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A Revolução
Francesa da
historiografia: a
Escola dos Anais
e o seu legado
História e Documento
Metas da aula
Objetivos
Após o estudo do conteúdo desta aula, você deverá ser capaz de:
1. compreender que os fatos históricos não são realidades substanciais, mas sim
objeto de uma escolha por parte do historiador;
2. definir a história científica como história problema.
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Aula 11 – A Revolução Francesa da historiografia: a Escola dos Anais e o seu legado Módulo 1
INTRODUÇÃO
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Figura 11.1: A liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix. São inúmeros os elementos que
compõem esta famosa pintura. Notem, especialmente, como os homens lutam em nome de um ideal
– a liberdade, representada pela mulher e pela bandeira tricolor que carrega – e como tudo está
em movimento. As forças da liberdade triunfam sobre a morte e avançam com otimismo. Por fim,
observem o homem enfraquecido aos pés da mulher e que lhe dirige o olhar: a liberdade sobrepuja
e encanta as forças da resistência.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a7/Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_libert%C3%A9_
guidant_le_peuple.jpg
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Vamos, então, ler o próprio Lucien Febvre em sua luta por uma
história pensada criticamente, em seus combates em prol da história
problema e contra os historiadores historizantes. A sua estratégia para
dar vazão aos seus argumentos envolve a crítica de um livro então recém-
publicado. Ele não perde tempo e lança de imediato a questão.
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Vou lhe dizer... Você recolhe os fatos. Para isso vai aos arquivos.
Esses celeiros de fatos. Lá, só tem de se abaixar para recolhê-los. Cestas
cheias. Sacode-lhes o pó. Pousa-os na sua mesa. Faz o que fazem
as crianças quando se divertem com as peças de um quebra-cabeça
e trabalham para reconstituir a bela imagem que alguém desfez...
A partida está jogada. A história está feita. Que quer mais? Nada. Senão:
saber por quê? Por que fazer história? E logo, o que é a história?
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1. Atende ao Objetivo 1
a. Qual é a relação entre a crítica dos fatos como realidades substanciais e a defesa da
escolha dos fatos?
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Respostas
a. Os fatos históricos não existem por si só. É o historiador que os fabrica e escolhe.
b. Ter idéias organizadas numa teoria. É a idéia, é a teoria prévia que condiciona a escolha
dos fatos.
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Chegou o senhor bispo das Minas ao seu palácio na Cidade Mariana em 15 do mês
de outubro de 1748 pelas dez horas da manhã, e neste dia não fez a sua entrada
com a solenidade que se costuma receber os senhores bispos, por vir bastantemente
molesto da prolongada viagem e dilatados sertões que experimentou, pois contam
daqui até o Maranhão seiscentas e tantas léguas, e o Espírito Santo o acompanhou,
pois em toda ela não experimentou mais do que uma leve moléstia que teve, da
qual esteve sangrado, por cautela, três vezes.
Como necessitava de tomar alguma cura para o que pudesse suceder, gastou esta
algum tempo, donde veio a dar sua entrada em 28 de novembro do dito ano, e
se fez esta função com grande solenidade e assistência de todo o principal destas
Minas fazendo-se-lhe uma aparatosa procissão triunfal, que se compunha de dois
famosos carros triunfantes, cheios de música, cantando várias letras, repetindo
muitos vivas, que pareciam os próprios anjos. Levavam onze figuras de cavalo,
com várias insígnias na mão, tudo dedicado ao prelado, três danças gravemente
ornadas ao próprio sentido. Na noite antecedente se lhe deitou um grave fogo,
além de muitas línguas dele que tinham aparecido de noite pelas janelas três dias
sucessivos, depois daquele que, em seu palácio, portou a primeira vez, o que se
repetiu três dias mais no dia que tomou posse da sua catedral, havendo de noite
em seu palácio vários divertimentos que lhes davam os moradores daquela cidade,
que constaram de bailes, óperas, academias, parnasos, comédia, sonatas e vários
saraus, tudo modesto e com gravidade e asseio feito, e duraram estes gratuitos
divertimentos oitos dias sucessivos, que se findou esta solenidade com a nova
eleição e posse do ilustre cabido, que em obséquio fizeram trino, pregando neles
os melhores oradores que se puderam excogitar, sendo o penúltimo o doutor José
de Andrade, arcipreste e provisor da mesma Sé, e último o doutor Geraldo José,
arcediago e vigário-geral da mesma diocese, que por último coroou a obra, mas
como o princípio, no primeiro dia, em que orou o reverendo padre doutor José,
não foi menos, não podia deixar de ter bom fim (autoria, local e data: anônimo;
Mariana, 1748) (RAPOSO, 1999, p. 663-664).
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Minas estava então no seu apogeu. Vila Rica era, “por situação
da natureza cabeça de toda a América, pela opulência das
riquezas a pérola preciosa do Brasil.”2 Os diamantes tinham
sido descobertos recentemente, e em 1729 D. Lourenço de
Almeida comunicara oficialmente à Coroa o seu achado.
O Fisco lançava vistas gordas sobre o ouro e preparava o
terreno para estabelecer a capitação, o que seria feito em 1735.
Os primeiros resultados da ação do aparelho administrativo
— cujas bases Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho
plantara em 1711 — começavam a aparecer, e a inquieta
sociedade mineradora dos primeiros tempos já se apresentava
mais acomodada. As festas e as procissões religiosas contavam
entre os grandes divertimentos da população, o que se harmoniza
perfeitamente com o extremo apreço pelo aspecto externo do
culto e da religião que, entre nós, sempre se manifestou.3 Mais do
que expressão de uma religiosidade intensa, a festa religiosa era
um acontecimento que propiciava o encontro e a comunicação;
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2. Atende ao Objetivo 2
Respostas
a. A comparação entre as festas esclareceu-nos o significado de cada uma e da própria
sociedade mineira em seu dinamismo social.
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RESUMO
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