apanhado de fórmulas gravadas nas câmaras funerárias das pirâmides da V e
VI dinastias. Este conjunto que não foi organizado de forma sistemática foi
inteiramente composto para fornecer os meios que permitissem uma existência
póstuma ao faraó, de modo que este evitasse os perigos e as ameaças da outra
vida. O destino do rei morto era celeste, por diversos meios ele chegaria ao
céu, adotando diferentes formas animais, com a ajuda de diferentes objetos,
para lá desfrutar de uma existência junto às estrelas e navegar diariamente na
barca do deus-sol Rê.
Este destino imortal estritamente reservado ao faraó foi, às custas de
grandes mudanças ideológicas e políticas, transformado nos “Textos dos
Sarcófagos” de forma a permitir que os simples mortais pudessem se
beneficiar de uma existência ao lado dos deuses. Este conjunto de textos
recebeu este nome pelo simples fato de terem sido escritos à tinta, no interior
de sarcófagos de madeira, durante o Médio Império, particularmente nas
necrópoles de Beni Hassan e El-Berschec. Foram inspirados diretamente nos
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inacessíveis, nas paredes das câmaras funerárias, nos caixões e nos papiros
colocados junto às múmias. A literatura funerária é um fenômeno único e
exclusivo da cultura egípcia.
Ambas as formas estão junto ao local onde deveriam agir, próximas ao
morto: na sua tumba, nas bandagens das múmias, em estelas, estatuetas
funerárias, mesas de oferendas e amuletos.
Independente da época, da forma e do conteúdo estes textos têm como
função fornecer uma proteção ao morto através de encantamentos e rituais
que deveriam ser realizados pelos vivos em benefício ao morto (liturgia) ou
realizados pelo próprio morto na outra vida (literatura).
Ambos têm por finalidade “fazer as mudanças”, isto é, fazer com que o
morto atinja o estado de glorificado, fazendo uma transição com sucesso junto
aos deuses no Outro Mundo, ou como são chamados nos “Textos das
Pirâmides” “akhu que se tornaram divinos” (PT 969b). Todo propósito da
Literatura Funerária egípcia é, portanto, auxiliar o morto a tornar-se um akh
evitando a segunda morte.
Em egípcio o termo genérico para todos os textos funerários era sakhu,
isto é, “o que faz um akh”.
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começam com a palavra “recitar” e terminam com uma linha divisória ou com
o final hieroglífico que significa “fechar”.
Por suas características estes textos parecem datar de um século antes.
Tradições mais antigas são perceptíveis no próprio texto, como por exemplo
quando os corpos eram sepultados na terra ou em túmulos feitos em tijolos de
barro, anteriores às pirâmides:
“Levanta-te, remova a terra, saia do pó”. (PT 747b)
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A maior parte dos “Textos dos Caixões” são fórmulas “pessoais” vindas
diretamente daquelas encontradas na antecâmara e no corredor de acesso das
pirâmides reais. São cerca de 1185 fórmulas distribuídas de forma variada em
cerca de 200 caixões já encontrados. Em alguns casos a fórmula é idêntica aos
dos “Textos das Pirâmides” ou uma versão
adaptada delas, outras formam uma série nova
de textos funerários, como o “Guia para a
Outra Vida”, uma série de fórmulas
acompanhadas por um “mapa” descrevendo os
obstáculos do Outro Mundo e fornecendo
instruções para uma viagem segura ao morto.
O mais importante desses guias é o
“Livro dos Dois Caminhos” um guia do Mundo
Inferior pintado no fundo das cubas dos
caixões. Nele uma rota pintada em preto,
chamada de “Caminho Inferior”, e outra em
A denominação “Livro dos Mortos” foi dada pelo egiptólogo alemão Karl
Richard Lepsius (1810-1884) após a sua publicação de uma grande versão
ptolomaica do Museu de Turim, o Papiro de Iufankh, embora essa
denominação ainda esteja em uso para definir o mais célebre livro funerário do
Egito Antigo nada tem a ver com o título original em egípcio “Livro para Sair à
Luz do Dia”, título da primeira fórmula ou capítulo “Aqui começam os capítulos
para sair à luz do dia, e dos cânticos em louvor e glorificação e do sair glorioso
no Belo Amentet e que nele entrar, que devem ser recitados no dia do
55
ANTONIO BRANCAGLION JUNIOR
sepultamento e pelo qual o morto entrará depois de haver saído” que resume a
finalidade geral da obra, assegurar ao morto a inteira liberdade de movimento
e de ação fora da tumba. Essa busca pelo “sair à luz do dia” já está presente
nos “Textos dos Caixões”.
Surgido no Novo Império o “Livro dos Mortos” marca um momento
decisivo na história da literatura funerária egípcia. A partir da XVIII dinastia
tornou-se um texto de referência permanecendo em uso até o Período Romano
como principal texto funerário. Possuindo uma grande influência das fórmulas
presente nos “Textos dos Caixões” ele é caracterizado por varias inovações,
tanto do ponto de vista material como a distribuição de fórmulas ao longo do
texto. O suporte material é uma das características do “Livro dos Mortos”, o
papiro, raramente utilizado antes por ser um material caro porém prático.
Banalizou-se para a redação desse novo texto formando rolos que eram
colocados próximo à múmia. Esse novo material permitia concentrar em uma
superfície reduzida um grande número de preces e encantamentos além de
vinhetas ilustrativas que garantiriam a proteção do morto.
Durante o Período Saíta atinge a versão canônica sendo estruturada em
165 fórmulas ou capítulos dispostos em uma ordem regular é conhecida como
Recensão Saíta. Permaneceu em uso até o Período Ptolomaico quando atinge a
sua forma completa com 192 capítulos. Sessenta por cento desses são
fórmulas cuja origem estão nos “Textos das Pirâmides” e “Textos dos Caixões”.
Esses rolos de papiro possuem uma altura geralmente entre 30 a 40cm e
o comprimento que varia de versões resumidas com 1 a 2m até as versões
completas com 15 a 25m. Algumas fórmulas eram gravadas, também, em
outros suportes, como o capítulo 6: “Fórmula para fazer uma Shabti trabalhar
pelo morto na necrópole”, escrito nas estatuetas funerárias ou o capítulo 30
“Fórmula de como não deixar que o coração do morto seja arrebatado no
Mundo Inferior”, escrito em escaravelhos.
O número e as seqüências das fórmulas ou capítulos variam de papiro
para papiro. Praticamente todas as fórmulas são “pessoais” e muitas possuem
títulos e instruções para uso:
“Fórmula de um amuleto-Tit, em jaspe vermelho, colocado no pescoço do
morto.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
O papiro não foi, todavia, suporte exclusivo para o “Livro dos Mortos”,
podendo estar presente também em paredes de tumbas, sarcófagos, caixões,
bandagens de múmia e estelas com pequenos extratos.
Escrito em hieróglifo cursivo ou hierático, mais tardiamente em
demótico, ele se impôs como um texto funerário principal do Egito Antigo.
O “Livro dos Mortos” tem como função dar ao morto os meios de obter
três condições básicas para a sua sobrevivência no Mundo dos Mortos: as
preces dedicadas às grandes divindades, a identificação do morto com os
deuses e as forças divinas e o domínio dessas forças por meio do
conhecimento de seus nomes secretos.
Dessa forma o morto seria capaz de sair à luz do dia, de leste para oeste
como o sol, continuando a sua existência, podendo rever a sua casa, proteger
os seus familiares e amigos, vingar-se de seus inimigos, consumir as
oferendas, adorar o deus-sol e receber as bênçãos dos deuses. Obtendo a
liberdade de locomoção e de alimentação tendo: “a felicidade no céu, a riqueza
na terra e a vitória no Mundo Inferior”.
Dois grandes temas estão presentes no “Livro dos Mortos”: o primeiro é a
vitória do morto no tribunal de Osíris (capítulo 125), onde após provar a sua
inocência, ele é declarado “justificado” ou “justo de voz”, esse epíteto significa
que o morto satisfez as condições de Maat. O outro grande tema presente nos
capítulos 100 a 102 e 129 a 136 reconhecem o morto como um beatificado
diante do deus Rê tornando-o capacitado, assim como os deuses, a viajar na
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
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1. “Salve Ó tu, Aquele Que Marcha Com Grandes Pernas (Rê), que vens de
Heliópolis, não cometi inequidades”;
2. “Salve Ó tu, Aquele Que É Abraçado Pela Chama (Atum), que vens de Kher-
Aha, não roubei”;
3. “Salve Ó tu, Aquele Que Tem O Nariz Longo (Thoth), que vens de Khemenu,
não fui ávido”;
4. “Salve Ó tu, O Devorador De Sombras, que vens da Caverna, não roubei”;
5. “Salve Ó tu, O Terrível De Rosto, que vens de Re-stau, não matei ninguém”;
6. “Salve Ó tu, Ruty (Atum), que vens do Céu, não diminuí o alqueire”;
7. “Salve Ó tu, Aquele Cujos Olhos São De Sílex (Hórus), que vens de Letópolis,
não cometi fraude”;
8. “Salve Ó tu, O Incandescente, que vens de Khetkhet, não furtei as coisas que
pertencem ao deus”;
9. “Salve Ó tu, O Esmagador de Ossos, que vens de Heracleópolis, não proferi
falsidades”;
10. “Salve Ó tu, Aquele Que Atiça A Chama, que vens de Mênfis, não roubei a
comida dos famintos”;
11. “Salve Ó tu, O Troglodita, que vens do Ocidente, não proferi palavras más”;
12. “Salve Ó tu, Aquele Que Tem Os Dentes Brancos (Sobek), que vens do
Fayum, não ataquei ninguém”;
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
13. “Salve Ó tu, Que Te Alimentas de Sangue, que vens do Local de Abate, não
matei os animais sagrados”;
14. “Salve Ó tu, O Devorador de Entranhas, que vens do Local dos Trinta, não
fraudei o grão”;
15. “Salve Ó tu, O Senhor da Retidão, que vens da Dupla Maat, não roubei as
rações de pão”;
16. “Salve Ó tu, O Errante, que vens de Bubástis, nunca me intrometi nos
assuntos alheios”;
17. “Salve Ó tu, O Pálido (Rê), que vens de Heliópolis, não falei demais”;
18. “Salve Ó tu, Aquele Que É Duplamente Mau, que vens de Andjty, lutei
somente pelas coisas que eram minhas”;
19. “Salve Ó tu, Serpente Uamemty (O Queimador), que vens do Local do
Julgamento, não cometi adultério”;
20. “Salve Ó tu, Que Guardas Sobre O Que É Trazido Para Ele, que vens do
Templo de Min, não cometi fornicação”;
21. “Salve Ó tu, Chefe Dos Grandes, que vens de Imu, não despertei o medo”;
22. “Salve Ó tu, O Destruidor, que vens de Huy, não cometi transgressões aos
Locais Sagrados”;
23. “Salve Ó tu, O Causador De Problemas (Seth), que vens do Local Santo, não
fui violento”;
24. “Salve Ó tu, O Infante, que vens de Heqa-adj (Heliópolis), não me fiz surdo
às palavras da justiça”;
25. “Salve Ó tu, Aquele Que Anuncia A Decisão, que vens de Unsy, não fui
insolente”;
26. “Salve Ó tu, Basty, que vens do Relicário, não provoquei lágrimas”;
27. “Salve Ó tu, Aquele Cujo Rosto Está Para Trás, que vens da Tumba, não fui
depravado nem pederasta”;
28. “Salve Ó tu, Aquele De Perna Em Chama, que vens das Regiões
Crepusculares, não comi meu coração”;
29. “Salve Ó tu, O Tenebroso, que vens das Trevas, não insultei ninguém”;
30. “Salve Ó tu, Aquele Que Traz As Suas Oferendas, que vens de Sais, não agi
com violência”;
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31. “Salve Ó tu, O Possuidor De Muitos Rostos, que vens de Nedjefet (Assiut),
não fui leviano”;
32. “Salve Ó tu, O Acusador, que vens de Utjenet (This), não me voltei contra
deus”;
33. “Salve Ó tu, O Senhor Dos Dois Cornos, que vens de Assiut, não multipliquei
minha fala em demasia”;
34. “Salve Ó tu, Nefertum, que vens de Mênfis, não cometi o mal”;
35. “Salve Ó tu, Aquele Que Não Deixa Nada Subsistir (Tem-sep), que vens de
Busíris, não insultei o rei”;
36. “Salve Ó tu, Aquele Que Age Segundo O Seu Coração, que vens de Tjebu
(Antaeópolis), não sujei as águas de outro”;
37. “Salve Ó tu, O Fluído, que vens Nun, não agi com soberba”;
38. “Salve Ó tu, O Comandante Dos Homens, que vens de Sais (?), não
blasfemei contra deus”;
39. “Salve Ó tu, Aquele Que Procura O Bem, que vens de Huy, não fui
presunçoso”;
40. “Salve Ó tu, Aquele Que Reúne Os Kás (Neheb-kau), que vens da Sua
Cidade, não excedi em meu favor”;
41. “Salve Ó tu, Aquele Cuja Cabeça É Prestigiosa, que vens da Tumba, não
aumentei a minha riqueza a não ser com as coisas que são minhas”;
42. “Salve Ó tu, Aquele Cujo Braço É Conquistador In-dief, que vens da
Necrópole, não caluniei o deus da minha cidade”.
Anhay justificada,
adornada e segurando
plumas de Maat é
conduzida por Amentet a
deusa do Ocidente até
Osíris.
Anúbis
verificando o
prumo da
balança
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Hórus verificando o
prumo da balança
Anúbis
“O Senhor da
Balança”
Ammut
“A Devoradora”
Mesa de Oferendas
Osíris “Chefe do
Ocidente, Grande Deus
Senhor de Abidos,
Senhor da Eternidade”
no interior de um
tabernáculo usando a
coroa atef com cornos, o
açoite e o cajado64
ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
Hórus conduz
Ani a Osíris
Ammut
Thot registra o
veredicto em sua
paleta de escriba
Shay
“o Destino”
Renenutet e
Meskhenet
O pássaro
as deusas do
Bá de Ani
nascimento
Nesmin segurando as
plumas de Mat
Anúbis verificando o
prumo da balança
Hórus verificando o
prato com o coração
Ammut
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IV. 4. LITANIA DE RÊ
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5ª Hora do Amduat,
tumba de Thutmés III
Uma forma ovalada serve de receptáculo à vida que surgirá, ladeada por
duas partes dianteiras de um leão, que representam o deus Akher, “Aquele que
governa as profundezas da Terra”. A cabeça que emerge indica que este espaço
personificado representa o corpo de Osíris e que Sokar é um de seus aspectos.
No registro superior, um escaravelho anuncia a última transformação que
permitirá, no final da vigem, que o deus-sol recobre a sua aparência visível e
sua força. No alto o monte de areia é a tumba de Osíris e dois pássaros
ladeando este monte são Ísis e Néftis realizando os ritos funerários para seu
irmão.
Uma vez passado este ponto extremo a Barca Solar inicia uma lenta
subida até o horizonte. Na sétima hora as forças do caos são afastadas. No
registro superior estão imagens dos inimigos do Egito subjugados
representado o poder do faraó e a dominação da Ordem Divina Universal sobre
o caos.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
simbólicos. Por exemplo, o doze é referente ao número das horas e aos meses
do ano, o nove é uma referência à enéade divina ou o
quatro que é relacionado aos quatro cantos do mundo
criado.
Uma simplificação aparece na tripulação da Barca
Solar. O sol noturno é agora acompanhado somente por
Hu, o verbo criador, e Sia, o conhecimento divino,
auxiliares do criador na renovação cotidiana do cosmos.
Atrás da quinta porta abre-se a Sala do Tribunal de
Osíris. Esta cena de julgamento não é freqüente na
iconografia de tumbas reais, mas ao ritual destinado aos
simples mortais (Capítulo 125 LdM).
O significado por trás do “Livro dos Portões” é que
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O túmulo é o local final para o eterno pós vida do morto, fornecendo dois
requisitos essenciais: é o local permanente para a proteção e abrigo do corpo
contra as violações e degradações; é o local de culto, onde os rituais em favor
do morto são realizados e que garantirão a sua existência póstuma.
A tumba como local de descanso eterno e morada final está refletido na
sua denominação egípcia de “Casa da Eternidade” (prn nHH).
As tumbas egípcias expressam na sua arquitetura, reconhecível mesmo
nas tumbas mais antigas (cerca de 3000 a.C.) e nas mais simples, uma
dualidade funcional: a câmara funerária, selada após o funeral guarda o corpo
e o equipamento funerário essencial. Localiza-se sempre abaixo do solo e o seu
acesso é feito por meio de um poço ou corredor descendente. A exceção das
pirâmides reais da IV dinastia onde a câmara funerária localiza-se no corpo da
pirâmide.
A capela funerária ou câmara de culto localiza-se na superestrutura
acessível aos familiares e sacerdotes que a visitam nos momentos em que se
realizam as cerimônias em favor do morto.
De certa forma as tumbas, assim como os templos, são os locais de
práticas cultuais e dos rituais de oferendas, destinados a garantir o
renascimento e o funcionamento do cosmos, no caso da tumba focados no
morto e nos templos as divindades.
Este significado cosmogônico da tumba pode ser percebido pela
preocupação com a sua orientação desde os tempos Pré-históricos, onde
seguindo o eixo norte-sul (o eixo do Nilo) e o corpo no seu interior, com o rosto
voltado para o leste ou oeste (o eixo solar). No início do Período Dinástico os
corpos passam a ser orientados com a face voltada para o leste, sinal da
importância das crenças solares no pós-vida surgidas nesta época.
Os cemitérios estabelecem-se na franja desértica que margeia as terras
agrícolas, não penetrando nas terras cultivadas, mas permanecendo no limite
entre a zona agrícola do vale fértil do Nilo (a vida) e o deserto (a morte). Esta
proximidade dos cemitérios facilitava o contato entre os vivos e os mortos
mantendo unidos os membros de uma mesma comunidade.
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V. 1. AS TUMBAS REAIS
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Os templos funerários
que serviam para o culto dos
faraós estavam fisicamente
separados das tumbas.
Estavam localizados na planície
do lado externo das encostas do
vale próximos à zona fértil do
vale do Nilo voltados para
leste.A disposição interna das Corte axonométrico da tumba de Séthi I, KV17,
XIX dinastia
tumbas, no ”Vale dos Reis”,
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culto onde os deuses eram adorados junto com os ritos funerários ao morto.
Este esquema representa um desenvolvimento posterior da função
conceitual da tumba. É uma reflexão monumental do papel do morto, colocado
como participante da jornada do deus-sol identificando-o com Rê e com Osíris.
A construção de novas tumbas particulares declinou com o final do Novo
Império e durante o Terceiro Período Intermediário foram construídas,
relativamente, poucas tumbas, ao invés disso as tumbas antigas foram
reutilizadas, muitas vezes, sem qualquer alteração na decoração e houve uma
tendência crescente de sepultamentos coletivos. Entretanto, algumas
estruturas funerárias foram construídas, a maior parte eram formadas por
modestas capelas em tijolos com poços que levam à pequenas câmaras
funerárias não decoradas. Há inúmeros exemplos, principalmente em Tebas
próximo ao Ramesseum dentro do recinto de culto, o que será uma
característica deste período.
Embora algumas capelas fossem decoradas com blocos com relevos
pintados, s esquifes e papiros é que se tornaram os principais veículos para a
tradição dos textos e imagens funerários, em particular os esquifes que
atuavam como uma tumba em miniatura.
As XXV e XXVI dinastias testemunharam o renascimento das primeiras
tradições artísticas, na arquitetura e nas práticas religiosas. Essa tendência
também é evidente nas tumbas que aproveitando o ressurgimento da
construção arquitetônica, promovido pelo governo centralizado, favoreceu a
construção de tumbas para altos oficiais em Tebas e Mênfis.
Em Tebas, as grandes tumbas dos oficiais, das Divinas Adoradoras de
Amon e sacerdotes foram construídas ao longo do caminho processional do
templo de Hatshepsut que, provavelmente, adquiriu uma importância
renovada como foco da revivida “Bela Festa do Vale”.
Essas enormes “tumbas palácios” pertenceram à mesma tradição das
tumbas ramessidas.
Em Saqqara e Giza os altos oficiais eram sepultados em “Tumbas Poços”
com as suas múmias protegidas por enormes sarcófagos antropomórficos.
Pessoas de status inferior continuaram a reutilizar as tumbas antigas e a
serem sepultados coletivamente.
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Akh. Nenhum indivíduo poderia existir sem um desses princípios, seja sobre a
Terra como no Outro Mundo.
O corpo, que servia de receptáculo a todos os outros elementos, deveria
ser preservado após a morte para reunir, todos os princípios que formavam o
indivíduo.
A palavra múmia deriva do persa mum, que significava “cera” ou
“betume” passando para o árabe mummia. No copta mum significa “cera”. A
origem desse nome, para designar os corpos embalsamados dos egípcios
antigos, baseia-se no engano provocado pela aparência enegrecida de algumas
múmias, semelhante à coloração do betume ou do piche mineral, substância
que ocorre naturalmente na região do Mar Morto e que muito esporadicamente
era usado no processo de mumificação durante o Novo Império. Na verdade a
coloração preta é o resultado do uso de resinas vegetais que se alteraram com
o tempo.
As primeiras tentativas de mumificação
eram um processo de conservação muito
simples e pouco eficazes. O corpo do morto era
coberto por gesso para evitar a sua
decomposição, o que resultava em uma espécie
de “casca” preservando somente a aparência
externa do corpo. Foi apenas com a descoberta
da desidratação artificial, com a ajuda do
natrão, que a mumificação teve um progresso
real no Antigo Império.
Variação da posição da incisão da
Os corpos eram cobertos por cristais de evisceração conforme a época:
A. vertical no abdômen no início do
natrão que retirava os líquidos dos tecidos. reinado de Thutmés III; B. diagonal
paralela a coxa durante e após o reinado
Essa técnica de conservação foi completada, de Thutmés III.
C. diagonal da cintura até a virilha nas
durante o Antigo Império, pelo processo de múmias de menor qualidade e mais
evisceração abdominal e escerebração. A recentes.
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VIII. AMULETOS
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cabeça de cobra
escaravelho
deus Thoth
ibicéfalo
coroa coroa
branca vermelha coração-ib
olho-udjat
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também o nome dado à vela e à cabine dos barcos nos “Textos dos
Sarcófagos”.
Assim como a tumba, o caixão, não é um espaço fechado e inerte mas
uma matriz geradora de mutações e de vida, onde o bá poderia vir visitar o
antigo corpo que um dia ele habitou, utilizando os olhos dos caixões como
portas por onde a alma poderia entrar e sair do “Mundo dos Mortos”, esta
função aparece pela primeira vez nas representações das “portas-falsas” nos
sarcófagos do Médio Império.
O corpo de Nut, por onde o deus-sol navega
todas as noites, é o meio regenerador do sol e do
morto. Os sarcófagos e esquifes se apresentam
então como um microcosmos.
Sob a influência deste simbolismo complexo,
o caixão antropomórfico, primitivamente simples,
toma pouco a pouco proporções monumentais.
Quer seja em madeira (esquife ou caixão), quer seja
em rocha (sarcófago), como o dos soberanos, o
caixão antropomórfico permanecerá em uso até o
seu desaparecimento no Período Romano.
A partir do final do Novo Império o uso de
cartonagem para caixões internos passa a ser mais
freqüente. Essa técnica, surgida no I Período
Intermediário, consistia de camadas de linho
coladas e prensadas sobre a qual era aplicada uma
camada de estuque de espessura variada, que após
estar seca proporcionava uma excelente base para
Cartonagem de Nakhtefmut,
XXI dinastia, Fitzwilliam a decoração com cenas e textos funerários
Museum semelhantes aos aplicados nos esquifes
satisfazendo as necessidades estéticas que a
religião exigia.
No Período Ptolomaico o linho poderia ser substituído por folhas de
papiro velhas que também poderiam ser usadas para se produzir uma massa
semelhante ao papel machê.
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X. ESTELAS
“Oferendas que o rei faz para...” (Htp-di-nsw), seguida de Estela em calcário de Paser,
final da XVIII dinastia,
uma lista de alimentos indispensáveis e pelo nome e
British Museum
títulos do morto e a sua filiação terminada pelo termo
justificado (m Aa-xrw), que significa que morto foi reconhecido como justo e puro
após o seu julgamento no tribunal de Osíris.
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XI. SHABTI
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Shabti em faiança de
Sheshonq, Mênfis, XXII
dinastia
Shabti em rocha
com roupas de
oficial “supervisor”,
XIX dinastia
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Este glossário geral foi concebido como um instrumento de uso mais amplo que a
simples explicação das noções abordadas nesta apostila
Ábaco - bloco quadrado no alto do capitel de uma coluna ou pilar sobre o qual
apoiava-se a arquitrave. No Novo Império traz gravado os cartuchos reais.
Abertura da Boca - ritual originado no Antigo Império, com a finalidade de dar ou
restabelecer a vida, realizado sobre as estátuas, os sarcófagos ou as múmias por
sacerdotes com objetos e vestimentas especiais.
Adobe - em árabe “muna”. Mistura de barro e palha utilizada na fabricação de tijolos
crus e como material de revestimento.
Afnet - toucado com a forma de uma bolsa que, no Período Amarniano, era um
atributo real chamado khat.
Afresco/Destêmpera - processo técnico de pintura, típico das tumbas egípcias, onde
os pigmentos minerais moídos são adicionados a uma goma (têmpera) e diluídos
em água.
Akh - um dos componentes espirituais do homem, resultado da união do Bá e do Ká.
Seu significado: “Ser Luminoso”, “Eficaz”, “Glorioso”, “Transfigurado”. É um
elemento espiritual que habita os céus e é o responsável pelas metamorfoses do
morto.
Akh iker n Re (“O Perfeito Espírito de Rê”) - nome do culto aos ancestrais muito
popular entre os trabalhadores de Deir el-Medina.
Akhet - Estação da Inundação que inicia na segunda metade de julho e termina na
primeira metade de novembro.
Alabastro (calcita) - de coloração branca ou amarelada semitransparente foi utilizada
principalmente na produção de objetos rituais como vasos canopos e vasos para
ungüentos. Tinha uma conotação de purificação. As suas jazidas estavam
principalmente no Médio Egito e no Sinai.
Altar Khat - suporte de formato cilíndrico sobre o qual era praticado um sacrifício ou
oferenda. Era móvel ou fixo, utilizado em espaços abertos ou nos túmulos.
Muitas vezes servia como suporte para a mesa de oferendas.
Alto relevo - cenas e inscrições esculpidas em rocha ou madeira, pintadas ou não,
onde a luz ressalta os contornos da figura.
Amarniano - nome que designa o período da “revolução” religiosa promovida pelo
faraó Amenhotep IV (Akhenaton). É uma referência ao sítio de Tell el-Amarna.
Amazonita (feldspato) - silicato de potássio, cálcio e alumínio opaco de cor
esverdeada. De coloração verde assumia os mesmos valores simbólicos da
turquesa, sendo indicado para a confecção de amuletos com a forma de papiros
e era considerado, juntamente com o lápis-lazúli e a turquesa, um dos materiais
mais preciosos. As suas jazidas ocorrem no Deserto Oriental.
AmDuat ou Duat - local percorrido pelo sol noturno onde descansam os mortos.
Amenti - o "Ocidente", onde os egípcios situavam a Terra dos Mortos. Era o reino de
Osíris visitado pelo deus-sol em sua viagem noturna após o entardecer, quando
o sol desaparece nas montanhas do oeste.
Ametista - variedade de quartzo transparente de coloração violeta a rosa claro.
Utilizado no Médio Império para a produção de amuletos e escaravelhos. As suas
jazidas ocorrem em Assuã e no Deserto Arábico.
Amratense - nome do primeiro período da cultura Pré-histórica de Naqada, que leva o
nome do sítio arqueológico el-Amra, ao sul de Abidos.
Amuleto - pequeno objeto com poderes mágicos que protegia os vivos e os mortos das
forças nefastas e dos inimigos. O objeto poderia representar deuses ou sinais
hieroglíficos favoráveis. O material em que estes objetos eram confeccionados
possuía um valor simbólico.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
Ankh - sinal hieroglífico que significa vida, conhecido também como cruz ansata ou
alçada. É um atributo dos deuses que dá a vida aos homens. Utilizado como
amuleto ou motivo decorativo. Ignoramos o que representa exatamente este
sinal.
Anubeion - santuário consagrado ao culto de Anúbis, situado em Saqqara.
Apotropaico - que tem o papel de afastar os seres nocivos e o mal.
Arquitrave - viga mestra retangular, em pedra, assentada horizontalmente sobre
colunas ou pilares para vencer o vão entre elas. Parte do entablamento que
repousa nos ábacos dos capitéis das colunas (epistílio). Quando em janelas ou
portas é decorada.
Asclepeion - santuário consagrado ao culto de Imhotep, identificado a Asclépio.
Asheru - lago sagrado com a forma de um crescente. Característico dos templos das
deusas identificadas com a "Deusa Distante", como o templo de Mut em Karnak.
Aspectiva - neologismo de origem alemã para designar a maneira egípcia de
representar, por oposição, a perspectiva. Na aspectiva não há pontos oblíquos
nem de fuga. Cada objeto é visto de maneira perfeitamente ortogonal, sem
deformação, segundo um plano mais favorável. O eixo do olhar é perpendicular
ao plano. Vários desses planos podem ser justapostos a fim de dar uma idéia
mais completa dos seres e dos objetos. Conhecido também como Frontalidade.
Átrio - pátio interno ladeado por colunas.
Auriflama - mastro em madeira de grandes dimensões fixado no pilono dos templos e
no qual estava a bandeira do deus.
Bá - um dos componentes espirituais do homem, dos deuses e dos animais.
Responsável pela individualidade é um elemento ativo e dinâmico que se separa
do corpo após a morte. É representado sob a forma de um pássaro com cabeça
humana, algumas vezes munido de braços. É o responsável pela passagem do
morto ao Mundo dos Vivos. Erroneamente traduzido por “alma”.
Badariense - cultura neolítica do Médio Egito que leva o nome do sítio arqueológico
el-Badari.
Baixo relevo - cenas e inscrições esculpidas em rocha ou madeira, pintadas ou não,
onde a luz penetrava nos sulcos destacando a figura.
Bakhu ou Bakh - as montanhas ocidentais por onde o deus-sol sai após a sua
viagem noturna pelas 12 horas do Mundo dos Mortos regenerado sob a forma de
um escaravelho.
Barba divina (Khebesut) - barba postiça, longa e trançada com a ponta curvada para
frente. Símbolo de força e virilidade. Usada pelo faraó morto e por divindades
funerárias como associação ao deus Osíris.
Barca Mandjet - a "Barca do Dia" utilizada pelo deus-sol em sua viagem diurna após
sair do Mundo Inferior.
Barca Meseket - a "Barca da Noite" utilizada pelo deus-sol em sua viagem noturna
pelo céu inferior.
Barca sagrada - barca sobre a qual a estátua de uma divindade ou do faraó
divinizado efetuava sua viagem sobre o Nilo. As imagens eram frequentemente
transportadas em modelos reduzidos de barcos durante as procissões.
Basalto - rocha preta e opaca utilizada para a construção de sarcófagos, pavimentos
de templos, estátuas e pequenos objetos. Tinha uma associação natural com o
Mundo Inferior e com o conceito de renovação. As suas jazidas concentravam-se
principalmente no Fayum, Abu Roash, Sinai e Assuã.
Bekhen - basalto ou grauvaca, utilizado na confecção de estátuas reais e divinas,
extraído das pedreiras de Wadi Hammamat cujo nome significa "Pedra
Maravilhosa". No Antigo Testamento é chamado de Eben Bochan e pelos
romanos Lápis Niger ou Lápis Thebaicos.
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ANTONIO BRANCAGLION JUNIOR
também como moldura para painéis com cenas decorativas tanto na arquitetura
como no mobiliário. Normalmente encimados pelas cornijas. Algumas vezes
lisos, mas frequentemente decorados com sulcos e linhas que reproduzem as
tiras de amarração usadas nos feixes de plantas, uma lembrança de quando
esses elementos vegetais eram utilizados na arquitetura dos tempos Pré-
Dinásticos. A sua função era puramente decorativa.
Cenotáfio - termo que designa uma tumba vazia. Os reis possuíam duas tumbas:
uma na qual o seu corpo era sepultado e outra que servia como local de culto
funerário. Este termo aplica-se não somente às tumbas fictícias como também
para todo o monumento dedicado à comemoração de um morto.
Cetro-Heqa ou Heqat - uma das duas insígnias reais egípcias. Derivado do bastão do
pastor, em forma de gancho, é o símbolo da realeza e do deus Osíris.
Cetro-Nekhakha - uma das duas insígnias reais egípcias. Derivado de um
instrumento agrícola, o flagelo, é o símbolo de autoridade associado ao deus
Osíris, igualmente carregado pelo deus Min.
Cetro-Sekhem - simboliza a manifestação do poder divino. É um símbolo de
autoridade carregado pelos oficiais e administradores do faraó. É um emblema
conectado com os deuses Osíris e Anúbis.
Cetro-Uadj - cetro em forma de papiro característico das divindades femininas.
Cetro-Was - consiste de uma vara terminada em forquilha tendo em seu topo a
cabeça de um animal (provavelmente um canídeo). Característico das divindades
masculinas. Simbolizava estabilidade, poder e domínio.
Cimo Tebano (El-Qurn) - cume sagrado em forma de uma pirâmide natural que
domina as necrópoles e templos de Tebas Ocidental. Identificado com a deusa
Merytseger.
Colossos de Memnon ou Amenophiun - duas estátuas colossais de Amenhotep III
que flanqueavam o acesso de seu templo funerário em Tebas Ocidental.
Coluna - existe um grande número de tipos de colunas na arquitetura egípcia
classificadas de acordo com a forma do capitel: protodórica, palmiforme
(palmeira), lotiforme (lótus), papiriforme (papiro) e Hathórica.
Complexo da Pirâmide - conjunto de edifícios ligados à sepultura do faraó e
necessários ao culto funerário. Composto pelo Templo Baixo, a calçada, o
Templo Alto e a pirâmide.
Cone funerário - cone em terracota fixado nas entradas das tumbas da XI à XXVI
Dinastias e trazendo o nome e os títulos do morto. Típicos da região de Tebas.
Cone de ungüento ou Cone de incenso - cone frequentemente representado nas
cenas de banquete funerário sobre a peruca ou cabeça dos participantes. Este
objeto enigmático poderia ser um cone de ungüento perfumado que se derreteria
com o tempo perfumando os cabelos ou protegendo contra o sol, seria um
símbolo hieroglífico para exprimir o perfume e teria conotações eróticas ligadas
ao renascimento e à procriação.
Cornalina - uma variedade de quartzo do grupo das calcedônias, translúcida de
coloração vermelha ou alaranjada. É considerada preciosa como a prata, o lápis-
lazúli e a turquesa. Simbolicamente representava as forças ligadas à cor
vermelha, como o sangue, a energia vingadora, o dinamismo e o poder do sol,
mas também o temperamento maléfico de Seth, o deus da desordem, das
tormentas e da aridez. Muito utilizado na confecção de amuletos desde o Período
Pré-dinástico. Na baixa Época o seu nome (Hrst) significava “tristeza”. As suas
jazidas encontram-se no Deserto Oriental.
Cornija - moldura côncava e saliente sobreposta no alto das paredes, nos
enquadramento das portas, nas estelas retangulares e em algumas formas
mobiliares. Inspirada em folhas de palmeira são, frequentemente, gravadas e
pintadas na curvatura. O conjunto é sobreposto por um filete.
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ANTONIO BRANCAGLION JUNIOR
Coroa-Atef - coroa do deus Osíris e do deus Herishef em forma de mitra ladeada por
plumas de avestruz e algumas vezes com o disco solar em seu topo. Pode possuir
também dois cornos de carneiro e o uraeus.
Coroa-Azul (Khepresh) - coroa real do Novo Império que simboliza o renascimento e
o triunfo do faraó. Geralmente azul com discos amarelos. Erroneamente
considerada como capacete ou coroa de guerra.
Coroa-Branca (Hedjet) - mitra que simbolizava o poder do Alto Egito. É protegida pela
deusa Nekhbet.
Coroa-Dupla (Pschent) - formada pela união das Coroas Vermelha e Branca.
Simboliza a união e o poder do Alto e Baixo Egito.
Coroa-Hemhemet ou Hemhem - coroa composta por três coroas-Atef juntas sobre
cornos de carneiro, usada pelo rei morto e pelo deus-criança Harpócrates.
Coroa-Theni - formada por cornos de carneiro horizontais, duas plumas com o topo
arredondado e curvo que envolvem o disco solar.
Coroa-Vermelha (Desheret) - coroa anelada que simbolizava o poder do Baixo Egito.
É protegida pela deusa Uadjet.
Corregência - período onde dois faraós, normalmente o rei e um de seus filhos,
exercem conjuntamente o poder.
Cosmogonia - mitos referentes à Origem do Universo e à Criação do Mundo que têm
como princípio comum o “Oceano Primordial” ou “Nun”.
Côvado ou cúbito - unidade de medida dos antigos egípcios equivalente a 52,5cm
subdividido em 7 palmos ou 28 dedos para o côvado real, na XXI Dinastia, o
côvado pequeno era de 44,9cm subdividido em 6 palmos; durante o Período
Persa o côvado real passou a 64,2cm.
Crioesfinge ou Esfinge criocéfala - esfinge com cabeça de carneiro que guardava
exclusivamente as vias de acesso aos santuários.
Cripta - salas ou corredores secretos reservados desde o Novo Império. Mas
principalmente na Baixa Época eram feitas nas paredes e fundações dos templos
seja para conter estátuas ou objetos sagrados, seja como elemento cultual ligado
ao funcionamento do templo.
Culto Ancestral - realizado em um busto idealizado de um homem, ou mulher ou
muito raramente de um casal, ou para uma estela com a imagem de um familiar
morto sentado diante de uma mesa de oferendas cheirando uma flor de lótus.
Essas imagens incarnavam os seus ancestrais mortos, admirados por suas
virtudes e qualidades chamados Akh-iqer-en-Rê “Espírito Excelente de Rê”, eram
os intermediários que levavam os apelos dos vivos aos deuses. Muito popular
durante o Novo Império, principalmente, entre os moradores da vila de Deir el-
Medina.
Deben - unidade de peso equivalente a 13,6g de ouro ou 27,2g de prata, no Novo
Império corresponde a 91g de prata. Subdividido em 10 kites de 9,1g.
Demótico - do grego “(Escrita) Popular”. É uma escrita cursiva, derivada do hierático,
em linhas horizontais e da direita para a esquerda. Somente após o Período
Ptolomaico passou a ser usado em obras literárias e religiosas. O último
testemunho é um grafito em Philae de 394 d.C.
Depósito de fundação - grupo de modelos reduzidos formado por placas, de
materiais variados, gravadas com o nome do faraó, miniaturas de ferramentas,
vasos e oferendas enterradas nas fundações dos edifícios, principalmente os
templos.
Dáide - par de estátuas esculpida em um mesmo bloco.
Dinastia - divisão da realeza egípcia criada pelo sacerdote egípcio Maneto a pedido de
Ptolomeu II, na primeira metade do Século III a.C. Ela era essencialmente
definida pela capital da época e por laços que nem sempre eram consangüíneos.
Dintel/Lintel - peça em pedra ou em madeira que se põe horizontalmente sobre
ombreiras de portas ou de janelas.
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Uma fenda na altura dos olhos, na parede que separa o serdab do local de
oferendas, estabelecia o contato entre estas estátuas e os vivos que praticavam o
culto.
Serekh - do egípcio “Fachada de Palácio”. É uma representação da fachada e do muro
que cercava os primeiros palácios egípcios. Utilizado como motivo decorativo e
na composição do primeiro nome real ou “Nome de Hórus”, colocado sob um
falcão.
Serpentina (esteatita) - rocha composta por um silicato hidratado natural de
magnésio esverdeado. Utilizada principalmente no Período Pré-dinástico para a
produção de estelas e amuletos profiláticos contra picadas de serpentes e
escorpiões.
"Servidor no Local da Verdade" - tradução do termo Sedjem ash em Set Maat cujo
significado literal é "Aquele que escuta o apelo no Local da Verdade" e que
designa os artistas e artesãos que trabalhavam nas tumbas e templos funerários
tebanos e que moravam na vila de Deir el-Medina durante o Novo Império. O
"Local da Verdade" ou "Local de Maat" é uma metáfora que para a necrópole
tebana, especificamente a tumba real. Durante a XVIII dinastia também era
denominado de "Grande Local".
Shabti ou Ushabti - pequenas estatuetas que representavam os servidores
funerários, frequentemente mumiformes, feitas em diferentes materiais,
colocadas na tumba para substituir magicamente o morto na execução de
trabalhos que seria chamado a realizar no Outro Mundo. Frequëntemente tem
nas mãos instrumentos agrícolas e possuem ao longo do corpo inscrições
contendo o capítulo VI do "Livro dos Mortos" ou simplesmente o nome e títulos
do morto. Outra forma para o seu nome era Shauabti.
Shaduf - dispositivo elevatório pendular de água que aparece na XIX Dinastia e ainda
utilizado no Egito.
Shebiu ou “Ouro da Recompensa” - colar composto por anéis em ouro dado pelo rei
para recompensar seus melhores oficiais e funcionários.
Shemu - Estação da Colheita (Verão) inicia na segunda metade de março e termina
na primeira metade de julho.
Shut (Sombra) - seu significado ainda não está bem claro. É associada com a Bá e
possui uma existência própria ligada à sexualidade do morto. A sua presença é
revelada pela luz do sol.
Sia - conjunto de conhecimentos utilizados na Criação do Universo. É também
representado como uma divindade.
Sicômoro - variedade da figueira egípcia. Árvore sagrada das deusas Háthor e Nut.
Madeira dura e escura usada na confecção de mobiliário, sarcófagos, estátuas e
outros acessórios funerários.
Sílex - aparece incluso em camadas de calcário, foi utilizada principalmente nos
Período Pré-histórico para a produção de lâminas e manteve-se em uso, no
período faraônico, na produção de objetos rituais.
Sistro - espécie de matraca utilizada nas cerimônias litúrgicas, em especial ligado ao
culto das deusas Háthor e Bastet.
Sistrophore - “estátua portadora de sistro”.
Speos - do grego “Gruta”. Designa os templos ou tumbas rupestres, isto é, talhadas
completamente na rocha.
Stelophore - estatueta de uma pessoa ajoelhada em posição de oração, que põe as
suas mãos erguidas sobre uma estela diante de si. Normalmente escrita com um
hino ao deus-sol. Surgidas após a XVIII Dinastia poderiam ser colocadas nos
nichos das pequenas pirâmides privadas.
Talatat - do árabe que indica uma largura de três palmos. Designa os blocos de
pedra decorados, de pequenas dimensões, utilizados nas construções dos
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Vasos canopos - quatro recipientes nos quais eram colocadas as vísceras extraídas
do corpo durante a mumificação. Cada um era colocado sob a proteção de um
dos Filhos de Hórus representados nas tampas dos vasos: Imset, com cabeça
humana; Hapy, com cabeça de babuíno; Duamutef, com cabeça de chacal; e
Qebehsenuef, com cabeça de falcão, a partir do Novo Império.
Vinhetas - ilustrações características dos diferentes capítulos do “Livro dos Mortos”.
Vizir - do árabe “O Chefe do Poder Executivo” (Primeiro Ministro). Possuía as mais
altas responsabilidades administrativas em nome do faraó. Organizava a mão de
obra, administrava o domínio real, incluindo o palácio e os territórios ocupados,
supervisionava e registrava os atos jurídicos, recolhia os impostos e tributos,
nomeava os altos funcionários e dirigia os arquivos reais.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
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Ptah - Cultuado em Mênfis. Era representado como uma múmia humana com
um gorro justo na cabeça e com uma grande barba postiça. Deus criador,
protetor dos artistas e artesãos, forma com Sekhemet, sua esposa, e Nefertun,
seu filho, a Tríade Menfita.
Rê - Cultuado em Heliópolis (Cairo). Seu culto estendeu-se por todo o Egito.
Era representado com o corpo humano e uma cabeça de falcão sobre a qual
estava o disco solar que era circundado por uma serpente. Era o demiurgo,
criador da Enéade e do Universo. Todos os grandes deuses eram associados a
ele, principalmente Ámon, com o qual tornou-se a grande divindade dinástica
do Novo Império. Grandes “livros” teológicos descreviam a viagem de Rê em
uma barca que durante a noite percorria o Mundo dos Mortos até a sua
ressurreição ao amanhecer sob a forma do escaravelho Khepri.
Renunet - Representada como uma mulher com cabeça de serpente ou como
uma serpente. Era deusa das colheitas e a senhora dos grãos.
Sekhmet - Cultuada em Mênfis. Representada como uma mulher com cabeça
de leoa ou uma leoa. Divindade guerreira que representava o aspecto
destruidor do sol. Seus emissários traziam a morte e as doenças. Era temida
por representar o poder mágico dos deuses.
Selkis/Selkit - Representada como uma mulher com um escorpião sobre a
cabeça. Era a protetora dos mortos e possuía um papel profilático contra os
venenos.
Serápis - Criado no Período Ptolomaico como deus da corte correspondia às
antigas divindades funerárias menfitas. Associado a Osíris e Ísis.
Seshat - Representada como uma mulher vestida com uma pele de leopardo e
coroada com uma estrela de sete pontas. Era deusa da escrita, da
agrimensura e arquitetura. Era a companheira de Toth.
Seth - Originário do Fayum. Era um deus híbrido formado por partes de
diversos animais. Irmão e assassino de Osíris representava a ignorância e as
influências nefastas presentes no Mundo.
Shu - Deus antropomórfico coroado com uma pluma que simboliza seu nome.
Deus do espaço aéreo que separa a Terra (Geb) do Céu (Nut). Sua esposa e
irmã é Tefnut.
Sobek - Originário do Fayum. Representado com o corpo humano com cabeça
de crocodilo ou um crocodilo. Era um deus criador ligado às forças do Nilo.
Sokáris - Cultuado em Mênfis. Representado como um homem com cabeça
de falcão ou por um falcão mumificado. Deus funerário associado a Ptah e
Osíris. Era o patrono dos artesãos.
Tefnut - Cultuada em Heliópolis (Cairo). Representada como uma mulher
com cabeça de leoa. Simbolizava a umidade na teologia Heliopolitana. É irmã
e esposa de Shu.
Toth - Originário de Hermópolis. Representado como um homem com cabeça
de Íbis e também sob a forma de um babuíno. Era o deus das operações
intelectuais, da escrita, das línguas e da sabedoria. Era o protetor dos
escribas e dos mágicos.
Toueris/Taueret - Deusa híbrida parte hipopótamo, leão e crocodilo. Divindade que
aparece no Novo Império muito popular por ser a protetora das parturientes, dos
recém-nascidos e das crianças.
Uadjet - Cultuada em Buto (Delta). Representada como uma mulher com cabeça de
cobra ou uma cobra. Simboliza o Baixo Egito. É a protetora da coroa vermelha e
junto com Nekhbet protege o faraó e a realeza.
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ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
Abidos ou Ábidos - centro religioso do Alto Egito na margem oeste do Nilo a 168km
ao norte de Luxor cujo deus principal era Osíris. Sua origem remonta aos
Períodos Pré-dinásticos e seu principal templo foi construído por Séthi I e
Ramessés II.
Abu Gurob - localidade situada ao norte de Saqqara onde se encontram os templos
solares da V dinastia, em particular aquele de Niuserrê.
Abu Roash - localidade a 9km de Giza e que fazia parte da antiga necrópole onde se
encontra a pirâmide de Djedefre da IV dinastia.
Abu Simbel - nome de uma antiga vila situada a 280km ao sul de Assuã, na margem
oeste, e onde se encontra o mais importante templo rupestre construído por
Ramessés II em honra do deus sol e o templo da rainha Nefertari dedicado à
deusa Háthor.
Abuquir (Canopo) - localidade do Período Ptolomaico localizada a 45km de Alexandria
às margens do Mediterrâneo e onde se encontrava um dos célebres Serapeum.
Abusir (Taposíris Magna) - localizada entre Giza e a norte de Saqqara. Designa a
necrópole real e os templos solares da V dinastia.
Akhetaton - ver Tell el-Amarna.
Akhimim (Chemmis, Panópolis) - cidade situada na margem leste do Nilo
aproximadamente a 200 km ao norte de Luxor. Foi a capital do 9º Nomo do Alto
Egito cujo deus era Min.
Alexandria - cidade às margens do Mediterrâneo, fundada por Alexandre, o Grande,
em 332 a.C., capital e residência dos Ptolomeus. Célebre pelo farol e por sua
biblioteca.
Amada (Hamadah) - localizada na Núbia, na margem ocidental do Nilo, cerca de
50km ao norte de Aniba, onde o faraó Thutmés III construiu um templo em
honra a Ámon-Rê e Rê-Horakhty, concluído por Séthi I.
Aniba - cidade da Baixa Núbia entre a 1ª e a 2ª Catarata. Local de importância
comercial e militar desde o Antigo Império, a cidade foi fortificada durante o
Médio Império.
Antinópolis (Antinoe, Sheikh Aibada) - cidade do Médio Egito fundada pelo
imperador romano Adriano em 30 de outubro de 130 e que possuía um teatro,
um hipódromo e ruas luxuosas.
Armant (Ermant, Hermonthes) - cidade que se encontra na margem oeste do Nilo a
20km ao sul de Luxor. De origem Pré-histórica onde foi cultuado o deus Montu.
Assassif - nome dado a uma das regiões da necrópole tebana. Próxima ao templo de
Deir el-Bahri com tumbas do Período Ramessida, da XXV e XXVI dinastias.
Assiut (Licópolis) - cidade na margem oeste do Nilo a 407km ao sul do Cairo. Capital
do 13º Nomo do Alto Egito onde era cultuado o deus Up-Uaut e de onde partiam
as caravanas para os oásis. Onde se encontram as tumbas da IX, X, XII e XIX
dinastias.
Assuã (Siena) - cidade na margem leste do Nilo próxima à 1ª catarata. Foi a capital do
1º Nomo do Alto Egito onde eram cultuados os deuses Khnum e Satis.
Athribis (Benha, Tell Atrib) - capital do 10º Nomo do Baixo Egito na margem direita
do braço Damieta do Delta do Nilo onde era cultuado um deus falcão
identificado a Hórus.
Avaris ou Aváris (Tell ed-Daba) - capital dos reis hicsos no Delta oriental do Nilo.
Babilônia - nome de uma fortificação romana atualmente no Cairo Velho.
Baharia - oásis do deserto líbio a oeste do Nilo ocupado desde o Período Paleolítico,
tornando-se famoso ela produção de vinho, a partir do Médio Império,
principalmente durante o Período Romano.
Beni Hassan - cidade do Médio Egito na margem leste do Nilo onde se encontra a
necrópole dos príncipes do 16º Nomo do Alto Egito, da XI e XII dinastias.
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Bubástis (Tell Basta) - cidade do Delta do Nilo capital do 18º Nomo do Baixo Egito
onde era cultuada a deusa gata Bastet e foi a capital dinástica da XXII e XXIII
dinastias.
Buhen - antiga cidade fortificada que faz fronteira à 2ª catarata, próxima a Wadi
Halfa, onde se encontrava uma grande fortaleza da XII dinastia. Hoje submersa.
Busíris - cidade ao sul do braço Damieta do Delta do Nilo capital do 9º Nomo do
Baixo Egito onde havia um santuário ao deus Osíris.
Buto (Tell el-Farain) - cidade a noroeste do Delta do Nilo onde era cultuada a deusa
serpente Uadjet símbolo do Baixo Egito.
Cairo - capital do Egito fundada pelos árabes em 641.
Cinópolis - capital do nomo de época Ptolomaica.
Coptos (Quft, Iseun) - cidade localizada na margem leste aproximadamente a 40km
ao norte de Luxor. Foi a capital do 5º Nomo do Alto Egito e ocupou uma posição
de destaque como ponto de partida para caravanas e expedições em direção ao
Mar Vermelho. Era a sede de culto do deus Min.
Crocodilópolis - antiga capital do oásis fundada no Médio Império onde foi cultuado
o deus Sobek e durante o Período Ptolomaico a rainha Arsinoe.
Dahshur - cidade situada aproximadamente a 26km ao sul de Giza e que dá o nome a
uma parte da necrópole ao sul de Saqqara. Possui túmulos da IV e XII dinastias
destacando a pirâmide romboidal e a pirâmide vermelha do faraó Snefru e as
pirâmides de Amenemhat III e Senusret III.
Dakhla - oásis do deserto ocidental aproximadamente na altura de Luxor a 200km a
oeste de Kharga. Possui vestígios de ocupação desde o paleolítico e
principalmente do Período Ptolomaico.
Deir el-Medina - região mais meridional da necrópole tebana que compreende as
tumbas, as capelas e uma vila de operários responsáveis pela escavação e
decoração das tumbas reais da XVIII a XX dinastias.
Deir el-Bahari - nome de uma parte da necrópole tebana onde se encontram os
templos funerários de Mentuhotep Nebhepetre, Hatshepsut e Thutmés III, além
de um grande número de tumbas particulares da XVIII dinastia.
Deir el-Ballas - localidade próximo a Coptos no 5º Nomo do Alto Egito, vizinho a
Naqada, que contém cemitérios Pré-históricos, monumentos do Médio Império e
vestígios importantes de palácios do Médio Império.
Dendera (Tentyris) - cidade do Alto Egito na margem oeste do Nilo capital do 6º
Nomo do Alto Egito. Famosa pelo templo bem conservado, de época Greco-
Romana, da deusa Háthor.
Dra Abu el-Naga - parte setentrional da necrópole tebana com importantes tumbas
decoradas de funcionários do Médio Império.
Edfu - capital do 2º Nomo do Alto Egito onde se encontra um templo, de época Greco-
Romana, bem conservado dedicado ao deus Hórus.
El-Amra - cidade situada a 9km ao sul de Abidos onde foram encontradas duas
necrópoles Pré-históricas cujas sepulturas datam do Naqada I ao Período Proto-
dinástico.
El-Ashimunin - ver Hermópolis.
El-Badari - cidade do Alto Egito na margem leste do Nilo ao sul de Assiut onde foram
encontradas importantes sepulturas Pré-históricas de uma cultura neolítica.
Elefantina - ilha localizada diante da cidade de Assuã. Ocupada desde a época Pré-
dinástica possuía um templo consagrado aos deuses Khnum e Satis.
El-Kab (Nekheb) - capital do 3º Nomo do Alto Egito de grande importância religiosa
desde a Pré-história até a época Bizantina. Era o local de culto da deusa abutre
Nekhbet, símbolo do Alto Egito.
El-Khokha - necrópole em Tebas ocidental a sudoeste de Deir el-Bahari com tumbas
decoradas datadas da XVIII e XIX dinastias.
142
ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
El-Lisht (Lisht) - na margem esquerda do Nilo onde está a necrópole da capital da XII
dinastia. Destacando-se as pirâmides de Amenemhat I, Senusret I e de seus
familiares.
El-Tarif - necrópole em Tebas ocidental na extremidade norte onde as tumbas de
particulares pertencem, em sua maioria, a XI dinastia.
Esna (Latópolis) - cidade situada na margem oeste do Nilo a 60km ao sul de Luxor.
Possui vestígios de um templo Greco-Romano dedicado a Khnum.
Farafra (Farafre) - oásis do deserto líbio, ocupado desde Paleolítico Superior, aparece
citado no Período Histórico em documentos da V dinastia. No Período Romano
foi o local de uma necrópole rupestre.
Fayum - depressão no deserto a sudoeste do Cairo, habitualmente considerado como
um oásis, ligado ao Nilo por braço fluvial.
Gebel Barkal - montanha sagrada localizada na Alta Núbia, ao sul da 3ª Catarata do
Nilo, próximo à Napata. É uma grande formação rochosa com o topo plano nos
pés do qual foi construído um grande templo a Ámon, na XVIII dinastia.
Gebel Silsilah - pedreiras de grés situadas ao norte de Kom Ombo.
Gebelein - ver Crocodilópolis.
Gerf Hussein - localizado na Núbia onde Ramessés II construiu um templo em honra
a Ptah.
Giza - parte da necrópole de Mênfis atualmente um bairro a oeste do Cairo.
Caracterizada pelas grandes pirâmides da IV dinastia e a grande esfinge.
Gurna - designação geral dada à necrópole tebana, às tumbas e sepulturas datadas
do final do Antigo Império até a Época Romana.
Gurnet Murai - nome da colina que se encontra ao sul da necrópole tebana, situada
acima de Deir el-Medina, contendo um pequeno número de tumbas decoradas
do Novo Império.
Hawara - sítio a sudoeste do Fayum onde se encontra a pirâmide de Amenemhat III e
uma necrópole do Médio Império, da Baixa Época e do Período Greco-Romano.
Heliópolis (On, Iunu) - a nordeste do Cairo era a capital do 13º Nomo do Baixo Egito
e um dos grandes centros espirituais do país.
Heracleópolis Magna (Ahnas el-Medina) - capital do 20º Nomo do Alto Egito a 15km
a oeste de Beni Husef.
Hermontis - a 20km ao sul de Luxor na margem esquerda do Nilo capital do 4º Nomo
do Alto Egito até a XVIII dinastia. Era o local de culto do deus Montu.
Hermópolis Magna (El-Ashmuneim) - capital do 15º Nomo do Alto Egito cuja
principal divindade era o deus Thoth.
Hermópolis Parva - capital do 15º Nomo do Baixo Egito no Delta do Nilo com
vestígios de um templo de Thoth da Baixa Época.
Hieracômpolis (Nekhen, Kom el-Hamar) - a 20km ao norte de Edfu na margem
oeste do Nilo de frente para El-Kab. Foi uma das mais antigas capitais do Egito
(Nekhem).
Illahun (El-Lahun, Khaun) - cidade da margem oeste do Nilo no mesmo nível que o
Fayum, onde se destacam as pirâmides de Senusret II e Senusret III.
Kalabsh (Talmis) - um dos centros mais importantes da Baixa Núbia. Possuía um
templo dedicado ao deus Mandulis, construído pelo imperador Augusto.
Karnak - sítio localizado a 2km ao norte de Luxor. Famoso pelo maior complexo de
templos de todo o Egito dedicado a Ámon, Amut, Khonsu e Montu.
Kharga - oásis do deserto ocidental aproximadamente na mesma altura que Luxor
cujo principal monumento é o templo oracular de Ámon.
Kom-Ombo - sítio na margem direita do Nilo a 45km ao norte de Assuã. Célebre pelo
templo duplo do Período Ptolomaico e Romano consagrado a Sobek e Hórus.
Kush - região da Alta Núbia que se estende do sul da 2ª até a 4ª catarata. Foi uma
colônia egípcia durante o Médio Império e sede de um vice-reino durante o Novo
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ANTONIO BRANCAGLION JUNIOR
Wadi Maghara - localizado no Sinai onde era extraída a turquesa, desde o Antigo
Império, em minas subterrâneas e onde existia uma cidade.
Wadi Natrun - depressão desértica entre o Cairo e Alexandria de onde era extraído o
natrão para o embalsamamento dos corpos.
Xois (Chois, Sakha) - cidade do Delta setentrional. Até o Médio Império foi uma
cidade de menor importância, tornando-se durante a XIV dinastia capital de um
reino independente no 6º Nomo do Baixo Egito.
XV. CRONOLOGIA
Todas as datas anteriores à XXVI dinastia são incertas
146
ARTE E ARQUEOLOGIA DO EGITO ANTIGO II
RECONQUISTA PERSA
(II Período Persa) - 343-332 a.C.
147
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1994.
O Egito em Busca da Eternidade, National Geographic Society, WQED, Abril
Video, 1982.
INTERNET
Devido à extraordinária mobilidade da internet, é difícil afirmar com
segurança que as indicações abaixo já não estarão obsoletas no mesmo
instante que esta lista for concluída.
A classificação aqui presente é puramente subjetiva, já que muitos dos
endereços possuem “links” que os interligam.
INSTITUTOS E ASSOCIAÇÕES
Instituto Francês de Arqueologia Oriental - Cairo
http://www.ifao.egnet.net
MUSEUS
Metropolitan Museum of Art - Nova York
http://www.metmuseum.org
OUTROS
http://www.egiptologia.com/index.htm
http://www.ancientegypt.co.uk/home.html
http://www.wepwawet.nl/films/
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