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BAHIA
PROCESSO Nº 0005598-53.2011.8.05.0027
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: IZABEL PRADO DE ARAÚJO
RECORRIDA: COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA -
COELBA
JUIZ PROLATOR: ARMANDO DUARTE MESQUITA JUNIOR
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA
EMENTA
VOTO
1
Por ser inerente ao risco do desenvolvimento de sua atividade econômica 1,
o CDC consagra que a ocorrência de caso fortuito ou de força maior ou mesmo a culpa da
vítima ou de terceiro não excluem ou atenuam a culpa do fornecedor quando ele concorre de
alguma forma para o evento. Somente a atuação isolada e exclusiva do elemento externo faz
desaparecer a relação de causalidade entre a atuação do fornecedor e o evento danoso,
dissolvendo-se a própria relação de responsabilidade civil. Concorrendo de alguma forma
para o resultado lesivo, mediante ação ou omissão, o fornecedor envolvido atrai para si a
responsabilidade integral perante o consumidor, não podendo isentá-lo a eventual ocorrência
concomitante de culpa do consumidor ou de terceiro ou mesmo de caso fortuito ou força
maior.
1
- DIREITO CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS C/C AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - CONSTRUÇÃO CIVIL - ATRASO NA
ENTREGA DO IMÓVEL - ALEGAÇÃO DE FORÇA MAIOR E CASO FORTUITO PARA JUSTIFICAR A INADIMPLÊNCIA -
FATOS PREVISÍVEIS - TEORIA DO RISCO DO NEGÓCIO - RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DA CONSTRUTORA
- INTELIGÊNCIA DO ART. 14 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - DANO MATERIAL E MORAL
RECONHECIDOS - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO - A teoria do risco do negócio ou atividade é a base da
responsabilidade do fornecedor no Código de Defesa do Consumidor , que se harmoniza com o sistema de produção e consumo em
massa, protegendo a parte mais frágil da relação jurídica, o consumidor. Não se considera caso fortuito ou motivo de força maior o
evento que, apesar de inevitável, se liga aos riscos do próprio empreendimento, integrando de tal modo à atividade empresarial,
que seja impossível exercê-la sem assumi-los - Conforme art. 14, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor , o ônus da prova, em
caso de causa excludente de responsabilidade, é do fornecedor, que não se desincumbiu do encargo. - Apelo conhecido e
desprovido. (TJAM - AC 0215996-83.2011.8.04.0001 - 3ª C.Cív. - Rel. Des. Aristóteles Lima Thury - DJe 05.12.2013 - p. 48)
2
“A simplificação de procedimentos para agilização da atividade econômica, em prejuízo da segurança, é risco assumido pela
empresa para bem exercer sua atividade de fins lucrativos. Se houve falha nesse procedimento, advindo dano à vítima, esta não
pode ser responsabilizada, mas a própria empresa, que assumiu o risco de sua ocorrência ao exercer a atividade econômica ”.
(TAPR – AC 0244359-0 – (209920) – Foz do Iguaçu – 6ª C.Cív. – Rel. Juiz Luiz Carlos Gabardo – DJPR 20.08.2004).
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Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos
nas normas de consumo.
2
Assim, não comprovada a culpa exclusiva da consumidora ou de terceiro,
deve a parte recorrida responder pela sua desorganização administrativa, sendo, portanto,
absolutamente necessária a sua condenação ao pagamento dos inegáveis prejuízos morais
sofridos pela Recorrente4, face à suspensão indevida da prestação de serviço público
essencial, o que, inegavelmente, vulnerou a sua intangibilidade pessoal, sujeitando-a ao
constrangimento, aborrecimento, transtorno e incômodo, oriundos da atividade ilícita da
Recorrida.
PROCESSO Nº 0005598-53.2011.8.05.0027
CLASSE: RECURSO INOMINADO
4
EMENTA
ACÓRDÃO