>> RQ30 // SAÚDE: ORTODONTIA
Afonso Pinhão Ferreira luta...
Pela evolução da ortodontia
Para uma maior compreensão sobre a Ortodontia e a evolução desta especialidade da Medicina Dentária no panorama nacional, a Revista
da Qualidade esteve à conversa com Afonso Pinhão Ferreira, um dos especialistas de renome no nosso país e actual Director da Faculdade
de Medicina Dentária da Universidade do Porto.
Afonso Pinhão Ferreira, Ortodontista
e Director da Faculdade de Medicina
Dentária da Universidade do Porto
e referir, inicialmente, que a
D Ortodontia é uma especia-
lidade acreditada pela Or-
dem dos Médicos Dentistas, sendo
que este organismo inclui na sua
estrutura um Colégio de Especia-
lidade que agrega um conjunto de
profissionais que provaram perante
os seus pares a sua competência
curricular e um conhecimento es-
pecífico e profundo sobre essa área,
isto é, são pessoas que cumpriram
determinados preceitos regulamen-
tares para poderem concorrer a
esse título de especialidade. Olhan-
do para a etimologia da palavra
ortodontia, verificamos que ‘orto’
significa direito e ‘dontia’ significa
dentes, ou seja, esta especialidade
tem como intuito corrigir a posi-
ção dos dentes do ponto de vista
ocluso-funcional e, também, esté-
tico, sendo que esta vertente tem
vindo a ganhar preponderância
na actualidade, “já que as pessoas
gostam de ter bom aspecto e de se
sentir bem fisicamente. Assim, tal
como muitas outras especialidades
na área da saúde, a Ortodontia é
uma especialidade do foro emocio-
nal, isto é, uma pessoa que não se
submeta a um tratamento ortodôn-
tico não coloca a sua vida em risco.
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No entanto, caso se submeta a um
tratamento ortodôntico poderá me-
lhorar a qualidade de vida. Aliás,
a Organização Mundial da Saúde
define, actualmente, Saúde como
bem-estar físico, psíquico e social
e, nesse sentido, a Ortodontia apre-
senta-se, indubitavelmente como
uma disciplina da saúde”, esclarece
Afonso Pinhão Ferreira. Adicional-
mente, esta especialidade é também
importante na vertente da reabilita-
ção oral, seja em casos de pacien-
tes que foram perdendo uma parte
da sua dentição ao longo da vida
ou em casos de agenesias, em que
existe ausência parcial da dentição.
Assim sendo, para proceder à reabi-
litação é necessário gerir os espaços
no interior das arcadas dentárias,
isto é, para que seja possível a co-
locação de implantes é, muitas ve-
zes, necessário direccionar alguns
dentes para outras posições, o que
significa que a ortodontia intera-
ge com outras áreas da medicina
dentária no sentido de proceder a
uma correcta reabilitação oral dos
pacientes. “De acordo com a mi-
nha perspectiva, esta especialidade
da medicina dentária tem evoluído
muito bem no nosso país, uma vez
que, politicamente, tanto no seio
da Ordem dos Médicos Dentistas
como da comunidade universitária,
os seus líderes têm conseguido ele-
var o nível de qualidade e exigência
Consultorio open-space da Ortopóvoa
do percurso académico a seguir até
à obtenção do título de especialista.
Poder-se-ia perguntar por que razão
é que, estando um médico dentista
está habilitado a executar correc-
ções ortodônticas, qual é a neces-
sidade de formar especialistas em
Ortodontia? A resposta é simples, o
especialista em Ortodontia, devido
à sua formação pós-graduada tem
por obrigação mais conhecimentos
e competências relativamente a esta
vertente específica da Saúde Oral,
ou seja, deverá está mais habilitado
a tratar as pessoas neste item”, refe-
re o nosso interlocutor.
Assim, a nível de formação supe-
rior, para obter o título de especia-
lista em Ortodontia no nosso país
é necessário, no presente momento,
concorrer a uma instituição de en-
sino superior que leccione cursos
de pós-graduação em Ortodontia
de acordo com o regulamentado e
concluir esse curso. De referir que
se tratam de cursos intensivos com
duração de três anos, o que equi-
vale sensivelmente a 3600 horas
de formação. Após a conclusão do
mesmo, deve requerer o exame de
especialidade à Ordem dos Médi-
cos Dentistas e, somente após a
conclusão do mesmo, é que obtém
o título de especialista. “Não é um
processo fácil, visto que os estudan-
tes têm de investir no mínimo oito
anos da sua vida na formação espe-
cializada. Aliás, actualmente, ape-
nas se encontram registados no Co-
légio da Especialidade da Ordem
dos Médicos Dentistas cerca de 50
especialistas, mas acredito que nos
próximos três anos este número
possa aumentar substancialmente”,
conferencia Afonso Pinhão Ferrei-
ra. Porém, este é um cenário natu-
ral, atendendo ao facto que se trata
de uma especialidade recente em
Portugal. Trata-se de um processo
de formação rigoroso, no qual não
devem existir facilitismos para justi-
ficar apenas o aumento do número
de especialistas. “Penso que o nos-
so país se encontra no bom cami-
nho. Durante muitos anos apenas
existia em Portugal um curso de
pós-graduação para a especialida-
de. Aliás, considero importante
referir que a Faculdade de Medi-
cina Dentária da Universidade do
Porto foi a primeira a desenvolver
o primeiro curso de pós-graduação
de especialidade em Ortodontia, a
nível nacional. Isto remonta há 20
anos e eu tenho o privilégio de ter
sido dos primeiros docentes deste
curso. Após este curso surgiu, anos
mais tarde, uma pós-graduação si-
milar na Universidade de Coimbra
e, mais recentemente, foi criado
um curso semelhante na Universi-
dade de Lisboa. Segundo a minha
óptica, com a existência destes três
cursos centralizados nas principais

universidades públicas e, preferen-
cialmente, todos acreditados, Por-
tugal encontra-se bem servido nes-
ta área”, comenta. Afonso Pinhão
Ferreira confessa que tem acompa-
nhado com entusiasmo a evolução
da Ortodontia em Portugal, desde
o seu início em que nem computa-
dores existiam até à actualidade em
que existem programas fantásticos
de imagem fotográfica e radiológi-
ca, que permitem coisas fabulosas
em termos de estudo, previsão de
crescimento das estruturas cranio-
faciais, previsão do objectivo do
tratamento, entre outros. “Como
é evidente os serviços académi-
cos da Universidade do Porto têm
a obrigação de acompanhar esta
evolução, até porque a universida-
de é um centro de criação e apli-
cação do conhecimento. Por isso
mesmo seria grave que um serviço
universitário não acompanhasse
esta evolução, preparando aulas
mais consentâneas com a actuali-
dade, assim como o intercâmbio
com outras universidades com o
intuito de trazer outras formas de
leccionar e outros conhecimentos.
É agradável verificar que num pe-
ríodo de 20 anos a Ortodontia em
Portugal deu um salto evolutivo ex-
traordinário, estando actualmente
ao nível do que se pratica noutros
países”, sublinha. Presentemente, a
Ortodontia portuguesa usufrui de
uma boa reputação no panorama
internacional, sendo disso exemplo
o facto de Afonso Pinhão Ferreira
já ter desempenhado funções de se-
cretário de Direcção da Federação
Europeia de Ortodontia. Por outro
lado, quando desempenhou fun-
ções como presidente da Sociedade
Portuguesa de Ortopedia Dento-
Facial (SPODF) conseguiu que
esta passasse a integrar a European
Federation of Orthodontic Specialists
Association e, presentemente, muitos
dos seus associados são membros
da World Federation of Orthodon-
tists. “Ainda há dois anos a European
Orthodontic Society organizou em
Portugal o seu Congresso Europeu,
sob a presidência do colega Pedro
Leitão, evento no qual tive a hon-
ra de participar com Presidente da
Comissão Científica. A Ortodontia
nacional está bem cotada no pa-
norama internacional e, enquanto
membro fundador da SPODF e do
ensino pós-graduado, é com imenso
agrado que verifico que antigos es-
tudantes meus como, por exemplo,
Américo Ferraz, actual Presidente
da SPODF, estão a dar continuida-
de ao trabalho que iniciamos há 20
anos e que a evolução desta espe-
cialidade está a ser assegurada por
quem de direito”, remata.
Ortopóvoa – um caso
de qualidade
É importante sublinhar que Afon-
so Pinhão Ferreira foi o primeiro
médico dentista, em Portugal, a
dedicar-se à prática exclusiva da es-
pecialidade em ortodontia e, exac-
tamente, por esse motivo decidiu
Interior da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
investir na criação da Ortopóvoa,
uma clínica de ortodontia por exce-
lência. “Trata-se de uma clínica ba-
seada no modelo norte-americano,
ou seja, é um espaço aberto onde
não existem consultórios fechados,
mas sim uma sala espaçosa onde
estão colocadas diversas cadeiras,
o que permite aos pacientes co-
municarem durante as consultas.
É uma forma curiosa de trabalhar
e que agrada imenso aos pacientes,
principalmente às crianças. Temos
tido o cuidado de criar uma relação
intrínseca entre a marca Ortopóvoa
e a qualidade e, por isso, sempre
procurei trabalhar na vanguarda da
ortodontia, dotando a clínica com
os equipamentos mais recentes. Por
exemplo, actualmente, as cadeiras
da clínica estão dotadas de um ecrã
digital onde posso visualizar todas
as fotografias faciais e intra-orais
do paciente ao longo do tratamen-
to. Assim, antes de iniciar o trata-
mento e ao longo do mesmo, tenho
a possibilidade de acompanhar a
evolução do tratamento, tal como
os pacientes e seus responsáveis”,
descreve o nosso interlocutor.
Sempre na senda da qualidade,
Afonso Pinhão Ferreira está a pre-
parar a construção de uma nova
clínica que continuará o formato de
‘open-space’, mas que irá ter novas
particularidades, nomeadamente, o
facto de ser uma clínica direcciona-
da para a formação. Assim sendo,
estará dotada de um auditório, uma
sala de exercícios práticos, uma
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biblioteca, portanto “quem estiver
interessado em realizar um estágio
na minha clínica terá todas as con-
dições formativas ao seu dispor. A
segunda componente da clínica é
uma ligação directa à comunidade,
através da realização de conferên-
cias sobre saúde ou outros temas.
Adicionalmente, existirá uma gale-
ria de arte que pode ser visitada pe-
los pacientes enquanto aguardam
pelas consultas. Uma terceira com-
ponente baseia-se na integração de
ferramentas complementares à pró-
pria ortodontia como, por exemplo,
laboratórios. Resumidamente, esta
clínica será a simbiose entre toda
a experiência adquirida até ao mo-
mento às técnicas actuais, por isso
mesmo a clínica passará a estar do-
tada de tecnologia 3D, o que permi-
tirá uma visão de maior qualidade
de cada caso. Adicionalmente, um
outro aspecto diferenciador desta
clínica será a criação de um gabi-
nete de cosmética, onde quem o
desejar poderá aprender a utilizar
a cosmética da forma mais correc-
ta”, aponta o nosso interlocutor.
Uma das prerrogativas de Afonso
Pinhão Ferreira é a aposta contínua
na inovação e da qualidade, sen-
do por isso importante referir que
esta clínica não tem a pretensão de
aumentar o número de cadeiras, a
fim de evitar a perda de qualida-
de. “Faço questão de continuar a
acompanhar a evolução de todos os
meus pacientes”, conclui.
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