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INSTITUTO EDUCAR ​– Instituto de Ensino Superior de Jequié

Curso de Formação em Psicanálise Clinica


Disciplina​: Ética e Legislação em Psicanálise
Docente: ​Isabela Benevides
Discentes: Jaqueline de Almeida Araújo Trindade
Jeane Roque da Silva
Maria da Paixão Gouveia
Rosemary Santos Souza

O LOCAL DA ÉTICA NO SETTING ANÁLITICO


Jequié/Ba
Junho de 2018
O LOCAL DA ÉTICA NO SETTING ANÁLITICO

No início do século XIX, quando Sigmund Freud, sujeito de seu tempo,


começou a construir o corpo científico, assim o consideramos, da Psicanálise, a
cultura da época primava por um código de valores e regras claras. A Lei tinha seu
lugar, a transgressão quando exposta provocava desagrado e exigência de punição.

A Psicanálise teve o mérito de solucionar, reconhecer e desvendar a fala


carregada de fantasias, desejos, amores e ódios. Com o tempo, este saber foi se
especializando e sofisticando. Durante as Grandes Guerras ocorreram cisões e
exílios para outras terras. Novas teorias e técnicas foram forjadas para
compreender e abordar distintas realidades e subjetividades.

O mundo se instalou numa nova ordem. As mudanças culturais, a tecnologia


e a ciência ofereceram novos estilos de vida, de organização e administração social.
A unicidade da história é questionada e as referências ao passado são consideradas
nostálgicas. Percebemos o declínio do mundo privado; as revoluções institucionais;
as guerras; ameaças e crises ecológicas; as novas identidades sociais; a
engenharia genética, o acesso facilitado às drogas lícitas e ilícitas; a economia
globalizada e virtual; os desempregados sem função... inevitável perguntarmos: e o
ser humano? Como reagiu e se adequou? A quem tem recorrido para lhe dar
suporte no desamparo e insegurança? Para atender a um social em mutação, o
homem tem recorrido a tudo e a todos que lhe deem forças para se reinventar o
tempo todo.

E mesmo diante das mudanças, o psicanalista não recuou frente as novas


demandas, ultrapassou as paredes do "setting" e ao longo dos anos ampliou a
prestação de serviços. Neste universo ampliado teve e tem de conviver com a
alteridade do outro, numa experiência de multiplicidade de saberes e narcisismos.
Houve multiplicação das sociedades de psicanálise e a maioria já recebe em seus
quadros profissionais de todas as áreas.

A Psicanálise foi definida por Freud em 1923 como:


1. Um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase
inacessíveis por qualquer outro modo,

2. um método (baseado nessa investigação) para tratamento de distúrbios


neuróticos e,

3. uma coleção de investigações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que


gradualmente se acumula numa nova disciplina científica (Dois verbetes de
enciclopédia).

A exigência de cientificidade também alcança a Psicanálise. Contudo, ela


possui características singulares na constituição de suas hipóteses teóricas. Prof.
Freud a define como método investigativo e para tal temos um enquadre: sessões
semanais; tempo das sessões; pagamento; transferência analisada na relação com
o analista; abstinência do analista em julgamento e interferência na vida do
analisando. De forma geral os psicanalistas seguem estes preceitos para o seu
ofício.

Esse enquadre que possibilita a investigação e é intrínseco à Psicanálise é


objeto de críticas ao seu corpo teórico porque implica em contato direto com o seu
objeto, o inconsciente. O setting analítico engendra o próprio saber.

No corpo teórico da psicanálise temos conceitos como: castração, limite,


falta, feminilidade, passividade, impotência. Eles se articulam de muitas maneiras
nos inúmeros quadros que se apresentam, sempre denunciando a dificuldade de
lidar com o não, com a incompletude, com a dependência, com o desejo; com a
realidade... Esta situação torna os sujeitos, instituições e comunidades dependentes
dos ​experts​ que trarão as sábias respostas científicas, mesmo que de efêmera
duração. Porque esta é a característica do saber produzido, ser questionado,
reexperimentado, renovado.

Se fora do​ setting​ não podemos contar com: 1. uma situação de


neutralidade analítica ideal; 2. o uso da transferência como ferramenta
fundamental ao nosso trabalho; 3. dias e horários da sessão definidos, temos de
criar um novo aparato que nos permita atuar no social. A palavra é nossa arma
mesmo que desvalorizada. Se as instituições, comunidades e qualquer outra
realidade conseguirem espaço para se pronunciarem , isto nós podemos conceder ,
vão se deparar com o não saber, a impotência, submissão e servidão a um saber
estabelecido, limites de seu cotidiano... e principalmente com o desamparo de não
ter um sábia resposta, o vácuo se instala ... Esta situação a Psicanálise pode
provocar através do ofício de seus artífices. Porque neste encontro com seus
limites, algo começará a ser criado, construído... margeando os parâmetros atuais
de exigências de cientificidades. Talvez. Mas o lugar de margear discursos
estabelecidos sempre foi nossa sina... e continuaremos a construir "apesar de"...

Lidando com a angústia do impasse de saber que nenhum de nós pode ser
neutro e/ou isento das influências das tribos que nos rodeiam e das que fazemos
parte.

Continuaremos no meio do ruído ensurdecedor das soluções corretas e


científicas, o silêncio do "não saber" abre espaço para escutar, não ouvir, o
diferente, o novo, deixando espaço para possíveis construções... Descobrindo e
redescobrindo a cada dia e momento pequenas veredas no emaranhado de
caminhos e guias turísticos desse nosso mundo novo.

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