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15 de setembro de 2017
Seguindo o conceito de fio d’água, a Usina Hidrelétrica
Baixo Iguaçu adota técnicas sustentáveis de geração
de energia
A obra iniciada em 2013 e instalada na margem esquerda do Rio Iguaçu, no estado do Paraná, teve
um pico de uso concomitante de 70 caminhões durante a fase inicial de escavação do canal de
desvio do rio
É uma quinta-feira nublada na pacata cidade de Capanema, no Paraná, próxima à fronteira com a
Argentina, e a obra da construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu segue agitada, rumo à etapa
final. Ao caminhar pelo canteiro, é possível notar que a estrutura de concreto da Casa de Força já está
quase 100% concluída e o Vertedouro, com nove dos 16 vãos já construídos. Daqui a 15 meses,
quando iniciar as operações, a usina deve gerar uma média de 168,2 MW.
Para entender os detalhes da obra, a capacidade e as dimensões da nova usina é preciso primeiro
entender sua localização. A UHE Baixo Iguaçu é a última usina possível no Rio Iguaçu, no sudoeste do
Paraná. Isso porque já há outras cinco no mesmo rio (Foz da Areia, Segredo, Salto Santiago, Salto
Osório e Salto Caxias) e a recém-construída está encostada nos limites do Parque Nacional do
Iguaçu, área de proteção ambiental.
“É o único lugar onde se pode construir. Se você pensar em termos de engenharia, o ideal é que ela
ficasse mais para baixo. Custaria a mesma coisa, mas ganharia na questão da potência”, explica
Carlos Martini, gerente de engenharia da Odebrecht, empresa contratada para a execução da obra.
Por isso, no arranjo concebido no projeto, o coroamento do barramento conta com aproximadamente
1.080 m de comprimento total. Na ombreira esquerda, está o circuito hidráulico de geração, que é
formado por três tomadas de água, que são interligadas a cada uma das três turbinas do tipo Kaplan
com eixo vertical. O Vertedouro está sendo construído no leito do rio, protegido atualmente por duas
ensecadeiras. Na margem direita, será feito o fechamento, por meio de barragem do tipo
enrocamento.
A UHE Baixo Iguaçu segue o conceito de fio d””””água: não possui um reservatório que possa ser
utilizado em períodos de seca. “Existe um lago, mas não há variação linear no lago. Todo o volume de
água que chega passa pela usina, não há acúmulo de água”, afirma Luis Fernando Rahuan, diretor de
contrato da Odebrecht. Essa é considerada uma alternativa sustentável para a geração de energia,
uma vez que reduz a estrutura das barragens e a dimensão dos alagamentos.
A execução
Começou em julho de 2013, com a implementação do canteiro de obras. Instalado na margem
esquerda do rio, é como se fosse uma pequena cidade. Possui alojamentos e refeitório para os
funcionários (em agosto de 2016 chegou ao pico de 2.628 pessoas), quadras poliesportivas, áreas de
lazer, estação de tratamento de água, ambulatório médico, subestação e central de geração de
energia de 2 MW e estação de tratamento de esgoto.
Além disso, há uma estrutura de centrais industriais formada por uma central de britagem com
capacidade de 350 t/h, duas centrais de concreto, uma central de gelo para dosagem do concreto e
locais para carpintaria, fabricação de pré-moldados e armação.
Assim que o canteiro foi devidamente implementado, a obra partiu para sua primeira etapa de
construção, que foi a escavação do canal de desvio na margem direita do rio. É como se fosse um
alargamento do rio, para manter as condições próximas às existentes e influenciar menos no fluxo,
enquanto na margem esquerda foi instalada uma ensecadeira, espécie de barragem provisória para a
contenção temporária da ação das águas no local onde seria construída a Casa de Força e
Vertedouro.
O conceito de fio d””água diminui a área alagada e necessita de estrutura reduzida de barragens
Conforme explica Rahuan, as escavações, tanto do canal de desvio quanto da Casa de Força, foram
feitas com perfuratriz em rocha e detonação e seguinlevaram cerca de dez meses. “A gente chegou a
um pico de 70 caminhões trabalhando durante a etapa de escavação”, afirma o diretor de contrato,
que também ressalta que o maior volume de escavações foi na Casa de Força.
Boa parte da rocha de escavação foi estocada na central de britagem e concreto e também utilizada
para a construção da ensecadeira, que também é feita de solo (argila) com cascalho, que é o que faz
a vedação. A ensecadeira é em formato de U, capaz de isolar a margem esquerda, permitindo à
equipe de obra entrar no leito do rio e fazer a construção da Casa de Força e Vertedouro.
Cheia de 2014
Essa ensecadeira foi construída com um tempo de recorrência (TR) (ou período de retorno) de 100
anos. Isso quer dizer que a altura dessa estrutura foi calculada de tal forma que o rio poderia subir e
passar por cima dela apenas uma vez em 100 anos, ou seja, 1% de probabilidade. “É um cálculo
estatístico, não quer dizer que não possa acontecer amanhã”, afirma Rahuan.
Não foi exatamente no dia seguinte, no entanto, um mês após o término da ensecadeira, o Rio Iguaçu
atingiu sua maior vazão já registrada desde o início da série histórica, iniciada em 1942, chegando a
um volume de água na ordem de 32.000 m3/s. A cheia causou o rompimento da ensecadeira e
alagamento dos recintos da Casa de Força e Vertedouro. A força da água foi tanta que levou embora
um guindaste que já estava montado no canteiro.
“Outros rios têm o nível da água aumentado gradativamente, e muitas vezes dá tempo de tomar
ações como altear uma ensecadeira e aumentar a proteção da obra. No nosso caso, a vazão
aumentou mais de dez vezes em 24 horas. A prudência que a gente teve foi remover as pessoas e
equipamentos para não ter um dano maior”, explica Augusto Castelo Branco, gerente comercial da
Odebrecht. A ensecadeira teria contido essa vazão somente se tivesse sido projetada com 260 anos
de recorrência.
O tempo de recorrência de 100 anos, usado como parâmetro para o projeto da ensecadeira, não foi
suficiente para conter a vazão exagerada.
Dessa maneira, a solução foi fazer uma ensecadeia mais curta para 12 vãos do Vertedouro e uma
complementação para abrigar os 16 vãos, construída sobre os remanescentes da ensecadeira
destruída pela cheia. Assim, se houvesse uma nova cheia, a segunda ensecadeira seria levada, mas a
obra estaria garantida pela primeira. Também foi construído um muro lateral, que no futuro vai fazer
parte do Vertedouro, capaz de dar mais proteção à construção da estrutura da usina.
Casa de Força
Três anos depois e com grande parte da estrutura já erguida, fica até difícil imaginar o grau de
destruição causado pela cheia de 2014. A Casa de Força, por exemplo, já está com 95% de sua
estrutura de concreto concluída. “A parte de concreto de primeiro estágio, que é aquele que vai antes
da montagem, está quase pronta. O concreto de segundo estágio, que é o concreto de envolvimento
da turbina, ainda não está pronto e só será feito junto com a turbina”, destaca o diretor de contrato
Luis Fernando Rahuan.
Em uma obra desse porte, o conceito é um pouco diferente do conceito de cálculo estrutural. A
fundação, por exemplo, é feita diretamente na rocha. Há também outras variáveis que devem ser
calculadas para garantir a estabilidade da estrutura. “Funciona como um navio. Por exemplo, você
tem que calcular a estabilidade dela para não flutuar, para não tombar e também deve ter um esforço
de tombamento”, explica o gerente comercial Augusto Castelo Branco.
Em paralelo à estrutura de concreto, que já está praticamente pronta, está sendo feita a parte
eletromecânica, envolvendo a montagem das três turbinas Kaplan, que serão posicionadas alinhadas.
“Enquanto a civil está construindo [o concreto de segundo estágio], estou preparando [a montagem
da turbina] na linha de montagem, explica Ricardo Tavares, gerente de montagem eletromecânica.
A linha de montagem fica na Área de Montagem (AM), que nada mais é do que um espaço reservado
dentro da Casa de Força, onde a turbina é pré-montada. De lá, as peças são içadas por uma ponte
rolante, que as levam para o local definitivo. “Quando você começa a obra, tem que estudar o
tamanho do seu AM e saber quantas peças cabem nele. Então a civil vai avançando e a gente entra
montando através da ponte rolante”, afirma Tavares.
Planta
Planta
Planta
Casa de Força
Três anos depois e com grande parte da estrutura já erguida, fica até difícil imaginar o grau de
destruição causado pela cheia de 2014. A Casa de Força, por exemplo, já está com 95% de sua
estrutura de concreto concluída. “A parte de concreto de primeiro estágio, que é aquele que vai antes
da montagem, está quase pronta. O concreto de segundo estágio, que é o concreto de envolvimento
da turbina, ainda não está pronto e só será feito junto com a turbina”, destaca o diretor de contrato
Luis Fernando Rahuan.
Em uma obra desse porte, o conceito é um pouco diferente do conceito de cálculo estrutural. A
fundação, por exemplo, é feita diretamente na rocha. Há também outras variáveis que devem ser
calculadas para garantir a estabilidade da estrutura. “Funciona como um navio. Por exemplo, você
tem que calcular a estabilidade dela para não flutuar, para não tombar e também deve ter um esforço
de tombamento”, explica o gerente comercial Augusto Castelo Branco.
Em paralelo à estrutura de concreto, que já está praticamente pronta, está sendo feita a parte
eletromecânica, envolvendo a montagem das três turbinas Kaplan, que serão posicionadas alinhadas.
“Enquanto a civil está construindo [o concreto de segundo estágio], estou preparando [a montagem
da turbina] na linha de montagem, explica Ricardo Tavares, gerente de montagem eletromecânica.
A linha de montagem fica na Área de Montagem (AM), que nada mais é do que um espaço reservado
dentro da Casa de Força, onde a turbina é pré-montada. De lá, as peças são içadas por uma ponte
rolante, que as levam para o local definitivo. “Quando você começa a obra, tem que estudar o
tamanho do seu AM e saber quantas peças cabem nele. Então a civil vai avançando e a gente entra
montando através da ponte rolante”, afirma Tavares.
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