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COCO COMO
CACHEPÔ
para o cultivo
de orquídeas
Saiba mais
sobre o papel
e a importância dos
PSEUDOBULBOS
Por que vale
a pena usar
IRRIGAÇÃO
AUTOMATIZADA
em orquidários
Surpreenda-se
com diversas
CURIOSIDADES
Miltonia
Um gênero de poucas
SOBRE O MUNDO espécies, mas repleto
DAS ORQUIDÁCEAS de extrema beleza
saiba como cuidar bem de suas orquídeas
confira os guias
Em
fira sEm
Editora
orquideas@casadois.com.br
3
índice
10 HISTÓRIA
A dedicação de Beto Kaiser à orquidofilia Diretores
14 PASSO A PASSO
Luiz Fernando Cyrillo
Renato Sawaia Sáfadi
16 CULTIVO
A exuberância das flores das Miltonia
Assinaturas, Atendimento ao Leitor e Revenda Danielle França
Distribuição Dinap SA
22 CURIOSIDADES
Confira como o universo das orquídeas
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24 PSEUDOBULBOS
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26 IRRIGAÇÃO DE ORQUIDÁRIO
Saiba como funcionam e identifique as
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e Espaços Gourmets, Guia Construir Casas Rústicas, Guia Construir Melhores Ideias Banheiros e
Cozinhas, Guia de Modelos de Piscinas e Piscinas & Churrasqueiras. DECORAÇÃO DE FESTAS:
34 GUIA DE ORQUÍDEAS
SAGISMO: Coleção Cultivo de Orquídeas, Como Cultivar Orquídeas, Guia Como Cultivar Orquí-
deas para Iniciantes, Guia da Jardinagem, Guia de Orquídeas, Guia Sítio & Cia - Horta & Pomar,
Jardins em Pequenos Espaços e Paisagismo & Jardinagem. PROJETO E CONSTRUÇÃO: Casas
49 CONTATOS
de 50 a 90 m², Construção do Começo ao Fim, Guia Construir Drywall, Guia Construir Economize
Água, Guia Construir Iluminação, Guia Construir Portas e Janelas de PVC, Guia Construir Reforma,
Guia de Projetos para Construir, Manual da Piscina, Melhores Projetos e Projetos de 100 a 200
50 ARTIGO
m². SAÚDE: Coleção Guia Saúde Hoje e Sempre e Saúde Hoje e Sempre.
O amor de Beto Kaiser, de Curitiba, PR, pelas plantas da incrível, dizendo que daria apenas um por família, pois se
família Orchidaceae vem de longa data. Tudo teve início fosse oferecer um para cada neto, acabaria com sua cole-
ainda na infância por influência de seu avô materno. “A pre- ção. Ele tinha 11 filhos”, explica, acrescentando que foi uma
sença delas é marcante em minha vida desde os 6 anos de alegria levar aquela planta perfumada para casa, em Novo
idade. O ‘vô Quirino’, que vivia em Araranguá, SC, tinha vá- Hamburgo, RS.
rios exemplares. Todos pendurados embaixo de uma grande Já nesta época, um dos hobbies de Kaiser passou a ser a
parreira no quintal, onde havia uma fonte, a qual minha avó observação de orquídeas nas floriculturas e nos passeios que
usava para lavar roupas e meu avô para regar as ‘parasitas’. realizava com a família. “Muitas vezes ia pescar no rio Ca-
Naquele tempo, idos de 1965, as pessoas costumavam cha- pivari, em Palmares do Sul, RS, com meu pai. Lá havia Cat-
mar as orquídeas dessa forma”, recorda. tleya leopoldii, as quais chamávamos de ‘leopoldão’, e que,
Também foi seu avô quem o ajudou a dar início a sua co- durante a época da floração, soltavam um perfume inebriante.
leção, presenteando-lhe com a primeira orquidácea: uma lin- Via também algumas C. intermedia e L. purpurata, que cres-
da Laelia purpurata tipo. “Aquela planta ficou em meus pen- ciam nas grandes figueiras e em outras árvores situadas nas
samentos durante anos. Vivia pedindo uma ‘parasita’ ao meu margens do rio e nos campos. Sempre que possível, trazia
avô, mas ele só me ‘enrolava’. Até que um dia ele deu um uma muda. Morávamos em uma casa com um terreno enor-
exemplar enorme para a minha mãe com um cacho de flores me e lá pendurava minhas plantas.”
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Seu interesse pelas orquidáceas foi aumentando dia a dia A coleção começou a ganhar impulso somente quando
e, em 1978, aos 18 anos, decidiu se associar ao Núcleo de atingiu os 49 anos, época em que ganhou uma C. interme-
Orquidófilos de Novo Hamburgo (NONH). “Recentemente, dia flamea coerulea. Então, de presente em presente, sua
recebi uma homenagem por ser um dos sócios mais antigos casa foi ficando repleta de belas orquídeas.
e que ainda hoje cultiva orquídeas.” Este entusiasmo e o in- “Já aposentado, passei a dar mais atenção à família Or-
teresse pelo cultivo e pela troca de informações o motivou a chidaceae. Comecei a ler sobre o assunto e fiz um cantinho pa-
fazer parte de outras entidades, além do NONH, a Associa- ra cuidar das minhas plantas. Até que resolvi construir um or-
ção Paranaense de Orquidófilos (Apro), na qual, inclusive, quidário organizado em parceria com o padrinho de minha fi-
já foi diretor de exposições, a OrquidaRio – Orquidófilos As- lha”, destaca ele, que atualmente possui 2.500 exemplares.
sociados, do Rio de Janeiro, RJ, e a Associação da Cattleya As orquídeas são parte importante de seu cotidiano e, dia-
walkeriana (ACW), da capital mineira. riamente, reserva um tempo para supervisioná-las uma por uma.
Ele diz que a imensa diversidade e exoticidade da famí- “Frequentemente estou no meu orquidário olhando, replantan-
lia Orchidaceae é o que mais o fascina. “Leio muito sobre do, podando, evitando o surgimento de pragas e doenças e
o assunto, buscando saber a história de cada espécie e de procurando uma espata nova com início de botão. Sempre há
seus nomes diferentes. Desse modo, acabei por me envolver algo para fazer. Quando viajo, não vejo a hora de voltar. Es-
cada vez mais com o mundo orquidófilo.” te lugar me transmite uma paz que não sei explicar”, comen-
ta, adicionando que tem um carinho especial pelas L. purpu-
DEDICAÇÃO TOTAL rata e C. intermedia.
Formado em educação física, Kaiser só conseguiu se de- C. labiata e C. leopoldii, além de espécies de Catasetum
dicar como queria às orquidáceas após a aposentadoria. No e de micro-orquídeas, também marcam presença em sua cole-
entanto, até aprender os tratos culturais necessários, revela ção e o agradam bastante. “Gosto muito das plantas ‘antigas’,
ter sacrificado várias plantas ao longo da vida. “Comprava como a C. intermedia ‘Tico Tico’ e a L. purpurata ‘Milionaria’,
alguns exemplares, mas, às vezes, acabavam morrendo. Fui afinal um país sem memória é um país sem história. Mas todas
um ‘orquidicida’ nato”, confessa, brincando. têm seu charme e sua graça. Enfim, elas sempre me fascinam.”
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passo a passo
Cachepô
natural
1 2
SIMPLICIDADE
Lembre-se de que este procedimento pode ser
realizado somente com o coco seco. Então, antes
3 4 de utilizá-lo, é preciso retirar toda a polpa do in-
terior, lavá-lo por inteiro e deixá-lo direto sob o sol
por, pelo menos, 30 dias.
Com o material preparado, o primeiro passo é
alargar a abertura para facilitar o plantio da muda
e a colocação do substrato. Para isso, use a tesoura
de poda (1). A seguir, faça um furo no fundo para a
drenagem (2). “Este dreno é muito importante, porque
permite que a água da rega escorra e a planta não
apodreça”, esclarece Kayasima.
Insira o pequeno vaso de plástico em seu inte-
rior com o fundo voltado para cima (3). De acordo
5 6 com o especialista, além de apoiar a muda, essa
medida economiza substrato e evita o excesso de
umidade. Em seguida, preencha o coco com subs-
trato (4) até a altura do vaso, de maneira a fixá-lo
bem. Segundo ele, os mais adequados são casca
de pinus ou uma mistura desta com fibra de coco.
Com a ajuda do furador ou da furadeira, faça
três orifícios (5) para colocar o gancho de arame.
“Este passo deve ser executado neste momento pa-
ra não haver o risco de ferir a orquídea.”
Passe, então, os fios pelos orifícios e prenda-os
com nós (6). Esta peça é vendida em lojas de jardi-
7 8 nagem e orquidários, mas também é possível mon-
tá-la em casa utilizando fios de cobre.
Insira a muda dentro do coco (7) e forre com subs-
trato até a borda. Com isso, o plantio está pronto e o
exemplar já pode seguir para a coleção (8). Se prefe-
rir não pendurar, basta apoiá-lo em cima de um vaso.
Kayasima afirma que as regas devem ser feitas
apenas quando o substrato estiver seco e, em dois
meses, a planta estará repleta de raízes. “A casca
de coco é um excelente cachepô. Além de bonito,
incentiva a reciclagem”, conclui.
15
cultivo
Milt. Dearest
Em 1837, ao descrever a espécie tipo Miltonia specta- País e alcança territórios do Paraguai e da Argentina”, adicio-
bilis pela primeira vez, o botânico inglês John Lindley home- nam os orquidófilos Luiz Filipe Klein Varella e Jacques Klein, res-
nageou o orquidófilo inglês Charles Wentworth-Fitzwilliam pectivamente, de Porto Alegre e São Francisco de Paula, RS.
(1786-1857), conhecido como o Visconde de Milton, no- Em ambiente natural, as Miltonia são encontradas forman-
meando o gênero de Miltonia. do touceiras na copa das árvores desde áreas ao nível do mar
Apesar dos protagonistas desta história serem da Inglater- até 800 m de altitude e em locais com alta umidade relativa do
ra, este grupo de orquídeas é endêmico do Brasil, ocorrendo ar e boa luminosidade.
exclusivamente na Mata Atlântica, desde o Rio Grande do Sul O grupo é composto por nove espécies – Milt. candida, Milt.
até a Bahia, mas podendo se prolongar até as matas de tran- clowesii, Milt. cuneata, Milt. flavescens, Milt. kayasimae, Milt.
sição. “Apenas a Milt. flavescens ultrapassa as fronteiras do moreliana, Milt. regnellii, Milt. russeliana e Milt. spectabilis – po-
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Rafael Coelho
Tatiana Villa
rém, já foi alvo de muitas discussões. Os especialistas gaúchos lem- nia. Segundo Silva e Galati, esta última é uma raridade, pois
bram que em 1983 Milt. candida, Milt. cuneata, Milt. kayasimae foi descoberta pelo orquidófilo Masuji Kayasima, de Mogi
e Milt. russeliana foram transferidas, sem sucesso, para o gênero das Cruzes, SP, na Serra do Mar paulista, e não foi mais vis-
Anneliesia, que atualmente é considerado apenas uma sinonímia ta na mata. “Sua flor lembra muito alguns Odontoglossum
pelo Royal Botanic Gardens, Kew, um dos mais importantes cen- das Américas do Sul e Central.”
tros de estudo botânico do mundo, localizado na Inglaterra.
Marco Aurélio da Silva e Rafael Bianchi Galati, ambos do PRINCIPAIS ATRATIVOS
Orquidário da Terra, de Embu das Artes, SP, afirmam que tam- As representantes deste gênero são robustas e epífitas, sen-
bém houve a tentativa de inclusão do Phymatochilum brasi- do que quase todas entouceiram com facilidade. Também con-
liense (antigo Oncidium phymatochylum), mas não foi aceita. tam com pseudobulbos ovoides, alongados, achatados lateral-
Bem antes destes fatos, as espécies do noroeste da Améri- mente e parcialmente cobertos por bainhas foliares.
ca do Sul, típicas de clima mais frio e classificadas como Mil- Dalton Holland Baptista, orquidófilo, de Piracicaba, SP, res-
tonia, foram agrupadas em Miltoniopsis. No entanto, até hoje salta que são aparentadas de Oncidium e ainda têm proximi-
é comum a confusão entre estes dois gêneros. dade com Phymatochilum, Aspasia e Brassia, dos quais se dis-
Varella e Klein evidenciam que praticamente todas as no- tinguem por apresentar labelo inteiro ou ligeiramente lobado,
ve espécies deste grupo são bastante conhecidas dos orqui- sempre muito mais amplo que as pétalas e normalmente com
dófilos, entretanto, há maior interesse pelas de flores grandes extremidade larga.
e labelos atraentes, como Milt. moreliana e Milt. spectabilis. Bastante vistosas e algumas com perfume adocicado, as flo-
“No entanto, a mais procurada em orquidários comerciais e res surgem da base dos pseudobulbos, podendo ser unitárias ou
exposições é a Milt. moreliana, que vem sendo bastante me- compor conjuntos com 12 a 15, dependendo da espécie. For-
lhorada do ponto de vista horticultural, com diversos clones já madas na Primavera-Verão, em geral, duram de 15 a 30 dias.
reconhecidos mundialmente.” Segundo Silva e Galati, chegam a 12 cm de diâmetro e cha-
Por outro lado, observa-se que as menos encontradas em mam atenção pelo labelo bem pronunciado e pelo desenho se-
coleções são Milt. russeliana, provavelmente porque as flo- melhante a uma estrela. “As cores mais comuns são amareladas
res não se abrem plenamente, e Milt. kayasimae, descrita com manchas castanhas, porém, a tonalidade vai do branco ao
em 1997, que apresenta o cultivo mais difícil entre as Milto- vinho, com o labelo quase sempre branco, róseo ou amarelado.”
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Evelyn Müller
Curiosidades
• A Milt. russeliana tem as menores flores do gênero, ca- • O nome da Milt. spectabilis deriva de “bela à vista”,
racterizadas por, em geral, não se abrirem totalmente. Ou- segundo o Dicionário Etimológico das Orquídeas do Brasil,
tra particularidade distinta das demais Miltonia é a eventual do orquidólogo Padre José Gonzalez Raposo, e também de-
emissão de folhas avermelhadas. vido à notável beleza das flores
• Para muitos, Milt. moreliana é considerada uma va- • Milt. flava guarda algumas discussões. Citada por um
riedade de Milt. spectabilis. Trata-se, entretanto, de duas es- grupo de estudiosos como espécie válida, é considerada um
pécies distintas. híbrido natural pela maioria dos botânicos.
Fontes: Luiz Filipe Klein Varella e Jacques Klein
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curiosidades
O fabuloso
universo das
orquídeas
Texto Paula Andrade
Fotos Shutterstock
MIMETISMO
Batizado de louva-a-deus-orquídea, ORQUÍDEA NOTURNA
o Hymenopus coronatus é quase tão PEQUENINA O Bulbophyllum nocturnum
belo quanto as flores das orquidáceas. Com flores menores do que é a única espécie de orquídea co-
Com cores suaves e membros que lem- a cabeça de um alfinete, a Bar- nhecida que possui flores que de-
bram pétalas, este inseto se camufla bodria miersii está catalogada sabrocham à noite (por volta das
nas espécies típicas das florestas da como a menor orquidácea do 22 horas) e se fecham ao ama-
Malásia e Tailândia para capturar pre- planeta. Epífita nativa do Bra- nhecer. Descoberto em 2011, é
sas, como moscas. sil, suas flores podem ser ob- nativo da Papua-Nova Guiné.
servadas (através de uma lupa)
no mês de setembro.
BAUNILHA
As orquídeas do gênero Vanilla
oferecem favas, das quais é extraída DISFARCE CERTEIRO
a baunilha. Os maias e astecas já sa- Para atrair polinizadores,
biam disso e utilizavam os frutos des- as plantas se valem dos mais
tas plantas para aromatizar algumas criativos artifícios. Na famí-
de suas bebidas. Só após o domínio lia Orchidaceae, a Ophrys
espanhol, a baunilha passou a ser co- insectifera, conhecida como
nhecida e consumida pelos europeus. orquídea-mosca, tem flor com
formato semelhante ao do
corpo de uma abelha fêmea.
A aparência confunde o in-
seto macho que acaba pou-
sando na planta, recolhen-
do o pólen e ajudando na
sua reprodução.
BATISMO
Estudiosos afirmam que a primeira referência docu-
mentada do termo “orquídea” provavelmente foi feita pelo
naturalista grego Teofrasto (372–287 a.C.). Discípulo de FLOR-PRIMATA
Aristóteles, comparou as raízes tuberosas de algumas or- É impossível não se intrigar com o formato
quidáceas da região mediterrânea com testículos humanos. das flores da Orchis simia. Endêmica da Eu-
“Orquídea” vem do grego orkhis, que significa testículo, e ropa Central e Meridional, elas possuem cerca
eidos, forma. Em razão disso, acreditou-se por muitos anos de 3 cm de diâmetro e se parecem com o cor-
que estas plantas tinham propriedades afrodisíacas. po de primatas. Por isso, esta planta terrestre é
conhecida como orquídea-macaco. A Dracula
simia, espécie originária do Equador, também
é chamada pelo mesmo nome.
NA ÁGUA
EMBAIXO DA TERRA Você sabia que existe
As orquidáceas sa- uma orquidácea com hábi-
prófitas florescem em áreas tos aquáticos? É a Habena-
inimagináveis. É o caso da ria repens, que vegeta em
Rhizanthella gardneri, es- brejos e margens de lagos
pécie australiana que se de regiões de clima subtro-
desenvolve e floresce no pical. Espécie única na família
subsolo. Descoberta ca- Orchidaceae, após a flora-
sualmente por um agricul- ção, passa por um período
tor em 1928, não possui de dormência no qual perde
clorofila e obtém nutrien- todas as folhas, mantendo
tes de matéria orgânica apenas as raízes tuberosas.
em decomposição. Cada É encontrada em vários paí-
flor desta planta mede cer- ses da América, como Ar-
ca de 1 cm de altura por gentina, Brasil, Bolívia, Co-
5 mm de largura. lômbia, Estados Unidos, Mé-
xico, Panamá e Venezuela.
pseudobulbos
Morfologia
estratégica
Texto Paula Andrade
Fotos [1] Evelyn Müller, [2] Gimenez e [3] Gui Morelli
De acordo com os botânicos, as plantas da família Orchi- “Pseudobulbo é um tipo de caule modificado que serve
daceae figuram entre as mais evoluídas do Reino Vegetal. Ao como estrutura de reserva e sustentação nas simpodiais, co-
longo de milhares de anos sofreram uma série de transformações mo Cattleya e Oncidium. Mas não existe nas monopodiais,
sempre com o objetivo de garantir boas condições de desenvol- caso das Phalaenopsis e Vanda. Nas epífitas, que não con-
vimento e, consequentemente, sua perpetuação no planeta. tam com substratos que armazenem água, acumular este lí-
Elas podem ser observadas na própria morfologia das or- quido no próprio corpo foi uma das principais estratégias de-
quídeas. Cada estrutura tem forma e função definidas, sendo senvolvidas”, revela Marcus Vinicius Locatelli, engenheiro
essenciais para a sua sobrevivência. Dentre todas, deve-se pres- agrônomo que mantém o blog Orquidofilia & Orquidologia,
tar atenção na importância do pseudobulbo, peça-chave para de Viçosa, MG.
o bem-estar das plantas simpodiais. O especialista de Areado adiciona: “Todos possuem cutí-
José René Rocha, orquidófilo e orquidólogo, de Areado, MG, cula espessada e células armazenadoras de água que confe-
autor do livro ABC do Orquidófilo, explica que o sistema cau- rem um aspecto suculento. Além disso, conservam também uma
linar das orquidáceas é formado por caule aéreo, pseudobulbo grande quantidade de amido, servindo como órgãos de reser-
e rizoma. “A organização dos órgãos vegetativos é bastante di- va de outros elementos. Estes ‘estoques’ são usados em perío-
versa e com grande variedade de formas de crescimento, que dos de alta carência que ocorrem durante a estação seca no
se originam fundamentalmente de ramificações monopodiais ou habitat das plantas.”
simpodiais”, relata. Ainda segundo ele, a água e os nutrientes são absorvidos
Sendo assim, as monopodiais (que crescem verticalmente a completamente pelas raízes e conduzidos pelos pseudobul-
partir de uma única gema apical que persiste por toda sua vi- bos através de seus tecidos vegetais (xilemas). Eles também
da) contam com caule aéreo, ao passo que as simpodiais (com transportam a seiva elaborada para as porções aéreas das
gemas surgidas de vários eixos que conduzem a um desenvol- orquídeas e guardam as reservas nutritivas no ápice, na ba-
vimento horizontal) possuem pseudobulbos. se ou ao longo dos entrenós.
Somente as orquídeas com crescimento simpodial possuem pseudobulbos. Eles servem como estruturas de sustentação
e de reserva de água e nutrientes, principalmente para as plantas epífitas, que em seus habitats não contam com substrato
DIVERSIDADE for cultivada mais tempo sob a incidência de luz solar, terá
Os pseudobulbos crescem a partir do rizoma (caule em for- esta estrutura de menor diâmetro em detrimento da altura.
mato de raiz rico em nutrientes) e são formados pelo desenvol- E caso a mesma seja cultivada à sombra, as proporções en-
vimento lateral de um ou mais entrenós caulinares. “Quando tre as dimensões serão opostas, tendo maior altura e menor
composto por um único entrenó, ele é heteroblástico (desenvol- diâmetro”, frisa Locatelli.
vido a partir de camadas germinais ou classes diferentes de te- O orquidófilo e orquidólogo acrescenta que as formas tam-
cidos) e quando formado por dois ou mais entrenós é homo- bém podem ser alteradas em razão das condições de nutrição
blástico (constituído de um único tipo de camadas germinais ou e umidade no ambiente de cultivo e da quantidade de reserva
classes diferentes de tecidos). Este último é considerado o mais de amido e outros nutrientes. Dessa forma, os pseudobulbos po-
primitivo”, ressalta Rocha. dem ser curtos como na tribo Pleurothallidinae, do tipo cana
Apesar de sempre apresentarem a mesma função, a apa- com nós e entrenós bem evidentes, como nas Cattleya bifolia-
rência difere bastante. “Os formatos e as dimensões variam das e na maioria dos Dendrobium, e curtos e roliços, caso das
entre os gêneros e, de uma maneira mais sutil, de uma plan- Scuticaria e Brassavola.
ta para outra da mesma espécie. Os Oncidium, de modo “Esta diferenciação no formato talvez se dê devido ao pro-
geral, apresentam pseudobulbos discoides-ovalados, e as cesso evolutivo de cada espécie. As primeiras revisões sobre
Cattleya e Laelia, fusiformes (em formato de fuso, mais es- anatomia de orquídeas eram de cunho descritivo, mas atual-
pessos no centro e atenuando-se em direção às extremida- mente os caracteres anatômicos presentes na família Orchida-
des). Já nas Stanhopea são claviformes (em forma de cla- ceae têm sido analisados sob o ponto de vista ecológico e evo-
va, com extremidades mais volumosas) e nas Miltonia, oval- lutivo, com o intuito de reconhecer a capacidade adaptativa de
alongados. No entanto, se uma mesma espécie de Cattleya seus representantes”, conclui Rocha.
25
irrigação de orquidário
Além dos tradicionais regadores e mangueiras, existem ou- da água não fica uniforme. Porém, no caso das terrestres plan-
tras formas de fornecer água na medida certa às plantas do or- tadas no solo, esta pode ser uma boa opção.
quidário. E com a ajuda da tecnologia este cuidado se tornou Com a automação destes sistemas é possível programar os
ainda mais fácil e preciso. dias e horários de acionamento, reduzindo a dependência de
Segundo Cássio S. Pupo Nogueira, engenheiro agrônomo mão de obra, optar por diferentes tipos de vazão e tamanho de
e responsável técnico da empresa Terra Molhada, de Holam- gota e ainda padronizar os períodos de rega e a quantidade
bra, SP, podem ser utilizados os sistemas de nebulização e mi- de água. No caso da microaspersão, pode-se realizar conco-
croaspersão, dependendo da espécie e do estágio de desen- mitantemente a fertirrigação. Outro benefício é a economia de
volvimento da orquídea (crescimento vegetativo, florescimento água, fazendo ajustes conforme a necessidade hídrica das plan-
ou dormência). “A nebulização opera com vazão baixa e alta tas, e de adubo, porque o excesso de água causa lixiviação (es-
pressão, lançando gotas muito pequenas que ficam suspensas coamento) de nutrientes.
na atmosfera, sendo utilizada quando há necessidade de man- Como nem sempre as orquídeas precisam da mesma quan-
ter a umidade relativa do ar elevada. Já a microaspersão tem tidade de regas e costumam estar dispostas em vasos de tama-
vazão superior e pressão menor, emitindo gotas maiores para nhos variados e substratos diferentes, foram desenvolvidos equi-
molhar o substrato”, esclarece. pamentos capazes de realizar a irrigação de forma pontual e
Leandro Fellet Lourenço, engenheiro agrônomo da Vérdia, individualizada, porém, a implantação exige um investimento
de Piracicaba, SP, afirma que a irrigação por gotejamento não mais alto. “Também cabe ao colecionador observar o compor-
é eficaz para orquidáceas em vasos porque os substratos em- tamento dos exemplares e posicioná-los em locais onde se adap-
pregados normalmente são bastante porosos e a distribuição tam melhor”, destaca Lourenço.
27
guia de orquídeas
Evelyn Müller
35
Dendrobium Madame Vipa
Condições ideais: clima quente e úmido
e sombreamento de 50%
Curiosidade: planta de flores alba com
leves variações na tonalidade do labelo
Gabriel Guimarães
Gabriel Guimarães
37
Vanda Pachara Delight ‘Pachara’
Condições ideais: temperaturas intermediárias, boa lumi-
nosidade, umidade ambiente elevada e rega frequente
Curiosidades: é resultado do cruzamento dos híbridos V.
Gordon Dillon e V. Karulea
Cultivo: Orquidário Oriental (Mogi das Cruzes/SP)
39
Cranichis candida
Origem: Brasil, na Mata Atlântica
Condições ideais: elevada umidade,
pouca luminosidade e temperatura ame-
na. Para cultivo em vaso, deve-se usar
como substrato esfagno e pedriscos
Curiosidades: é uma espécie terrestre
cujas brotações partem do rizoma. Em
determinado período do ano, todas as
suas folhas podem cair, por isso algu-
mas pessoas jogam a planta fora sem
saber que os brotos novos estão sendo
formados no rizoma
Cultivo: Orquidário Durigan (Curitiba/PR)
Daniel Mansur
41
Laelia anceps semi-alba
Origem: México
Condições ideais: gosta de alta luminosi-
dade e resiste bem a baixas temperaturas
Curiosidade: é a mais conhecida e cole-
cionada das Laelia mexicanas
Cultivo: Orquidário Caliman (Venda Nova
do Imigrante/ES)
Tatiana Villa
43
Octomeria palmyrabellae
Origem: Brasil
Condições ideais: sombreamento em tor-
no de 60% e clima tropical
Curiosidade: o nome Octomeria é uma re-
ferência ao fato das plantas deste grupo
apresentarem oito políneas (massas cerosas
constituídas por grãos de pólen)
Cultivo: Laila Viviane (Belo Horizonte/MG)
49
artigo
Como todos os se- ideal é antes das 8 horas ou após as 17 horas, quando não há
res vivos, as orquí- tanta incidência de raios solares.
deas também neces-
sitam de nutrientes ORGÂNICOS E QUÍMICOS
para nascer, crescer Os adubos orgânicos são compostos por resíduos vegetais,
e se reproduzir. Além dejetos de animais e subprodutos da indústria de grãos e fibras.
disso, uma planta Para serem bem aproveitados pelas orquidáceas, devem ser mi-
bem nutrida tem mais neralizados por meio da ação de micro-organismos, o que ga-
resistência a pragas rante uma lenta, mas duradoura, fonte de micronutrientes.
e doenças, assim co- Deve ser usado com intervalos de dois a três meses em uma
Acervo pessoal
mo uma criança que pequena quantidade na parte traseira do exemplar e longe das
come bem. raízes. Contudo, apesar de ser excelente e empregado há tem-
No caso dos vegetais, existem duas formas de absorção do pos, apresenta desvantagens, por exemplo, o favorecimento da
que se pode chamar de “alimento”: por meio das raízes e das deterioração mais rápida do substrato e, em alguns casos, pos-
folhas. São 13 elementos minerais fornecidos por meio de adu- sui cheiro forte e atrai insetos voadores.
bos extremamente importantes, que são conhecidos como es- É possível adquiri-lo pronto ou fazê-lo domesticamente. Uma
senciais. Ou seja, se houver a falta de qualquer um deles, a or- receita que pode ser preparada em casa indica a mistura de
quídea pode não se desenvolver bem, não florescer ou até mes- três partes de torta de mamona; duas de farinha de osso, duas
mo morrer. Por isso, todos são imprescindíveis. de esterco de pássaro bem curtido e uma de cinza de madeira.
• Macronutrientes primários - nitrogênio (N), fósforo (P) e Para que seja bem absorvido pela orquidácea, o segredo é
potássio (K). a irrigação. Deve-se molhar bastante o vaso após sua aplica-
• Macronutrientes secundários - cálcio (Ca), magnésio ção, para que possa chegar às raízes. Mas é necessário evitar
(Mg) e enxofre (S). que a planta permaneça por muito tempo com excesso de umi-
• Micronutrientes - boro (B), cobre (Cu), molibdênio (Mo), dade. Cuidado com a podridão-negra!
ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn) e cloro (Cl). Adubos químicos, resumidamente, são sais minerais obtidos
Também existem os suplementos, por exemplo, o sal amar- a partir de processos industriais e compostos de macro e mi-
go, vendido em farmácias, que pode ser empregado como for- cronutrientes. A formulação que deve ser utilizada varia de acor-
necedor de magnésio. do com o estágio de desenvolvimento da orquídea.
No entanto, vale destacar que todo adubo quando mal admi- A melhor para o crescimento é 20-20-20, pois provê níveis
nistrado pode levar à intoxicação ou à morte das raízes da planta. regulares dos macronutrientes primários: nitrogênio, fósforo e
Então, é preciso respeitar o timing de cada organismo, fornecendo potássio (NPK). Para a floração, é aconselhada a 10-30-20,
água, luz, ventilação, temperatura e suplementação adequadas. pois fornece nitrogênio suficiente para a multiplicação celular
Uma sugestão é optar pelo uso de um sistema de fertili- dos botões florais e fósforo para manter as flores mais vibran-
zação gradual, o que permite a absorção mais racional dos tes e duráveis; enquanto o potássio a 20% ativa sistemas enzi-
nutrientes. A orquídea vai se adaptando gradualmente à no- máticos do metabolismo da planta.
va disponibilidade deles, reativando o sistema radicular que Para complementar, pode-se optar pela 30-10-10, que ace-
conduzirá os nutrientes de maior carência para que, dessa lera o crescimento, e a 8-45-14, que devido à dosagem altíssi-
forma, chegue rapidamente onde são mais necessários, evi- ma de fósforo, é recomendada para exemplares com carência
tando seu estresse. ou necessidade de suplementação fosfórica, sendo que isso acon-
Além disso, é indicado observar a reação dos exemplares, tece normalmente com aqueles que passaram por transplante e
pois cada organismo é um universo único e tem respostas dife- clonagem ou quando estão no período de pré-floração.
rentes aos estímulos. E sempre é preciso ter em mente que cons- Também é importante ressaltar que inúmeros problemas rela-
tância é muito melhor do que quantidade. Por isso, deve-se pen- cionados à adubação são causados por instabilidade do pH da
sar nesse aspecto antes de começar qualquer esquema de adu- água. Quando muito alto ou baixo pode “travar” a absorção de
bação. Se não houver certeza de que ele será seguido à risca, nutrientes. O pH ideal deve ficar entre 5,5 e 6,0, ou seja, neutro.
de nada adiantará começar.
*Carlos Henrique Paparelli é orquidófilo, de Guarulhos, SP.
Outro cuidado importante relacionado à aplicação de ferti- Contatos: chpaparelli@yahoo.com e
lizantes é evitar realizá-la nas horas mais quentes do dia. O http://www.orquidea-e-cia.blogspot.com
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