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54 jun.1977 associacao dos gedgratos brasileiros Se D sdo paulo ARTIGOS © PENSAMENTO GEOGRAFICO E A REALIDADE BRASILEIRA Manuel Cé fa de Andrade * 1, A EVOLUCAO DO PENSAMENTO GEOGRAFICO E SUA REPERCUSSAO NO BRASIL NA PRIMEIRA METADE DO SECULO XX Nao podemos falar em um pensamento geogrifico auténomo antes da segunda metade do século XTX, gragas & contribuigo dada jemées Alexandre de Humboldt, Karl Ritter ¢ Frederi- verdade, consideracées de interesse geogrifico, andlise lacionamento homem-meio ¢ a forma de ocupacdo & 1g0 foram objeto de observagbes e de pre , Homero, Estrabio, escritores romanos e dt dos de fil6sofos ¢ pensadores que ti fesempenhado pel ou trabalhos que pensaram geograficamente em certos problemas. Dai cot leresse para o pensemento geogratico uma cer dade dos gedgrafos com a leitura de trabahos como os de Maquiavel — O Principe — de Rousseau — O Contrato Social — ¢ de Montesquieu ito das Leis —, para mencionar apenas alguns dos autores iados, embora nem sempre bem conhecidos. ip Federal de Per~ BOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA (0 uma certa independén- cia frente & Historia e as Citncias Naturais, fornecendo os alicerees para o pensamento geogréfico atual, para a verdadelra Nova Geografia, Isto porque no podemos conceber uma Nova Geografia surgida do fia dita Cldssica ou Tradicional. O conhecimento cientilico especia- lizado nao € obra de uma geracdo, e muito menos de um grupo isolado que, considerando-se auto-suf i luma regio ou um pals e mantida ligada ao seu bero por lum permanente cordio umbelical. © pensamento cientifico se desen- izagao de novas le ser dogmatico, » € nilo pode resultar sendo de uma evoluc ficitmente pode uma cifncia resultar de um fendmeno semelRante a uma ‘mutagdo biol6gica. Os fundadores de Geografia nfo a inventaram partindo do nada; Humboldt, como boli, vigjou pelo mundo, observando as forma de que estas dependéncia de condigdes naturais — de como z0dlogo © etnégrafo, sem se libertar da sua for: essH0 de que pouco podia ftzer 0 homem dante dus condigdes natural, dai o seu dalerminism, 54: 528, JUNHO 1977 a condluir que © homem, mesmo dominando técnicas avangadas, conti- rmuava a dependor destas condicbes. Todos estes elementos levaram os geégrafos alemies a racionali- ficaria a idéia de que as melhores condigbes na- ‘turais dariom margem & formaggo de uma raga de ‘mais capacitada e, em conseqiiéncia, tecnicamente rapidez com que se procedeu a Revolueo Industrial na Alemanha, ppermitindo que em menos de 50 anos pudesse competit com a In al jada A sua frustraglo com a divisio do continents fentro a Inglaterra e a Franga, paises que realizaram a unidade poli- ‘ica e a revolucdo industrial antes dos alemies, Jevariam estes a se ‘considerarem superiores e a elaborar a teoria d= que constitufam um ppovo superior e capaz de dominar o mundo, passando a tenter re- Ccuperar 0 tempo perdido através de guetras, como as duas chamadas fa derrota de 1871 frente aos exércitos alemies, ¢ parttia pam aes ria, as que na realidad mito se abebe= andes geGgralos, Elisée ia praticamente afastado ‘da Universidade € ‘suas posigdes poliicas anarquistas — esteve comprometido com a Comuna de Paris —, © 0 ‘segundo, profundamente enquadrado no pensamento politico dominan- jou uma série de estudos regionals, de francés, n40 36 por melhor conhecer © orientar a dos recursos naturais do espago francés, como também por tomar des- necessério 0 desenvolvimento de uma teoria radical como a da supe~ riovidade da raga branca sobre os natives da Asia e da Africa, de vez ‘que o dominio colonial francés estava, nestes continentes, em fase de 8 BOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA ‘vez de pregar uma politica de exter- minio ou de conquista dos povos ditos inforiores Nos estudos geogrificos publicados no Brasil, influenciados pela formagdo intelectual dos seus autores, as duas famosas escolas geogré- ficas gevalmente se apresentam como formas de pensamento que se contraptem, ou também como um processo dialético em que a tese dderou a Geografia como uma eifacia do homem, mas como uma cién~ cia do lugar (CLAVAL, 1974: 73). Nos primeiros anos do século XX, surgitiam no Brasil tral de alto interesse geogrifico, embora no meiodologicamente get meridional e um pequeno trabalho de metodologia do conhecimesto geogrifico.* Iniciava-se © pensamento geogritico no Brasil, profun- damente marcado pela influéncia da escola francesa, embora iutando 4 5.28, JUNHO 1977 9 ificultando 0 acesso aos meios necessitios as pesquisas.* Daf resu- ‘mire, até entfo, a um catélogo de nomes de lugares © de localiza- ‘es de montes, de rios e de cidades. A. década de 30 marearia 0 desenvolvimento do. conhecimento ‘eogrifico com a colocagio da Geografia nos curticulos dos cursos superiores de Administragio e Finangas — que deram origem aos mo- dernos, euros de, Cléncias Eeontmizas, de, Clecias Contbas, de istragao e de Diplomacia — e nos de Geogratia e His- ‘ria das Faculdades de Filosofia, Ciencias ¢ Também a cria- 80 do Instituto Brasileiro de Geografia © mento, sobretudo, de engenheiros civis para os fia —emtdo, os estudantes de Engenharia que c ‘Topogtafia tinham 0 direito ao titulo de engenheiro gedgrafo —, iria provocar a renovagdo do estudo © do ensino da cigacia de Humboldt em nosso pais. pb formas ten doe ener aw ie uiséneia de cursos de Geogratia ¢ Historia se dirigiam para as faculdades de Direito. Com o IBGE, que se tomou rapidamente o grande centro de es- tudos geogréficos no Br num periodo em que o$ tenentes € os vam a procura de um modelo brasileiro, ¢ comhecimentos dominantes nos paises Europa, na Unido Sovigtca e nos Estados Unidos, seriam fomecidas as ‘bases para a implantagdo daquilo que se chamatia o Estado Nacios Incumbido de desenvoiver, aperfeigoar e ordenar 0 processo de colet

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