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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0005444-19.2014.8.05.0063
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA
BAHIA
RECORRIDO: MONICA LOPES DE ARAÚJO
JUIZ PROLATOR: GERIVALDO ALVES NEIVA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA DE SERVIÇO DE ENERGIA
ELÉTRICA. DÍVIDA CONTRAÍDA POR TERCEIRO SEM
CONHECIMENTO DA PESSOA EM CUJO NOME FOI
REGISTRADA. INSCRIÇÃO IMERECIDA EM ÓRGÃO DE
RESTRIÇÕES CREDITÓRIAS. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO,
NO ENTANTO, DE FORMA EXCESSIVA ANTE AS
CIRCUNSTÂNCIAS APURADAS. PROVIMENTO PARCIAL DO
RECURSO APENAS PARA REDUZIR O VALOR DA
INDENIZAÇÃO, EM ATENÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que a Recorrente, COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO
DA BAHIA, pretende a reforma da sentença lançada nos autos que, reconhecendo sua
responsabilidade pela inscrição indevida do nome da Recorrida, MONICA LOPES DE
ARAÚJO, em cadastro de inadimplentes, condenou-a ao pagamento de indenização por
danos morais, no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), determinando, ainda, a exclusão
das restrições creditícias discutidas.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,


apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais membros
desta Egrégia Turma.

VOTO

O recurso merece acolhimento parcial.

O intricado conceito da figura do consumidor não se resume ao texto do


art. 2º do CDC, já que nesse mesmo diploma se encontram outras equiparações (arts. 17 e
29), não havendo dúvida de que a parte recorrida se apresenta na condição de vítima do
evento debatido, que, assim, deve ser investigado à luz do CDC.

Nesse diapasão, à míngua de prova de ter a parte autora contratado o


serviço objeto da discussão, sobressai a responsabilidade civil da concessionária de energia
pela atuação deficiente, oriunda do próprio risco da atividade econômica, sem olvidar a
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óbvia impossibilidade de se compelir o consumidor a fazer prova negativa da contratação,
atribuindo-lhe, portanto, o ônus de provar causa legal excludente, algo de que não se
desincumbiu.

“A simplificação de procedimentos para agilização da atividade


econômica, em prejuízo da segurança, é risco assumido pela empresa para bem exercer sua
atividade de fins lucrativos. Se houve falha nesse procedimento, advindo dano à vítima, esta
não pode ser responsabilizada, mas a própria empresa, que assumiu o risco de sua
ocorrência ao exercer a atividade econômica”. (TAPR – AC 0244359-0 – (209920) – Foz do
Iguaçu – 6ª C.Cív. – Rel. Juiz Luiz Carlos Gabardo – DJPR 20.08.2004).

No caso, a Recorrente não provou a regularidade da contratação dos


serviços discutidos, deixando de carrear aos autos o contrato de prestação de serviço
devidamente subscrito pela consumidora.

De igual modo, não demonstrou a adoção das medidas de segurança


necessárias à verificação da verdadeira identidade da pessoa que contratou os serviços de
energia dizendo-se ser a Recorrida, não permitindo cogitar a culpa exclusiva de terceiro, já
que presente a atuação negligente da fornecedora envolvida, concorrente para o evento,
mostra-se acertada a condenação da Recorrente ao pagamento de indenização pelos
inegáveis prejuízos morais sofridos pela consumidora em razão da inscrição imerecida de
seu nome no cadastro de inadimplentes.

Segundo pacífico entendimento da jurisprudência, a inclusão indevida no


rol de maus pagadores é evento ilícito apto por si só a gerar prejuízo de natureza moral,
independentemente da comprovação efetiva de prejuízo1.

Divirjo, no entanto, do MM. Juiz a quo quanto ao valor arbitrado a título


dessa indenização, já que se afastou em demasia dos valores admitidos por esta Turma
Recursal em casos da espécie.

Buscando o arbitramento dos danos morais vislumbrados, observo que são


parcos os elementos coligidos para efeito de sua precisa quantificação, sendo certo apenas
que a Recorrida nada contribuiu para o evento. A existência de outras inscrições do nome da
Recorrida em órgãos de restrições creditórias, embora não sirva para excluir o pedido de
indenização, conforme já ressaltado, representa, no entanto, uma situação peculiar que deve
refletir no valor indenizatório. É que, conforme salientado, houve o ajuizamento de outras 13
(treze) ações individuais, inclusive, contra a própria Recorrente. Assim, se houver
condenação em valor expressivo, conforme pleiteado, ela pode receber soma total
extremamente elevada, capaz de gerar um acréscimo patrimonial injusto, sobretudo quando
se observa que os fatos que causaram os danos morais admitidos estão interligados,
consubstanciado um único evento causador dos danos.

Com isso, atendendo às peculiaridades do caso e à míngua de outros dados

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– APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – Negativação indevida do nome do apelado junto ao
serviço de proteção ao crédito - Dano moral configurado passível de indenização - Ato ilícito e nexo comprovados - Arbitramento do
quantum indenizatório - Diminuição - Recurso conhecido e provido em parte. (TJSE – AC 2006213583 – (1308/2008) – 1ª C.Cív. – Relª
Desª Maria Aparecida Santos Gama da Silva – J. 31.03.2008)
– RECURSOS SIMULTÂNEOS – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS –
NEGATIVAÇÃO DO DEVEDOR NO SPC E SERASA – DANO MORAL CARACTERIZADO – DESNECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DOS PREJUÍZOS – APELOS IMPROVIDOS – "Na concepção moderna da reparação do dano moral, prevalece a
orientação de que a responsabilidade do agente se opera por força do simples fato da violação, de modo a tornar-se desnecessária a prova
do prejuízo concreto. Comprovada a conduta ilícita, impõe o arbitramento do quantum indenizatório, que deverá levar em conta o prestígio
da vítima no meio social, a capacidade financeira do autor do dano, bem como os princípios da razoabilidade e proporcionalidade ". (TJBA
– AC 31.644-0/2003 – (52727) – 1ª C.Cív. – Rel. Des. Robério Braga – J. 03.12.2003)
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tangíveis que pudessem auxiliar na quantificação da indenização, entendo que emerge a
quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais), como o valor próximo do justo, a qual se mostra
capaz de compensar, indiretamente, os desgastes emocionais advindos à parte recorrida em
cada uma das ações propostas, e trazer a punição suficiente ao agente causador, sem centrar
os olhos apenas na aparente capacidade econômica da Recorrente.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pela Recorrente, COELBA
COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA, para, confirmando
todos os demais termos da sentença hostilizada, reformá-la apenas na disposição pertinente
ao valor da indenização pelos danos morais observados, ora arbitrada na quantia de R$
500,00 (quinhentos reais), em favor da Recorrida, MONICA LOPES DE ARAÚJO,
acrescida de juros, contados da citação e correção monetária contada a partir da sentença.

Como a Recorrente logrou êxito em parte do recurso e o disposto na


segunda parte do art. 55, caput, da Lei 9.099/95, não se aplica ao recorrido, mas somente ao
recorrente integralmente vencido, não há condenação por sucumbência.

Salvador, Sala das Sessões, 14 de julho de 2015.

Rosalvo Augusto Vieira da Silva


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS

PROCESSO Nº 0005444-19.2014.8.05.0063
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA
BAHIA
RECORRIDO: MONICA LOPES DE ARAÚJO
JUIZ PROLATOR: GERIVALDO ALVES NEIVA
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA DE SERVIÇO DE ENERGIA
ELÉTRICA. DÍVIDA CONTRAÍDA POR TERCEIRO SEM
CONHECIMENTO DA PESSOA EM CUJO NOME FOI
REGISTRADA. INSCRIÇÃO IMERECIDA EM ÓRGÃO DE
RESTRIÇÕES CREDITÓRIAS. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO ARBITRADO,
NO ENTANTO, DE FORMA EXCESSIVA ANTE AS
CIRCUNSTÂNCIAS APURADAS. PROVIMENTO PARCIAL DO
RECURSO APENAS PARA REDUZIR O VALOR DA
INDENIZAÇÃO, EM ATENÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.

3
ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, EDSON PEREIRA FILHO, ROSALVO
AUGUSTO VIEIRA DA SILVA e ELIENE SIMONE SILVA OLIVEIRA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso
interposto pela Recorrente, COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO
ESTADO DA BAHIA, para, confirmando todos os demais termos da sentença
hostilizada, reformá-la apenas na disposição pertinente ao valor da indenização pelos
danos morais observados, ora arbitrada na quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais),
em favor da Recorrida, MONICA LOPES DE ARAÚJO, acrescida de juros, contados
da citação e correção monetária contada a partir da sentença. Como a Recorrente
logrou êxito em parte do recurso e o disposto na segunda parte do art. 55, caput, da Lei
9.099/95, não se aplica ao recorrido, mas somente ao recorrente integralmente vencido,
não há condenação por sucumbência.

Salvador, Sala das Sessões, 14 de julho de 2015.

JUIZ EDSON PEREIRA FILHO


Presidente

JUIZ ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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