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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CURSO DE GESTÃO, DESIGN E MARKETING

SWAYNY SENA TEIXEIRA MARON GUIMARÃES MACHADO

PSICOLOGIA DO DESIGN DE INTERIORES NOS ESPAÇOS

EM QUE SE HABITA

CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

2016
PSICOLOGIA DO DESIGN DE INTERIORES NOS ESPAÇOS

EM QUE SE HABITA

Projeto de pesquisa apresentado ao


Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Fluminense – Campus
Campos - Centro, como requisito parcial
para conclusão do curso de Gestão,
Design e Marketing.

Orientadora: Joelma Alves de Oliveira

CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

2016
2

PSICOLOGIA DO DESIGN DE INTERIORES NOS


ESPAÇOS EM QUE SE HABITA1

SWAYNY SENA TEIXEIRA MARON GUIMAR ÃES MACHADO2

RESUMO

O presente estudo tem como tema a psicologia do Design de Interiores. Um


contexto onde se analisa o ambiente como reflexo de seus ocupantes, considerando que o
homem encontre a felicidade e o bem-estar no espaço em que se habita. Por meio de
pesquisa bibliográfica, foi discutido como a arquitetura e o design de interiores podem
mudar a vida das pessoas. Foi possível concluir que essa mudança é viável, após um
processo de transformação, criando espaços mais organizados e adequadamente
planejados, podendo interagir com o meio em que se vive, alcançando o verdadeiro
sentimento de felicidade com o bem estar.

PALAVRAS-CHAVE: Design de interiores. Psicologia. Decoração.

1
Este artigo constitui-se no Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação Lato Sensu em Gestão,
Design e Marketing do Instituto Federal Fluminense, Campus Campos-Centro, nos anos de 2015/2016,
desenvolvido sob a orientação de Joelma Alves.

2
Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, ISECENSA. E-mail: swaynysena_p@hotmail.com
3

ABSTRACT

The present study had as its theme the psychology of Interior Design. In a context
where it analyzes the environment as a reflection of its occupants, considering that man
find happiness and well-being in the space in which it dwells. Through literature, we
discussed how the architecture can change people's lives. It was concluded that it is
possible, after a process of transformation, creating more organized and properly planned
spaces and interact with the environment in which we live, reaching the true feeling of
happiness with the welfare.

KEY WORDS: Interior design. Psychology. Decoration.

1 INTRODUÇÃO

Como transformar a casa em um ambiente prazeroso?

Este problema que mobiliza os profissionais recém-formados na área de design


de interiores, bem como os que desejam ampliar sua carteira de clientes, deu origem a
uma pesquisa bibliográfica, cujos resultados são comunicados por meio deste artigo.

Num contexto em que se registra uma grande competitividade no mercado,


justificou-se a elaboração do estudo realizado, em que se buscou discutir como a
arquitetura de interiores pode transformar a casa das pessoas num lar, pois contratar um
profissional para planejar a decoração da casa ou plagiar ideias de projetos assinados
costuma ser a forma mais fácil e segura de deixar os ambientes lindos e dignos de um alto
padrão. Mas, para tornar o lugar em que vivemos em um verdadeiro lar, é preciso dar uma
“pitada” de personalidade ao todo, tornando-o mais acolhedor e vivo, fazendo dele único e
especial.
A pesquisa teve como objetivos específicos descrever o conceito de psicologia do
design de interiores nos espaços em que se habita, verificar a importância de uma boa
relação arquiteto cliente, analisar a vantagem de um espaço adequadamente planejado e
apontar a finalidade dos materiais decorativos que são expostos neste artigo.
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2 CONCEITO DE PSICOLOGIA DO DESIGN DE INTERIORES NOS


ESPAÇOS EM QUE SE HABITA

Primeiramente, faz-se necessário refletir a moradia como parte de duas das


necessidades básicas do ser humano: proteção e segurança. De um lar, contudo, espera-se
mais do que a função de simples abrigo. A expectativa consciente ou inconsciente é de que
a casa ofereça conforto, paz, estabilidade e, principalmente, ajude a ter mais felicidade. No
entanto, também torna-se essencial transformar materiais em um espaço que possa nutrir
corpos, corações e mentes.
Ideia de lar implica, em boa parte, a expressão da individualidade, o desejo de
afirmarmos a condição social e cultural. (SCARDUA, 2015).
A Psicologia do Design de Interiores é um ramo recente da Psicologia Ambiental.
Baseia-se em resultados de pesquisas científicas e em experimentação. O fundamento
essencial dessa área é o amplo universo de investigação neurocientífica das emoções
humanas. Dito de outra maneira, ocupa-se de entender como os seres humanos reagem, no
nível emocional e cognitivo, à forma com que os espaços interiores – residenciais e
comerciais, individuais e coletivos – são organizados. A partir disso, a Psicologia do
Design de interiores visa contribuir para que os lares e estabelecimentos comerciais sejam
espaços promotores de bem-estar e qualidade de vida. (SCARDUA, 2015)
A psicologia do design de interiores foi a primeira tentativa de associar os estudos
da psicologia positiva na ambiental, ou seja, teve a intenção de promover a sensação de
bem estar a partir da correlação do homem ao ambiente.
A necessidade de privacidade é um aspecto recorrente nos estudos sobre os efeitos
do ambiente no bem-estar subjetivo das pessoas. Deve haver áreas de transição entre o
espaço privado (a casa) e o público (a rua), para transmitir segurança e tranquilidade. Seja
como for, identificar os fatores que promovem bem-estar, sentimentos e emoções positivas,
sensações agradáveis e satisfação com o lar tem sido a meta dos psicólogos envolvidos na
formulação de uma arquitetura da felicidade. Com isso, o foco da casa passa a ser o
indivíduo e não apenas conceitos abstratos de estética ou funcionalidade. (XAVIER, 2015).
No campo da psicologia, há estudos sobre os efeitos do ambiente na vida das
pessoas e vice-versa. Estes estudos abarcam, desde aspectos genéticos como as
neurociências da percepção, até fatores subjetivos como as características de personalidade
subsidiadas por formações inconscientes. Uma vertente interessante e, a princípio mais
palatável para não psicólogos, são os estudos no campo da psicologia ambiental que se
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baseiam nos mecanismos evolutivos que favoreceram a constituição da espécie humana.


(SCARDUA, 2015).
A psicologia aplicada ao design de interiores é hoje uma disciplina rica, que se
baseia em muitos outros estudos para desvendar a complexidade da interação do homem
com o ambiente: psicologia, teoria da cultura, filosofia, estudos do gênero, história e
antropologia, bem como a história do design, arquitetura, artes e artesanato, mobiliário e
moda. (COSTA, 2015).
Botton (2007) ressalta essa curiosa relação raramente percebida e defende que o
que se busca numa obra de arquitetura não está tão longe do que se procura em um amigo.
Ao construir uma casa ou decorar um cômodo, as pessoas querem mostrar quem
são, lembrar de si próprias e ter sempre em mente como elas poderiam idealmente ser. O
lar, portanto, não é um refúgio apenas físico, mas também psicológico, o guardião da
identidade de seus habitantes. (BOTTON, 2007, p271).
Talvez, por isto, que para que alguém seja feliz com sua casa, não é preciso ter
situação financeira privilegiada. É necessário respeitar as características e particularidades
do morador. (SCARDUA, 2015).
Em residências, a psicologia aplicada é usada em cada ambiente para integrar a
família, valorizar o convívio, transmitir mensagens e proporcionar conforto e
funcionalidade aos moradores. A psicologia da percepção é a arte de desvendar o oculto
de cada um, explorando ao máximo os conceitos do design de interiores usando todas as
possibilidades de convivência e bem-estar. (PINHEIRO, 2015).
Para Merino (2015), a formação do designer de interiores, da teoria à prática,
deverá se voltar para esta questão, ampliando os conhecimentos em outras áreas tais como:
arquitetura, sociologia, meio-ambiente e psicologia. Deverão ser desenvolvidas, a
sensibilidade e percepção aos aspectos estéticos, éticos e de comportamento.
O lar em que se vive é o ambiente no qual se deve preservar todos os tipos de
salubridades possíveis para que assim seja possível ter a plena sensação de bem estar, este
que é imprescindível para a felicidade humana.
Royer (1989) afirma que a casa constitui um arquétipo dos mais complexos e, por
isto, mais difícil de interpretar. Para este autor, a casa é o símbolo de todas as peles
sucessivas que envolvem as pessoas – o seio materno, corpos, família, universo – e vão se
encaixando e se modelando. É o termo mais carregado de ressonância afetiva, mais capaz
de desencadear lembranças, sonhos, paixões: a casa da infância, a casa da família, a casa
das férias, a casa dos sonhos matrimoniais, a casa de retiro, a última moradia.
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A casa representa o ser humano em seus elementos mais fundamentais, em sua


essência; de certa forma, é a pedra angular de sua personalidade. A representação de uma
casa leva em conta as interações entre a natureza e a cultura, entre o inato e o adquirido,
entre o indivíduo e a sociedade. (ROCHA; ROCHA, 2015).

3 IMPORTÂNCIA DE UMA BOA RELAÇÃO ARQUITETO CLIENTE


PARA O PLANEJAMENTO DO ESPAÇO.

O arquiteto é criador de sonhos, transformador de desejos e a chave para realizar a


interação entre o homem, sua casa e a felicidade.
O ambiente é uma extensão do ser humano na sua forma de habitar, trabalhar,
conviver e viver. Sob esta ótica, não meramente estética, pessoa e ambiente são unos e,
portanto, não podem ser pensados separadamente. Os projetos arquitetônicos e de design
de interiores precisam levar em consideração a vida humana. Estes projetos devem propor
simultaneamente noções de funcionalidade, estética e conforto. (MERINO, 2015).
O arquiteto é o intérprete dos desejos do cliente. É quem deverá, à sua maneira,
responder aos sonhos e dar forma àquela imagem, às vezes nebulosa e confusa, do que será
a obra final. Os preconceitos surgem como o pensamento de que o arquiteto buscará impor
o seu próprio gosto e que, se o cliente não se agradar da concepção, ficará ofendido e que o
cliente terá uma despesa dobrada para a troca do profissional. (PRATINI, 2015).
Para Rocha; Rocha (2015), a concepção de um novo espaço, principalmente os
residenciais, deve levar em conta a personalidade de seus ocupantes, sua cultura, seu estilo
de vida. Nesta fase, deve-se estar com os ouvidos bem atentos a tudo o que diz o cliente,
buscando sempre saber de detalhes do dia a dia e das intimidades dos usuários. É uma
tarefa difícil, pois nem sempre as pessoas estão abertas a falar de si a um estranho.
A decoração transmite a marca dos residentes e, por isso, torna-se essencial que a
mesma retrate a identidade dos seus, pois assim, realmente ficarão claro aos visitantes as
suas características e raízes.
É tão forte o poder da decoração nos estados emocionais das pessoas que, estando
atento o bastante para reconhecê-los, pode-se, por meio dela, conhecer o perfil de cada
pessoa, assim como também é gritante a diferença quando a decoração não reflete a
identidade do dono da casa. Não é difícil identificar quando o decorador faz de acordo com
o seu gosto e não com o do cliente. (PINHEIRO, 2015, p.122).
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Segundo Scardua (2015, p.122.), duas regras básicas são:


• Respeitar as características e particularidades do morador;
• Respeitar as necessidades inerentes à condição biológica do ser humano. Deixar a
luz natural adentrar a casa, por exemplo, não serve apenas para aquecer os ambientes e
realçar as cores das paredes, tecidos e móveis. É fundamental também para ajudar o
organismo a regularizar os ciclos cotidianos dependentes de hormônios e isto,
coincidentemente, melhora o humor.
O fundamental é criar todas as condições para que o proprietário possa manifestar
seu estilo próprio de ser (PINHEIRO, 2015, p.122).
A ideia de se ter uma qualidade de vida abrange o profissionalismo de todos os
arquitetos, e se torna um grande passo na desenvoltura do projeto.
Atualmente, alguns projetos se revelam de dentro para fora, priorizando a qualidade
de vida e bem-estar do homem, abordados de forma genérica. Deve-se usar o princípio
básico do ser humano como concepção, com a naturalidade que protegerá de algo artificial
(MERINO, 2015).
O arquiteto tende a transmitir em seus projetos as necessidades que seu cliente
almeja e para isso passa a ter uma integração direta com sua vida pessoal, conhecendo suas
histórias e raízes, criando um laço na criação do projeto.
A possibilidade de um imóvel transmitir a mensagem que seu dono almeja, é
assunto de desejo do arquiteto, onde cada vez mais, é procurado para criar projetos que
espelhem as necessidades do seu cliente. (RONCHETTI, 2015).
Peixoto; Farias (2015) tratam da importância do cliente por inspirar os diversos
elementos que compõem o espaço como as texturas, linhas, formas, cores, volumes,
padronagens e luz.
Vázquez (2015) discute a importância de que os arquitetos acompanhem o
comportamento das pessoas ao planejar as residências. Hoje, existem modelos familiares
completamente diferentes do que há vinte anos, mas as residências continuam sendo
projetadas do mesmo modo.
De acordo com Moretti (2015), um bom projeto de interiores mesclado aos reais
desejos de seus moradores, faz toda a diferença.
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4 PSICOLOGIA AMBIENTAL: VANTAGEM DE UM ESPAÇO


PLANEJADO.

Um espaço adequadamente planejado tem o poder de trazer à tona uma história de


vida alcançando todo público que ali frequenta, repassando a eles a sensação de conforto e
felicidade.
O bom projeto é aquele que tem a propriedade de transmitir aos ocupantes a
sensação confortante de sentir-se em casa, traduzindo suas necessidades e desejos.
(ROCHA; ROCHA, 2015).
As pesquisas sobre satisfação com a moradia apontam para o fato de que os
proprietários costumam ser mais satisfeitos com seus lares do que os inquilinos.
Determinadas mudanças nas características da casa podem melhorar a percepção subjetiva
dos moradores e dar lugar a sentimentos positivos, e que a falta de privacidade numa casa
contribui para o estresse. A sensação de perda do espaço individual pode ser originada por
elementos como paredes muito finas, janelas mal posicionadas e varanda muito aberta.
(TAMBARA, 2015).
Habitar é um processo sem fim de construir, arranjar, arrumar, modificar, cuidar e
embelezar os lugares. Neste processo, o homem se apropria dos espaços humanizando-os,
modificando-os para dotá-los de sua própria natureza. Humanizar espaços significa torná-
los adequados ao uso dos humanos; torná-los apropriados e apropriáveis. Apropriação
envolve a interação recíproca usuário/espaço, na qual o usuário age no sentido de moldar
os lugares segundo suas necessidades e desejos. Os lugares, em contrapartida, tornam-se
receptivos. Esta influência mútua entre usuário/espaço é a razão pela qual as pessoas e os
grupos encontram, ou não, sua identidade nos diversos lugares em que vivem. Os lugares
receptivos são aqueles com os quais as pessoas se sentem em perfeita harmonia e nos quais
elas encontram sua identidade individual e coletiva. A ambiência do ambiente é o que
possibilita esse processo comunicativo. (MALARD, 2015).
A psicologia está diretamente ligada ao design de interiores principalmente quando
o objetivo se trata de gerar a satisfação ao cliente, pois com o entendimento dos arquétipos
se faz possível entender o objetivo que seu público almeja.
Seja como for, identificar os fatores que promovem bem-estar, sentimentos e
emoções positivas, sensações agradáveis e satisfação com o lar tem sido a meta dos
psicólogos envolvidos na formulação de uma arquitetura da felicidade. Com isto, o foco da
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casa passa a ser o indivíduo e não apenas conceitos abstratos de estética ou funcionalidade
(TAMBARA, 2015)
São sutileza e o refinamento que tornam o ambiente acolhedor e belo, o que por sua
vez, propicia bem-estar e aconchego. Assim como na terapia, onde se busca o lugar de
poder e o porto seguro, assim também deve ser o lar (PINHEIRO, 2015, 122p).
Inicialmente escondido em grutas naturais, o homem foi pouco a pouco
personalizando sua habitação troglodita, acumulando tesouros e projetando suas fantasias
na decoração das paredes (ROCHA; ROCHA, 2015).
Podemos definir lar como uma construção de princípios e valores aonde se abriga
medo, dor, solidão, porém também remete ao bem estar, a uma sensação de conforto,
felicidade e paz, contrapondo o que se é chamado de casa no qual trata-se de uma mera
construção de “cimentos e tijolos”, ou seja, resume os matérias que ali são construídos.
Rybczynski (1996) afirma que lar reúne o significado de casa e família, moradia e
abrigo, de propriedade e afeição.
As reais necessidades individuais, hábitos específicos, aspectos culturais e sociais
destas pessoas são simplesmente descartados para dar lugar a uma fórmula pronta de
ambiente. Muitas vezes um ambiente personalizado é interpretado apenas em um patamar
meramente estético, não correspondendo satisfatoriamente com um modo de vida singular,
os hábitos e aspectos sociais específicos e não levando em conta o bem-estar ou a
convivência das pessoas. Nestes casos, a aparência é levada como o princípio e o fim da
concepção espacial. O estético não deveria ser determinante. (MERINO, 2015).
A escolha de estilos, cores, composições e peças oferece pistas sobre os traços da
personalidade dos moradores de uma casa. Como bem coloca o analista Hillman (1993),
existe relação entre os hábitos e as habitações, entre o interior da vida e o dos lugares em
que se vive.
O espaço que se habita espelha, tanto os comportamentos atuais, quanto traços mais
permanentes da personalidade. É no espaço doméstico que se mostram os aspectos
desagradáveis e os agradáveis. A casa, portanto, é um refúgio no qual se permite a
expressar integralmente. (SCARDUA, 2015).
Ainda de acordo com a autora, a sensação de conforto sentida ao retornar à casa
ativa a principal área do cérebro envolvida nas emoções e comportamentos necessários à
sobrevivência. Sentir-se seguro num espaço que se reconhece como sendo próprio – com a
cara do dono – ajuda a combater o estresse cotidiano, recuperando do desgaste diário que é
exigido nos espaços públicos, onde é preciso se adequar.
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A dimensão objetiva da ambiência diz respeito às sensações corpóreas que são


experimentadas na interação usuário/espaço/objetos. Neste sentido, um ambiente agradável
se define pela qualidade que oferece em termos de conforto térmico, acústico, lumínico e
dimensional. A dimensão objetiva da ambiência é também impregnada de subjetividade,
uma vez que não se pode separar o objeto/símbolo3 do objeto/signo4 quando se trata de
analisá-lo no contexto de uso. (MALARD, 2015).
Para Costa (2015), ao construir uma casa ou decorar um cômodo, as pessoas
querem mostrar quem são. O lar não é um refúgio apenas físico, mas também psicológico,
que guarda a identidade de seus habitantes. A casa representa o ser humano em seus
elementos mais fundamentais, em sua essência. Em suma, design, ou arquitetura de
interiores, não é uma tendência, é uma análise detalhada dos que ali habitarão. É
personalidade e, acima de tudo, a história de uma vida.

5 A FINALIDADE DOS MATERIAIS DECORATIVOS PARA A


RELAÇÃO HOMEM – AMBIENTE.

Os materiais decorativos expressam a identidade do seu público e, através dela, é


possível identificar se o mesmo alcançou satisfatoriamente seu objetivo.
No campo do design, há que se distinguir o que é objeto do que é produto no
contexto da cultura contemporânea. Produto é o artefato que homem fabrica. E, conforme
Maria Eugênia Dias de Oliveira (2004), o produto se torna objeto quando é investido da
função - signo, ou seja, quando passa a ser considerado como algo que comunica a função
que exerce. Assim, o homem não é só usuário do objeto, ele também se comunica através
do objeto.
Dessa forma, a sociedade atual passou de uma sociedade de produção, de
fabricação de produtos, para uma sociedade que produz conceito, produz funções - signo.
Roland Barthes (2001) afirma que a partir do momento em que existe sociedade, todo uso
torna-se signo daquele uso. O fato de existirem talheres em nossa sociedade indica o hábito

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Pode-se entender símbolo como um elemento concreto que representa uma noção abstrata. A relação entre o
símbolo e o conteúdo simbolizado, segundo o linguista Ferdinand de Saussure, é parcialmente motivada, ou
seja, a relação entre significante e significado é analógica.

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O signo é objeto de estudo de ciências como a Semiologia, a Semiótica e a Linguística, entre outras. Num
sentido amplo, considera-se signo um elemento (uma palavra, um objeto, um som, uma imagem etc.) que
representa outro elemento ou que lhe serve de substituto.
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de levar o alimento à boca com eles. Neste caso temos um exemplo de função - signo, já
que o objeto é funcional e ao mesmo tempo comunica a função que desempenha.
(OLIVEIRA, 2004).
Design de Interiores é uma evolução técnica e estética da Decoração. Com a
necessidade urbana de espaços cada vez mais detalhados e personificados aliado aos
avanços tecnológicos em equipamentos, materiais e uso destes espaços. Com esta
formação o profissional está apto a realizar alterações no layout, trabalhar gesso,
iluminação, projetar móveis, trocar revestimentos enfim, tudo o que for necessário para
que o seu projeto seja inovador, contemporâneo e correto dentro das Normas Técnicas
(OLIVEIRA, 2008).
Segundo Baudrillard, o arranjo diz respeito à configuração ordenada dos objetos
mobiliário de forma a desempenhar uma função - sala de jantar, quarto de dormir, etc., mas
também de forma a comunicar a estrutura hierárquica do grupo familiar, seus valores e
suas relações pessoais. E a importância desse conceito fica evidente quando ele afirma que
“[...] a configuração do mobiliário é uma imagem fiel das estruturas familiais e sociais de
uma época”. (BAUDRILLARD, 1973, p. 21).
Cada objeto carrega uma significação que muitas vezes não está aparente.
A felicidade perene é alcançada por aqueles que conseguem decodificar a realidade, e isso
só é possível através do conhecimento de como as coisas ao redor são afetadas, porque
tudo tem importância. E até o que parece um simples ornamento na decoração, tem, na
realidade, um significado próprio e uma função simbólica sensível à forma como as
pessoas recebem, ao que os seus olhares comunicam. Sensíveis ao tom de voz com que as
palavras são ditas, e muitas vezes o tom modifica totalmente a mensagem. Dependendo de
“como” algo é transmitido se determina a resposta em relação a isso. A própria escrita só
foi possível através da criação de códigos ou sinais, que não deixam de ser símbolos.
(VECCHI, 2008).
A sensação de se ter um ambiente único representa o desejo do cliente em
desenvolver um projeto que retrate suas características, suas raízes e acima de tudo a sua
personalidade.
É preciso ter em mente que a decoração de ambientes não se faz apenas através de
móveis. Os objetos decorativos, quando adequadamente escolhidos e posicionados em
locais estratégicos, colaboram com a criação de um ambiente único e ainda trazem
personalidade a sua casa. Os objetos de decoração atraem o olhar do visitante. Porém, eles
podem dizer muito mais. Através da disposição e dos objetos escolhidos, eles podem
transparecer o seu estilo, acrescentando um charme especial à decoração da casa. Assim, a
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inspiração vem no seu modo de viver a vida e na sua personalidade. Somado a isso, o
pensamento vem no tipo de pessoa que deseja receber e em qual mensagem você quer
transmitir. Isso tudo mostrará quem você é e como gosta de viver a vida. (VECCHI, 2008).

6 CONCLUSÃO

Foram apresentadas neste trabalho as vantagens de se ter um espaço


adequadamente planejado, comprovando assim, que interagindo de forma plena com o
meio em que se vive, é possível transmitir o verdadeiro sentimento de felicidade através do
bem estar que o meio proporciona.
A psicologia aliada ao design de interiores enaltece o convívio, a união da família
possibilita o bem-estar visto através do estudo da relação homem ambiente. Deste modo, o
ambiente ocupado se torna um lar quando a casa teve a identidade de seus ocupantes, e
transformou-se em um refúgio dos arquétipos físicos e psicológicos.
Foi exposto que os projetos deveriam levar em consideração a vida como um
todo. O design de interiores é o profissional especialista que elabora o espaço e é o
intérprete das necessidades do cliente. Quem discute e dá forma aos sonhos do que se
esperava da obra final, leva sempre em conta a personalidade, cultura e estilo de vida dos
que ali residem.
Com a decoração se torna possível realizar a interação entre o homem e o ambiente,
no qual valoriza-se suas características em busca da felicidade.
Cada material incorporado carregou em si um significado que muitas vezes não
esteve aparente, no qual se tornou mais claro à medida que a realidade de quem ali reside
foi decodificada.
Sendo assim, pode-se concluir que o espaço almejado respeitou as peculiaridades
dos residentes, pois casa e ser humano não deve ser pensado isoladamente. O bom projeto
é aquele que passa aos ocupantes o prazer de poder estar em casa.
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