Vous êtes sur la page 1sur 10

Anais... SELISIGNO 2012...

INTRODUÇÃO E RETOMADA DE TÓPICOS EM ENTREVISTAS


TELEVISIVAS

Carmen Lucia Milito Douran (PG – UFMS)


carmenbarudi@hotmail.com

Letícia Jovelina Storto (PG – UEL)


le_storto@yahoo.com.br

Vanessa Hagemeyer Burgo (UFMS)


vanessaburgo@hotmail.com

Considerações iniciais
Neste trabalho, temos por objetivo analisar os procedimentos discursivos
empregados para a introdução e a retomada de tópicos em entrevistas televisivas. No
intento de esclarecer fatos ou trazer informações reveladoras, vários procedimentos são
utilizados pelos entrevistadores para que o entrevistado desenvolva colaborativamente
os tópicos propostos, os quais, por serem muitas vezes considerados polêmicos, podem
colocar em risco a imagem pública de quem fala. Para o corpus, foi selecionada uma
entrevista televisiva com Eike Batista para o programa “Roda Viva”, da TV Cultura,
exibida em 30/08/2010.
O trabalho está dividido em duas partes. Na primeira, examinamos as
características do gênero “entrevista”, o conceito de tópico como unidade discursiva e a
importância das perguntas na orientação do quadro tópico. Na segunda, analisamos o
corpus, verificando os procedimentos utilizados pelos entrevistadores, os quais,
estrategicamente, contribuíram para o desenvolvimento do tópico.
O embasamento teórico está norteado nos princípios da Análise da
Conversação e em estudos pautados na interação face a face.

Aspectos do gênero “Entrevista Televisiva”


Todo evento comunicativo depende da situação de comunicação
contextualizada e do acordo tácito entre os interlocutores. Na situação de comunicação,
situam-se o espaço físico, a intenção comunicativa, as restrições (o que pode ou não ser
dito), o gênero do evento (no presente caso, a entrevista televisiva), a identidade dos
interlocutores, seus papéis sociais e o lugar de poder que ocupam no contrato
comunicativo. No acordo entre os interlocutores, estão presentes os conhecimentos
partilhados, os interesses negociados de acordo com o objetivo da interação e a atitude
colaborativa dos participantes, a qual deve ser favorável ao desenvolvimento e à
sustentação do evento.

Embora possa haver um planejamento prévio da temática da entrevista, a


entrevista televisiva configura-se como um texto falado, em que planejamento de fala e
sua execução são quase simultâneos no tempo. Dessa forma, os participantes de uma
entrevista em que o acontecimento é provocado conservam, na produção dos
enunciados, várias características da língua falada, próprias de uma conversação
espontânea, como repetições, hesitações, correções, paráfrases e outras marcas do texto
oral.

Como os tópicos estão sendo negociados em tempo real, os participantes


assumem atitudes de cooperação. A teoria do Princípio de Cooperação (ou Princípio
Cooperativo), elaborada por Grice (1982), afirma que, no diálogo, as pessoas fazem
esforços cooperativos no intuito de tornarem a comunicação efetiva, reconhecendo nela
um ou mais propósitos comuns.

Segundo Fávero (2000), o entrevistado contribui com a entrevista ao fornecer


respostas que desenvolvam os tópicos propostos e, ao mesmo tempo, ao mantê-las
centradas no foco das perguntas. O entrevistador, por sua vez, garante o sucesso do
evento buscando estratégias que mantenham a produtividade e a expansão dos tópicos
de acordo com os propósitos esperados. Nesse contexto, as relações entre o
entrevistador, o entrevistado e a audiência são constitutivas no desenvolvimento da
interação (FÁVERO, 2000).

É preciso observar que, nem sempre, na interação verbal, uma pergunta é


seguida por uma resposta (FÁVERO; ANDRADE; AQUINO, 2006). Dependendo da
negociação entre os participantes da interação, do conhecimento partilhado e do
contexto em que se encontram, essa ordem pode ser alterada, pois não há uma lógica
que determine a organização do par pergunta-resposta (FÁVERO; ANDRADE;
AQUINO, 2006).

Para Marcuschi (2006, p.16), ao contrário do diálogo simétrico encontrado nas


conversas diárias e naturais, a entrevista constitui um exemplo de diálogo assimétrico,
“em que um dos participantes tem o direito de iniciar, orientar, redigir, concluir a
interação e exercer pressão sobre o(s) outros(s) participantes(s)”.

No programa Roda Viva, há um tipo de entrevista inserida, muitas vezes, em


um quadro polêmico, já que se instaura o debate de ideias e o confronto de opiniões, em
que as abordagens são feitas mediante a alternância assimétrica dos turnos entre as
perguntas formuladas pelos convidados e as respostas do(a) entrevistado(a).Vale dizer
que, nesse programa, o espaço e o posicionamento dos participantes criam um clima
mais formal: o entrevistado situa-se no centro, numa cadeira giratória. O cenário simula
uma espécie de plenário e a mediadora, Marília Gabriela, a qual também assume o papel
de entrevistadora, e os demais entrevistadores convidados situam-se mais distantes, em
volta, por trás de balcões, de forma a dirigir suas perguntas diretamente ao entrevistado.
Como existe um planejamento prévio da pauta, vários procedimentos
discursivos são utilizados para inserir ou retomar tópicos polêmicos visando à
colaboração do entrevistado. Para isso, percebe-se a alternância de maior ou menor
polidez no direcionamento dos tópicos por meio de perguntas ou asserções dos
entrevistadores, cabendo a esses serem perspicazes para a obtenção de respostas que
preencham as expectativas dos entrevistadores e, ao mesmo tempo, os anseios da
audiência. Fávero (2000, p.85), retomando Aquino, afirma que “a entrevista
desenvolve-se a partir de perguntas, mas o entrevistador perspicaz utiliza-se de
estratégias variadas, conseguindo boas respostas e até, muitas vezes, revelações íntimas
ou secretas, como ocorre, por exemplo, com a entrevistadora Marília Gabriela”.
Pelo exposto, podemos constatar que a entrevista apresenta especificidades que
definem o papel social do entrevistado e do entrevistador em um processo dinâmico, no
qual é observada a relação de poder entre os interactantes, os quais, por sua vez, podem
conduzir os tópicos de acordo com o contexto, de modo a promover a coerência e a
organização do discurso.
Noções de tópico discursivo
Conforme Marcuschi (1986, p.77), o tópico constitui-se como unidade
discursiva fundamental que institui o evento conversacional, pois ele é visto como
“sobre o que se fala”. Segundo o autor, “só se estabelece e se mantém uma conversação
se existe algo sobre o que conversar, nem que seja sobre futilidades ou sobre o tempo, e
se isto é conversado. É a isto que se refere Goffman quando sugere que uma
conversação é uma interação centrada” (MARCUSCHI, 2006, p.77).
Na conversação, o tópico está em contínua negociação e as perguntas e asserções
do entrevistador têm o papel de monitorar a ação tópica. Entretanto, o entrevistado pode
ser ou não favorável em colaborar no seu desenvolvimento. Como na entrevista estamos
diante de uma conversação assimétrica, em que supostamente o entrevistado teria o
dever de colaborar, muitas vezes o que observamos é justamente o contrário, pois, para
preservar a sua face positiva, o entrevistado distancia-se ou desvia-se propositalmente,
de maneira a focalizar outros tópicos que lhe sejam mais favoráveis.
O tópico apresenta três propriedades fundamentais: a centração (ou
focalização), a organicidade e a segmentação (KOCH; MARCUSCHI, 2006;
GALEMBECK, 2012).
A primeira diz respeito ao foco em um determinado tema, de modo que se
mantenha a coerência do texto (falado ou escrito), ou seja, está relacionada à ideia de
unidade.
A segunda, por seu turno, relaciona-se à organização tópica do texto falado, a
qual se desenvolve em dois níveis interligados: o linear (horizontal) e o hierárquico
(vertical) (KOCH; MARCUSCHI, 2006). No plano linear, está indicada a relação entre
os tópicos na linha discursiva, em sua linearidade. Por meio desse plano, o qual
apresenta a progressão tópica, é possível compreender a noção de continuidade, quando
existe uma organização sequencial dos tópicos, e de descontinuidade, quando não existe
essa organização, de modo que a sequência tópica seja perturbada (GALEMBECK,
2012). Já no plano hierárquico, são apresentadas as relações de interdependência entre o
supertópico, o tópico e os possíveis subtópicos. Nesse plano, ocorre a especificação do
assunto em pauta de acordo com as necessidades e as intenções dos interlocutores
(GALEMBECK, 2012).
A terceira “consiste na delimitação dos vários segmentos ou porções tópicas,
intuitivamente identificadas pelos falantes, na medida em que há na fala marcas desta
delimitação tópica, mas que nem sempre constituem um critério absoluto, pois são
facultativos, multifuncionais” (GALEMBECK, 2012, p.71).

Monitoramento do tópico por meio de perguntas


Segundo Fávero (2000), o monitoramento do tópico na entrevista dá-se,
principalmente, por meio de perguntas, as quais podem orientar ou reorientar o curso da
entrevista. Elas podem, de acordo com Fávero (2000), ocorrer nas seguintes situações:
a) Introdução de tópico: ao iniciar a entrevista, é comum que o entrevistador
utilize-se de uma pergunta. Essa estratégia é empregada também quando se introduzem
novos tópicos na conversação.
b) Continuidade de tópico: as perguntas e as respostas são utilizadas pelos
interlocutores para dar prosseguimento ao tópico.
c) Redirecionamento do tópico: o tópico pode agir prospectiva e
retrospectivamente. Ao perceber que houve um desvio do tópico, o interlocutor pode
redirecioná-lo por meio de uma pergunta, reintroduzindo o tópico original.
d) Mudança de tópico: a ocorrência de uma pergunta pode selecionar um novo
tópico. A opção pela mudança pode estar relacionada a referentes não compreendidos, a
referentes que provoquem muitas associações seja por esgotamento, seja por falta de
interesse em prosseguir ou outros.

Função das perguntas


Para Fávero (2000), as perguntas podem assumir diferentes funções de acordo
com os objetivos a que se pretendem ou podem servir apenas para o estabelecimento de
um primeiro contato. Assim, elas são utilizadas na solicitação de informações,
confirmações e esclarecimentos, podendo ainda ter função meramente retórica
(FÁVERO, 2000).
As perguntas com pedido de informação ocorrem com bastante frequência nas
entrevistas de forma geral. A resposta pode se restringir somente à informação
solicitada ou pode ser usada para a expansão do tópico com a expressão de opiniões do
interlocutor. As perguntas com pedido de confirmação são usadas com a finalidade de
requerer que o interlocutor sustente uma informação dada. Já as perguntas com pedido
de esclarecimento ocorrem quando o interlocutor não tem certeza se ouviu ou
interpretou bem os referentes em andamento. As perguntas retóricas, por sua vez, têm
o propósito de manter o turno e orientar a argumentação em andamento ou estabelecer
contato (função fática).

Análises das ocorrências

L1. Eu gostaria...de comeÇA::: EIKE... faLANdo:: de grana


L2.[humm
L1 DIM DIM...MESMO...dinHEIRO... néh a a revista Forbes anunciou uns meses
atrás...que você está em oitavo lugar... na lista dos homens mais ricos do mundo com uma
fortuna avaliada...se/sempre segundo a Forbes... em 27::... BIlhões de dólares... a imagem
que me vem a cabeça quando eu... leio ou ouço::: esses números é a imagem do Tio
Patinhas... o homem mais rico do mundo ou o pato mais rico mundo... caindo na/naquela
piscina...a/aquela caixa forte de dinheiro...nadando pra ter boas ideias... mas enfim...eu
vou querer saber ..de você...POR que perseguir esse objetivo de ser o homem::... mais rico
do mundo?... e::... ainda mais curiosa...eu entrevistei você a mais ou menos um
ANO...como é que se faz...ah::...éh::...de um ano pra cá pra se pular do sexagésimo
PRIMEIRO lugar nessa lista de mais ricos do mundo para o oiTAvo lugar?...eu não quis
perguntar se você tem a piscina de ouro que eu imagino que...tem?::
L2 não
(risos)
L1 ahnahnokey (risos)
L2 essa piscina eu não tenho não

A apresentadora, Marília Gabriela, que em muitas ocasiões, além do papel de


mediadora, assume também o papel de entrevistadora, introduz o tópico principal:
“grana” (dinheiro). Tendo em vista o conhecimento partilhado com o público ouvinte de
que Eike Batista é o homem mais rico do Brasil e um dos mais ricos do mundo, é
estabelecido um “frame”, o qual sugere uma rede de expectativas, tais como conquista,
poder, sucesso, destaque, fama e outras.
Na continuidade do diálogo, a apresentadora (doravante L1) retoma o tópico por
meio da recategorização do termo “grana” por “dim dim”. Ademais, verificamos o
procedimento de expansão do tópico proposto por meio de dois seguimentos: no
primeiro, são citados fatos apresentados pela revista Forbes, os quais atestam que Eike
Batista (L2) estaria em oitavo lugar na lista dos homens mais ricos, tento um patrimônio
estimado em 27 bilhões de dólares. Apoiando-se no discurso de autoridade de uma
revista de economia e finanças, L1 constrói uma imagem positiva de si, pois suas
afirmações estariam embasadas em dados concretos de uma revista de referência
internacional.
No segundo seguimento, L1 faz alusão a um personagem de histórias em
quadrinhos, “Tio Patinhas”. Com isso, ela cria um clima ficcional, suscitando no
ouvinte um cenário de fantasia e magia que afasta o entrevistado do mundo real.
Por meio desses procedimentos, L1 estabelece um cenário mais propício para a
inserção de subtópicos de caráter mais incisivo, que ocorrem com o encadeamento de
duas perguntas com pedido de informação: “...POR que perseguir esse objetivo de ser o
homem::... mais rico do mundo?”, “...como é que se faz...ah::...éh::...de um ano pra cá
pra se pular do sexagésimo PRIMEIRO lugar nessa lista de mais ricos do mundo para
o oiTAvo lugar?...”, e uma pergunta, a última, que se insere no âmbito da retórica. Essa
questão é motivada, servindo ao estabelecimento de contato entre o entrevistador e a
audiência, já que a entrevistadora já esperava uma resposta negativa: “...eu não quis
perguntar se você tem a piscina de ouro que eu imagino que...tem?::”.

L1 bom... como é que se faz para se pular em um ano?...pra/pra nos pobres mortais isso
é:::
L2 [éh
L1 quase magia néh?
L2 na verdade éh que o que aconteceu no ano pas/dois mil e oito foi a crise mundial que na
verdade destruiu quase setenta e cinco por cento do valor de muitas empresas que se
negociavam em bolsa
[
L1 ah
L2 e as minhas cinco empresas que/onde estava o novo mercado..que é um mercado com o
maior nível de governância e transparência se perderam junto com mercado mundial,
néhempresas... enfim.. ah PETROBRAS...VALE... todas elas...elas perderam a metadE do
valor delas... empresas como a nossa que estavam ainda em estágio de constução dos
projetos néh...elas caíram mais ainda...o que se criou um mundo::: eu acho que....todos
sabemos aqui que

Por meio do marcador conversacional “bom”, L1 retoma um dos subtópicos


anteriormente introduzidos repetindo parcialmente a pergunta anterior: “bom... como é
que se faz para se pular em um ano?”, e, ao final do turno, remete o ouvinte novamente
ao clima de magia, contrapondo a figura ficcional do entrevistado ao do público em
geral por meio da referenciação de “nós” a “pobres mortais”: “pra/pra nós pobres
mortais isso é:::”.
L2 desenvolve o tópico colaborativamente, justificando que poderia ter
alcançado o oitavo lugar mais rapidamente se não fosse a crise econômica de 2008. Por
meio de uma digressão, L2 reconstitui alguns fatos que ocorreram na economia nacional
que contextualizam sua justificativa, o que contribui, de forma significativa, para sua
autoimagem positiva, pois o coloca em situação de vítima dentro do quadro econômico
instaurado no passado.

L1 se tá falando de/da...da GRAndeCRIse?


L2. não...não dois mil e/a nossa crise dois mil...
[
L1 ahn
L2 e o reflexo disso::...
[
L1 éh...então mas então você tá dizendo que se não fosse aquilo você JÁ SERIA...o cara
[
L2 já
L1 um talvez o oitavo ou:::: o::: u:::: oitavo?
L2 claro...já

Por meio de uma pergunta de pedido de confirmação, L1, por meio de uma
pergunta (“se tá falando de/da...da GRAndeCRIse?”) retoma o subtópico introduzido
por L2. No excerto, há um momento em que L1 assalta o turno de fala (= vez de falar)
de L2. Para isso, ele emprega o marcador conversacional (MC) “éh”. Esse MC está
servindo para indicar uma hesitação por parte do falante. Em seguida, L1 usa o MC de
valor coesivo “então” seguido dos marcadores “mas então”, com valor conclusivo, para
retomar o subtópico desenvolvido por L2: (não fosse a crise, já teria alcançado o oitavo
lugar) “éh...então...mas então você tá dizendo que se não fosse aquilo você JÁ
SERIA...um cara/ um talvez o oitavo ou:::: o::: u:::: oitavo?”. Note-se que esses
marcadores são empregados para a retomada do turno e do tópico. Ademais, a repetição
de “então” deixa marcado no texto seu processo de planejamento, o qual, em textos
falados, é local, ou seja, ocorre quase simultaneamente à execução da fala.

L1 do mundo?
L2 tava num crescendo de projetos
[
L1 hum
L2 que eu venho empreendendo no Brasil desde do/dos mil... praticamente onde eu decidi
vender meus ativos no exterior me concentrar o Brasil

Por meio da pergunta de confirmação “do mundo?”, L1 retoma o subtópico (a


colocação de L2 entre os mais ricos do mundo) introduzido no início da entrevista.
Dessa forma, contribui para a expansão desse subtópico, o qual ainda não tinha sido
plenamente desenvolvido por L1.

Considerações Finais
Como vimos, o entrevistador tem um papel fundamental no direcionamento do
quadro tópico estabelecendo condições que viabilizem o bom relacionamento entre os
interlocutores e, assim, promovam a condução do evento comunicativo de forma
produtiva e de acordo com os propósitos que se desejam alcançar. Por meio das
perguntas, o entrevistador introduz ou retoma alguns tópicos estrategicamente, a fim de
que o entrevistado se comporte colaborativamente.
Percebemos que existem perguntas que podem ser utilizadas para simplesmente
estabelecer contato e manter a progressão tópica e outras que são mais invasivas e
expõem a imagem dos interlocutores. Dessa maneira, os procedimentos discursivos
utilizados pelo entrevistador, como as perguntas, servem para indicar a orientação
argumentativa do texto. Além do mais, dependendo da intencionalidade, ora serem para
preservar a face (imagem) dos interlocutores, ora para arranhá-la, colocando-os em
situação vulnerável diante do público.
Tendo em vista que se trata de um programa de entrevista televisivo, ocorre um
jogo interacional tripartido em que os interesses nem sempre se alinham e cada um dos
jogadores têm seus próprios propósitos e intenções. Como o sucesso da audiência é
medido pela engenhosidade do entrevistador nas estratégias utilizadas para a obtenção
de respostas que preencham as expectativas, cabe a ele mediar a interlocução de modo a
preservar a sua própria imagem e a de seus interlocutores (entrevistado e audiência),
promovendo, assim, a sustentação do evento conversacional.

Referências
FÁVERO, L. L. A entrevista na fala e na escrita. Em: PRETI, D. (Org.). Fala e escrita
em questão. São Paulo: Humanitas / FFLCH / USP, 2000, p. 79-97 (Projetos Paralelos
– NURC/SP, 4).

______; ANDRADE, M. L. C. V. O.; AQUINO, Z. G. O. A movimentação tópica numa


visão pragmático-discursiva. Cad. Est. Ling., Campinas, v. 48, n. 1, p. 85-104, jul.
2006.

GALEMBECK, P. T. O tópico em textos falados e escritos. Em: CADERNOS Do


CNLF, Vol. XVI, n. 03 – Livro de Minicursos e Oficinas. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/xvi_cnlf/min_ofic/11.pdf>. Acesso em out. 2012.

GRICE, H. P. Lógica e conversação. Em: DASCAL, M. (Org.). Fundamentos


Metodológicos da Lingüística. Trad. J. W. Geraldi. Campinas: Unicamp, 1982, Vol.
IV.

KOCH, I. G. V.; MARCUSCHI, L. A. Referenciação. In: KOCH, I. G. V.; JUBRAN, C.


C. A. S. Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas, SP: Editora da
Unicamp, 2006, p.381-399.

MARCUSCHI, L. A. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1986.

YOUTUBE. Eike Batista – Entrevista Roda Viva. 30 ago. 2010. Disponível em:
<www.youtube.com/watch?v=MoWNAGxee0K>. Acesso em out. 2012.

Vous aimerez peut-être aussi