O TEOSOFISTA
5° — Regular toda a produgio e
distribuigao de mercadorias, servicos
cAmbios monetérios nas Nacdes e Po-
vos, por um padr&o de bem-estar uni-
versal.
6° — Manter em cada Nacdo ou
Povo um Departamento de Turismo,
para que caravanas de criancas, estu-
dantes, professores, artistas, técnicos,
possam facilmente visitar outros paises,
fornecendo-lhes todas as informacdes
pees
relativas & viagem.
7° — Disciplinar, na qualidade de
MANDATA’RIO. de todas as Nacdes
e Povos, qualquer Naso ou Povo que
opuser obstdéculos & plena realizacko
do presente esquema mundial, que se
destina a FELICIDADE DE TODA
A HUMANIDADE.
(Pode ser reimpresso e distribuido li-
vremente )
O PORVIR DO BRASIL
POR C.. JINARAJADASA
(Antigo Vice-Presidente da Sociedade Teoséfica)
ALOCUCAO PROFERIDA EM 19 DE ABRIL
DE 1938 NO RIO DE JANEIRO
Tenho anelado pela ocasifo de es-
tar convosco novamente e regosijo-me
por, finalmente, depois de quatro anos,
meu desejo se haver realizado.
E’ esta a minha terceira visita 40
Brasil. Como sabeis, a India est4 lon-
ge, e & muito dispendioso viajar da
India ao Brasil. Por que’ me abalancei
ap desconforto e dispéndio de uma
viagem tao longa?
Em primeiro lugar, porque o meu
dever é explanar as idéias filoséficas
da Teosofia, em todos os
ses, aos que buscam a verdade. Para
isso, o meu karma determina o meu
trabalho em muitas terras. Em seguu-
do lugar, porem, é porque o Brasil
fem um papel especial a desempenhar
no desenvolvimento de toda a Sul-Amé-
rica, eo Brasil n&o pode bem desem-
penhar esse papel enquanto a Teosofia
nao for aceita como filosofia unica da
vida, pelos Iideres da nagéo, na edu-
cacao, na literatura, na politica e nos
negécios.
A importancia do Brasil nao reside
meramente no scu tamanho como a
ai-
maior das nacdes do Sulem area €
populagao. Um. pais como a Argenti-
na, com sua grande energia e rapidez
de desenvolvimento, pode bem rivali-
zar com o Brasil em muitos departa-
mentos da vida. A Argentina, com s
idioma espanhol comum a toda a Amé-
rica do Sul e Central, com excegao do
Brasil, pode seguramente exercer uma
influéncia maior que a do Brasil. EF’
isto que ressalta ao observador vulgar.
Eu, porem, nao sou observador vul-
gar, acompanho uma visio que me
foi dada pelos meus Instrutores. Eles
mostraram-me algo do futuro, e é por
causa dessa visio que cu dediquci tan-
to tempo ao Brasil. Entre os estran-
geiros, acredito ser eu um dos poucos
que ainda véem um grande futuro
para a raca Latina, especialmente no
campo cultural; mas este futuro de-
pende, em larga medida, do desenvol-
vimento adequado e reto das miiltiplas
nacdes da América do Sul e Central,
do México, bem como das Antilhas.
Neste grande destino, tem o Brasil
um grande papel a desempenhar; oEa =
Brasil pode ser o lider, se fiver o cui-
dado de aproveitar esse privilégio e
gléria, como tambem’ essa responsabi-
lidade suprema.
O futuro do Brasil depende da reta
compreensio da natureza de Deus, do
homem e do Estado. Como povo"jo:
vem que sois, sentis muita energia de
crescimento; sois_naturalmente céticos
no que tespeita & sabedoria do” passa-
do. Desejais realizar vossas proprias
experiéncias e abrir por vés mesmos
a estrada para viajardes no sentido
de realizar a grandeza-da vossa nacfo.
Desde que aqui estive ha quatro
anos, tivestes j4 duas constituicdes;
isto é em si_ mesmo um sinal de que
nfo” estais seguros do vosso. caminho
e tendes a mente aberfa As experién-
cias. Mas vosso idealismo nao vai li-
mitar-se a palavras e frases. Em_vossas
Ultima experiéneia, haveis criado o
ESTADO NOVO. Nao necessito: ana-
lizar o que se entende pela expresso
ESTADO NOVO. Lia vossa nova
Constituigao. Mas é realmente um
fato que, por toda a parte, as nagbes
esto forjando um Estado Novo; est
mos levando isto a efeito na Indik
Ninguem ‘que tenha os olhos abertos
pode deixar de verificar que 6 Estado
Velho tem que ir-se, e um Estado No-
vo tomar-lhe o lugar. E’ isto que tem
de acontecer em todos os paises.
F’, porem, na tentativa de criar o
Estado Novo, que os Teosofistas teem
um papel definitivo a desempenhar.
Nao se pode tornar um Estado Novo
um sucesso, a n&o ser que se tenha o
Homem Novo, como unidade do Es-
tado. Se a mentalidade, se a natureza
emocional, se os gostos, os divertimen-
tos, as ambicées do cidadao indi
dual forem sempre os mesmos, isto 6,
os mesmos que eram do Homem Ve-
tho, as constituicdes € leis, por nume-
rosas que séjam, fracassarao no éxito
de consolidar o Estado Novo.
E’ nesta tarefa de criar 0 Homem
O TEOSOFISTA
Novo, qué os Teosofistas teem um pa-
pel’ muito especial. Por mim, estou
perfeitamente certo de que, entre os
miltiplos’ tipos de reformadores que
existem no mundo hoje em dia, nos,
Teosofistas, somos os tinicos reconstru-
tores que compreendem o verdadeiro
significado’ das ditas expressdes: Ho-
mem Novo e Estado Novo. Por que
& que nés, Teosofistas, tio especial-
mente nos distinguimos dos outros?
Por causa da nossa filosofia. Ela n&o—
é nova; Plat®o proclamou-a ha muito
tempo. Alguns dos aspetos da nossa
filosofia encontram-se_na India, outros
no Egito, outros na Grécia, na Pales-
tina e na China. A Teosofia moderna
é apenas uma reiterag&o de explica-
Bes, dadas ao mundo moderno, de
verdades muito antigas, professadas por
instrutores e reformadores h4 muito
tempo j4
A» Teosofia proclama, em primeiro
lugar, que’ Deus existe. Nao é porem,
um Deus estAtico que resida somente
em um Céu. Ele reside na terra, e
especialmente, est4 muito ativo a to-
dos os instantes. Cabe-Lhe a mais di-
ficil de todas as terefas, qual a de
criar_em_ todas as _nagdes e povos o
Estado Novo eo Homem Novo. To-
dos os nossos sonhos de perfeig&o re-
lativos a cada individuo, da nossa na-
cio, do mundo em seu todo, sio so-
nhos d’Ele. Nossos sonhos de reforma
s%o apenas reflexos tragmentarios do
grande sonho de Deus, de um mundo
perfeito, povoado de almas perfeitas.
Em segundo lugar, Deus existe em
nés, homens e mulheres. E’ esta ve-
Tha verdade que a Teosofia acentua
por maneira especial: Cada um de nds
é feito, no somente “A imagem de
Deus”, como Ele proprio 0 disse —
haveis de estar lembrados de Suas
palavras no Génese — “Facamos 0 ho-
mem A nossa imagem” — porem so-
mos feitos tambem de Sua substAncia
e natureza. Desejo recordar as vossas6
O TEOSOFISTA
mentes um incidente ocorrido na Pa-
lestina. Cristo proclamou que era Deus;
tal assercdo da parte de um homem
(lembrai-vos de que os Judeus nao o
aceitaram), de que parlivipdva da div
vindade de Deus, pareceu-lhes com-
pleta blasfemia. Por isso, foi Cristo
sevetamente -acusado. Sabeis qual foi
‘a sua tesposta?, Recordou aos Judeus
que 0 ensinamento de sero homem
fundamentalmente divino era um en-
sinamento muito antigo dos seus pré-
prios profetas. Assim, ele citou-lhes as
palavras de um: dos psalmos, o qual,
naturalmente; aceitaram, por fazer par-
te dos seus préprios ensinos sagrados.
‘As palavras que se supée terem sido
proferidas por Deus através de um dos
- profetas so estas:
coragio
“Eu disse, vés sois Deuses e todos
filhos do Altissimo’”’. Quando os Teo-
sofistas falam da Divindade que resi-
de em cada homem, mulher e crianga,
reproduzem um antigo: ensinamento.
A terceira grande verdade que a Teo-
sofia proclama é a de que o homem
deve ajudar a Deus em Seus planos
de criar um mundo perfeito e uma
hhumanidade perfeita. Nossas salvacéo
consiste, no em escaparmos ao infer-
no, porem em entrarmos no céu agora
mesmo. E nés entramos no Céu de
Deus ao cooperarmos com Ele. “Céu”
significa estar com Deus; isto vos foi
dito quando ereis criancas. Porem,
Deus esta aqui sobre a terra, em to-
doo sonho de purificagio do mundo,
de produgio de paz ¢ de alegria no
de toda a humanidade. So-
nhai_com Deus, trabalhai com Ele,
sacrificai vossos sonhos de salvag%o
“pessoal para ajudar. a salvar toda a
humanidade, e conhecereis algo da bele-
za e do esplendor do Céu.
Ora, Deus tem um plano para a
América do Sul. Foi por causa desse
plano que. Ele vos -trouxe ou aos vos-
sos pais ou aos vossos avés, da Euro-
“pa para aqui, para as miltiplas nacdes
ei
que constituem a América do Sul.
Tendo-vos, trazido para aqui, esté Ele
criando Ientamente uma nova rasa.
Esté combinando, por exemplo, no
Brasil, as racas branca, preta ¢ ver-
melha, para produzir um novo tipo.
A nova variante da Raca Ariana, que
nds, Teosofistas, denominamos a “sé-
tima sub-raca”, aparecerd no decurso
dos séculos sobre toda a América do
Sul; mas_estd, j& comecando a apare-
cer no Brasil. Ha dez anos, vi este
novo tipo em criangas aqui e alem,
no Rio de Janeiro. H4 quatro anos,
em Paranagué, observei uma menina
que finha algo deste novo tipo. Nao
vos posso descrever este tipo, por ser
cle ainda muito novo.
Porem, mais importante do que o
tipo fisico sto a mentalidade e os atri-
butos emocionais da nova raca. E é
neste ponto que o Brasil pode tomar
a dianteira a toda a América do Sul.
Vés touxestes de Portugal uma gran-
de tradicio de cultura. No Brasil, 14
muito lhe haveis acrescentado. Tendes
no Brasil, especialmente, uma bela tra-
dicdo, a qual. espero, jamais esquece*
reis, a dos vossos pattiotas quando
fundaram a Republica. E’ a tradicto
da Fraternidade. Todos 03 nascidos no
Brasil, sejam brancos, sejam_pretos,
so brasileiros ¢, portanto, irm&os vos-
80s.
Ao’ demais disto, amais a beleza.
Aqui, no. Rio, ha a Ansia dos belos
edificios, belos parques e bela misica:
Nao vos satisfazeis. com as grandes
indistrias:e os recursos bancérios. Ne-
cessitais da, poesia e do romance. To-
do este elemento estético, inato no
vosso temperamento, vos esta predis-
pondo a tomardes a dianteira da nova
era a vir para a América do Sul —
a Era da Intuicdo.
‘As grandes conquistas na ciéncia e
no desenvolvimento material do futuro
serfo devidas muito mais aos’ proces-
sos da intuic&o do que aos da mente,