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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS e CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0100352-60.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO ITAUCARD S.A.
RECORRIDO(A): WELLINGTON SÁ DE ALMEIDA
JUIZ PROLATOR: MÁRCIO REINALDO MIRANDA BRAGA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL.


CARTÃO DE CRÉDITO OUTORGADO A TERCEIRO SEM
CONHECIMENTO DA PESSOA EM CUJO NOME FOI
CONCEDIDO. INSCRIÇÃO IMERECIDA EM ÓRGÃOS DE
RESTRIÇÕES CREDITÓRIAS. DANO MORAL
CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO
EM VALOR MODERADO. MANUTENÇÃO INTEGRAL DO
JULGADO. NÃO PROVIMENTO DO RECURSO.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que o Recorrente, BANCO ITAUCARD S.A., pretende a reforma da sentença
lançada nos autos que, reconhecendo a responsabilidade pela outorga de cartão de crédito em
nome do Recorrido, WELLINGTON SÁ DE ALMEIDA, sem a participação dele, gerando
débito cujo não pagamento motivou a inscrição indevida de seu nome em órgãos de
restrições creditórias, condenou-a ao pagamento de indenização por danos morais, no valor
de R$ 3.000,00 (três mil reais).

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

A sentença recorrida, tendo também analisado corretamente todos os


aspectos do litígio, merece confirmação integral, não carecendo, assim, de qualquer reparo
ou complemento dentro dos limites traçados pelas razões recursais, culminando o
julgamento do recurso com a aplicação da regra inserta na parte final do art. 46 da Lei nº
9.099/95, que exclui a necessidade de emissão de novo conteúdo decisório para a solução da
lide, ante a integração dos próprios e jurídicos fundamentos da sentença guerreada.

A título de ilustração apenas, fomentada pelo amor ao debate e para realçar


o feliz desfecho encontrado para a contenda no primeiro grau, alongo-me na fundamentação
do julgamento, nos seguintes termos:

O intricado conceito da figura do consumidor não se resume ao texto do


art. 2º do CDC, já que nesse mesmo diploma se encontram outras equiparações (arts. 17 e
29), não havendo dúvida de que a parte recorrida se apresenta na condição de vítima do
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evento debatido, que, assim, a luz do CDC, deve ser investigado.

Nesse diapasão, sobressai a responsabilidade civil do Recorrente, oriunda


do próprio risco do desenvolvimento de sua atividade econômica, sem olvidar a óbvia
impossibilidade de se compelir o consumidor a fazer prova negativa de qualquer contratação,
atribuindo-lhe, assim, na condição de fornecedora, o ônus de provar causa legal excludente,
algo que não se desincumbiu vez que não carreou aos autos o contrato discutido devidamente
assinado pelo consumidor.

“A simplificação de procedimentos para agilização da atividade


econômica, em prejuízo da segurança, é risco assumido pela empresa para bem exercer sua
atividade de fins lucrativos. Se houve falha nesse procedimento, advindo dano à vítima, esta
não pode ser responsabilizada, mas a própria empresa, que assumiu o risco de sua
ocorrência ao exercer a atividade econômica”. (TAPR – AC 0244359-0 – (209920) – Foz do
Iguaçu – 6ª C.Cív. – Rel. Juiz Luiz Carlos Gabardo – DJPR 20.08.2004).

Merece salientar ainda que a culpa exclusiva de terceiro não se confunde


com a culpa concorrente. Terceiro, para o CDC, é a pessoa não integrante da relação de
consumo, cuja atuação, isolada e exclusiva, faz desaparecer a relação de causalidade entre a
atuação defeituosa do fornecedor e o evento danoso, dissolvendo-se a responsabilidade civil
cogitada. Concorrendo de alguma forma para o resultado lesivo, o fornecedor acionado atrai
para si a responsabilidade integral perante o consumidor, podendo até mesmo manejar ação
regressiva contra quem entender responsável maior, mas não se negar a responder pelos
fatos quando acionado pela vítima, nos termos do parágrafo único, do art. 7º, do CDC.

Com isso, não evidenciando que foram esgotados todos os meios de


segurança disponíveis para a verificação da verdadeira identidade da pessoa que contraiu a
dívida debatida, não se podendo, assim, cogitar a culpa exclusiva de terceiro, deve o
Recorrente responder pela sua desorganização administrativa, sendo, portanto,
absolutamente acertada a sua condenação ao pagamento dos inegáveis prejuízos morais
sofridos pelo Recorrido, já que, segundo pacífico entendimento da jurisprudência, a inclusão
indevida no rol de maus pagadores é evento ilícito apto por si só a gerar prejuízo de natureza
moral, independentemente da comprovação efetiva de prejuízo.

Quanto ao valor da indenização, entendo que, não se distanciando muito


das lições jurisprudenciais, deve ser prestigiado o arbitramento da juíza que atuou no
primeiro grau que, próxima dos fatos, pautada pelo bom senso e atentando para o binômio
razoabilidade e proporcionalidade, respeita o caráter compensatório e inibitório-punitivo da
indenização, que dever trazer reparação indireta ao sofrimento do ofendido e incutir temor
no ofensor para que não dê mais causa a eventos semelhantes.

In casu, entendo que a MM. Juíza a quo respeitou as balizas assinaladas,


tendo fixado indenização em valor moderado, que, assim, não caracteriza enriquecimento
sem causa do Recorrido e não provoca abalo financeiro ao Recorrente face à sua inegável
estabilidade econômica.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e


NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto, confirmando, consequentemente, todos os
termos da sentença hostilizada, condenando o Recorrente, BANCO ITAUCARD S.A., ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 20% (vinte por
cento) sobre o valor da condenação pecuniária imposta.

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Salvador-Ba, Sala das Sessões, 30 de junho de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0100352-60.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: BANCO ITAUCARD S.A.
RECORRIDO(A): WELLINGTON SÁ DE ALMEIDA
JUIZ PROLATOR: MÁRCIO REINALDO MIRANDA BRAGA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL.


CARTÃO DE CRÉDITO OUTORGADO A TERCEIRO SEM
CONHECIMENTO DA PESSOA EM CUJO NOME FOI
CONCEDIDO. INSCRIÇÃO IMERECIDA EM ÓRGÃOS DE
RESTRIÇÕES CREDITÓRIAS. DANO MORAL
CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO
EM VALOR MODERADO. MANUTENÇÃO INTEGRAL DO
JULGADO. NÃO PROVIMENTO DO RECURSO.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto,
confirmando, consequentemente, todos os termos da sentença hostilizada, condenando
o Recorrente, BANCO ITAUCARD S.A., ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios que arbitro em 20% (vinte por cento) sobre o valor da
condenação pecuniária imposta.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 30 de junho de 2015.

JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS


Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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