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5ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DA

BAHIA

PROCESSO Nº 0001040-14.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: ROBERTA SANTOS DO CARMO ARAÚJO
RECORRIDOS: VIA VAREJO S.A. E ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS S.A.
JUIZ PROLATOR: BEATRIZ MARTINS DE ALMEIDA ALVES DIAS
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. SOFÁ


QUE APRESENTOU DEFEITO DURANTE A GARANTIA
ESTENDIDA. PROBLEMA NÃO SOLUCIONADO NO PRAZO
LEGAL. SENTENÇA QUE RECONHECEU A SOLIDARIEDADE
ENTRE AS REQUERIDAS CONDENANDO-AS A RESTITUÍREM À
CONSUMIDORA O VALOR PAGO PELO BEM E AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
CARACTERIZADOS NA HIPÓTESE, ANTE A DEMORA NA
SOLUÇÃO DO PROBLEMA. ARBITRAMENTO EM VALOR
MÓDICO. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO DA AUTORA
PARA MAJORAR O QUANTUM DA INDENIZAÇÃO,
RESPEITANDO-SE, ASSIM, OS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.

Dispensado o relatório nos termos do artigo 46 da Lei n.º 9.099/95.

Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,


saliento que a Recorrente, ROBERTA SANTOS DO CARMO ARAÚJO, pretende a
reforma parcial da sentença lançada nos autos que condenou solidariamente as Requeridas,
VIA VAREJO S.A. E ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS S.A., ao pagamento de
indenização por danos morais, no valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais), determinando,
ainda, a restituição do valor pago na compra do sofá, no valor de R$ 493,86 (quatrocentos e
noventa e três reais e oitenta e seis centavos), que apresentou defeito dentro do prazo de
garantia estendida, pretendendo a majoração do quantum arbitrado a título de indenização.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso interposto, conheço-


o, apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, o qual submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

O recurso merece acolhimento parcial, senão vejamos:

Em matéria de vício existente no produto, na forma prevista no caput do


art. 18 do CDC, somente aqueles enquadrados no conceito de fornecedor erigido em seu art.
3º, são solidariamente responsáveis pelo atendimento das opções conferidas ao consumidor
nos incisos I a III do § 1º do referido art. 18, relacionadas ao sistema de garantia do produto,
bem como pela reparação dos eventuais danos decorrentes.
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Apresentando-se o produto defeituoso, admite-se que o fornecedor
acionado pelo consumidor busque consertá-lo usando o sistema de garantia contratado. No
entanto, nos precisos termos do parágrafo primeiro do art. 18 do CDC, “não sendo o vício
sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias pode o consumidor exigir, alternativamente e à
sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas


condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada,


sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.”

Na situação em exame, restou provado que o sofá descrito nos autos


apresentou defeito, não obtendo o devido reparo no prazo legalmente previsto.

Provado, assim, ante a ausência de prova contrária, que o bem defeituoso


não encontrou reparo no prazo máximo assinalado pelo legislador, acertada foi a decisão do
MM. Juiz a quo em condenar as Requeridas, solidariamente, a restituírem à consumidora o
valor despendido na aquisição do bem, bem como ao pagamento de indenização por danos
morais.

Encontrando previsão no sistema geral de proteção ao consumidor inserto


no art. 6º, inciso VI, do CDC, com recepção no art. 5º, inciso X, da Constituição Federal, e
repercussão no art. 186, do Código Civil, o dano eminentemente moral, sem consequência
patrimonial, não há como ser provado, nem se investiga a respeito do animus do ofensor.
Consistindo em lesão de bem personalíssimo, de caráter subjetivo, satisfaz-se a ordem
jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe simplesmente pela conduta
ofensiva, e dela é presumido, sendo o suficiente para autorizar a compensação pecuniária.

Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida objetivamente


pelo julgador, pela experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado, surge a
obrigação de reparar o dano moral, sendo prescindível a demonstração do prejuízo concreto.

Na situação em exame, a parte autora não precisava fazer prova da


ocorrência efetiva dos danos morais decorrentes da persistência do defeito no bem adquirido,
aliada ao descaso da fornecedora em solucionar o problema. Os danos dessa natureza se
presumem pelos próprios fatos descritos, não havendo como negar que, em razão deles, a
Recorrente se desgastou emocionalmente, sofrendo angústia e aborrecimento, tendo a esfera
íntima agredida ante a atividade negligente das partes requeridas.

Divirjo, data vênia, do MM Julgador no tocante ao valor arbitrado a título


de indenização por danos morais, vez que se mostrou módico ante as circunstâncias dos fatos,
distanciando-se em demasia dos valores arbitrados por esta Turma Recursal em casos da
espécie.

Com isso, atendendo às peculiaridades do caso e a míngua de outros dados


tangíveis que pudessem auxiliar na justa quantificação, entendo que emerge a quantia de R$
4.000,00 (quatro mil reais), como o valor próximo do justo, o qual se mostra capaz de
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compensar, indiretamente e na medida dos fatos apurados, os sofrimentos e desgastes
emocionais advindos ao Autor e trazer a punição suficiente ao agente causador.

Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pela Recorrente, ROBERTA SANTOS
DO CARMO ARAÚJO, para, reformando a sentença hostilizada no tocante à condenação
por danos morais, majorar o quantum indenizatório para a importância de R$ 4.000,00
(quatro mil reais), com correção monetária a partir da prolação da sentença, momento que
se deu a condenação, e juros, incidentes a partir da citação, seguindo entendimento da
jurisprudência1, o qual sofreu abalo pelo julgamento do REsp 903258, por não ter efeito
vinculante, não tendo o voto da Ministra Maria Isabel Gallotti pacificado o assunto nem
mesmo na ocasião do julgamento pela 4ª Turma do STJ, onde o Ministro Luis Felipe
Salomão votou divergente, determinando, ainda, que as Requeridas procedam à retirada no
móvel da residência da consumidora, no prazo de vinte dias, sob pena de multa diária que
arbitro em R$50,00 (cinquenta reais) até o limite do teto dos Juizados Especiais.

Não se destinando a regra inserta na segunda parte do art. 55, caput, da Lei
9.099/95, ao recorrido, mas ao recorrente vencido, deixo de condenar a parte autora ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 28 de abril de 2015.

ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Juiz Relator

COJE – COORDENAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS


TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E CRIMINAIS
QUINTA TURMA - CÍVEL E CRIMINAL

PROCESSO Nº 0001040-14.2014.8.05.0001
CLASSE: RECURSO INOMINADO
RECORRENTE: ROBERTA SANTOS DO CARMO ARAÚJO
RECORRIDOS: VIA VAREJO S.A. E ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS S.A.
JUIZ PROLATOR: BEATRIZ MARTINS DE ALMEIDA ALVES DIAS
JUIZ RELATOR: ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA

1
– RESONSABILIDADE CIVIL – ATO ILÍCITO – DANO MORAL – INDENIZAÇÃO MANTIDA – JUROS MORATÓRIOS –
INCIDÊNCIA DESDE A CITAÇÃO INICIAL – CORREÇÃO MONETÁRIA – DEVIDA DESDE A CONDENAÇÃO – RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO – DECISÃO UNÂNIME – 1) Configurada a responsabilidade da apelante pelo dano moral sofrido pelos
autores, justo é o direito a indenização. Valor fixado dentro dos princípios da eqüidade, da proporcionalidade e razoabilidade, quando então
foi sopesada a capacidade econômica do responsável, a culpa do agente e a extensão danosa. 2) Nos termos do art. 405 do Código Civil, os
juros moratórios devem incidir a partir do momento da citação inicial. 3) O marco inicial da fluência da correção monetária é a data da
decisão condenatória. Jurisprudência do STJ. (TJPE – AC 119429-6 – Rel. Des. Jovaldo Nunes Gomes – DJPE 19.01.2008)
PROCESSUAL CIVIL – CDC – DANOS MORAIS – INSCRIÇÃO – SERASA – PRÉVIA COMUNICAÇÃO AO DEVEDOR –
ART. 43, § 2º, DO CDC – CORREÇÃO MONETÁRIA – TERMO INICIAL – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO – 1. É indevida a
negativação, pelo banco de dados cadastrais, na ausência de prévia e expressa notificação do consumidor, tal qual determina o § 2º, artigo
43, do CDC, ainda que a captação das informações ocorra junto ao cartório de protesto. 2. O dano moral, ao contrário do material, não
reclama prova específica do prejuízo, vez que este decorre do próprio fato. Exige-se apenas a demonstração do ato/fato gerador dos
sentimentos que o ensejam. 3. A verba indenizatória deve ser fixada em montante suficiente a inibir o malefício, levando-se em conta a
moderação e prudência do juiz, segundo o critério de razoabilidade, para evitar o enriquecimento sem causa e a ruína do réu, em
observância, ainda, às situações das partes, pressupostos in casu observados pela decisão monocrática na fixação do quantum debeatur. 4.
Nos casos de indenização por danos morais, a jurisprudência é pacífica no sentido de que a correção monetária deve incidir a partir da
sentença e os juros de mora a partir da citação. 5. Recurso parcialmente provido. (TJDFT – APC 20060110132340 – 4ª T.Cív. – Rel. Des.
Sandoval Oliveira – DJU 07.12.2006 – p. 185)

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EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. SOFÁ


QUE APRESENTOU DEFEITO DURANTE A GARANTIA
ESTENDIDA. PROBLEMA NÃO SOLUCIONADO NO PRAZO
LEGAL. SENTENÇA QUE RECONHECEU A SOLIDARIEDADE
ENTRE AS REQUERIDAS CONDENANDO-AS A RESTITUÍREM À
CONSUMIDORA O VALOR PAGO PELO BEM E AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
CARACTERIZADOS NA HIPÓTESE, ANTE A DEMORA NA
SOLUÇÃO DO PROBLEMA. ARBITRAMENTO EM VALOR
MÓDICO. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO DA AUTORA
PARA MAJORAR O QUANTUM DA INDENIZAÇÃO,
RESPEITANDO-SE, ASSIM, OS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.

ACÓRDÃO

Realizado julgamento do Recurso do processo acima epigrafado, a


QUINTA TURMA, composta dos Juízes de Direito, WALTER AMÉRICO CALDAS,
EDSON PEREIRA FILHO e ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA decidiu, à
unanimidade de votos, CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso
interposto pela Recorrente, ROBERTA SANTOS DO CARMO ARAÚJO, para,
reformando a sentença hostilizada no tocante à condenação por danos morais, majorar
o quantum indenizatório para a importância de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), com
correção monetária a partir da prolação da sentença, momento que se deu a
condenação, e juros, incidentes a partir da citação, seguindo entendimento da
jurisprudência2, o qual sofreu abalo pelo julgamento do REsp 903258, por não ter efeito
vinculante, não tendo o voto da Ministra Maria Isabel Gallotti pacificado o assunto nem
mesmo na ocasião do julgamento pela 4ª Turma do STJ, onde o Ministro Luis Felipe
Salomão votou divergente, determinando, ainda, que as Requeridas procedam à
retirada no móvel da residência da consumidora, no prazo de vinte dias, sob pena de
multa diária que arbitro em R$50,00 (cinquenta reais) até o limite do teto dos Juizados
Especiais. Não se destinando a regra inserta na segunda parte do art. 55, caput, da Lei
9.099/95, ao recorrido, mas ao recorrente vencido, deixo de condenar a parte autora ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.

Salvador-Ba, Sala das Sessões, 28 de abril de 2015.


2
– RESONSABILIDADE CIVIL – ATO ILÍCITO – DANO MORAL – INDENIZAÇÃO MANTIDA – JUROS MORATÓRIOS –
INCIDÊNCIA DESDE A CITAÇÃO INICIAL – CORREÇÃO MONETÁRIA – DEVIDA DESDE A CONDENAÇÃO – RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO – DECISÃO UNÂNIME – 1) Configurada a responsabilidade da apelante pelo dano moral sofrido pelos
autores, justo é o direito a indenização. Valor fixado dentro dos princípios da eqüidade, da proporcionalidade e razoabilidade, quando então
foi sopesada a capacidade econômica do responsável, a culpa do agente e a extensão danosa. 2) Nos termos do art. 405 do Código Civil, os
juros moratórios devem incidir a partir do momento da citação inicial. 3) O marco inicial da fluência da correção monetária é a data da
decisão condenatória. Jurisprudência do STJ. (TJPE – AC 119429-6 – Rel. Des. Jovaldo Nunes Gomes – DJPE 19.01.2008)
PROCESSUAL CIVIL – CDC – DANOS MORAIS – INSCRIÇÃO – SERASA – PRÉVIA COMUNICAÇÃO AO DEVEDOR –
ART. 43, § 2º, DO CDC – CORREÇÃO MONETÁRIA – TERMO INICIAL – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO – 1. É indevida a
negativação, pelo banco de dados cadastrais, na ausência de prévia e expressa notificação do consumidor, tal qual determina o § 2º, artigo
43, do CDC, ainda que a captação das informações ocorra junto ao cartório de protesto. 2. O dano moral, ao contrário do material, não
reclama prova específica do prejuízo, vez que este decorre do próprio fato. Exige-se apenas a demonstração do ato/fato gerador dos
sentimentos que o ensejam. 3. A verba indenizatória deve ser fixada em montante suficiente a inibir o malefício, levando-se em conta a
moderação e prudência do juiz, segundo o critério de razoabilidade, para evitar o enriquecimento sem causa e a ruína do réu, em
observância, ainda, às situações das partes, pressupostos in casu observados pela decisão monocrática na fixação do quantum debeatur. 4.
Nos casos de indenização por danos morais, a jurisprudência é pacífica no sentido de que a correção monetária deve incidir a partir da
sentença e os juros de mora a partir da citação. 5. Recurso parcialmente provido. (TJDFT – APC 20060110132340 – 4ª T.Cív. – Rel. Des.
Sandoval Oliveira – DJU 07.12.2006 – p. 185)

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JUIZ(A) WALTER AMÉRICO CALDAS
Presidente

JUIZ(A) ROSALVO AUGUSTO VIEIRA DA SILVA


Relator

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