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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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6.1. INTRODUÇÃO
O conjunto de riscos físicos existentes nas atividades laborais é contemplado nos anexos
de 1 a 10 da NR-15, que como discutido nos capítulos anteriores, trata de atividades e
operações insalubres. O risco físico ruído está descrito nos Anexos 1 (ruído contínuo ou
intermitente) e 2 (ruído de impacto).
Ruído
Radiação
não Frio
ionizante
Físicos
ionizantes
Pressões Umidade
Vibração
Embora, as fontes de ruído tenham se modificado com o passar dos anos, a reação
orgânica do homem moderno ao ouvir o barulho de uma buzina ou de uma motocicleta,
é semelhante àquela do homem das cavernas, ao ouvir um trovão ou o rugido de um
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leão. O ruído torna as pessoas alertas, tensas, em atitude de prontidão, e isso explica
muito dos seus efeitos negativos sobre a saúde e a qualidade de vida.
Quando se fala em som ou ruído, trata-se do mesmo fenômeno físico caracterizado por
uma vibração mecânica que se propaga através de um meio (gás, líquido ou sólido) em
um movimento ondulatório, como aquele produzido quando se atira uma pedra em um
lago tranquilo. Quando essa vibração estimula o aparelho auditivo, ela é chamada de
vibração sonora. Assim, o som é definido como um conjunto de vibrações ou ondas
mecânicas que podem ser ouvidas. O ruído é definido como uma mistura de sons.
Quando duas pessoas estão conversando, aquela que fala provoca uma vibração de suas
cordas vocais transmitida ao ar existente dentro da boca, produzindo variações da
pressão atmosférica, que se propaga até atingir o ouvido da outra.
A classificação da onda sonora em som ou ruído depende da sensação que ela provoca
em quem a ouve. Como abordado, chama-se de ruído o som que nos é desagradável,
indesejado ou que nos incomoda. Assim, alguns sons, como por exemplo, um show de
rock, podem ser agradáveis para alguns e extremamente incômodos para outros.
Independente da agradabilidade ou não do som, ele pode ser capaz de provocar danos à
saúde das pessoas, dependendo do tempo de exposição e do “volume”. Aquilo que se
conhece como “volume” do som, refere-se ao nível de pressão sonora (NPS) ou nível de
ruído e é medido na escala decibel (dB). Quanto maior o volume, ou seja, quanto maior
o nível de pressão sonora, maior o risco de dano auditivo, para o mesmo tempo de
exposição.
O ouvido humano não é igualmente sensível a todas as frequências, é mais sensível para
o ruído de frequência na faixa de 2 kHz a 5 kHz. Para compensar esta diferença na
sensibilidade humana, as medições do nível de ruído são feitas com um equipamento,
conhecido como decibelímetro, que tem um circuito de compensação eletrônico que
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tenta simular a resposta do ouvido e os resultados são lidos em dB (A). Para a Higiene
Industrial costuma-se denominar barulho como todo som que é indesejável. O ruído e o
barulho são interpretações subjetivas e desagradáveis do som. Para que uma vibração
seja considerada sonora é necessário que atenda às seguintes condições:
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P2
NPS 10 log 2
P0
2
P2 P P
NPS 10 log 2
10 log 20 log
P0 P0 P0
P
NPS 20 log 20 log P 20 log P0 20 log P 94dB
P0
Você sabia que:
10 dB é 10 vezes mais que 1 dB
20 dB é 100 vezes mais que 1 dB
30 dB é 1000 vezes mais que 1 dB?
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Estudos mostraram que o ouvido humano responde de maneira diferente nas diversas
frequências. Para simular tal comportamento, foram estabelecidas as curvas de
compensação A, B, C e D, as quais são descritas a seguir:
A Aproxima-se das curvas de audibilidade para baixos valores de NPS
B Médios valores de NPS
C Altos valores de NPS
D Padronizada para medições em aeroportos
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b) Audiodosímetros:
São instrumentos muito importantes para a caracterização da exposição
ocupacional ao ruído.
Constituído de aparelho e microfone.
Pode ser obtida a dose de ruído ou efeito combinado (D), e o nível
equivalente de ruído (LEQ) sem a necessidade do registro dos vários NPS e
tempo de exposição integração dos NPS.
Ex. Trabalhador que se desloca para vários locais em uma fábrica sob
diferentes níveis de ruído.
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O NPS resultante é sempre um pouco superior ao mais alto dos NPS em estudo.
O acréscimo a ser feito tem o valor máximo de 3 dB (A), quando os dois NPS
parciais são iguais.
A avaliação deve ser feita aos pares.
O acréscimo tende a zero à medida em que se acentua a diferença entre os NPS
parciais.
Para problemas práticos, interessa levar em conta o acréscimo quando a
diferença entre os dois NPS parciais é inferior a 16 dB. Fora desse caso, pode-se
admitir que o NPS resultante é praticamente igual ao NPS mais alto dos níveis
dados.
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1. Ouvido externo – formado pelo pavilhão auricular e pelo conduto auditivo, por onde
algumas vezes, erradamente, são introduzidos grampos, canetas e outros apetrechos.
Tem como função conduzir o som (que é uma vibração mecânica), até a membrana
timpânica, uma pequena e frágil membrana vibratória.
3. Ouvido interno – onde existem duas estruturas principais, o labirinto, cujos canais
semicirculares, dispostos nos planos vertical, horizontal e posterior, são responsáveis
pela percepção da posição no espaço e pelo equilíbrio do nosso corpo. E o caracol ou
cóclea, onde a informação recebida através da janela oval é transformada em um sinal
elétrico, transmitido através do nervo auditivo até o cérebro.
O movimento vibratório das moléculas (som) propaga-se pelo ar até o ouvido. Penetra
pelo conduto auditivo e vai até a membrana timpânica que começa a vibrar, como se
fosse um couro de tamborim, transmitindo seus movimentos para os três pequeninos
ossos, o martelo, a bigorna e o estribo.
O estribo, por sua vez, movimentando-se como se fosse uma vara de cuíca, como um
pistão, comprime a janela oval e, por conseguinte, o líquido que está no interior do
ouvido interno, a linfa. Formam-se ondas na linfa (semelhantes àquelas ondas da pedra
no lago), que provocam movimentos nos cílios das células de Corti, dentro da cóclea ou
caracol. As células ciliadas da cóclea transformam essa energia em estímulo nervoso. O
nervo auditivo capta esta informação e a transporta, ao cérebro que “entende” e faz a
tradução: música, barulho de trem, voz humana, etc.
1. Pavilhão auricular
2. Concavidade da Concha
3. Meato acústico externo
cartilaginoso
4. Meato acústico externo ósseo
5. Membrana timpânica
6. Trompa de Eustáquio
7. Cóclea
8. Martelo
9. Bigorna
10. Estribo
11. Cavidade timpânica (ouvido
médio)
12. Canais semicirculares
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Algumas substâncias químicas, dentre elas alguns medicamentos, podem causar danos
às preciosas células ciliadas, mas a pior e mais comum ameaça no ambiente de trabalho
é o excesso de ruído. Contudo, o efeito vai depender, não somente da intensidade, mas
também de outros fatores, principalmente da frequência do som e do tempo de
exposição ao ruído.
Além de danificar a célula ciliada do ouvido, o ruído pode provocar outros efeitos no
organismo, tais como: cansaço, irritabilidade, insônia, estado de alerta por período
prolongado, alterações da pressão arterial e sensação de zumbido. Ruídos muito
intensos (acima de 130 dB) podem causar dor nos ouvidos, e, se for de impacto, tipo
explosão, pode até provocar ruptura de tímpano, desarticulação da cadeia de ossículos e
sangramento (reveja o diagrama do ouvido).
Assim, o Ruído provoca efeitos auditivos e não auditivos causando problemas na saúde
e no desempenho e produtividade no trabalho, além de contribuir para os acidentes de
trabalho e doenças profissionais. Alguns efeitos primários são:
Taquicardia
Dores de cabeça
Aumento da pressão arterial
Perda total ou Diminuição da audição – PAIR
Infarto do miocárdio
Problemas sexuais
Problemas digestivos
Ansiedade
Depressão
Estresse
Etc.
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Trauma acústico: consiste numa perda auditiva de instalação súbita, provocada por
ruído repentino e de grande intensidade (exemplo, explosão ou detonação). Pode haver a
recuperação total ou parcial a depender do tipo de dano normalmente com a utilização
de anti-inflamatórios ou intervenções cirúrgicas, quando existe ruptura da membrana
timpânica e/ou desarticulação da cadeia ossicular.
Perda auditiva temporária: se dá após a exposição a ruído intenso, por um curto
período de tempo. Entretanto, um ruído capaz de provocar uma perda temporária será
capaz de provocar uma perda permanente, após longa exposição.
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foram incluídos nas leis trabalhistas como limites de exposição ao ruído, para mulheres
grávidas, nos ambientes de trabalho.
****Contudo, durante a gravidez, devem ser evitadas exposições a ruídos em níveis
superiores a 80 dB
Alguns médicos recomendam que o recém- nascido permaneça em ambientes calmos e
silenciosos, mesmo depois de sair da maternidade, porque seu ouvido é muito sensível.
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atenuação do ruído é expressa em NRR (noise reduction rate) a qual é função de cada
tipo de protetor
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EXERCÍCIO 9.
Existe uma diferença entre os termos Eficiência dos protetores e sua Eficácia. A
Eficiência de atenuação está relacionada à capacidade que os protetores têm de
amenizar os ruídos externos, ou seja, poder de redução ou nível de redução do ruído, a
qual é determinada em laboratório. Atualmente, no Brasil, são seguidos os critérios da
ANSI S12.6/1997 – método B, cujo resultado é denominado NRRsf (nível de redução
de ruído – “subject fit”), cujo resultado está explícito no certificado de aprovação
(C.A.), emitido pelo Ministério do Trabalho. No entanto, a Eficácia do protetor depende
de alguns fatores, que são os elementos da proteção efetiva:
Colocação e uso corretos
Qualidade da vedação no canal auditivo
Porcentagem do tempo de uso
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Atenuação oferecida
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7.1. Introdução
Tal como o ruído, as vibrações podem ser indesejáveis e perigosas, e estão presentes
nos locais de trabalho, nos transportes e até em casa.
Pelos efeitos nefastos deste agente físico sobre o homem, equipamentos e estruturas das
construções, há todo o interesse em desenvolver técnicas e equipamentos que possam
medi-las segundo determinados parâmetros a fim de avaliar riscos e proceder ao seu
controle.
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De uma forma geral, a análise em frequência das vibrações geradas por determinada
máquina produz um espectro com frequências de maior amplitude denominadas
componentes predominantes. Estas estão normalmente diretamente relacionadas com os
movimentos fundamentais das partes que compõem a máquina em análise, pelo que de
imediato é possível concluir qual ou quais os constituintes são os responsáveis pelas
vibrações encontradas.
O ser humano apercebe-se das vibrações numa gama de frequências que vai dos 0,1 aos
1000 Hz. Os efeitos são graduais em função da sua intensidade, isto é, as vibrações de
fraca intensidade afetam o bem-estar e o conforto das pessoas expostas e à medida que o
seu nível aumenta, provocam diminuição nas capacidades humanas, prejudicando a
execução de tarefas e, em consequência a segurança; as vibrações de forte intensidade,
em curto ou longo prazo, podem originar lesões fisiológicas e patologias graves. As
vibrações originam efeitos biomecânicos e fisiopatológicos distintos, conforme a banda
de frequência da estimulação vibratória.
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Outros problemas advindos da exposição à vibração são: cansaço, irritação, dores nos
membros, dores na coluna, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos
tecidos moles, risco de infarto agudo do miocárdio etc.
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Origem da
Vibração:
Frequência de vibração Máquinas, Efeito sobre o organismo
ferramentas ou
veículos tipo
- Estimulam o labirinto do ouvido
Vibrações de muito Transportes: aviões, esquerdo.
baixa frequência (< 1 comboios, barcos, - Perturbam o Sistema Nervoso Central
Hz) automóveis. (SNC). "mal dos transportes".
- Podem produzir náuseas e vómitos.
- Veículos de
- Patologias diversas ao nível da coluna
transporte de
vertebral, lombargias lombociáticas,
Vibrações de baixa mercadorias e
hérnias.
frequência (1 a 20 Hz) passageiros.
- Agravam lesões raquidianas menores e
- Veículos
incidem sobre perturbações devidas a
industriais.
más posturas.
- Tratores e
- Sintomas neurológicos: variação de
máquinas agrícolas.
ritmo cerebral, dificuldade de equilíbrio,
- Maquinaria e
inibição de reflexos.
veículos de obras
- Perturbações na visão: diminuição da
públicas.
acuidade visual.
- Perturbações osteoarticulares
observáveis radiologicamente tais como:
Ferramentas artroses, lesões de pulso.
manuais rotativas - Perturbações tendinosas
alternativas ou - Afecções angioneurológicas da mão
Vibrações de alta
percutoras, tais que acompanham perturbações na
frequência (20 a 1000
como polidoras, sensibilidade. A sua expressão vascular
Hz)
lixadoras, manifesta-se por crises do tipo de "dedo
motoserras, martelos branco" chamada síndrome de Raynaud.
pneumáticos, etc. - Aumento da incidência de afecções do
aparelho digestivo (hemorroidas, dores
abdominais, etc.)
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Cada uma das partes do corpo quando submetida ao efeito das vibrações não se
comporta da mesma forma. Tudo se passa como se a cabeça, o tórax e a bacia tivessem
a sua própria massa autônoma. Os efeitos são mais fortes quando a frequência das
vibrações se situa em valores próximos da frequência de ressonância. As vibrações de
frequências entre 20-30 Hz geralmente são atenuadas pelos tecidos moles. As
articulações podem constituir filtros.
2. Vibração Localizada:
Usar ferramentas com características antivibratórias
Utilizar luvas antivibração
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8.1. INTRODUÇÃO
O Ambiente Térmico desempenha um papel importante no melhoramento das condições
de trabalho. Conforto térmico pode ser definido como "o estado de espírito em que o
indivíduo expressa satisfação em relação ao ambiente térmico". Este estado é obtido
quando um indivíduo está numa condição de equilíbrio com o ambiente que o rodeia, o
que significa que é possível a manutenção da temperatura dos tecidos constituintes do
corpo, num domínio de variação estrito, sem que haja um esforço sensível.
Esta perda de calor efetua-se segundo as leis da física de troca de calor (por condução,
por convecção, por radiação), e fisiologicamente pela evaporação/condensação e pela
respiração. A temperatura do ambiente é importante porque determina a velocidade com
que o calor do corpo pode ser transferido para o ambiente e, assim, a facilidade com que
o corpo pode regular e manter uma temperatura adequada.
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Fundições
Etc. Usinas
Ar livre Padarias
Calor
Excessivo Fábricas de
Siderúrgicas
vidro
Indústrias Indústrias
metalúrgicas de papel
Olarias
Além do aspecto de melhoria na produção outro aspecto que deve ser tomado em conta
é que, se o ambiente estiver acima do limite de tolerância estabelecido pelo Ministério
do Trabalho o ambiente será considerado insalubre, portanto, gerará mais custos à
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empresa que terá que pagar a insalubridade aos funcionários e uma taxa maior à
Previdência. Além disso, o afastamento de funcionários devido a doenças ocupacionais
será maior.
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trabalhador está exposto junto a uma ou várias fontes de calor, ocorrem as trocas
térmicas entre o ambiente e o organismo, as quais são mostradas abaixo.
C E
R M
Fonte de Calor
S=M±C±R-E
Onde:
M – calor produzido pelo metabolismo
C - Calor ganho ou perdido por condução/convecção
R – Calor ganho ou perdido por radiação
E – Calor perdido por evaporação
S – Calor acumulado no organismo (sobrecarga térmica)
Quando o valor de S for igual a zero significa que o corpo se encontrará em equilíbrio
térmico ou homeotérmico.
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Convecção (C): É idêntico ao anterior, com exceção de que as trocas energéticas se dão
através de um fluido em movimento. Desse modo, quando o trabalhador se encontra
próximo a uma fonte de calor, pelo mecanismo de condução/convecção esse calor é
transferido para o corpo do indivíduo.
Radiação (R): Quando a transferência de calor ocorre sem qualquer suporte material. A
energia radiante passa por meio do ar sem aquecê-lo apreciavelmente, aquecendo
somente a superfície atingida. Consiste na transmissão de energia por meio de ondas
eletromagnéticas. Exemplo: radiação emitida pelo sol.
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5. Tipo de atividade quanto mais intensa for a atividade física exercida pelo
trabalhador, maior será o calor produzido pelo metabolismo, constituindo, portanto,
parte do calor total ganho pelo organismo.
Consequências da Hipertermia
Caso a vasodilatação periférica e a sudorese não sejam suficientes para manter a
temperatura do corpo em torno de 37º C, haverá conseqüências para o organismo que
podem se manifestar das seguintes formas:
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Existem diversos índices que correlacionam as variáveis que influem nas trocas
térmicas entre o indivíduo e o meio e, dessa forma, permitem quantificar a severidade
da exposição ao calor. Entre esses índices, os mais conhecidos são:
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Calor
Conforto Sobrecarga
térmico Térmica
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O IBUTG foi instituído pela Portaria nº 3.214/78, NR-15, anexo 3, foi adotado como
Índice de Avaliação das condições de insalubridade.
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Sendo:
IBUTG – índice de bulbo úmido termômetro de globo
Tbn – temperatura de bulbo úmido natural
Tbs – temperatura de bulbo seco
Tg – Temperatura do globo
Instrumentos de medição
Para medição do IBUTG são necessários os seguintes termômetros: Tbn, Tg e Tbs.
Esses parâmetros podem ser obtidos através de uma “Árvore de Termômetros” ou de
medidores eletrônicos conhecidos como de Estresse Térmico. No último caso, o
equipamento pode fornecer diretamente o valor do IBUTG.
2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido
natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum.(115.007-3/ I4)
3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da
região do corpo mais atingida. (115.008-1/I4)
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Quadro 1
REGIME DE TRABALHO TIPO DE ATIVIDADE
INTERMITENTE COM
DESCANSO NO PRÓPRIO LEVE MODERADA PESADA
LOCAL DE TRABALHO
Trabalho contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0
45 minutos trabalho
30,1 à 30,6 26,8 à 28,0 25,1 à 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
30,7 à 31,4 28,1 à 29,4 26,0 à 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 à 32,2 29,5 à 31,1 28,0 à 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho
sem adoção de medidas Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0
adequadas de controle
Quadro 2
M (Kcal/h) MÁXIMO IBUTG
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
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Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela
seguinte fórmula:
M t Tt M d Td
M
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Sendo:
Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho.
Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.
Md - taxa de metabolismo no local de descanso.
Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.
IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte
fórmula:
IBUTGt Tt IBUTGd Td
IBUTG
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Sendo:
IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho.
IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso.
Tt e Td = como anteriormente definidos.
Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de
trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos.
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Quadro 3
TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h
SENTADO OU REPOUSO 100
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: 125
datilografia)
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir) 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com
braços 150
TRABALHO MODERADO
Sentado movimentos vigorosos com braços e pernas 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma
movimentação 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma
movimentação 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar
300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos 440
Trabalho fatigante 550
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1. Local de trabalho
Atividade: carregamento de forno taxa de metabolismo de 440 kcal/h
(Quadro 3)
IBUTGt de 31º C
Tempo de trabalho (Tt) de 20 minutos
2. Local de descanso
Trabalho: sentado fazendo anotações
IBUTGd de 23º C
Tempo de descanso (Td) de 40 minutos
Taxa de metabolismo igual a 150 kcal/h (Quadro 3)
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Eliminação/Neutralização da insalubridade
A insalubridade por calor só poderá ser eliminada através de medidas no ambiente ou
reduzindo-se o tempo de permanência nas fontes de calor, de forma que a taxa de
metabolismo fique compatível com o IBUTG. A neutralização por meio de EPI não
ocorre, pois não é possível determinar se estes reduzem a intensidade de calor a níveis
abaixo dos limites de tolerância. Os EPIs (blusões de manga) muitas vezes podem até
prejudicar as trocas entre o organismo e o ambiente. Entretanto, os EPIs devem ser
sempre utilizados, uma vez que protegem os empregados dos riscos de acidentes de
doenças ocupacionais.
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O limite da perda por sudação é de 4 litros nas 8 horas de trabalho, ou seja, meio litro
por hora, devendo a reposição ser feita regularmente ao longo do dia de trabalho, com
bebidas frescas (12 a 13 ºC) ou mornas (chá ou café muito fracos), não sendo permitidas
as bebidas alcoólicas e limitando a ingestão de sucos de frutas e leite a 1 litro.
As refeições destes trabalhadores devem ser ligeiras e pobres em lipídeos.
Devem-se afastar dos postos de trabalho em que existe exposição excessiva ao calor, os
indivíduos com afecções cardiovasculares, respiratórias, renais e os obesos.
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Bases: são substâncias capazes de liberar íons hidroxila (OH–), quando em reação com
meios aquosos.
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Substâncias Corrosivas: são agentes químicos que causam destruição de tecidos vivos
e/ou materiais inertes.
Substâncias Explosivas: são agentes químicos que pela ação de choque, percussão,
fricção, produzem centelhas ou calor suficiente para iniciar um processo destrutivo
através de violenta liberação de energia.
Substâncias Irritantes: são agentes químicos que podem produzir ação irritante sobre a
pele, olhos e trato respiratório.
Substâncias Nocivas: são agentes químicos que, por inalação, absorção ou ingestão,
produzem efeitos de menor gravidade.
Substância Química: é todo o agente que contém uma atividade potencial intrínseca,
capaz de interferir em um sistema biológico levando a um dano, lesão ou injúria,
quando absorvido pelas diversas vias de penetração.
Poeiras: são partículas sólidas, com diâmetro maior que 0,5 micras, que podem
apresentar-se em suspensão no ar, geradas de materiais orgânicos ou inorgânicos, como
rochas, minérios, metais, carvão, madeira, produzidos por desintegração, trituração,
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Fumos: são partículas sólidas (de diâmetro menor que 0,5 micras) geradas pela
condensação de compostos metálicos, geralmente após volatilização de metais fundidos.
Exemplo: óxidos metálicos (ZnO, CuO, FeO).
Névoa: gotículas (de diâmetro maior que 0,5 micras) resultantes da dispersão de
líquidos, por ação mecânica.
Neblina: são partículas líquidas em suspensão no ar, formadas pela passagem rápida do
ar nos líquidos ou pela condensação de umidade atmosférica formando moléculas de
gases ou vapores. As neblinas difundem-se em maior extensão que os fumos. As
partículas que constituem uma neblina apresentam diâmetro inferior a 0,5 micras.
Vapores: são formas gasosas das substâncias que estão normalmente no estado sólido
ou líquido, em possível equilíbrio com sua fase líquida, e que podem voltar para seu
estado natural por aumento ou diminuição da temperatura.
Aerossol: partícula sólida ou líquida dispersa por um longo período de tempo no ar.
9.2. Introdução
No século XIII, já se sabia que qualquer substância é tóxica, dependendo da dose. No
entanto, muitas vezes utilizam-se substâncias químicas, como detergente, aguarrás,
querosene, sem que se perceba o risco que elas representam. Isto acontece
frequentemente por se desconhecer que aquela substância é tóxica.
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As pessoas que trabalham com agentes químicos acostumam-se a trabalhar com esses
produtos e não sentem mais alguns sintomas, como ardência e cheiro desagradáveis.
Entretanto, isso não significa que elas não estejam atuando no organismo já que o risco
de danos para a saúde é crescente e os efeitos, muitas vezes, demoram anos para se
manifestar, podendo até se tornar irreversíveis.
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Existe uma relação direta entre a frequência e a duração da exposição na toxicidade dos
agentes tóxicos. A toxicidade de uma substância pode ser classificada de acordo com os
seguintes critérios:
2. Segundo a severidade
a) leve: é aquela em que os distúrbios produzidos no corpo humano são
rapidamente reversíveis e desaparecem com o término da exposição ou sem
intervenção médica.
b) moderada: é aquela em que os distúrbios produzidos no organismo são
reversíveis e não são suficientes para provocar danos físicos sérios ou prejuízos
à saúde.
c) severa: é aquela em que ocorrem mudanças irreversíveis no organismo humano,
suficientemente severas para produzirem lesões graves ou a morte.
O uso crescente de substâncias químicas nas diversas atividades pelo homem aumenta a
possibilidade da interação de efeitos dos agentes tóxicos. A interação química pode ser
classificada nos seguintes tipos:
a) sinergismo: quando o efeito combinado de dois agentes químicos é maior do que
a soma de cada agente dado isoladamente. Quando as ações tóxicas são mais que
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
A substância tóxica pode causar mal, mas isto só acontece quando ela entra em contato
com o corpo. A probabilidade de ela penetrar no organismo chama-se risco tóxico. O
risco depende de tudo o que contribui para que a substância entre em contato com o
organismo:
a temperatura (quanto mais alta, maior o risco);
propriedades físico-químicas da substância
o estado da substância (em geral, os gases representam risco maior do que os
líquidos);
vias de exposição
propriedades metabólicas
a forma de embalar e transportar a substância.
Em linhas gerais, o risco não depende da toxicidade. Por exemplo, o tolueno que está
dentro de um tambor fechado representa um risco potencial de intoxicação, que só vai
ocorrer se houver vazamento. O risco para o operador durante uma operação de
carregamento é ainda maior. E se não for utilizado o procedimento correto durante uma
limpeza de tanque com trapos embebidos em tolueno, o confinamento do ambiente irá
contribuir para que o organismo absorva o produto pelos pulmões e pele. É o mesmo
tolueno, a mesma toxicidade, mas são três graduações de risco tóxico diferentes.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
No local onde a substância entra em contato, pele, olhos, nariz, pode causar irritação,
ardência, ressecamento ou outras reações, são os chamados efeitos locais. Por exemplo,
os ácidos causam queimaduras, dependendo da concentração. Mas algumas reações
acontecem longe do local de contato, são os efeitos sistêmicos. Exemplo: o dano que o
tetracloreto de carbono e o álcool etílico causam ao fígado é um efeito sistêmico.
Dicas Importantes
1. A substância química somente irá causar algum dano se houver contato com o
organismo. Por isso, a proteção é tão importante.
2. Substâncias hidrossolúveis (solúveis em água) têm uma probabilidade maior de
causar efeitos locais. É o caso da soda cáustica e dos ácidos.
3. Algumas substâncias atravessam a pele ou outras barreiras do organismo chegando ao
sangue. São substâncias lipossolúveis, ou seja, solúveis em gorduras. Todos os
solventes derivados do petróleo são lipossolúveis.
4. A mesma substância pode causar efeitos diferentes, dependendo da quantidade.
5. Pode-se trabalhar com uma substância muito tóxica e o risco ser pequeno, como o
caso da substância no tambor, que só vai causar intoxicação se houver vazamento.
6. Pode-se trabalhar com uma substância pouco tóxica e o risco de intoxicação ser alto.
É o caso de limpeza de locais sem ventilação adequada com nafta ou outros solventes.
7. Ao entrar em contato com o organismo, se a substância conseguir atravessar a pele ou
outras barreiras, ela entra no caminho da toxicocinética, abordado a seguir.
Toxicocinética
É a peregrinação ou distribuição das substâncias químicas no organismo.
Sendo “T” uma substância tóxica que não pertence ao organismo. Se ela estiver no
ambiente, pode entrar em contato com o corpo através de:
– via respiratória – quando “T” apresenta-se como gás ou vapor;
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Quando “T” consegue entrar no organismo e chegar até o sangue, diz-se que foi
absorvida. É o processo de Absorção.
Após absorção, “T” é levado pelo sangue para todos os lugares do organismo. É o
processo de Transporte e Distribuição.
Quando “T” encontra um local pelo qual tem afinidade, fica armazenada. É o caso do
solvente que fica armazenado na gordura. Este processo chama-se Armazenamento.
No fígado, “T” é transformado. É o processo de Biotransformação.
E, finalmente, os rins eliminam “T” do organismo. É o processo de Eliminação.
Dicas Importantes
1. As substâncias podem ser absorvidas, principalmente, por via respiratória, digestiva e
através da pele.
2. As substâncias, depois de absorvidas, são distribuídas pelo sangue.
3. O fígado é o principal local de transformação das substâncias.
4. Algumas substâncias ficam armazenadas em alguns locais do organismo.
5. As substâncias podem ser eliminadas pelo ar exalado, pela urina e todas as outras
secreções do organismo – lágrimas, suor, saliva, etc.
6. Durante esta permanência no organismo, as substâncias podem ou não provocar
efeitos tóxicos, que serão estudados na toxicodinâmica.
Toxicodinâmica
É o estudo das modificações que “T” provoca no organismo.
Os efeitos que podem acontecer nas primeiras 24 horas após o contato são os chamados
efeitos imediatos. É o caso da queimadura pelo fenol, que se manifesta na hora do
contato.
Outros efeitos ocorrem com mais de 24 horas após o contato são os chamados efeitos
tardios. Entre estes estão o câncer e as doenças do sistema nervoso. Levam, às vezes,
anos para se manifestarem e por isso é mais difícil descobrir qual o agente causador.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Os riscos químicos presentes nos locais de trabalho são encontrados na forma sólida,
líquida e gasosa. Classificam-se em: poeiras, fumos, névoas, gases, vapores, neblinas e
substâncias, compostos e produtos químicos em geral. Aerodispersóides são formados
pela poeira, fumo, névoa e neblina, podendo está na forma sólida ou líquida.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
b) Toxicidade: pode causar enfermidade tanto por inalação quanto pela pele ou
ingestão. Ex.: metais como chumbo (tintas que contém chumbo, baterias de automóveis,
pilhas, soldas, e emissões industriais), mercúrio, arsênico, cádmio, manganês, cromo,
etc.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
e) Efeitos sobre o Sistema Nervoso: ocorrem quando a substância tem afinidade pelo
sistema nervoso e afetam tanto o cérebro quanto os nervos situados em outros lugares
do corpo. O sistema nervoso é altamente sensível aos solventes industriais porque é
formado, em grande parte, por gordura. Assim, todos os solventes industriais, sejam
éter, tolueno, xileno, hexano, fenol e outros, causam uma sensação de euforia em
pequenas doses. Em doses maiores causam sensação de embriaguez, diminuição da
coordenação motora, sonolência, podendo chegar ao coma e à morte. Pequenas doses
diárias podem causar insônia, irritabilidade, alterações de humor, dificuldade de
concentração e mesmo sensação de dormência e formigamento. As alterações no
sistema nervoso são, muitas vezes, as que primeiro se manifestam. Podem, também,
provocar mudanças no comportamento ou uma tendência maior a acidentes.
g) Mutagênese: é uma modificação na célula, que fica com a forma e/ou função
alteradas. Podem ocorrer diversos fenômenos, entre eles, a formação de tumores
benignos ou malignos (câncer). Estes podem demorar a aparecer, ou se manifestar em
outras gerações (filhos, netos, bisnetos, etc.).
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Pele: Quando uma substância de uso industrial entra em contato com a pele, podem
acontecer as seguintes situações:
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Vapores: Fase gasosa de uma substância que, a 25°C e 760 mm Hg, torna-se líquida ou
sólida. O vapor pode passar para o estado líquido ou sólido atuando-se sobre a pressão
ou sobre sua temperatura. Exemplo: vapores de água, vapores de gasolina.
Portanto, a principal diferença entre gases e vapores é a concentração que pode existir
no ambiente. Como para a Higiene Industrial as concentrações que interessam são
pequenas, normalmente situando-se abaixo das concentrações de saturação, não se torna
necessário distinguir os gases dos vapores, sendo ambos estudados em conjunto.
9.6.2. Classificação
Os gases e vapores podem ser classificados como combustíveis, tóxicos e asfixiantes.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Já os gases tóxicos podem causar vários efeitos prejudiciais à saúde humana, sendo
estes diretamente dependentes da concentração ao tempo de exposição. Como exemplos
dessa categoria podem ser citados o monóxido de carbono (CO), gás sulfídrico (H2S),
gás cianídrico (ganhou destaque após o incêndio de Santa Maria), etc. Vários gases
tóxicos possuem limites de tolerância, os quais são dependentes do tipo de composto e
do subsequente mal que podem fazer se inalado.
Por fim os gases asfixiantes são definidos como aqueles que fazem diminuir a
concentração de oxigênio na célula, provocando a sua falência e podendo levar à morte.
Como abordado anteriormente os gases asfixiantes são divididos em simples (mais
perigosos em ambientes confinados como N2, gases anestésicos, etc.) e químicos
(provocam asfixia independente do local ser confinado ou não).
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
É importante notar que a Permissão de Entrada e Trabalho (PET) é válida somente para
cada entrada.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Indústria Gráfica
Indústria Alimentícia
Indústria da Borracha
Couro e Têxtil
Indústria Naval e operações Marítimas
Indústrias Químicas e Petroquímicas
Serviços de gás
Serviços de águas e esgoto
Serviços de eletricidade
Serviços de telefonia
Construção civil
Beneficiamento de minérios
Siderúrgicas e metalúrgicas
Agricultura
Agroindústria
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
c) Das Responsabilidades
Cabe ao Empregador:
a) indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimento da NR-33;
b) identificar os espaços confinados existentes no estabelecimento;
c) identificar os riscos específicos de cada espaço confinado;
d) implementar a gestão em segurança e saúde no trabalho em espaços confinados,
por medidas técnicas de prevenção, administrativas, pessoais e de emergência e
salvamento, de forma a garantir permanentemente ambientes com condições
adequadas de trabalho;
e) garantir a capacitação continuada dos trabalhadores sobre os riscos, as medidas
de controle, de emergência e salvamento em espaços confinados;
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
f) garantir que o acesso ao espaço confinado somente ocorra após a emissão, por
escrito, da Permissão de Entrada e Trabalho, conforme modelo constante no
anexo II da NR-33;
g) fornecer às empresas contratadas informações sobre os riscos nas áreas onde
desenvolverão suas atividades e exigir a capacitação de seus trabalhadores;
h) acompanhar a implementação das medidas de segurança e saúde dos
trabalhadores das empresas contratadas provendo os meios e condições para que
eles possam atuar em conformidade com a NR-33;
i) interromper todo e qualquer tipo de trabalho em caso de suspeição de condição
de risco grave e iminente, procedendo ao imediato abandono do local; e
j) garantir informações atualizadas sobre os riscos e medidas de controle antes de
cada acesso aos espaços confinados.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Medidas administrativas:
a) manter cadastro atualizado de todos os espaços confinados, inclusive dos
desativados, e respectivos riscos;
b) definir medidas para isolar, sinalizar, controlar ou eliminar os riscos do espaço
confinado;
c) manter sinalização permanente junto à entrada do espaço confinado, conforme o
Anexo I da NR-33;
d) implementar procedimento para trabalho em espaço confinado;
e) adaptar o modelo de Permissão de Entrada e Trabalho, previsto no Anexo II
desta NR, às peculiaridades da empresa e dos seus espaços confinados;
f) preencher, assinar e datar, em três vias, a Permissão de Entrada e Trabalho antes
do ingresso de trabalhadores em espaços confinados;
g) possuir um sistema de controle que permita a rastreabilidade da Permissão de
Entrada e Trabalho;
h) entregar para um dos trabalhadores autorizados e ao Vigia cópia da Permissão de
Entrada e Trabalho;
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Providências da empresa:
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Medidas de Segurança:
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9.7. Aerodispersóides
São formados por uma dispersão de partículas sólidas ou líquidas no ar, de tamanho
reduzido, que pode variar entre um limite superior, não bem definido e que pode-se
fixar entre 100 e 200 micra, até um limite inferior da ordem de 0,5 micro, no caso de
poeiras. Em aerossóis formados por condensação (fumos), o tamanho da partícula varia
comumente entre 0,5 e 0,001 mícron. Os aerodispersóides podem ser divididos em:
Poeiras: são partículas sólidas de tamanho muito variado, produzidas por ruptura
mecânica de sólidos e geradas no manuseio de sólidos a granel (como grãos), na
britagem ou moagem de minérios, na detonação para desmonte de rochas; no lixamento
de madeiras ou concretos, ou peneiramento de material orgânico ou inorgânico. Ex:
Poeira de sílica, asbesto e carvão.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
partículas, depois de algum tempo não serão mais vistas, podendo existir ainda
partículas em suspensão menores não visíveis ao olho nu.
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A principal doença provocada apelos fumos é a febre dos fundidores. Esta doença tem
caráter benigno, mas provoca um absenteísmo grande na indústria, trazendo prejuízos.
Além desta, outros óxidos provocam intoxicações violentas e mortais, como, por
exemplo, os de chumbo, berílio, cádmio, etc.
Depois das poeiras de sílica, podemos considerar como o risco mais comum existente
nos ambientes de trabalho os fumos metálicos. E destes os que mais doenças
profissionais têm causado são o de chumbo e seus compostos, por serem os mais
comuns na indústria e dos mais tóxicos.
O principal método de controle empregado para fumos é evitar-se que ele se forme ou
pelo menos que se espalhe no ambiente. Podemos também, em casos externos, diminuir
o tempo de exposição dos trabalhadores aos fumos.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Névoas: são partículas líquidas, produzidas por ruptura mecânica de líquidos, tais como
nebulização, borbulhamento, spray, respingo. Como exemplos podemos citar as névoas
de ácidos em geral oriundos dos processos de eletrólise, de solventes na pintura à
revolver, etc. A pulverização de agrotóxicos produz névoas. Uma doença ocupacional
associada a este tipo de atividade é o câncer. Atualização de tintas em spray utilizada
solventes os mais diversos um deles é o chumbo que já teve seus efeitos sobre o
organismo citado anteriormente.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Uma FISPQ deve ser aplicada a um produto químico como um todo. A informação a ser
fornecida em uma FISPQ não pode ser confidencial. As informações referentes ao(s)
perigo(s) de substância(s) ou mistura(s) consideradas confidenciais devem ser
fornecidas, para não comprometer a saúde e a segurança dos usuários. Não é necessário
informar a composição completa. As condições adotadas para a proteção do segredo
industrial não podem comprometer a saúde e a segurança dos trabalhadores ou
consumidores, e a proteção do meio ambiente. Por este motivo, os perigos associados a
produtos químicos perigosos protegidos por estes critérios devem ser divulgados na
FISPQ, ainda que as informações relativas à composição do produto químico perigoso
não sejam completamente fornecidas.
O usuário da FISPQ é responsável por agir de acordo com uma avaliação de riscos,
tendo em vista as condições de uso do produto, por tomar as medidas de precaução
necessárias numa dada situação de trabalho e por manter os trabalhadores informados
quanto aos perigos relevantes no seu local de trabalho.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Uma FISPQ deve fornecer as informações sobre o produto químico nas seções abaixo,
cujos títulos, numeração e sequência não podem ser alterados:
1. Identificação do produto e da empresa
2. Identificação de perigos
3. Composição e informações sobre os ingredientes
4. Medidas de primeiros-socorros
5. Medidas de combate a incêndio
6. Medidas de controle para derramamento ou vazamento
7. Manuseio e armazenamento
8. Controle de exposição e proteção individual
9. Propriedades físicas e químicas
10. Reatividade e estabilidade
11. Informações toxicológicas
12. Informações ecotoxicológicas
13. Considerações sobre tratamento e disposição
14. Informações sobre transporte
15. Regulamentações
16. Outras informações
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Podem ser citados alguns exemplos de produtos que exigem FISPQ para materiais de
construção, sólidos ou líquidos, tais como:
materiais particulados (filler e adições minerais, como sílica ativa, metacaulim,
cinzas, escória, etc.)
argamassas, grouts e concretos ensacadas
cal hidratada
cimentos e outros ligantes
espumas de vedação
fibras sintéticas e minerais
gesso
pigmentos
aditivos de concreto
agentes de cura de concreto
selantes e vedantes
desmoldantes
hidrofugantes
impermeabilizantes
combustíveis (diesel, querosene,etc.)
biocidas em geral, tais como isotiazolona, carbendazina, carbamatos, CCA
(cromo, cobre, arsênio) ou CCB (cromo, cobre, boro), bem como materiais
tratados
solventes, removedores e limpadores em geral como: limpadores de placas
cerâmicas, ácido clorídrico, etc.
resinas
tintas
vernizes
Estes exemplos gerais são citados devido à composição prevista apresentar produtos
químicos reconhecidamente perigosos, no entanto, uma avaliação deve ser feita caso a
caso, com cada produto, levando em consideração a composição química (concentração
de cada ingrediente) e a forma de apresentação do produto.
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Onde: L.T. = Limite de tolerância para o agente químico, segundo o Quadro 1. F.D. =
Fator de desvio, segundo definido no Quadro 2.
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QUADRO 2
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Situação 1:
35
30
Concentração (ppm)
25
20
15
10
0
0 2 4 6 8 10
Tempo (horas)
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Situação 2:
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Algumas substâncias que possuem limite de tolerância podem também ter no Quadro 1
a coluna de “absorção também pela pele” marcada. Ou seja, tais compostos possuem
ação generalizada sobre o organismo, podendo, também, ser absorvidos por via cutânea.
Em termos de avaliação de insalubridade faz-se exatamente como explicado
anteriormente, mas o trabalhador é obrigado a utilizar EPI para evitar o ingresso no
organismo pela pele intacta, membranas, mucosas ou olhos. São exemplos de
substâncias pertencentes a esse grupo a anilina, tolueno, fenol, etc.
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Por fim, existe um grupo de substâncias que possuem efeito extremamente rápido no
organismo e que tem no Quadro 1 a coluna de “absorção também pela pele” marcada.
Ou seja, tais compostos possuem rápida ação generalizada sobre o organismo, podendo,
também, ser absorvidas por via cutânea. Em termos de avaliação de insalubridade faz-se
exatamente como explicado anteriormente quando a coluna de “valor teto” está
marcada, mas o trabalhador é obrigado a utilizar EPI para evitar o ingresso no
organismo pela pele intacta, membranas, mucosas ou olhos. Nesse caso também não é
aplicado o fator de desvio, sendo VM = LT. São exemplos desta categoria de
substâncias o sulfato de metila, álcool n-butílico, etc.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Alguns gases e vapores, em altas concentrações no ar, atuam como asfixiantes simples,
isto é, deslocam o oxigênio do ar, sem provocar outros efeitos fisiológicos
significativos. Não possuem LT, pois o fator limitante é o oxigênio disponível, devendo
ser avaliada a quantidade de oxigênio no ar, sendo de 18% o valor mínimo permissível.
Ou seja, os gases asfixiantes não conferem ao trabalhar direito a adicional de
insalubridade, mas podem caracterizar uma situação de risco grave e iminente. São
exemplos desses gases o acetileno, argônio, etano, etc.
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9.11.1. Introdução
As medidas de controle para poluentes químcos (gases e vapores e aerodispersóides)
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Em relação aos riscos biológicos, vários tipos de profissionais estão expostos a micro-
organismos nos locais de trabalho, os quais podem adentrar no organismo do
trabalhador por meio de várias rotas como:
Via respiratória (nariz, boca e pulmões);
Percutânea (pele);
Digestiva (boca e tubo digestivo);
Parenteral (feridas, corte e arranhões).
Bactérias
Etc. Vírus
Riscos
Biológicos
Fungos Protozoários
Bacilos
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11.1. Introdução
Um dos grandes marcos da história da civilização humana foi o domínio do fogo pelo
homem. A partir daí, foi possível aquecer líquidos, preparar alimentos, fundir metais
para fabricação de utensílios e máquinas, etc. Essa conquista possibilitou o
desenvolvimento e progresso da sociedade, ainda que associado a essa descoberta tenha
surgido o risco de incêndio. Podem ser citados como exemplos de incêndios ocorridos
no Brasil:
15/12/1961 - Incêndio no Gran Circus Norte-Americano que estreou em Niterói
com 503 mortos;
24/02/1972 - Incêndio no Edifício Andraus em São Paulo (Brasil) com 16
mortos;
30/03/1972 - Incêndio na Refinaria Duque de Caxias, Rio de Janeiro (Brasil)
com 38 mortos;
01/02/1974 - Incêndio no Edifício Joelma, São Paulo (Brasil), 179 mortos;
25/02/1984 - Explosão de gasoduto em Cubatão, Santos (Brasil) com 93 mortos,
17/02/1986 - Incêndio no Edifício Andorinhas, Rio de Janeiro (Brasil) com 20
mortos;
27/01/2013 – Incêndio na Boate Kiss, Santa Maria (Brasil) com 242 mortos;
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23.3 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente assinaladas por meio
de placas ou sinais luminosos, indicando a direção da saída.
23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa durante a
jornada de trabalho.
23.5 As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de travamento que
permitam fácil abertura do interior do estabelecimento.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Fogo é sinal visível de um certo tipo de reação química, e pode ser definido como sendo
a combustão de um ou mais materiais, com liberação de energia. Por outro lado,
incêndio é uma reação de combustão fortemente exotérmica e que se desenvolve,
geralmente, de uma forma descontrolada quer no tempo, quer no espaço.
Ao ser o combustível submetido a uma fonte de calor, quer seja proveniente de uma
chama, atrito, eletricidade, reação química, são liberados vapores do combustível, e
estes combinam-se com o oxigênio do ar atmosférico, após seu craqueamento – quebra
das moléculas em menores partes. Consequentemente, o processo dará lugar a uma série
de reações químicas que caracterizarão a Reação em Cadeia liberando quantidades cada
vez maiores de calor, e esta por sua vez realimentará todo o processo de combustão.
Tal reação em cadeia vai formar o quadrado ou tetraedro do fogo, substituindo o antigo
triângulo do fogo. Elas são reações intermédias que conduzem à formação de produtos
intermédios, ou também denominados de radicais livres, os quais vão reagindo com
outras moléculas presentes na chama até se formarem os produtos finais da combustão:
CO2
H2O
Óxidos de nitrogênio (NOx)
Óxidos de enxofre (SO2 e SO3) e outros.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
11.2.1 Combustível
Combustível é todo material, substância que possui a propriedade de queimar, ou seja,
de entrar em combustão. Os combustíveis podem apresentar-se em três estados físicos:
sólido (madeira, papel, tecidos, etc.);
líquido (álcool, éter, gasolina, etc.);
gasoso (acetileno, butano, propano, etc.).
Assim, todo material possui certas propriedades que o diferem de outros, em relação ao
nível de combustibilidade. Por exemplo, pode-se incendiar a gasolina com a chama de
um isqueiro, não ocorrendo o mesmo em relação ao carvão coque. Isso porque o calor
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
gerado pela chama do isqueiro não seria suficiente para levar o carvão coque à
temperatura necessária para que ele liberasse vapores combustíveis.
Ponto de Fulgor
É a temperatura mínima em que um combustível começa a desprender vapores que, se
entrarem em contato com alguma fonte de calor, incendeiam-se. Só que as chamas não
se mantêm, não se sustentam, por não existirem vapores suficientes.
Se pedaços de madeira forem aquecidos, dentro de um tubo de vidro de laboratório, a
uma certa temperatura a madeira desprenderá vapor de água. Este vapor não pega fogo.
Aumentando-se a temperatura, num certo ponto, começarão a sair gases pela boca do
tubo. Aproximando-se um fósforo aceso, esses gases transformar-se-ão em chamas. Por
aí, nota-se que um combustível sólido (a madeira), numa certa temperatura, desprende
gases que se misturam ao oxigênio (comburente) e inflamam em contato com a chama
do fósforo aceso. O fogo não continua porque os gases são insuficientes, formam-se em
pequena quantidade. O fenômeno observado indica o “ponto de fulgor” da madeira
(combustível sólido), que é de 150ºC. O ponto de fulgor varia de combustível para
combustível:
Ponto de Combustão
Na experiência da madeira, se o aquecimento prosseguir, os gases continuarão a sair
pelo tubo e, entrando em contato com o calor da chama do fósforo aceso, incendiar-se-
139
Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
ão e manter-se-ão. Agora a queima não irá parar. Foi atingido o “ponto de combustão”,
isto é, a temperatura mínima em que esse combustível sólido, a madeira, sendo
aquecido, desprende gases que em contato com fonte externa de calor incendeiam-se,
mantendo-se as chamas. No ponto de combustão, portanto, acontece um fato diferente,
ou seja, as chamas continuam.
Temperatura de Ignição
Continuando-se o aquecimento da madeira, os gases, naturalmente, continuarão a se
desprender. Num certo ponto, ao saírem do tubo, entrando em contato com o oxigênio
(comburente), eles pegarão fogo sem necessidade de chama do fósforo. Não há mais
necessidade da fonte externa de calor.
O éter atinge sua temperatura de ignição a 180ºC e o enxofre a 232ºC. Uma substância
só queima quando atinge pelo menos o ponto de combustão. Quando ela alcança a
temperatura de ignição, bastará que seus gases entrem em contato com o oxigênio para
pegar fogo, não havendo necessidade de fonte de calor para provocar as chamas.
Convém lembrar que, mesmo que o combustível esteja no ponto de combustão, se não
houver chama ou outra fonte de calor, não se verificará o fogo.
Grande parte dos materiais sólidos orgânicos, líquidos e gases combustíveis contêm
grandes quantidades de carbono e/ou de hidrogênio. Como exemplo pode ser citado o
gás propano, cujas porcentagens em peso são aproximadamente 82% de Carbono e 18%
de Hidrogênio. O tetracloreto de carbono, considerado não combustível, tem
aproximadamente, em peso, 8% de Carbono e 92% de Cloro.
11.2.2 Comburente
Normalmente, o oxigênio combina-se com o material combustível, dando início à
combustão. O ar atmosférico contém, em sua composição, cerca de 21% de oxigênio.
Com maioria dos combustíveis, não haverá combustão se o percentual na mistura
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
gasosa contiver menos que 16% de oxigênio. O carvão é uma das exceções, queima com
9% de oxigênio. Em compostos químicos como o NaNO3 e o KClO2 o oxigênio
existente na sua composição é facilmente liberado. Outros gases comburentes são o
cloro e o peróxido de cloro.
Condução
O calor se propaga de molécula a molécula através de um método direto, ou seja, há
necessidade de um meio material. Como exemplo deste fato poderemos ter a situação de
uma barra de ferro ao ser aquecida em uma extremidade após algum tempo encontrar-
se-á aquecida em outra extremidade por condução. Em um incêndio o superaquecimento
dos pontos superiores de um andar transmitirá por intermédio do piso calor suficiente
para reiniciar um incêndio em um outro pavimento imediatamente ao lado ou acima do
ambiente incendiado.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Radiação
Uma fonte de elevada energia termoluminosa ao longo do tempo emitindo pacotes de
energia aquecerá outros materiais sem que haja qualquer conta físico entre ambos. Um
bom exemplo deste fato foram os incêndios secundários gerados em edifícios próximos
ao incêndio do edifício Andraus em São Paulo em 1972. Vários incêndios se iniciam
pelo uso de lâmpadas do tipo Spot Light deixadas por longo tempo acesas em vitrines,
as quais transmitem calor por radiação.
Convecção
É uma forma de transmissão de calor a partir de um fluido em movimento. Pelo
aquecimento, as moléculas expandem-se e tendem a se elevar, criando correntes
ascendentes às moléculas mais frias. É um fenômeno bastante comum em edifícios, pois
através de aberturas, como janelas, poços de elevadores, vãos de escadas, podem ser
atingidos andares superiores.
Em virtude dos gases superaquecidos serem mais leves que o ar eles sobem propagando
o incêndio para pontos mais altos do ambiente. No caso de edifícios eles causam o
"Efeito Chaminé" que é a propagação de incêndios para os andares superiores via poços
de elevadores, dutos de escadas e de ar condicionados.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Para se ter uma ideia melhor, o calor gerado pela combustão acumula-se nas partes
superiores do recinto, e ao longo do tempo e de acordo com a densidade da fumaça, a
mesma vem descendo em direção ao piso de forma estratificada. É importante notar que
há duas correntes associadas ao processo de combustão: Endofocal (corrente de ar que
alimenta a combustão) e Exofocal (corrente que sai do foco do incêndio, ou seja, a
corrente de convecção).
de Janeiro, em fevereiro de 1986, em que cerca de quinze pessoas morreram nos últimos
pavimentos quando a porta de acesso ao terraço encontrava-se trancada.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Armazenagem de material
É um fato comum nas empresas usar, movimentar material inflamável. Exemplo: seção
de pintura, seção de corte e oxicorte, trabalhos com solventes, depósitos de papel,
madeira, etc. Algumas providências simples e práticas podem evitar a ocorrência do
fogo:
manter sempre, se possível, a substância inflamável longe de fonte de calor e de
comburente, como no caso de operações de solda e oxicorte.
a operação de solda e a fábrica estarão muito mais seguras, se os tubos de
acetileno estiverem separados ou isolados dos tubos de oxigênio. Armazenagem
em locais separados contribui muito para aumentar a segurança.
manter sempre, no local de trabalho, a mínima quantidade de inflamável para
uso, como no caso, por exemplo, de operações de pintura, nas quais o solvente
armazenado deve ser apenas o suficiente para um dia de trabalho.
possuir um depósito com boas condições de ventilação para armazenagem de
inflamáveis e, o mais longe possível da área de trabalho, de operações.
proibição de fumar nas áreas onde existam combustíveis ou inflamáveis
estocados. Não se deve esquecer que todo fumante é um incendiário em
potencial (ele conduz um dos elementos essenciais do fogo: o calor). Uma ponta
de cigarro acesa poderá causar incêndio de graves proporções.
Manutenção adequada
Além da preparação com combustível e comburente, é preciso saber como se pode
evitar a presença do terceiro elemento essencial do fogo: o calor. Como evitar sua ação?
Instalação elétrica em condições precárias: fios expostos ou descascados podem
ocasionar curtos-circuitos, que serão origem de focos de incêndio, se
encontrarem condições favoráveis à formação de chamas.
Instalações elétricas mal projetadas: poderão provocar aquecimento nos fios e
ser origem de incêndios. Exemplo trágico ocorreu em São Paulo, em sinistro que
roubou mais de uma centena de vidas preciosas. A carga excessiva em circuitos
elétricos pode e deve ser evitada.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Ordem e Limpeza
Corredores obstruídos com móveis e estantes cheias de papeis e outros materiais
combustíveis podem fazer com que o fogo de origine e se propague rapidamente, o que
pode tornar mais difícil sua extinção. Isto é especialmente importante no caso de
escadas, porque aí as consequências podem ser mais graves. Atenção especial deve ser
dada também para a utilização de carpetes, forros, acúmulo de poeira em dutos e etc.
Instalação de para-raios
Os incêndios causados por raios são muito comuns. Daí, a instalação de para-raios ser
uma proteção importantíssima.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Gases Tóxicos:
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
A palavra oxidação significa também queima. A oxidação pode ser lenta, como no caso
da ferrugem. Trata-se de uma queima muito lenta, sem chamas. Já na combustão de um
papel, há chamas, ou seja, é uma oxidação mais rápida. Na explosão da dinamite a
queima (oxidação) é instantânea e violenta.
Como abordado, a combustão é resultante de uma reação química que conta com a
participação de um combustível, comburente e uma fonte de calor. Eliminado um desses
elementos, terminará a combustão. Tem-se, aí, uma indicação muito importante de
como é possível acabar com o fogo.
Pode-se eliminar a substância que está sendo queimada (esta é uma solução nem sempre
possível). Pode-se eliminar o calor, por meio de resfriamento no ponto em que ocorre a
combustão. Pode-se, ainda, eliminar ou afastar o comburente (oxigênio) do lugar da
queima, por abafamento, e introdução de outro gás que não seja comburente.
Quando em um poço de petróleo que está em chamas, provoca-se uma explosão para
combate a incêndio, o que se deseja é afastar, momentaneamente, o oxigênio, o
comburente, um dos elementos do triângulo do fogo, para que o incêndio acabe.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
combustível, comburente e calor. O calor, neste caso, é a brasa do cigarro. Sem este
calor, o combustível e o comburente não poderão transformar-se em fogo.
O tipo de queima que interessa a este estudo é o que apresenta chamas, sendo os
principais mecanismos de extinção do fogo mostrados a seguir:
Abafamento
O abafamento ocorre pela supressão do comburente, ou seja, pela retirada do oxigênio.
Tal processo pode ocorrer pelo emprego de agentes extintores tipo espuma, pó químico
seco (P.Q.S.), dióxido de carbono (CO2) ou água sob a forma de neblina.
Isolamento
O isolamento ocorre pela retirada do combustível ou do seu afastamento da fonte de
calor.
Resfriamento
O resfriamento ocorre pela redução da temperatura do processo da combustão até níveis
que se torna impossível mantê-la. Agentes extintores tais como a água, o dióxido de
carbono e a espuma atuam principalmente desta forma.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Extinção Química
Ocorre quando interrompemos a reação em cadeia. Este método consiste no seguinte: o
combustível, sob ação do calor, gera gases ou vapores que, ao se combinarem com o
comburente, formam uma mistura inflamável. Quando lançamos determinados agentes
extintores ao fogo, suas moléculas se dissociam pela ação do calor e se combinam com
a mistura inflamável (gás ou vapor mais comburente), formando outra mistura não-
inflamável.
É preciso conhecer, identificar bem o incêndio que se vai combater, para escolher o
equipamento correto. Um erro na escolha de um extintor pode tornar inútil o esforço de
combater as chamas ou pode piorar a situação, aumentando as chamas, espalhando-as
ou criando novas causas de fogo (curtos-circuitos).
Classe A – Fogo em materiais de fácil combustão, como: tecidos, madeira, papel, fibras
etc., com propriedade de queimarem em sua superfície e profundidade, e que deixam
resíduos (cinzas).
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Alumínio, Tungstênio, Molibdênio, Magnésio etc. Deve-se evitar o uso de água para a
sua extinção sob risco de graves acidentes.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Água
A água é a substância mais difundida na natureza, sendo o agente extintor mais
utilizado. A água pode se apresentar sob os três estados físicos da matéria: sólido,
líquido ou gasoso; seja qual for seu estado físico sua constituição química é invariável,
sendo sua fórmula H2O.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Este risco é inversamente proporcional à distância, ou seja quanto mais perto maior o
risco e à seção contínua do jato d'água, uma vez que a água sob forma de neblina tem
uma condutibilidade elétrica menor.
A água tem sua melhor indicação sob a forma de jato compacto para incêndios classe
"A" e sob a forma de jatos de neblina ou pulverizados para incêndios classe "B".
ATENÇÃO:
Nunca use água em fogo das classes C e D.
Nunca use jato direto na classe B.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Espuma
A rigor a espuma seria uma das formas de aplicação de água, pois ela se constitui de um
aglomerado de bolhas de ar ou gás (CO2) formadas de películas de água. Para que se
formem as películas, é necessário a mistura de um agente espumante. O objetivo da
formação desta espuma é tornar a água mais leve, gasificando-a, que desta maneira
poderá flutuar sobre os líquidos mais pesados que a água.
A espuma como agente extintor apaga o fogo por abafamento, mas devido a presença de
água que a compõe tem também uma ação secundária por resfriamento. A sua
aplicabilidade é mais indicada para incêndios do tipo classe "B", podendo também ser
utilizada em fogos classe A. É importante lembrar que a espuma por ser um composto
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
aquoso não deve ser aplicado em incêndios da classe "C" sob risco de eletrocussão do
usuário do extintor ou classe D. Há duas formas principais de produção de espuma:
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Dióxido de Carbono
Este é um gás mais pesado que o ar, sem cor, sem cheiro e inerte à eletricidade. Quando
comprimido a cerca de 60 atmosferas se liquefaz e é então armazenado em cilindros.
Quando aliviado desta compressão, o líquido se vaporiza e sua rápida expansão abaixa
violentamente a temperatura que alcança -70ºC. Parte do gás se solidifica em pequenas
partículas, formando uma neve carbônica, conhecida como "gelo seco".
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
O CO2, não é um gás venenoso, mas do mesmo modo que não suporta a combustão,
também não suporta a vida humana, sendo sufocante. Devido a sua alta densidade ocupa
as partes mais baixas do recinto prejudicando a visão. O CO2 é um extintor que deve ser
aplicado nos seguintes tipos de incêndios:
a) materiais inflamáveis, líquidos e gasosos;
b) equipamentos elétricos;
c) motores ou máquinas que utilizam gasolina ou outros combustíveis,
d) diversos produtos químicos perigosos;
e) auxilia a extinção de combustíveis comuns, tais como papel, madeira, tecidos
etc. este caso é bastante efetivo quando usado em inundação de compartimentos
fechados.
O CO2 não deve ser usado na extinção dos seguintes tipos de incêndios:
a) Produtos químicos que contenham seu próprio suprimento de oxigênio (agentes
oxidantes, celulose),
b) Classe "D": Sódio, Potássio, Magnésio, Titânio, Zircônio etc.
c) Hidratos metálicos.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Na parte superior estão ligadas às caixas d´água do edifício as quais devem possuir 1/3
de sua capacidade como Reserva Técnica de Incêndio (R.T.I.) para qualquer
eventualidade. A pressão dos últimos andares é assegurada por duas bombas elétricas de
pequena potência.
Hidrantes
São dispositivos existentes em redes hidráulicas que possibilitam a captação de água
para emprego nos serviços de bombeiros, principalmente no combate a incêndio. Esse
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
tipo de material hidráulico depende da presença do homem para utilização final da água
no combate ao fogo. É a principal instalação fixa de água tendo funcionamento manual.
Hidrante Industrial
É um dispositivo existente em redes hidráulicas no interior de indústrias. Esse tipo de
hidrante é utilizado com água da Reserva Técnica de Incêndio (RTI) do Sistema
Hidráulico Preventivo (SHP) da empresa.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Hidrante de Parede - HP
Dispositivo que integra o Sistema Hidráulico Preventivo (SHP) das edificações.
Localizado no interior das caixas de incêndio ou abrigos, poderá ser utilizado nas
operações de combate a incêndio pelo Corpo de Bombeiros, brigada de incêndio e
ocupantes da edificação que possuam treinamento específico. Obrigatoriamente, as
caixas de incêndio deverão possuir: 01 esguicho, 01 chave de mangueira e mangueiras
de incêndio, conforme o projeto da edificação.
Mangueiras
São condutores flexíveis, utilizados para conduzir a água sob pressão da fonte de
suprimento ao lugar onde deve ser lançada. As mangueiras podem ser de 1 ½” ou 38
milímetros, e de 2 ½” ou de 63 milímetros, de acordo com a especificação no projeto
contra incêndio e pânico. São constituídas de fibra de tecido vegetal (algodão, linho,
etc.) ou de tecido sintético (poliéster), dependendo da natureza de ocupação da
edificação. Possuem um revestimento interno de borracha, a fim de suportar as pressões
hidrostáticas e hidrodinâmicas oferecidas pelo SHP.
Esguichos
São peças metálicas, conectadas nas extremidades das mangueiras, destinadas a dirigir e
dar forma ao jato d’água.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Esse sistema é obrigatório nas áreas comuns das edificações, sendo elas: corredores,
escadas, elevadores, saídas de emergência etc. Os principais tipos de sistemas, de
acordo com a fonte de energia, são: conjunto de blocos autônomos, sistema centralizado
com baterias e sistema centralizado com grupo moto gerador.
Saídas de Emergência
São caminhos contínuos, devidamente protegidos, a serem percorridos pelo usuário, em
caso de sinistro, de qualquer ponto da edificação até atingir a via pública ou espaço
aberto protegido do incêndio, permitindo ainda fácil acesso de auxílio externo para o
combate ao fogo e a retirada da população. As Saídas de Emergência em Edificações
são dimensionadas para o abandono seguro da população, em caso de incêndio ou
pânico e permitir o acesso de guarnições de bombeiros para o combate ao fogo ou
retirada de pessoas.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Abandono da Área
Ninguém espera o acontecimento de um incêndio. Baseado nesta afirmação é preciso ter
um plano de abandono, para ser utilizado em caso de sinistro, pois o incêndio poderá
ocorrer em qualquer lugar. É importante falar que todo incêndio começa pequeno, e se
não for controlado no início, pode atingir proporções que o próprio Corpo de Bombeiros
terá dificuldade em combatê-lo. Portanto, se faz necessário observar se a edificação
possui todos os recursos destinados a prevenção e combate a incêndio e pânico, de
acordo com a legislação vigente.
A seguir, veremos uma série de orientações que, se seguidas, darão condições aos
ocupantes da edificação, para que possam sair em segurança.
Tenha um plano de abandono da edificação;
Acione o alarme, e chame o Corpo de Bombeiros;
Pratique a fuga da edificação, pelo menos a cada seis meses;
Procure conhecer a localização da escada de emergência, dos extintores e do
SHP;
Tenha cautela ao colocar trancas nas portas e janelas, pois os mais prejudicados
são as crianças e os idosos;
Estabeleça um ponto de reunião, para saber se todos conseguiram deixar a
edificação;
Caminhe rapidamente e não corra, evitando o pânico;
Ao encontrar uma porta, toque a mesma com o dorso da mão, estando quente,
não abra;
Não use o elevador, e sim as escadas de emergência;
Se estiver em um local enfumaçado, procure respirar o mais próximo do solo,
colocando um pano úmido nas narinas e na boca;
Se estiver preso em uma sala enfumaçada, procure abrir a janela, para que a
fumaça possa sair na parte de cima e você possa respirar na parte de baixo;
Não tente passar por um local com fogo, procure uma alternativa segura de
saída;
Caso encontre situação de pânico em alguma via de fuga, tenha calma e tente
acalmar outros;
Não pule da edificação, tenha calma, o socorro pode chegar em minutos; e
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Cabeça
Os EPI’s precisam proteger o crânio, os olhos, a face e a nuca das lesões que podem ser
ocasionadas por impactos de materiais, partículas, respingos ou vapores de produtos
químicos e de radiações luminosas.
Mãos e pés
Os EPI’s das mãos visam proteger contra a ação de objetos cortantes, abrasivos,
corrosivos, alergênicos, além de produtos graxos e derivados de petróleo. Já os dos pés
visam proteger contra lesões ocasionadas de origem mecânica (quedas de materiais),
agentes químicos, térmicos e objetos perfurantes ou cortantes.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
No caso de ter que atravessar uma barreira de fogo, molhe todo o corpo, roupas e
sapatos, encharque uma cortina e enrole-se nela, molhe um lenço e amarre-o
junto à boca e ao nariz e atravesse o mais rápido que puder.
Outras recomendações:
Não suba, procure sempre descer pelas escadas;
Não respire pela boca, somente pelo nariz;
Não corra nem salte, evitando quedas, que podem ser fatais. Com queimaduras
ou asfixias, o homem ainda pode salvar–se;
Não tire as roupas, pois elas protegem seu corpo e retardam a desidratação. Tire
apenas a gravata ou roupas de nylon;
Se suas roupas se incendiarem, jogue–se no chão e role lentamente. Elas se
apagarão por abafamento;
Ao descer escadarias, retire sapatos de salto alto e meias escorregadias.
Deveres e Obrigações
Procure conhecer todas as saídas que existem no seu local de trabalho, inclusive
as rotas de fuga;
Participe ativamente dos treinamentos teóricos, práticos e reciclagens que lhe
forem ministrados;
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Condutas de Emergência
1. Evite abrir qualquer porta que esteja saindo fumaça pelas frestas e/ou a maçaneta
encontre-se superaquecida;
2. Ao ser surpreendido pela fumaça procure uma saída mantendo-se abaixado sob a
fumaça com um lenço sobre as vias respiratórias;
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
5. Caso não consiga sair do local tente ir para a janela chamar a atenção para o resgate;
6. Lembre-se que nos cantos extremos inferiores das salas há ainda quantidades
residuais de ar no caso de um incêndio;
7. Se tiver que atravessar pequenas extensão de fogo, molhe totalmente suas vestes ou
proteja-se com um cobertor molhado;
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
O incêndio na boate Kiss foi um evento não intencional que matou 242 pessoas e feriu
116 outras em uma discoteca da cidade de Santa Maria, no estado brasileiro do Rio
Grande do Sul. O incêndio ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 e foi
causado pelo acendimento de um sinalizador por um integrante de uma banda que se
apresentava na casa noturna. A imprudência e as más condições de segurança
ocasionaram a morte de mais de duas centenas de pessoas.
11.9.2. Sputnik
O artefato usado pela banda é conhecido como sputnik. Segundo a Associação
Brasileira de Pirotecnia (ABP), deve ser usado em ambiente externo e solta faíscas que
chegam a quatro metros de altura, mais do que a altura do teto da boate. Deve ser
colocado no chão para ser aceso, libera grande quantidade de fumaça e as pessoas
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
devem ficar a pelo menos dez metros do artefato. É proibido usá-lo em locais fechados e
próximo a materiais inflamáveis. Custa cerca de quatro a cinco reais e geralmente se usa
nas festas de fim de ano.
11.9.3. Cianeto
O cianeto, apontado por um laudo técnico como a causa da morte dos estudantes, é uma
substância encontrada na natureza e também é um produto da atividade humana. Dentre
seus usos caseiros e industriais, estão: fumigar navios e edifícios, esterilizar solos,
metalurgia, polimento de prata, inseticidas, venenos para ratos etc. A população está
exposta por causa da fumaça dos automóveis, dos gases liberados pelas incineradoras e,
também, pela fumaça resultante da combustão de materiais contendo cianetos, como os
plásticos. As pessoas mais expostas são metalúrgicos, bombeiros, mineiros, operários de
indústria de plásticos etc.
179
Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
11.9.4. A espuma
A espuma usada em isolamento acústico na boate Kiss era moda em Santa Maria. Era
uma espuma de colchão usada em boates, bares, clubes e outras casas com música ao
vivo. Inicialmente, era usada por exigência dos DJs porque evitava o eco de som e
aumentava a nitidez dos sons graves e agudos. Posteriormente, passou a ser usada como
isolamento do som interno, evitando que incomodasse os vizinhos. Elissandro Spohr a
usou com esse propósito, mas a espuma era ineficiente para esse efeito, então foi
retirada quando se implementou um projeto acústico na Kiss. Entretanto, foi recolocada
a pedido dos DJs para evitar o eco de som.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
cidade encontravam enormes quantidades de espuma jogada fora pelas demais empresas
que a adotavam. Dois deles disseram que tinham coletado cinquenta sacos para vender
às recicladoras, era um símbolo de morte para o público.
11.9.5. As autoridades
O caso da boate Kiss foi uma grande sequência de erros e omissões dos poderes
públicos:
1. um documento precário emitido pelos bombeiros foi usado como Plano de
Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI) em 26 de junho de 2009;
2. apesar das fragilidades desse documento, o primeiro alvará de incêndio foi
concedido pelo Corpo de Bombeiros, em agosto de 2009, com vigência de um
ano;
3. a boate começou a funcionar em 31 de julho de 2009, somente com o alvará de
incêndio, sem o alvará de localização da prefeitura, só emitido em 2010;
4. de agosto de 2010 a agosto de 2011, a Kiss ficou sem o alvará dos bombeiros,
que só foi renovado em 9 de agosto de 2011;
5. na data de incêndio, o alvará estava novamente vencido;
6. a engenheira responsável pelo PPCI disse ter elaborado o plano conforme uma
planta-baixa em 2009, mas não acompanhou a execução das obras;
7. a boate foi notificada para fechar as portas em 1º de agosto de 2009, devido à
falta do alvará de localização;
8. em vez de ser fechada, a boate foi somente multada, pelo menos quatro vezes,
entre agosto e dezembro de 2009;
9. as multas foram aplicadas sucessivamente sem que o alvará fosse expedido e
com a boate continuando a funcionar;
10. o alvará de localização foi finalmente expedido em 14 de abril de 2010, depois
de oito meses de funcionamento;
11. a fiscalização da prefeitura fez uma vistoria em 9 de abril de 2012 e descobriu
que o alvará de incêndio estava prestes a vencer;
12. nenhuma providência foi tomada.
A primeira notificação foi feita em 1º de agosto de 2009, por uma fiscal da prefeitura.
Era uma instrução para fechar as portas, nestes termos: "Cessar as atividades até a
regularização junto ao município e apresentar alvará no prazo de cinco dias a contar da
data da notificação". A empresa continuou funcionando e a mesma fiscal retornou em
agosto, aplicando a primeira multa em 8 de setembro de 2009. Um mês depois, em 7 de
outubro, a boate seguia aberta sem alvará e sem interdição, tendo sido aplicada a
segunda multa. A terceira multa foi aplicada em 27 de novembro de 2009, depois que
fiscais verificaram que a boate continuava em operação no dia 10 do mesmo mês. E a
quarta multa foi aplicada em 11 de dezembro de 2009, devido ao descumprimento da
notificação original, mas a casa noturna não sofreu o lacramento.
181
Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
O maior temor dos médicos era o desenvolvimento de câncer nas vítimas sobreviventes,
o que poderia aumentar muito o número de mortos com a passagem dos anos. Uma
pesquisa conduzida pela Universidade de Cinccinatti mostrou que bombeiros têm risco
ampliado para tumores de testículo e próstata, além de linfomas e mieloma múltiplo.
Além disso, as pneumopatias benignas, como fibrose pulmonar difusa, fibrose
intersticial e enfisema, que foram sequelas pulmonares do incêndio, aumentam a chance
de câncer. A população exposta aos gases tóxicos liberados no incêndio teria que ser
monitorada por vários anos, até mesmo para melhor compreender os efeitos tardios do
cianeto no organismo.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
Muitos viram a luz verde do banheiro e pensaram que fosse a saída, por isso tantos
morreram nesse local. Além disso, confirmou-se que o teto da boate foi rebaixado para
instalar a espuma acústica, inflamável e vedada por lei municipal, depois de
reclamações dos vizinhos contra o barulho da boate. O alvará emitido pelo Corpo de
Bombeiros para o funcionamento da casa estava vencido desde agosto de 2012.
Nota para compreensão do texto: existem dois tipos de alvará, um concedido pelos
bombeiros e outro concedido pela prefeitura, com exigências diferentes.
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Apostila HIST – André Bezerra dos Santos
2. Ele foi deflagrado por uma faísca de fogo de artifício empunhado por um integrante
da banda Gurizada Fandangueira.
4. A boate Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás.
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