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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CONCRETA CONSTRUTORA LTDA


CONSTRUÇÕES DE EDIFÍCIOS II

GESTÃO E APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Allan Pereira de Medeiros - 11118219


Gustavo Henrique Brasileiro Rodrigues - 11405245

JOÃO PESSOA
2019
RESUMO

O reaproveitamento de resíduos sólidos da construção civil se enquadra como saneamento


básico e, portanto, ações de gerenciamento devem ser integradas para melhorar a
qualidade de vida da população. No Brasil a geração de resíduos da construção civil, em
novas edificações, é de 300 kg/m², enquanto em países desenvolvidos é de 100 kg/m². Os
problemas ambientais referentes aos resíduos de construção e demolição estão
relacionados a sua disposição final e à exploração de matérias primas, visto que grande
parte desse resíduos não é aproveitado adequadamente. Como alternativa para esse
impasse, técnicas de aproveitamento desses recursos surgem como tendência nos últimos
anos. Assim, neste estudo foi abordado a gestão dos resíduos sólidos urbanos,
especificamente o entulho de obras de construção civil.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Construção Civil, Entulho, Gerenciamento de


Resíduos.
ABSTRACT

Solid waste management is considered an issue related to the field of sanitation, and thus,
management actions must be integrated to improve the quality of life. In Brazil,
generation of construction and demolition waste regarded to construction sites, especially
new buildings, is of 300 kg/m², whereas in industrialized countries is of 100 kg/m².
Environmental problems related to construction and demolition waste are regarded to
their final disposal and exploitation of raw materials. As an alternative to this impasse,
techniques for harnessing these resources have emerged as a trend in recent years. Thus,
this study addressed the management of solid urban waste, specifically the rubble of civil
construction works.

Keywords: Sustainability, Civil Construction, Waste, Residue Management.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição do entulho de algumas cidades brasileiras, em porcentagem .... 8


Tabela 2 - Responsabilidades ......................................................................................... 13
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6

2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 7

3. PANORAMA ATUAL DO GERENCIAMENTO DOS RCC NO BRASIL ........... 8

4. LEGISLAÇÃO ........................................................................................................ 11

5. O QUE FAZER PARA MUDAR A SITUAÇÃO? ................................................. 14

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 18

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 19


1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho se baseia em um dos temas mais abordados atualmente: a


sustentabilidade. Nesse caso, voltado para os produtos não desejáveis da construção civil,
que é uma das indústrias que mais utiliza recursos naturais e é, também, a maior geradora
de resíduos.

Como especificado pela Resolução CONAMA nº 307/02 que estabelece diretrizes,


critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil (RCC), os quais
devem ser seguidos pelos geradores de resíduos, a disposição dos RCDs não pode ser
feita em aterros sanitários, somente em aterros especiais. Considerando que 13% das
cidades brasileiras pesquisadas no censo de saneamento possuem aterros sanitários, 7%
possuem aterros especiais e que, apenas, 5% possuem usinas de reciclagem (IBGE, 2000),
pode-se inferir que grande parte dos RCD está sendo disposta indevidamente e deve-se
propor e implementar métodos de tratamento de resíduos. Agrava o fato de que a
destinação dos RCD não é o único problema ambiental da construção civil, a exploração
de matérias-primas também causa grandes impactos ambientais.

Atualmente, a reciclagem de materiais tem se fortalecido como um eficiente


mecanismo para solucionar e/ou minimizar os problemas oriundos do não gerenciamento
dos resíduos gerados pelas atividades antrópicas. A reciclagem também ganha força pela
busca de novos materiais que possam substituir as matérias-primas retiradas do meio
ambiente.

As experiências bem-sucedidas de desenvolvimento de produtos para a construção


civil com resíduos incorporados são impulsionadas, principalmente, pela legislação
ambiental, e há uma verdadeira política visando a reduzir a eliminação direta de resíduos
em aterros industriais ou sanitários, sem uma prévia valorização ou tratamento.

Com isso, na tentativa de contribuir com a melhoria da gestão dos RCC, este estudo
abordou a questão dos resíduos sólidos urbanos, especificamente o entulho de obras,
visando a sua reciclagem e reutilização, bem como o transporte e a sua destinação final,
de acordo com critérios técnicos e de procedimentos de boas práticas no canteiro de obra.
É importante salientar que a questão da reutilização e gestão de resíduos passam a ter
importância não apenas ambiental, mas também legal.
2. REVISÃO DA LITERATURA

Segundo a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA


(2002), os resíduos de construção civil são: “os provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso,
telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente
4 chamados de entulhos de obras, caliças ou metralha (CONAMA, 2002).”

O entulho é constituído de restos de praticamente todos os materiais de construção


(argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras,
tijolos, tintas, etc.). No entanto, Zordan (1997) afirma que a maior fração de sua massa é
formada por material não mineral (madeira, papel, plásticos, metais e matéria orgânica).

A maior parte desse resíduo é depositada em bota-fora clandestino, nas margens de


rios e córregos ou em terrenos baldios. A deposição irregular de entulho, segundo Mendes
(2004), ocasiona proliferação de vetores de doenças, entupimento de galerias e bueiros,
assoreamento de córregos e rios, contaminação de águas superficiais e poluição visual.

Acrescentando, Angulo e John (2004) relatam que a ausência ou ineficiência de


políticas específicas para este resíduo tem criado condições para que os mesmos
apresentem atualmente efeitos ambientais significativos sobre a malha urbana, como o
surgimento de aterros clandestinos e o esgotamento de aterros (inertes ou sanitários). Os
RCD causam tantos problemas à vida urbana e ao meio ambiente que a melhor solução é
que o mesmo seja visto como fonte de materiais que podem ser reutilizados na construção
civil e pavimentação. Guimarães et al. (2005) afirmam ainda que, além de atrair a
deposição de outros resíduos no local, também acarrete um ciclo vicioso de gastos
públicos com limpeza, uma vez que mais lixo será depositado ali posteriormente.

Ainda, John e Agopyan destacam que, pela NBR 10.004 (ABNT, 1987), o resíduo da
construção civil pode ser enquadrado como resíduo inerte, porém, nele podem existir
elementos que o tornam não inerte ou perigoso, como por exemplo, o amianto. A Tabela
1 apresenta dados da composição do entulho para algumas cidades brasileiras.
Tabela 1 - Composição do entulho de algumas cidades brasileiras, em porcentagem

Fonte: (CARNEIRO et al., 2001).

3. PANORAMA ATUAL DO GERENCIAMENTO DOS RCC NO BRASIL

No Brasil, a destinação adequada, bem como a prática de reciclagem de entulho, ainda


é pouco difundida. Alguns municípios, como Belo Horizonte, São Paulo, Londrina e
Porto Alegre possuem usinas de reciclagem; essas, entretanto, absorvem menos de 10%
dos resíduos urbanos (John e Agopyan, 2003)

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2000), dos 5.475


municípios brasileiros, 489 têm entre 50 e 70% dos seus resíduos coletados, 728 entre 70
e 80%, 771 entre 80 e 90%, 525 entre 90 e 99% e 1.814 têm 100% coletados. Também,
foi identificado que 194 municípios não tinham a informação ou não declararam qual a
porcentagem coletada.

Para diagnosticar a geração de resíduos de construção civil nas cidades brasileiras


utilizam-se dados de estimativas de área construída, de quantificação de volumes por
empresas coletoras, do monitoramento de descargas nas áreas de disposição final dos
resíduos de construção civil. As duas primeiras estimativas permitem uma quantificação
confiável e pode ser utilizada em todo município que possui cadastro de construções
licenciadas (PINTO,1999).

De acordo com Monteiro et al (2001), no Brasil, a geração de RCD é de,


aproximadamente, 300 kg/m² a partir de novas edificações, enquanto países
desenvolvidos geram 100 kg/m². Em cidades com 500 mil ou mais habitantes os RCD
representam, aproximadamente, 50% do peso dos resíduos sólidos urbanos coletados.
Esses 50% de material desperdiçado, representam por volta de 850 mil toneladas de
entulho por mês, que é depositado sem critério em lixões ou aterros sanitários. O Reino
Unido produz cerca de 53 mil toneladas por ano e o Japão pode ser considerado uma
referência em reaproveitamento, com apenas 6 mil toneladas por ano.
De acordo com MOTTA e FERNANDES, 2003, os resíduos gerados nessa atividade
possuem uma considerável heterogeneidade em termos da sua composição. Sua
quantidade varia de 54% a 70% dos resíduos sólidos urbanos de cidades brasileiras como
o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, representando uma geração per capita entre 0,4 e 0,76
t /hab./ano. Ou seja, o desperdício de materiais na construção civil brasileira é real, e bem
elevado.

A composição dos resíduos da construção civil brasileira gerados em uma obra é,


basicamente, constituída por argamassa, concreto e blocos de concreto, além de madeiras,
plásticos, papel e papelão. Além destes, também, podem ser gerados resíduos
classificados como perigosos e não inertes. Quando se trata da construção civil em outros
países, a composição dos seus resíduos muda, sendo muito presentes, além do concreto e
blocos de concreto, o gesso e o EPS utilizado para isolamento, atingindo geração de 30,77
kg/m². (BOHNE; BERGSDAL; BRATTEBO, 2005). Segundo Kimbert (2002), esta taxa
é de 25 kg/m² para novas construções e de 320 kg/m² para demolições.

Nota-se também, nas construções civis realizadas nos municípios brasileiros, a


geração de uma grande quantidade de entulho, evidenciando um desperdício irracional de
material: desde a sua extração, passando pelo seu transporte e chegando à sua utilização
na obra. Outro ponto preocupante dessa questão é a não realização da segregação desses
materiais que vão para descarte, o que gera a contaminação desses materiais que poderiam
ser reciclados e novamente empregados nas obras de engenharia, por tintas, solventes,
entre outros materiais.

A prática de reuso e reciclagem pode ser encarada do ponto de vista da viabilidade


econômica para revenda desses materiais. Já existem iniciativas de usinas de
reciclagem desses materiais nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Nas figuras 1 e 2,
pode-se observar, respectivamente, a origem dos RCC em alguns municípios brasileiros
e nos EUA:
Ao comparar os dados mostrados nos gráficos, podemos perceber uma enorme
discrepância de valores quando se trata de RCC vindos de Novas construções. Enquanto
nos EUA esse valor corresponde a 8%, no Brasil é de 41%. Isso se dá pelo fato de que os
países desenvolvidos possuem procedimentos, técnicas e tecnologias construtivas mais
modernas e sustentáveis se comparadas aos métodos construtivos empregados no Brasil.

Outra destinação é servir de sub-base para pavimentos de vias de menor tráfego e


em aterros sanitários para a conservação das estradas.

Outra destinação desses resíduos e uma das soluções mais simples, é a sua utilização
em pavimentação (base, sub-base ou revestimento primário), na forma de brita corrida ou
ainda em misturas do resíduo com solo (ZORDAN, 1997). A eficiência desta prática, já
comprovada cientificamente, vem sendo confirmada pela utilização da mesma por
diversas administrações municipais. Segundo Oliveira et al. (2005), a utilização do
entulho reciclado em sub-base e base pavimentos já é uma realidade no Brasil, inclusive
em Goiânia, onde, no final de 2003 uma pista experimental foi executada, com mistura
de solo e entulho reciclado compondo as camadas de sub-base e base, visando avaliar seu
comportamento estrutural.

Embora algumas cidades já pensem em cada vez mais políticas de reaproveitamento


de materiais – como Belo Horizonte – é preciso considerar o todo, seja se inspirando em
propostas de países como Estados Unidos, Japão e Reino Unido – onde isso já faz parte
de um sistema de reciclagem – ou investindo em novas maneiras para reduzir os impactos
desse problema social sério.

4. LEGISLAÇÃO

Um dos fatores que mais afetaram os problemas de resíduos no Brasil é o descaso


do Governo Federal e Municipal em assumirem as responsabilidades quanto a isso. Para
tentar solucionar esse problema, foi criado em 2002 a Resolução 307 CONAMA. Essa
norma é o principal marco regulatório na gestão de RCC. Antes da sua criação em 2002,
não havia clareza na identificação dos resíduos gerados pela atividade da construção civil
entre os resíduos qualificados nas normas técnicas de referência.

A Resolução CONAMA nº 307/02 (CONAMA, 2002) foi, a primeira no Brasil, a


estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção
civil (RCC), disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos
ambientais. Esta resolução classifica os resíduos de acordo com sua possibilidade de
reutilização, sendo:

· Classe A - reutilizáveis ou recicláveis como agregados;

· Classe B - recicláveis para outras destinações;

· Classe C - não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente


viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação;

· Classe D - perigosos oriundos do processo de construção.


Classifica também os geradores como:

· pequenos geradores: geram até 5 m³ de resíduos;

· grandes geradores: geram mais de 5 m³ de resíduos.

Especifica, ainda, que os geradores de RCD devem seguir os objetivos usualmente


presentes em projetos de gerenciamento, que são: a não geração, a redução, a reutilização,
a reciclagem e a destinação final, respectivamente.

Além disso, a norma especifica que deverá ser elaborado, implementado e


coordenado pelos municípios e pelo Distrito Federal o Programa de Gerenciamento de
RCD. Também, estabelece diretrizes técnicas e procedimentos para pequenos geradores,
que estejam em conformidade com critérios técnicos do sistema de limpeza urbana local.

Caso o gerador seja enquadrado como grande gerador deverá apresentar o


Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC). O PGRCC deve
conter procedimentos para manejo e destinação correta dos resíduos, deve ser entregue
ao poder público municipal em conjunto com o projeto de empreendimento, em seu órgão
competente. Caso o empreendimento precise de licença ambiental, o PGRCC deverá ser
entregue juntamente com o processo de licença ambiental e será analisado no órgão
ambiental competente. Todos os projetos deverão apresentar as seguintes etapas:

·caracterização;

· triagem;

· acondicionamento;

· transporte e;

· destinação.

De acordo com essa resolução, fica estabelecido que é responsabilidade dos


municípios a criação, implantação e acompanhamento das diretrizes especificadas nos
decretos municipais referentes a gestão de resíduos da construção e demolição. Estabelece
ainda que compete aos geradores a gestão, incluindo reciclagem, reaproveitamento e
destinação de resíduos.

O órgão público deveria exercer papel fundamental para disciplinar o fluxo dos
resíduos, utilizando instrumentos para regular especialmente a geração de resíduos
provenientes da construção e demolição. Para facilitar o entendimento, as
responsabilidades de alguns agentes envolvidos no processo podem ser descritas na tabela
2:

Tabela 2 - Responsabilidades

Fonte: Adaptado de Blumenschein, R., 2004

Atualmente, as leis brasileiras restringem esse reaproveitamento na manutenção


de estradas de terra e aterros, embora algumas construções sustentáveis tenham um tímido
crescimento em algumas cidades, o que é quase nada para um país tão grande e com tantos
empreendimentos erguidos dia a dia.

De acordo com o site Tera Ambiental, já está em curso a Política Nacional de


Resíduos Sólidos (PNRS ou Lei 12.305/2010), que regulamenta o manejo
ambientalmente correto dos resíduos sólidos e reaproveitamento de materiais
da construção civil, definindo metas de reutilização, redução e reciclagem.
Segundo especialistas, as normas que dizem respeito a essa questão ainda são muito
vagas e não trazem uma solução para o problema, ao contrário, separam as coisas ao invés
de uni-las. Para ser colocada em prática, porém, é preciso daquilo que já foi citado nos
tópicos anteriores: a participação de diversos setores da cidade, sobretudo das grandes
construtoras e empresas do ramo. O problema, você já deve imaginar: não é lucrativo, ao
contrário, é burocrático e é preciso cuidado (entende-se gastos também) para obedecer
todas as normas no setor, o que não agrada muito.

5. O QUE FAZER PARA MUDAR A SITUAÇÃO?

A implementação de medidas para atenuação dos impactos ambientais oriundos das


atividades do setor da construção civil faz-se necessária, visto o grande volume de
geração desse resíduo, bem como dos transtornos que o mesmo provoca. Porém, aspectos
importantes como classificação dos agregados e garantia de qualidade ainda precisam de
aprimoramento para consagração do emprego dessa técnica. Dessa forma, faz-se
necessário o desenvolvimento de pesquisas inerentes a aplicação desse resíduo em obras
civis.

Como vimos no tópico anterior, para um bom reaproveitamento de materiais da


construção civil, é preciso contar com o consciente de várias pessoas/setores, a começar
pela empresa responsável pelo projeto. Na etapa da demolição de estruturas,
primeiramente, deve-se fazer um desmonte, e não uma demolição, para evitar que tudo
seja misturado e para que seja feita uma separação preliminar.

Um segundo ponto é que necessita-se investir em conhecimento para que os


trabalhadores entendam a real importância de usar todos os recursos ou pelo menos fazer
o descarte adequado na caçamba de entulhos. Depois disso, ter um local correto para
destino desses materiais, bem como sua separação (fator de ligação entre prefeitura e
empresa de coleta). E, para terminar o ciclo, saber como reciclar e usar os restos da melhor
forma.

Os elevados gastos por parte da Administração Pública na limpeza e remoção desses


resíduos de locais inadequados, bem como da construção de um local apropriado para
receber os mesmos, é hoje um dos grandes problemas enfrentados pelos governantes, o
que acaba gerando um ciclo vicioso de disposição inadequada e remoção dos mesmos
pelas companhias de limpeza pública. Por meio de sua utilização como matéria-prima ou
agregado, o entulho pode deixar de ser um problema, tornando-se uma saída para a
escassez de materiais granulares capazes de serem utilizados para tal fim.

O emprego desse resíduo contribuiria igualmente de forma positiva para a diminuição


do consumo de insumos da construção civil oriundo de processos de britagem de rochas,
britas e areia artificial, sendo assim uma importante ferramenta no combate a degradação
ambiental.

As problemáticas ambientais envolvendo a grande geração de resíduos da construção


civil são notórias, bem como as inúmeras interferências no meio ambiente devido ao
acúmulo e destinação inadequada para tal resíduo. Mesmo diante desse quadro, percebe-
se ainda uma tímida reação, tanto por parte do setor público como do setor privado, no
sentido de buscar saídas eficazes transcritas em mecanismos de absorção desse resíduo
como agregado que possa ser incorporado ou mesmo substituir recursos naturais em
linhas de produção, ou até mesmo no seu retorno para as fontes geradoras, como insumo.

Aliada a tal reação desses setores tem-se a dificuldade por parte das empresas e
governos municipais em criar mecanismos de gerenciamento eficazes, deve-se elaborar
estratégias capazes de:

i) Nortear um uso mais inteligente dos materiais nas frentes de trabalho, visando com
isso uma redução no volume de material a ser descartado mais tarde;

ii) contribuir com a segregação desses resíduos in loco, de modo a facilitar o seu reuso
posterior e;

iii) realizar e controlar a disposição do que não pode ser submetido a processos de
reciclagem ou reuso direto em locais apropriados, diminuindo com isso o surgimento de
áreas clandestinas de bota-fora, que ocorrem em muitas vezes em áreas de preservação
ambiental (OLIVEIRA, 2005).

Especialistas ainda identificam algumas ações que direcionam para a redução da


geração de resíduo na construção civil, tais como:

 Mudanças de tecnologia para combater as perdas;

 Aperfeiçoamento e flexibilidade de projeto;


 Melhoria da qualidade de construção, de forma a reduzir a manutenção causada pela
correção de defeitos;

 Seleção adequada de materiais, considerando, inclusive, o aumento da vida útil dos


diferentes componentes e da estrutura dos edifícios;

 Capacitação de recursos humanos;

 Utilização de ferramentas adequadas;

 Melhoria da condição de estoque e transporte;

 Melhor gestão de processos;

 Incentivo para que os proprietários realizem modificações nas edificações e não


demolições;

 Taxação sobre a geração de resíduos;

 Medidas de controle de disposição;

 Campanhas educativas.

Outro exemplo, o Guia de Boas Práticas, desenvolvido pela Universidade de Cardiff


em 2003 (GREENWOOD, 2003), no Reino Unido, apresenta a hierarquia de minimização
de resíduos composta por etapas de não-geração, redução, reuso, reciclagem e disposição
final. Esta hierarquia pode ser estendida a qualquer programa de gerenciamento e
minimização de resíduos. O guia traz informações abordando a definição de resíduos, a
identificação das causas da geração de resíduos, a necessidade de minimizar resíduos e
iniciativas de minimização. Aborda a minimização da geração de resíduos pela proposta
de ações do cliente, do projetista e do executor.

O plano de minimização é definido pela avaliação do desperdício e oportunidades de


minimização, execução, monitoramento e modificação do projeto, exigências legais como
proteção ambiental, gerenciamento de resíduos, controle de ruídos, gerenciamento da
água, conservação natural, poluição, avaliação do impacto ambiental, sistema de gerência
ambiental, legislação ambiental e, por último, estudos de caso.

Neste relatório, os RCD são classificados e relacionados com sua origem e


características, considera também sua toxicidade e necessidade de armazenamento
especial. Este documento também apresenta considerações econômicas e administrativas
para dirigir a decisão pelo reuso ou reciclagem, sobre boas práticas em diferentes locais,
estimativas de geração de resíduos em diferentes países da União Europeia e identifica as
práticas adotadas que influenciam a geração de resíduos.

Conclui que para haver uma transformação no gerenciamento de RCD deve-se ter:

· melhor controle dos aterros deste tipo de resíduo;

· custo financeiro significativo para a disposição final;

· custos mais significativos para disposição final de resíduos perigosos ou misturados;

· oportunidade de tratamento da fração inerte e volumosa dos resíduos antes do reuso


ou reciclagem, e;

· aceitação dos usuários referente a utilização de materiais reciclados.

Portanto, se a geração de RCD não pode ser eliminada, o gerenciamento de resíduos


deve ser estudado e executado, devendo ser adotadas práticas de minimização da geração
e de reaproveitando da sua porção reciclável.

Ao observar a geração de resíduos no Brasil, os órgãos municipais não podem retardar


soluções em relação aos problemas gerados devido ao elevado volume de resíduos, por
isso Pinto (1999) propôs a Metodologia para a Gestão Diferenciada dos RCD. Segundo
este autor, “a ampla facilitação do descarte, a diferenciação integral dos resíduos captados
e a adoção da reciclagem como forma de valorização de resíduos constituem um útil e
eficaz instrumental para controle dos resíduos de forma sustentável”. (PINTO, 1999,
p.173).

De acordo com Tozzi (2007), a aplicação do gerenciamento de resíduos pode


proporcionar a construtoras e ao meio ambiente vantagens significativas. Ao estudar duas
obras com características construtivas semelhantes e características gerenciais
diferenciadas, mostrou que a geração e disposição de resíduos na obra sem plano de
gerenciamento foi 1,4 vez maior do que na obra que possuía tal plano. Este autor também
abordou a questão econômica, mostrando que a obra com gerenciamento de resíduos
tornou-se mais atrativa pois envolveu redução de gastos na compra de matéria-prima e na
remoção de entulhos.
6. CONCLUSÕES

Após uma análise do gerenciamento de resíduos da construção sob diversos aspectos,


pode-se concluir que uma gestão adequada do reaproveitamento implica em muitas
melhorias, tais como:

 Reduzir o consumo das matérias-primas bases dos materiais de construção;

 Abater a quantidade de lixo em aterros sanitários;

 Diminuir o volume de detritos e resíduos da construção, refletindo em obras mais


limpas;

 Abertura de novos horizontes do ponto de vista empresarial;

 Economias nas obras, uma vez que diminuíram as perdas;

 Reconhecimento da empresa perante as concorrentes, contribuindo para a


obtenção de certificados de qualidade.

Além disso, deve-se elaborar um projeto de gerenciamento de resíduos o mais


próximo da excelência possível para que seja possível assegurar as melhorias no meio da
construção civil.

Investir nessa reciclagem é primordial não só para o meio ambiente, mas também para
economia e aproveitamento em obras públicas. E isso não deve partir apenas das
prefeituras: a população deve cobrar medidas sérias, afinal, trata-se de um interesse
comum e que pode tanto beneficiar – o fato da economia – quanto prejudicar a vida das
pessoas, pois mais resíduo gera mais poluição e outros incômodos que afetam de forma
direta toda a sociedade.

A tendência futura é assumir o princípio de quem gera o resíduo é responsável por


sua separação, limpeza e armazenamento (temporário ou para coleta), bem como
destinação final adequada. Esta situação, no entanto, ainda não pode ser tida como
“frequente” na maioria das construtoras brasileiras, mas isto não impede a esperança de
mudanças inovadoras em um pequeno período de tempo.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos


sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 71p.

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente (2002). Resolução Nº 307, de 5 de


julho de 2002. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação. Publicada no
Diário Oficial da União em 17/07/2002.

ANGULO, S. C.; ZORDAN, S. E.; JOHN, V. M. Desenvolvimento Sustentável e a


Reciclagem de Resíduos na Construção Civil. Em: IV SEMINÁRIO DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A CONSTRUÇÃO CIVIL – MATERIAIS
RECICLÁVEIS E SUAS APLICAÇÕES, São Paulo/SP, 2001.

CARNEIRO, A. P; BURGOS, P. C; ALBERTE, E. P. V. Uso do agregado reciclado em


camadas de base e sub-base de pavimentos. Projeto Entulho Bom. Salvador: EDUFBA/
Caixa Econômica Federal, 2001, 188-227 p.

MOTTA, L. M. G. ; FERNANDES, C. Utilização de Resíduo Sólido da Construção Civil


em Pavimentação Urbana. 12ª Reunião de Pavimentação Urbana, ABPv, Aracaju,
Sergipe. 2003.

BRASIL. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Pesquisa nacional de saneamento básico. 2000. Disponível em <
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb/> acesso em 19
de abril de 2019.

TOZZI, R. F. Caracterização, avaliação e gerenciamento da geração de resíduos da


construção civil (RCC) em duas obras no município de Curitiba/PR-Brasil. 99 p.
Dissertação (mestrado). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.

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