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Acordes complexos
Podemos  considerar  como  acordes  complexos  aqueles  acordes  que  possuem  notas  de
extensão.

Notas  de  extensão  são  as  demais  notas  que  formam  um  acorde
(http://www.descomplicandoamusica.com/acorde/),  além  das  chamadas  “notas  de  acorde”.
Lembre­se  de  que  as  notas  de  acorde  são  aquelas  que  formam  a  tríade
(http://www.descomplicandoamusica.com/triades/)  ou  tétrade
(http://www.descomplicandoamusica.com/tetrade/)  do  acorde.  Vamos  tomar  como  exemplo  o
acorde C7M. Ele é formado pelas notas Dó, Mi, Sol, Si, que correspondem aos graus 1, 3, 5 e 7. Essa é
a tétrade desse acorde, ou seja, as notas Dó, Mi, Sol, Si são as chamadas “notas de acorde” do C7M.

Se  acrescentássemos  alguma  nota  a  esse  acorde,  por  exemplo,  a  nona,  o  acorde  ficaria:  C7M(9).
Nesse caso, a nona seria chamada de “nota de extensão”.

Todas as notas que não forem o 1º, 3º, 5º e 7º graus serão chamadas de notas de extensão. Repare
então que há apenas 3 graus de extensão possíveis (a quarta, a sexta e a nona). Obs: a nona equivale
ao segundo grau.

Até  agora,  utilizamos  apenas  a  tétrade  para  montar  um  campo  harmônico
(http://www.descomplicandoamusica.com/campo­harmonico/) (falamos de C7M, Dm7, etc). Então,
para completarmos esse assunto, chegou a vez de analisarmos as notas que restaram (4ª, 6ª e 9ª).
Essas notas, quando acrescentadas, acabam deixando os acordes mais complexos.

Como montar acordes complexos
Nosso  estudo  será  mostrar  quais  dessas  notas  podem  ser  utilizadas  para  cada  acorde  dentro  do
campo  harmônico  maior.  Ou  seja,  para  uma  música  que  esteja  em  Dó  maior,  por  exemplo,  posso
tocar o acorde Dm6? E o acorde FM7(9)? Essas dúvidas serão todas respondidas.

Isso ajudará você na hora de compor ou rearmonizar músicas, pois você saberá quais as extensões
que podem ser utilizadas em cada acorde e quais as extensões que devem ser evitadas.

Os motivos de se evitar alguma extensão são os seguintes:

Efeito cromático (http://www.descomplicandoamusica.com/escala­cromatica/) indesejável

Descaracterização da função harmônica (http://www.descomplicandoamusica.com/harmonia­funcional/)

Explicaremos detalhadamente o que é cada um deles.

Vamos  utilizar  como  exemplo  o  campo  harmônico  de  Dó  maior,  lembrando  que  esses  conceitos  se
aplicam para todas as demais notas.

O campo harmônico de Dó maior é:

    I              II              III              IV            V            VI                 VII

C7M          Dm7          Em7          FM7         G7         Am7          Bm7(b5)

Notas evitadas
Quando  falarmos  das  notas  a  serem  evitadas,  lembre­se  que  estamos  falando  de  notas  que
pertencem  à  escala  (http://www.descomplicandoamusica.com/escalas­musicais/)  maior  de  Dó,
afinal o campo harmônico é Dó maior. Isso é importante de se destacar pois, por exemplo, a escala
do  acorde  FM7  (nesse  campo  harmônico  de  Dó)  é  Fá  Lídio
(http://www.descomplicandoamusica.com/modos­gregos/), não Fá maior. Então, para esse acorde,
estaremos  utilizando  a  escala  Lídia.  Por  isso  não  se  assuste  quando  se  deparar  com  quarta
aumentada  (http://www.descomplicandoamusica.com/diminuta­aumentada­justa/),  por  exemplo,
analisando se ela deve ou não ser evitada nesse caso. Estamos analisando apenas as notas da escala
de Dó maior, e essas notas, quando o acorde não é Dó, recebem uma referência diferente do ponto de
vista dos graus; por isso você verá quarta diminuta, quarta aumentada, etc. Pense nos modos gregos
(http://www.descomplicandoamusica.com/modos­gregos/).  O  desenho  da  escala  maior  será
utilizado apenas para o C7M; os demais acordes terão suas escalas de acordo com o respectivo modo
grego. Sugiro que você tenha a seu lado as escalas dos modos gregos para facilitar seu estudo nesse
tópico.

Extensões para o acorde C7M
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Começaremos  analisando  o  primeiro  acorde  (C7M).  Observe  abaixo  a  escala  de  Dó  maior  e  veja  as
extensões possíveis (quarta, sexta e nona):

As notas são, respectivamente, Fá, Lá e Ré. Vamos ver como fica o acorde C7M com cada uma dessas
extensões:

Com a quarta: C7M(4)

(http://www.descomplicandoamusica.com/wp­content/uploads/2014/08/c7M4.png)

Com a sexta: C7M(13)

Com a nona: C7M(9)

Fica a pergunta: podemos utilizar todas essas extensões dentro do campo harmônico de Dó maior?

Resposta:  todas  as  extensões  podem  ser  utilizadas,  exceto  o  quarto  grau
(http://www.descomplicandoamusica.com/graus­musicais/).  Ou  seja,  não  podemos  tocar  C4  ou
C7M(4).  Motivo:  o  quarto  grau  para  esse  acorde  é  a  nota  Fá.  Até  aí  tudo  bem,  afinal  essa  nota
pertence  à  escala  de  Dó  maior  (então  teoricamente  ela  poderia  ser  utilizada).  Porém,  ela  situa­se  a
um semitom de distância da nota Mi, que é uma nota de acorde (a terça) de C7M. Qual o problema
disso?

Bom,  se  colocarmos  a  nota  Fá  junto  do  acorde  C7M,  formando  um  C7M(4),  estaremos  tocando
simultaneamente  duas  notas  que  se  distanciam  por  um  semitom  (Mi  e  Fá),  e  isso  soa  muito
desagradável. Pegue seu instrumento e faça soar simultaneamente duas notas que se distanciam por
um  semitom.  Observe  como  fica  ruim.  Isso  se  explica  pelo  fato  de  se  tratar  de  uma  aproximação
cromática.  Você  aprenderá,  no  estudo  de  “SubV7”,  que  essa  aproximação  serve  para  preparar  o
caminho que queremos chegar.

Por exemplo, digamos que um baixista está tocando a nota Sol, dentro do campo harmônico de Dó,
pois o acorde do momento é Sol, e o próximo acorde da música seja Lá menor. Antes de tocar a nota
Lá,  o  baixista  poderia  tocar  Lá  bemol  para  depois  tocar  Lá.  Esse  efeito  de  aproximação  cromática
soa muito bem, pois parece que estamos subindo uma escada (G, G#, A), onde o próximo degrau já
está  indicado  (quando  tocamos  Lá  bemol  ,  imediatamente  espera­se  que  a  próxima  nota  seja  Lá).
Por  isso,  tocar  Lá  bemol  junto  com  Lá  (as  duas  ao  mesmo  tempo)  produz  uma  confusão.  A
impressão que dá é que estamos em conflito, pois as duas notas são muito próximas e deveriam ser
tocadas em sequência, não ao mesmo tempo. A confusão surge da dúvida de nosso cérebro: “deseja­
se repousar em Lá bemol ou em Lá?”, afinal, a sequência cromática poderia ser Ab – A ou A – Ab.
No primeiro caso, Ab seria uma nota de passagem para se repousar em Lá (cadência crescente), e no
segundo caso, Lá seria uma nota de passagem para se repousar em Ab (cadência decrescente).

Entendido  isso,  procure  evitar  tocar  algum  acorde  que  tenha  duas  notas  distanciadas  por  um
semitom.

Talvez você esteja pensando: “mas então eu nunca vou poder tocar um acorde com a quarta, afinal a
quarta sempre está a um semitom de distância do terceiro grau (que é uma nota de acorde)”.
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Esse  raciocínio  faz  sentido  e  é  verdadeiro.  Mas  há  uma  solução:  podemos  tirar  o  terceiro  grau  do
acorde! Assim não haveria esse conflito. Como, nesse caso, não existiria mais terceiro grau, o acorde
fica suspenso. Moral da história: os acordes com 4ª costumam ser suspensos. Por isso que você vai
ver  por  aí  Asus4,  etc.  Os  acordes  com  quarta  terão  o  “sus”  junto  indicando  que  o  terceiro  grau  foi
suprimido do acorde.

Extensões para o acorde Dm7
Continuando nosso estudo de notas de extensão, vamos analisar o nosso próximo acorde do campo
harmônico maior de Dó (Dm7). Esse acorde não possui nenhum grau a ser evitado, então você não
precisa ser preocupar com suas extensões, pode usar qualquer uma. Veja abaixo as possibilidades. A
escala é Ré dórico.

Com a quarta: Dm7(4)

Com a sexta: Dm7(13)

Com a nona: Dm7(9)

Extensões para o acorde Em7
Nosso  próximo  acorde  é  Em7.  Veja  a  escala  (Mi  Frígio
(http://www.descomplicandoamusica.com/modos­gregos/)) e as notas de extensão:

Com a quarta: Em7(4)

Com a sexta: Em7(b6) = Em7(#5)

 Com a nona: Em7(b9)

Para este acorde, devemos evitar o nono grau menor (b9) e o sexto grau menor (b6 ou #5). O grau b9
deve  ser  evitado  porque  está  a  um  semitom  de  distância  do  primeiro  grau,  causando  aquele  efeito
cromático indesejável que comentamos anteriormente.
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Já  o  grau  b6  deve  ser  evitado  porque  ele  descaracteriza  o  acorde  de  Em7.  O  acorde  Em7(b13)  ou
Em7(b6) é idêntico ao acorde C7M(9). Compare:

Notas de Em7(b13): E, G, B, D, C

Notas de C7M(9): C, E, G, B, D

Conclusão: o IIIm7(b6) do campo harmônico maior equivale ao I7M(9).

Qual o problema disso? O único problema é que estaríamos perdendo nosso objetivo, que é tocar o
acorde  de  Mi,  afinal  ele  estaria  soando  como  se  fosse  Dó!  Isso  pode  implicar  em  muitas
consequências,  por  exemplo,  caso  desejássemos  aproveitar  o  acorde  de  Mi  menor  para  fazer  uma
modulação  (http://www.descomplicandoamusica.com/transposicao­modulacao/)  para  Ré  maior,
por meio de uma cadência (http://www.descomplicandoamusica.com/cadencia/) II, V, I (Em7, A7,
D7M), essa ideia ficaria prejudicada, pois o nosso Mi menor está soando como Dó maior, que não
pertence ao campo harmônico de Ré. A progressão C7M, A7, D7M não é uma progressão II, V, I. Esse
tipo de descaracterização sugere que evitemos o b6, portanto, no acorde do terceiro grau.

Os próximos acordes de nossa análise (F7M e G7), que correspondem aos graus IV e V, não possuem
notas a serem evitadas. Mostraremos abaixo alguns exemplos acordes muito comuns de aparecerem
dentro do contexto de Dó maior para esses graus:

IV: F7M, F7M 9, F7M #11, F7M9 #11, F6, F6add9, F6 add9 #11

V: G7,G7 9,G7 13,G7 9 13, G7 11,Gsus4, Gsus13

Fique à vontade para brincar com essas opções!

O sexto grau do nosso campo harmônico, Am7, possui uma nota a ser evitada (b13). Motivo: Faz o
acorde Am7 soar como F7M(9). Compare:

Notas de Am7(b13): A, C, E, G, F

Notas de F7M(9): F, A, C, E, G

O sétimo e último grau Bm7(b5) possui duas notas a serem evitadas: b9 e b13.

A nota b9 deve ser evitada pelo fato de se distanciar por um semitom do primeiro grau, conforme já
vimos. A nota b13 deve ser evitada porque o acorde Bm7(b5) é idêntico ao acorde G7(9), compare:

 Notas de Bm7(b5): B, D, F, G, A

Notas de G7(9): G, A, B, D, F

Agora  que  terminamos  esse  estudo,  vamos  fazer  um  resumo  das  notas  a  serem  evitadas  em  cada
grau:

Muito  bem,  todas  as  demais  notas  de  extensão  estão  disponíveis  para  você  se  divertir  e  formar
acordes complexos!

Recomendamos  muito  que  você  pegue  músicas  ricas  harmonicamente  para  observar  as  notas  de
extensão  utilizadas.  É  a  melhor  forma  de  aprender.  Sinta  os  efeitos  de  cada  extensão  e  abuse  das
possibilidades!

Obs: Trabalhamos o tempo todo aqui em cima do campo harmônico maior, mas a mesma lógica se
aplica ao campo harmônico menor, preferimos não mostrar para não ficar tedioso. Caso você queira
analisar  um  campo  menor,  experimente  pegar  o  campo  relativo
(http://www.descomplicandoamusica.com/escalas­relativas/)  maior  para  conferir  as  respostas  e
observar  quais  são  as  extensões  evitadas.  Por  exemplo,  se  você  quer  analisar  as  notas  evitadas  do
campo harmônico de Si menor, pense no campo harmônico de Ré maior (seu relativo) para conferir
se as notas/ graus evitados que você encontrou estão corretos.

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