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“Personalidade” é um conceito muito fácil de entender para a maioria das pessoas: é o que
faz você, “você”. É um conjunto de características que abrange todos os traços, qualidades,
defeitos e peculiaridades que distinguem a sua pessoa de todas as outras.
Traços cardeais
São os aspectos que dominam a personalidade de um indivíduo de tal forma, a ponto de
tornar a pessoa conhecida especificamente por esses traços. Inclusive, alguns personagens
históricos são tão marcados pelos traços cardeais que tiveram seus nomes associados com
determinadas características (maquiavélico, narcisista, Don-Juan, etc.).
Allport sugere que esses traços são raros, e tendem a ser desenvolvidos durante o decorrer
da vida.
Traços centrais
Estas são as características gerais, que apesar de não tão dominantes quanto os traços
cardeais, também formam os fundamentos básicos da personalidade. Em suma, são os
principais adjetivos que você pode usar para descrever a personalidade de outra pessoa.
Traços secundários
São aqueles traços de personalidade que não são muito evidentes por estarem relacionados
às atitudes ou preferências. Eles geralmente aparecem apenas em situações específicas.
O exemplo está nas pessoas que são aparentemente calmas e equilibradas, mas que se
sentem ansiosas quando falam em público ou tornam-se impacientes enquanto esperam em
uma longa fila.
Ao estabelecer esses três grupos, mal sabia Gordon que a criação dessas simples disposições
originaria teorias maiores, e o consagraria como um dos pioneiros os estudos de traços de
personalidade.
Em seguida, Cattell classificou uma grande amostra de indivíduos com esses novos traços
diferentes. Usando uma técnica estatística, identificou os termos mais relacionados e
conseguiu reduzir sua lista para apenas 16 características-chave da personalidade.
Segundo ele, esses traços são a fonte de todas as personalidades humanas. Ele também
desenvolveu uma das avaliações de personalidade mais conhecidas atualmente,
chamada “questionário de 16 fatores de personalidade” ou “16PF“. Talvez você já tenha até
se deparado com esse teste antes, em um consultório psicológico ou entrevista de emprego.
Introversão / extroversão
A introversão envolve a atenção psicológica direta sobre as experiências internas, enquanto
a extroversão se relaciona com o foco em outras pessoas e no meio ambiente. Uma pessoa
muito introvertida pode ser silenciosa e reservada, enquanto um indivíduo com alto nível de
extroversão tende a ser mais sociável.
Tudo isso somado as descobertas feitas por eles originou uma nova teoria mais completa,
que abrangia cinco traços de personalidade. Esse resultado ficou conhecido como: “teoria
dos traços da personalidade”, “teoria do grande cinco” ou apenas “Big Five”.
O Modelo dos Cinco Grandes Fatores é muito usado pela Psicologia Cognitiva e Cognitivo-
Comportamental e fornecem um panorama geral da personalidade humana, tomando como
base 4 a 5 facetas (ou sub-categorias), dependendo do autor. Embora alguns pesquisadores
geralmente discordem sobre os rótulos exatos, as sub-categorias mais comuns são as
seguintes:
Extroversão
Conforme já foi explicado antes por Hans Eysenck, você já sabe que esta dimensão possui
duas extremidades: a extroversão e a introversão.
A extroversão diz respeito ao indivíduo que se energiza por meio da interação com os
outros, enquanto os introvertidos tendem a se cansar com essa atividade e necessitam de um
pouco mais solidão para “recarregar” as energias.
sociáveis;
assertivas;
falantes;
amigáveis.
As pessoas com baixo nível de extroversão, por outro lado são mais propensas a ser pessoas
“de poucas palavras”, quietas e bastante pensativas.
Neuroticismo
O Neuroticismo é a única dimensão do Big Five que indica traços mais negativos. No
entanto, não se trata de um fator de maldade ou incompetência, mas um indicador de
insegurança e falta de autoconfiança. Abrange a estabilidade emocional e o temperamento
geral.
pessimistas;
ansiosas;
tímidas;
inseguras;
muito autocríticas.
Abertura
A abertura à novas experiências (também chamada às vezes de “intelecto” ou “imaginação”)
diz respeito à energia e vontade de um indivíduo para experimentar o novo, arriscar, sair da
zona de conforto e “pensar fora da caixa“.
imaginativas;
originais;
criativas;
curiosas;
ecléticas;
intelectuais.
Um indivíduo que possui grande abertura é provavelmente alguém que gosta de aprender,
tem interesse pelas artes e se engaja em uma carreira ou hobby criativo. Na outra ponta da
escala encontram-se os ordeiros, que preferem a rotina à variedade e tem senso um apurado
sobre o que é “certo” e “errado” para si mesmos e a sociedade.
Simpatia
Este fator diz respeito ao bom relacionamento das pessoas com os outros. Enquanto a
extroversão é mais focada na busca de interações, a simpatia é uma construção que se baseia
em como essas interações acontecem. Sendo assim, é totalmente possível ser introvertido e
simpático ao mesmo tempo.
As pessoas que manifestam esse tipo de traço tendem a ser:
confiáveis;
pacientes;
polidas;
sensíveis;
atenciosas.
Muitos pontos de simpatia indicam pessoas com poucos inimigos, respeitadas e sensíveis às
necessidades dos outros. Por outro lado, as pessoas na extremidade baixa desse espectro são
menos propensas à popularidade, sendo mais retraídas e egocêntricas.
Conscienciosidade
A conscienciosidade (não confundir com “consciência”!) é uma dimensão que pode ser
descrita como a tendência de controlar impulsos e agir de maneira socialmente aceitável.
Tratam-se de características que facilitam o alcance de metas e objetivos pessoais.
As pessoas desse grupo se destacam em sua boa capacidade para seguir regras, planejar e se
organizar de forma eficaz.
persistentes;
ambiciosas;
disciplinadas;
confiáveis;
previsíveis;
energéticas.
As pessoas que já possuem esse traço dominante provavelmente serão bem-sucedidas nos
estudos e em suas carreiras. Elas são propícias a se destacar em posições de liderança e a
perseguir seus objetivos com determinação. No entanto, quem tem baixa conscienciosidade
é muito mais propenso a procrastinar e ser impetuoso ou impulsivo.
Algumas das críticas mais comuns feitas a teoria dos traços de personalidade se deve
justamente a esse fato de que as dimensões são frequentemente não são preditoras exatas.
Isso significa que, enquanto um indivíduo puder marcar uma alta pontuação nas avaliações
de um traço específico, ele nem sempre apresentará os traços descritos em todas as
situações.
Outro problema é que as teorias como essa não abordam exatamente como ou por qual
motivo as diferenças individuais na personalidade surgem ou se desenvolvem. Ainda assim,
podem ser bastante úteis para resumir e explicar condutas, sendo também uma excelente
ferramenta para o autoconhecimento.
Não se sinta pressionado ao realizar o teste. Tenha em mente que uma pontuação alta ou
baixa em qualquer fator particular não é necessariamente uma coisa boa ou ruim. Isso
porque, em algumas situações específicas, é melhor ser mais complacente e inclinado a
confiar nos outros. No entanto, também existem outros contextos nos quais uma abordagem
mais reservada e cética é a escolha mais sensata.
O que é mais importante para entender é que todas as pessoas têm diferentes traços de
personalidade. Ainda que cada um de nós se encaixe em apenas uma definição que a
domine, esse padrão pode vir acompanhado de uma infinidade de características que surgem
em diferentes situações.
Além disso, esses traços podem mudar ao longo do tempo, sendo moldados por experiências
e influência do ambiente externo.
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