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Aula 6 – Escolha de repertório

Nesta aula, Escolha do repertório, você conhecerá as ferramentas necessárias para uma
escolha de repertório eficiente, equilibrada, agradável ao público e que, ao mesmo
tempo, cumpra seu papel na divulgação de cultura.

Você verá os aspectos aos quais a escolha do repertório está subordinada, tais como:
• Nível técnico de seu grupo
• Nível técnico do regente
• Interesse do público

E conhecerá as estruturas de organização de repertório por:


• Cronologia
• Temática
• Diversidade

Bom estudo!

O público
São muitos os fatores que você deve considerar ao se propor a organizar o repertório do
grupo. Um dos mais importantes é o conhecimento que você tem do seu público, ou os
objetivos que deseja alcançar com relação a ele.
Com isso em mente, procure evitar os erros comuns na escolha do repertório, como, por
exemplo, imaginar que seu público é composto somente de músicos e organizar seu
programa considerando apenas aspectos técnicos. A técnica, muitas vezes, não é
prioridade para o público. Lembre-se que o público, em geral, é composto por pessoas
comuns, e o seu objetivo principal deve ser proporcionar a esse público uma experiência
audiovisual completa, que traga satisfação e que possa gerar um crescimento de cultura.
Outro erro é subestimar a capacidade de apreciação do público. Pensar que “o público
não entende música clássica” ou que “para esse público temos que tocar só obras
conhecidas”.
Todo tipo de público está aberto para outros tipos de vivência, mesmo que de forma
“homeopática”. De fato, muitas orquestras, bandas ou grupos musicais fazem sucesso
justamente por mesclar vários níveis de experiências técnicas ou intelectuais em seus
programas ou repertórios.
Você já saiu de um concerto com a sensação de que “faltou algo”, mesmo quando o
grupo demonstrou competência técnica?
Se isso ocorreu, é possível que o repertório escolhido pelo regente tenha sido
intelectualmente muito “pesado” ou, por outro lado, apesar de ter sido escolhido um
programa com músicas “leves”, conhecidas, não foi apresentado nenhum tipo de desafio
mental ou emocional ao público.

Os sentidos
Talvez, para seu público, uma sinfonia inteira no programa seja demasiadamente
exaustivo, o que poderá anular grande parte da satisfação pelo repertório.
Por outro lado, também, pode ser cansativo um repertório de uma hora e meia apenas
com “dobrados”.
Um repertório interessante é aquele que ativa vários sentidos no expectador. Podemos
dividir esses “sentidos” em alguns grupos:
Música do coração: É aquela que ativa as emoções, em suas mais diversas formas,
nuances e intensidades. É a parte do repertório que ficará mais tempo na memória do
público, e fará com que ele saia do concerto com a sensação de que “...valeu a pena”.
Podemos incluir nesse grupo a chamada música da alma, que é relacionada ao aspecto
espiritual (ou religioso) das emoções.
Música para pensar: É a música que desafia o ouvinte a crescer intelectualmente,
culturalmente. É o tipo de música que nos faz pensar.
Música para o corpo: Um repertório bem definido é aquele que equilibra momentos
de excitação e momentos de relaxamento. O equilíbrio na organização do repertório nos
aspectos emotivo e intelectual trará resultados para o corpo.

O grupo
Outro fator importante que você deve considerar ao escolher o repertório é a estrutura
de seu grupo, aspectos como limitações técnicas dos músicos e metas de crescimento.
Os pequenos desafios técnicos aos músicos são recomendáveis e bem-vindos. Porém,
um repertório muito difícil para os músicos pode causar resultados negativos tanto no
aspecto técnico quanto no emocional, o que gera frustração e reduz a motivação.
Infelizmente é muito comum o regente decidir o repertório baseado somente em seus
desejos de reger essa ou aquela obra. Evite isso.
Dica do Maestro!
Ao escolher o repertório, procure valorizar as qualidades de seu grupo, os músicos que
se destacam, seja com obras que evidenciem esses músicos ou naipes, seja com obras
para solistas.

 Estruturas de repertório
Levando-se em conta tudo que foi dito até agora, podemos relacionar algumas formas
na construção de um repertório:

Ordem Cronológica
É o programa organizado de acordo com a cronologia das obras ou dos autores.
Nesta organização, o público é guiado através de uma sequência histórica que pode
abranger desde um curto espaço de tempo até séculos de história.
ORQUESTRA
• Bach – Suite nº 3 (aprox. 1730)
• Mozart – Concerto para piano nº 21 (1785)
• Schubert – Sinfonia nº8 “Inacabada” (aprox. 1822)
• Mozart – Sinfonia nº 35 “Haffner” (1782)
• Mahler – Sinfonia nº 1 “Titan” (1887-1888)
• Alberto Nepomuceno – Adagio para Cordas (1892)
• H. Villa-Lobos – Bachianas Brasileiras nº 3 para piano e orquestra (1938)
• H. Dutilleux – Metaboles (1959)

BANDA
C. Saint-Saëns – Orient et Occident Op.25 (1869)
P. Hindemith – Sinfonia em Si bemol para Banda (1951)
Steven Reinecke – Sinfonia nº1 “New Day Rising” (2007)
J. S. Bach – Toccata e Fuga em Ré menor (transc. Erick Leidzén)
M. Mussorgsky – Quadros de uma Exposição (transc. Mark Hidsley)
L. Bernstein – Abertura “Candide” (transc. Clare Grundman)
Ron Nelson – Suite Medieval (1983)
Jan Van der Roost – Suite Provençal (1992)
Jess Langston Turner – Concerto Caboclo para flauta e Banda (2012)
John Mackey – The Frozen Cathedral (2013)
Chiquinha Gonzaga – Três peças da Opereta “A Corte na Roça” (arranjo) (1884)
• Prelúdio
• Balada
• Saci-Pererê
Patápio Silva – Serenata (arranjo) (1905)
Patápio Silva – Zinha (arranjo) (1906)
Pixinguinha – Lamentos (arranjo) (1928)
Pixinguinha – Carinhoso (arranjo) (1930)

CORAL
 Josquin des Presz – Adieu mes amours (1480)
William Byrd – Missa a quatro vozes (1590)
Monteverdi – Cruda Amarilli – Madrigal a cinco vozes (1600)
H. Schütz – Der Herr sprach zu meinem Herren (de Psalmen Davids) (1619)
H. Purcel – When on my sick bed I languish (1680)
Pedro Gutiérrez (1870 – 1954) – Alma Llanera
Ariel Ramírez (1921) – Misa Criolla
Alice Parker (1925) – Durme, Durme
Alberto Favero (1944) – Te Quiero
Ernani Aguiar (1950) – Salmo 150

Repertório por temática


São os programas que seguem características comuns das obras, dos compositores ou
das linguagens.
Esses programas podem ser baseados em uma ou mais temáticas.

ORQUESTRA
Programa composto apenas de obras de Bach
Bach – Suite nº 4
Bach – Concerto para 2 violinos
Bach – Suite nº 2
Programa composto apenas de obras de Mozart
Mozart – Divertimento k.251
Mozart – Piano Concerto k.466
Mozart – Masonic Funeral Music
Mozart – Sinfonia nº 40 k.550
Programa composto apenas de compositores ingleses
Vaughan Williams – Symphonic Impressions in the Fen Country
Elgar – Concerto para Cello
Peter Maxwell Davies – Worldes Blis
W. Walton – Belshazzar’s Feast
Programa composto de obras didáticas para o público infantil ou jovem
Benjamin Britten – The Young Person’s Guide to the Orchestra
S. Prokofiev – Pedro e o Lobo
Programa composto de compositores apenas do período “clássico”, em ordem
cronológica
Haydn – Sinfonia nº 6 “Le Matin” – 1761
Mozart – Concerto nº 21 para piano – 1785
Beethoven – Sinfonia nº 3 “Eróica” – 1803

BANDA
Programa composto apenas de compositores brasileiros e que tem como temática
os ritmos nacionais como baião, maxixe, samba, maracatu etc.
Mestre Duda – Suíte Pernambucana de Bolso
Mestre Duda – Suite Nordestina
Hudson Nogueira – Quatro Danças Brasileiras
Braguinha/Alberto Ribeiro - Copacabana
Obras de compositores brasileiros modernos (séc. XX)
Marlos Nobre – Chacona Amazônica
Edmundo Villani-Côrtes – Concerto para piano e Banda
Mário Ficarelli – Sinfonia para Instrumentos de Sopro
Programa composto apenas de obras do compositor inglês Gustav Holst
Gustav Holst – Primeira Suite para Banda
Gustav Holst – Segunda Suite para Banda

CORAL
 Repertório baseado somente em músicas, cirandas e cantigas do folclore
brasileiro
Folclore Brasileiro – Escravos de Jó
Folclore Brasileiro – Eu entrei na Roda
Folclore Brasileiro – Fui ao Tororó
Folclore Brasileiro – Peixe Vivo
Folclore Brasileiro – Pai Francisco
Folclore Brasileiro – Alecrim
Programa composto por dois compositores afro-americanos dos EUA
William L. Dawson – Everytime I Feel the Spirit
William L. Dawson – Balm in Gilead
William L. Dawson – King Jesus Is A-Listening
William L. Dawson – Ezekiel Saw De Wheel
Undine Smith Moore – Daniel, Daniel Servant of The Lord
Undine Smith Moore – I Just Come From The Fountain
Undine Smith Moore – We Shall Walk Through The Valley In Peace

Dica do maestro!
É bastante eficaz permitir e incentivar a participação voluntária dos músicos de seu
grupo na organização desses eventos. A atuação desses músicos ajudará a garantir a
eficiência necessária ao sucesso dos eventos. Além disso, o envolvimento dos alunos é
sempre um fator determinante para a motivação.

Repertório por diversidade


São os programas que seguem características comuns das obras, dos compositores ou
das linguagens.
Esses programas podem ser baseados em uma ou mais temáticas.

ORQUESTRA
L. van Beethoven – Abertura “Egmont”
J. Brahms – Sinfonia nº 3
Andrew L. Weber – Temas do Musical “Cats”
W. A. Mozart – Abertura “A Flauta Mágica”
Camargo Guarnieri – Suite “Vila Rica”
H. Berlioz – Sinfonia Fantástica

BANDA
John Barnes Chance – Incantation and Dance
Antonin Dvorak – Serenade in D minor
John P. Souza – Semper Fidelis
John P. Souza – Stars and Stripes Forever
Samuel Barber – Commando March
John Corigliano – Sinfonia nº 3 “Circus Maximus”
N. Rimsky-Korsakov – “Scheherazade” (Transc. Mark Hindsley)

CORAL
 William Byrd – Ave Verum Corpus
Andrew Purcell – Pie Jesu
Anne-Marie O’Farrell – Skimming Stones
James Wilson – Keats on Keats
Andrew Hamilton – Music for People who like the Future
Kevin Volans – One Day Fine
Gilberto Mendes – Com Som Sem Som
Ricardo Tacuchian – Canção de Barco
Ary Barroso – Pra Machucar Meu Coração (arr. Marcos Leite)
Geraldo Vandré – Arueira (arr. Damiano Cozzella)
Gilberto Gil – Procissão (arr. Damiano Cozzella)

Outros critérios
O Clímax

Após escolher os itens que irão compor seu programa, é importante pensar em como
eles serão dispostos, a fim de construir uma linha interessante, considerando seus
diferentes “espíritos” e funções emocionais.
Neste aspecto, o clímax do concerto é fundamental. É o momento de maior experiência
emocional do programa. Aquele que o público irá “guardar”, assoviar ou cantarolar após
a apresentação.
Normalmente, como numa novela ou num filme, há um clímax ao final do programa,
mas claro que isso não é regra absoluta.
Veja exemplos de construção de programa com relação ao clímax:
São muitas as possibilidades. Você deverá considerar a estrutura do repertório,
características e intenções emocionais etc., para decidir sobre uma construção que mais
lhe sirva.

Qualidade
Quando escolhemos repertório para nosso grupo, temos que levar em conta, de forma
muito criteriosa, a qualidade técnica do material.
Devemos observar aspectos como conteúdo técnico das obras, conhecimento do
compositor com relação aos instrumentos ou escrita das vozes, colorido, criatividade e
interesse ao público.
Obras bem escritas, arranjos bem feitos, tendem a “soar” de forma natural, facilitam o
trabalho de preparação nos ensaios e, claro, se mostram mais compreensíveis ao
ouvinte.
Finalmente, o repertório não deve ser apenas um fim, mas deve funcionar também como
uma ferramenta, um recurso para atingir metas com seu grupo. Por meio da escolha
criteriosa de seu repertório você poderá atingir objetivos, sejam eles técnicos ou
motivacionais.
Seu repertório também poderá proporcionar a aproximação de seu público,
conquistando seu apoio e fidelização. Um repertório desinteressante ou mal escolhido
afastará seu público, levando seu trabalho, inevitavelmente, ao fracasso.

Recapitulando
Nesta aula, você viu os diversos fatores que devem influenciar a escolha do repertório:
• O público, que, em geral, é composto por pessoas comuns. O repertório deve
proporcionar a esse público uma experiência audiovisual completa, que traga satisfação
e que possa gerar um crescimento de cultura.
• O grupo, que pode ter características diversas. Nesse sentido, o repertório deve
considerar os limites técnicos de seus músicos e os desafios que você deseja lhes
propor.

Você viu, também, que a organização desse repertório pode ser:


• Cronológica: respeitando-se a cronologia das obras ou dos autores.
• Temática (ou por unidade): seguindo características comuns das obras, dos
compositores ou das linguagens.
• Diversificada: proporcionando ao espectador música para o coração, a mente e o
corpo.
• Com um clímax: um programa deve ser construído de forma a proporcionar uma linha
interessante de experiências emocionais, com a colocação do clímax no momento exato.
• Com qualidade: obras bem escritas e arranjos bem feitos facilitam o trabalho de
preparação e também a assimilação pelo público.

A escolha de repertório deve ser também uma ferramenta para alcançar metas
específicas com seu grupo e como um recurso para obter a aproximação do público.

Referências
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Belwin Inc., 1938.
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