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Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e

Medicina do Trabalho [FUNDACENTRO]


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TRABALHO, SAÚDE E
AMBIENTE

SAÚDE DO TRABALHADOR NA MANCHETE


DO JORNAL:
ANÁLISE DESCRITIVA DO CASO DO CENTRO DE
REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
(CEREST) DE PIRACICABA -SP

Honasses Guardiola David

São Paulo
2014
Honasses Guardiola David

SAÚDE DO TRABALHADOR NA MANCHETE DO


JORNAL:
ANÁLISE DESCRITIVA DO CASO DO CENTRO DE
REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR (CEREST)
DE PIRACICABA - SP

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Trabalho, Saúde e Ambiente, da – Fundação Jorge Duprat
Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO),
como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Trabalho, Saúde e Ambiente.

Área de concentração: Segurança e Saúde do Trabalhador

Linha de pesquisa: Políticas Públicas

Orientador: José Marçal Jackson Filho

Co-orientador: Eduardo Garcia Garcia

São Paulo
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho
[FUNDACENTRO]
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Serviço de Documentação e Biblioteca – SDB / Fundacentro
São Paulo – SP
Erika Alves dos Santos CRB-8/7110

1234567890David, Honasses Guardiola.


1234567890Saúde do trabalhador na manchete do jornal [texto] : análise
1234567descritiva do caso do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador
1234567(CEREST) de Piracicaba – SP / Honasses Guardiola David. – 2014.
1234567890vii, 103 f., enc. ; 29 cm.
1234567890Orientador: José Marçal Jackson Filho.
1234567890Co-orientador: Eduardo Garcia Garcia.
1234567890Texto datilografado.
1234567890Dissertação (mestrado)-Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
1234567Segurança e Medicina do Trabalho, São Paulo, 2014.
1234567890Análise documental de veiculações de ações públicas do CEREST
1234567– Piracicaba em jornais locais entre 2007 e 2012, e comparação 1234567destas
com as atividades efetivamente realizadas.
1234567890Referências: f. 93-103.
12345678901. Instituições públicas de segurança e saúde no trabalho -
1234567Comunicações. 2. CEREST - Publicações. I. Jackson Filho, José
1234567Marçal. II. Garcia Garcia, Eduardo. III.Título.

É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na sua forma impressa como eletrônica. Sua
reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na
reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.

3
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
I
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
AGRADECIMENTOS

Devo aqui externar minha imensa gratidão a todos aqueles que


acompanharam e/ou colaboraram, direta ou indiretamente, na realização desse
trabalho e que não venha a descrever diretamente nesse trecho.

Primeiramente devo agradecer aos meus pais e irmãos pelo amor e apoio
irrestrito, incondicional e eterno, o que foi imprescindível para alcançar esse
momento.

E quero demonstrar minha gratidão imensa a algumas pessoas que foram


fundamentais nesse processo:

Minha companheira de caminhada, Ana Paula pelo amor e apoio


incondicionais e pela ajuda na construção desse trabalho, e aos meus amigos Caio
Decuzzi, Juliano Riechelmann e Dona Ivone, pela amizade, carinho e por
colaborarem imensamente com a revisão e elaboração desse texto, apontando
meus vários deslizes e erros gramaticais, tornando inteligíveis minhas palavras.

Meu orientador José Marçal, pelo voto de confiança e por sua capacidade
inegável de articulação e estratégia para que esse texto pudesse ser concluído.

Meu co-orientador Eduardo Garcia, em especial, pela minuciosidade,


paciência e por ter assumido a difícil tarefa de me fazer compreender as
possibilidades e necessidades desse estudo.

Rodolfo Vilela, pelo conhecimento compartilhado e capacidade inigualável de


síntese, com colaborações fundamentais para esse trabalho.

Ao programa de Pós-Graduação Trabalho, Saúde e Ambiente da


FUNDACENTRO, nas pessoas de seus professores, secretários e coordenadores,
pela importância do conhecimento passado e pela qualidade de seus profissionais. E
em especial aos professores Marco Bussacos, Gilmar Trivelato. Carlos Sergio,
Miriam Matsuo e Thais Barreira pela ajuda e colaboração na concepção e
desenvolvimento desse estudo.

II
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Aos colegas mestres e mestrandos pelo crescimento e conhecimento
partilhados e pelos bons momentos.

Todos os profissionais do CEREST Piracicaba, detentores de vastos


conhecimentos e capacidades, pela abertura de suas portas e pela humildade e
acolhimento com que me receberam, em especial a Sandra Renata Canale
Duracenko pela paciência e ajuda no entendimento e organização das notícias e a
Nancy pela colaboração, disponibilidade e ajuda virtual. E a Eduardo Lacôrte (Pite) e
Vitor Lacôrte (Dom Bibas) pelo altruísmo e ajuda logística durante o período de
aprendizado em Piracicaba, e a todos os amigos da República Mata-Burro por me
terem aberto as portas e partilharem seus bons momentos.

Meus amigos Francisco Silva, Paulo Zicareli, Carla Polaz, Fabiana Moniz,
Fabio Menezes de Carvalho, Fabio H. de Jesus, Fabiane Cherobin, Priscila Castilho,
Mariluce Souza, Ana Sartorelli, Rafael Haeffner, Mariane Corrêa, Dione Rech, Diego
Tartaglia, Viviane Fujimoto, Anita Souza e Silvia Cristina M da Silva pela
compreensão, apoio, verdadeira amizade, companheirismo e por serem a família
que pude escolher e com quem sempre pude contar.

Os companheiros de trabalho Rubia Pereira, Heloiza Richter, Maires Baggio,


Cacilda Padilha, José Fausto e Fabrício Menegon pela amizade, incentivo e
colaboração com os conhecimentos e atividades.

E finalmente a todos aqueles que consciente ou inconscientemente


dificultaram minha caminhada, por terem me proporcionado o exercício da
compaixão e a superação dessas dificuldades.

III
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
RESUMO

O presente estudo buscou analisar as ações públicas do Centro de


Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de Piracicaba, divulgadas em
jornais locais entre os anos 2007 e 2012, através da análise documental
exploratório-descritiva de base categorial temática, e comparar, dentro das
categorias de atuação do centro, as ações noticiadas com as atividades
efetivamente realizadas, por meio das informações contidas nos relatórios de
atividades mensais e/ou anuais disponibilizados por aquele órgão.

O corpus analisado totalizou 257 notícias que se referiram ao CEREST


Piracicaba, às suas ações ou aos seus profissionais, divulgadas nos três principais
impressos de circulação local (Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana e
Gazeta de Piracicaba). Como resultado, pode-se apontar que a modalidade mais
frequente dos textos foi o informativo-descritivo com 90% do total, e os outros 10%
eram textos opinativos como editoriais, cartas de leitor e outros. Na avaliação dos
resultados, observou-se um crescimento de, aproximadamente, 400% no total de
textos veiculados no ano 2011 e 200% em 2012 (comparados à média dos anos
anteriores) com um aumento na propagação das notícias sobre ST nos três
impressos, simultaneamente. O Jornal de Piracicaba foi responsável pela publicação
de 53% das notícias. A comparação dos textos publicados nos jornais com as
informações contidas nos relatórios mostrou que as ações noticiadas não
apresentavam nenhum relato sobre as atividades de assistência e reabilitação que o
Centro realiza, e que os números publicados sobre as ações de vigilância,
capacitações e eventos correspondem a menos de 10% do total de ações
efetivamente realizadas.

Observou-se que o interesse dos jornais locais se dá por ações voltadas à


vigilância, promoção de eventos e informações epidemiológicas fornecidas pelo
Centro, e o setor econômico com maior destaque foi o da construção civil. O
trabalho interinstitucional foi observado em 72 % das notícias, com os sindicatos dos
trabalhadores citados como parceiros mais frequentes. E finalizou-se por observar
que o CEREST Piracicaba aparece com uma visão positiva de sua atuação e
resultados.

IV
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Palavras-chave: Saúde do Trabalhador; Comunicação em Saúde; CEREST;
Políticas Públicas

V
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
ABSTRACT

The present study aimed to analyze the public actions of the Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) Piracicaba published in local
journals between 2007 and 2012, through an exploratory-descriptive documental
analysis. Furthermore, the published news and effectively performed actions were
compared by means of informations contained in monthly and/or annual activity
reports provided by the center.

A total of 257 news announced in three newspapers of local circulation (Jornal


de Piracicaba, Tribuna Piracicabana and Gazeta de Piracicaba), referring to the
CEREST Piracicaba, their actions or related to their professionals were analyzed.
We pointed out that the most frequent type of text were descriptive, including 90% of
the total analyzed, and the remaining 10% was opinionative texts, such as editorials,
letters from readers and others. We also observed an increase in the total of
published texts in amounts of approximately 400% in the year of 2011 and 200% in
2012 (compared to the average of the previous years), besides an increase of news
about the Occupational health field in the three local journals, simultaneously. The
Jornal de Piracicaba was responsible for publishing 53% of the news. The
comparison of the published texts in the analyzed printed media with the information
contained in the activity reports provided by the CEREST Piracicaba showed that the
published actions did not mention any activity related to assistance and rehabilitation
performed by de center, and that the published data on surveillance activities,
training and events correspond to less than 10% of what is these effectively
performed.

It was observed that the interest of the local journals is focused on actions of
surveillance, promotion of events and epidemiological information provided by the
Center. Under the Occupational health approach, the economic sector with the
greatest highlight at the printed media was the civil construction.The Inter-institutional
cooperation was observed in 72% of the published news, with the Labor´s Unions
cited as the most frequent partners. We concluded that the CEREST Piracicaba
appears with a positive view of their performance and results.

VI
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Key words: Occupational Health, Health Communication; CEREST; Public
Policies.

VII
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 1: Comparativo anual entre os eventos realizados pelo CEREST


Piracicaba e os noticiados nos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP,
no período de 2007 a
2012............................................................................................................................74

GRÁFICO 2: Comparativo anual entre ações de Vigilância em ST realizadas pelo


CEREST Piracicaba e as noticiadas nos três principais jornais** impressos de
Piracicaba, SP, no período de 2007 a
2012..................................................................................................................... .......75

GRÁFICO 3. Comparativo anual entre as ações de capacitação em ST realizadas


pelo CEREST Piracicaba e as noticiadas pelos três principais jornais** impressos de
Piracicaba, SP, no período de 2007 a
2012............................................................................................................................77

VIII
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Frequência de notícias relacionadas com o CEREST Piracicaba


publicadas pelos três principais jornais impressos de Piracicaba, SP, no período de
2007 a 2012..........................................................................................................61
TABELA 2. Distribuição anual das notícias relacionadas com o CEREST Piracicaba,
SP, publicadas nos três principais jornais impressos locais nos anos de 2007 a
2012......................................................................................................................61
TABELA 3. Distribuição de notícias publicadas nos três principais jornais* impressos
de Piracicaba, SP, por modalidade textual, no período de 2007 a 2012..............62
TABELA 4. Distribuição de notícias publicadas sobre o CEREST Piracicaba nos três
principais jornais* de Piracicaba, SP, segundo os eixos de a atuação no período de
2007 a 2012..........................................................................................................66
TABELA 5. Distribuição de notícias publicadas nos três principais jornais* impressos
de Piracicaba, SP, com informações inéditas** por ano de publicação no período de
2007 a 2012..........................................................................................................68.
TABELA 6. . Distribuição de fatos inéditos* nos três principais jornais** impressos de
Piracicaba, SP, estratificados por eixo de atuação do CEREST Piracicaba, no
período de 2007 a 2012........................................................................................69
TABELA 7. Distribuição anual de notícias divulgadas nos três principais jornais*
impressos de Piracicaba, SP, por ramo de atividade do fato abordado, no período de
2007 a 2012..........................................................................................................70
TABELA 8. Distribuição anual de notícias divulgadas nos três principais jornais* de
Piracicaba, SP, com ações do CEREST de Piracicaba realizadas, com e sem
parcerias institucionais, nos anos de 2007 a 2012................................................71
TABELA 9. Comparativo anual entre os eventos realizados pelo CEREST Piracicaba
e os noticiados nos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP, no período
de 2007 a 2012....................................................................................73.
TABELA 10. Distribuição anual das notícias inéditas* divulgadas nos três principais
jornais** impressos de Piracicaba, SP, sobre eventos, segundo a atividade
econômica à que estavam direcionados, no período de 2007 a 2012..................74
TABELA 11. Comparativo anual entre ações de Vigilância em ST realizadas pelo
CEREST Piracicaba e as noticiadas nos três principais jornais** impressos de
Piracicaba, SP, no período de 2007 a 2012..........................................................75
TABELA 12: Distribuição das ações de Vigilância do CEREST Piracicaba noticiadas
pelos três principais jornais* impressos de Piracicaba, SP, por atividade econômica,
no período de 2007 a 2012.....................................................................................76
TABELA 13. Comparativo anual entre as ações de capacitação em ST realizadas
pelo CEREST Piracicaba e as noticiadas pelos três principais jornais** impressos de
Piracicaba, SP, no período de 2007 a 2012...........................................................77

IX
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APJ: Associação Paulista de Jornais.


CAT: Comunicação de Acidentes do Trabalho.
CEREST: Centro(s) de Referência em Saúde do Trabalhador.
CEREST Piracicaba: Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Piracicaba.
CIST: Comissão Interministerial da Saúde do Trabalhador.
CMS: Conferência Municipal de Saúde.
CMS2: Conselho Municipal de Saúde
CNS: Conferência Nacional de Saúde.
CNST: Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador.
COMSAÚDE: Congresso de Comunicação e Saúde.
COMSEPRE: Conselho Municipal de Prevenção de Acidentes e Doenças
Profissionais.
CPR: Piracicaba: Comitê Permanente Regional Sobre Condições e Meio Ambiente
do Trabalho na Indústria da Construção de Piracicaba
CRST: Centros de Referência de Saúde do Trabalhador.
GEISAT: Grupo Executivo Interministerial em Saúde do Trabalhador.
LOM: Lei Orgânica do Município.
MAPA: Modelo de Análise de Acidente.
MOI: Movimento Operário Italiano.
MPE: Ministério Público Estadual.
MPS: Ministério da Previdência Social.
MPT: Ministério Público do Trabalho.
MS: Ministério da Saúde.
MSL: Medicina Social Latino-Americana.
MTE: Ministério do Trabalho e Emprego.
NOB-SUS: Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde.
NOST-SUS: Norma Operacional de Saúde do Trabalhador do Sistema Único de
Saúde.
OIT: Organização Internacional do Trabalho.
OMS: Organização Mundial da Saúde.
OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde.
PNSST: Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador.
PNST: Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
PST: Programas de Saúde do Trabalhador.
RAAT: Registro de Atendimentos aos Acidentes de Trabalho.
RAC: Rede Anhanguera de Comunicação.
RENAST: Rede Nacional de Atenção Integral a Saúde do Trabalhador.
RS: Reforma Sanitária Brasileira.
SC: Saúde Coletiva.
SEMPAT: Semana Municipal de Prevenção de Acidentes de Trabalho.
SINTICOMPI: Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do
Mobiliário de Piracicaba.
SIVAT: Sistema para Monitoramento e Vigilância em Acidentes de Trabalho.
ST: Saúde do Trabalhador.
SUS: Sistema Único de Saúde.

X
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................................................... I
RESUMO ........................................................................................................................................................ IV
ABSTRACT .................................................................................................................................................... VI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .......................................................................................................................... VI
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................................... IX
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................................................... X
SUMÁRIO .........................................................................................................................................................1
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................1
2. OBJETIVOS ................................................................................................................................6
OBJETIVO GERAL .............................................................................................................................................6
OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................................................................6
3. MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................................................7
3.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO ESTUDO .......................................................................................................7
3.2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA METODOLOGIA ............................................................................................7
3.3. MATERIAIS E MÉTODOS EMPREGADOS .......................................................................................................8
3.3.1 Fonte de material empírico ................................................................................................................8
3.3.1.1. Formação e arquivamento do corpus para a análise .............................................................................. 8
3.3.1.2. Critérios para conformação do material de análise ................................................................................. 9
3.3.1.3. Fontes de informação .................................................................................................................................. 10
3.3.2. Elaboração do banco de dados e tabulação .................................................................................... 10
3.3.3. Análise dos dados quantitativos obtidos .......................................................................................... 12
4. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................................... 13
4.1. DESENVOLVIMENTO DA SAÚDE DO TRABALHADOR (ST).......................................................................... 13
4.1.1. Os fundamentos da ST .................................................................................................................... 14
4.1.2. A ST como estratégia de saúde do SUS ........................................................................................... 16
4.1.3. A conformação e estruturação da estratégia de ST no SUS: aspectos legais ...................................17
4.1.4. A RENAST e o surgimento dos CEREST como novas estratégias para o desenvolvimento da ST ..... 20
4.1.5. A nova conformação da rede: O CRST ........................................................................................... 22
4.2. OS CEREST E A ST: OS PROBLEMAS APONTADOS SOBRE O CAMPO DA ST ............................................... 25
4.3. ESTUDOS SOBRE MÍDIA E SAÚDE .............................................................................................................. 28
4.3.1. A importância da informação ......................................................................................................... 29
4.3.2. A mídia como campo de conflito ..................................................................................................... 31
4.3.3. Críticas à relação entre mídia e saúde ............................................................................................ 32
4.4. MÍDIA E SAÚDE DO TRABALHADOR ......................................................................................................... 34
4.4.1. O interesse da mídia pela saúde...................................................................................................... 34
4.4.2. Importância da mídia na saúde ....................................................................................................... 34
4.4.3. O interesse estatal pela mídia ......................................................................................................... 36
4.4.4. Situação dos CEREST..................................................................................................................... 39
5. RESULTADOS ............................................................................................................................................ 41
5.1. CONTEXTO DO ESTUDO ........................................................................................................................... 41
5.2. HISTÓRIA DA CIDADE DE PIRACICABA ..................................................................................................... 41
5.3. CONFORMAÇÃO DO CEREST PIRACICABA .............................................................................................. 42
5.3.1. Panorama do surgimento da ST em Piracicaba .............................................................................. 43
5.3.2. Estruturação da ação do CEREST Piracicaba ................................................................................ 45
5.3.2.1. Vigilância .......................................................................................................................................................... 45
5.3.2.2. Educação ........................................................................................................................................................... 49
5.3.2.3. Informação ........................................................................................................................................................ 50
5.3.2.4. Assistência e Reabilitação ................................................................................................................................ 51
5.3.2.5. Ações interinstitucionais .......................................................................................................................... 52
1
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.4. OS JORNAIS PERIÓDICOS DE CIRCULAÇÃO LOCAL ..................................................................................... 55
5.4.1. História dos jornais ........................................................................................................................ 56
5.4.1.1 Jornal de Piracicaba ...................................................................................................................................... 56
5.4.1.2. Gazeta de Piracicaba................................................................................................................................... 57
5.4.1.3. A Tribuna Piracicabana ............................................................................................................................... 58
5.5. DADOS GERAIS ........................................................................................................................................ 61
5.6. MODALIDADE EDITORIAL DA NOTÍCIA ..................................................................................................... 62
5.6.1. Editoriais ........................................................................................................................................ 62
5.6.2. Cartas............................................................................................................................................. 65
5.6.3. Entrevista ....................................................................................................................................... 65
5.6.4. Artigo de Opinião ........................................................................................................................... 65
5.7. OUTROS TEXTOS ..................................................................................................................................... 65
5.7.1. Projeto ........................................................................................................................................... 65
5.7.2. Trabalho em parceria com empresa ................................................................................................ 66
5.8. ENQUADRAMENTO POR EIXO DE ATUAÇÃO DO CEREST .......................................................................... 66
5.8.1 Atuação por Projetos Estruturadores ............................................................................................... 67
5.8.2 Divulgação de informações em mais de um jornal. .......................................................................... 67
5.8.3. Fatos inéditos noticiados, segundo os eixos de ação do CEREST .................................................... 68
5.8.4. Foco da notícia: o CEREST como objeto central ou secundário da notícia. .................................... 69
5.8.5. Divulgação de ações do CEREST voltadas a ramos econômicos específicos. ..................................70
5.8.6. Atuação interinstitucional. .............................................................................................................. 70
5.9. AVALIAÇÃO COMPARATIVA DAS AÇÕES NOTICIADAS COM AS REALIZADAS. .............................................. 72
5.9.1. Ações de Assistência e Reabilitação ................................................................................................ 72
5.9.2 Eventos ............................................................................................................................................ 73
5.9.3. Vigilância ....................................................................................................................................... 75
5.9.4. Capacitação ...................................................................................................................................76
5.9.5. Informações Institucionais .............................................................................................................. 77
5.9.6. Divulgação de Informações e Estatísticas sobre Saúde do Trabalhador .......................................... 78
6. DISCUSSÃO ................................................................................................................................................ 79
7. CONCLUSÕES ........................................................................................................................................... 91
8. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................... 93

2
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
1. INTRODUÇÃO

No ano 2011, foram registrados 719.323 acidentes e doenças relacionadas ao


trabalho pelo anuário estatístico de acidente de trabalho da Previdência Social
(BRASIL, 2014). No entanto, estima-se que esse número represente apenas uma
porcentagem pouco significativa dos acidentes 1, pois inclui somente os
trabalhadores formais, vítimas de acidentes que ultrapassaram quinze dias de
afastamento (não notificados logo após o acontecimento), com o preenchimento da
Comunicação de Acidentes de Trabalho – CAT e aqueles caracterizados pela
Previdência como relacionados ao trabalho. Dessa forma, não há registros dos
acidentes com trabalhadores informais, parte dos servidores públicos estatutários,
proprietários, assalariados sem registro em carteira, autônomos, domésticas,
trabalhadores rurais e outros não vinculados à Previdência (BINDER; CORDEIRO,
2003; JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010), os quais constituem uma parcela
significativa da população economicamente ativa, segundo o INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (2012).

Essas informações apontam a necessidade urgente de ações que contribuam


para a modificação desse quadro de acidentes e doenças relacionados ao trabalho,
bem como a elaboração de um banco de informações mais abrangente sobre os
mesmos, com vistas a delimitar um panorama mais fidedigno dessa situação e
direcionar ações efetivas de prevenção e de promoção da saúde da população
trabalhadora. Para esse fim, vem sendo estruturado, no Brasil, o campo da Saúde
do Trabalhador (ST) dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), cuja política de
implementação tem enfrentado várias dificuldades nos últimos 30 anos (MINAYO-
GOMES; LACAZ, 2005; COSTA et al, 2013), até o momento atual.

Minayo-Gomes; Lacaz (2005) apontaram alguns entraves para a


implementação dessa política, com base no que convencionaram chamar de crise
sistêmica, fundamentada na deficiência histórica de efetivação de políticas sociais

1
Binder; Cordeiro (2003), apontam através de pesquisa domiciliária realizada em Botucatu
que apenas 22,4% dos acidentes descritos no estudo foram captados pelos registros da Previdência
Social
1
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
no Brasil, na fragmentação do sistema de seguridade social, na reestruturação
produtiva dos últimos 20 anos (que originou novas configurações de processos
produtivos e relações sociais de produção), que levaram à ausência de
implementação de uma política nacional de saúde do trabalhador efetiva, entendida
como:

(...)um quadro referencial de princípios norteadores, de diretrizes, de


estratégias, de metas precisas e de um corpo profissional técnico-político
preparado, integrado e estável, capaz de garantir a efetividade de ações
para promover a saúde dos trabalhadores, prevenir os agravos e atender
aos problemas existentes(...)” (p.798)

Dentro dessa conjuntura e buscando estruturar a ST com base nos


pressupostos e fundamentos do SUS, em 2002, foi criada uma rede hierarquizada
de atuação em ST, a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
(RENAST), que disseminou a atuação em ST nos estados e municípios, por meio da
implantação de polos irradiadores de conhecimentos chamados Centros de
Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) (BRASIL, 2002).

Apesar de algumas críticas constatadas sobre essa estratégia, no tocante a


seu caráter pragmático, sua desarticulação inter e intrainstitucional e as dificuldades
de implementação de ações efetivas e perenes (LACAZ, 2007), alguns CEREST
ganharam destaque, apresentando inovações e ações efetivas, como os localizados
em Campinas, no estado de São Paulo e em Juiz de Fora, no estado de Minas
Gerais, que despontaram em estratégias voltadas à assistência. Particularmente, o
CEREST Piracicaba, em São Paulo, ganhou visibilidade por suas inovações e
estratégias na área de vigilância em ST (JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010;
VILELA, 2003).

Além do reconhecimento pelos serviços de ponta em iniciativas nas ações de


vigilância em ST, o apoio de um conselho voltado à ST, amparado em legislação
municipal exclusiva e a presença de uma estrutura de informação solidificada, o
CEREST Piracicaba também se destaca pela produção de estudos acadêmicos,
entre eles o desenvolvimento de um Modelo de Análise e Prevenção de Acidente
(MAPA). No ano 2006, o órgão foi reconhecido como o mais efetivo e atuante entre
os CEREST de São Paulo, segundo indicadores do estado (JACKSON-FILHO;
BARREIRA, 2010).
2
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Jackson-Filho; Barreira (2010) salientaram que o serviço prestado pelo
CEREST Piracicaba conseguiu aproximação com a mídia, acompanhante e
divulgadora de suas ações. Tal fato assume grande importância, pois vai ao
encontro dos pressupostos da ação pública do SUS, dado que o acesso à
informação pela população é fundamental tanto para a mudança de atitudes
(visando à prevenção e à promoção da saúde) quanto para a instrumentalização de
um controle social efetivo, que utilize esse conhecimento para avaliação, crítica e
busca de melhorias nas ações públicas de saúde, promovidas com subsídios
advindos da comunidade e para ela voltadas (CAPISTRANO-FILHO, 1988).

Cabe salientar que, segundo Lefevre (1995), a saúde pública é a saúde


“publicada” pela mídia, elucidando a importância da divulgação da informação sobre
saúde. Dessa forma, é a informação veiculada que embasa o entendimento da
conjuntura, dos conceitos e das ações públicas de saúde prestadas à coletividade.
No entanto, a relação entre mídia e saúde está pautada majoritariamente em
críticas, denúncias e na evidenciação dos problemas existentes no sistema de saúde
brasileiro, fragilizando-o e levando a sociedade a desenvolver uma visão enviesada
desse sistema. Frise-se que, no campo da ST, a mídia se interessa por certos temas
chocantes, como os relacionados a acidentes e assédio moral no trabalho que, em
sua maioria, são publicados de forma superficial e sensacionalista2 (SOUZA;
PORTINHO; BARREIROS, 2006; GARBIN; FISHER, 2012).

De modo geral, os resultados apontados nos estudos sobre mídia e saúde


estão relacionados à influência das mídias sobre o comportamento social em relação
a temas específicos, como por exemplo, o uso de métodos contraceptivos e
comportamento sexual entre estudantes universitários do sexo feminino
(ALVARENGA et al, 2010; ALVES; LOPES, 2008). Os resultados também buscam
entender a representação social advinda da veiculação midiática sobre temas como
câncer (CASTRO, 2009; JURBERG; GOUVEIA; BELIZÁRIO, 2006; JURBERG;
MACCHIUTE, 2007), anemia falciforme (DINIZ; GUEDES, 2006), dengue (FRANÇA,
ABREU; SIQUEIRA, 2004; LENZI et al, 2000), entre outros, que evidenciam, em sua
2
Por outro lado, alguns serviços do SUS são levados ao conhecimento popular pelo aparelho
midiático de modo a elucidar sua efetividade de ação pública, reconhecendo-os como estratégias de
ponta e experiências exitosas em sua área de atuação, como o programa de combate ao HIV/AIDS,
os programas de imunização, e particularmente o serviço objeto de estudo o CEREST Piracicaba.

3
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
maioria, dificuldades que acometem serviços de saúde na mídia, além de suas
falhas e críticas negativas a sua atuação.

Cabe evidenciar que crescente destaque e preocupação vêm sendo dado à


relação entre saúde e mídia, tanto por pesquisadores quanto pelas entidades
governamentais, por meio de debates sobre o tema em encontros e congressos (ex.
Congresso de Comunicação e Saúde-COMSAÚDE), gerando frutos como a
elaboração de materiais informativos (ex. manual “Comunicação Eficaz com a Mídia
durante Emergências de Saúde Pública”3, produzido pela Organização Mundial da
Saúde-OMS).

Apesar dos poucos estudos existentes sobre atuação de serviços de ponta e


seu reflexo na mídia, o CEREST Piracicaba destaca-se como um centro de
excelência na área de saúde do trabalhador. No contexto do SUS, suas conquistas e
a aproximação com os meios de comunicação locais configuraram-se como fator
primordial para seu (re)conhecimento e entendimento do seu papel pela população,
além de caracterizar uma relação de proximidade com a mídia que “acompanha os
passos da equipe”, conforme relatam Jackson-Filho; Barreira (2010).

Segundo Capistrano-Filho (1988) e Lefevre (1995), a conquista de uma


relação “harmoniosa” com a mídia é peça fundamental para a efetivação da ação
publica(da) dos serviços de saúde, e essa efetivação perpassa o conhecimento
social das ações desse serviço. Nesse contexto, conhecer quais ações públicas de
um centro de excelência na área de ST como o CEREST Piracicaba são veiculadas
na imprensa local é primordial para compreender suas causas e possibilitar a
reprodução desse fato em outros serviços.

Devido à importância da informação no contexto da Saúde, almejou-se


responder ao seguinte questionamento: dentro dos eixos de atuação do CEREST
Piracicaba, quais ações e/ou informações chamaram mais a atenção da imprensa
local?

3
Documento disponível online no link
:< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/comunicacao_eficaz_midia_durante_emergencias.pdf>. Acesso
em: 15 ago. 2014.
4
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Ao considerar que a mídia impressa tem como função o fornecimento de
informações mais aprofundadas e alcançam os formadores de opinião, o estudo aqui
proposto buscou descrever o que foi veiculado pela imprensa4 local sobre as ações
realizadas pelo CEREST Piracicaba entre os anos 2007 e 2012. Com o intuito de
verificar, dentre as ações e serviços realizados, o que mais chamou a atenção da
imprensa local, por meio da comparação entre o que foi publicado e as atividades
registradas nos relatórios mensais e anuais disponibilizados por este órgão.

Como o objeto em estudo é a ação pública do CEREST por meio da análise


do que foi apresentado pelos jornais, alguns temas foram alvo de revisão para
contextualização do trabalho aqui proposto.

4
Com base em Baggio 2011 adotaremos a nomenclatura de imprensa para nos referirmos aos jornais
locais por motivos de padronização.
5
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
2. OBJETIVOS

Objetivo geral

Verificar quais das ações públicas realizadas pelo CEREST Piracicaba


aparecem com maior frequência nos textos da imprensa local;

Objetivos específicos

 Analisar que ações do CEREST Piracicaba foram noticiadas na imprensa


local no período de 2007 a 2012;

 Analisar que ações o CEREST Piracicaba realizou efetivamente nesse


mesmo período

 Identificar os tipos de ações do CEREST Piracicaba que chamaram a atenção


e os que não despertaram interesse da imprensa local.

6
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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Caracterização geral do estudo

Nesse estudo, buscou-se analisar quais ações do serviço do CEREST


Piracicaba foram divulgadas na imprensa local, por meio da análise documental
retrospectiva de caráter exploratório-descritivo, com vistas a uma avaliação
categorial temática (Bardin, 2009) das notícias veiculadas pela mídia impressa
jornalística do município de Piracicaba, no período de 2007 a 2012. O método
utilizado para o desenvolvimento do estudo é caracterizado como misto, sequencial
e quanti-qualitativo, seguindo a nomenclatura descrita por Creswell (2010).

3.2. Caracterização geral da metodologia

O corpus5 para a análise foi constituído por notícias sobre ST e o CEREST


Piracicaba veiculadas nos três principais jornais de Piracicaba/SP, extraídas dos
mesmos por profissionais do CEREST e arquivadas na instituição desde o ano 1998,
organizadas em pastas anuais.

A análise das notícias consistiu, inicialmente, na leitura das informações


contidas nas mesmas, seguida de uma categorização dessas informações dentro
dos eixos de atuação do CEREST, os quais serão apresentados a posteriori. Essa
fase seguiu as etapas descritas por Bardin (2009):

 Pré-análise: consistiu na leitura flutuante do material, exploração e apreensão


de conteúdos possíveis de categorização, além da exclusão das notícias que
não estavam de acordo com os critérios estabelecidos, os quais serão
abordados posteriormente;

 Codificação: escolha de unidades de informação para estratificação dos


conteúdos. Essa etapa resultou em uma nova leitura detalhada, visando
extrair das notícias o que foi apresentado sobre o CEREST Piracicaba,
5
Adotamos essa nomenclatura para a descrição do material utilizado com base em Bardin (1977) e
Bacchi et al (2008) que definem corpus como um "conjunto de documentos tidos em conta para serem
submetidos aos procedimentos analíticos".
7
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concomitantemente ao enquadramento dessas informações nos eixos de
atuação da Instituição.

 Categorização: consistiu no reagrupamento das informações coletadas dentro


de cada eixo de ação em categorias similares de informação.

Essas categorias e eixos constituíram a base para a construção de um


formulário no software EPI INFO 7, para a tabulação dessas informações
categorizadas, constituindo, assim, o nosso corpus para a análise. Com o banco de
dados construído a partir dessas informações categorizadas, realizou-se uma
análise quantitativa descritiva dos conteúdos retirados das coberturas jornalísticas.

Os relatórios anuais de prestação de contas pelo CEREST Piracicaba


também foram utilizados como fonte de informação. Com base nos relatórios anuais
de 2007 e 2008, e nos relatórios mensais do período compreendido entre os anos
2009 e 2012, foram categorizadas quantitativamente e, quando possível,
qualitativamente as ações realizadas pelo CEREST Piracicaba. Essas informações
também constituíram um banco de dados no software EPIINFO 7, analisado em
paralelo para construir nossa comparação.

Os dados provenientes do banco de notícias referentes aos anos de 2007 a


2012 foram comparados com os dados das atividades realizadas pelo CEREST
Piracicaba, com base nas informações coletadas dos relatórios de prestações de
contas, apresentados anualmente pela Instituição ao Conselho Municipal de Saúde,
e dos relatórios mensais disponibilizados para análise pela Instituição.

3.3. Materiais e métodos empregados

3.3.1 Fonte de material empírico


3.3.1.1. Formação e arquivamento do corpus para a análise

O material-base para o estudo estruturou-se a partir do trabalho diário de


leitura dos jornais locais recebidos pelo CEREST Piracicaba, através de assinatura
do periódico (e nas situações de sua atuação macrorregional, nos jornais regionais),
realizada por um profissional do órgão, encarregado de procurar notícias específicas
8
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
sobre ST. A partir da identificação dessas notícias, os textos foram recortados dos
jornais e colocados em pastas plásticas, separadas e arquivadas de acordo com o
ano de publicação do fato noticiado6. Esse trabalho foi sendo aperfeiçoado,
resultando no armazenamento das notícias com a descrição das fontes da
informação, dos textos completos (com as chamadas de primeira página anexas à
notícia) e mantendo-se a descrição do jornal fonte e a data de divulgação do texto.
Com essa sistemática, o CEREST Piracicaba formou um arquivo, com captação de
notícias sobre suas ações e sobre ST, incluindo todas as notícias veiculadas nos
impressos locais a partir do ano 2007, conforme informações de seus profissionais.

Através da leitura realizada, observou-se que as fontes de informação


majoritária foram os seguintes jornais de veiculação local: Gazeta de Piracicaba,
Jornal de Piracicaba e A Tribuna Piracicabana.

Para a comparação das ações noticiadas com as atividades efetivamente


realizadas pelo órgão, foram adotadas as informações presentes nos relatórios
anuais de prestação de contas apresentados pela instituição referentes a 2007 e
2008, além dos relatórios mensais referentes ao período de 2009 a 2012. Esses
relatórios mensais continham um maior detalhamento das ações, porém, essa
política de relatoria mensal de trabalho só foi adotada a partir do ano 2009, não
existindo informações próximas para os anos anteriores.

3.3.1.2. Critérios para conformação do material de análise

Considerando a necessidade do direcionamento da análise do conteúdo


veiculado e da importância da reprodutividade e comprovação de fidedignidade do
estudo e dos dados apresentados nessa pesquisa, foram adotados os seguintes
critérios para a inclusão das informações contidas nas notícias que constituíram o
corpus submetido à análise:

 Constituir-se fonte de material impresso (jornal), pois como argumentam


Capistrano-Filho (1988) e Menegon (2008), os jornais (em oposição a sua
menor circulação e disseminação) têm como atribuição o aprofundamento e
fornecimento de maiores subsídios de informação sobre os temas veiculados
6
Esse trabalho tem como responsável a profissional Sandra Renata Canale Duracenko.
9
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na mídia, diferenciando-se da mídia televisiva que apenas introduz os temas
à população;

 Integrar algum impresso local, de ampla circulação;

 Conter a fonte, a data de publicação e estar com o texto completo, incluindo


os dados de primeira página (quando houver a manchete);

 Ter sido publicada no período de 2007 a 2012, por se tratar dos anos em que
o corpus para a análise contemplou todas as notícias veiculadas com a
presença de assuntos relacionados ao CEREST Piracicaba;

 Fazer referência, em seu texto, ao CEREST ou ao nome de algum de seus


profissionais ou de instituições das quais esses façam parte.

3.3.1.3. Fontes de informação

O material para análise constituiu-se das notícias publicadas entre os anos


2007 e 2012, seguindo os critérios de inclusão mencionados acima. As notícias
selecionadas foram copiadas com o consentimento da instituição (CEREST
Piracicaba), que também forneceu as cópias dos relatórios de prestação de contas e
de atividades apresentadas ao CMS. Os relatórios contêm o quantitativo anual das
ações realizadas dentro de cada eixo de atuação do CEREST, referentes a 2007 e
2008, além dos relatórios elaborados mensalmente pelos setores e que serviram de
base para as informações presentes nos relatórios mensais dos anos 2009 a 2012.

3.3.2. Elaboração do banco de dados e tabulação

Após leitura flutuante (varredura) para a verificação, codificação e


categorização de seu conteúdo, um formulário para preenchimento de informações
foi elaborado e alimentado com o conteúdo das notícias. O formulário foi construído
no programa EPIINFO 7 e as informações levantadas para análise são apresentadas
abaixo:

 Jornal de origem da notícia.

10
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 Data completa da publicação.

 Natureza do conteúdo textual: descritiva/factual (para os textos


informativos), editorial (para os textos de caráter opinativo), chamada
pública (para textos com divulgação de eventos e informações sobre o
funcionamento e problemas do CEREST) e outros.

 Direcionamento do conteúdo textual da notícia, enquadrado nos eixos


de ação do CEREST, delineados a partir da leitura das notícias e dos
relatórios como: vigilância, divulgação de informações, assistência,
reabilitação, capacitação, oficinas, eventos, comunicação social –
informações institucionais e outros.

 Relação da notícia com algum projeto desenvolvido pelo CEREST.

 Presença de manchete (nota em primeira página).

 Título da primeira página.

 Título da notícia.

 Fato principal abordado.

 Fato abordado em mais de um jornal.

 Apresentação de algum fato secundário.

 Referência ao CEREST em atuação dentro do fato principal ou com


atuação secundária.

 Setor da economia em destaque, com os descritores de base:


agricultura, indústria da transformação, construção civil, comércio e
serviços.

 Existência de outras instituições envolvidas.

11
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 Identificação de outros atores envolvidos.

 Dados específicos para cada tipo de conteúdo apresentado.

Foi incluído mais um campo para especificação das informações veiculadas


sobre qualquer descrição, para nota e melhor entendimento.

3.3.3. Análise dos dados quantitativos obtidos

Os dados quantitativos foram apresentados de forma descritiva categorial e


temática, para apontar as frequências anuais e cumulativas de cada categoria
construída e os resultados dos dados das notícias foram comparados com os dados
provenientes dos relatórios de atividades.

12
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4. REVISÃO DA LITERATURA

4.1. Desenvolvimento da Saúde do Trabalhador (ST)

A construção do campo da ST é resultado de pressões reivindicatórias do


movimento social, sindical e dos técnicos de saúde que buscavam a Reforma
Sanitária Brasileira (RS), e surgiu como área específica de saberes e práticas
aplicadas às relações de saúde/doença e trabalho. A proposta da RS contrapunha-
se ao modelo de atuação da Medicina do Trabalho e da Saúde Ocupacional, que se
amparavam em atuações, estratégias e práticas de trabalho com predomínio do
enfoque mecanicista, biologicista e individualista, na busca de estabelecer o nexo
entre as causas de doenças/acidentes e o trabalho (LACAZ, 1996; MINAYO-
GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997,2003; SANTOS, 2003; VILELA, 2003).

Ao longo das últimas décadas e amalgamado à conjuntura de


redemocratização do país e da RS, esse movimento que surgia em prol de um
sistema de saúde pública (neste incluída a saúde dos trabalhadores) defendia os
ideais de direito ao trabalho digno e saudável, garantias à atenção integral à saúde e
à participação dos trabalhadores nos processos decisórios e de gestão produtiva
(HOEFEL; DIAS; SILVA, 2005; MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997). Nesse
contexto de reflexão, a ST constituiu-se como corpo específico de saberes e práticas
(técnicas, sociais e humanas) desenvolvidas por diversos atores situados em
lugares sociais distintos e informados por uma perspectiva comum de inserção no
campo das relações saúde/doença–trabalho (MINAYO-GOMEZ; LACAZ, 2005;
VILELA, 2003).

De acordo com Dias (1994), esse campo tornou-se uma prática social
instituinte, com a proposta de contribuir para a transformação da realidade da saúde
não exclusivamente dos trabalhadores, mas da população sob uma ótica mais
abrangente da compreensão dos processos de trabalho, articulada aos modelos de
consumo de bens e serviços e com o conjunto de valores, crenças, ideias e
representações sociais próprias desse momento histórico.

13
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Esse novo campo que se estabelecia assumiu as ações voltadas à ST em um
sentido mais amplo, atuando na promoção, prevenção, cura e reabilitação, incluídas
as ações de vigilância sanitária e epidemiológica. Além disso, buscou entender o
trabalho e a saúde a partir do contexto da vida, definido pela relação entre o
processo de trabalho e a saúde inserida no cotidiano, estabelecendo um olhar
particular ao objeto central da saúde do trabalhador (SANTOS; LACAZ, 2012).

Os ideais da RS fundamentaram-se em novos conceitos oriundos de várias


áreas do conhecimento e experiências em ST já iniciadas na década de 1960, em
outros países (DIAS, 1994; SANTOS, 2003; SANTOS, 2010; SANTOS; LACAZ,
2012). Tais fundamentos teórico-práticos foram herdados do Movimento Operário
Italiano (MOI), da Medicina Social Latino Americana (MSL) e da Saúde Coletiva
(SC), e agregou entendimentos das áreas de Epidemiologia, Ciências Sociais e da
Saúde Pública ao voltar-se às ações programáticas e direcionadas à política,
planejamento e gestão em saúde (LACAZ, 1996; MINAYO-GOMEZ; THEDIM-
COSTA, 2003; OLIVEIRA, 2001). Com esse suporte teórico-prático, novos conceitos
foram incorporados à base analítica e prática da ST, delineando uma nova
conjuntura e rompendo com as abordagens aplicadas anteriormente.

4.1.1. Os fundamentos da ST

A ST tem o processo de trabalho como fundamento analítico-interpretativo e


foco de atuação, baseado na introdução do conceito da MSL de determinação social
do processo saúde-doença, abarcando, com isso, o campo sócio-técnico e
econômico, ampliando o olhar para além do ambiente de trabalho e dos fatores de
risco. Isso resulta no entendimento da ST como um processo mais amplo, que
envolve todas as relações sociais advindas da produção capital-trabalho e reflete, na
prática, na ampliação do objeto de intervenção, incidindo a análise na repercussão
do processo de trabalho sobre a saúde e na exigência de mudanças nesses
processos, admitindo-se também a dinamicidade do processo de trabalho, atingindo
os atores sociais envolvidos (BRITO, 2004).

Ao debruçar-se sobre a ótica apresentada acima, abrem-se possibilidades


para a identificação das transformações necessárias ao trabalho, levando em conta
as subjetividades do trabalho/trabalhador e de outros atores sociais envolvidos, além
14
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
das interseções técnicas e políticas (LACAZ, 1996; MINAYO-GOMEZ; LACAZ,
2005). Dessa forma, são apropriados pela ST objetos e técnicas provenientes das
Ciências Sociais para o melhor entendimento do objeto em análise. E com a
incorporação desses novos conceitos, passa a envolver o contexto econômico,
social, político e cultural articulado ao trabalho.

Da reforma sanitária italiana e do MOI, o campo da ST incorporou o conceito


da apropriação mútua do conhecimento na construção de um saber coletivo entre
técnicos e trabalhadores (ODDONE; MARRI; GLORIA, 1986), de forma a gerar uma
interlocução com os trabalhadores, concebendo-os como seres ativos desse
processo e depositários de um saber emanado da experiência e sujeitos essenciais
para a realização de uma ação transformadora.

Com a ampliação e complexidade adquiridas pelo novo objeto de análise do


campo da ST, torna-se inevitável uma ação interdisciplinar, na qual os trabalhadores
têm papel fundamental (ODDONE MARRI; GLORIA, 1986, MENDES; DIAS, 1991;
LACAZ, 1996, 2007). Dessa forma, esse campo é construído por meio de muitas
mãos e congrega múltiplos saberes, englobando uma gama de práticas teóricas
interdisciplinares que agregam os saberes técnicos, sociais e humanos, além de
presumir uma interinstitucionalidade, intersetorialidade e o direcionamento de
saberes advindos de lugares sociais distintos, tendo uma mesma perspectiva em
comum (MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997). Essa estratégia de integração
não se esgota na justaposição disciplinar e na participação social, mas abre-se
também como desafio para uma nova prática científica, buscando a produção de
conhecimentos transdisciplinares do campo (PORTO; ALMEIDA, 2002).

Ao estruturar-se como política pública, a ST necessita do envolvimento de


uma vasta gama de setores governamentais, instituições e atores sociais. Visando
potencializá-la frente a problemas concretos, garantindo assim a qualidade técnica e
política de suas ações. Santos (2010) apontou a necessidade da construção de
redes institucionais entre vários órgãos, tais como: o Ministério da Saúde (MS),
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério da Previdência Social (MPS),
Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Estadual (MPE), Ministério

15
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
da Educação (MEC), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Poder Legislativo, entre
outros, com a participação ativa dos trabalhadores (MACHADO; PORTO, 2003).

Cabe salientar que a ST milita em um campo de conflito de interesses entre


capital/trabalho, o que levou à busca constante pelo conhecimento para a
transformação. Ao respeitar e agregar a subjetividade operária, os grupos
homogêneos, em diálogo com a MSL, possibilitaram a superação do seu limite
enquanto modelo, não sendo mais apenas o cientista quem produz conhecimento,
mas o coletivo de trabalhadores, tendo, por isso, grande valor a subjetividade e o
saber operário (LACAZ, 1997).

Como resume Santos (2003), a ST é definida como:

(...) um campo para o qual confluem o conhecimento científico


(universidades e centros de pesquisas) e o conhecimento informal (os
trabalhadores); a articulação das diversas instâncias jurídicas e políticas do
setor saúde do Estado; a interação com os movimentos sociais (sindicatos e
outras instâncias populares) para traçar diretrizes de intervenção no
processo de saúde/doença relacionado com o trabalho (...)(p. 43).

Machado; Porto (2003) e Porto, Freitas; Machado (2000) resumem as


características da ST como uma área em busca da compreensão das relações entre
trabalho, saúde e doença da população trabalhadora. Sua finalidade é a promoção,
proteção e prevenção dos agravos relacionados à ST, além da assistência,
envolvendo diagnóstico, tratamento e reabilitação. Também foca na necessidade de
transformações dos processos e ambientes de trabalho por meio de uma abordagem
multiprofissional, interdisciplinar e interssetorial, visando ao entendimento da relação
trabalho e saúde e agregando a participação e o protagonismo dos trabalhadores
em todo o processo. Cabe aqui mencionar a articulação com as questões
ambientais, uma vez que os processos produtivos também afetam o ambiente e a
população.

4.1.2. A ST como estratégia de saúde do SUS

A ST foi incorporada como um campo específico de atuação dentro do


modelo do sistema público de saúde. Isso ocorreu em um momento histórico de
mobilização social pela redemocratização da reforma sanitária brasileira, em que

16
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
houve a participação de atores oriundos do movimento sindical articulado,
intelectuais da saúde, universitários e sanitaristas ligados à MSL (SANTOS, 2003,
SANTOS, 2010; DIAS, 1994).

Com a criação de campos de discussão para o direcionamento da saúde


brasileira, materializados nas Conferências Nacionais de Saúde (CNS), o tema teve
repercussão durante a VIII CNS em 1986, em meio à emergência da proposta de
criação do SUS, agregando a ST como temática e campo de atuação.

Como fruto da mobilização dos atores sociais envolvidos na ST, no final


desse mesmo ano, houve a I Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador
(CNST), em que foram ratificadas as proposições apresentadas na VIII CNS
(LACAZ, 1996,1997; MENDES; DIAS,1991; SANTOS, 2003; SPEDO,1998).

4.1.3. A conformação e estruturação da estratégia de ST no SUS:


aspectos legais

Superando as limitações legais vigentes à época, o direito ao atendimento à


saúde integral e universal foi conquistado pelo povo brasileiro em 1988. Isso foi fruto
de movimentos reivindicatórios democráticos e discussões em campos como a RS,
CNS, CNST, entre outros.

Disposto na Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988a),


a seção destinada à saúde define esse direito como:

“(...) um direito de todos e um dever do Estado, garantido mediante políticas


sociais e econômicas (....) - artigo 196”.Onde o artigo 198 complementa
que:

“(...) as ações e serviços de saúde integram uma rede regionalizada e


hierarquizada e constituem um sistema único(...)”.

A ST é citada no artigo 200, nas definições das competências dos SUS, entre
outras atribuições:

"(...) Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos


termos da Lei (...): II- executar as ações de vigilância sanitária e
epidemiológica, bem como as de Saúde do Trabalhador; (...) VIII - colaborar
na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (...)".

17
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Sob a égide dos princípios de universalidade, integridade, equidade e da
descentralização com ênfase na municipalização e controle social, conferindo ampla
legitimidade, o SUS surgiu como um sistema voltado para o bem-estar social,
atuando nos níveis federal, estadual e municipal, e conferindo uma nova ordem à
área, com a promulgação da Lei Orgânica da Saúde - Lei Federal 8080/90 (BRASIL,
1990a).

Em seu artigo 6º, parágrafo 3º, essa lei regulamenta os dispositivos


constitucionais sobre a ST, da seguinte forma:

“(...) Entende-se por Saúde do Trabalhador, para fins desta lei, um conjunto
de atividades que se destina, através das ações de vigilância
epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de
trabalho, abrangendo:

I- assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou portador de


doença profissional e do trabalho;

II- participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde-


SUS, em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos
potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;

III- participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde-


SUS, da normatização, fiscalização e controle das condições de
produção,extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de
substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam
riscos à saúde do trabalhador;

IV- avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V- informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e a


empresas, sobre os riscos de acidente de trabalho, doença profissional e do
trabalho, bem como os resultados das fiscalizações, avaliações ambientais
e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os
preceitos da ética profissional;

VI- participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de


saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

VII- revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo


de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades
sindicais; e

VIII- a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão


competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo o
ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida
ou saúde dos trabalhadores (...)”.

18
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Dias; Hoefel (2005) afirmam que a consolidação no plano legal e institucional
do campo da ST possibilitou aos serviços de saúde a ampliação de sua atuação,
incorporando nas suas práticas a prevenção e o controle das doenças e acidentes
de trabalho.

A Lei 8142/90 complementou tal atuação, pois regimentou a participação


social, ao definir a forma da transferência de recursos (BRASIL, 1990b). Relegou,
assim, ao MS o compromisso de reestruturar o modelo de atenção no Brasil. Nesse
sentido, partiu-se do novo referencial de saúde, concebido assim como direito de
cidadania, o que pressupôs a organização de serviços mais resolutivos, integrais e
humanizados.

Com esses pressupostos como embasamento, a ST vem sendo discutida a


partir dos princípios da universalidade, integralidade e equidade, entendendo as
relações entre saúde e trabalho como campo de ação da saúde pública nos espaços
acadêmicos e nos movimentos representativos como os das Conferências de Saúde
do Trabalhador.

Em 1998, como instrução complementar à Norma Operacional Básica do


Sistema Único de Saúde (NOB-SUS número 01/96), duas portarias foram
publicadas, destinadas à ST. A portaria no 3.120, de 01/07/98, regulamentou as
ações de vigilância em ST (BRASIL, 1998b). E como fruto das discussões ocorridas
durante a II CNST, em 1994, em que houve grande mobilização de diversos grupos
sociais e setores institucionais do governo e de sindicatos no sentido de
fortalecimento de uma política nacional de ST, foi publicada a Norma Operacional de
Saúde do Trabalhador (NOST-SUS) por meio da portaria no 3.908 de 30/10/98.
(BRASIL, 1998c).

Com foco voltado para a municipalização das ações, a NOST-SUS passou a


ser uma espécie de guia operacional para os estados e municípios. Alicerçada nos
pressupostos de universalidade, equidade e integralidade das ações, surgiu para
atribuir uma direção para a área, buscando orientar o planejamento e
instrumentalizar a execução das ações de ST, no SUS, de forma efetiva, sob a
perspectiva da atenção integral como alternativa ao modelo assistencial. Para esse
fim, reuniu direcionamentos, tais como: articulação de ações individuais e coletivas
19
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
de vigilância da saúde, direito à informação sobre a saúde, participação e controle
social, regionalização e hierarquização das ações de ST, utilização do critério
epidemiológico e de avaliação de riscos. O objetivo era o estabelecimento de
prioridades para a alocação de recursos e desenvolvimento da articulação das
ações de vigilância e assistência, visando à saúde dos trabalhadores, submetidos a
riscos e agravos advindos do processo de trabalho (SANTOS, 2010).

Todo esse processo acabou se conformando nas legislações voltadas para


um novo modelo de saúde, no qual a ST passou a desempenhar um importante
papel. Dessa forma, todo o movimento social gerado por meio das reinvindicações
de diferentes segmentos, foi essencial para a consolidação da atenção à ST no
SUS, através da criação e implementação dos Programas de Saúde do Trabalhador
(PST) e de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST).

Já a estruturação da ST no Brasil foi desencadeada com a criação, em 2002,


da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), e seu
fortalecimento em 2005, tomando forma na implementação dos CEREST. Tal
criação atendia aos pressupostos de hierarquização e descentralização das ações
de forma pragmática. Porém, a trajetória desse campo já despontava iniciativas
anteriores a essa, com a criação dos PST.(BRASIL, 2005a,2005b)

4.1.4. A RENAST e o surgimento dos CEREST como novas estratégias


para o desenvolvimento da ST

Alguns fatores contribuíram para a conformação de uma nova estratégia para


o desenvolvimento da área da ST, tais como a dificuldade de implantação do SUS e
consequentemente da ST no país, o característico conflito de interesses existente
nas relações entre trabalho e saúde, aliado ao contexto histórico que se instalava no
Brasil na década de 1990, em que se apregoava o estado mínimo (orientando uma
intervenção estatal nas relações de trabalho e mercado reduzida), reorientando a
ação do Estado. Acrescidos a esses fatores estava a necessidade de uma política
de Estado integrada nas áreas de saúde, produção, desenvolvimento sustentável,
qualificação e estruturação do serviço público, visando à integralidade da atenção.
Outra situação que pode ser agregada a essa mudança foram as críticas aos PST
em suas diferentes iniciativas (algumas incipientes e temporárias), que após grande

20
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
contribuição nas décadas de 1980 e 1990, vinham esgotando sua possibilidade de
avanços e de busca de financiamento para as suas ações, devido ao seu isolamento
dentro de uma estrutura intra-setorial (LACAZ; MINAYO-GOMES, 2005).

Na tentativa de reverter esse cenário de ações fragmentadas e desarticuladas


dos saberes e práticas do campo da ST no SUS, a reestruturação do modelo de
atendimento ao trabalhador foi proposta sob um novo desenho, o de rede, e
promulgada na Portaria MS nº 1679, de 19/09/2002. Nesse contexto, foi instituída a
Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) no SUS
(BRASIL, 2005a).

A RENAST foi compreendida como ferramenta estratégica na construção de


uma política efetiva na área do atendimento à ST, com o objetivo de articular a
atenção básica, média e de alta complexidade ambulatorial, pré-hospitalar e
hospitalar. Organizada sob o princípio do SUS de descentralização das ações pela
hierarquização articulada nos três níveis de gestão (MS, Secretaria de Saúde dos
Estados e Distrito Federal e Secretaria de Saúde dos Municípios), caracterizou-se
pela regionalização pautada na articulação de três contextos: rede de atenção
básica e do Programa Saúde da Família, rede de Centros de Referência de Saúde
do Trabalhador (CRST) e ações na rede assistencial de média e alta complexidade
(BRASIL, 2005a).

A atuação da ST no SUS, materializada na RENAST, fundamentou-se na


compreensão da relação entre o trabalho e o processo saúde/doença e na
centralidade do trabalho no contexto contemporâneo brasileiro, partindo do
entendimento de que o modelo de atenção integral à saúde dos trabalhadores
implica a qualificação das práticas de saúde, além da promoção, proteção à saúde e
vigilância. Com base em critérios epidemiológicos, a RENAST também incluiu outras
ações assistenciais, como o atendimento aos acidentados do trabalho e aos
trabalhadores doentes das urgências e emergências.

A articulação da ST como rede possibilitou interações entre os serviços


voltados a ela, à rede de saúde e à comunidade, sob uma perspectiva de
intrassetorialidade, articulando o tripé da assistência (recuperação), vigilância
(prevenção) e promoção da saúde, almejando garantir a atenção integral ao
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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
trabalhador. A partir de 2003, passou a ser a principal estratégia da Coordenação da
Área Técnica de Saúde do Trabalhador dentro da Política Nacional de Saúde do
Trabalhador (PNST).

A RENAST assumiu como propósito o atendimento a todo trabalhador, urbano


ou rural, independente da forma de inserção no mercado de trabalho. Essa rede
passou a funcionar de forma articulada entre os diferentes órgãos existentes nas
Secretarias de Saúde e fora delas, além do envolvimento com Universidades,
órgãos do Ministério do Trabalho e das Secretarias Estaduais que atuam nas
questões relacionadas a saúde e trabalho. Além disso, destaca-se o incentivo à
participação de todos trabalhadores, incluindo os do setor informal e funcionários
públicos.

4.1.5. A nova conformação da rede: O CRST

Habilitados em todo o país por meio de incentivos financeiros, os CRST foram


instituídos como centros de suporte técnico e científico, polos regionais irradiadores
da cultura da centralidade do trabalho no processo de produção social das doenças.
Eles também consistem num lócus de articulação inter e intrassetorial das ações de
ST para prover suporte técnico de informações, fomentando processos de
capacitação e educação permanente para técnicos de toda a rede do SUS e controle
social, de modo a orientar suas práticas e viabilizar ações de vigilância. Além disso,
atuam na execução, organização e estruturação da assistência de média e alta
complexidades relacionadas aos problemas e agravos à saúde relacionados ao
trabalho, e na coordenação de projetos de assistência, promoção e vigilância à
saúde dos trabalhadores.

Além de traduzir a função de núcleo de inteligência ou supervisão dessa rede


de serviços, os CRST concretizaram também as práticas conjuntas de intervenção
especializada, particularmente, as práticas assistenciais especializadas. Para
auxiliar na multifuncionalidade desse serviço, foram planejados dois tipos de CRST:
estaduais e regionais. Os estaduais foram planejados com as funções de elaborar e
executar a Política Estadual de ST, acompanhar os planos de ação dos CRST
regionais, participar da pactuação para definição da rede sentinela e contribuir para
as ações de Vigilância em Saúde. Já os centros regionais foram planejados com
22
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
atribuições voltadas à capacitação da rede de serviços de saúde, apoio às
investigações de maior complexidade e assessoramento à realização de convênios
de cooperação técnica, subsidiando a formulação de políticas públicas e apoiando a
estruturação da assistência de média e alta complexidades para atendimento aos
acidentes e agravos à saúde relacionados ao trabalho.

A portaria no 1679/02 previu a implantação de 130 CRST entre os anos 2002


e 2004, sendo 27 estaduais e 103 regionais, classificados nas categorias A, B e C,
de acordo com a população de abrangência, o que determinava o repasse financeiro
mensal variando de R$ 12.000,00 a R$ 40.000,00. Nessa lógica, a RENAST
representou uma ampliação da proposta dos CRST com dotação orçamentária
própria (BRASIL, 2005a).

Em meio às críticas sobre os resultados esperados e a necessidade de


ajustes incorporando novas formas de atuação, em 2005, foi publicada uma nova
portaria (portaria GM/MS no 2.437) com intenção de fortalecer, ampliar e estruturar a
RENAST de forma articulada entre o MS, as Secretarias de Saúde dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios. Tais ações ocorreriam com a ampliação da rede
por meio da adequação e habilitação de novos CEREST (sigla utilizada a partir de
então para designar os CRST), num total de 200 centros. Outros pontos foram
acrescentados, tais como a inclusão das ações de ST na atenção básica,
implementação das ações de vigilância e promoção em ST, instituição e indicação
de serviços de ST de retaguarda, média e alta complexidades já instalados (aqui
chamados de Rede de Serviços Sentinela) e caracterização de municípios-sentinela
em ST (BRASIL, 2005b), porém essa estratégia nunca se consolidou.

A portaria também estabeleceu o repasse dos recursos para a área de ST, do


Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Estaduais ou Municipais de Saúde,
conforme o caso, os quais seriam aplicados pela Secretaria de Saúde e fiscalizados
pelo Conselho de Saúde e pela Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador
(CIST), cuja destinação deveria constar nos Planos de Saúde Nacional, Estaduais e
Municipais. Ainda de acordo com esta portaria:

“(...) os gestores deveriam alimentar mensalmente o Sistema de Informação


do SUS por meio de banco de dados da tabela SIA/SUS e os repasses

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
financeiros seriam suspensos caso o Sistema não recebesse informações
por 90 dias (...)” (BRASIL, 2005b,s/p).

A homologação desse marco legal representou o aprofundamento da


institucionalização e da consolidação da ST do SUS, reunindo as condições para o
estabelecimento de uma política de estado e os meios para sua execução. Isso
articulou a concepção de uma rede nacional em que os CEREST localizados nas
capitais, regiões metropolitanas e municípios sede de polos de assistência das
regiões e microrregiões de saúde funcionassem como eixos integradores, com
atribuições de suporte técnico e científico às intervenções do SUS no campo da ST
integradas no âmbito de uma determinada região e com a ação de outros órgãos
públicos. Além disso, ocorreu a adoção de diretrizes para o desencadeamento de
políticas estaduais norteadoras do processo de elaboração de um Plano Estadual de
Saúde do Trabalhador, constituindo um pré-requisito para a habilitação dos Estados
aos investimentos definidos na Portaria e de uma política permanente de
financiamento de ações de ST, alocando recursos novos, fundo a fundo para os
estados e municípios (BRASIL, 2005b).

Em 2009, devido à necessidade de adequação da ST ao Pacto Pela Vida e


em Defesa do SUS, foi promulgada a Portaria GM/MS n° 2.728, com a descrição dos
papéis dos atores envolvidos em cada área da gestão federal, estadual e municipal
(BRASIL, 2009). Nesse contexto, os CEREST deixaram de ser porta de entrada do
sistema, passando a funcionar como centros articuladores e organizadores das
ações intra e Interssetoriais de ST em seus territórios de abrangência. Dessa forma,
essa estratégia assumiu a função de suporte técnico e de polo irradiador de ações e
ideias de vigilância em saúde voltadas aos ambientes de trabalho, de caráter
sanitário e de base epidemiológica.

No âmbito da atenção primária à saúde e, mais especificamente, em se


tratando da estratégia de Saúde da Família, definida pelo MS como um dos eixos
organizadores das ações do SUS, os esforços devem ser concentrados no sentido
de garantir o acesso a uma atenção qualificada para estabelecer o nexo causal entre
o quadro de morbimortalidade verificado e o âmbito dos processos de trabalho de
um determinado território. A abordagem das questões de ST, nessa perspectiva,
passou então a significar a ampliação do olhar para além do processo laboral,

24
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considerando os reflexos do trabalho e das condições de vida dos indivíduos e das
famílias. Tal olhar envolveu uma abordagem integral do sujeito com resolutividade,
responsabilização, acolhimento e integralidade. Nesse sentido, as ações de ST
passaram a ser caracterizadas como circunstâncias privilegiadas para o cuidado
integral à saúde, assim como as demais ações da atenção básica como
oportunidades para identificação, tratamento, acompanhamento e monitoramento
das necessidades de saúde. Frente a essa nova realidade, foi estabelecida a
expectativa de que fosse respeitado todo o processo de programação e pactuação
das atividades de organização regional da rede de serviços do SUS. Para tanto, será
fundamental o fortalecimento dos gestores, a fim de que os municípios, ao se
qualificarem como polos da RENAST, possam garantir o processo de estruturação
da rede de referências da região.

4.2. Os CEREST e a ST: Os problemas apontados sobre o campo da ST

Como as políticas públicas e a conquista de direitos não apresentam um


histórico pacífico e linear de desenvolvimento, algumas críticas ao processo de
construção da ST são mencionadas no texto subsequente.

As leituras e interpretações dadas a esse campo pautaram-se, inicialmente,


em sua própria natureza contra-hegemônica e de conflito (COSTA et al, 2013;
PINHEIRO, 1996), por tratar-se de um

(...) campo potencialmente ameaçador, onde a busca de soluções quase


sempre confronta com interesses econômicos arraigados e imediatistas,
que não contemplam os investimentos indispensáveis à garantia da
dignidade e da vida no trabalho (...) (MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA,
1997, p.23).

Tal fato dificultou sua implementação efetiva e o desenvolvimento de suas


ações, aliado a outros fatores, tais como: a falta de implementação de uma PNST
efetiva (possuindo um quadro de princípios norteadores, diretrizes, estratégias,
metas e um corpo profissional qualificado) e a questões internas ligadas ao governo,
como o conflito existente no papel de vigilância em ST nos ambientes de trabalho,
quanto a definição das competências e papéis destinados aos profissionais do MS e
do MTE, onde o segundo advoga, em alguns estados, sua exclusividade de
intervenção nas unidades produtivas. No entanto, por se pautarem no modelo

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tradicional de avaliação, acabaram por não promover uma mudança significativa
(MINAYO-GOMEZ; LACAZ, 2005; MINAYO-GOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997).

Pontos críticos adicionais a essa conjuntura são apontados por outros


autores, tais como: a insuficiência na concepção inicial da ST no Brasil, que se
apresenta primordialmente com foco securitário (visando a obtenção de benefícios a
trabalhadores doentes ou acidentados) e voltado ao mercado formal de trabalho; o
descompromisso e insuficiência da ação do estado na efetivação de políticas
voltadas à população trabalhadora, agravado pelo conceito arraigado da alocação
da responsabilidade sobre a gênese dos acidentes na “culpabilização da vítima” e no
“ato inseguro”, resultando na impunidade dos verdadeiros responsáveis, bem como
a continuidade da aceitabilidade social desse entendimento (JACKSON-FILHO;
GARCIA; ALMEIDA, 2007; MINAYO-GOMEZ; LACAZ, 2005; MINAYO-GOMEZ;
THEDIM-COSTA, 1997; VILELA; IGUTI; ALMEIDA, 2004); as modificações advindas
da reestruturação produtiva do mercado de trabalho (flexibilização, reorganização e
precarização das relações trabalhistas), que resultaram no enfraquecimento da
representatividade sindical e no despreparo da atuação dos movimentos sociais, os
quais deixaram de exercer seu papel de controle social e de pressão sobre o
mercado e o governo (MEDEIROS, 2001; MINAYO-GOMEZ; LACAZ, 2005); a
restrição da atuação dos profissionais dos SESMT; a deficiência na formação de
recursos humanos na área da ST devido à marginalização do entendimento da
questão trabalho-saúde por essas escolas, e por fim, a insatisfação dos profissionais
que trabalham no setor da saúde, que culmina na realização de ações
fragmentadas, desarticuladas e descontínuas, frutos apenas do protagonismo e
esforços isolados de profissionais da área de ST(COSTA et al, 2013).

Cabe salientar a ausência de políticas e estudos voltados ao conhecimento e


atuação sobre a situação da população desempregada e do mercado de trabalho
precarizado, rural e informal (COSTA et al , 2013; MINAYO-GOMEZ; LACAZ, 2005),
aliado à exclusão social do trabalhador acidentado levantada por Lourenço; Bertani,
(2007), que apontam não apenas os baixos proventos resultantes dos parcos
benefícios concedidos e o desmantelamento famíliar, mas também a invisibilidade e
a falta de acesso aos direitos sociais por essa população.

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Esses autores apontam, ainda, quanto às práticas de avaliação do “processo
de trabalho”, as dificuldades existentes na efetivação da interdisciplinaridade das
ações, devido à dificuldade em compatibilizar os conceitos advindos de cada área e
construir “pontes” de conhecimento entre as disciplinas, além da necessidade de
apropriação dos saberes oriundos dos trabalhadores com uma visão mais holística
do adoecimento advindo do processo de trabalho. Mais recentemente, com a
promulgação das Políticas Nacionais de Saúde e Segurança do Trabalhador
(PNSST) (BRASIL, 2011), e da Política Nacional da Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora (PNST) (BRASIL, 2012), novas críticas e desafios foram apontados
por Costa et al (2013), mostrando que, no contra fluxo de uma gestão de governo
pautada no Plano de Aceleração do Crescimento , voltada à melhoria na economia
do país, a ST vive uma situação paradoxal pelo atraso no desenvolvimento do
campo, com graves problemas estruturais em alguns serviços. Soma-se a esse fato
uma desestruturação e desmantelamento dos direitos sociais e das plataformas de
pressão social que poderiam apoiar o trabalhador (como a ausência sindical e
flexibilização dos direitos) uma desproteção social e de sua saúde, assim como a
artificialidade dos programas de ST realizados pela empresa (a exemplo do SESMT,
PPRA e PCMSO) e a ausência do poder de ação dos trabalhadores nesses
programas. Pelo prisma governamental, os autores também apontam uma

[...] fragmentação das ações institucionais, que se acompanham do


esvaziamento dos serviços e das políticas públicas na perspectiva da
anulação do papel do Estado provedor; e que da origem a propostas
fantasiosas por parte de seu aparato [...] (COSTA et al., 2013, p.16)

Isso leva a uma ambiguidade na atuação do estado e a uma marginalização


relegada ao campo da ST dentro da estrutura estatal. Os mesmos autores ainda
apontam a fragilidade, dubiedade e indefinição existente nos textos da PNSST e da
PNST, no que tange à atuação em vigilância por parte do SUS, que é deixada
indefinida e relegada a segundo plano de atuação, mantendo intocado o problema
do choque de atribuições do MTE e do MS nessa atuação e a indisponibilidade de
acesso às informações sobre acidente existentes na Previdência Social, além da
indefinição de pressupostos palpáveis e a ausência de uma contrapartida estatal.
Todavia, consideram positivas tanto as iniciativas exitosas protagonizadas por
servidores engajados do campo, quanto a iniciativa de promulgação dessa política,
que ainda mantém os fundamentos da ST.
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Em vertente antagônica à ausência federal de fundamentação e apoio,
algumas ações na área de ST em níveis regional e local têm despontado em
efetividade no âmbito da assistência, como por exemplo, os Centros de Referência
em Saúde do Trabalhador dos municípios de Piracicaba, Campinas, Amparo e Juiz
de Fora, na região sudeste do Brasil e o Centro Estadual de Saúde do Trabalhador
da Bahia, na região nordeste.(DIAS, 2011; SANTOS; LACAZ, 2012)

4.3. Estudos sobre mídia e saúde

Em geral, os estudos voltados à relação entre mídia e saúde pautaram-se


sobre a influência dos veículos midiáticos sobre o comportamento social em relação
a temas específicos, como o comportamento de estudantes universitários do sexo
feminino (ALVARENGA et al, 2010), uso de métodos contraceptivos e
comportamento sexual (ALVES; LOPES, 2008), imagem corporal e cuidados com
relação a ela (ANDRADE; BOSI, 2003; RIBEIRO et al, 2009), divulgação e o
aumento de doações de córnea (FARIAS; SOUZA, 2008), hábitos alimentares
(MARINS; ARAUJO; JACOB, 2011) e saúde da mulher (MEDEIROS; GUARESCHI,
2008).

Tais estudos também buscam entender a representação social advinda da


veiculação midiática sobre temas específicos a exemplo de: câncer (CASTRO, 2009;
JURBERG; GOUVEIA; BELIZÁRIO, 2006; JURBERG; MACCHIUTE, 2007), anemia
falciforme (DINIZ; GUEDES, 2006), dengue (FRANÇA; ABREU; SIQUEIRA, 2004;
LENZI et al, 2000), utilização de medicamentos (LYRA JR et al, 2010; ORTEGA et
al, 2010, SOUZA; MARINHO; GUILAM, 2008; DIAS; ROMANO-LIEBER,
2006),informação sobre saúde da mulher (OLIVEIRA et al, 2009), sexualidade
(FRANÇA; BAPTISTA, 2007; SANTOS; SILVA, 2008; ALVARENGA; SCHOR, 1998),
representação do corpo (GOETZ et al, 2008) e obesidade (SERRA; SANTOS, 2003),
relação violência e saúde (COSTA et al, 2010; GONTIJO et al, 2010; NJAINE;
MINAYO, 2004; NJAINE, 2006), reprodução assistida (KORBES; INVERNIZZI,
2011), tabaco (LACERDA; MASTROIANNI; NOTO, 2010), reforma psiquiátrica
(MACHADO, 2004), acidentes de trabalho (MARTINS, 1999), crise no serviço de
saúde (MENEGON, 2008), campanha de prevenção de distúrbios da voz
(PENTEADO; GIANNINI; COSTA, 2002), intoxicação ocupacional por benzeno

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(COSTA, 2009; RANGEL-S, 2006), intoxicação por chumbo (TOMITA; PADULA,
2005), depressão, processos de medicalização social (SOARES; CAPONI, 2011) e
de envelhecimento (STRACHESKI; MASSI, 2011).

Temas como o enfoque dado pela mídia na disseminação de informações e


epidemias, a exemplo das epidemias de encefalite (VILLELA; NATAL, 2009),
leucopenia (RANGEL-S, 2003, 2006) e dengue (FRANÇA; ABREU; SIQUEIRA,
2004; LENZI et al, 2000) também têm sido abordados, além dos estudos que apenas
evidenciam a importância da mídia como fonte ou difusora de informação ( FAUSTO
NETO, 1999; GONCALVES NETO et al, 2006; GONCALVES; VARANDAS, 2005;
PEREIRA; FRANCO; BALDIN, 2011; SAMPAIO-FILHO et al, 2010).

4.3.1. A importância da informação

A Constituição Federal fundamenta todos os direitos e deveres do cidadão


brasileiro (BRASIL, 1988). Particularmente, dois desses direitos assumem papel
imprescindível neste estudo: o direito à saúde e o direito ao acesso à informação.
Partindo desse pressuposto, esses direitos se materializam no SUS, no que diz
respeito à saúde, e na disseminação da informação promovida pelos diferentes
meios de comunicação.

Segundo Akira; Marques, (2009) e Baggio (2011) a influência da mídia


adquiriu notória importância a ponto de ser caracterizada como o quarto poder,
estando após o executivo, legislativo e judiciário, influenciando os comportamentos
adotados pela sociedade. Baggio (2011) também refere que a mídia, denominada
anteriormente de imprensa, reúne várias formas de materialização (impressa, falada,
televisiva e digital) e estrutura um processo de comunicação social pautado na
difusão da informação por vários meios: rádio, televisão, internet (com todas as suas
variantes de acesso à informação), jornais e revistas.

É ponto pacífico o papel fundamental exercido pela mídia como lócus


privilegiado na difusão de informações e conceitos, fornecendo subsídios para a
construção individual e coletiva de sentidos e subjetividades acerca do cotidiano, e
culminando na construção de uma representação social sobre os mais variados
temas (MACHADO, 2004). Cabe salientar a obrigação da mídia de promover

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
informação de qualidade (SANCHES,1999 apud GONÇALVES; VARANDAS, 2005),
precisa (JURBERG; GOLVEIA; BELIZARIO, 2006) e da forma mais imparcial
possível (LACERDA, 2010), pelo seu papel social de formar uma sociedade
informada, requisito importante para a formação de opinião.

Esse processo, no entanto, apresenta alguns pontos a serem evidenciados. O


primeiro, e primordial, refere-se a sua ausência de imparcialidade, em que o
processo não pode ser reduzido a simples transmissão de mensagens inalteradas,
sendo intermediado por vários fatores que dificultam a disseminação da informação,
tais como: sua manipulação e distorção, modificações, traduções, interpretações,
combinações, subjetividades e tendenciosidades que, por vezes, resultam em
opiniões e entendimentos enviesados e deturpados pelo receptor. Castro (2009)
acrescentou, em contrapartida, que esse fator pode ser também profundamente
democratizante, pois uma vez disseminadas todas as informações na sociedade, ela
poderá analisá-las, processá-las e decidir qual uso deve ser feito delas. É certo que
a qualidade da informação prestada, bem como a forma e o momento em que se
veicula a notícia produzem significados variados e podem concorrer para o
esclarecimento e a mobilização popular ou, ao contrário, para a confusão e o
alarmismo reativo (FRANÇA; ABREU; SIQUEIRA, 2004).

Como segundo ponto, o papel que a mídia desempenha no meio social vai
muito além do simplesmente informar a população em grande escala (FRANÇA
ABREU; SIQUEIRA, 2004). A comunicação social assume outros papéis, como a
produção de sentidos (MENEGON, 2008), educação informal da sociedade
(CAPISTRANO-FILHO, 1988; RANGEL-S, 2003), difusão de modos de compreender
o mundo (KORBES, 2010), produção de subjetividade dos indivíduos (MACHADO,
2004), formação da opinião pública (LACERDA, 2010), fiscalização social,
divulgação de descobertas científicas, avanços tecnológicos, temas polêmicos e
conhecimento (GOETZ, 2008; DINIZ, 2006; LENZI, 2000; BAGGIO, 2010),
democratização do conhecimento (CASTRO, 2009), emancipação dos cidadãos e
sua inserção autônoma na sociedade (FRANÇA, 2004; MORAES, 1998). Frise-se
que não se trata de um processo espontâneo, mas intencional, metódico, organizado
e sistêmico (KORBES, 2010).

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Reforça-se aqui o papel fundamental da imprensa com vistas a abrir um
espaço para denúncias, críticas, polêmicas e discussões que, a partir das
informações e fatos de referência, recriam conceitos, mascaram ou não
transformações, inovam nas propostas políticas, assistenciais, governamentais e de
planejamento de estratégias de intervenção ampliadas (MACHADO, 2004).

Pela complexidade e ampla gama de possiblidades de abordagem sobre o


tema, a seguir serão levantados brevemente alguns pontos para seu melhor
entendimento, bem como de seu processo.

4.3.2. A mídia como campo de conflito

Para Rangel-S (2003, 2006), os “meios de comunicação operam construindo


a realidade social, recortando e selecionando discursos sociais correntes de atores
sociais diversos”. Cabe aqui ressaltar que o cotidiano não é uma expressão da
realidade independente das redes relacionais, constituídas por materialidades e
socialidades humanas e não-humanas. O cotidiano é constituído por uma conjunção
de fatores: pessoas, conversas, textos escritos, imagens, corporeidades, máquinas,
equipamentos, instituições, relações de poder, arquitetura e muitos outros elementos
que fazem o nosso social (MENEGON, 2008).

Como descrito acima, o papel da mídia influencia a produção de saberes,


conceitos e os modelos de representação social sobre os mais variados temas.
Porém, esse processo não se desenvolve de forma passiva. Os indivíduos não são
meros “recipientes vazios”, mas alcançam o processamento das informações com
base em seus esquemas sociais e psicológicos, moldados por experiências
anteriores ocorridas e advindas de seu contexto cultural (KORBES, 2010). Dessa
forma, esse processamento de informações constitui uma prática reflexiva dos
sujeitos, pois os fatores expostos pelos meios de comunicação como as emoções,
opiniões e atitudes, conformam o substrato para a reflexão dos sujeitos que
possuem contato com essas informações (MACHADO, 2004).

Isso leva à construção de um juízo de valores do conteúdo acessado por


parte do receptor da informação, incorporando ou rejeitando a essência da matéria,
materializando uma diferente representação social e identificando-se ou não com o

31
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
conteúdo da notícia, reafirmando suas significações ou modificando-as, além de
incorporar novas referências para estar como ser no mundo, a partir de novas
ancoragens. Esse é o processo dialético de construção da consciência, no qual o
indivíduo afeta o social e é afetado por ele. Os elementos que compõem esse
fundamento para a construção de conceitos de sociedade e formas de visualizá-la,
são as representações sociais (MACHADO, 2004).

Segundo Lefevre (1999a), “a sociedade na qual os jornais existem é uma


sociedade em que o consumo é o grande princípio ordenador”. Nesse contexto, não
se pode esquecer que a informação se constitui como mercadoria e que, para a
continuidade dos diversos meios de comunicação, ela deve ser trocada e gerar
recursos (Oliveira, 2000), cedendo suas linhas a interesses financeiros e
econômicos, sendo, segundo Machado (2004) sua “graciosa e gentil serventuária”.

Lefevre (1999b) apontou que o jornal também é uma empresa essencialmente


comercial em busca da venda e não da difusão de uma ideologia ou de uma
determinada perspectiva corporativa ou sindical.

Em resumo, a mídia é vista como uma poderosa ferramenta, capaz de motivar


a demanda pelo consumidor final, formar opinião [...] e exercer pressão sobre as
políticas públicas (LYRA-JR, 2010). O campo midiático configura e desenvolve-se
em um contexto de conflito de interesses e relações de poder, delineando uma área
de transformação e luta política na sociedade, que acaba por indicar, produzir e
reproduzir uma forma determinada de interpretação da realidade (MACHADO, 2004;
OLIVEIRA, 2000).

4.3.3. Críticas à relação entre mídia e saúde

A existência de tensão e problemas na relação entre mídia e saúde é


apresentada por vários autores.

Machado (2004) aponta a incapacidade desse meio em cumprir plenamente


sua função social, quando se trata, por exemplo, de assuntos em voga como os
relacionados à biociência e genética, devido às divergências entre as opiniões dos
especialistas e o que é, de fato, divulgado, o que acaba por enganar os leigos.

32
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
A dificuldade de expressão da imparcialidade da imprensa também é um fator
problemático, pois o jornalista está fadado à tendenciosidade, à lateralidade e a
corroborar a linha de pensamento do veículo midiático (PIERANTE; MARTINS,
2008). Isso leva a uma visão unilateral dos processos de forma equivocada e
periférica (MENEGON, 2008), agravado pela perda da subjetividade do receptor,
que, pelo seu parco senso crítico, apenas assume aquele conteúdo apressado e
editado, que os meios de comunicação exibem como único modo de pensar
(ANDRADE, 2003; BAGGIO, 2011).

Baggio (2011), Castro (2009), Jurberg; Gouveia; Belisario (2006) e Menegon


(2008) mostram a falta de conhecimento técnico dos jornalistas para realizar a
cobertura das notícias sobre saúde prendendo-se ao sensacionalismo como
subterfúgio para sensibilizar os leitores. Já para Lefevre (1995, 1999a), a publicidade
dada à saúde assume um papel de venda desse bem em nenhum critério ou
preocupação real com a saúde, implícita nos discursos ostensivamente publicitários
que, numa certa medida, são discursos imorais e antiéticos porque omitem,
enganam, mentem, deformam e exageram. Gontijo et al (2010) acrescenta, ainda,
que a mídia estabelece a relação entre saúde e violência também de forma
sensacionalista, veiculando essa informação de ótica tendenciosa à sociedade.

Dessa forma, o jornal atua como um bem de consumo na relação


estabelecida por sua compra pelo leitor. Porém, como essa venda não é seu capital
fundamental para continuidade de suas atividades, o verdadeiro bem de consumo
vendido não seria a informação, mas a publicidade e a propaganda, porque é disso
que os jornais vivem (LEFEVRE, 1999b).

Lefevre (1997), Lyra-Jr (2010) e Machado (2004), salientam que a mídia vem
atribuindo ao campo da saúde a continuidade de um modelo defasado de
assistência e oposto ao SUS (hospitalocêntrico e com foco na atuação médica) e na
medicalização social. Críticas também são direcionadas ao jornalismo científico por
Diniz (2006), Jurberg; Gouveia; Belisario (2006), Jurberg; Micchiute (2007) e Castro
(2009), pela importância de dar “ciência à ciência”, dificultada pelo distanciamento
entre os jornalistas e os pesquisadores, haja vista esses últimos serem raramente

33
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
procurados durante a obtenção de informações para as notícias. Dessa forma, há
disparidade e superficialidade entre o que é noticiado e o que é realmente estudado.

Jurberg; Gouveia; Belisario (2006) atribui essas falhas a dificuldades


existentes no processo de produção da notícia e nas próprias “redações” e Machado
(2004) conclui que é imperioso que a mídia adote uma postura de reflexão ética,
entendida como uma necessidade básica para cumprir com primazia sua função
social de informar, esclarecer, mostrar avanços científicos, alertar sobre perigos,
divertir, instruir, entre outras.

4.4. Mídia e Saúde do Trabalhador

4.4.1. O interesse da mídia pela saúde

Alguns fatores que influenciam o interesse da mídia por determinados


assuntos, em especial os relacionados à saúde, são evidenciados por Martins
(1999), Machado (2004), Menegon (2008), Pierante; Martins (2008) e Pitta (2002).
Esses autores afirmam que assuntos relacionados a situações-limite (ex.
procedimentos complexos e emergenciais, crise hospitalar, acidentes, incluindo os
do trabalho, etc), são considerados “pauta quente” 7, associados a fatores internos ao
jornal, a exemplo do bloqueio exercido para a publicação de certas matérias, do
domínio das empresas e da banalização da morte. Somam-se a isso a questão
política (a empresa pode ter ligações políticas que interessam à mídia), a comercial
(interesse dos anunciantes) e fatores externos como a heterogeneidade do público
alvo, o apelo popular e a atração de leitores, entre outros.

4.4.2. Importância da mídia na saúde

Dentro dos princípios do SUS, a participação social tem papel fundamental,


sendo primordial a veiculação da informação e a comunicação com a população.
Segundo Menegon (2008):

“ (...) O SUS depende do discurso de seus precursores e colaboradores.


Nessa perspectiva, o exercício diário da integralidade e da humanização em
saúde repousa também nos sentidos que são atribuídos aos processos de
saúde-doença e à atenção em saúde. Os processos de produção de

7
Jargão utilizado pela imprensa para definir matéria de interesse, segundo Capistrano-Filho (1988).
34
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
sentidos estão vinculados a matrizes, que são formatadas por
materialidades tais como instituições, organizações, pessoas direta e
indiretamente envolvidas com o setor saúde, com suas práticas discursivas,
além das especificidades da infra-estrutura material. (p.35).

Graças à mídia, o termo SUS está incorporado ao vocabulário popular, ao


pensarmos no processo saúde/doença. Quanto ao discernimento dessa nova forma
de entender a saúde, no entanto, não está claro no imaginário da população o real
significado dessa mudança no sistema de saúde brasileiro, principalmente no campo
político. Para tanto, também foi fundamental o papel exercido pela comunicação
social (MACHADO, 2004).

Machado (2004) elucida que:

“ (...) Esta questão pode ser melhor entendida se levarmos em conta que
parte das pesquisas e sondagens de opinião pública mostra que a saúde é
apontada como um dos principais problemas da sociedade, que, na maioria
das vezes, não consegue identificar no sistema operacional do SUS os
principais fatores que dificultam seu funcionamento e comprometem o
atendimento à demanda. (p. 490).”

Assim, o sistema de saúde no papel de política pública torna-se


imprescindível para a efetivação do controle social e sua gestão, implementação e
viabilização da organização de fluxos informacionais (midiáticos e não midiáticos) e
a organização de diferentes modalidades comunicacionais. Ao trazer como princípio
a universalidade, o acesso gratuito e a participação da comunidade, novos
paradigmas na relação do sistema de saúde (tanto público como privado) são
criados com a comunidade, o que afeta de forma fundamental seu sistema político
institucional (MACHADO, 2004).

Cabe ressaltar que a visibilidade dada ao SUS, ao pautar-se em suas


mazelas e dificuldades evidenciadas como ineficiência estatal e incompetência das
autoridades ou do profissional, torna-o politicamente frágil no contexto das lutas
políticas e ideológicas que marcam o país. Constrói-se, assim, de forma simbólica e
pouco reflexiva, sua representação e restringe-se o debate social e o real
entendimento dessa estratégia a grupos mobilizados da sociedade (MACHADO,
2004).

35
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Um exemplo é o estudo de Menegon (2008) que, evidenciando a dificuldade
crítica de alcance da integralidade do atendimento à saúde, mostra a ação da mídia
na cobertura de uma crise em um serviço de saúde, dando visibilidade ao fato e
direcionando sua fala para referendar o paradigma do modelo hospitalocêntrico
centrado na atuação médica, em detrimento de notícias que deem visibilidade à
necessidade da descentralização, cuidados preventivos e fazeres que promovam a
saúde apregoada pelo novo paradigma do SUS.

4.4.3. O interesse estatal pela mídia

A despeito da ausência de uma política pública fundamentada, clara e voltada


à comunicação em saúde no Brasil (PITTA, 2002; PIERANTE; MARTINS, 2008;
MARTINS, 1999), iniciativas sobre a discussão da importância desse tema e da
difusão da informação ocorreram em alguns momentos, aparecendo em postulados
legais.

O primeiro passo foi a criação da Comissão Internacional para o Estudo dos


Problemas da Comunicação da Unesco, que se reuniu pela primeira vez em
dezembro de 1977. Essa Comissão, no entanto, não teve voz no Brasil devido ao
governo ditatorial da época, que coibia a liberdade de imprensa e controlava o
conteúdo divulgado pela mídia (PIERANTE; MARTINS, 2008).

A preocupação com a informação no contexto político e como eixo temático


para a saúde iniciou-se a partir da VIII CNS, realizada em 1992, a qual trouxe em
seu tema a importância da informação democratizada na saúde como instrumento
para o controle social do SUS. Constituindo um eixo temático de estudo a partir da
XII CNS, realizada em 2003, sob o tema: “Informação e Comunicação em Saúde”,
foram apresentadas as seguintes propostas finais: participação do Conselho
Nacional de Saúde e MS na definição de estratégias para maior visibilidade do SUS,
reforço na democratização da informação e da comunicação, viabilização da rede de
informação e comunicação em saúde e realização, no ano de 2005, da I Conferência
Nacional de Informação, Comunicação e Educação Popular em Saúde.

Essas propostas refletiram em pontos de discussão durante a CNST, que já


em seu primeiro encontro, realizado em 1986, argumentou que o direito à saúde

36
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
deveria expressar também o direito ao trabalho, informação, participação e direito ao
lazer, sendo instrumentalizado pela proposta do estabelecimento de relação com a
mídia para a divulgação mais ampla das ações do controle social e de apresentação
de relatórios periódicos das ações de comunicação e divulgação, incluindo recursos
na mídia. Durante a elaboração e proposição da III CNST, realizada em 2005, criou-
se a Comissão de Comunicação, com o intuito de definir instrumentos e mecanismos
de divulgação da III CNST, incluindo temas como imprensa, internet e outras mídias,
além de buscar ações em comunicação que contribuíssem para a visibilidade social
das várias instâncias do SUS (CARVALHO et al, 2008).

Como iniciativa estadual, em São Paulo, o Plano Estadual de Saúde do


Trabalhador, criado no ano de 2000, reafirmou que essa área é de competência do
SUS e incluiu ações de informação, formação, assistência e vigilância em ST nas
pactuações bipartites regionais (CIR) e em nível central (CIB), ressaltando a
importância da disseminação das ações em ST por toda a rede do SUS
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO, 2004). Essa
preocupação vem tomando corpo e gerando manuais e publicações voltadas tanto
ao entendimento e orientação para a mídia, quanto à importância e ao contato com
esse meio.

Nesse contexto, a utilização de diversas ações comunicativas tornou-se


ferramenta indispensável para subsidiar a instrumentalização e o fornecimento de
informações em saúde para a efetivação do controle social, além de auxiliar no
processo de vigilância em ST (MARTINS, 1999), na utilização otimizada e adequada
do sistema de saúde (MAGALHAES; FERNANDES; LI, 2009) e na pulverização de
informações sobre saúde para o empoderamento da sociedade, visando ao
desenvolvimento do seu bem-estar de forma autossustentável. A importância das
ações de comunicação também se estende ao auxílio e efetivação de estratégias de
prevenção e promoção da saúde, nos moldes da MSL, buscando informar e
modificar o entendimento e a ação sobre alguns determinantes sociais do processo
saúde/doença, a exemplo da alimentação, higiene, cuidados de saúde e rotinas de
vida, minimizando gastos para os cofres públicos e otimizando os serviços.

37
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
A partir da estruturação da RENAST, surgiu a preocupação com o grau de
informação dos cidadãos responsáveis por exercer o controle social a fim de
preservar esse direito aos brasileiros (Brasil, 2006a). Pela necessidade de o PNST
estar em consonância com o Plano Nacional de Saúde, segundo a Portaria GM/MS
nº 2.067/04 e, consequentemente, tendo que atender às portarias GM/MS nº
3.120/98 e GM/MS nº 1.172/04, um dos eixos de ação da ST firmou-se na produção
de uma política de comunicação nessa área (BRASIL, 2006a).

Dentre as atribuições dos CEREST previstas na Portaria GM/MS 2.437/05


estão: o papel de orientação, educação, e a produção e divulgação de material
educativo. Além do recolhimento, sistematização e difusão de informações de
interesse para a ST. Essas ações devem ser implantadas por meio de núcleos
técnicos, cujas funções incluem a articulação de ações voltadas ao controle social,
comunicação e educação popular, entre outras. Tais núcleos devem atuar de
maneira integrada, cujo objetivo principal deve ser a inclusão de ações da área de
ST no SUS e na cultura local, envolvendo os atores sociais com responsabilidade
formal e a comunidade. Igualmente, deve-se buscar o desenvolvimento de uma
análise crítica da gestão da informação. Para isso, o gestor deve buscar estratégias
e instrumentos de comunicação e educação popular em saúde como componentes
importantes para a gestão nesta área (BRASIL, 2006a).

Alguns resultados já são verificados nesse sentido, tanto no aspecto do


trabalhador como na saúde em geral, como por exemplo, a produção da Cartilha e
Guia de Fontes para Radialistas (BRASIL, 2006b), que traz informações sobre a ST
voltadas à difusão via rádio, além das iniciativas oriundas do MS e da Organização
Pan-Americana de Saúde, que produziram manuais para o desenvolvimento da
comunicação com a mídia em momentos de emergências epidêmicas, apresentando
processos sobre como desenvolver essa relação. Outras iniciativas sobre a questão
saúde, trabalho e mídia foram discutidas e estudadas na Conferência Brasileira de
Comunicação e Saúde (COMSAUDE), em sua oitava edição realizada em 2005, que
apresentava o tema central “Mídia, Saúde e Trabalho” (PESSONI, 2006).

Segundo Capistrano-Filho (1988), a aproximação com a mídia torna-se


importante pela necessidade de ampla divulgação das iniciativas do poder público

38
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
que, por serem financiadas por recursos da coletividade, devem passar por uma
crítica fiscalização e avaliação. Nesse sentido, há a necessidade de ampliar a
dimensão política do trabalho técnico por meio da socialização do conhecimento,
das informações e das bases técnicas e científicas das decisões.

Além disso, não se pode falar em socialização do conhecimento em uma


cultura de massa, na qual vivemos sem falar em comunicação social materializada
nos aparelhos midiáticos. Capistrano-Filho (1988) acrescenta que o relacionamento
entre os dirigentes dos programas de saúde e jornalistas não presume algo pacífico,
podendo ser pensado como uma luta e choque de interesses divergentes, cada qual
lutando para dirigir o outro e dar o tom ao conteúdo que será escrito ou gravado.

4.4.4. Situação dos CEREST

No estudo de Carvalho et al (2008), que buscou delinear um panorama sobre


a situação da comunicação em 42 CEREST do estado de São Paulo, foi observado
que 80% dos centros analisados entenderam a comunicação como fator relevante
ao desenvolvimento da visibilidade das ações, seja através do rádio (12%), de
jornais (13%), fôlderes (15%) ou da participação em eventos relacionados à área da
ST. Além disso, 45% desses CEREST mantêm alguma atividade de comunicação
social (dentre as apontadas acima e/ou outros meios de divulgação de informações)
e apenas 30% a apontaram como um dos seus principais eixos temáticos. A
televisão, a internet e os boletins informativos foram os meios de comunicação
menos utilizados. Dessa forma, a despeito do grande entendimento de sua
importância, a comunicação e a disseminação da ST são conseguidas em menos da
metade dos CEREST.

Alguns fatores foram apontados para essa dificuldade, tais como: a falta de
profissional especializado para produzir material, que se reflete na falta de
divulgação do assunto na mídia e de material técnico para promover a comunicação;
o pouco interesse dos órgãos públicos em manter um setor de comunicação; a
escassez de verba destinada para esse fim; o alto custo para a difusão das ações e
a falta de articulação com os meios midiáticos (Carvalho et al, 2008). Considerando
esses fatores, os autores concluem que:

39
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
“(...) poucos realmente conhecem as possibilidades da comunicação,
justamente por não saberem o que ela é capaz de englobar e engendrar.
Ficam muito presos às mídias tradicionais, à concepção de comunicação
apenas como transmissão de informações. A comunicação que se propõe
aos Centros de Referência não pode se restringir ao nível de prestação de
contas. Comunicar é tão parte da função dos órgãos públicos de saúde
quanto atender e assumir as ações de saúde do trabalhador integrado à
lógica do SUS. (p.10).”

Dessa forma o desenvolvimento do processo de comunicação e de suas


potencialidades, no que tange a socialização da informação como subsídios para a
avaliação crítica das intervenções e ações em saúde é fundamental.

E cabe salientar que outras iniciativas e experiências para a divulgação de


informações sobre a ST também foram iniciadas como apontado por Siqueira et al
(2013) que aponta as iniciativas sobre o Observatório de Saúde do Trabalhador, que
durou até 2006 e propunha o seguinte:

“[...] desenvolver um portal na internet como ferramenta para facilitar e


dinamizar as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador, servir de
biblioteca virtual de documentos e publicações na área de Saúde do
Trabalhador e dar visibilidade aos diferentes sítios de internet das centrais
sindicais, dos sindicatos, das associações de trabalhadores e vítimas de
doenças e acidentes do trabalho. Para estruturar conceitualmente, elaborar
o formato, a agenda política e implementar a rede, foram planejados dois
seminários nacionais. (p.142)

Feitosa; Fernandes (2014) ainda apontam por meio de seu estudo sobre os
óbitos por acidentes de trabalho descritos em três jornais, a importância desse meio
de comunicação como fonte complementar de informações para a ST, de baixo
custo e fácil acesso, ainda que seja necessário a busca da melhoria na qualidade
dessas informações para que possam servir de base de sustentação para
intervenções no sentido de reduzir a violência na sua relação com o trabalho.

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5. RESULTADOS

5.1. Contexto do estudo

Com intuito de ampliar o conhecimento sobre o CEREST Piracicaba, a partir


de sua formação histórica e atuação, os itens seguintes apresentarão informações
sobre a cidade de Piracicaba e sobre a unidade, com o objetivo de auxiliar no
entendimento dos resultados.

5.2. História da cidade de Piracicaba

A cidade de Piracicaba (que significa “lugar onde o peixe para”) foi


oficialmente fundada como um povoado em 1° de agosto de 1767, pelo Capitão
Antônio Corrêa Barbosa, com o objetivo de constituir espaço para a foz do rio
Piracicaba. A povoação foi planejada como um ponto de apoio às embarcações que
desciam o rio Tietê, oferecendo retaguarda ao abastecimento do forte de Iguatemi,
fronteiriço do território do Paraguai (IPPLAP, 2012; VILELA, 2003).

A partir de 1836, deu-se um importante período de expansão no povoado.


Não havia lote de terra desocupado e predominavam as pequenas propriedades.
Além da cultura do café, os campos eram cobertos pelas plantações de arroz, feijão,
milho, algodão e fumo, além de pastagens para criação de gado, o que tornou
Piracicaba um respeitado centro abastecedor (IPPLAP, 2012).

O início de sua industrialização deu-se com a instalação de uma fábrica


descaroçadora de algodão e a vinda da estrada de ferro. Em 1872, houve a
expansão do mercado de tecidos com a inauguração do barco que faria o transporte
dos produtos da indústria têxtil que se instalara no município (VILELA, 2003). Em
1875, ocorreu a construção e funcionamento do engenho central para manufatura da
cana de açúcar, com o auxílio da nova legislação que fornecia subsídios fiscais para
o desenvolvimento do ramo (VILELA, 2003).

O município, que se localiza a 152 km da capital do Estado de São Paulo,


integra a região administrativa de Campinas e é servido pelas Rodovias SP 127, SP

41
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147, SP304 e SP 308. Faz divisa com os municípios de Rio Claro, Limeira, Santa
Bárbara D’Oeste, Laranjal Paulista, Iracemápolis, Anhembi, São Pedro, Charqueada,
Rio das Pedras, Tietê, Capivari, Conchas, Santa Maria da Serra, Ipeúna e Saltinho
(IPPLAP, 2012). Sua área urbana possui 229,66 Km2, onde habitam 93,36% da
população, e sua área rural é de 1.147,25 Km2, apresentando 9.736 habitantes
(IPPLAP, 2012, SEADE, 2010, BRASIL, 2012).

Piracicaba apresentou, no ano de 2010, 32,24% de sua população


formalmente empregada, com os maiores percentuais nos ramos de serviços
(32,93%); indústria da transformação (32,81%), comércio (23,50%) e construção civil
(4,77%) (IPPLAP, 2012, SEADE, 2010, IBGE, 2012). A cidade possui um parque
industrial complexo e diversificado, que, segundo Vilela (2003); Gonçalves (2006) e
Cordeiro et al (2005), apresenta concentração no ramo metalúrgico, atrelado ao
suprimento de máquinas e equipamentos para o setor sucroalcooleiro, apresentando
diversificação para novos ramos, (ex. têxtil, de alimentos, frigoríficos, produção de
açúcar e álcool, papel e papelão e construção civil).

No setor da saúde, conquistou a gestão plena do sistema de saúde - SUS em


1998, passando a receber recursos diretamente do MS, contando atualmente com
uma estrutura complexa e hierarquizada para os três níveis de atendimento da
população de forma integral, bem como centros de atenção à saúde mental e
odontológica, à saúde do trabalhador e a doenças metabólicas, além de farmácias,
centro de especialidades médicas e ortopédicas, núcleos especializados de atenção
à saúde da família (NASF), estratégia de saúde da família (ESF), unidades básicas
de saúde (UBS), serviço de atendimento médico de urgência (SAMU) e hospitais
públicos, filantrópicos e privados (IPPLAP, 2012, VILELA, 2003; GONÇALVES,
2006).

5.3. Conformação do CEREST Piracicaba

Antes de expor os resultados desse estudo, apresentaremos algumas


informações sobre o CEREST Piracicaba para facilitar o entendimento das
informações analisadas.
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5.3.1. Panorama do surgimento da ST em Piracicaba

A promulgação da Lei Orgânica do Município de Piracicaba no ano de 1990


forneceu os primeiros indícios e orientações sobre o tratamento das ações em ST
com um capítulo específico (VILELA, 2003). O impulso de consolidação dessa área,
no entanto, ocorreu no período de governo entre 1988-1992, culminando em eventos
marcantes, como a estruturação da Secretaria da Saúde, da I Conferência Municipal
de Saúde (I CMS), eleição do primeiro Conselho de Saúde e estruturação de um
ambulatório de saúde do trabalhador. Com a II CMS, realizada em 1992, as
discussões apontaram para a municipalização da Vigilância Sanitária e a
reorganização do PST, anteriormente denominado ambulatório de Saúde do
Trabalhador (MAFFEZOLI, 1997; VILELA, 2002).

A trajetória de estruturação do CEREST Piracicaba teve início em 1997 como


Serviço em ST, visando atender ao processo de municipalização e a dispositivos
legais como a Lei Municipal no 69 de 1996 e a dois decretos-lei que instituíram o
serviço municipal de vigilância em ST, estabelecendo a composição de uma equipe
mínima para seu funcionamento (Decreto-Lei N° 7401/96) e definindo as
competências da autoridade sanitária, classificando infrações e dispondo sobre as
penalidades referentes à prevenção e à repressão de tudo quanto possa
comprometer a saúde pública (Decreto-Lei n° 7493/97) (GONCALVES, 2006;
JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010; VILELA, 2003), com atribuição plena para
realizar a vigilância nos ambientes de trabalho (SILVA, 2009).

Cabe salientar que, para auxiliar no processo de articulação interinstitucional


e de constituição de respaldo político das ações do PST, em 1994, foi aprovada a
criação do Conselho Municipal de Prevenção de Acidentes e Doenças Profissionais
(COMSEPRE) através da Lei n° 3730. Composto por entidades representativas da
sociedade civil e poder público (anterior a criação da Comissão Inter setorial de
Saúde do Trabalhador – CIST, com atribuições similares, e com participação no
CMS), esse órgão desempenhou papel fundamental na atuação interinstitucional,
desenvolvimento e direcionamento das ações públicas em ST, contribuindo e
desenvolvendo ações como a Semana Municipal de Prevenção de Acidentes de
Trabalho (SEMPAT). A partir de 1998, o COMSEPRE também passou a atuar como

43
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
fórum de debates, formulação e implementação de políticas de prevenção (VILELA,
2003).

A partir desse marco legal, as ações no campo da ST relacionadas às


inspeções nos ambientes de trabalho e vigilância tiveram início por meio do PST, em
articulação com representantes do MTE (JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010;
VILELA, 2003).

Em 2003, o PST foi credenciado como CEREST Piracicaba, de forma a atuar


como polo regional, tendo como principal atribuição irradiar e articular o modo de
atenção, vigilância e prevenção em ST dentro da rede do SUS, das unidades de
saúde (ESF, UBS e UPAM) e na sociedade, (SILVA, 2009). Como já apontado, o
centro integra RENAST e tem sob sua responsabilidade 14 municípios adscritos em
sua área de abrangência (CEREST, 2007). Sua missão é, em conjunto com a
sociedade, de forma interinstitucional e intersetorial, tornar saudável a relação do ser
humano com o trabalho e o ambiente, além de promover cidadania. Seus objetivos
focam em reduzir os índices de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho,
agindo sobre os determinantes sob perspectiva da vigilância e da prevenção, além
de atuar como retaguarda, capacitação e supervisão nas suas práticas, para que
esses agravos possam ser atendidos em todos os níveis de atenção à saúde, de
forma integral e hierarquizada, pautados pela ética e pelos princípios e diretrizes do
SUS (CEREST, 2008, 2009).

Dentro da estrutura da Prefeitura Municipal de Piracicaba, esse serviço está


subordinado à direção de Vigilância em Saúde. Cabe salientar uma particularidade
em relação a outros CEREST, relacionada ao acompanhamento de suas ações e
fornecimento de apoio às mesmas pelo COMSEPRE, órgão com similaridade de
ação à Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST) (JACKSON-FILHO;
BARREIRA, 2010).

Em avaliação realizada pela gestão do Estado de São Paulo, o CEREST


Piracicaba foi considerado, em 2006, o serviço mais eficiente na área, tendo como
parâmetro para a avaliação, a capacidade de realizar ações em ST e de utilizar
efetivamente os recursos financeiros provenientes do MS (JACKSON-FILHO;
BARREIRA, 2010).
44
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Como produtos de sua atuação, o Centro já desenvolveu dez projetos, além
de publicações em periódicos científicos e participações em congressos, o que serve
de subsídio para a confirmação e reconhecimento desse serviço como centro de
excelência técnica e científica no campo da ST (JACKSON-FILHO; BARREIRA,
2010; CEREST, 2012).

5.3.2. Estruturação da ação do CEREST Piracicaba

O CEREST Piracicaba atua em sintonia com as diretrizes da Vigilância em


ST, promovendo ações articuladas entre assistência e vigilância no registro e análise
de dados de atendimento, além de elaborar materiais e atividades educativas e de
pesquisa/intervenção, palestras e educação permanente em ST para Unidades do
SUS e a sociedade em geral, em ações envolvendo os Sindicatos de Trabalhadores,
empresas, Universidades e outros centros de capacitação (CEREST, 2012).

Suas frentes de trabalho estão divididas nos seguintes eixos de atuação:


vigilância, assistência (que engloba as ações de reabilitação), educação (que
envolve o fornecimento de informações) e ações interinstitucionais, os quais serão
detalhados a seguir.

5.3.2.1. Vigilância

Fazendo parte de sua trajetória histórica, desde 1997 o CEREST Piracicaba


apresentava como foco as ações no campo da vigilância, com atuação voltada à
prevenção pública de acidentes de trabalho; dessa forma, diferenciava-se dos outros
serviços cujo foco era majoritariamente voltado à assistência ao trabalhador, regidos
pela chamada “ditadura da assistência” (MEDEIROS, 2001), que visavam atender a
problemas relacionados a LER/DORT, apresentados como demanda de grande
importância, mas acabavam por dificultar e sufocar as iniciativas preventivas
(JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010; VILELA, 2003).

Alguns fatores foram cruciais para a escolha de um serviço baseado na


vigilância a acidentes, tais como: a ausência do profissional médico, dificultando o
foco na assistência; a demanda encubada pelo sindicato e as demandas
provenientes de “vários” acidentes fatais e a falta de uma equipe com

45
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
conhecimentos específicos para atuar sobre os casos de DORT (JACKSON-FILHO;
BARREIRA, 2010).

Em parceria com o COMSEPRE, MTE e outros órgãos, o CEREST Piracicaba


faz vigilância em processos de trabalho que exponham as pessoas a risco, tanto do
setor formal quanto do informal. Sua atuação, no setor formal, foca na vigilância e
intervenção nos mais variados setores produtivos, a exemplo dos setores de papel e
papelão, de metalurgia, de alimentos, de bancos e supermercados, de açúcar e
álcool, de químicos, da construção civil, da prestação de serviços entre outros
(CEREST, 2009).

Com esse enfoque e de posse das Comunicações de Acidentes de Trabalho


(CATs), nos primeiros anos de sua atuação fiscalizadora, foi estruturado um sistema
de informação, o SISCAT, norteador das ações de vigilância (JACKSON-FILHO;
BARREIRA, 2010). Vale ressaltar a participação e colaboração de estagiários
advindos das universidades e cursos profissionalizantes locais, que constituíram
corpo de trabalho para elaboração e realização das ações nesse âmbito, além de
encontrarem no CEREST Piracicaba campo para o desenvolvimento e aprendizado
de suas práticas profissionais (VILELA, 2003). Nesse início de trabalho, ainda em
fase de aprendizado, os profissionais encontraram apoio nos colegas do MTE,
atribuído por existir uma relação prévia de trabalho entre um dos profissionais de
cada uma das instituições (JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010).

Com a implementação do SISCAT, foi possível traçar um panorama da ST no


município, além de elaborar índices locais de acidentes e fazer os primeiros
monitoramentos das 20 empresas com maior índice de acidentes, por meio do
acompanhamento, notificações e autuações do PST e MTE. Com as denúncias e
notícias publicadas em jornais, ações nos eventos sentinela foram realizadas,
gerando eventos emblemáticos pela repercussão social e pela assinatura de
acordos tripartites e convenções coletivas. Como exemplo, pode-se citar o da
construção civil e do setor de papel e papelão, frutos de ações de VISAT em
acidentes fatais ocorridos com seus trabalhadores e das precárias condições de
trabalho (JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010; VILELA, 2003; VILELA; ALMEIDA;
MENDES, 2012).

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
O reconhecimento das ações e sua participação social, no entanto, está
ligado à busca incessante, por parte dos profissionais do serviço, por conhecimento
e tecnologias para avaliação dos casos fiscalizados e estudados. Como exemplo,
pode-se citar a utilização do Método de Árvore de Causas para gerar o
conhecimento mais aprofundado do caso e respaldar tecnicamente as discussões
nas negociações de acordos. Além disso, tornou-se necessária a busca recorrente
de recursos externos para o financiamento de suas propostas inovadoras de ação
(GONCALVES, 2006; JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010; VILELA, 2003).

A primeira inovação do CEREST Piracicaba no processo de vigilância ocorreu


com a proposta de criação do Sistema para Monitoramento e Vigilância em
Acidentes de Trabalho (SIVAT), apresentada ao poder público no ano de 2001, início
do mandato do governo municipal. A proposta de implantação do SIVAT foi fruto de
uma demanda de direcionamento das ações surgidas pela introdução do WEBCAT,
que não disponibilizava mais os dados das CAT para o SUS e pela introdução da
obrigatoriedade do Registro de Atendimentos aos Acidentes de Trabalho (RAAT) na
rede de pronto atendimento público e privado, como reflexo de uma intervenção
realizada pelo CEREST da Freguesia do Ó (CORDEIRO et al, 2005; JACKSON-
FILHO; BARREIRA, 2010; VILELA, 2003; VILELA; MENDES; GONCALVES, 2007).
Essas demandas, encubadas pelo sindicato e aliadas ao interesse do COMSEPRE,
ajudaram na aproximação desses órgãos com o serviço, estreitando seus laços de
confiança (JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010).

Como estratégia e base para o direcionamento dessas ações, o CEREST


Piracicaba atualmente dispõe de um SIVAT que registra todos os acidentes de
trabalho ocorridos nos hospitais e prontos-socorros do município desde 2003. Tal
sistema tem cobertura ampliada na captação e notificação de acidentes, pois obtém
dados que independem do vínculo de emprego (formal ou informal) e visa à
intervenção nos ambientes e processos de trabalho para prevenir novas ocorrências.
Por abarcar em seu conteúdo os acidentes ocorridos com trabalhadores informais,
pode-se assim formular dentro do município os indicadores de sua incidência
(JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010; VILELA, 2003) e construir indicadores
estatísticos de acidentes nos setores formal e informal. Os acidentes graves
registrados nesse sistema são objetos de investigação pela equipe do CEREST ou
47
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
do Ministério do Trabalho nos locais de ocorrência (CORDEIRO et al, 2005;
CEREST, 2010).

Em se tratando do processo de vigilância, com a instituição do SIVAT em


2003, foi possível a produção de informações variadas sobre acidentes de trabalho,
e, consequentemente, a caracterização da realidade em ST no município, facilitando
a programação e a articulação das ações (CORDEIRO et al, 2005).

Essas estatísticas agiram, também, como atrativos para a imprensa, fato que
levou a temática de acidentes a fazer parte do noticiário local (JACKSON-FILHO;
BARREIRA, 2010). Ainda como forma de reconhecimento, o SIVAT foi premiado
como experiência bem sucedida em Epidemiologia na 5ª Mostra Nacional de
Experiências Bem-sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças-
EXPOEPI (Brasília, 2005) (JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010; VILELA;
MACHADO, 2011).

Desde 1997, com base em parcerias com os mais variados órgãos


relacionados à ST e nas investigações de acidentes graves, o CEREST Piracicaba
vem desenvolvendo projetos voltados para melhorias na saúde e segurança dos
trabalhadores nos seguintes setores produtivos e de serviços: papel e papelão,
alimentos, construção civil, químico, metalurgia e siderurgia, comércio varejista
(supermercados e hipermercados), marcenaria, olaria, marmoraria, reciclagem e o
setor de açúcar e álcool (CEREST, 2011; MINAYO-GOMEZ, 2011).

Alguns resultados positivos das iniciativas em vigilância desenvolvidas


intersetorialmente pelo centro geraram mudanças e trabalhos inovadores, tais como:
1º acordo municipal de prevenção de acidentes da construção civil, assinado em
1999; elaboração do manual e do programa de prevenção de acidentes no setor
papel e papelão, em 2001; criação do Comitê de Segurança Alimentar nas
empresas de panificação; negociação setorial das marcenarias no ano 2007 e
negociação com as olarias em 2008 (CEREST, 2009b). Além do `Projeto de
avaliação de ambientes de trabalho do Setor de comércio varejista (Supermercados)
em 2011, a criação do Fórum da Cidadania, Justiça e Cultura de Paz para debater e
atuar sobre o seguimento sucroalcooleiro em 2006 e do projeto de avaliação do

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Setor de Moto frete (Moto taxistas) com apoio do MS e início em 2008. (CEREST,
2012)

5.3.2.2. Educação

Dentro desse eixo de atuação ligado à informação, o CEREST Piracicaba


realiza ações articuladas com a assistência e a vigilância no registro e análise de
dados de atendimento, criação e manutenção de site, elaboração de fôlderes,
realização de atividades educativas, palestras e educação permanente em ST para
unidades do SUS e a sociedade em geral, além de ações com Sindicatos e
Universidades.

Com a implantação de um programa de atenção integral e vigilância em


LER/DORT desde o ano 2004, através de convênio firmado com o MS e a Secretaria
Municipal de Saúde, iniciou-se a capacitação da rede SUS para atender aos
pacientes acometidos por esse agravo, por meio de cursos de capacitação e
programas de reabilitação fornecidos pelos profissionais do centro, além da
disponibilização de serviços de profissionais especializados em ergonomia e a
possibilidade de intervenção sobre os fatores de risco para a prevenção de novos
casos nas empresas prioritárias em LER/DORT, por meio de inspeção nos locais de
trabalho, a partir de dados da assistência e de capacitação dos profissionais das
unidades da atenção básica do SUS (CEREST, 2012). Nesse contexto, o CEREST
Piracicaba realizou, entre outras iniciativas de capacitação, no período de 2004 a
2008, em parceria com a Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP, cursos
lato sensu (de especialização) em Ergonomia, contando com a cooperação e
supervisão pedagógica da Universidade Federal de Minas Gerais, com duas turmas
já formadas (CEREST, 2009a).

No que se refere à área de capacitação, várias ações ocorreram muito além


dessa proposta. Foram promovidas oficinas, organizada a Semana Municipal de
Prevenção de Acidentes de Trabalho (SEMPAT) em parceria com o COMSEPRE,
além da produção de materiais didáticos, que serviram para referendar as ações do
CEREST Piracicaba junto à rede do SUS e à comunidade, bem como a aproximação
com diferentes instituições, com o intuito de reforçar parcerias (JACKSON-FILHO;
BARREIRA, 2010; VILELA, 2003; CEREST, 2009c).
49
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Além disso, diversas intervenções educativas por meio de palestras, fóruns e
capacitações na área da construção civil ocorreram através da parceria do CEREST
Piracicaba com os membros do Comitê Permanente Regional Sobre Condições e
Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção de Piracicaba - CPR de
Piracicaba (GONÇALVES, 2006) e outras instituições.

Outra intervenção educativa e inédita do CEREST Piracicaba foi a realização


de oficinas, no ano 2005, voltadas à comunicação em saúde do trabalhador, que
contou com a participação das entidades sindicais do município e representantes
dos meios de comunicação como a Rádio Educativa FM e a Oboré, que buscaram
conscientizar o poder público, empresas, meios de comunicação e a sociedade para
os programas e a necessidade de prevenção em saúde e segurança do trabalhador
(CONSCIENTIZAÇÃO..., 2007), em consonância com a temática do Congresso de
Comunicação e Saúde – COMSAÚDE, desse mesmo ano, que abordava e discutia o
tema Comunicação, Saúde e Trabalho conforme relatado por Pessoni (2006).

5.3.2.3. Informação

Dentro do eixo de atuação ligado a informação, o CEREST Piracicaba, por


meio de um de seus profissionais, opera um banco de dados que subsidia as ações
de vigilância através de elaboração estatística da série histórica de acidentes do
trabalho notificados pelo RAAT, cujo preenchimento foi tornado obrigatório através
do Decreto Municipal no 9951/2002. Os principais indicadores de acidentes de
trabalho vêm sendo construídos desde 2003, nos setores formal e informal, que
englobam a evolução da proporção de incidência anual, frequência e taxa de
mortalidade de acidentes de trabalho no município. O setor faz o acompanhamento
e supervisão semanal do preenchimento e recolhimento dos RAAT’s em todos os
hospitais e prontos-socorros da cidade de Piracicaba e finaliza com a digitação ou
incorporação dos mesmos no SIVAT. Outro banco de dados é construído a partir
das ações assistenciais no CEREST, as quais possibilitam a informação sobre as
empresas com maior risco de adoecimento relacionado ao trabalho (CEREST,
2009c).

50
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.3.2.4. Assistência e Reabilitação

O CEREST é serviço de referência para atenção à ST, estabelecimento de


nexo causal entre as condições de trabalho e a doença, orientação e abertura de
Comunicação de Acidentes do Trabalho- CAT e reabilitação profissional. Para isso,
realiza o acolhimento de trabalhadores portadores de doenças profissionais
encaminhados pelo SUS ou sindicatos; assistência Médica e Liang Gong,
encaminhamentos para serviços de fisioterapia, dentre outros (CEREST, 2009).

Dentre os programas assistenciais, insere-se o projeto de pesquisa para a


construção de um protocolo de atenção em reabilitação profissional para pacientes
com LER/DORT. Trata-se de um programa terapêutico, desenvolvido por equipe
multiprofissional, constituído de três etapas: grupo de apoio, grupo de psicoterapia e
grupo de cinesioterapia, articulado às ações de intervenção para melhoria das
condições de trabalho em empresas priorizadas por critério epidemiológico. O
modelo de atenção tem por objetivo melhorar a capacidade laborativa de pacientes
adoecidos por LER/DORT, auxiliando na negociação de seu retorno ao trabalho, em
parceria com as instituições que possuem interface com a área de ST (INSS e MTE).
O programa de reabilitação profissional pressupõe que os trabalhadores adoecidos
por LER/DORT não devem retornar às mesmas condições que geraram o
adoecimento, o que desencadeia ações de Análise Ergonômica do Trabalho
coordenadas pela terapeuta ocupacional da equipe, para identificação de postos
compatíveis com a funcionalidade atual dos trabalhadores reabilitados (TAKAHASHI
et al, 2010, TAKAHASHI; KATO; LEITE, 2010; CEREST, 2009e).

O CEREST Piracicaba ainda disponibiliza o acolhimento aos trabalhadores


portadores de doenças profissionais, encaminhados ao serviço por referência e
contra referência (a atenção básica e especializada) pelo SUS ou sindicatos para
assistência médica, nexo causal entre as condições de trabalho e a doença,
orientação e abertura de CAT, atendimento por grupos multidisciplinares de
reabilitação profissional, de psicologia e de qualidade de vida, encaminhamento para
serviços de fisioterapia, fonoaudiologia e de vigilância nos ambientes de trabalho
(CEREST, 2007-2012).

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.3.2.5. Ações interinstitucionais

No âmbito das ações interinstitucionais e intersetoriais, devido ao seu caráter


articulador e inovador, o CEREST Piracicaba despontou com inovações e projetos,
com apoio e parceria das mais variadas instituições voltadas à ST. As atuações
interinstitucionais do centro são apontadas por Jackson-Filho; Barreira (2010) e
descritas em detalhamento no site do órgão como segue:

“Realização e apoio ao desenvolvimento de projetos de estudos e


pesquisas em saúde do trabalhador de acordo com as Diretrizes da Política
Nacional de Saúde do Trabalhador.

1999 a 2003: Projeto VIGISUS com apoio do Ministério da Saúde e do


Banco Mundial possibilitou a realização de vários cursos de capacitação,
oficinas e a Primeira Conferência Regional de Saúde do Trabalhador e meio
ambiente. A conferência possibilitou o intercâmbio do Programa de Saúde
do Trabalhador com vários Centros de Saúde do Trabalhador, resultando no
livro: “Saúde do Trabalhador e Saúde Ambiental: Cenário, experiências e
perspectivas - 2003. 1. ed. São Paulo: CENTRO DE REFERÊNCIA EM
SAÚDE DO TRABALHADOR, 2004. v. 3000. 164 p.

2003 a 2006: Projeto “Atenção Integral e Prevenção de Lesões por Esforços


Repetitivos-LER /DORT”, projeto apoiado pelo Fundo Nacional de Saúde-
Ministério da Saúde. Incluiu capacitação e supervisão continuada de
profissionais da rede pública da atenção básica e demais níveis do SUS e
de áreas do Ministério do Trabalho e da Previdência, sensibilização da
sociedade civil, criação do curso de especialização em ergonomia;
realização de oficinas com portadores de LER e adoção de medidas de
prevenção nas empresas por meio de inspeções e melhorias no processo
de trabalho. O projeto teve continuidade através de outro convênio como
Fundo Nacional de Saúde-Ministério da Saúde (2006 – 2009) que englobou
as ações de prevenção e reabilitação profissional para trabalhadores
adoecidos em LER/DORT.

2003 a 2005: Participação no Projeto de Pesquisa para obtenção do


diagnóstico e adoção de medidas de prevenção de acidentes do trabalho no
Município de Piracicaba. Incluiu pesquisa domiciliar, registro de acidentes
ocorridos nos centros de atendimento de urgência e emergência, inspeção
nos locais de trabalho para verificação de situações de risco e adoção de
medidas de prevenção. Entidades envolvidas: UNESP Botucatu, UNIMEP,
Prefeitura do Municipio de Piracicaba e subdelegacia regional do Ministério
do Trabalho e Emprego. Professor Coordenador: Dr. Ricardo Cordeiro -
Apoio Fapesp (linha de políticas públicas).

2005 a 2009: O projeto "Reabilitação Profissional para trabalhadores


adoecidos por LER/DORT articulada com ações assitenciais e de vigilância
em Saúde do Tabalhador" é um programa terapêutico e de intervenção nas
condições de trabalho, desenvolvido por equipe multidisciplinar - médica,
assistente social, fisioterapeta, psicóloga, terapeuta ocupacional e socióloga
- para fortalecer os trabalhadores adoecidos por LER/DORT para lidar e
superar as dificuldades impostas pelas incapacidades. Seus objetivos
específicos são o resgate da funcionalidade e a estabilização psicossocial,
abaladas pelo adoecimento, e a reintegração compatível nas relações
sociais, cotidianas e de trabalho.
52
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
2006 a 2009: Aprimoramento do SIVAT. Participação como instituição
parceira no projeto de pesquisas em políticas públicas “Ações
interinstitucionais para o diagnóstico e prevenção de acidentes do trabalho:
aprimoramento de uma proposta para a Região de Piracicaba” financiada
pela FAPESP (Processo 06/51684-3). Tem como finalidade aprimorar o
SIVAT através do envio do RAAT via online dos hospitais para o CEREST;
a construção de um diagnóstico e investigação das causas de ATs nas
empresas com maior proporção de acidentes, o estudo das condições de
trabalho e do desgaste dos cortadores manuais de cana de açúcar e o
desenvolvimento de programa piloto de educação popular e formação de
multiplicadores no setor da construção civil. O projeto prevê realização de
cursos de capacitação e elaboração de material educativo. Instituição
Parceira: Prefeitura de Piracicaba através da Secretaria Municipal de Saúde
/ Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Piracicaba, apoio
Ministério do Trabalho e Emprego (Subdelegacia Regional de Piracicaba) e
Ministério Público do Trabalho -15ª Região.

2006-atual: Projeto de Erradicação do Trabalho de infantil e de


adolescentes no Pólo de Produção de Jóias e bijuterias em Limeira – SP.
Parceria com Trabalho e Emprego: Gerência Regional Piracicaba e
Ministério Público do Trabalho da 15ª Região. Este projeto foi financiado,
até o momento, com verbas da RENAST, Prefeitura do Município de
Limeira, Sindicato das Empresas de Jóias e Bijuterias e das instituições
parceiras. Uma pesquisa de mestrado realizada na UNIMEP apontou um
alto índice de crianças e adolescentes envolvidas na montagem, soldagem
e cravação em domicílio de jóias e bijuterias. Fazendo parte de sua área de
abrangência, o CEREST Piracicaba tomou a iniciativa de construção de
políticas públicas intersetoriais para erradicação desta forma desumana e
precarizada de trabalho.

2007 a 2008: Atividade terapêutica –Liang gong. O CEREST auxiliou o


Programa de Saúde da Família -ESF na elaboração do projeto de
implantação de atividades físicas através da ginástica oriental Liang gong,
com o objetivo de estimular a prática de relaxamento e fortalecimento físico
de pacientes e trabalhadores das unidades de saúde de Piracicaba. Apoio
financeiro do Ministério da Saúde.

2008-atual: apoio e fortalecimento do Fórum “Acidentes do Trabalho:


Análise, Prevenção e Aspectos Associados” consistindo em encontros
presenciais realizados em Botucatu e Piracicaba, e ambiente virtual
abrigado na página da UNESP Botucatu através da plataforma Moodle site:
http://www.forumat.net.br/at/index.php.
O Fórum é permanente e aberto a interessados na investigação, análise e
prevenção de acidentes. É um espaço aberto com a finalidade de apoio ao
estudo e debate de temas relacionados à prevenção de acidentes. Que
iniciou o desenvolvimento do projeto de análise da situação de saúde e
segurança do setor de motofrete, com projeto com apoio do MS e da
secretaria de Vigilância em Saúde.

2007-atual: Fórum Trabalho e Cidadania – Melhoria das condições de


moradia dos trabalhadores do corte manual da cana de açúcar. Articulação
interinstitucional que agrega os municípios da região de Piracicaba e Rio
Claro (CEREST, Gerencia Regional do Ministério do Trabalho e Emprego,
CVS, VISAs Municipais, Sindicatos de Trabalhadores, Parlamentares,
Universidades, pastorais, etc). As ações de vigilância e licenciamento prévio
das moradias foram concebidas através de Termo de Ajuste de Conduta
(TAC) firmado entre o Ministério Público do Trabalho da 15ª Região e as
Prefeituras Municipais estabelecendo as obrigações de realizar o cadastro
prévio das moradias, a fiscalização periódica e o estabelecimento de
53
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
exigências mínimas para assegurar moradia digna a esta população”
(CEREST, 2009d, s/n8).”

Cabe salientar que todas essas intervenções foram realizadas em parceria e


com a submissão de projetos a várias entidades de saúde e pesquisa como o
Ministério da Saúde, Fundação de Amparo de Pesquisa do Estado de São Paulo –
FAPESP, e outras, para a obtenção de recursos para sua realização. (JACKSON-
FILHO; BARREIRA, 2010).

Todas essas ações se materializaram em mudanças significativas nos


ambientes de trabalho, além de resultarem em leis, decretos, acordos coletivos,
mudanças em máquinas e equipamentos, documentos técnicos e na produção de
indicadores por meio dos dados estatísticos que deram visibilidade e possibilitaram
um entendimento diferenciado por parte da população técnica e leiga sobre a ST,
culminando em ações integrais e integradas, inter e intra-institucionais. Tal situação
refletiu na aproximação da mídia local ao serviço e no conhecimento,
acompanhamento e referendo local de suas ações (JACKSON-FILHO; BARREIRA,
2010).

Tais fatos demonstram a excelência técnica e o esforço incessante em


extrapolar as convenções e as possibilidades na busca pela resolutividade nas
ações e melhoria da saúde dos trabalhadores, tornando o CEREST Piracicaba
expertise nas ações públicas em ST (JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010).

Em contrapartida a todo esse cenário de inovações e sucessos, o CEREST


Piracicaba enfrenta muitas dificuldades para a continuidade e concretização de suas
ações. Dentre elas, Jackson-Filho; Barreira (2010) apontaram a necessidade da
busca incessante de formas de obtenção de recursos e financiamentos para iniciar e
dar continuidade a suas ações. A carência de recursos humanos, materiais,
financeiros (CORDEIRO et al, 2005; VILELA; RICARDI; IGUTI, 2001; VILELA, 2003)
e de profissionais especializados para a continuidade de algumas atividades é
suprida pela contratação desses através das verbas advindas dos projetos por

8
texto disponível em formato digital no site do CEREST Piracicaba no
link:<http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/institucional/acoes-interinstitucionais.html>
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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
tempo limitado, o que resulta em descontinuidade e finitude de algumas
intervenções e ações promissoras e primordiais. Outros obstáculos ao pleno
funcionamento do centro também são mencionados, como a desarticulação dos
gestores do SUS (VILELA, 2003), as ingerências do governo municipal para a
atuação de vigilância e fiscalização de obras públicas e a falta de sede própria para
o órgão, que o obriga a despender verba para o pagamento de aluguel de um local
para sediar suas ações (JACKSON-FILHO; BARREIRA, 2010).

Cordeiro et al (2005) acrescentaram como dificuldade, no que se refere ao


SIVAT, o manuseio do programa ligado ao sistema (SIG) e a falta de adesão dos
profissionais de saúde que fazem o atendimento do acidentado, por configurar-se o
preenchimento de um elemento novo à rotina. Isso demonstra a necessidade da
sensibilização e capacitação permanente desses profissionais para a importância do
preenchimento da RAAT, para que possam aderir com qualidade a essa nova tarefa.

Vilela; Mendes; Goncalves (2007) apontaram, ainda, a dificuldade


apresentada nas fiscalizações e análise de acidentes no que tange à necessidade
de mudança ideológica sobre a gênese dos mesmos, arraigada no âmbito da Saúde
Ocupacional das empresas e dos atores sociais das próprias repartições públicas
responsáveis por tais avaliações, voltada ao “ato inseguro” em detrimento de uma
visão multicausal e voltada ao entendimento dos reais fatores que levaram ao
acidente. Tal fato gera uma demanda de investimento permanente em capacitação
para esses profissionais.

5.4. Os jornais periódicos de circulação local

Como o corpus em estudo é constituído pelos três principais impressos de


circulação local, entendeu-se a necessidade de explanar algumas informações
introdutórias para o melhor entendimento do corpus analisado.

Dessa forma, apresentar-se-á, nos tópicos subsequentes um breve histórico e


algumas informações sobre os impressos aqui em estudo.

55
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.4.1. História dos jornais

5.4.1.1 Jornal de Piracicaba

Fundado em 04/08/1900, o Jornal de Piracicaba faz parte de um dos poucos


jornais centenários, sendo líder de vendas no município e regiões adjacentes (cobre
mais 15 cidades: São Pedro, Águas de São Pedro, Charqueada, Santa Maria da
Serra, Ipeúna, Iracemápolis, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Bárbara d’Oeste,
Limeira, Capivari, Mombuca, Rafard, Rio Claro, Americana), alcançando uma
população de, aproximadamente, um milhão de habitantes (QUEIROZ et al, 1993;
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE JORNAIS - APJ, 2014; BENVEGNU, 2008).

Inicialmente, o Jornal de Piracicaba assumia como sua linha de trabalho e


pensamento, segundo Queiroz (2008), a convicção nas suas crenças de um projeto
democrático para a sociedade brasileira, respeitando o pluripartidarismo e abrindo
espaços para as manifestações de todas as tendências locais e nacionais, o que
mais tarde acabou por ser uma marca de estabilidade com vistas a uma postura de
neutralidade em prol da informação.

Na década de 1970, o Jornal de Piracicaba manteve-se como o único


noticiário impresso da região, pois um dos diretores de seu concorrente à época (O
Diário de Piracicaba) havia se afastado em 1968. Estando o Jornal de Piracicaba
representado na figura de seu editor chefe, o jornalista Losso Neto, mantinha as
tradições de uma linha conservadora e equilibrada, sobrevivendo ao período da
ditadura militar como o único jornal com permissão para divulgação na época, pois
todos os outros foram fechados pelos militares, fato que foi atribuído a uma
estratégia de autocensura dos jornalistas do JP para o conteúdo publicado
(ROMANELLI, 2009).

Na década de 1990, o Jornal de Piracicaba apresentava uma tiragem de


30.000 exemplares (QUEIROZ et al, 1993). Atualmente, apresenta uma tiragem de
22.000 exemplares em dias úteis e de 24.500 exemplares aos domingos. Com
instalações modernas e uma filosofia que busca a exatidão editorial e a competência
empresarial, é apontado pela Associação Paulista de Jornais - APJ - como um dos
principais expoentes da imprensa no interior do Estado (APJ, 2014).
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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.4.1.2. Gazeta de Piracicaba

Na trajetória histórica da comunicação em Piracicaba, o nome do primeiro


jornal diário a circular no município foi “A Gazeta de Piracicaba”, no ano de 1882.
Seguindo uma orientação republicana, manteve sua circulação até 1930 e, em sua
primeira edição, já apresentava a frase “Liberdade de pensamento é
responsabilidade do autor” (QUEIROZ et al, 1993; QUEIROZ, 2008; CHIARELI,
2007, 2010).

Um primeiro jornal de cunho republicano e custeado com o auxílio de seus


compatriotas fazia jus à origem e publicava críticas veementes aos monarquistas,
apresentando-se como o meio de disseminação de informação da época e tendo
grande importância no contexto histórico da República (CHIARELI, 2007, 2010).
Para Queiroz (2008), tal fato acarretou a perda de sua credibilidade, devido a sua
visão parcial e defesa veemente aos republicanos, em oposição ao jornal “O
Popular”, que se apresentava a favor da monarquia. Cabe salientar que foi um de
seus dissidentes o fundador do atual Jornal de Piracicaba (CHIARELI, 2007, 2010).

A Gazeta de Piracicaba inaugurou uma nova fase do grupo Rede Anhanguera


de Comunicação (RAC) com sua expansão para outras cidades do interior paulista,
sendo o primeiro jornal do grupo a circular fora da cidade de Campinas. Com
lançamento em agosto de 2003, iniciou sua veiculação com tiragem gratuita e
bissemanal, razão pela qual logo a RAC vislumbrou cidades do interior do Estado
que pudessem abrigar um jornal minimamente concorrente com o jornal local e que
tivesse forte apelo comercial (GUIMARÃES, 2006, 2008).

A Gazeta de Piracicaba atualmente se apresenta como nova alternativa e


estratégia às drásticas mudanças sofridas pela imprensa com o advento da internet.
Idealizado e fruto de estratégia do Grupo RAC, iniciou sua publicação para fazer
concorrência aos jornais locais de Piracicaba, com o ideário de apresentar em seus
textos 70% de notícias locais, “pois esse é o entendimento e a importância dos
jornais locais, a divulgação de informação da cercania”. A Gazeta de Piracicaba
também faz parte de uma rede que conta com mais 12 jornais para o município de
Campinas e região, propondo uma alternativa de leitura, ao fazer um jornalismo
menos noticiário e mais reflexivo (RAC, 2013; GUIMARAES, 2006, 2008).
57
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Como comenta Guimarães (2006), o jornalismo regional tornou-se o foco de
mercado da RAC, com base em dois fatores:

“(...) ter credibilidade forte e ser capaz de interagir com a comunidade.


“Essa combinação resulta numa identificação imediata e crescente com o
público que faz do jornalismo regional a coqueluche da imprensa enquanto
empreendimento (...)” (p.07)

Inicialmente lançado como um jornal semanal gratuito, o impresso alcançou o


bom grado dos leitores e, após essa fase, começou a apresentar edições
bissemanais e de três edições na semana. A partir do ano 2008, passou a ser pago
e comercializado por assinaturas, com uma circulação de terça a domingo, para
atender às necessidades do mercado e de seus anunciantes (RAC, 2013).

Desde a primeira edição, publicada em agosto de 2003, a Gazeta de


Piracicaba tem conquistado o leitor pelo formato inovador e pelo compromisso
editorial que valoriza a cidade e defende os interesses da comunidade, seguindo a
mesma linha de conduta dos demais veículos do grupo RAC (RAC, 2013). O
impresso também tem conseguido ampliar suas vendas, conquistando um
contingente cada vez maior de leitores e de circulação na cidade, com tiragem de 27
mil exemplares (GUIMARÃES, 2008). Atualmente, a Gazeta de Piracicaba alcança
mais de 80 mil leitores, sendo apontado, dentro da página do grupo RAC como o
mais lido do município de Piracicaba, conquistando um mercado disputadíssimo
(RAC, 2013).

5.4.1.3. A Tribuna Piracicabana

Como afirmou Queiroz (2008), o jornal A Tribuna Piracicabana teve sua


primeira incursão na cidade em 22 de abril de 1962, como último remanescente da
imprensa diária de Piracicaba, com sua continuidade interrompida em dezembro de
1963, servindo apenas como base para a candidatura de Milton Camargo à Câmara
Municipal de Piracicaba.

Fruto de um dos dissidentes do Jornal Diário de Piracicaba, A Tribuna


Piracicabana renasceu em meio à conjuntura de novos jovens intelectuais que

58
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
assumiram o município nos anos de 1970. Com pensamento contestador, esses
jornalistas constituíam a oposição local (ROMANELLI, 2009).

“(...) Nesse contexto um dos jornalistas desse jornal que debatiam os


problemas graves que iam dificultando o desenvolvimento da cidade. Em
1974, o Engenho Central parava as suas atividades, indo de roldão junto
aos negócios de Adolpho da Silva Gordo que fracassavam. O Matadouro,
no ano anterior, houvera sido desativado por ordem federal, tornando-se
entreposto de produtos hortifrutigranjeiros e começando a perder a sua
mística história. E, no rio – já em agonia pelo Sistema Cantareira – a
mortandade de peixes, vitimados pela poluição das águas, alarmava
Piracicaba. Era algo como nunca se vira, ainda que outros e anteriores
desastres ecológicos já tivesse acontecido.” (ROMANELLI, 2009) (s/n).

Sua segunda circulação teve início na data de 01/08/1974, fruto da iniciativa


arrojada da jovem imprensa piracicabana, no nome do jornalista Evaldo Augusto
Vicente que, na época, tinha apenas 20 anos de idade. Apesar de muito jovem, esse
jornalista apresentava grande experiência com trabalhos em O Diário e na Folha de
São Carlos (QUEIROZ et al, 1993; QUEIROZ, 2008; ROMANELLI, 2009).

A Tribuna Piracicabana surgiu como um jornal semanal, passando


posteriormente a bissemanal, circulando às quintas-feiras e aos sábados (QUEIROZ,
2008), e atualmente alcançou uma edição diária (ROMANELLI, 2009). O impresso
expandiu suas publicações na década de 1980, ao diversificar sua produção,
editando jornais similares em cidades da região, o que acelerou seu processo de
transformação, ampliando suas atividades no campo regional, que se expandiu para
“Tribuna de São Pedro”, “Tribuna de Rio das Pedras”, “Tribuna de Sorocaba” e
outras publicações. A “Tribuna”, em seu parque gráfico, atende a mais de 100
jornais interioranos (ROMANELLI, 2009).

Como jornal, a filosofia imposta por Evaldo Vicente é a da “inteira liberdade de


opinião” (ROMANELLI, 2009). Fazendo um jornalismo comunitário do seu início até
hoje, os assuntos divulgados por A Tribuna Piracicabana são necessariamente
ligados a questões locais ou, quando externas, que tenham relação com ou
repercussão em Piracicaba (onde a edição é diária), em São Pedro, Águas de São
Pedro e Santa Maria da Serra (onde circula aos sábados) e em Rio das Pedras e
Mombuca, onde a edição sai às sextas-feiras. "Trata-se da história de uma empresa
pequena de jornais no interior do Estado de São Paulo, que viu liberdade de

59
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imprensa na pulverização do seu faturamento, fazendo jornais para terceiros,
vendendo assinaturas e publicidade" (LINGUAGEM VIVA, 2006)

A tiragem diária de A Tribuna Piracicabana é de 2.050 exemplares de terça-


feira a sábado. A edição regional atinge 12.050 exemplares, já que A Tribuna de São
Pedro circula com 6.000 e A Tribuna de Rio das Pedras com 4.000, fato que, na fala
de seus parceiros do Linguagem Viva (2006), demonstra:

“(...) a certeza de desempenhar um jornalismo comunitário. E, por isso,


valorizando de vez o que acontece em cada esquina da cidade, o que
fazem os políticos, como trabalham os homens públicos, ao mesmo tempo
em que não foge a uma análise crítica do dia-a-dia da comunidade e dos
seus dirigentes. Com a certeza de que, para se falar em ética, é preciso
corrigir, na edição subseqüente, qualquer erro que, involuntariamente,
possa ocorrer (...)” (s/p)

Para Molina et al (2008), os jornais "A Tribuna de Piracicaba", "Gazeta de


Piracicaba " e o "Jornal de Piracicaba", formam a mídia impressa do município. E em
conjunto, possuem uma tiragem aproximada de 70 mil exemplares por semana,
número significativo quando comparado à população total da cidade que, no ano
2008, contabilizava 358.108 habitantes.

60
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.5. Dados gerais

Foram identificadas 257 notícias que atendiam aos critérios estabelecidos,


com aproximadamente a metade delas veiculadas pelo Jornal de Piracicaba,
conforme apresentado na Tabela 1:

Tabela 1. Frequência de notícias relacionadas com o CEREST Piracicaba publicadas pelos três
principais jornais impressos de Piracicaba, SP, no período de 2007 a 2012
Jornal N %
GAZETA DE PIRACICABA 55 21,4%
JORNAL DE PIRACICABA 135 52,5%
TRIBUNA DE PIRACICABA 67 26,1%
Total Geral 257 100,0%
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

Pela avaliação do total anual de notícias publicadas em cada Jornal no


período estudado observou-se um aumento abrupto do número de notícias nos anos
2011 e 2012, com um crescimento de, aproximadamente, 400% em 2011 e 200%
em 2012, comparados com a média do período de 2007 a 2010. (Tabela 2).

Tabela 2. Distribuição anual das notícias relacionadas com o CEREST Piracicaba, SP, publicadas
nos três principais jornais impressos locais nos anos de 2007 a 2012
GAZETA* JP** TRIBUNA*** TOTAL
ANO N % N % N % N %
2007 6 2,3% 16 6,2% 4 1,6% 26 10,1%
2008 3 1,2% 20 7,8% 0 0,00% 23 9,0%
2009 4 1,6% 20 7,8% 2 0,8% 26 10,1%
2010 2 0,8% 11 4,3% 7 2,7% 20 7,8%
2011 20 7,8% 44 17,1% 40 15,6% 104 40,5%
2012 20 7,8% 24 9,3% 14 5,5% 58 22,6%
Total Geral 55 21,4% 135 52,5% 67 26,1% 257 100,0%
*Jornal Gazeta de Piracicaba; **Jornal de Piracicaba; ***Jornal A Tribuna Piracicabana.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

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5.6. Modalidade editorial da notícia

Na análise da modalidade editorial empregada nas notícias levantadas,


observou-se uma predominância de textos com caráter informativo-descritivos
abordando fatos que envolviam o CEREST Piracicaba, totalizando,
aproximadamente, 90% das notícias. Os demais textos eram de natureza opinativa
(editoriais, cartas e artigos de opinião), que abordavam a ST, além de textos
informativos de eventos sobre ST, problemas estruturais do centro e outros,
conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3. Distribuição de notícias publicadas nos três principais jornais* impressos de Piracicaba, SP,
por modalidade textual, no período de 2007 a 2012
MODALIDADE N %
ARTIGO DE OPINIÃO 1 0,40%
CARTA DO LEITOR 2 0,80%
INFORMATIVO SOBRE EVENTOS E
8 3,10%
CEREST
NOTÍCIA (DESCRITIVA-FACTUAL) 231 89,90%
EDITORIAL 14 5,50%
ENTREVISTA 1 0,40%
Total Geral 257 100,00%
* Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

5.6.1. Editoriais

De modo geral, os editoriais apresentaram algum tipo de opinião,


apontamento ou complemento de informação com base nos fatos sobre ST
divulgados no mesmo fascículo do jornal.

Dos 14 textos de caráter editorial, 4 apresentaram descontentamento,


indignação e críticas à situação de trabalho, alojamento e mortes a que estavam
sujeitos os trabalhadores do ramo da construção civil, com a perda de “sonhos” e
sujeição a situações sub-humanas de trabalho. Esses textos também abordaram
informações sobre os direitos desses trabalhadores e a importância e
reconhecimento do CEREST Piracicaba como órgão de apoio a eles, e como órgão
alternativo na busca de ações preventivas. Outro editorial opinava sobre a
importância de fiscalização e tecia críticas a uma possível retirada para participação
62
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do Centro nas ações de fiscalização em obras públicas, relacionando esse fato a
uma possível piora da situação dos trabalhadores da construção. Em outro artigo, a
iniciativa de criação de uma legislação para regularizar o trabalho dos motoqueiros é
recebida com ressalva de um possível insucesso e refere-se à ineficiência de se
criar uma nova legislação municipal, apontando a necessidade da cobrança do
cumprimento das leis já existentes através de fiscalizações e interdições, colocando
o CEREST Piracicaba como executor desse tipo de ação.

Três editoriais apresentaram apontamentos sobre as informações e


estatísticas de acidentes divulgados pelo CEREST Piracicaba. Os textos tinham
como objetivo: apresentar um posicionamento positivo sobre as ações de
fiscalização do CEREST, relacionavam a ausência da cultura da prevenção e a
importância das informações prestadas pelo Centro como instrumento direcionador
para o amadurecimento dessa cultura. Outro artigo buscou cobrar medidas de
segurança (no caso, entendidas como o uso de EPIs) por parte do empregador,
culpando, porém, o trabalhador por não utilizar o equipamento de proteção e
apontando somente para a necessidade de sua conscientização. Em contrapartida,
o terceiro texto fez crítica à maneira como os jornais apresentavam as informações
sobre acidentes de trabalho, e como o Centro as disponibilizava. O autor ainda
colocou a falta de parâmetros para avaliação por setor, a ausência de análise da
situação da economia e a necessidade de que sejam feitos comparativos por
períodos econômicos similares, descrevendo o CEREST Piracicaba e o Sindicato
dos Trabalhadores da Construção Civil de do Mobiliário de Piracicaba - SINTICOMPI
como detentores dessas informações, e conclui seu texto com a sugestão aos
órgãos, de busca desses parâmetros.

Dois dos editoriais opinaram sobre a situação dos trabalhadores do serviço de


moto táxi. Em um dos textos, foi elogiada a iniciativa de regularização desse serviço
e apontada a necessidade de fiscalização para o cumprimento da nova legislação a
respeito, assim como das leis de trânsito. Um dos textos relatou as informações de
acidentes com a categoria dos moto-taxistas, e teceu elogios à iniciativa proveniente
do CEREST Piracicaba em realizar uma pesquisa com a categoria dos moto-taxistas
e a necessidade do cumprimento da legislação do setor.

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Dois dos textos editoriais apresentaram esclarecimentos e informações sobre
as ações e comemorações do Dia Internacional em Memória das Vítimas de
Acidentes de Trabalho, tecendo críticas sobre a “utopia” do acidente-zero e a
“perfumaria” que as empresas realizam na prevenção de acidentes, qualificando-as
como uma “economia burra”. E concluíram com a fala da coordenadora do CEREST
Piracicaba sobre a necessidade de mudanças no olhar para os acidentes leves que
poderiam ser graves, apontando a ação do MPT em ajuizar ações regressivas contra
empresas que adoeceram trabalhadores, nessa data. Críticas surgiram sobre a
necessidade de medidas a serem tomadas quanto à falta de implantação de uma
política de prevenção e o desconhecimento da legislação por parte dos
empregadores.

Informações positivas sobre o termo de cooperação assinado entre o


CEREST Piracicaba e o MPT foram apontadas em um dos textos, o qual trouxe um
levantamento do número de acidentes do trabalho, com base nos dados do Centro,
referentes ao ano corrente da notícia e apresentou as áreas de abrangência e de
trabalho do Centro na atuação e capacitação da rede SUS.

Outro texto analisado apresentou uma crítica negativa às informações


apresentadas pelo SINTICOMPI e pelo CEREST Piracicaba sobre a interdição de
uma obra do Poupatempo e seu possível uso político, ainda que reiterada a
importância da atuação fiscalizadora do Centro.

O último texto editorial analisado retomou as informações sobre uma


audiência pública realizada com os empregadores do setor de comércio
(supermercados), após a realização, pelo CEREST em parceria com o Sindicato dos
trabalhadores do setor em questão, de um levantamento da situação de saúde e
segurança desse ramo, o que resultou no apontamento das irregularidades e
estabelecimento de prazos para adequações. Elogiou a iniciativa do CEREST
Piracicaba como louvável e de qualidade, e citou a manifestação de preocupação
dos empresários do setor em melhorar a situação dos trabalhadores.

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5.6.2. Cartas

Das duas cartas identificadas, uma apresentou elogios à atenção recebida por
um trabalhador dentro do CEREST Piracicaba e aos cuidados prestados pelos
profissionais do Centro. O segundo texto, de fonte do dirigente do SINTICOMPI,
mencionou elogios à parceria existente entre o Sindicato, o CEREST Piracicaba e o
Ministério do Trabalho e Emprego nas fiscalizações realizadas no setor da
construção civil.

5.6.3. Entrevista

O texto apresentou uma entrevista com o então coordenador do CEREST


Piracicaba sobre a construção e as informações do Sistema de Vigilância a Acidente
de Trabalho - SIVAT, sobre os acidentes de trabalho, a atuação do Centro e a
necessidade de mudanças nas políticas de prevenção.

5.6.4. Artigo de Opinião

Esse texto apresentou a opinião de um engenheiro e professor do Serviço


Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC de Piracicaba sobre o contexto dos
acidentes de trabalho no município e apresentou propostas de intervenção e
prevenção, com base nas informações sobre acidentes, fornecidas pelo CEREST
Piracicaba.

5.7. Outros textos

5.7.1. Projeto

Nesse texto foram apresentados a descrição e os resultados de um projeto


desenvolvido com a participação de um profissional do CEREST Piracicaba em
parceria com uma escola pública do município, com o objetivo de contribuir para
melhorar a qualidade do ensino na região.

65
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5.7.2. Trabalho em parceria com empresa

Esse texto apresentou o desenvolvimento de uma experiência bem sucedida


do CEREST Piracicaba em parceria com uma empresa, para a diminuição de
acidentes, culminando em resultados positivos e no reconhecimento do empregador
e dos responsáveis da empresa pela saúde e segurança, além da boa atuação e
ajuda do centro.

5.8. Enquadramento por eixo de atuação do CEREST

Com relação aos eixos de atuação do CEREST, identificou-se que o tipo de


ação com maior divulgação e com possibilidade de ser a de maior interesse dos
jornais locais, foi a atuação do CEREST em ações voltadas à vigilância em ST. Na
sequência, destacaram-se a publicação de informações sobre eventos realizados
pelo CEREST e a divulgação de estatísticas sobre acidentes de trabalho oriundas do
banco de dados do CEREST Piracicaba (SIVAT). Saliente-se o fato de que as ações
de assistência e de reabilitação não apareceram em nenhum dos textos analisados,
conforme pode ser observado na Tabela 4.

Tabela 4. Distribuição de notícias publicadas sobre o CEREST Piracicaba nos três principais jornais*
de Piracicaba, SP, segundo os eixos de a atuação no período de 2007 a 2012
EIXOS DE ATUAÇÃO N %
VIGILÂNCIA EM ST 99 38,5%
EVENTOS REALIZADOS PELO CEREST OU COM SUA PARCERIA 96 37,4%
DIVULGAÇÃO DE DADOS SOBRE ST (SIVAT**) 30 11,7%
CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ST E OUTROS 6 2,3%
OUTROS 26 10,1%
Total Geral 257 100,0%
* Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana
** SIVAT: Sistema de Vigilância a Acidentes de Trabalho
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

66
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5.8.1 Atuação por Projetos Estruturadores

Como o CEREST também desenvolve sua atuação pública por meio de


projetos de trabalho e estudos em ramos produtivos específicos, na busca de
melhorias para a saúde e a segurança do trabalhador, também foi analisado o
número de referências a ações do CEREST Piracicaba em projetos, o que se
observou que ocorreu em, aproximadamente, 11,6% (30) das notícias. As
referências a projetos que mais apareceram na mídia foram as relacionadas às
condições de saúde e segurança dos trabalhadores de supermercados 3,5% (9); de
moto-frete 2.7% (7); de papel, papelão e celulose 2,3% (6); de olarias 1,6% (4);
relacionados à vigilância em acidentes de trabalho 1,2% (3), e uma citação de
pesquisa desenvolvida no Centro sobre a sua história.

5.8.2 Divulgação de informações em mais de um jornal.

Outro fator analisado foi a divulgação de informações similares (com base na


descrição de um mesmo acontecimento) em dois ou até mesmo nos três jornais
locais. Essa repetição de notícia nos diferentes veículos jornalísticos ocorreu em
49% (124) dos casos, no período estudado, sendo que 30% (76) apresentavam um
texto similar em dois jornais e 19% (48) em três jornais. Verificou-se que a
divulgação simultânea de notícias ampliou-se no ano 2011 (ocorrendo em 75% dos
textos desse ano) e em 2012 (ocorrendo em 52% dos textos desse ano).

Dessa forma, com o objetivo de facilitar a comparação das ações realizadas e


noticiadas, houve a necessidade da filtragem dessas noticias em duplicidade,
extraindo-as do corpus e contabilizando apenas notícias que continham fatos e
informações inéditas publicadas, o que resultou em uma diminuição nos textos para
73,5% (189) do corpus inicial, conforme mostra a Tabela 5. E cabe salientar que
foram mantidos os textos que apresentavam informações similares, utilizando-as
apenas para introduzir outro tema principal na notícia.

67
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Tabela 5. Distribuição de notícias publicadas nos três principais jornais* impressos de Piracicaba, SP,
com informações inéditas** por ano de publicação no período de 2007 a 2012
ANO N %
2007 21 11,1%
2008 21 11,1%
2009 23 12,2%
2010 17 9,0%
2011 67 35,5%
2012 40 21,2%
Total Geral 189 100,0%
* Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana
**informações inéditas: textos de noticias que não apresentavam a divulgação dos mesmos fatos em
qualquer outra noticia da amostra.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

5.8.3. Fatos inéditos noticiados, segundo os eixos de ação do CEREST

Ao considerar apenas os fatos inéditos noticiados, independentemente de


terem sido publicados por um ou mais dos jornais locais, com o objetivo de
referendar um comparativo mais confiável com as ações realizadas como já
apontado por Feitosa; Fernandes (2014). Ao estratificar esse novo quantitativo
segundo os eixos de ação do CEREST, a divulgação de eventos organizados pelo
Centro aparece com maior frequência, seguida da publicação dos fatos relacionados
à vigilância e dos relacionados com informações estatísticas sobre ST. A divulgação
de eventos em ST manteve-se como a ação mais frequentemente noticiada nos
anos 2007, 2008, 2010 e 2012. Uma inversão é apresentada em 2009 e em 2011,
quando a divulgação de fatos relacionados à vigilância se apresenta como a ação
mais frequente, conforme se pode observar na Tabela 6.

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Tabela 6. Distribuição de fatos inéditos* nos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP,
estratificados por eixo de atuação do CEREST Piracicaba, no período de 2007 a 2012

Total Total
2007 2008 2009 2010 2011 2012 N %
N % N % N % N % N % N %
VIGILÂNCIA EM
ST 4 2,1% 5 2,6% 10 5,3% 2 1,1% 31 16,4% 11 5,8% 63 33,3%
DIVULGAÇÃO
DE DADOS
SOBRE ST
(SIVAT**) 3 1,6% 4 2,1% 3 1,6% 4 2,1% 3 1,6% 7 3,7% 24 12,7%
EVENTOS
REALIZADOS
PELO CEREST
OU COM SUA
PARCERIA 11 5,8% 10 5,3% 5 2,6% 9 4,8% 24 12,7% 13 6,9% 72 38,1%
CAPACITAÇÃO
DE
PROFISSIONAIS
DE ST E
OUTROS 0,0% 1 0,5% 1 0,5% 0,0% 0,0% 3 1,6% 5 2,6%
OUTROS 3 1,6% 1 0,5% 4 2,1% 2 1,1% 9 4,8% 6 3,2% 25 13,2%
Total Geral 21 11,1% 21 11,1% 23 12,2% 17 9,0% 67 35,4% 40 21,2% 189 100,0%
*Fatos inéditos: textos de noticias que não apresentavam a divulgação de fatos similares em
qualquer outra noticia da amostra.
* Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana
** SIVAT: Sistema de Vigilância a Acidentes de Trabalho
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

5.8.4. Foco da notícia: o CEREST como objeto central ou secundário da


notícia.

A análise do objeto central/foco de descrição dos textos para verificar a


posição que a citação do CEREST Piracicaba tomava no contexto do fato relatado,
mostrou que a atuação do centro foi reportada dentro do foco principal da notícia ou
de forma ativa no fato relatado em 49% dos textos. No restante, as citações se
referiam à participação secundária ou passiva, por parceria ou meramente como
referência a sua atuação.

69
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5.8.5. Divulgação de ações do CEREST voltadas a ramos econômicos
específicos.

Algumas notícias analisadas referiram-se a ações do CEREST voltadas a


setores específicos da economia. Essas atuações foram classificadas com base no
Cadastro Nacional de Atividade Econômica - CNAE, e 71% (182) do total de notícias
destinavam-se a descrever alguma ação voltada a um setor específico de atividade
econômica, sendo que 46% (117) tratavam de situações e ações voltadas ao setor
da construção civil, com maior percentual reportado no ano 2011. Também se
destacaram, em menores proporções, a indústria de transformação, o setor de
serviços e a agricultura, conforme pode ser observado na Tabela 7.

Tabela 7. Distribuição anual de notícias divulgadas nos três principais jornais* impressos de
Piracicaba, SP, por ramo de atividade do fato abordado, no período de 2007 a 2012
Total Total
2007 2008 2009 2010 2011 2012
N %
SEÇÃO N % N % N % N % N % N %
CONSTRUÇÃO
4 15% 3 13% 13 50% 0% 64 62% 33 57% 117 46%
CIVIL 0
NÃO SE APLICA 17 65% 10 43% 5 19% 10 50% 19 18% 14 24% 75 29%
INDÚSTRIA DE
2 8% 5 22% 1 4% 6 30% 6 6% 6 10% 26 10%
TRANSFORMAÇÃO
AGRICULTURA 3 12% 4 17% 2 8% 2 10% 1 1% 0 0% 12 5%
SERVIÇOS 0% 1 4% 4 15% 2 10% 3 3% 4 7% 14 5%
COMÉRCIO 0% 0 0% 1 4% 0 0% 8 8% 1 2% 10 4%
ADMINISTRAÇÃO
0% 0% 0% 0% 3 3% 0% 3 1%
PÚBLICA 0 0 0 0
Total Geral 26 100% 23 100% 26 100% 20 100% 104 100% 58 100% 257 100%
* Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

5.8.6. Atuação interinstitucional.

A atuação do CEREST Piracicaba em parceria com outras entidades


voltadas a ST foi citada em 72% (184) das notícias, com os maiores percentuais nos
anos de 2012 (79%), 2008 (74%) e 2011 (73%), conforme observado na Tabela 8.

70
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Tabela 8. Distribuição anual de notícias divulgadas nos três principais jornais* de Piracicaba, SP, com
ações do CEREST de Piracicaba realizadas, com e sem parcerias institucionais, nos anos de 2007 a
2012
Total Total
2007 2008 2009 2010 2011 2012 N %
N % N % N % N % N % N %
Sem pareceria 9 35% 6 26% 9 35% 9 45% 28 27% 12 21% 73 28%

Com parceria 17 65% 17 74% 17 65% 11 55% 76 73% 46 79% 184 72%
Total Geral 26 100% 23 100% 26 100% 20 100% 104 100% 58 100% 257 100%
* Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba,

No levantamento das instituições mais citadas como parceiras do CEREST


Piracicaba, observou-se que os sindicatos de trabalhadores foram os parceiros mais
frequentes, aparecendo em 61,5% (158) das notícias, além de outros como:
Ministério do Trabalho e Emprego 33% (85), Ministério Público do Trabalho 17,5%
(45); outras repartições da Prefeitura Municipal de Piracicaba 14% (36); COMSEPRE
11% (28); Universidades 10% (26); Sindicato Patronal 7% (18); Associações 6,6%
(17); INSS 5,5% (14); CPR 4,7% (12); FUNDACENTRO 3,1% (8). Também foram
reportadas ações com outras entidades, tais como: Defesa Civil, Ministério da
Saúde, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Sindicato da Indústria da Construção
Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (SINDUSCON), Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), Polícia Ambiental, Serviço Social
da Indústria da Construção Civil e do Mobiliário do Estado de São Paulo
(SECONCI), OBORÉ, entre outras.

Outro ponto observado foi a existência de citações de falas de profissionais


em 87,2% (224) das notícias. A citação de falas dos profissionais do CEREST
Piracicaba apareceu em 41,6% (104), com os técnicos de segurança sendo citados
em 27,6% (71). Em contrapartida, a citação de profissionais de outras instituições
apareceu em aproximadamente 74% (193) das notícias, das quais 51,8% (133)
foram declarações feitas por dirigentes sindicais, em especial, do dirigente do
sindicato ligado ao ramo da construção civil (SINTICOMPI), com 35% (89) das
declarações transcritas.

71
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.9. Avaliação comparativa das ações noticiadas com as realizadas.

Com o objetivo de simplificar a visualização dos comparativos das ações


realizadas com as noticiadas, a apresentação dos dados foi organizada por eixo de
atuação.

Cabe salientar que diferenças nas informações disponíveis impossibilitaram


algumas comparações e limitaram outras. Dessa forma, será observado que o
primeiro período, referente aos anos 2007 e 2008, apresentou apenas o quantitativo
total anual, e que, no segundo período, de 2009 a 2012, foi possível fazer os
comparativos mensais. Para maior fidedignidade do comparativo, cabe ressaltar que
o total utilizado para comparação entre noticiado e realizado foi o de fatos inéditos
noticiados e não o de notícias, ou seja, um total de 189 fatos.

Outro fator relevante a ser considerado antes da apresentação dos resultados


é que alguns eixos e notícias não puderam ser comparados pela diferença existente
entre a natureza dos textos das notícias e as ações contidas e apresentadas nos
relatórios. Assim, os eixos passíveis de comparação no estudo incluíram as ações
ligadas à vigilância, capacitação e eventos. As ações de assistência e reabilitação
realizadas pelo CEREST Piracicaba não apareceram no corpus das notícias
analisadas; dessa forma, esses dois eixos são apresentados a seguir, apenas com o
quantitativo de ações realizadas.

5.9.1. Ações de Assistência e Reabilitação

Com base nos relatórios de atividade, foram contabilizadas as ações de


assistência que continham o total de atendimentos em acolhimentos e consultas
realizadas para os trabalhadores e que somaram 9682 atendimentos para o período
2007 a 2012, e as ações de reabilitação que foram apontadas como atendimentos
individuais e em grupo para trabalhadores dentro do projeto de reabilitação,
desenvolvido pelo CEREST em parceria com o INSS, os quais somaram 1212
atendimentos para o período já evidenciado. Em contrapartida a esse total, não se
encontrou, nas notícias, nenhuma referência a essa área de atuação do Centro,
impossibilitando assim qualquer comparação.

72
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.9.2 Eventos

Ao considerar apenas os fatos inéditos noticiados, ou seja, filtrando e


retirando os textos que abordavam o mesmo fato dos diferentes jornais, verificou-se
que os eventos foram os fatos mais veiculados pela mídia (72 das 189 matérias). Os
tipos de eventos comentados nas matérias foram: reuniões (35); audiências públicas
(6); fóruns (5), oficinas (4); seminários (3), conferência (3), encontros (3); Semana
Municipal de Prevenção aos Acidentes de Trabalho - SEMPAT (3); atos públicos (2);
e outros (8). Na análise comparativa entre os eventos divulgados e realizados
(Tabela 9), observou-se que o interesse por divulgá-los foi maior no ano 2007,
quando, aproximadamente, um quinto (19%) dos eventos realizados foram
divulgados pelos jornais locais, bem acima da proporção nos demais anos e da
média geral do período; em contrapartida, esse mesmo ano foi o que apresentou o
menor total de eventos realizados. Já para o período 2009 a 2012, apesar do
crescimento no total de participação e de realização de eventos pelo CEREST
Piracicaba, menos de 10% foram alvo de publicação, conforme Tabela 9. Com
exceção do mês de novembro de 2011, quando 16% do total daquele período
apareceram nas páginas dos periódicos locais,.

Tabela 9. Comparativo anual entre os eventos realizados pelo CEREST Piracicaba e os noticiados
nos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP, no período de 2007 a 2012.
2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total Geral
NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL %
ANO 11 57 19% 10 140 7% 5 403 1% 9 338 3% 24 404 6% 13 293 4% 72 1635 4%
Total Geral 11 57 19% 10 140 7% 5 403 1% 9 338 3% 24 404 6% 13 293 4% 72 1635 4%
NOT: Total de eventos noticiados; REAL: Total de eventos realizados pelo e/ou com participação do
CEREST Piracicaba.
** Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTES: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba; Relatórios anuais de atividades realizadas pelo
CEREST Piracicaba.

Observou-se também que, apesar do aumento na divulgação dos eventos


ocorridos em 2011, como o total de eventos realizados também se elevou, esse
quantitativo não ultrapassou os 6% do total, conforme observado no Gráfico 1.

73
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Gráfico 1: Comparativo anual entre os eventos realizados pelo CEREST Piracicaba e os noticiados
nos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP, no período de 2007 a 2012.

NOT: Total de eventos noticiados; REAL: Total de eventos realizados pelo e/ou com participação do
CEREST Piracicaba.
** Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTES: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba; Relatórios anuais de atividades realizadas pelo
CEREST Piracicaba.

Na análise dos setores econômicos envolvidos nos eventos, observou-se que


aqueles de caráter mais abrangente (voltados a vários ramos produtivos) foram os
mais divulgados, seguidos dos voltados para a indústria de transformação e da
construção civil. Os eventos relacionados à construção civil apresentaram um
crescimento abrupto em 2011 e os voltados à indústria de transformação, no ano
2012. A agricultura apresentou-se em terceiro lugar, com a divulgação maior dos
eventos relacionados a esse setor nos anos 2008 e 2010, conforme apresentado na
Tabela 10.

Tabela 10. Distribuição anual das notícias inéditas* divulgadas nos três principais jornais** impressos
de Piracicaba, SP, sobre eventos, segundo a atividade econômica à que estavam direcionados, no
período de 2007 a 2012.
Total Total
2007 2008 2009 2010 2011 2012
N %
N % N % N % N % N % N %
MULTI SETORIAIS 7 64% 4 40% 1 20% 3 33% 8 33% 3 23% 26 36%
INDÚSTRIA DE
2 18% 3 30% 0 0% 3 33% 4 17% 6 46% 18 25%
TRANSFORMAÇÃO
CONSTRUÇÃO
0 0% 0 0% 1 20% 0 0% 8 33% 3 23% 12 17%
CIVIL
AGRICULTURA 2 18% 3 30% 0 0% 2 22% 0 0% 0 0% 7 10%
SERVIÇOS 0 0% 0 0% 3 60% 1 11% 0 0% 1 8% 5 7%
COMÉRCIO 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 4 17% 0 0% 4 6%
Total Geral 11 100% 10 100% 5 100% 9 100% 24 100% 13 100% 72 100%
*Noticias inéditas: textos de noticias que não apresentavam a divulgação de fatos similares em
qualquer outra noticia da amostra.
* Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba;

74
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
5.9.3. Vigilância

Observou-se um crescimento abrupto da divulgação das ações de vigilância


em ST no ano 2011 e, paralelamente, uma ampliação do quantitativo de ações
realizadas nesse eixo ao longo do período em estudo conforme Gráfico 2.

Gráfico 2: Comparativo anual entre ações de Vigilância em ST realizadas pelo CEREST Piracicaba e
as noticiadas nos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP, no período de 2007 a 2012.

NOT: Total de ações de vigilância noticiadas; REAL: Total de ações de vigilância realizadas pelo ou
com participação do CEREST Piracicaba; %: Percentual de ações de vigilância noticiadas em relação
ao total de ações realizadas.
** Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTES: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba; Relatórios anuais de atividades realizadas pelo
CEREST Piracicaba

. Verificou-se, ainda, uma ligeira queda na divulgação das ações no ano 2012,
comparada ao ano anterior, conforme se observa na Tabela 11. E ao analisar os
totais mensais de ações de divulgação, pôde-se observar que apenas dois meses do
ano 2009 (maio e outubro) e um do ano 2011 (setembro) apresentaram a veiculação
de mais de 10% das ações realizadas,.

Tabela 11. Comparativo anual entre ações de Vigilância em ST realizadas pelo CEREST Piracicaba e
as noticiadas nos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP, no período de 2007 a 2012
2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total Geral
NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL %
ANO 4 160 3% 5 218 2% 10 478 2% 2 527 0% 31 722 4% 11 686 2% 63 2791 2%
Total Geral 4 160 3% 5 218 2% 10 478 2% 2 527 0% 31 722 4% 11 686 2% 63 2791 2%

NOT: Total de ações de vigilância noticiadas; REAL: Total de ações de vigilância realizadas pelo ou
com participação do CEREST Piracicaba; %: Percentual de ações de vigilância noticiadas em relação
ao total de ações realizadas.
** Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTES: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba; Relatórios anuais de atividades realizadas pelo
CEREST Piracicaba

75
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Além disso, 49,3% (31) das notícias exclusivas sobre vigilância apontavam as
ações como fruto de denúncia, das quais aproximadamente 41% (26) desse total
indicaram que a denúncia foi procedente dos Sindicatos e 39,7% (25),
especificamente, como procedente do SINTICOMPI. Mencionando, ainda, a parceria
dessa entidade durante a ação fiscalizadora, observou-se que 65% (41) dessas
fiscalizações resultaram em interdições do local e/ou empresa, com 25,4% (16)
dessas ações provenientes de acidentes graves e fatais ocorridos nas empresas.

Na análise dos setores em que as ações de vigilância foram realizadas, foi


observado que 71% (45) se deu em obras e alojamentos da construção civil, seguida
da indústria de transformação e da de serviços, com 8% (5) cada, conforme se
observa na Tabela 12.

Tabela 12: Distribuição das ações de Vigilância do CEREST Piracicaba noticiadas pelos três
principais jornais* impressos de Piracicaba, SP, por atividade econômica, no período de 2007 a 2012
Total Total
2007 2008 2009 2010 2011 2012 N %
N % N % N % N % N % N %
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA 0 0% 0 0% 0 0% 0 0% 2 6% 0 0% 2 3%
AGRICULTURA 0 0% 1 20% 2 20% 0 0% 1 3% 0 0% 4 6%
COMÉRCIO 0 0% 0 0% 1 10% 0 0% 0 0% 1 9% 2 3%
CONSTRUÇÃO
CIVIL 4 100% 1 20% 6 60% 0 0% 25 81% 9 82% 45 71%
INDÚSTRIA DE
TRANSFORMAÇÃO 0 0% 2 40% 1 10% 1 50% 1 3% 0 0% 5 8%
SERVICOS 0 0% 1 20% 0 0% 1 50% 2 6% 1 9% 5 8%
Total Geral 4 100% 5 100% 10 100% 2 100% 31 100% 11 100% 63 100%
* Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

5.9.4. Capacitação

Na análise das notícias referentes a ações voltadas à capacitação sobre ST,


verificou-se apenas a divulgação de cinco capacitações, que corresponderam a 4%
do total realizado no período em estudo como observado no Gráfico 3.

76
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Gráfico 3. Comparativo anual entre as ações de capacitação em ST realizadas pelo CEREST
Piracicaba e as noticiadas pelos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP, no período de
2007 a 2012

NOT: Total de capacitações noticiadas; REAL: Total de capacitações realizadas pelo ou com
participação do CEREST; %: Percentual de capacitações noticiadas em relação ao total de
realizadas.
** Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

Observou-se, ainda, que apenas os anos 2008, 2009 e 2012 apresentaram


divulgação de capacitações e o maior percentual noticiado ocorreu em 2012,
correspondendo a 11% do total de capacitações realizadas durante o ano, conforme
apresentado na Tabela 13

Tabela 13. Comparativo anual entre as ações de capacitação em ST realizadas pelo CEREST
Piracicaba e as noticiadas pelos três principais jornais** impressos de Piracicaba, SP, no período de
2007 a 2012
2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total Geral
NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL % NOT REAL %
ANO 0 26 0% 1 10 10% 1 14 7% 0 35 0% 0 20 0% 3 27 11% 5 132 4%
Total Geral 0 26 0% 1 10 10% 1 14 7% 0 35 0% 0 20 0% 3 27 11% 5 132 4%

NOT: Total de capacitações noticiadas; REAL: Total de capacitações realizadas pelo ou com
participação do CEREST; %: Percentual de capacitações noticiadas em relação ao total de
realizadas.
** Gazeta de Piracicaba, Jornal de Piracicaba, A Tribuna Piracicabana.
FONTE: Arquivo de notícias do CEREST Piracicaba.

Cabe ainda ressaltar que a análise dos ramos de atividade a que se


destinavam essas ações de capacitação, indicou que todas elas estavam voltadas
aos profissionais do setor da construção civil.

5.9.5. Informações Institucionais

Os textos relacionados a esse tópico abordaram os seguintes temas: a


divulgação da reforma e ampliação de um prédio da prefeitura, pertencente ao
Centro de Doenças Infectocontagiosas – CEDIC, o qual, após a ampliação, abrigaria
o CEREST Piracicaba, fato responsável por duas notícias; a divulgação da alteração
de cargos e do concurso que a prefeitura de Piracicaba realizou com o objetivo de
77
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
ampliar o quadro de recursos humanos do CEREST Piracicaba; o recebimento, pelo
CEREST Piracicaba, de cartilhas da NR-18 como medida educativa, ação realizada
com empresa da área de construção civil; e a reunião realizada entre os sindicatos e
o prefeito da cidade para a resolução do problema da falta de veículo do CEREST
Piracicaba, o que resultou na autorização do centro para contratar o serviço de táxi
em casos de urgência.

5.9.6. Divulgação de Informações e Estatísticas sobre Saúde do


Trabalhador

Com relação à divulgação de informações e estatísticas sobre a ST, a


contabilização dos textos com publicação exclusiva desse assunto apontou que 13%
(24) desses textos abordaram o crescimento ou diminuição nos índices de
acidentes. Essas notícias apresentavam justificativas para as variações desses
valores, pautadas nas informações proferidas pelos profissionais do CEREST
Piracicaba e pelos dirigentes sindicais dos respectivos setores que apresentaram os
maiores índices de acidentes em cada período noticiado. Essas informações
objetivavam apresentar uma avaliação da situação econômica e do andamento de
cada setor. Do total de textos com dados estatísticos, 87,5% (21) focaram na
descrição das estatísticas de acidente por ramos produtivos, em alguns casos
apresentando comparativos históricos de acidentes de trabalho no município; e os
outros 12,5% (3) restantes focaram nos índices de acidentes voltados diretamente à
população de trabalhadores da construção civil.

78
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
6 DISCUSSÃO

Com base nos resultados do presente estudo, podemos observar que o


CEREST de Piracicaba apresenta uma aproximação com as fontes locais de
informação impressa como já apontado por Jackson-Filho e Barreira (2010), pois se
verificou uma média aproximada de uma (0,82) notícia por semana dentro do
período avaliado. Também foi possível verificar que mais da metade dessas notícias
teve como fonte emissora o jornal mais antigo e tradicional da cidade de Piracicaba
“O Jornal de Piracicaba” (QUEIROZ, 2008) e que esse jornal ainda apresenta o
maior percentual anual de publicações de fatos e informações relacionadas ao
CEREST e à ST.

O estudo evidenciou um aumento do interesse da imprensa local sobre a


atuação do CEREST Piracicaba ao longo do período estudado, verificado através da
elevação no total de ações divulgadas nas páginas dos jornais e na sua
disseminação, dada pela divulgação dos fatos nos três jornais impressos locais.
Algumas características ajudaram a entender esse aumento, conforme discutido a
seguir.

Primeiramente, o fato que se destacou dessa análise foi o aumento abrupto


no total de notícias nos últimos dois anos avaliados (2011, 2012), com maior
evidência no ano 2011, (cerca de 400% de aumento em relação à média dos anos
anteriores estudados). Ao relacionar esse fato com outros pontos, verificamos
alguns fatores que podem ter colaborado para esse aumento.

Os fatores observados são:

 O aumento da divulgação de um único fato em mais de um jornal, que


ocorreu em aproximadamente 70% das notícias divulgadas no ano
2011 e, aproximadamente, metade das notícias em 2012. No que se
refere ao ano 2011, ao observar o total, sem contar os textos similares,
essa elevação fica em aproximadamente 300%. Já no ano 2012, a

79
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
elevação fica em aproximadamente 100%, o que destaca a importância
desse fator como colaborador para esse crescimento.

 Os anos que apresentaram aumento no total de textos também foram


os anos com maior percentual (72%) de atuação com outras
instituições, fato também apontado em uma carta ao jornal. Como as
instituições que trabalharam em parceria com o CEREST Piracicaba
dispõem de assessoria de imprensa, esse fato pode ter colaborado
para o acréscimo da divulgação.

 Aproximadamente metade do corpus analisado descrevia ações


destinadas ao ramo da construção civil. Em aproximadamente 40% das
ações de vigilância analisadas, o sindicato dos trabalhadores da
construção civil acionava a fiscalização do CEREST através de
denúncias, por ser aquela uma das instituições que dispõem de
assessoria de imprensa (SINDICATO..., 2011). E Silva et al (2009)
complementa que esse é o setor, segundo dados do SIVAT, com maior
percentual de acidentes.

 O total de ações realizadas durante o período estudado, incluindo as


de fiscalização e de eventos efetuados pelo CEREST Piracicaba,
concomitante a um maior percentual (proporção entre o realizado pelo
CEREST e o publicado pelos jornais de veiculação dessas ações na
mídia) ampliou de uma média de 2% nos anos anteriores para 4% e
6%, respectivamente, nos anos 2011 e 2012.

 Outro fator que pode ter contribuído para o crescimento de notícias no


período de 2011 a 2012 pode estar relacionado ao preparo de releases
pelas assessorias de imprensa das instituições parceiras,
apresentando um material “pronto e acabado” aos jornais. É que dada
a infraestrutura precária das editoras no que diz respeito à mão de obra
jornalística, é passada aos assessores a função coadjuvante de
editores do jornal, possibilitando assim a reprodução, na íntegra, de
seus textos (COSTA, 2002 apud PERUZZO, 2005). Isso também

80
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
colabora como possibilidade de entendimento da existência da
publicação de um único fato nos três impressos locais.

 O crescimento explosivo das atividades do setor da construção civil e a


situação precária desse setor potencializaram o aumento da ocorrência
de acidentes do trabalho, como já mostrava o SIVAT no período de
2003 a 2005 (Silva et al., 2009). No ano 2011, houve o início de
grandes construções na região, como a do hipermercado Wall Mart e a
do parque industrial para a montadora Hyundai. Essas construções
acabaram ampliando exponencialmente o número de alojamentos e de
trabalhadores da construção civil na cidade, vindos de várias regiões
do Brasil, situação apresentada como preocupante pelo dirigente do
sindicato da categoria, devido à falta de estrutura de que a cidade
dispunha para receber esses trabalhadores (RIBEIRO, 2011b;
SINDICATO..., 2011). Tais fatos, provavelmente, chamaram a atenção
da mídia para os problemas decorrentes dessas atividades.

Além desses aspectos, é possível que o aumento no total de ações


realizadas pelo Centro ao longo dos anos estudados também possa ter colaborado
com o aumento de sua divulgação.

De modo geral, as notícias veiculadas sobre a ST nos três impressos locais


buscaram veicular fatos ligados às ações desenvolvidas pelo CEREST Piracicaba de
forma meramente descritiva, com textos informativos e ausentes de crítica, pois,
como apontado no estudo, aproximadamente 90% dos textos avaliados
apresentaram apenas descrição de fatos, eventos ou ações relacionadas à ST. Já
os textos que visavam atribuir alguma crítica ou juízo de valor em relação à ST foram
responsáveis por apenas 10% do corpus analisado. Porém, cabe salientar que, na
maioria desses textos opinativos, o CEREST Piracicaba conseguiu o
reconhecimento de seu trabalho, a exemplo das cartas dos leitores que buscaram
elogiar as atividades do Centro e reconhecer seu trabalho em parcerias como a das
iniciativas de atuação no setor de comércio (supermercados), do projeto com
empresas e do termo de cooperação com o MPT.

81
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Em outra vertente, os textos editoriais, em sua maioria, acabaram por fazer
alguns apontamentos sobre notícias relacionadas à situação degradante em que se
encontravam os trabalhadores da construção civil, tendo como base as interdições
que o CEREST Piracicaba realizava em conjunto com o SINTICOMPI, e as
informações estatísticas que o Centro disponibilizava para a população.

Também foram descritas críticas à situação dos trabalhadores do serviço de


moto-frete, e às iniciativas de ação para esse setor provenientes de trabalhos do
CEREST Piracicaba em parceria com outros órgãos. Cabe salientar que, em apenas
dois textos, a crítica se destinava à atuação ou produto das ações do Centro em si,
pois os outros textos eram críticas à situação de saúde e segurança dos
trabalhadores dos respectivos setores.

Ao se analisar o enquadramento das notícias dentro dos eixos de ação do


CEREST Piracicaba, o que mais foi divulgado pela imprensa foram as ações de
vigilância em ST, que, majoritariamente, descreviam fiscalizações e interdições de
empresas e alojamentos com base em situações de trabalho e moradia insalubres. E
na sequência, apareciam os eventos voltados à ST e à divulgação das informações
e dados de acidente. Porém, após executar-se a filtragem e a retirada das notícias
duplicadas em diferentes jornais (com abordagem de fatos similares),
permanecendo apenas os textos com fatos exclusivos/inéditos, além de uma
diminuição de, aproximadamente, 27% no total inicial do corpus, observou-se uma
pequena inversão nas ações que mais foram divulgadas, com o maior percentual
destinado à divulgação dos eventos; a vigilância tomou o segundo lugar.

Embora, em alguns casos, as ações do CEREST se desenvolvessem com


base em projetos de análise de situações de trabalho, observou-se que pouco mais
de 10% das notícias publicadas fazia relação a isso. O projeto de maior destaque foi
o relacionado à análise feita no setor de comércio (supermercados), que chegou a
ser alvo de um texto editorial opinativo, reconhecendo a iniciativa e o resultado como
favoráveis e positivos para os trabalhadores, empregadores e para a atuação do
CEREST.

Outro fato que se destacou no presente estudo e que pode ajudar a entender
a proximidade do CEREST Piracicaba com a mídia, foi a sua atuação
82
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
interinstitucional, observada em 72% do corpus. Essa informação, agregada ao fato
de o CEREST aparecer como coadjuvante, colaborador ou parceiro na ação da
notícia em 51% dos textos, nos leva a pensar que o trabalho em conjunto com
outras instituições alavancou as citações e referências à atuação do Centro nos
jornais impressos locais. Os parceiros que mais colaboraram com esse fator foram
os sindicatos dos trabalhadores, dando destaque ao SINTICOMPI, da construção
civil, setor de destino das ações do CEREST em 46% da amostra. Esse sindicato
teve o maior percentual de aparecimento nos textos, sendo o seu dirigente
responsável por 35% das citações de falas nas matérias que referenciavam o
CEREST.

Desse modo, pode-se ressaltar a importância da atuação de forma


interinstitucional, como apontado por Simonelli e Rodrigues (2013). Mesmo quando
o CEREST não aparece como protagonista da notícia, o órgão ganha visibilidade por
trabalhar em parceria, sendo alvo de veiculação nas publicações graças ao trabalho
em conjunto, o que levou algumas de suas ações aos textos da imprensa local,
possivelmente, por meio do apoio das assessorias de imprensa e falas de
profissionais de outras entidades como o SINTICOMPI, MTE, MPT, prefeitura, entre
outros.

Cabe salientar que as ações conjuntas de vigilância presentes nos relatórios


do Centro, provenientes de denúncias dos Sindicatos e realizadas em parcerias com
os mesmos, também podem ter auxiliado no incremento da divulgação da ação
pública do CEREST, pois, como observado na amostra, grande parte das ações de
fiscalização conjunta com o SINTICOMPI e outras atividades voltadas à ST em
parceria com essa entidade, acabaram nas páginas dos jornais por meio da
assessoria de imprensa desse órgão. Pôde-se também observar que a publicação
de falas proferidas por profissionais de outras entidades parceiras (principalmente
ligadas aos sindicatos dos trabalhadores) foi mais frequente do que as de falas dos
próprios executores das ações (os profissionais do Centro).

Outro fato que se destacou foi a ausência, dentro do período estudado, de


notícias relacionadas às atividades de assistência, entendidas como os
acolhimentos e consultas realizados ao trabalhador, assim como as de reabilitação,

83
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
que envolvem o acompanhamento em grupo ou individual dos trabalhadores. Tais
atividades, ligadas ao projeto em parceria com o INSS e com outros órgãos, visam
colocar o trabalhador pós-acidentado em condições para retornar às funções
exercidas anteriormente na empresa de origem ou a realizar outras atribuições
nesse mesmo local (TAKAHASHI et al., 2010, 2013).

Foi observada uma ausência de notícia relacionada à assistência e


reabilitação. Isso pode estar relacionado ao fato de as ações em destaque na mídia
privilegiarem fatos que realizam interferências diretas no cotidiano local e que
chamam a atenção do leitor, como as ações de vigilância que, em sua maioria,
resultam em interdições de locais de trabalho, o que interfere na economia local.
Também dão preferência à publicação de informações sobre acidentes de trabalho,
que alarmam a população pelo seu elevado número e consequências impactantes,
como mutilações e mortes, que, como já apontado por Garbin e Fischer (2012), são
possíveis chamarizes para a venda dos jornais.

Por outro lado, a divulgação de acidentes e da situação da ST nos três jornais


locais mais importantes acaba indo ao encontro do rompimento de um processo de
“banalização da morte e dos acidentes”, já apontado por Capistrano-Filho (1988),
pois deixam de ficar no anonimato, podendo chegar ao conhecimento, ao menos, da
parcela da população que “consome” esses impressos.

No comparativo dos eventos divulgados nos jornais impressos locais em


relação aos realizados pelo e/ou com o CEREST Piracicaba, o resultado apresentou
um percentual inferior a 7% no período, excetuando-se no ano 2007, que
contabilizou 19%. Essa proporção maior pode estar relacionada a um possível
interesse da mídia nos eventos ocorridos nesse ano, os quais foram: um ato público
em memória das vítimas de acidentes de trabalho; a divulgação dos acontecimentos
da Semana Municipal de Prevenção aos Acidentes de Trabalho - SEMPAT; a
divulgação das duas reuniões do Fórum da Cidadania, Justiça e Cultura da Paz, que
discutiam a situação da população dos cortadores de cana e ações no setor
sucroalcooleiro; o relato de uma reunião com um grupo de profissionais do
Programa de Saúde da Família - PSF do município para discutir sobre ST; a
apresentação de duas oficinas sobre comunicação e ST e uma reunião do núcleo de

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
comunicação do Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba- CONESPI, criado
a partir dessas oficinas, com o subdelegado do trabalho da região; duas reuniões
com o MPT para discutir a situação da ST no setor da metalurgia, e uma reunião dos
representantes sindicais com o prefeito de Piracicaba para discussão de uma
proposta de integração de disciplina voltada à ST no currículo escolar. Dessa forma,
pode-se notar uma atuação em vários campos, além do interesse pela comunicação
em ST assumido pelas entidades sindicais após as oficinas mencionadas, as quais
contaram com a participação dos meios de comunicação local.

Também chama a atenção o mês de novembro de 2011, com a divulgação de


16% das ações realizadas pelo CEREST, proporção essa que pode estar
relacionada ao menor número de eventos ocorridos no mês em questão (25). A
importância dos fatos divulgados nesse mês, também poderia explicar o interesse da
mídia: o relato da nomeação de quatro pessoas, entre elas um profissional do
CEREST Piracicaba, como conselheiros locais para participar da 14° Conferência
Nacional de Saúde; uma reunião do CEREST com o prefeito de Piracicaba para
discutir um plano de ação para coibir a situação precária a que estavam sujeitos os
trabalhadores do setor da construção civil; a divulgação da cerimônia de nomeação
do novo coordenador (um dos profissionais do Centro) para a Comissão Permanente
Regional para Condições e Meio Ambiente de Trabalho da Construção Civil de
Piracicaba –CPR, e a divulgação do cronograma de atividades da primeira Semana
Interna de Prevenção de Acidentes – SIPAT da Fundação Municipal de Ensino de
Piracicaba – FUMEP, a qual contaria com palestra de profissional do Centro.

Também foi observado que os eventos sobre ST realizados pelo ou em


parceria com o CEREST Piracicaba foram as notícias com maior frequência de
publicação. Isso pode ter relação com a necessidade de os jornais veicularem
acontecimentos do cotidiano, no caso, a realização dos eventos e informações sobre
acontecimentos que afetam a rotina e a vida local do município de Piracicaba - no
caso, os assuntos tratados pelos eventos (GUIMARÃES, 2006, 2008).

No comparativo de ações de capacitação realizadas pelo CEREST Piracicaba


ou com sua participação, e as divulgadas nos impressos locais, verificou-se que
foram divulgadas apenas cinco capacitações, de um total de 132 realizadas no

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
período estudado. Tais capacitações divulgadas foram realizadas em apenas três
anos: 2008, 2009 e 2012, todas destinadas a profissionais do ramo da construção
civil, o que pode evidenciar a provocação dos impressos locais pela assessoria de
imprensa do setor, para a divulgação dessas capacitações.

Na avaliação dos textos de informações institucionais, quatro apresentavam


algumas alterações estruturais do Centro, como a reforma do prédio do CEDIC, com
a ampliação para receber o CEREST Piracicaba nesse novo local, a reunião com o
prefeito para a resolução de um problema de falta de veículo para que os
profissionais do Centro pudessem realizar as ações de fiscalização, fato que
também pôde ajudar a demonstrar o apoio e reconhecimento das ações públicas do
órgão pelas entidades sindicais. O outro texto descrevia a abertura de novo
concurso municipal que previa vagas para novos profissionais para a ampliação do
quadro do Centro e o último texto demonstrava a colaboração do MPT com o
Centro, ao converter a medida educativa realizada para uma empresa do ramo da
construção civil em material de divulgação para distribuição pelo CEREST.
Observou-se que não houve nenhum texto voltado à divulgação das atribuições e
objetivos de atuação pública do CEREST Piracicaba, apenas matérias focando em
situações pontuais, ou na possível pressão exercida sobre o prefeito pelos dirigentes
sindicais, para resolver a dificuldade encontrada para a atuação do CEREST nas
empresas.

No que se refere aos textos que apresentaram as estatísticas de acidentes,


pôde-se observar o interesse em divulgar os elevados índices dos mesmos, apontar
um ranking dos setores que apresentaram os maiores índices e, em alguns casos,
traçar um comparativo histórico anual, em que as justificativas para esses índices
foram descritas com base nas análises da situação econômica feitas pelos dirigentes
sindicais dos respectivos setores, além de uma análise geral das informações
realizada por um profissional do CEREST Piracicaba, porém descrita de forma
resumida e superficial, focando seus textos na divulgação dos índices. Cabe
salientar que alguns textos se utilizaram de informações para amparar discussões
sobre a situação específica dos trabalhadores da construção civil e, em sua maioria,
destinavam-se a divulgar a situação precária desse setor.

86
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Carvalho et al. (2008) comentam que a ST não se deu conta da importância
de adotar uma política voltada para a comunicação em saúde, ainda que essa
necessidade já tivesse sido apontada em vários encontros e legislações, como o
disposto pela portaria GM/MS 2.437/05, ao indicar a necessidade de difusão da
informação com o intuito da inclusão das ações da área de ST no SUS e na cultura
local, envolvendo atores sociais e a comunidade (BRASIL, 2005b). É bom salientar
que essa portaria aponta a necessidade de uma análise crítica dessa informação.

Nesse contexto, o presente estudo mostra que o CEREST Piracicaba vai ao


encontro dessa necessidade, pois organizou oficinas para o desenvolvimento desse
tema e conseguiu angariar a criação de um núcleo encabeçado pelas entidades
sindicais locais voltado à divulgação de informações sobre a ST
(CONSCIENTIZAÇÃO..., 2005), e o entendimento de sua importância pelo CPR
(GONÇALVES, 2006). No entanto, ainda há necessidade de se conquistar o que
Lefevre (1995) aponta como uma relação “harmoniosa” com a mídia, que
Capistrano-Filho (1988) coloca como peça fundamental para a efetivação da ação
pública(da) dos serviços de saúde e de um controle social das ações e dos produtos
desse serviço.

Apesar de ter conseguido romper com o silêncio e a banalização dos


acidentes e mortes ocorridos com trabalhadores, através da conquista da publicação
de quase uma notícia por semana relacionada às suas ações, as matérias ainda
apresentam, em parte, a preocupação de divulgar situações-limite, como as
situações “sub-humanas” em que se encontravam os trabalhadores da construção
civil, e acidentes graves e fatais relacionados ao trabalho. Essa característica de a
mídia local dar importância aos acontecimentos que chocam, foi apontada nos
estudos de Martins (1999); Menegon (2008); Machado (2004); Pierante (2008);
Souza et al. (2006); Garbin, Fisher (2012) e Pitta (2002).

A relação com a mídia, muitas vezes, não é pacífica, como abordado por
Capistrano Filho (1988), e pode ser configurada como campo de luta e de conflito de
interesses, em que o jornal, assumindo um papel de mercadoria para consumo, com
necessidade de gerar recursos, acaba cedendo suas linhas a interesses
econômicos, em busca da venda (Lefevre, 1999; Oliveira, 2000; Machado, 2004).

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Tal fato também dá materialidade à afirmação de Rangel-S (2003, p.13), “que os
meios de comunicação operam construindo a realidade social, recrutando e
selecionando discursos sociais correntes de atores sociais diversos”. Isso pôde ser
observado em nosso estudo, nos editoriais, ao descreverem críticas voltadas à
situação da saúde do trabalhador, e ao abordarem, com maior frequência, as ações
punitivas de vigilância do CEREST Piracicaba, deixando no anonimato as ações de
assistência e reabilitação dos trabalhadores, as quais, possivelmente trazem menor
impacto à notícia. Nesse aspecto, houve apenas uma exceção, na forma de carta do
leitor, elogiando o atendimento recebido no CEREST por um trabalhador.

Lacaz e Minayo-Gomes (2005) afirmam que a ST vigora no campo de conflito


de interesses existente nas relações entre trabalho e saúde. A veiculação de uma
crítica na mídia pode contribuir para gerar discussões e pressão sobre o governo
local, atuando o jornal como formador de opinião e exercendo pressão sobre as
políticas públicas (LYRA-JR, 2010). O exercício desse papel da imprensa pôde ser
notado em alguns textos, como a crítica feita em um editorial à possibilidade de não
atuação do CEREST Piracicaba nas ações de fiscalização de obras públicas
(DESRESPEITO..., 2012). Em outros textos, pôde ser observado o apoio, por parte
das entidades sindicais, para a resolução de algumas das dificuldades enfrentadas
pelo Centro, como na notícia que divulgou a necessidade de disponibilização de um
veiculo para realização de suas fiscalizações (RIBEIRO, 2011), o qual foi
conseguido através da pressão exercida pelos órgãos parceiros (sindicatos) em
reunião com o prefeito em exercício na época. Também se pode acrescentar a
divulgação do momento de ampliação do escopo de atuação da instituição com base
no termo de cooperação firmado com o MPT (COOPERAÇÃO..., 2008). Essas ações
podem estar ligadas ao desenvolvimento histórico apontado por Jackson-Filho e
Barreira (2010), ao relatarem a preocupação do Centro em instrumentalizar e
fornecer subsídios teórico-práticos para os atores sociais envolvidos com a ST, o
que resultou no retorno do reconhecimento e apoio ao desenvolvimento de suas
ações.

A ação interinstitucional e as ações voltadas a uma política de comunicação


iniciada pelo CEREST Piracicaba em 2005, focadas em melhorar a comunicação em
ST, foram delineadas através das conferências de comunicação realizadas em
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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
parceria com a OBORÉ, as quais buscaram capacitar a imprensa local, entidades
voltadas à ST e à sociedade para a divulgação de situações de ST
(CONSCIENTIZAÇÃO..., 2005). Isso pôde ser observado também no estudo de
Gonçalves (2006), quando apontou a preocupação do Conselho Permanente
Regional para Condições e Meio Ambiente de Trabalho da Construção Civil de
Piracicaba – CPR, coordenado por representante de entidade sindical, em constituir
uma política de comunicação e aproximação com a imprensa. Esses podem ter sido
fatores fundamentais para os resultados encontrados neste estudo, tanto pelo
quantitativo de notícias ligadas à ST, quanto pela aproximação do CEREST
Piracicaba com os meios de comunicação locais.

Outro fator que pode ter colaborado com a maior divulgação das ações do
CEREST Piracicaba está relacionado à natureza de sua intervenção pública. Garbin
e Fischer (2012), que estudaram a relação da mídia com os serviços de saúde,
discutem que a primeira geralmente aborda mais as dificuldades do SUS,
evidenciando as falhas das ações emergenciais na atenção em Saúde Coletiva,
devido a uma visão equivocada de sua ação, considerando-a exclusivamente como
assistencial em relação aos usuários desse sistema. Machado (2004) observa que a
visibilidade dada ao SUS pela mídia pauta-se em suas mazelas e dificuldades,
evidenciadas como ineficiência estatal e incompetência das autoridades ou do
profissional, tornando-o politicamente frágil no contexto das lutas políticas e
ideológicas que marcaram o país. Em contrapartida, a pesquisa aqui apresentada
pôde evidenciar que o CEREST Piracicaba aparece na mídia, em algumas notícias,
com uma visão positiva de sua atuação e resultados, como detentor de ações de
qualidade e com primazia de resultados. Tal fato é observado na avaliação dos
textos opinativos, especificamente, os editoriais e a carta do leitor, ao versarem
elogios à atuação e apontarem suas linhas a palavras de incentivo e reconhecimento
de algumas intervenções públicas do CEREST Piracicaba, como a do projeto no
setor de comércio (supermercados) e o elogio ao trabalho de fiscalização em
parceria como o sindicato e o MPT, o que pôde colaborar como possibilidade de
ampliação do debate social e reflexão sobre as ações desse órgão e no
entendimento de sua estratégia direcionada à população trabalhadora local.

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
Além disso, as ações públicas do CEREST Piracicaba divulgadas nos jornais
locais impressos apresentam uma vertente de trabalho intervencionista e punitiva,
por meio da vigilância e interdição, a qual interfere no andamento dos locais
produtivos e nos processos de trabalho. Tais interdições interferem na dinâmica da
economia local e descortinam situações sub-humanas às quais o trabalhador está
exposto, chamando a atenção da mídia e dos leitores para esses problemas e para
a ação desenvolvida pelo CEREST. A interrupção das atividades dos trabalhadores
em olarias, realizadas pelo órgão no ano 2008, por exemplo, provocou uma
diminuição do produto no mercado, fazendo com que o preço desse material se
elevasse, além de atrasar a entrega de obras públicas e privadas. Essa ação de
fiscalização ainda expôs para a população a situação precária em que se
encontravam os trabalhadores, assim como as iniciativas do Centro para melhorar a
qualidade de vida e da atividade profissional.

Também a realização de eventos de orientação, a divulgação de informações


e de estatísticas sobre acidentes de trabalho e a cobrança de mudanças na situação
de saúde e segurança dos trabalhadores em alguns setores, que em sua maioria
têm importância econômica e têm um peso na rotina da cidade, podem configurar-se
como novidade e despertar o interesse do leitor.

O crescimento de notícias sobre o CEREST Piracicaba e suas ações também


reforça o pensamento de Machado (2004), ao elencar a importância da
disseminação da ação pública desse Centro como forma de subsidiar e ampliar o
entendimento, a análise crítica e o apoio da população, assim como do movimento
sindical, que não apenas apoia, como cobra a continuidade de sua atuação, também
apontada por Ribeiro (2011).

Este estudo apresenta limitações por tratar-se de uma análise documental, de


natureza categórico-descritiva. Uma delas é que as inferências e suposições aqui
apresentadas, com base apenas nos resultados quantitativos e exemplificações dos
textos, não são suficientes para um entendimento completo e profundo da relação
existente entre o CEREST Piracicaba e os meios de comunicação locais. Há
necessidade de trabalhos que possam se debruçar em pesquisas qualitativas de

90
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
campo e se apoiar em conhecimento mais especializado sobre o tema para seu
melhor entendimento.

Outros pontos limitantes do presente estudo referem-se às possibilidades de


comparação das ações do CEREST Piracicaba com as notícias sobre o mesmo,
tanto pela pouca homogeneidade entre o conteúdo dos relatórios, fonte das ações
realizadas e as informações divulgadas nos textos, quanto pela complexidade e, em
alguns casos, pela mistura de assuntos existentes em algumas das notícias
avaliadas. Houve também limitação de conhecimento de informações relacionadas
com a localização precisa da notícia na publicação fonte, pois, por ter recortes de
jornais como base, o fascículo a que pertenciam, a posição que tomaram na
diagramação da folha do jornal e outros possíveis fatores relacionados a esses
aspectos não puderam ser avaliados.

7. CONCLUSÕES

O estudo pôde identificar importantes resultados, como a divulgação de 257


notícias relacionadas à ST no período estudado (quase uma notícia por semana) e a
amplitude de alcance do CEREST na mídia, por conseguir envolver a divulgação de
suas ações nos três jornais impressos locais. Que pode elucidar a grande
quantidade de ações realizadas pelo Centro e o entendimento de sua importância e
do impacto gerado por ela na dinâmica local. Constatou-se, ainda, a afinidade dos
jornais locais pelas ações de vigilância, os eventos e as informações sobre
acidentes do trabalho provenientes do CEREST Piracicaba, assim como o
aparecimento e a importância cedidos nas linhas desses impressos à situação de
saúde dos trabalhadores do ramo da construção civil.

Também ficou evidente a importância da atuação interinstitucional do


CEREST Piracicaba e o crescente trabalho que vem desenvolvendo em todas as
suas frentes de ação, como elementos que propiciam mais conhecimento do campo
de atuação da ST e maior divulgação e reconhecimento institucional.

Um aspecto importante constatado foi a possibilidade de se vislumbrar a


divulgação da atuação de um serviço de saúde ligado ao SUS com resultados

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Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
gerando reconhecimento tanto pelos jornais quanto pelas instituições locais atuantes
na ST.

O CEREST Piracicaba ampliou seu aparecimento na mídia com o passar do


tempo. Sua expressividade e a importância de sua atuação, no período estudado,
aos olhos dos jornais impressos locais também foram evidenciadas. Porém, ainda é
necessário buscar meios para ampliar ainda mais a divulgação de suas ações e para
atingir todo o seu escopo de atuação, e que essa informação veiculada seja
fornecida cada vez, com mais qualidade.

92
Programa de Pós-Graduação em Trabalho, Saúde e Meio Ambiente da FUNDACENTRO
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