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PRELIMINAR
1) Visão que considera que não é possível identificar uma origem precisa da CE, porque
supõe que essa ciência se forma gradativamente pela acumulação positiva do
conhecimento, superando erros e controvérsias. Nessa perspectiva, há uma evolução
linear, uma acumulação progressiva e positiva do conhecimento, cada vez mais
abrangente e verdadeiro. É um marco teórico que sustenta toda a doutrina funcionalista /
positivista.
2) Visão que considera que a CE só teve início com a formação da economia capitalista,
a qual conferiu finalidade à economia: lucro e valorização do capital e não mais a
produção de bens e serviços para satisfazer as necessidades humanas. De acordo com essa
visão, antes do capitalismo as ideias relativas à economia não formavam um corpo
sistematizado de conhecimento, mas representavam apenas proposições sobre fatores ou
elementos particulares. Estavam inseridas em outros discursos científicos, como a moral,
a filosofia, o direito e a política. Essa visão é defendida pelos marxistas e evolucionistas
(Shumpeterianos e neo-shumpeterianos). Os shumpeterianos, precisamente, afirmam que
a CE não progride de forma uniforme ou linear, mas por saltos: momentos de revoluções,
de consolidação e de dominação de teorias, seguidos por momentos de crise e novas
revoluções no pensamento econômico. Um pensamento que corresponde à teoria
khuniana dos paradigmas.
a) Ciência Rígida: (da visão 1). Valoriza o estágio atual da teoria e não a sua história. O
que vale é o conhecimento de fronteira e não o passado, nem o contexto em que o mesmo
se originou, pois, todos os elementos verdadeiros de teorias antigas estariam incorporados
na teoria atual. Assim, a história do pensamento econômico só interessa como história
dos erros e das antecipações das teorias futuras. Essa interpretação se vale da teoria da
falseabilidade de Popper em que teríamos apenas uma única teoria econômica verdadeira,
que seria a síntese positiva das teorias que se comprovaram como verdadeiras ao longo
da história.
Para Petty, o conhecimento na economia deve se basear nos sentidos e nas causas que
tenham fundamentos naturais. Antecipou o método empírico/indutivo/experimental na
economia. Os argumentos devem ser baseados em números, pesos e medidas, prevendo
a futura estatística econômica.
Economistas racionalistas do século XVIII, com seu conceito de riqueza que não mais se
associa ao comercio, como na época mercantilista, mas à produção agrícola. Liderados
por François Quesnay, desprezaram a administração pública e se voltaram para o estudo
da riqueza privada e seus efeitos na atividade econômica em geral.
A explicação do funcionamento do organismo econômico se inspira na ideia de uma
ordem natural, do corpo biológico guiado por leis naturais mecânicas e deterministas. Os
governos já não podem fazer o que querem contra as leis naturais da economia. O
funcionamento de tais leis é que forma o objeto da investigação na CE.
O quadro (Tableau) econômico de Quesnay (1758) é uma representação da ordem
econômica natural: as formas que governam a geração do produto e a distribuição da
riqueza entre as classes sociais e que asseguram também a reprodução traduzem as leis
dessa ordem. Quesnay, médico de formação, representou a circulação econômica pelo
sistema de circulação do sangue no corpo.
Com os fisiocratas surgiu um domínio do saber que cuida na economia da produção e
distribuição de riqueza e da origem do valor econômico. Domínio este que será conhecido
como Economia Política quando retomado pela Teoria Clássica.
SÉCULO XVIII ao XIX — Surgimento dos clássicos da Economia:
A teoria clássica em Economia Política se consolidou entre 1750 e 1850, fazendo surgir
a economia como ciência moderna. Pode ser caracterizada por enfocar as questões de
produção, circulação e distribuição da Riqueza, enfatizando o valor trabalho. Para boa
parte de seus expoentes, vale a ideia de que no mercado toda oferta cria a sua própria
demanda, relação conhecida como Lei de SAY. Essa visão foi muito criticada
posteriormente por prender-se à noção de equilíbrio das ciências naturais.
Smith pode ser considerado o fundador da ciência econômica, por ter estruturado uma
concepção geral do sistema econômico, enfatizando sua importância social. Suas
principais obras: “Teoria dos Sentimentos Morais” (1759), “Riqueza das Nações” (1776)
e “Ensaio sobre a Filosofia da Ciência” (1795).
Em sua obra mais conhecida, a Riqueza das Nações (1776), SMITH coloca que as
relações econômicas entre os indivíduos seriam embasadas pela conveniência, isto é,
todos os animais da natureza possuem interesses individuais. Para realiza-los, a
cooperação e a troca com outros seriam necessárias. Os seres humanos não estariam
distintos deste processo, considerando suas atividades realizadas no cotidiano. Segue-se
deste raciocínio, o memorável exemplo de SMITH:
A premissa do egoísmo como sendo lei de ordem natural do homem aponta para o uso de
princípios organizadores da multiplicidade da experiência, o que mostra o uso em SMITH
do método racional que privilegia a razão como fonte ou como princípio ativo e
organizador do conhecimento. Mas, apesar do apriorismo, sua obra é repleta de
observações históricas e de recursos empíricos, ou seja, de indutivismo (conhecimento
que, após considerar casos empíricos específicos, estabelece uma verdade geral). Ele
confere importância tanto à realidade dos fatos (empirismo), quanto ao papel ativo da
mente (racionalismo). Para SMITH, os fatos são importantes, mas não ensinam nada se
não forem interpretados pelo raciocínio cuidadoso e pela análise. Ele buscou um método
que pudesse fundamentar o sistema teórico de pensamento em aspectos concretos de
realidade. Com isso, foi além da dicotomia tradicional Dedutivismo/Indutivismo,
sugerindo um método próprio de analise, como fizeram KARL MARX e, mais tarde no
século XX, JOHN MAYNARD KEYNES (1883-1946), que serão discutidos adiante.
Na sua maior obra, Riqueza das Nações, ao definir o trabalho como a força produtiva
geradora do valor, SMITH passou a discutir a divisão do trabalho como fator que acelera
a produtividade. É conhecido o exemplo da fábrica de alfinetes que o economista usou
para demonstrar a importância da especialização. Neste exemplo, destaca-se que a
centralização de tarefas e a repetição levariam a ganhos de escala na produção muito
superiores do que manter cada trabalhador a cuidar de todas as etapas de produção. Depois
da revolução industrial, quando já se verifica uma extensa maquinação dos processos
produtivos, grandes fábricas fizeram uso abusivo desta “vantagem”. O filme de Charles
Chaplin, “Tempos Modernos”, enfatiza esse ponto.
A associação dos dois princípios de egoísmo e de divisão do trabalho gera trocas
econômicas individuais que, em mercados concorrentes, garantem o equilíbrio
econômico e a coesão social de forma despercebida. Daí a famosa ideia de Mão Invisível,
que é uma forma metafórica de defender a capacidade do capitalismo de promover a
harmonia social. A economia política smithiana é uma ciência moral que resulta na
harmonia social, uma tese que foi objeto central da crítica de Marx à Economia Política.
No seu primeiro ensaio teórico sobre o problema concreto em O Alto Preço do Ouro,
RICARDO inicia sua análise partindo de princípios abstratos. Pretendia propor uma
teorização suficientemente ampla para explicar a realidade como ela se apresentaria,
possibilitando a elaboração de práticas, valendo-se do dedutivismo. Sua conclusão lógica
no caso do ouro fora a de que a depreciação da moeda corrente se deve à abundância da
moeda corrente, e que a mesma poderia ser neutralizada por meio da exportação de ouro
em barra. Procurou assim formular leis gerais que regulariam a distribuição de metais no
mundo. No país que tem excesso de metal, a moeda se deprecia e vice-versa. No seu
segundo ensaio, RICARDO tratou da relação entre o preço do trigo e o lucro do capital,
deduzindo que o aumento do preço do trigo gera queda do lucro do capital, contrariamente
ao que se pensava naquele contexto.
Do processo de uso de terras cada vez menos férteis se origina uma renda extra que
beneficia a produção e o aluguel das terras mais produtivas. Na medida em que se expande
a dimensão da terra para produção, o produto líquido será cada vez menor, podendo-se,
portanto, imaginar que a produtividade seria uma linha descendente em relação aos lotes
de terra explorados. A consideração da produtividade agrícola revelou para RICARDO
as noções de fertilidade decrescente e de escassez dos recursos. Essa noção de escassez
deve ser considerada pela sua ampla reprodução na metodologia econômica.
Embora para esses autores, com exceção de Smith, tais princípios tenham tido como base
alguma observação da realidade empírica do seu tempo, Ricardo ignora esse ponto de
partida e considera esses princípios uma base suficientemente sólida para deles deduzir
leis de valor universal, dispensando a verificação empírica. Com essas premissas
emprestadas a pensadores anteriores ou contemporâneos, RICARDO construiu, usando
um número reduzido de variáveis, um modelo analítico simples que ele empregou para
estudar problemas econômicos complexos e justificar diretrizes de política econômica,
ou seja, explicar as leis que regulam o processo de distribuição da riqueza, ao invés de se
limitar a explicar suas origens, como em SMITH.
MALTHUS criticou RICARDO, afirmando que a ciência deve explicar as coisas como
elas são, considerando os fatos. No entanto, MALTHUS se preocupou em demasia com
os fatos particulares, esquecendo de buscar uma explicação teórica geral para os mesmos.
Suas principais obras são: “Um Ensaio sobre o Princípio da População” (1798),
“Princípios da Economia Política” (1820) e “Definições na Economia Política” (1827).
MALTHUS não foi um representante “fiel” da Escola Clássica. Negou a validade da “Lei
de SAY”, retirada das ideias de JEAN BAPTISTE SAY, e considerava a possibilidade de
uma “Abundância Geral” de bens. Isto é, MALTHUS acreditava que poderiam ocorrer
crises econômicas devido à excessos de oferta em contraponto com uma demanda
insuficiente. Liberalista, tal como SMITH e RICARDO, pregava o Estado Mínimo, pois
a intervenção não pode resolver os problemas, somente atrapalha o processo natural das
coisas. Nessa perspectiva, não se deve auxiliar os pobres, porque a ajuda que receberiam
representaria um poder de compra que não corresponde a nenhum acréscimo de produto.
Isso eleva os preços e acaba gerando mais pobreza ainda.
O debate entre MALTHUS e RICARDO, pode ser visto como um marco na metodologia
econômica. No entanto, MALTHUS não teria argumentos suficientes para superar o
raciocínio lógico-abstrato de RICARDO. Pode-se dizer que a consolidação do método
excessivamente abstrato de RICARDO, pela sua “aparência” de possuir maior
cientificidade, dado seu potencial analítico, possibilitou uma separação da teorização
econômica da realidade como ela se apresenta. MALTHUS, ao utilizar argumentos
empíricos para contestar o método de RICARDO, teria negligenciado a necessidade de
fundamentar teoricamente seus posicionamentos, abrindo espaço para o triunfo e a
consolidação do método dedutivo/abstrato na ciência econômica. De maneira geral, a
hegemonia deste método será influente no pensamento econômico, ao ponto de persistir
até os dias de hoje.
SAY ignora o problema da realização da demanda (sua ocorrência, sua efetivação) e reduz
a economia a um problema de produção e distribuição. Sua conhecida lei se baseia na
ideia de que “produtos são pagos com produtos”, nas palavras de SAY, ou seja, que
existiria uma identidade circular entre oferta e demanda, de tal maneira que não se
consideraria a possibilidade de superprodução ou excesso de oferta na economia. Tudo
que fora devidamente produzido implicaria no seu consumo imediato.
A despesa seria igual à produção e à renda; o pleno emprego (NOTA onde toda a
capacidade de uma economia esteja sendo utilizada sem ociosidade, sendo o ambiente
ideal de equilíbrio para um mercado, apesar de altamente irreal) estaria automaticamente
garantido; os investimentos dependeriam dos lucros (ou da poupança). E os lucros serão
tanto mais altos quanto mais baixos forem os salários.
Portanto, a leitura da obra de MARX, mesmo nos Grundrisse, pode ser interpretada
considerando dois níveis de abstração: o do “capital em geral” e o da “pluralidade de
capitais”. Estes dois planos devem ser entendidos como partindo da análise do mesmo
objeto real observado, qual seja, o modo de produção capitalista.
No “capital em geral” temos o capital, tal como conceituado por MARX, sendo que na
“pluralidade de capitais”, temos a visão de MARX da concorrência tomada como objeto
de investigação em si mesma, passível de teorização. O objetivo de MARX, na sua análise
do modo de produção capitalista, pode ser entendido como uma tentativa de representar
as leis gerais de movimento deste objeto real observado. Apesar destes níveis de abstração
constituírem dois objetos teóricos distintos (capital e concorrência), estes são, na análise
de MARX, objetos complementares e compatíveis.
Generalizando a intenção de MARX, podemos, resumidamente, descrever que sua análise
entende o capital como forma (historicamente) particular de riqueza distinta de todas as
demais. O capital, principal sujeito da dinâmica capitalista, impulsiona e transforma as
condições de produção a partir do processo de autovalorização.
Para Marx, os cientistas burgueses pararam no meio do caminho, pois não foram além do
primeiro momento do método, e ficaram apenas no conhecimento abstrato da realidade.
Não retornaram ao todo concreto reconstruído pelo pensamento. São dois momentos de
um único processo, um se dissolvendo no outro dentro de uma lógica dialética. Dialética
diz respeito ao conhecimento que só seria gerado ou constituído em meio à contradição
de fatos ou ideias. É uma ideia fundamental no pensamento de MARX e continua sendo
de grande influência na ciência hoje, quando se começa a analisar os fenômenos por meio
de sistemas complexos.
A investigação de MARX iniciou pelo estudo da jurisprudência, mas ele logo descobriu
que a “essência da sociedade burguesa estava na Economia Política” e não no direito, no
Estado ou na política. MARX faz uma revisão crítica da concepção idealista da sociedade
e do Estado, que deixa de ser encarnação divina do poder para expressar a dominação das
forças econômicas e políticas da sociedade. Neste ponto que se constitui uma crítica
fundamental de MARX ao grande filósofo alemão, GEORG HEGEL (1770-1831), e seu
pensamento idealista. A crítica de MARX a HEGEL é fundamental ao entendimento da
teoria marxista.
Por um lado, não seria possível um conhecimento indutivo puro, pois não se pode ir do
particular ao geral sem que se tenha anteriormente uma ideia “geral” do particular. Por
outro lado, assim como não há fatos puros, também não há pensamentos puros; não se
pode ir do geral ao particular, sem antes ter ido do particular ao geral.
Dessa forma, conhecer a realidade não é apenas abstrair as partes do todo, para conhecer
suas leis internas, como fizeram os economistas clássicos, mas reproduzi-la
conceitualmente. O conceito, como o próprio nome indica (conceptus), é o real
concebido. Conhecimento teórico de uma realidade não é nem conhecimento prático-
sensível, nem contemplação, mas atividade de “recriação” da realidade através do
pensamento.
Por meio da dialética, Marx pretendeu descobrir a lei econômica dos fenômenos e, mais,
a lei de sua modificação, de seu desenvolvimento, ou seja, a transição de uma forma de
relações econômicas para outra. O desenvolvimento da sociedade é visto como um
processo histórico, dirigido por leis que se sobrepõem e determinam a vontade,
consciência e intenção dos homens. No entanto, as leis da vida econômica não são leis
abstratas, válidas para sempre, pois cada período histórico possui suas leis próprias, de
modo que os organismos sociais se distinguem entre si tão profundamente como os
organismos animais e vegetais. Isto está relacionado à Especificidade Histórica das
Ciências Sociais (EHCS).
O resultado a que Marx chegou com sua investigação e que serve de fio condutor de seus
estudos é que as leis do capital são as leis básicas de organização e desenvolvimento da
sociedade moderna: “O capital é a potência econômica da sociedade burguesa, que
domina tudo. Deve constituir o ponto inicial e o ponto final a ser desenvolvido ...” (Marx,
1978, p. 126). O modo de produção capitalista, o conjunto das relações sociais, as leis do
capital, todos atuam como processo-movimento, como um todo que confere sentido às
partes, aos indivíduos e aos capitais particulares, e é isto que constitui o objeto complexo
da Economia Política.
O método de BENTHAM pode ser identificado na sua atenção aos detalhes, onde, como
HOBBES, separa o todo em partes, abstrações que ele entende como generalidades de
categorias simples. É reducionista ao ponto de dividir excessivamente o observado em
partes mínimas, como no caso dos indivíduos e os seus comportamentos (mensurado pela
utilidade). Estas abstrações seriam o ponto de partida de BENTHAM.
Na concepção do utilitarismo, temos a ideia da utilidade (uma medida de satisfação ou
felicidade), “mensurada” hedonisticamente entre prazer e dor, ou seja, uma forma de
justificar o comportamento (ações) dos indivíduos por meio de uma “contabilidade” de
prazeres e dores. O hedonismo, diz respeito à concepção de indivíduos movidos apenas
pelo prazer, sendo, portanto, avessos à dor.
BENTHAM identifica prazer e dor como a base para uma contabilidade utilitarista do
valor. Logo, os indivíduos estariam constantemente maximizando o prazer e minimizando
a dor. BENTHAM possuía um conceito de valor subjetivista, o que o diferenciava de
SMITH e RICARDO. BENTHAM faz a mesma distinção tradicional entre valor-de-uso
e valor-de-troca, assim como muitos dos economistas clássicos (MARX incluso) também
o fizeram. BENTHAM entende que o valor-de-uso seria mais importante, na medida em
que todo o valor esteja sujeito ao bem-estar e, também, dependente do uso das coisas.
Logo, o valor-de-uso pressupõe o valor-de-troca.
Para calcular a utilidade, BENTHAM fazia uso do felicific calculus, que pode ser
entendido como cálculo da utilidade, cálculo hedonista ou cálculo hedônico. Sua
concepção de utilidade marginal (NOTA marginal referindo-se à margem, limite, ou
última unidade aceita para uso) provém desse cálculo, baseado no princípio onde o ser
humano, na busca por prazer, leva em consideração que o prazer “adicional” prevalece
sobre a dor “adicional”.
Por fim, será que todas as pessoas são hedonistas? Será que as pessoas são somente
motivadas pelo desejo de maximizar o prazer e minimizar a dor? A psicologia freudiana
por exemplo, diz que a força impulsionadora fundamental que governa o comportamento
humano é o profundo conflito entre forças opostas na personalidade. Prazer e dor são duas
faces de uma mesma realidade necessária ao desenvolvimento da consciência.
Em 1836, SENIOR escreve “Esboço sobre a Ciência da Economia Política”, onde sugere
dividir a Economia em dois campos: a economia como ciência e a economia como arte.
Divisão esta que serviu como base para a divisão posterior entre a economia positiva e a
economia normativa. SENIOR pretendeu transformar a Economia positiva numa ciência
exata, cujas proposições teriam validade universal. Para tanto, a economia deveria usar o
método abstrato, a priori, e resumir-se a poucas preposições gerais, derivadas mais da
introspecção do que da observação.
Sênior entendia que as deduções, quando bem feitas, geram conhecimento tão verdadeiro
quanto as suas premissas. Os principais postulados retidos por Sênior:
SENIOR, ainda em 1840, formula o princípio básico da teoria do valor utilidade, princípio
que também aparece nos “Princípios de Economia Política” de MILL, em 1848. SENIOR
foi um dos primeiros a discutir o método como problema ou tema específico no campo
da economia. Ele se apresentou como um discípulo fiel de RICARDO, embora tenha
introduzido mudanças conceituais.
MILL seguiu os passos de SENIOR, e definiu com maior precisão a divisão da economia
de SENIOR. MILL entendia a Economia como ciência positiva (verdades objetivas
materiais) e como arte (regras normativas e práticas de ação). Assim, a ciência deveria
ser uma coleção de verdades e, a arte, um conjunto de regras de conduta.
Em MILL, entende-se riqueza como o conjunto de bens materiais que dão prazer e
afastam o risco e a dor, como visto em BENTHAM. Os princípios básicos da economia
estão na natureza humana, sendo o “homem econômico” um indivíduo que procura o
máximo de riqueza com o mínimo de esforço. A partir deste comportamento poderíamos
deduzir leis gerais perfeitamente rigorosas.
A Economia emprega o método a priori, pois o indutivo experimental não se aplica aos
fatos econômicos, que são complexamente determinados, sendo difícil isolar causas e
realizar experiências controladas. Assim, a economia é uma ciência abstrata que raciocina
a partir de princípios e não de fatos. MILL reconhece que a natureza abstrata do
conhecimento teórico, por basear-se em hipóteses verdadeiras, fundadas na evidência da
experiência humana, cuja veracidade sequer pode ser contestada, tornam esse
conhecimento verdadeiro por si. Confrontar a teoria com os fatos não faria sentido, pois
isso não é uma tarefa da ciência, mas de sua aplicação prática ou da arte. A única função
da ciência é chegar a verdades abstratas.
Nos marcos dessa divisão consolidada no final do século XIX ocorreu uma “batalha de
métodos” entre os pensadores de duas escolas de pensamento: uma que defende a
preservação dos aspectos sociais na teoria, contra outra que procura eliminar quaisquer
influências das características sociais e culturais para uma melhor compreensão dos
fenômenos econômicos, ou seja, a crença de que a Economia possa analisar a realidade,
isenta de julgamento de valores. Dentre os protagonistas principais desta escola:
- HERMMAN HEINRICH GOSSEN (1810–1858)
- WILLIAM STANLEY JEVONS (1835-1882)
- LEON WALRAS (1834-1910)
- CARL MENGER (1840-1921)
- ALFRED MARSHAL (1842-1924)
- ARTHUR CECIL PIGOU (1877-1959)
Tratando-se de uma síntese resumida deste período, estamos nos delimitando a estes
autores apenas. No entanto, devemos levar em consideração que neste mesmo período
apareceram muitos pensadores que merecem destaque por suas contribuições, mas que no
decorrer deste estudo serão apenas mencionados sem muita extensão acerca do conteúdo
de suas obras.
A primeira diz que uma pessoa em posse de um certo bem, desejando troca-lo por uma
unidade de outro bem e mantendo sua utilidade no mesmo nível anterior, precisa abrir
mão de uma quantidade superior do bem inicial que possuía anteriormente, em troca do
outro bem. Ou seja, a primeira lei abre a possibilidade de maximização da utilidade sob
a condição da restrição orçamentária.
A segunda lei, baseada na maximização da utilidade, mostra que o indivíduo irá manter
seu nível de utilidade quando aloca sua renda em diferentes fins, dado que mantendo este
nível de utilidade o indivíduo estará maximizando-a, evitando perdas.
GOSSEN teve, de fato, uma teoria completa para descrever e explicar o comportamento
humano, em todos os aspectos econômicos, sendo que a partir daí ele deduziu uma
prescrição detalhada para este comportamento. As “leis” sugeridas e demonstradas
matematicamente por GOSSEN representaram grande importância na estruturação do
pensamento econômico marginalista.
ESCOLA DE CAMBRIDGE
Para JEVONS, na definição da Economia como uma ciência, “devemos começar por
algumas leis psicológicas óbvias, como, por exemplo, que um ganho maior é preferível a
um menor, e daí em diante devemos raciocinar e predizer os fenômenos que serão
produzidos na sociedade por tal lei”.
Sobre a teoria do valor, JEVONS considerava que o valor-de-uso era tido como uma
variável não quantificável e não relacionada com o valor-de-troca: o Paradoxo do valor,
ou “Paradoxo da água e dos diamantes”. O que mais interessa na economia é o valor-de-
troca, que passou a ser explicado pelo “grau final de utilidade dos bens”. Mais
precisamente, o que importa para explicar o valor de uma mercadoria é o acréscimo
marginal (ou de 1 unidade a mais) na satisfação que o indivíduo aufere com uma certa
quantidade adicional da mesma. Utilidade pode ser entendida como a qualidade abstrata
pela qual um objeto pode atender as necessidades individuais. A razão de troca entre duas
mercadorias quaisquer será inversamente proporcional aos graus finais de utilidade dessas
mercadorias, após a realização da referida troca: P1/P2 = UmgX1/UmgX2, com UmgX,
utilidade marginal do bem X. Quando a razão entre o preço do bem 1 com relação ao bem
2 se iguala à razão entre a utilidade marginal do bem 1 com relação a do bem 2, o
indivíduo estará satisfeito com o consumo do bem 1.
Em 1890, ALFRED MARSHALL (1842 - 1924) publicou, em 1890, sua grande obra
“Princípios de Economia”, trazendo uma formulação “melhorada” das ideias da
Revolução Marginalista. MARSHALL teria tido uma atitude conciliatória por conseguir
“resgatar” o Pensamento Clássico, reinterpretando-o com ideias marginalistas. Retomou
a ideia ricardiana de Escassez Relativa, pela qual explicou o Paradoxo do diamante e da
agua. O valor de mercado do diamante é mais elevado que o valor da agua, apesar desta
oferecer maior utilidade. O fato se deve, explicou Marshall, à maior desejabilidade do
diamante frente à sua escassez. Concebeu a chamada “tesoura” marshalliana,
denominação metafórica ao diagrama da oferta e demanda com eixos invertidos. Discutiu
o equilíbrio Parcial, utilizando-se da clausula ceteris paribus, ignorando o efeito da
variação dos preços de um produto sobre a utilidade marginal de outro. Tentou levar o
tempo em consideração, dividindo-o em curto e longo. No primeiro, não há, segundo ele,
mudanças estruturais em termos de demografia e inovação tecnológicas, a passo que, no
segundo, as variações estruturais podem gerar alterações no comportamento do
consumidor.
ESCOLA DE LAUSANNE
LEON WALRAS (1834 - 1910) também afirma a ideia de uma economia pura, conforme
o título de sua obra Compêndio dos elementos da economia política pura (1874). Defende
a economia como ciência físico-matemática, ideologicamente neutra, voltada para a
determinação dos preços em regime de concorrência perfeita e de equilíbrio.
A principal façanha de WALRAS: realizar uma síntese dos diversos aspectos do novo
enfoque dentro de um sistema matemático de dependência mútua. Apesar do formalismo
matemático, a interpretação econômica e as implicações causais de sua teoria eram
similares àquelas de JEVONS ou MENGER (autor do próximo tópico). Os preços dos
produtos são derivados das necessidades dos consumidores e o valor dos serviços dos
fatores de produção é definido a partir de seu uso na criação de bens de consumo.
O “Ótimo de Pareto” ocorrerá, quando existe uma situação onde, ao se sair dela, para que
“um ganhe”, pelo menos “um perde”, necessariamente.
A Teoria Austríaca do Capital e do Juro foi desenvolvida por EUGEN VON BÖHM-
BAWERK (1851-1914), CARL MENGER (1840-1921) e LUDWIG VON MISES
(1881-1973).
Há uma expectativa de que, no futuro, o nível de renda seja mais alto do que no presente,
subestimando as necessidades futuras. Supõe-se também uma superioridade técnica dos
bens presentes com relação aos bens futuros. Os bens presentes estão disponíveis para
serem investidos em métodos de produção indiretos mais produtivos. Entre os defensores
dessa teoria encontra-se também KNUT WICKSELL (1851-1926), outro economista
influente no movimento marginalista.
Bawerk criticou a teoria marxista de exploração, alegando que não há exploração uma
vez que o capitalista adianta o salário do trabalhador, ao pagá-lo antes mesmo de vender
o bem produzido, correndo sozinho o risco de não realização. Defendeu a redução dos
impostos, como forma de estimular o investimento.
LUDWIG VON MISES (1881-1973) escreveu o livro “Ação humana”, no qual defende
que a economia é uma ciência de ação humana, isto é, uma praxeologia. Desenvolveu
uma Teoria dos Ciclos de Negócios, baseada nas mudanças das relações entre o crédito e
o sistema produtivo. Reforçou a ideia da neutralidade da moeda, afirmando que os agentes
econômicos demandam moeda por sua utilidade como meio para aquisição de bens e não
por algum valor intrínseco.
Todas essas escolas com seus respectivos colaboradores contribuíram para a realização
da Revolução Neoclássica Marginalista, um forte movimento intelectual em defesa da
Economia como ciência exata isenta de valores sociais ou culturais. Como principais
características, buscou fundamentos subjetivos para estruturar a Economia como ciência,
valendo-se das ideias de SENIOR e MILL que levaram à substituição da teoria do valor-
trabalho pela teoria subjetiva do valor utilidade e, também, dos princípios orientadores
do comportamento humano revelados por GOSSEN, que viriam a se constituir nos pilares
da nova escola marginalista: utilidade decrescente e maximização.
No entanto, frente a todo esse desejo de tornar a Economia uma ciência exata, persistem
pensadores contrários a este pensamento cientificista, dado que a Economia não estaria
tão isenta de julgamento de valor. Nem mesmo com toda a cientificidade aparente, a
economia não poderia deixar de ser uma ciência social. Em oposição às ideias da Escola
Austríaca, diretamente, estaria a Escola Historicista Alemã, liderada por GUSTAV VON
SCHOMLLER, com o qual MINGER travou um debate metodológico conhecido como
Batalha dos Métodos.
Na visão neoclássica, o único meio de se chegar a uma teoria econômica válida seria pela
derivação lógica a partir de princípios básicos da ação humana (como a utilidade
marginal), que são regras ou leis imutáveis. Enquanto isso, a escola alemã enfatizava a
importância das mudanças comportamentais e sociais em decorrência das mudanças
históricas. A Escola Histórica Alemã não admite usar princípios gerais a-históricos de
comportamento humano, já que este comportamento muda na história. Se há
cientificidade na economia, ela deve ser buscada justamente na história. Em razão da
Especificidade Histórica das Ciências Sociais, alegam os historicistas alemães, os
teoremas econômicos não seriam universalmente válidos.
SCHOMLLER considera, em primeiro lugar, o estudo dos fatos concretos, pois somente
a partir deles é que, alega o pensador, se pode começar a fazer teorias econômicas
dedutivas. Para ele, é algo inviável separar a economia de fatores sociais, históricos,
antropológicos, éticos e políticos. Exatamente porque a economia é vista como ciência
histórica concreta, o problema da Especificidade Histórica das Ciências Sociais deve
sempre ser levado em conta.
O conflito entre as duas escolas demarcava claramente dois campos em que se dividia a
economia: a economia racionalista e abstrata da utilidade marginal e a economia histórica,
experimental e contextual. O enfoque analítico abstrato e dedutivo da teoria marginalista
teve uma vitória devastadora que marcou profundamente toda história da ciência
econômica desde os meados do século XIX, sem que houvesse, contudo, total rendição
do método indutivo.
ROBBINS criticou o empirismo, afirmando que não se pode prever os eventos históricos
através da indução. Somente a dedução, a partir de premissas, garantiria a validez de uma
teoria. ROBBINS critica também o monismo científico, pois afirma que nas ciências
existe a subjetividade e a intencionalidade e o objeto social não é estático, mas muda ao
longo da investigação. A ciência econômica se apoia sobre uma determinada ideia de
homem cujo comportamento consiste a responder a estímulos externos. ROBBINS critica
esse pensamento behaviorista (comportamental) da teoria dominante.
É um método que pregava a filosofia científica da exclusão, que refuta qualquer discussão
metafísica das práticas científicas. O método denominado positivismo lógico refere-se ao
método originado nas reuniões de um grupo de filósofos da ciência por volta de 1920,
denominado “Círculo de Viena”. O grupo propôs afastar da investigação todas as
considerações culturais e pessoais, que seriam prejudiciais às práticas ditas científicas.
Nesta combinação entre positivismo e lógica, desenvolveu-se uma análise lógica que
utiliza as ciências empíricas positivas como objeto. A objetividade do discurso científico
seria determinada por um método de representação unificado das observações empíricas,
baseado na distinção entre o que seria científico e o que seria metafísico.
No entanto, a tese da simetria entre previsão e explicação nem sempre funciona. A lei
gravitacional de NEWTON e a teoria de DARWIN das origens das espécies indicariam
isso. Tanto os positivistas lógicos quanto seus descendentes, os empiristas lógicos, não
conseguiram, apesar das tentativas, encontrar uma metodologia que levasse a um
conhecimento plenamente rigoroso.
Suas proposições científicas podem ser resumidas nos seguintes pontos: o objetivo da
ciência é dominar e controlar a natureza; a evidência empírica é o ponto de partida de
toda elaboração teórica e a realidade objetiva, o ponto de chegada da investigação
científica, ou seja, a validez de uma teoria depende de seus resultados práticos. Assim, a
ciência se define como um instrumento teórico que objetiva solucionar problemas
práticos, mais especificamente explicar a realidade é prever seu comportamento, pois é a
capacidade de prever de uma teoria que lhe confere validade científica. Ou, ainda, dizendo
de outra forma, uma teoria é válida se é útil para prever, não importando se é verdadeira
ou falsa. O teste empírico de hipóteses, como afirma POPPER, permite no máximo saber
se uma teoria é falsa, mas nunca a comprovação de que ela seja verdadeira. Não importa
que as hipóteses donde se parte sejam realistas ou verdadeiras, desde que sejam úteis para
produzir boas previsões sobre a realidade, ou seja, premissa realista não é condição
suficiente para chegar a conclusões válidas. Do mesmo modo, não se pode negar que o
realismo das hipóteses seja condição para se chegar a resultados verdadeiros.
A posição de FRIEDMAN sobre o realismo das hipóteses foi objeto de muita polêmica.
SAMUELSON, por exemplo, critica o irrealismo das hipóteses, afirmando que as teorias
devem descrever a realidade e não apenas prever o comportamento futuro. Mas
FRIEDMAN rebate as críticas, dizendo que as hipóteses são simplificações da realidade.
Quanto mais significativa uma teoria, mais irrealistas são seus supostos. Na verdade, o
que este autor defende é a utilidade do conhecimento e não sua veracidade, isto é, seu teor
instrumental. Trata-se de buscar um saber útil e positivo e não um conhecimento
verdadeiro.
Por isso, a crítica de KEYNES procurou atingir o âmago dessa teoria, qualificando-a
como “uma daquelas técnicas bem bonitas e bem-feitinhas que tentam lidar com o
presente, abstraindo-se do fato de que sabemos muito pouco sobre o futuro”.
Efetivamente, para KEYNES, a teoria Neoclássica supõe um conhecimento sobre o futuro
que não podemos ter. A visão de KEYNES não é visão positiva e racionalista da realidade.
Para KEYNES, muito mais importante que a formalização da teoria é a visão de mundo
que se coloca na raiz ou na fonte das ideias. O ser não é estático, mas dinâmico, complexo
e contraditório, envolvendo o tempo e a história. Para ele, o futuro e a ideia que fazemos
dele plasmam o presente; a realidade econômica não é “dada”, “positiva”, mas construída
pelas decisões econômicas de cada um. Os dados não estão aí prontos para ser colhidos,
mas são uma obra humana. O objeto de investigação não é um dado, pré-existente, a ser
descoberto e conhecido, mas um mundo criado pelas próprias decisões humanas. Existe
aqui uma interação entre sujeito e objeto do conhecimento e o método de KEYNES, como
o de SMITH e o de MARX, supera a dicotomia racionalismo-empirismo que permeia
toda história da ciência econômica.
É com base nesta visão de que a realidade econômica é criada pela própria ação humana
que KEYNES define a economia como ciência moral: lida com introspecção e com
valores; lida com motivos, expectativas e incertezas psicológicas. Uma ciência de cunho
moral, como KEYNES define a economia, não pode por consequência ser formada por
conhecimento preciso como a física, mas por um conhecimento de natureza incerta.
Conhecimento incerto é aquele do qual não se pode ter base para cálculo, mas apenas
graus de probabilidade, graus de certeza, convicção, crença racional, peso do argumento,
convenção. Como não conhecemos o futuro, raciocinamos com incertezas,
probabilidades, expectativas e juízos convencionais, afirma Keynes.
Em pouco tempo após a publicação da Teoria Geral de KEYNES, JOHN HICKS (1904-
1989) em 1937 publica “Mr. Keynes and the Classics: A Suggested Interpretation”, onde
formula o conhecido modelo IS-LM (amplamente ensinado nas instituições acadêmicas
até hoje), no qual introduz o mercado monetário na análise macroeconômica. A
intepretação de HICKS, na verdade, deturpa as ideias fundamentais de KEYNES,
obstruindo o diálogo em torno das causas de crise econômica. O próprio HICKS, muitos
anos depois, teria formalizado uma espécie de pedido de desculpas pela sua má
interpretação da teoria keynesiana.
Conhecido também como teoria das expectativas racionais, este movimento intelectual
aparece como escola de macroeconomia por volta de 1970. Por construir sua análise
inteiramente a partir da teoria Neoclássica, enfatizando a importância das ações dos
indivíduos como agentes racionais que baseiam suas escolhas em modelos
microeconométricos, esta corrente se coloca na oposição à economia keynesiana. Ela
assume que os agentes são racionais e têm expectativas racionais, defendendo que a
macroeconomia tem um único equilíbrio em pleno emprego, que é atingido através do
ajustamento entre preços e salários.
O mais famoso modelo novo clássico é o da teoria dos ciclos reais de negócios (Real
Business Cycles, ou RBC), construído a partir das ideias de JOHN MUTH, ROBERT
LUCAS, THOMAS SARGENT, ROBERT BARRO, FINN KYDLAND e EDWARD
PRESCOTT.
Os novos keynesianos, com diferença aos novos clássicos, não acreditam que os mercados
se equilibrem rapidamente segundo a lei da oferta e da procura. Admitem o postulado de
Keynes de que os salários e os preços não são flexíveis, mas "rígidos". Essa rigidez seria
associada à concepção contrária à informação perfeita, ou seja, informação imperfeita ou
assimétrica. Os novos keynesianos não tratam de substituir o mercado pelo Estado, mas
de encontrar formas de melhorar o funcionamento da economia.
A política fiscal e monetária é eficaz para os novos keynesianos no curto prazo (mesmo
que muitos não defendam seu uso recorrente), em razão da existência daquela rigidez de
preços e de salários neste prazo. A rigidez se explica pela presença de imperfeições nos
mecanismos de mercado, imperfeições que são, na verdade, características
organizacionais de cada mercado, e que se constituem em fontes causadoras e
propagadoras de choques econômicos, gerando ciclos econômicos.
O modelo hard esquece que não é por falsificação ou verificação que as controvérsias são
resolvidas. Devido à tese de DUHEM-QUINE e aos fatos serem carregados de teoria,
muitas vezes as brigas metodológicas acabam por cansaço e desinteresse. Já o modelo
soft se esquece que as teorias são contextuais e dependem de fatores extra-científicos para
serem desenvolvidas (como em KUHN e FEYERABEND). Não havendo consenso,
podemos apelar para a retórica, a arte de convencer e persuadir. Neste caso, a evidência
passa a ser a conformidade do discurso às regras da boa retórica – disposição em aceitar
a evidência empírica inequívoca.
Deve-se ressaltar que as associações mais evidentes e que, até certo ponto, teriam
influenciado o Realismo Crítico, mesmo que não diretamente, provêm da análise do
sistema econômico em MARX. Muitos trabalhos enfatizam a relação do pensamento de
MARX com o Realismo Crítico. Ao que tudo indica, quando notamos a relação do
Realismo Crítico com correntes importantes do pensamento econômico, parece que essa
abordagem está ganhando cada vez mais espaço na análise do método em Economia.
A Economia Evolucionária seria ortodoxa e heterodoxa ao mesmo tempo. Isso porque ela
ressalta conceitos como competição, crescimento econômico, estática comparativa e
restrição orçamentária, presentes na ortodoxia econômica, mas aborda estes aspectos de
modo um tanto distinto.
ECONOMIA ECOLÓGICA: