PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS HUMANAS/ DOUTORADO
Nome da disciplina: Tópicos Especiais: Michel Foucault e as práticas de liberdade
Docentes: Profa. Sandra Caponi e Profa. Marta Verdi Resenha Reflexão Final Estudante: Denise Ayres d’Avila
AULA 17 DE MARÇO DE 1976: poder sobre a vida, fazer viver, deixar morrer.
Este trabalho é resultado do curso ministrado no corrente semestre e algumas
conexões com o Colóquio Internacional de Michel Foucault, como forma de avaliação parcial da disciplina ‘Michel Foucault e as práticas de liberdade’. No ano de 2016, o Conselho Regional de Psicologia organizou seminários em comemoração a semana do psicólogo e os ouvintes tiveram o privilégio de ouvir as reflexões de Emerson Mehry (UFRJ). Na ocasião, o professor alertou para o que muitos ainda ingenuamente não viam: as necropolíticas aplicadas e as que ainda iriam assolar o território nacional. Naquele momento, Emerson salientou que em uma situação hipotética de extermínio das classes c, d, e brasileiras, os efeitos ao PIB brasileiro não atingiriam a marca de 5%. Parece um exagero! Entretanto, ao se debruçar nos dados da Datasus, SIM (Sistema de Informações de Mortalidade), considerando os dados comparativos entre morte de jovens por classificação de raça/grupos sociais, constata-se que populações negras de periferia estão em corrente genocídio antes mesmo da supremacia neoliberal assumir a cadeira presidencial à força. O texto de Foucault (2010) aborda o ‘racismo de Estado’ e as práticas de guerra das raças, fazer morrer e deixar viver. Indo mais fundo à questão, o autor menciona “Em todo caso, a vida e a morte dos súbitos só se tornam direitos pelo efeito da vontade soberana” [...](FOUCAULT, 2010, p. 202). Foucault está se referindo ao poder de fazer viver e de deixar morrer que é atribuído pelos súditos ao soberano. O texto menciona que tal atribuição se dá em decorrência da necessidade ou do perigo. O jogo do ‘sujeito perigoso’ se instala e se desdobra utilizando-se o fenótipo como fonte de observação e suspeita, legitima-se a guerra das raças. Cesare Lombroso (1835-1909) legitima ‘cientificamente’ a teoria do sujeito criminoso nato caracterizando atributos físicos atribuídos ao primitivo humano, aos vínculos animais. Foucault (2008) nomearia como saber-poder a essa tecnologia do poder característico à biopolitica. O biopoder centraliza informações, gere a vida, conta as vidas, estabelece formas de viver, coordena tratamentos médicos e manifesta o exercício político de fazer viver, nessa vertente o fazer morrer se funda ao classificar indivíduos entres os que ‘devem viver’ e os que não ‘precisam viver’, submergindo a percepção nazista contra os judeus.