Vous êtes sur la page 1sur 2

DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2ª ed. - 21. reimpr.

São
Paulo: Atlas, 2013.

RESENHA

A metodologia da pesquisa qualitativa, no âmbito das ciências sociais, está


presente nos mais de noventa títulos publicados por Pedro Demo. Este professor
emérito pela Universidade de Brasília (Departamento de Sociologia) contempla os
alunos e pesquisadores das humanidades com o seu livro Introdução à metodologia
da ciência, que se trata de uma adaptação do seu outro livro intitulado Metodologia
científica em ciências sociais.
A princípio, Demo propõe uma distinção a nível intermediário entre os
métodos de pesquisa utilizados para o tratamento demandado pelo corpus nas
ciências exatas e as outras formas de lidar com determinados objetos de pesquisa
nas ciências humanas e sociais.
O autor reforça que, embora dois campos de pesquisa sejam distintos, alguns
objetos em cada campo apresentam pontos de intersecção comuns, como por
exemplo, nas regras lógicas do conhecimento, na área de comunicação e expressão
entre outros. Além disso, enfatiza que as áreas das ciências sociais estão mais
suscetíveis ao aproveitamento de métodos das ciências naturais e que, se bem
aplicado, pode trazer ótimos resultados para a pesquisa.
Mas deve existir no pesquisador uma consciência de contraposição entre o
lado histórico, atrelado às pesquisas em ciências sociais, e o lado cronológico,
correspondente à natureza das pesquisas na área de exatas. Por essa razão, todo
objeto demanda formas de aparelhamento que só existem a partir da identidade do
pesquisador com sua pesquisa. A partir disso, observa-se que realidades sociais
exigem abordagens mais qualitativas do que quantitativas, pois, em sua maioria,
acontecem na sociedade e nada é mais ideológico que os produtos desta, como a
democracia.
Levando em consideração a proposta de Pedro Demo, toda pesquisa
constitui-se como ciência de acordo com a metodologia empregada pelo
pesquisador. Este deve assumir um papel que esteja além de meras imitações.
Logo, percebe-se que o método nas ciências sociais é uma dialética fundamental
para que um trabalho estabeleça harmonia entre a forma e o conteúdo. Portanto,
somente a metodologia permite que o pesquisador chegue aos resultados de sua
pesquisa.
Embora a metodologia dos pesquisadores seja aperfeiçoada com o passar do
tempo, Demo diz que a ciência nunca pode ser apreendida como mera técnica, mas
como uma arte. Assim sendo, o cientista pode extrapolar as bases formais de
determinadas pesquisas para que funde seu próprio modo inventivo de observar,
refletir e agir.
Tendo em vista o caráter histórico da ciência, infere-se na sua realização
enquanto processo que pode ser sempre interrogado de acordo com a natureza das
mais variadas pesquisas, assim, o pesquisador nunca deve conceber algo empírico-
científico como uma verdade encerrada que não necessite de novos modos de
reflexão e definição. Ou seja, cada modo de tratamento dos objetos de estudo da
ciência reside nos modos de demarcação científica e isto, além de poder tornar algo
não científico em científico, também exclui estudos pautados exclusivamente no
senso-comum.
Vale lembrar que a realidade do objeto é uma construção que depende do
ponto de vista de seu construtor que é polido tanto pela percepção do cientista
quanto pela interpretação simbólica que a sociedade direciona para um determinado
objeto.
Tendo em vista que as pesquisas se fundamentam quase sempre na
abordagem empírica, toda reflexão parte de hipóteses. Considerando isso, ao final
do capítulo 2, Demo sintetiza um ideal de estruturação comum quando se pensa em
trabalhos acadêmicos, no que diz respeito ao modelo clássico (introdução,
desenvolvimento e conclusão), mas com outra terminologia (hipótese de trabalho,
roteiro de trabalho, teste da hipótese, tese e conclusões) e, apesar de não fazer uma
apresentação exaustiva sobre cada uma das partes, percebe-se que o científico tem
sua linguagem própria.
Portanto, o autor deste livro nos fornece mais do que uma simples análise
sobre a questão metodológica existente nas ciências, mas também exercita a
reflexão sobre o caminho que deve ser percorrido para que possamos fundamentar
um método científico que instigue, no pesquisador, o pensar constante.

Vous aimerez peut-être aussi