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UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

GIULIA VITORIA ARAÚJO COSTA


DRE: 118063291

Análise de Antropologia e Comunicação: As relações entre as


teorias raciais do século XIX, etnocídio e evolucionismo
cultural

RIO DE JANEIRO, RJ
2019
RESUMO
Nesse presente ensaio, exponho a correlação entre os temas 2 e 3 lecionados em aula da unidade I.
São eles, respectivamente: Pensar a “nós” e aos “outros”: Alteridade e etnocentrismo, do fascínio ao
extermínio e a (des)construção do racismo e do evolucionismo na Antropologia e no Brasil. A
reflexão que orienta este ensaio pretende correlacionar as teorias raciais poligênicas e monogênicas,
a prática etnocída e o evolucionismo cultural. Pretende-se também atualizar certos conceitos,
aproximando-os da nossa realidade e exemplificando-os.

INTRODUÇÃO DE CONCEITOS CHAVES


O conceito chave a ser explorado na primeira tese desenvolvida, é o conceito de “etnocídio”,
discorrido por Pierre Claustres no capítulo 4 de seu livro “Arqueologia da Violência”. O conceito de
etnocentrismo diz respeito a ideia de avaliar uma cultura diferente sob uma ótica absoluta. Partindo
desse pressuposto, o autor procura explicar o porquê de o ocidente ter essa característica
marcantemente etnocida. Para o autor, o etnocídio se difere do genocídio, uma vez que, enquanto o
genocídio pretende exterminar “o corpo material”, o etnocídio assassina “a alma” (CLAUSTRES,
2004). O relativismo dos conceitos de “bom” e “mau” também é exposto pelo antropólogo. Para ele,
os conceitos são pautados da seguinte forma: “bom” é tudo aquilo que se aproxima de uma visão
absoluta do mundo e “ruim”, tudo aquilo que foge dos moldes formatados por esta visão. A
relativização desse conceito, permite uma dissociação entre genocídio e etnocídio, apesar dessas
práticas estarem frequentemente ligadas.

O segundo conceito a ser explorado, seria o conceito de evolucionismo cultural, que estará presente
nas obras de Morgan. Apesar de ser uma obra profundamente etnocêntrica, o pensamento proposto
no livro tende a ser observado como um pensamento mais “progressista”, por romper com o
determinismo racial, pensamento hegemônico da época. Em “A sociedade primitiva” (MORGAN,
1968) o autor divide a sociedade em três estágios. Seriam eles: selvageria, barbárie e a civilização.
Esse pensamento, identifica a existência de uma humanidade una, que se desenvolve, sem exceção,
em rumo a civilização e ao progresso. O autor, por conta do etnocentrismo, logicamente deduz que a
“civilização”, estado mais avançado de progresso, trata-se da dele e define a sociedade ocidental
europeia do século XIX, como parâmetro de desenvolvimento.
Por fim, serão abordados alguns conceitos das teorias raciais do século XIX, desenvolvidos na obra
“Espetáculo das raças” (MORTIZ, 1993), sendo os principais: a poligenia e a monogenia,
respectivamente. A corrente poligênica, vai utilizar o conceito de “raça” como marcador explicativo
dos diferentes “níveis” de desenvolvimento existentes. Denominados de “darwinistas sociais”, esses
autores se apropriam da teoria de seleção natural, proposto em “A origem das espécies” (DARWIN,
1859) e a subvertem, aplicando-a em um contexto social. A segunda teoria, a monogenia, propõe a
existência de uma humanidade una. Os autores dessa corrente, defendem que não existem espécies
distintas de seres humanos e tentam explicar as diferenças entre os grupos étnicos a partir do
“evolucionismo cultural”.

TEORIAS RACIAIS, ETNOCÍDIO E EVOLUCIONISMO CULTURAL

Como foi explicitado no tópico anterior, o etnocídio funciona a partir de um pressuposto de que existe
uma hierarquia cultural, na qual uma cultura é superior a outra. Prega a dominação e o extermínio
dessa cultura inferior. Em um contexto de uma sociedade etnocída e poligênica, as diferenças entre
as raças se tornam conflituosas, pois entende-se que existe uma “raça pura”, superior que deve ser
preservada e uma raça “inferior”, que precisa ser exterminada, física e/ou culturalmente. A morte
física se daria através do genocídio, entretanto a morte dessa cultura pode ocorrer através de duas
formas: genocídio da população ou da conversão desse povo para a lógica discursiva branca sobre a
realidade. Um exemplo prático de etnocídio, ocorre por exemplo já no século XX, na qual Tupi
Guarani, a língua mais falada do Brasil é substituída pelo português que se torna língua “oficial”.

As teorias poligênicas, que postulam a existência de diferentes espécies humanas e diferentes origens,
vai ter por fundamento que cada espécie teria características inerentes (físicas, morais, intelectuais e
culturais). O conceito- chave utilizado para se distinguir cada espécie seria a raça, na qual a raça
branca seria a “mais desenvolvida” e as outras (negros, indígenas, asiáticos...) “menos
desenvolvidas”. O conceito geral que vai orientar essa teoria, é o mesmo que orienta o etnocídio, o
etnocentrismo. Hierarquizando raças e, consequentemente, culturas os autores das teorias poligênicas
definem-se como superiores. Entendem que o “outro” é inferior, portanto deve ser exterminado.
Baseados no “Determinismo racio-cultural”, teorias como a Antropologia Criminal, que defende a
existência de raças moralmente inferiores e mais propensas a desvios morais, e a craniometria, que
defende a relação de raça com tamanho do cérebro e o desenvolvimento dos indivíduos, vão surgir.
Em contrapartida da poligenia, a monogenia, postula a existência de uma humanidade única.
Influenciada pelo cristianismo, o qual parte do pressuposto que a povoação da Terra ocorre a partir
dos descendentes de Adão e Eva, vai advogar que só existe uma raça humana. Para explicar as
diferenças entre as sociedades étnicas, se utilizará do ideal de “evolucionismo cultural”, acreditando
que todas as sociedades estão fadadas a civilização e que aquelas que ainda não atingiram o
“referencial civilizatório” estão no processo.

O parâmetro para construir esse referencial civilizatório, seria a sociedade ocidental europeia
caucasiana. Em sua obra, Morgan se baseará em dois critérios-bases, comparativos: o
desenvolvimento de instituições e evolução das descobertas e invenções. Seu caráter etnocêntrico,
se fundamenta no fato que ao utilizar um método comparativo entre diferentes culturas, ele ignora
todo o contexto histórico, cultural e social da sociedade em questão. Ao definir a sua cultura como
referencial, hierarquiza as culturas, se apresentando no topo da hierarquia cultural. É importante
salientar que essa teoria possui um caráter etnocída também, pois somente a partir da incorporação
da cultura branca, que o outro atinge o que vai ser entendido como “civilizado”.

CONCLUSÃO

Apesar de parecerem absurdas para nós, as teorias construídas no século XIX, ainda possuem raízes
na sociedade contemporânea. Ainda possuímos uma visão de mundo muito pautadas nessas teorias,
principalmente na teoria da hierarquização cultural. Aproximando os conceitos para a nossa
realidade, podemos falar sobre a crença de uma superioridade cultural dos países economicamente
desenvolvidos. Na mitificação de falas simples e corriqueiras, como “Os Estados Unidos que fazem
música de verdade” ou na justificativa pífia “Eles (países como França, Alemanha...) são
desenvolvidos, né? ” e na superioridade cultural intrínseca que essa fala carrega. A partir de uma
análise mais profunda e cuidadosa, podemos observar também o processo de etnocídio (e
genocídio) que a comunidade indígena sofre no Brasil.
Bibliografia

CLASTRES, Pierre. Cap. 4. Do etnocídio. In: Antropologia da Violência - pesquisas de antropologia


política. SP: Cosac Naify, 2004.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Cap.2 “Uma história de diferenças e desigualdades. As doutrinas raciais
no século XIX”. In: O Espetáculo das Raças. Cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-
1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

MORGAN, Lewis H. Prefácio; Os períodos étnicos. In: A Sociedade Primitiva. vol. I. SP: Martins
Fontes.

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