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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS DA BAHIA

PROCESSO Nº 0002267-02.2012.8.05.0230
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: ATLÂNTICO FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS
CREDITÓRIOS NÃO PADRONIZADOS
RECORRIDA: MARIA DO SOCORRO PEREIRA DE SOUZA
JUIZ PROLATOR: RAYMUNDO CÉSAR DÓRIA COSTA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DÍVIDA


DE ORIGEM NÃO COMPROVADA, CEDIDA PELO SUPOSTO
CREDOR ORIGINÁRIO SEM O CONHECIMENTO DA
CONSUMIDORA, QUE RESULTOU NA NEGATIVAÇÃO DE SEU
NOME EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÕES CREDITÓRIAS.
SENTENÇA QUE PROMOVEU O CANCELAMENTO DO DÉBITO
IMPUTADO, COM EXCLUSÃO DEFINITIVA DA ANOTAÇÃO
QUESTIONADA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO ARBITRADO EM VALOR MODERADO.
MANUTENÇÃO INTEGRAL DO JULGADO. NÃO PROVIMENTO
DO RECURSO.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que o Requerido, ATLÂNTICO FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS
CREDITÓRIOS NÃO PADRONIZADOS, pretende a reforma da sentença lançada nos
autos que, considerando irregular a inscrição do nome da Autora, MARIA DO SOCORRO
PEREIRA DE SOUZA, em cadastro restritivo de crédito, determinou a exclusão da
negativação empreendida, condenando-o, ainda, ao pagamento de indenização por danos
morais, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

A sentença recorrida, tendo também analisado corretamente todos os


aspectos do litígio, merece confirmação integral, não carecendo, assim, de qualquer reparo
ou complemento dentro dos limites traçados pelas razões recursais, culminando o
julgamento do recurso com a aplicação da regra inserta na parte final do art. 46 da Lei nº
9.099/95, que exclui a necessidade de emissão de novo conteúdo decisório para a solução da
lide, ante a integração dos próprios e jurídicos fundamentos da sentença guerreada.

A título de ilustração apenas, fomentada pelo amor ao debate e para realçar


o feliz desfecho encontrado para a contenda no primeiro grau, alongo-me na fundamentação
do julgamento, nos seguintes termos:

Discutindo-se a negativação indevida do nome da consumidora em órgãos


de restrições ao crédito, promovida pela empresa cessionária requerida, em nome próprio,

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ela e o cedente do respectivo crédito são solidariamente responsáveis pelas consequências
desse ato, nos termos preconizados pelo CDC.

Por outro lado, não se imputando apenas a ausência da prévia notificação


de que trata o § 2º do art. 43 do CDC como o evento causador dos danos morais, mas,
sobretudo, atribuindo-se a incorreção da própria inscrição do nome do consumidor nos
cadastros de inadimplentes, em função da ilicitude da atribuição da dívida, tem o Requerido
legitimidade para figurar no polo passivo da ação, por ter fornecido a informação
considerada indevida às empresas arquivistas.

Sendo óbvia a impossibilidade de se compelir a Recorrida a fazer prova


negativa da contratação que resultou na outorga do crédito discutido, cabia ao Requerido
comprovar que ela subscreveu o respectivo instrumento ou mesmo consentiu a pactuação em
seu nome.

Essa prova, no entanto, não existe, já que o contrato discutido, objeto da


cessão de crédito, cuja suposta inadimplência resultou na negativação informada, não foi
apresentado, não havendo, assim, vinculação clara entre ele e a dívida imputada à parte
autora.

Por outro lado, não há também qualquer comprovação de que a Recorrida


foi instada ao pagamento do hipotético débito antes de ser promovida a inscrição de seu
nome em cadastros de restrições creditórias.

Outrossim, a suposta cessão não foi notificada à Autora, impedindo a


produção dos efeitos próprios, nos termos do art. 290 do CC, sem olvidar a violação ao
princípio da informação consagrado no art. 6º, III, do CDC.

Desse modo, deve o Recorrente responder pela sua desorganização


administrativa, sendo, portanto, absolutamente acertada a sua condenação ao pagamento dos
inegáveis prejuízos morais sofridos pela Recorrida, já que, segundo pacífico entendimento
da jurisprudência, a inclusão indevida no rol de maus pagadores é evento ilícito apto por si
só a gerar prejuízo de natureza moral, independentemente da comprovação efetiva de
prejuízo.

Quanto ao valor da indenização, entendo que, não se distanciando muito


das lições jurisprudenciais, deve ser prestigiado o arbitramento do juiz que atuou no primeiro
grau que, próximo dos fatos, pautado pelo bom senso e atentando para o binômio
razoabilidade e proporcionalidade, respeita o caráter compensatório e inibitório-punitivo da
indenização, que dever trazer reparação indireta ao sofrimento do ofendido e incutir temor
no ofensor para que não dê mais causa a eventos semelhantes.

In casu, entendo que o MM. Juiz a quo respeitou as balizas assinaladas,


tendo fixado indenização em valor moderado, que, assim, não caracteriza enriquecimento
sem causa da Recorrida e não provoca abalo financeiro ao Recorrente face à sua inegável
estabilidade econômica.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e


NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto, confirmando, consequentemente, todos os
termos da sentença hostilizada, condenando o Recorrente, ATLÂNTICO FUNDO DE
INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS NÃO PADRONIZADOS, ao
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 20% (vinte por
cento) do valor da condenação pecuniária imposta.

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Salvador-Ba, Sala das Sessões, 07 de abril de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator
COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS
TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0002267-02.2012.8.05.0230
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: ATLÂNTICO FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS
CREDITÓRIOS NÃO PADRONIZADOS
RECORRIDA: MARIA DO SOCORRO PEREIRA DE SOUZA
JUIZ PROLATOR: RAYMUNDO CÉSAR DÓRIA COSTA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DÍVIDA


DE ORIGEM NÃO COMPROVADA, CEDIDA PELO SUPOSTO
CREDOR ORIGINÁRIO SEM O CONHECIMENTO DA
CONSUMIDORA, QUE RESULTOU NA NEGATIVAÇÃO DE SEU
NOME EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÕES CREDITÓRIAS.
SENTENÇA QUE PROMOVEU O CANCELAMENTO DO DÉBITO
IMPUTADO, COM EXCLUSÃO DEFINITIVA DA ANOTAÇÃO
QUESTIONADA. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO ARBITRADO EM VALOR MODERADO.
MANUTENÇÃO INTEGRAL DO JULGADO. NÃO PROVIMENTO
DO RECURSO.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto,
confirmando, consequentemente, todos os termos da sentença hostilizada, condenando
o Recorrente, ATLÂNTICO FUNDO DE INVESTIMENTO EM DIREITOS
CREDITÓRIOS NÃO PADRONIZADOS, ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios que arbitro em 20% (vinte por cento) do valor da condenação
pecuniária imposta.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 07 de abril de 2015.

JUIZ WALTER AMÉRICO CALDAS


Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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