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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AGRONOMIA
MORFOLOGIA, GÊNESE E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS.

A morfologia do solo estuda os fatores que causam a modificação do mesmo,


ou seja, fatores físicos (força do vento), químicos (modificações químicas da
rocha com a água por exemplo) e biológicos (minhocas por exemplo) que
fazem com que o solo sofra mutações. Essas mutações e suas formas dão
origem aos diversos tipos de solo existentes em nosso planeta.
Quanto maior a atuação da pedogênese no solo, mais este se tornará um
corpo individual, com características próprias. Para se determinar o tipo de
solo, busca-se pesquisas teóricas e dois momentos empíricos:
 Análise de campo
 Análise de laboratório.
A análise de campo é, sem dúvidas, um dos momentos mais importantes do
estudo da pedologia, sendo o único momento em que o pesquisador poderá
ver o solo como um corpo tridimensional, atrelado a paisagem. Em laboratório,
na maioria dos processos, o solo deverá ser destruído de sua estrutura original
(salvo preparação para micromorfologia). Informações como cor, influência do
relevo e biomassa e estrutura de agregados se perderão.
O principal objetivo do estudo em campo é descrever de forma padronizada
a morfologia, ou seja, a "anatomia" do solo, a qual será melhor analisada junto
aos resultados laboratoriais para se determinar o tipo de solo, sua gênese,
etc...
Geralmente os processos de descrição são bastante simples e não exigem
equipamentos mais complexos do que pás, martelos de pedólogos, lupas, água
para molhar a amostra e tabela de cor. Os sentidos usados pelo pedólogo
geralmente são o tato (para se testar textura) e visão; há, contudo, alguns
métodos descritivos, menos usuais e não aconselhados, que se utilizam do
paladar (para determinar se a amostra é siltosa ou argilosa) e até olfato, para
se determinar decomposição e presença de rochas argilosas.
Nesta análise visual inicial, distinguem-se os horizontes do solo, detectando-se
a translocação de argilas e matéria orgânica pela cor e consistência. Depois
recolhem-se amostras que serão analisadas para determinar a composição
em areia (grossa e fina), argila e silte. Essas partículas distinguem-se
primeiramente pelo tamanho, mas suas propriedades são diferentes, por
exemplo, as argilas adsorvem partículas.
Um solo possuí camadas horizontais de morfologia diferente entre si. Essas
camadas são chamadas de horizontes. Essas camadas, apesar de todos as
normas e técnicas, dependem para sua delimitação em campo estritamente
dos sentidos do pedólogo.
A soma destas camadas define o perfil do solo. Como a ação pedogenética, tal
como perturbação de seres vivos, infiltração de água, entre outros, é variável
ao perfil, é constante o desenvolvimento de alguns horizontes. Diz-se que
quanto mais distante da rocha mãe, mais intensa e/ou antiga foi a ação
pedogenética.
Esquema representando o perfil do solo.
Basicamente um perfil de solo apresenta os horizontes:
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 O - O horizonte orgânico do solo e bastante escuro


 H - Horizonte de constituição orgânica, superficial ou não, composto de
resíduos orgânicos acumulados ou em acumulação sob condições de
prolongada estagnação de água, salvo se artificialmente drenado.
 A - Horizonte superficial, com bastante interferência do clima e da
biomassa. É o horizonte de maior mistura mineral com húmus.
 E - Horizonte eluvial, ou seja, de exportação de material, geralmente
argilas e pequenos minerais. Por isso são geralmente mais claros que
demais horizontes.
 B - Horizonte de maior concentração de argilas, minerais oriundos de
horizontes superiores (e, às vezes, de solos adjacentes). É o solo com
coloração mais forte, agregação e desenvolvimento.
 C - Porção de mistura de solo pouco denso com rochas pouco alteradas
da rocha mãe. Equivale aproximadamente ao conceito de saprólito.
 R ou D - Rocha matriz não alterada. De difícil acesso em campo.
A textura do solo depende da proporção de areia, do silte (ou limo), ou argila na
sua composição.
Isso influencia na:
 taxa de infiltração da água
 armazenamento da água
 aeração
 facilidade de mecanização
 distribuição de determinados nutrientes (fertilidade do solo).
As percentagens de argila, silte e areia mudam bastante ao longo da extensão
de um terreno. A maneira em que esses diferentes tipos de grãos se distribuem
é de extrema importância na disseminação da água no solo. A textura modifica
o movimento da água.
No Brasil existe uma camada superficial que é arenosa e uma subsuperficial
argilosa o que resulta em uma diferença quanto à porosidade. A água acaba
penetrando mais facilmente na parte de cima e lentamente na camada inferior.
Isso facilita a erosão em função do relevo e cobertura vegetal ou prejudica o
desenvolvimento das raízes das plantas.
Como a cor é algo bastante subjetivo, geralmente em todo o mundo se utiliza
uma tabela de cor padrão, chamada de Münsell. Esta tabela consiste em
aproximadamente 170 cores arranjadas de formas diversas.
Achando a cor do solo nesta tabela, anota-se os três elementos básicos que
regem o sistema de cores Münsell
 Matriz (Hue) - A cor pura, descrita entre vermelho (R), amarelo (Y), etc...
 Valor (Value) - É o tom de cinza presente na cor ("claridade" da cor),
variando entre branco ( valor 10) ou preto (valor 0)
 Croma (Chroma) - proporção da mistura da cor fundamental com a
tonalidade de cinza. Variando também de 0 a 10.
A cor implica diversas considerações imediatas sobre o solo. Geralmente,
quanto mais escura, maior será o conteúdo de matéria orgânica. Já a presença
de óxidos de ferro dão tons avermelhados para os solos. Cromas menos que 2
ou 3 podem indicar processo de gleização no solo. A cor Preto-azulado pode
determinar magnésios.
As partículas da textura podem se encontrar agregadas (porém não como
rochas). A estrutura é então referente ao tamanho, forma e aspecto destes
agregados.
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Os agregados, por sua vez, têm diversos graus de adesão, podendo ser mais
friáveis (macios) ou mais brandos (duros). A resistência desses agregados é
conhecida como consistência, e, como depende da textura, porosidade e
outros fatores, é também testada em amostras
 secas - para se determinar a dureza ou tenacidade
 úmidas - para se determinar a friabilidade
 molhadas - plasticidade e pegajosidade.
Poros são os "vãos" dentro do solo. O maior fator de criação de tais poros é o
bioma compostos de insetos, minhocas, etc... Os poros ajudam a penetração
de água e sua permeabilidade, que, por sua vez, transporta material para
dentro do solo, dos horizontes mais superficiais para os mais profundos.
São dois grupos de poros, com um intermediário:de acordo com o diâmetro dos
poros
 macroporos - geralmente maiores de 0,075mm. Esses poros perdem
sua água após 48h de secagem natural e são os que mais determinam a
permeabilidade e aeração do solo.
 mesoporos - intermediário entre macroporos e microporos (entre
0,030mm e 0,075mm).

O SOLO

O solo é um sistema dinâmico e complexo. Constitui o substrato que abriga


diversas formas de vida, ocasionadas por um processo gradual de evolução
que acompanha as transformações geo-ambientais. Tais modificações
processam-se por mecanismos naturais de intemperismo físico e químico,
desencadeadas há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, com o surgimento
do planeta Terra.
Esses fatores que produzem as alterações na superfície da crosta terrestre são
chamados de agentes de meteorização, responsáveis pela desintegração e
decomposição das rochas submetidas ao transporte, sedimentação e
compactação de partículas que compõem o perfil de horizonte do solo. Cada
nível estratigráfico possui características distintas, diferenciando-se por
aspectos dimensionais e estruturais através do padrão granulométrico,
composição mineralógica, hidratação e coesão, conferida por substâncias
húmicas provenientes de restos de vegetais e animais (Figura 1). Essa
harmonia vigorou até o surgimento dos humanos modernos, principiando a
progressiva exploração dos recursos naturais em detrimento da manutenção do
equilíbrio ambiental.
Tal comportamento pode ser observado por meio da mudança do hábito
nômade pelo sedentário, que desenvolve um sistema de produção primitiva,
com mecanismos e técnicas que atendam às necessidades de consumo dos
grupos, em progressiva densidade demográfica. O aumento da população ao
longo da História exigiu áreas cada vez maiores para a produção de alimentos
e técnicas de cultivo que aumentassem a produtividade da terra. Hoje, vemos
que quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de
alterações provocadas no meio, em especial no solo, fonte de matéria prima.
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A falta de preocupação com o solo ocorre principalmente devido a conceitos e


pontos de vista diversos em relação a esse importante produto da natureza.
Para o engenheiro de minas, por exemplo, o solo é o detrito que cobre as
rochas ou minerais a serem explorados.
Para o engenheiro rodoviário, pode ser o material em que vai ser locado o leito
da estrada. O proprietário comum de uma casa emite conceitos sobre solos. O
conceito é favorável quando diz “o terreno é bom e poroso ou de boa textura”.
O ponto de vista é o oposto quando o terreno está associado em “argila pura”,
que resiste à preparação de uma boa sementeira para ajardinamento.
O construtor pode se dar conta das variações do solo, especialmente daquelas
relacionadas com a sua viscosidade ou tendência de aderir às solas dos
sapatos e eventualmente aos tapetes. Como requisito básico para maior
conhecimento sobre o solo, deve-se ter noção do que ele representa,
abrangendo essa noção dos pontos de vista do engenheiro e do proprietário,
por exemplo.
Ao desenvolver essa conceituação, deve-se levar em consideração as
descobertas práticas e científicas do passado.

GÊNESE DOS SOLOS

A o longo da história da humanidade, o homem sempre conviveu intimamente


com o solo. Inicialmente, colhendo da terra seus produtos através do
extrativismo e, com o passar dos tempos, aprendendo a cultivá-lo, cada vez
mais racionalmente, para a produção de bens de consumo; a utilizá-lo como
matéria-prima na fabricação de cerâmica e vidraria e como material de
construção e substrato para obras de engenharia civil e sanitária.
Sua identificação, seja no passado ou agora, segue o processo lógico de
ordenamento das ideias, buscando a organização do entendimento sobre os
solos, no contexto do acervo de conhecimentos até então disponível. Assim, o
processo compreende comparação das suas aparências (morfologia) e/ou de
seus atributos não-aparentes, diante dos conceitos estabelecidos pela mente
do homem com o intuito de rememorar suas características, de perceber as
relevantes relações entre atributos e comportamentos e visualizar afinidades e
diferenças entre solos.
É claro que o conceito que se tem de algo complexo como o solo reflete o
conhecimento acumulado no transcorrer do tempo. Ele é, portanto, dinâmico.
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Por exemplo: parte da antiga “terra vermelha de cultura de primeira”, assim


denominados alguns solos, passou a ser chamada de “terra roxa legítima”, e
depois de “latossolo roxo eutrófico”. A conceituação elaborada na mente do
homem, para cada um desses tipos de solo, sofreu sucessivas modificações
para se ajustar ao conhecimento atual. Sua correta identificação requer, com
frequência, muita experiência, conhecimentos específicos e, eventualmente,
até análises sofisticadas que exigem técnicas e laboratórios especializados.
Contudo, ainda existe muita falta de conhecimento científico sobre nossos
solos e de um entendimento mais perfeito sobre o que de essencial existe de
distinção entre seus vários tipos. Isso tem dificultado a elaboração de uma
taxonomia brasileira hierárquica que, abrangendo os solos conhecidos,
possibilite identificá-los segundo classes gerais, em níveis mais elevados, até
repartições segundo tipos mais específicos, bem discriminados e homogêneos.
Hoje, todos os solos brasileiros conhecidos estão agrupados de acordo com
EMBRAPA (1999). Estudaremos essa classificação na Aula 9 desta disciplina,
Propriedades dos solos – características químicas e mineralógicas.

INTEMPERISMO E COMPOSIÇÃO DOS SOLOS


Os processos intempéricos são a quebra das rochas, e o seu deslocamento é
dado pela erosão. Com isso, todos os produtos do intemperismo podem vir a
formar os solos.

Intemperismo

O intemperismo é o conjunto de modificações de ordens física (desagregação)


e química (decomposição) que as rochas sofrem ao afl orarem na superfície da
Terra.
Os produtos do intemperismo (rocha alterada e solo) estão sujeitos a outros
processos, como erosão/transporte e sedimentação, os quais acabam levando
à denudação continental, com o consequente aplainamento. Os fatores que
controlam a ação do intemperismo são: a) clima – que se expressa na variação
sazonal da temperatura e na distribuição das chuvas; b) relevo – que influência
no regime de infiltração e drenagem das águas pluviais; c) flora e a fauna – que
fornecem matéria orgânica (M.O.) para reações químicas e remobilizam
materiais; d) rocha – que, segundo sua natureza, apresenta resistência
diferenciada aos processos de alteração intempérica; e) tempo – que a rocha
fica exposta aos agentes intempéricos.

TIPOS DE INTEMPERISMO

Os processos intempéricos atuam através de mecanismos modificadores das


propriedades físicas dos minerais e rochas (morfologia, resistência, textura
etc.) e de suas características químicas (composição química e estrutura
cristalina). Em função dos mecanismos predominantes de atuação, são
normalmente classificados em intemperismo físico ou intemperismo químico.

Observação – Quando a ação (física ou bioquímica) de organismos vivos ou


da M.O. provenientes de sua decomposição participa do processo, o
intemperismo é chamado de físico-biológico ou químico-biológico.
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a) Intemperismo Físico – São todos os processos que causam desagregação


das rochas, com separação dos grãos-minerais, antes coesos, e com sua
fragmentação, transformando a rocha inalterada em material descontínuo e
friável.
Exemplos de Intemperismos Físicos:
 variação de temperatura ao longo dos dias e noites;
 mudança cíclica de umidade. Por exemplo: desertos;
 congelamento da água nas fissuras das rochas;
 cristalização de sais nas fissuras das rochas;
 alívio de pressão dos corpos rochosos quando ascendem a níveis crustais
mais superficiais;
 crescimento de raízes em suas fissuras.

b) Intemperismo Químico – Todos os processos que causam decomposição


das rochas, sendo a água da chuva o principal agente desse tipo de
intemperismo. As reações do intemperismo químico podem ser representadas
pela seguinte equação genética:
Mineral I + solução de alteração => Mineral II + solução de lixiviação
Essas reações estão sujeitas às leis do equilíbrio químico e às oscilações das
condições ambientais.
Na maior parte dos ambientes da superfície da Terra, as águas percolantes
têm pH entre 5 e 9. Nesses ambientes, as principais reações do intemperismo
são:
 hidratação;
 dissolução;
 hidrólise;
 oxidação.

Observação – Quando o pH das águas for inferior a 5, ao invés da hidrólise, a


reação predominante é a acidólise.

FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS

Todos os solos existentes na paisagem refletem sua história. Desde o primeiro


instante de sua gênese até o presente, fenômenos físicos e químicos
diferenciados ocorreram no material que lhes deu origem, motivando
progressivas transformações que se refletem na sua morfologia e nos seus
atributos físicos, químicos e mineralógicos, identificando-os. Cinco são os
fatores de formação dos solos que motivam direta ou indiretamente as
manifestações mais ou menos agressivas daqueles fenômenos: relevo, clima,
organismos, tempo e material de origem. O relevo na formação dos solos A
ação do relevo reflete diretamente sobre a dinâmica da água, tanto no sentido
vertical (infiltração) como lateral (escorrimentos superficiais – enxurradas – e
dentro do perfil); e indiretamente sobre o clima dos solos (temperatura e
umidade), através da incidência diferenciada da radiação solar, do decréscimo
da temperatura com o aumento das altitudes, e sobre os seres vivos – os tipos
de vegetação natural importantes na formação dos solos. A água que cai sobre
um terreno e não evapora tem apenas dois caminhos: ou penetra no solo ou
escorre pela superfície. Geralmente, segue concomitantemente ambos os
caminhos, com maior ou menor participação de um ou outro, dependendo das
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condições do relevo (declividade e comprimento da vertente); da cobertura


vegetal; e de fatores intrínsecos do solo. Em terrenos declivosos, a quantidade
de água que penetra no solo é, em igualdade de incidência de precipitação
pluvial, normalmente menor que nos menos inclinados. Na coexistência de
ambas as situações, compartilhando uma porção da paisagem, as áreas
menos declivosas recebem o acréscimo de água do escoamento superficial e
subsuperficial proveniente das áreas mais altas. Os solos de relevo íngreme
são submetidos ao rejuvenescimento, através dos processos erosivos naturais
e, em geral, apresentam clima mais seco do que aqueles de relevo mais
suaves. Os solos rasos e pouco profundos das vertentes declivosas são
naturalmente co-habitados por matas mais secas do que as dos terrenos
contíguos menos íngremes. Disso resultam solos menos profundos e evoluídos
do que os situados em condições de relevo mais suave, onde as condições
hídricas determinam ambiente úmido mais duradouro.

O CLIMA NA FORMAÇÃO DOS SOLOS


O clima constitui um dos mais ativos e importantes fatores de formação do
solo. De seus elementos, destacam-se, em nosso país, pela ação direta na
pedogênese:
 a temperatura;
 a precipitação pluvial;
 a deficiência e o excedente hídrico. A latitude influi diretamente nos regimes
térmicos regionais. É muito importante no desenvolvimento dos solos, pois a
velocidade das reações químicas que neles se processam é (+) e diretamente
proporcional ao aumento da temperatura. Além da temperatura, a quantidade
de água de chuva que atinja a superfície, nela penetre, seja mantida ou
percole, é fator igualmente importante no processo de formação do solo.
Regiões com farta disponibilidade de água excedente apresentam,
normalmente, solos mais evoluídos do que regiões secas. O enorme volume de
água que percola através dos solos nas regiões úmidas promove a hidratação
de constituintes e favorece a remoção dos cátions liberados dos minerais pela
hidrólise, acelerando as transformações de constituintes e, consequentemente,
o processo evolutivo do solo. Da conjugação de variados regimes de
temperatura e umidade, resulta essencialmente a ocorrência de climas distintos
ao longo do território brasileiro e, por conseguinte, de ações formadoras de
solo também diferenciadas. Entre os baixos platôs amazônicos quentes e
úmidos, o sertão nordestino quente e semiárido e os planaltos sulinos frios e
úmidos, há diferenças apreciáveis no que concerne à formação de solos, em
consequência das disparidades de condições pedoclimáticas.

OS ORGANISMOS NA FORMAÇÃO DOS SOLOS

Os organismos – microflora e macroflora, microfauna e macrofauna – pelas


suas manifestações de vida, quer na superfície quer no interior dos solos,
atuam como agentes de sua formação. O homem também faz parte desse
contexto, pois, pela sua atuação, pode modificar intensamente as condições
originais do solo. Dos organismos, sobressai por sua intensa e mais evidente
ação como fator pedogenético a macrofauna. Qual a importância da cobertura
vegetal para o solo? A cobertura vegetal tem uma ação passiva como agente
atenuante do clima; porém, é como agente ativo na formação do solo que ela
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se destaca. Sua ação protetora depende de sua estrutura e tipo. Por exemplo:
na Amazônia, a cobertura vegetal é eficaz (protege o solo contra a ação das
chuvas). Na região de caatinga semiárida do nordeste, o efeito protetor é pouco
efetivo na proteção do solo, resultando em acentuadas enxurradas de forte
poder erosivo. O anteparo da cobertura vegetal exerce efeito atenuador na
temperatura da parte mais superficial dos solos, repercutindo na diminuição da
evapotranspiração. A ação pedológica passiva da cobertura vegetal
desempenha ainda outras funções protetoras, intervindo na fixação de
materiais sólidos, como nas dunas ou nas planícies aluviais.
A vegetação tem participação ativa nos processos de TC no material do solo,
pela ação do contato direto das raízes com as superfícies coloidais além da
relevante participação no estoque de nutrientes do sistema, os quais retornam
aos solos devolvidos pelos resíduos vegetais. A ação mais importante da
cobertura vegetal ocorre nos fenômenos de adição, tanto na superfície, através
dos resíduos vegetais aí depositados, como no interior do solo, mediante restos
que se decompõem. A macrofauna tem importância como agente
homogeneizador dos solos. Nessa situação em particular, são muito citados os
efeitos dos cupins, das formigas, dos tatus e de muitos roedores que cavam
buracos. As minhocas, abrindo galerias, melhoram a aeração dos solos. Os
micróbios, por sua vez, têm ação marcante na decomposição dos compostos
orgânicos, na fixação de nitrogênio e em processos de oxidação e/ou redução.
E o homem? Constitui um elemento perturbador da constituição e arranjo das
camadas dos solos, através das modificações que imprime na paisagem,
como:
 desmatamento,
 reflorestamento,
 abertura de estradas,
 aplainamento,
 escavações, ou através de alterações que realiza diretamente no solo, como:
 aplicação de corretivos e fertilizantes,
 arações,
 irrigação,
 drenagem e deposição de restos da sua fauna diária.

CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Os solos são recursos naturais que se formaram depois de milhões de anos em


constituição, resultantes da decomposição das rochas por ações do
intemperismo. Podem ser classificados conforme a origem e conforme a
influência da vegetação e do relevo.
Classificação quanto à origem:
Quanto à origem, os solos são classificados em eluviais e aluviais.
1. Eluviais: quando os solos se formam por rochas encontradas no mesmo
local da formação, ou seja, quando a rocha que se decompôs e se alterou para
a formação do solo se encontra no mesmo local do solo;
2. Aluviais: quando os solos foram formados por rochas localizadas em outros
lugares e que graças à ação das águas e dos ventos os sedimentos foram
transportados para outro local.

Classificação quanto à influência externa


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Quanto à influência externa, existe outra forma de classificação dos solos,


também chamada de classificação zonal, que divide os solos em zonais,
intrazonais e azonais:
1. Zonais: os solos zonais são caracterizados por serem maduros, bem
delineados e profundos. São subdivididos em latossolos, podzóis, solos de
pradaria e desérticos.
1.1. Latossolos: São solos pouco férteis, presentes geralmente em climas
quentes e úmidos, com profundidades superiores a 2m;
1.2. Podzóis: São solos férteis, graças à acumulação de minérios, húmus e
matéria orgânica, são próprios de climas frios e temperados;
1.3. Solos de pradarias: São ricos em cálcio e matérias orgânicas, por isso,
são extremamente férteis. Estão presentes em regiões subúmidas de clima
temperados;
1.4. Desérticos: Solos caracterizados por serem pouco profundos e pouco
férteis. Próprio de regiões desérticas.
2. Intrazonais: são solos bem desenvolvidos, além de serem bastante
influenciados pelo local e pelos fatores externos. Dividem-se em solos salinos e
solos hidromórficos.
2.1. Solos Salinos: também chamados de halomórficos, caracterizam-se pelo
alto índice de sais solúveis, próprios de regiões áridas e próximas ao mar.
Possui uma baixa fertilidade;
2.2. Solos hidromórficos: por serem localizados próximos a rios e lagos,
apresentam grande umidade. Sua fertilidade depende do índice de umidade,
quanto mais úmidos, menos férteis.
3. Azonais: solos pouco desenvolvidos e muito rasos. Dividem-se em solos
aluviais e litossolos.
3.1. Solos aluviais: presentes em áreas de formação recente em planícies
úmidas. Quando os seus sedimentos são transportados, formam um solo de
coloração amarela, denominado loess.
3.2 Litossolos: presentes em locais com declives acentuados, costumam estar
posicionados diretamente sobre a rocha formadora. São solos inférteis.

MICROBIOLOGIA E BIOLOGIA DOS SOLOS

A Microbiologia Do Solo
Toda vida terrestre baseia-se no fato de que a planta verde é capaz de
formar açúcares, amidos, proteínas e gorduras a partir de água, gás carbônico
e minerais em presença de luz. Essas substância servem de alimentos aos
animais e ao homem. Mas se não houvesse a destruição posterior dessas
sustâncias vegetais e animais, montes de plantas e animais mortos cobririam a
Terra e atulhariam os mares, terminando com toda a possibilidade da vida
continuar.
Para que o que está morto seja removido e o mundo permaneça tão limpo
como no primeiro dia, existem os microrganismos que decompõem as
substâncias orgânicas em seus componentes básicos: água, gás carbônico e
minerais. Somente a energia não volta mais a ser luz, mas perde-se no espaço
em forma de calor.
Os microrganismos existem em quantidades incrivelmente grandes. Em
uma colher de chá de terra encontraremos de 100 a 200 milhões de micróbios.
Perfazem somente 0,05% do solo e pesam aproximadamente 1,6 t/ha a 5,7
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t/ha, considerando-se um total de 3000 t de terra agrícola por hectare.


Compensam seu tamanho não somente pelo número, mas principalmente pela
rapidez de sua reprodução. Levam de 30 minutos a 2 horas para criar uma
nova geração, de modo que em um dia podem gerar de 12 a 48 gerações, o
que equivale em termos humanos, a 3 a 12 séculos. A velocidade de
multiplicação depende, em parte, da espécie, mas principalmente das
condições do meio em que vivem.
Quando encontram um meio adequado, com os alimentos que lhe agradam,
os esporos ou as células, trazidos pelo vento, começam a proliferar. Excretam
enzimas e digerem seu alimento fora da célula. Somente quando as
substâncias foram digeridas e dissolvidas, podem absorvê-las através da
membrana finíssima que os separa do meio ambiente. A maioria das bactéria
possui somente uma, no máximo três, enzimas. Fungos e actinomicetos podem
possuir mais. Por isso, as bactérias são forçadas a trabalhar em equipe, como
os operários numa linha de montagem. Com cada enzima consegue-se
catalisar somente um único processo bioquímico de decomposição, e que
consiste em juntar um íon de oxigênio(oxidação) ou subtrair um íon de
hidrogênio da ligação de duas moléculas orgânicas. Toda decomposição é uma
sequência de oxidações e reduções de uma substância orgânica em água e
gás carbônico.
Como os microrganismos necessitam digerir sua alimentação fora de seu
"corpo", para poder absorvê-la excretam suas enzimas no solo. Mesmo a
fixação de azoto atmosférico é somente um recurso para absorver nitrogênio
necessários à decomposição de álcoois e ácidos orgânicos e a formação
temporária de proteína celular. Portanto o solo esta cheio de cheio de enzimas
como catalases, ureases, celubiases, peptases, etc., que oxidam e hidrolisam a
matéria orgânica em toda as suas formas, a fim de prepará-la como alimento
para esta ou aquela espécies de micro seres. Falamos pois do "potencial
enzimático" do solo como expressão de sua atividade microrgânica, o que é
muito mais correto do que a contagem de germes, uma vez que em meio
nutritivo nasce tudo, mesmo os germes inativos do solo.
Não somente as plantas podem aproveitar os produtos intermediários da
decomposição, mas, igualmente, outros microrganismos competem por eles.
Assim os microseres defendem seu alimento e seu espaço vital por meio de
toxinas, os tão conhecidos antibióticos. Estes antibióticos são tóxicos para
determinados organismos, isto é, para os que possuem hábitos alimentares
parecidos. Para outros são inofensivos e podem até ser utilizados como
alimento. Há organismos que podem inativar os antibióticos por meio de suas
substâncias "desintoxicantes", que provavelmente os oxidam e com isso os
desdobram em substâncias inofensivas. E, para que as bactérias de
mantenham ativa, existem as amebas que as "pastam". Porém devoram
somente as velhas, fracas e doentes, cuja atividade enzimática diminuiu.
Azotobacter is Gram negative bactéria.
Como somente uma finíssima película separa o microrganismo do meio
ambiente, e muitos processos vitais ocorrem fora de seu "corpo'' as
substâncias excretadas no solo exercem influencia muito forte sobre outros
microrganismo ali existentes. Assim eles podem beneficiar-se
mutuamente(sinergismo)como, por exemplo, a ameba Colpodia steinii e a
bactéria Arthrobacter, ou o fixador de nitrogênio atmosférico Azotobacter
chroococcum. Eles podem ser indiferentes uns aos outros, ou podem ser
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seriamente prejudicados pela presença de outros(antagonismo)como o


Azotobacter pela presença de fungos da espécie Penicillium. Mas, o
Azotobacter , por sua vez ativa o Bac. megatherium e suprime o fungo
Aspergillus niger.
A quantidade de enzimas no solo seria incontrolável se não existisse um
equilíbrio delicado entre elas e a fase coloidal do solo, podendo os colóides ser
tanto de origem mineral.(argila) ou orgânica.(húmus).

O MANEJO ECOLÓGICO DO SOLO

O colóide pode absorver a enzima, ativando-a ou inativando-a através dos


íons absorvidos em sua superfície. Sabemos que íons metálicos se ligam como
constituintes ou ativadores aos grupos prostéticos da enzima, sendo que
enzima alguma pode reagir sem um íon metálico que lhe seja específico.
Muitas toxina e muitas enzimas podem ser tiradas de circulação, simplesmente
através da absorção do complexo coloidal. As enzimas necessitam não
somente de uma temperatura específica à sua atividade, que para a maioria
das bactérias do solo se situa entre 25° e 32°.C, mas dependem especialmente
de uma faixa muito estreita de pH ótimo em que atinge a maior velocidade de
reação. Fora destes pH os processos químicos ocorrem muito lentamente.
Portanto podem existir as bactérias e as enzimas no solo, mas se o pH for
inadequado, são praticamente inativas.

Curva do efeito do pH na atividade enzimática.

A maneira mais fácil de influir sobre os microrganismos do solo é através


da modificação do pH, que se consegue pela calagem, adubação mineral e
adubação orgânica. Mas modifica-se a microflora igualmente pela modificação
das excreções radiculares (adubação e rotação de culturas) que tanto influem
de modo direto sobre as bactérias, como de modo indireto por modificarem as
excreções no solo e com isso o substrato 'receptor' das enzimas.

BIOLOGIA DO SOLO

A atividade biológica do solo é uma denominação genérica para a ação dos


organismos vivos do solo, tanto animais quanto vegetais. Esses organismos
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têm forte influência na gênese e manutenção da organização dos constituintes


do solo, principalmente nos horizontes superficiais.
As comunidades de organismos micro e macroscópicos que habitam o solo,
realizam atividades imprescindíveis para a manutenção e sobrevivência das
comunidades vegetais e animais. No solo as principais atividades dos
organismos são, a decomposição da matéria orgânica, produção de húmus,
ciclagem de nutrientes e energia, fixação de nitrogênio atmosférico, produção
de compostos complexos que causam agregação do solo, decomposição de
xenobióticos e controle biológico de pragas e doenças, proporcionando assim,
condições ideais para uma biodiversidade extremamente elevada.
Com base em seu tamanho, a biota do solo pode ser dividida em micro, meso e
macroorganismos, tanto de fauna e flora. A densidade de todos os grupos de
organismos varia em função de características edáficas e climáticas
específicas de cada ambiente. As bactérias representam o grupo mais
numeroso. Os fungos, bactérias e minhocas são aqueles que geralmente
apresentam maior biomassa. Em termos de biomassa os organismos do solo
podem exercer mais de 10 toneladas por hectare, quantidade esta equivalente
ou até maior que as melhores produções de certas culturas agrícolas.
A atividade biológica do solo é uma denominação genérica para a ação dos
organismos vivos do solo, tanto animais quanto vegetais. Esses organismos
têm forte influência na gênese e manutenção da organização dos constituintes
do solo, principalmente nos horizontes superficiais. As raízes das plantas, por
exemplo, alteram o pH do solo ao seu redor e, ao morrer e se decompor,
deixam canais. Formigas, cupins e minhocas manipulam, ingerem e excretam
material de solo formando microagregados e construindo poros.
Os microorganismos são as bactérias, fungos e algas. A microfauna são
protozoários, rotíferos, nematóides. A mesofauna são os ácaros, Collembolas,
enquitríqueos. A macrofauna é representada por minhocas, cupins, formigas,
coleópteros, arachnídeos, miriápodos, entre outros.
Os principais fatores que afetam os microorganismos do solo são: substratos e
fontes de energia, fatores de crescimento, nutrientes minerais, composição e
força iônica da solução do solo, pH, composição e pressão atmosférica,
umidade, potencial redox, temperatura e radiação solar, profundidade e
cobertura vegetal, interações entre organismos e impactos antropogênicos.
A diversidade biológica é definida como a variabilidade entre os organismos
vivos. Os organismos edáficos apresentam alta diversidade metabólica e
fisiológica o que os torna extremamente versáteis para ocupação dos diversos
nichos ecológicos. Dependendo da fonte de carbono utilizada (CO2 ou
substâncias orgânicas), da fonte de energia (luminosa ou química) e fonte de
elétrons (inorgânica, orgânica ou água), os organismos são classificados em:
Autotróficos e heterotróficos, respectivamente organismos que assimilam
carbono de fontes inorgânicas ou orgânicas;
Fototróficos e quimiotróficos respectivamente organismos que obtém energia
da luz solar ou, da oxidação de moléculas orgânicas ou inorgânicas;
Litotróficos e organotróficos, respectivamente organismos que derivam
equivalentes de materiais inorgânicos ou orgânicos.

OS ORGANISMOS DO SOLO PODEM SER:

BIÓFAGOS
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Organismos biófagos alimentam-se de seres vivos, constituindo uma das bases


do controle biológico - a predação. São classificados em:
Microbióvoros (que se alimentam de micróbios) tendo como exemplo amebas,
ácaros, nematóides.
Fungívoros (que se alimentam de fungos) tendo como exemplos ácaros,
nematóides.
Fitófagos (que se alimentam de plantas) tendo como exemplos insetos e, com
destaque, nematóides que são importantes parasitas vegetais e carnívoros
(nematóides, aranhas).

SAPRÓFAGOS

Organismos saprófagos alimentam-se de matéria orgânica morta. Também


podem ser chamados de onívoros, ou seja, que alimentam-se de tudo. Os
saprófagos formam a base da quimiorganotrofia, como já mencionado,
relacionada com a decomposição da matéria orgânica e podem ser
classificados em:
Detritívoros - se alimentam de detritos vegetais em vários estágios de
decomposição (vários tipos de organismos macro e microscópicos).
Cadaverícolas - se alimentam de carne podre/animais mortos (larvas de
insetos).
Coprófagos - se alimentam de excrementos (bactérias, fungos e pequenos
artrópodes).

SIMBIOTRÓFICOS

Organismos simbiotróficos se nutrem de substâncias oriundas da simbiose com


organismos vivos. As simbioses se dividem em mutualistas e parasíticas. No
primeiro caso, os dois organismos são beneficiados e no segundo um deles é
beneficiado e o outro prejudicado. Importantes organismos simbiotróficos são
os rizóbios e os fungos micorrízicos.
Microambiente do solo é uma situação físico-química na qual a célula,
populações ou comunidades microbianas em particular se encontram num
dado momento. Diversos fatores físicos e químicos atuam, simultaneamente
determinando as condições ambientais que não são estáticas, mais dinâmicas,
devido à interação dos diversos fatores. Para entender melhor a biologia do
solo é importante ressaltar alguns dogmas:
A comunidade reflete seu hábitat.
Um organismo se multiplica até que limitações bióticas ou abióticas sejam
impostas contrabalançando a taxa de crescimento.
Quanto maior a complexidade da comunidade biológica maior é sua
estabilidade.
Para qualquer mudança de um fator, um ótimo diferente passa a existir para
todos os outros fatores.
O equilíbrio biológico de um ecossistema é baseado nas seguintes premissas:
uma elevada complexidade biológica garante relações diversas, as quais
limitam a explosão populacional gerando assim, condições de equilíbrio
biológico do sistema. Uma comunidade em equilíbrio com seu ambiente sofre
menor efeito de fatores externos e está sob estado denominado tampão
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biológico. Por outro lado, solos com comunidade diversa de organismos são
mais resilientes, ou seja, se recuperam melhor dos estresses.
A presença de um microorganismo em determinado solo é função das
condições ambientais dominantes e dos limites da sua bagagem genética. O
sucesso de um organismo em qualquer habitat é função da extensão e rapidez
de suas respostas fisiológicas às condições ambientais extremas de salinidade,
temperatura, pressão e pH sendo, portanto, encontrados em quase todos os
ecossistemas terrestres, incluindo solos.
Os microorganismos, por sua vez, participam da gênese do hábitat onde vivem.
Nos estágios iniciais de formação do solo, carbono e nitrogênio são elementos
deficientes, deste modo, espécies fotossintéticas e fixadoras de nitrogênio
(cianobactérias, líquens) são importantes colonizadoras primárias de rochas.

FERTILIDADE DOS SOLOS.

Fertilidade Do Solo E Nutrientes: Conheça A Importância De Cada Um


Fertilidade é a capacidade do solo de ceder nutrientes para as plantas. A
fertilidade do solo pode ser dividida em quatro tipos:

a) Fertilidade Natural: É a fertilidade decorrente do processo de formação do


solo: material de origem + ambiente + organismos + tempo. Fertilidade de um
solo nunca trabalhado.

b) Fertilidade Atual: É a fertilidade do solo após a ação antrópica (do homem).


Fertilidade após práticas de manejo que visam fornecer nutrientes para as
culturas por meio de correção e adubação mineral ou orgânica.

c) Fertilidade Potencial: É a que pode se manifestar a partir de determinadas


condições. Nesse caso, alguma característica do solo pode estar limitando a
real capacidade do solo em ceder nutrientes para as plantas. Ex.: Solos ácidos.

d) Fertilidade Operacional: É a fertilidade estimada a partir da determinação


dos teores de nutrientes no solo por determinados extratores químicos. Nem
sempre a fertilidade operacional é exatamente a fertilidade natural ou a atual do
solo. Elas se correlacionam, mas podem não ser exatamente iguais.

Para que as plantas se desenvolvam normalmente, alguns fatores são


indispensáveis: temperatura, luz, ar, água, nutrientes, etc. Os nutrientes são
elementos químicos essenciais ao desenvolvimento das plantas. Carbono (C),
hidrogênio (H) e oxigênio (O) são elementos essenciais para as plantas,
constituindo 90 a 96 % dos tecidos vegetais. Entretanto, não são considerados
no estudo da fertilidade do solo, pois são, prioritariamente, fornecidos pelo ar e
pela água. Para a fertilidade do solo os nutrientes são classificados como:

a) Macronutrientes primários: nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).


b) Macronutrientes secundários: cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e enxofre (S).
c) Micronutrientes: boro (B), ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn), cobre
(Cu), molibdênio (Mo) e cloro (Cl).
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Os nutrientes absorvidos em grandes quantidades pelas culturas são


considerados macronutrientes. Aqueles absorvidos em menores quantidades,
são considerados micronutrientes. No entanto, todos são essenciais e a
deficiência de apenas um deles, pode prejudicar o desenvolvimento normal das
culturas e, consequentemente, sua produção.
A subdivisão entre macronutrientes primários e secundários é apenas uma
questão de marketing industrial, dado o advento das formulações N-P-K. Mas,
não há qualquer relação com a importância dos nutrientes, uma vez que todos
são essenciais e absorvidos em grandes quantidades.

MANEJO, USO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS.

Manejo Correto No Preparo Do Solo

Uma das formas de maior utilização da mecanização é no preparo do solo, que


tem como objetivo oferecer ambiente adequado para o crescimento e
desenvolvimento das plantas, permitindo produção econômica e evitando a
degradação do solo. É definido como a manipulação física, química ou
biológica do solo para otimizar as condições para a germinação e emergência
das sementes, assim como o estabelecimento das plântulas. A escolha de
determinado sistema de preparo deve levar em consideração as respostas da
cultura e do solo, visando diminuir perdas do solo por erosão, controle de
plantas invasoras, capacidade de retenção e movimentação de água e também
a recuperação física do solo.
O preparo periódico do solo diz respeito a diversas operações agrícolas de
mobilização do solo, realizadas antes da implantação periódica de culturas.
Esse tipo de preparo pode ser feito em 3 sistemas principais: - convencional
(aração, gradeações em toda a área a ser cultivada. É o tradicional); - cultivo
mínimo (as operações mecanizadas são realizadas, porém reduzidas ao
mínimo necessário); - plantio direto (onde a mobilização do terreno só ocorre
localizadamente, ou seja, apenas na fileira de semeadura). Desde os mais
remotos tempos, essas operações têm sido realizadas com a finalidade de
oferecer às sementes que serão colocadas no solo as condições que
teoricamente seriam as melhores para o seu desenvolvimento. Não se deve
esquecer, todavia, que as modernas técnicas de semeadura direta têm
demonstrado que, para determinadas condições de solo, clima e culturas, são
possíveis se obter uma produtividade tão boa ou, em alguns casos, até melhor
que com os métodos tradicionais de preparo do solo e semeadura.
De qualquer forma, o preparo periódico do solo continuará a ser feito para as
culturas ou condições onde não existe a possibilidade de utilização de técnicas
de semeadura direta.
O preparo do solo compreende um conjunto de técnicas que, quando usadas
racionalmente, podem permitir uma alta produtividade das culturas a baixo
custo. Irracionalmente utilizadas, as técnicas de preparo podem levar à
destruição do solo em poucos anos de uso intensivo ou conduzir à degradação
física, biológica ou química em forma paulatina, diminuindo, em maior ou
menor grau, seu potencial produtivo. A agricultura atual depende da tecnologia
disponível no mercado, para atingir bons resultados produtivos e econômicos.
Neste processo, a escolha dos implementos a serem utilizados é da maior
importância. Máquinas e implementos utilizados, na medida do possível, devem
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exigir o mínimo esforço, com máximo rendimento das operações. Isto é


influenciado pela escolha do equipamento apropriado, seu projeto, regulagem,
manutenção, trabalho dentro da faixa apropriada de umidade, velocidade
compatível com a operação e profundidade e largura de trabalho que otimizem
a operação.

Conceito De Erosão

Esta ligado aos processos de desgaste da superfície do terreno com a retirada


e o transporte de grãos minerais. Implica na relação de fragmentação mecânica
das rochas ou na decomposição química das mesmas, bem como na remoção
superficial ou subsuperficial dos produtos do intemperismo. Em sentido +
amplo, a erosão consiste no desgaste, no afrouxamento do material rochoso e
na remoção dos detritos através dos processos atuantes na superfície terrestre
(Bigarella, 2003).

Importância Degradação de solos agrícolas; Perda de produtividade dos solos


agrícolas; Assoreamento de cursos de água e reservatórios; Degradação da
qualidade da água.

Tipos de erosão: Quanto a origem: Geológica; Acelerada ou antrópica.


Quanto ao agente: Água; Vento; T°C; Biológica. Água: É o mais importante
agente de erosão atuando através das chuvas, riachos e rios pelo impacto ou
carreamento do solo. As ondas também atuam erodindo as margens de da
costa litorânea, de lagos e rios. Ventos: A ação dos ventos ocorre pela abrasão
de partículas de rochas e solo em suspensão. Mudanças de temperatura:
Quando considerado como agente de erosão geológica é perceptível somente
quando se considera longo período de tempo, como por exemplo, as fraturas
geradas nas rochas. Estas fraturas tendem a ser superficiais nas variações de
temperatura entre o dia e noite, enquanto são mais profundas quando
originadas das alternâncias entre o verão e inverno. Biológico: Alguma
destruição pode ser causada por organismos tais como liquens e musgos sobre
as rochas. A erosão hídrica é constitui uma das principais formas de
degradação dos recursos naturais solo e água, constituindo-se em uma grande
fonte de sedimentos de uma bacia hidrográfica. Os impactos gerados por este
processo ocorrem tanto na bacia onde os sedimentos são gerados, quanto na
rede de drenagem, onde os sedimentos são depositados. A ocorrência da
erosão implica em maiores custos de produção para o agricultor, pois os
nutrientes, aplicados ao solo na forma de fertilizantes, são transportados
adsorvidos no sedimento. Além disso, a camada superficial do solo,
considerada a mais fértil, é removida por meio da ação dos agentes erosivos,
ocorrendo uma redução nos teores de matéria orgânica do solo. A perda de
matéria orgânica, associada às perdas de nutrientes minerais e do próprio solo,
causam redução de sua capacidade produtiva, refletindo assim em diversas
conseqüências de ordem social e econômica para a comunidade local.

Formas De Erosão Hídrica

As formas de erosão hídrica mais comuns são a laminar, em sulcos e


voçorocas, todas definidas a partir da progressiva concentração de enxurrada
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na superfície. Erosão laminar: finas camadas de solo são removidas em toda


uma área, sendo a menos notada visualmente. Pode ser percebida a partir da
exposição de raízes de plantas perenes. Erosão em sulcos: resultante da
concentração da enxurrada em alguns pontos do terreno, atingindo volume e
velocidades suficientes para formar sulcos mais ou menos profundos. Na sua
fase inicial, os sulcos podem ser desfeitos com as operações normais de
preparo do solo, porém em estádio mais avançado, podem atingir
profundidades que interrompem o trabalho de máquinas. Erosão em voçorocas:
ocasionada por grandes concentrações de enxurrada que passam, ano após
ano, no mesmo sulco, o qual vai se ampliando pelo deslocamento de grandes
massas de solo, formando grandes cavidades em extensão e profundidade.
Fatores que afetam a erosão: Erosividade (capacidade da chuva); Erodibilidade
(vulnerabilidade do solo); Clima (quantidade e distribuição das chuvas); Relevo
(declividade, comprimento de rampa); Forma e natureza da vertente; Tipo de
solo; Tipo de cobertura vegetal; Propriedades químicas e físicas do solo; A
ação do homem, como uso e manejo da terra.

Uso Inadequado De Fertilizantes

A fertilização dos solos consiste no uso de adubos, geralmente minerais,


substituindose assim os elementos retirados pelas colheitas e levados para
longe. A agricultura moderna utiliza doses cada vez maiores de adubos
sintéticos em troca dos adubos tradicionais, como o esterco. A conseqüência é
a redução no teor de húmus e a degradação da estrutura do solo. Quando
utilizado sem excesso, ocorre verdadeiro desperdício de nitratos: alguns são
arrastados pelas chuvas e eutrofizam as águas; outros acumulam-se em
vegetais, como o espinafre, que no intestino humano é transformado em nitritos
tóxicos e em nitrosamidas cancerígenas. O excesso de adubos no solo
perturba a fisiologia dos vegetais, que acabam florescendo mal e produzindo
menos frutos e menos sementes. O excesso de fertilizantes perturba o ciclo do
nitrogênio na biosfera: o nitrogênio atmosférico, quando transformado em
nitratos pela indústria e lançado no solo, em grande quantidade, rompe o
equilíbrio natural entre fixação e desnitrificação, em benefício da
fixação.Mesmo a adubação natural com o uso de estercos, principalmente o de
pocilgas, tem gerado poluição. Os estercos são ricos em nitratos, fosfatos,
potássio, cálcio e magnésio, e, ainda, em cobre e zinco acrescentados à ração
alimentar. Em virtude desta riqueza não podem ser lançados ao solo em
grande quantidade, pois as plantas não podem absorver tudo o que recebem e
o solo acaba poluído.

Práticas Conservacionistas

- Plantio em curva de nível - Tirar o nível do terreno ou fazer a curva de


alinhamento de plantas: é uma linha que tem seus pontos na mesma altura, ou
seja, que quando você vai caminhando por essa curva você não sobe e nem
desce no terreno porque os pontos estão todos no mesmo nível. Por isso a
água em uma área de plantio que tem curvas de alinhamento de plantas não
corre para nenhum lado e sim vai infiltrar no solo. Por isso as curvas de
alinhamento de plantas, ou linha de nível do terreno, são inimigas da erosão e
boas amigas do/a agricultor/a. Para tirar o nível do terreno pode-se usar: - vara
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de bambu para determinar o espaço entre as ruas e depois pode usar uma
corda para definir o local por onde vai passar o nível do terreno. - cavalete com
nível de pedreiro para marcar a curva: trata-se de 3 réguas de madeira firme e
leve, sendo duas menores medindo 1,20m que serão os pés do aparelho e
uma maior medindo 2,0m com o nível de pedreiro encaixado no meio. As peças
devem ser encaixadas nas pontas podendo ser utilizados parafusos ou pregos
para firmar. Colocar dois pedaços de madeira entre os pés e a madeira onde
está o nível de pedreiro para firmar o aparelho. Assim basta ir colocando o
aparelho no solo, ao longo da lavoura e vendo se está nivelado ou não. Ao final
está tirado o nível do terreno naquela parte da lavoura.

Conservação do solo

na agricultura ou pecuária, é o conjunto de práticas aplicadas para promover o


uso sustentável do solo para o plantio. A erosão, a compactação e o aumento
da salinidade do solo são os maiores problemas relacionados ao manejo
inadequado e terão relação direta com a escassez de alimentos num futuro não
muito distante, resultando num profundo desequilíbrio do sistema produtivo, se
praticas corretas não forem adotadas. A população do mundo gira em torno 7
bilhões de habitantes, obrigando a humanidade a disponibilizar pelo menos 1
bilhão de hectares de área agricultável. As áreas com manejo inadequado
reduzem significativamente seu potencial de produção, por isso hoje trabalha-
se em virtude da renovação e aprimoramento das técnicas produtivas. Deve-se
observar que os recursos são limitados, não podendo ser desperdiçados.

Planejamento

O planejamento técnico e antecipado é importante para a conservação do


solo. É preciso ver todo o processo de produção, pois não adianta atacar
somente uma parte do problema. Deve-se considerar também
os custos econômicos envolvidos e os preços pagos pelo mercado, pois a falta
de retorno financeiro é um dos principais motivos de abandono das terras sem
cobertura vegetal.
Principais Técnicas de Conservação.

Análise do solo

Plantação de milho em Liechtenstein


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A agricultura deu um salto evolutivo quando descobriu um modo prático de


adubar as culturas com os produtos químicos necessários. No entanto hoje o
problema é o aumento da salinidade do solo provocado pelo excesso de
adubação. Uma análise prévia em laboratório especializado, das características
físico-químicas do solo em função das culturas permite a aplicação da
quantidade ótima de fertilizante, evitando o excesso.

Plantio em nível
Consiste em preparar o solo para plantio e plantar de acordo com o nível do
terreno.
A erosão reduz significativamente o potencial de produção. A água que escorre
leva consigo o potencial produtivo do solo. Evita-se o problema reduzindo-se a
velocidade de escoamento com a utilização de barreiras, curval de nível,
terraços e outros artifícios adequados, baseados em
levantamentos topográficos da área e projeto feito por pessoa competente.

Rotação de culturas

Cada tipo de cultura agrícola tem sua necessidade, e muitas vezes o que falta
para uma é o que sobra da outra. Assim um manejo adequado das cultura
resulta em menor necessidade de adubos e defensivos. Como regra geral, não
se deve repetir o gênero da planta em safras consecutivas.

Adubação verde

Consiste basicamente em plantar uma cultura que não aproveita


economicamente, apenas para manter o solo coberto e diminuir a erosão entre
os períodos de plantios comerciais, ou nas linhas de culturas permanentes.
Como normalmente se empregam culturas que aumentam a fertilidade do solo,
como as leguminosas, que fixam o nitrogênio diretamente do ar com a ajuda
de bactérias, o resultado é uma melhor produtividade no próximo plantio.
Existem também plantas que reduzem a compactação do solo com suas raízes
profundas.

Plantio direto

Entende-se por plantio direto o ato de revolver o mínimo possível o solo


durante o plantio, isso é, abrir apenas um sulco para a incorporação do adubo
e da semente, dispensando os processos convencionais de aração e gradagem
e mantendo os restos da cultura anterior sobre o solo. Utilizam-se plantadeiras
especiais com discos de corte para não se enroscarem com a vegetação. O
plantio direto promove o mínimo desgaste do solo e de sua atividade
microbiana. Uma das principais vantagens desse processo é que ele diminui
significativamente a compactação das camadas mais profundas do solo em
virtude da redução do uso de máquinas pesadas e da presença de cobertura
do solo sobre o terreno. Por conservar melhor a umidade e manter a
temperatura mais baixa ajuda a atividade microbiana do solo, o que se provou
benéfico às culturas, principalmente em regiões de clima mais tropical. Sua
principal desvantagem é um aumento inicial no uso de herbicidas para controle
de plantas invasoras. Por isso um competente acompanhamento por pessoa
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especializada é fundamental ao processo. As vantagens do plantio direto vão


se acumulando safra após safra, num processo cumulativo virtuoso.

Explorar sinergias

Várias atividades agrícolas são complementares, podendo gerar economia de


recursos se bem exploradas. Associar culturas anuais com pecuária ou criação
de aves ou suínos com produção de energia trazem benefícios a todos esses
processos.

CONSTITUIÇÃO E UTILIZAÇÃO DO TRATOR AGRÍCOLA.

Constituição Geral Dos Tratores Agrícolas

Os tratores agrícolas são constituídos de motor, sistema de transmissão,


sistema hidráulico e rodados. Todos esses componentes estão montados em
uma estrutura denominada chassi. O chassi é a estrutura geral do trator,
formada pela união de todos os seus órgãos constituintes e deve oferecer
resistência aos esforços de torção provenientes da tração. Os tratores
agrícolas podem ser montados em quatro tipos de estruturas de chassis:
1. Monobloco
2. Chassi propriamente dito
3. Semichassi
4. Chassi articulado Monobloco A estrutura monobloco é formada pela união
dos próprios componentes do trator (motor, transmissão, diferencial). Esses
componentes recebem diretamente os esforços de torção devido à tração
desenvolvida pelo trator. A vantagem deste tipo de chassi é a significante
redução nos custos de fabricação. A Figura 1 ilustra a estrutura de chassi em
monobloco.

Chassi Propriamente Dito

O chassi propriamente dito, normalmente equipa tratores acima de 90 cv. Este


tipo de estrutura foi desenvolvida com objetivo de não submeter a transmissão
e nem o motor do trator a esforços de torção devido a tração desenvolvida pelo
trator. A estrutura de chassi permite montar o motor sobre coxins de borracha,
facilita o acoplamento de equipamentos frontais e facilita na adequação de
pesos frontais. A Figura 2 ilustra a estrutura de chassi propriamente dito.
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Semichassi
A estrutura de semichassi é geralmente utilizada para montar tratores entre 180
e 350 cv. O objetivo deste conjunto é evitar que os esforços sejam diretamente
absorvidos pelo motor. O semichassi apresenta características de trator rígido,
fácil de fazer manobras e de adequar implementos. A Figura 3 ilustra a
estrutura de semichassi.

Chassi Articulado

Os tratores com o chassi articulado foram desenvolvidos com o objetivo de


conseguir aumentar a transferência de potência do trator para o solo. Com um
chassi articulado é possível o uso de pneus de maior diâmetro no eixo dianteiro
e com isso aumentar a capacidade de tração dos tratores. Contudo, este tipo
de chassi tem menor versatilidade para acoplamento de implementos e menor
facilidade de manobras. A Figura 4 ilustra a estrutura de chassi articulado.

MOTOR DO TRATOR

Os tratores agrícolas são projetados para executar diversos tipos de operações


com diferentes necessidades de potência. O motor de combustão interna é tipo
de motor que atende a essa característica e é a fonte de potência dos tratores
agrícolas. É na sua maioria do ciclo diesel (Figura 5). A potência do motor de
um trator pode ser utilizada para trabalhos agrícolas através de tomada de
potência, sistema hidráulico e barra de tração. Desses três meios a tomada de
potência é a mais eficiente. As perdas de potência entre o motor e a árvore da
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TDP são, praticamente, insignificantes quando comparadas com as perdas no


sistema hidráulico e na barra de tração.

BIODIESEL

O biodiesel pode substituir o óleo diesel em motores ciclo diesel de tratores


agrícolas. Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas
proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de
B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100. O
biodiesel é um combustível derivado de fontes renováveis. Pode ser produzido
a partir de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil
que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê, girassol, babaçu,
amendoim, manso e soja, dentre outras.

GLP – GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO

Marca Agrale, modelo 4.100GLP, lançado em 2006. Segundo a montadora, o


trator Agrale 4.100GLP (Figura 6) foi desenvolvido para ser utilizado nos
setores industrial e agrícola. Equipado com motor de 12 kw (16,2 cv) de
potência, possui direção hidrostática para facilitar a dirigibilidade e sistema de
abastecimento com as opções de botijão de 20 kg intercambiável ou
recarregável, autonomia média de 12 horas de trabalho, consumo de 1,62 kg.h
-1 .

SISTEMA DE TRANSMISSÃO

Composto por embreagem, caixa de marchas, diferencial e redução final


(Figura 6).

Figura 6. Componentes do sistema de transmissão. Caixa de marcha,


embreagem, diferencial e redução final.
Caixa de marchas
A caixa de marchas deve apresentar diversas velocidades para facilitar
regulagens em operações agrícolas que a velocidade do trator tem influência
na qualidade da operação.
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SISTEMA HIDRAÚLICO DO ENGATE DE 3 PONTOS

O engate de 3 pontos está localizado na parte traseira do trator (Figura 8).


Apresenta três pontos para acoplamento de máquinas e implementos ao trator:
barra esquerda, barra direita e um ponto central, denominado de 3º ponto. As
máquinas e implementos que são acopladas dessa maneira ao trator são
denominados: montadas ou de engate de três pontos.

RODADOS

Os tratores agrícolas podem apresentar rodados de pneus ou de esteiras. O


pneu é o tipo de rodado mais empregado. A Figura 9 ilustra linha de pneus
radiais da Goodyear para tratores agrícolas. Existem no mercado alguns
modelos de tratores agrícolas de rodado de esteiras de borracha (Figura 10). A
Caterpillar dispõe de seis modelos de grande porte do trator Tipo Número de
velocidades Marcha Km/h A1 2,3 A2 3,3 A3 4,5 Frente B1 5,4 B2 7,8 B3 10,6
C1 14,8 C2 21,1 C3 28,8 A -3,2 Ré B -7,4 C -20,4 Transmissão: Sincronizada
09 à frente e 03 à ré Pneu traseiro 18.4-30R1 - Motor a 2400 rpm 8
CHALLENGER com potência entre de 306 e 570 cv. A Yanmar dispõe de um
modelo de médio porte, T80 com potência de 79 hp.

CARACTERÍSTICAS DOS TRATORES AGRÍCOLAS

A norma NBR ISO4254-3 da Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT), indica parâmetros apropriados para serem atendidos durante o projeto
de tratores e fornece diretrizes relativas à prevenção de acidentes. Vão livre
vertical mínimo de 400 mm O vão livre é a distância entre a parte inferior do
chassi do trator e o solo (Figura 11). Deve apresentar um valor mínimo que
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permita o tráfego do trator nas entrelinhas da cultura para realizar tratos


culturais em estádios iniciais de desenvolvimento das culturas.

Presença Obrigatória De Barra De Tração Oscilante Removível

A barra de tração (Figura 12) é o tipo de acoplamento por ‘um ponto’. Deve ser
oscilante e removível para facilitar o acoplamento e regulagens. As máquinas e
implementos que são acopladas a barra de tração do trator são denominadas
máquinas de arrasto.

Controle Remoto Opcional

O controle remoto é uma tomada de fluxo de óleo sob pressão que permite
movimentar partes de máquinas acopladas ao trator. O controle está localizado
no trator, sendo o óleo conduzido através de mangueiras, sob pressão, até um
cilindro hidráulico localizado na máquina.

Presença Obrigatória De Tomada De Potência

A tomada de potência (TDP) é um eixo estriado localizado na parte traseira do


trator acima da barra de tração (Figura 13). É também denominada de tomada
de força (TDF) e PTO (power take off). A tomada de potência apresenta
rotação padronizada podendo ser de 540 ou 1000 rpm.

Capacidade De Giro Rápida E Curta

A capacidade de um trator realizar manobras em locais restritos é expressa


pelo seu raio de giro.
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Eixos Dianteiros E Traseiros De Bitolas Reguláveis


A bitola de tratores agrícolas é a distância entre o centro das rodas (Figura 14).
Um mesmo trator apresenta diversas bitolas para possibilitar o tráfego nas
entrelinhas da cultura e adequar o trator para o acoplamento de máquinas e
implementos.

Instrumentos De Fácil Leitura Com Presença De Tacômetro E Horímetro

O tacômetro indica a rotação de trabalho do motor e o horímetro as horas


trabalhadas para controle das manutenções. A Figura 15 ilustra os
componentes básicos do painel de um trator agrícola.

Assento Com Regulagens E Cinto De Segurança

O assento dos tratores deve apresentar regulagens para permitir ajustes dos
controles ao operador e cinto de segurança para proteger o operador em caso
de acidentes (Figura 16).

Presença De Estribos E Alças

As alças e os estribos são necessários para facilitar a subida e descida do


operador evitando acidentes (Figura 17).
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Os tratores agrícolas de modo geral devem possibilitar condições de atender as


necessidades de potência para aplicações freqüentes na atividade agrícola
(Figura 18), tais como: trabalhos com a TDP, transporte de produtos, preparo
do solo, plantio e pulverização.

PATINAMENTO, DISTRIBUIÇÃO DE PESO, REGULAGEM DE MÁQUINAS E


IMPLEMENTOS, CAPACIDADE OPERACIONAL, MANUTENÇÃO DE
TRATORES E MÁQUINAS AGRÍCOLAS

Para maior rendimento; lastro para reduzir o patinamento. Peso Aderente : É o


peso que está aplicado sobre o rodado de tração, útil para o tipo de trabalho.
No 4X2 apenas 1 parte é considerada aderente. No TDA todo o peso é
aderente. (Daí a maior eficiência em tração)
Pad = Pe – T . aBT/de
–Pad = peso aderente dinâmico, kN –Pe = peso estático, kN
–T = Força de tração desenvolvida, kN
–aBT = altura da barra de tração, m
–de = distância entre eixos, m
Patinamento zero: Pode ocorrer com muito lastro ou muito pouco esforço de
tração. Muito lastro, não é eficiente, o trator gasta muita energia para vencer
seu próprio peso e a resistência ao rolamento. Pouco peso, patina demais.
Coeficiente dinâmico de tração: Parâmetro que pode diferenciar um trator em
função da sua capacidade de realizar tração.
–M= coef. Dinâmico da tração –T = Força de tração executada, kN
–Pa = peso aderente, kN
M= 80 % teremos ótima aderência; M= 60 % são valores aceitáveis para
terreno agrícola. M= 60% significa que o trator está tracionando uma força
demandada por 1 implemento que é 60% do seu peso.
Resistência ao Rolamento:
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e que provoca uma transferência de peso no trator


Quanto mais macio o solo , mais a roda penetra e > a resistência ao rolamento
aumentando a dimensão do x. X = deslocamento do ponto de aplicação da
força vertical de reação do solo. O peso é aplicado no centro da roda mas a
reação do solo aparece mais adiantada quanto mais penetra a roda no solo.
Surge um momento de força Mx = Fy.x . Momento de força resistente ao
rolamento,
Patinamento das Rodas: Para determiná-lo à campo precisamos: O local deve
ser representativo da área onde se quer determinar a patinagem; Selecionar as
marchas em que se quer determinar o patinamento. Com base no número de
voltas da roda motriz.. marcar com giz ou tinta o pneu. Percorrer uma distância
em que a roda gire 10 voltas. (trator sem esforço de tração). Medir a distância
percorrida (“distância medida em vazio”).
Percorrer o mesmo trajeto, com o trator em condições de trabalho (com carga)
dando 10 voltas na roda (implemento trabalhando). Medir a distância percorrida
(“distância medida com carga”). Realizar o cálculo do patinamento a seguir….
P (%) = do – d1 x 100 do
P(%) = Patinamento do = distância medida em vazio (m) d1 = distância medida
em carga (m)
Com base numa distância fixa.: Marcar o pneu com 4 marcas (mínimo) a
distâncias iguais. Percorrer com o trator uma distância pré-determinada (50m)
e contar o número de voltas e fração.(sem carga). Percorrer novamente,
trabalhando e contando as voltas. Realizar o cálculo a seguir… P (%) = ro – r1
x 100 ro
P(%) = Patinamento ro = rotações da roda sem carga r1 = rotações da roda
com carga
Outra maneira de se determinar o patinamento é através dos medidores
eletrônicos, sensores colocados nos tratores que determinam a cada instante o
grau do patinamento e podem automaticamente ligar e desligar a tração
dianteira auxiliar, etc…
Um trator para ser viável deve: – atender ao maior número de serviços
– ser usado no limite de sua capacidade.
– usar ou ter, todos os implementos necessários (ampliam a sua utilização,
minimizando os custos)
– em período de ociosidade deve-se Terceirizar o trator e os implementos
(Silveira, 1987).
Um trator com uso inferior a 500h/ano dificilmente justifica a sua compra. Um
índice de ocupação aceitável é de 1000h/ano. Para Folle & Franz (1990), a
escolha de um trator é baseada em fatores qualitativos e quantitativos.
– Qualitativos, são aqueles que não podem ser medidos e dizem respeito às
características técnicas das máquinas, por exemplo, na decisão entre dois
implementos que possuem a mesma finalidade.
– Quantitativos, são os fatores que podem ser medidos.
Na seleção vários itens estão presentes, consciente ou inconscientemente. São
eles: pressões sociais, capacidade de trabalho, assistência técnica, fontes de
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financiamento, preços, custos, confiabilidade, necessidades pessoais, pressão


de vendas, estratégia de reposição, informações técnicas sobre os modelos
disponíveis e implementos disponíveis.
Na escolha de um trator um dos aspectos mais importantes é o técnico. Deve-
se analisar a potência, o torque, a caixa de marchas, a relação peso/potência
do motor, a relação peso/força de tração, o consumo de combustível, o nível de
ruídos entre outros. Deve atender os requisitos dentro de um adequado e
cuidadoso planejamento da frota.
Deve-se considerar também, outras características do trator como:
demonstrações de campo, assistência técnica, operações e regulagens,
experiência de outros, padronização, custo inicial, condições de financiamento,
valor de revenda, conforto e segurança do operador.
São as características técnicas sobre os equipamentos informadas através de
catálogos, folhetos ou ensaios, que devem atender as especificações do
planejamento da propriedade agrícola.
Potência do motor:
É a primeira a ser observada. Nos catálogos dos tratores, normalmente
aparece a potência do motor. Esta informação tem pouco valor prático,
podendo inclusive proporcionar uma seleção incorreta de um implemento. A
potência na TDP (tomada de potência) e na BT (barra de tração), devem ser
conhecidas e variam de um modelo para outro de trator. É importante ter
especificada a norma seguida na determinação da potência.
•Norma DIN (Deutshe Industrie Normen)
•Norma SAE (Society of Automotive Engineers)
•Norma NBR 5484/85
Potência disponível na TDP:
É a potência transmitida do motor a TDP, incluindo as perdas na transmissão
(embreagem, engrenagens).
–Potência máxima disponível na TDP à rotação nominal do motor Potência à
rotação nominal da TDP (540/1000rpm)
Potência máxima disponível na TDP à rotação nominal do motor É inferior a
potência do motor do trator. Avalia-se a eficiência da transmissão da potência
do motor à TDP.
– > 90 Boa
– de 90 a 85 Razoável
– de 85 a 80 Baixa
– < 80 Inaceitável
Potência à rotação nominal da TDP (540/1000rpm)
É a potência na rotação nominal da TDP. Deve ser atingida em torno de 80 a
90% da rotação nominal do motor. A potência na TDP não deve ser inferior a
10 ou 15% da potência máxima à rotação nominal do motor.
Potência disponível na Barra de Tração:

PBT = em CV; F = em kgf;


É a potência que o trator disponibiliza para tracionar os implementos. Além das
perdas no sistema de transmissão, perde-se também,na interface roda-solo. 20
a 5% da energia transmitida para as rodas motoras dos tratores é perdida nos
elementos de tração(Burt et al,1983).
Menos de 50% da potência do motor é transferida para a BT ( metade do
combustível é perdida no sistema de transmissão e no contato roda-solo). As
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perdas na interface roda-solo são influenciadas por: diâmetro do pneu, largura


do pneu, perfil, pressão interna, a altura da BT, a posição do centro de
gravidade, o peso sobre o eixo de tração e as condições do solo.
Maiores forças de tração podem ser conseguidas através da correta pressão
interna dos pneus, ( pressões menores, dentro dos limites pré-estabelecidos
pelos fabricantes, proporcionam uma maior área de contato pneu-solo, maior
tração e menor compactação) e da lastragem, utilizando contra pesos
metálicos ou água no interior dos pneus aumenta a capacidade de tração do
trator, em solos argilosos secos ou arenosos.

Equação de Micklethwaite utilizada na teoria da tração apresenta o valor


máximo da capacidade de tração em solos:

Onde:
Hmáx = valor máximo de tração do solo; c = coesão do solo;
A = área de contato rodado/solo; Q = Carga normal na superfície do solo;
= Ângulo de atrito interno do solo.
Para solos arenosos (c = 0) para aumentar a tração temos que aumentar o
peso sobre o dispositivo de tração. Adicionar água nas rodas e/ou lastros
metálicos
Para solos argilosos úmidos ( = 0) para aumentar a tração temos que aumentar
a área de contato rodado solo. Diminuição da pressão interna; Uso de rodas
duplas; Uso de pneus mais largos.
Para a maioria dos solos agrícolas que possuem coesão e atrito interno:
Aumentar o peso sobre o dispositivo de tração e/ou aumentar a área de contato
rodado solo.
Eficiência da transmissão da potência do motor para a BT em pista de
concreto. ( Herrmann et al., 1982).
Força de tração e potência na barra: Força de tração na barra expressa a
capacidade do trator tracionar implementos. Quando a esse conceito agrega-se
a velocidade tem-se a sua potência na barra de tração. Em pista de concreto a
força de tração na barra é em média 3,3% maior (Yanai et al.,1988) e a
potência na barra é maior do que 3,3% e 36,6%, tratores sem lastro e com
lastro respectivamente (Cataneo et al., 1992).
Patinamento: Representa o deslizamento da banda de rodagem dos pneus
motrizes do trator sobre a superfície de apoio. O seu valor influi no desgaste do
pneu, consumo de combustível e na força de tração na barra. Em pista de
concreto não há diferença no patinamento das rodas entre os dois
Valores (%) Classificação
> 75 da potência do motor Boa de 75 a 65 Razoável de 65 a 60 Baixa < 60
Inaceitável modelos de trator (Cataneo et al., 1992). Em condições de campo
(Fontana et al., 1986) observaram ou uma redução no patinamento de 16,8%
para 10,34% quando se utilizou trator com TDA.
Rendimento tratório (RT)
A ASAE define RT (tractive efficiency, em inglês) como sendo “a razão entre a
potência de saída (aquela desenvolvida pela barra de tração) e a potência de
entrada no dispositivo de tração (árvore motriz do rodado)”. Segundo Mialhe
(1996), o rendimento tratório pode ser considerado como um coeficiente de
conversão da potência no motor em potência na barra para uma dada condição
de tração e sugere a seguinte expressão para o seu cálculo:
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Pbt - potência na barra de tração [kW]; Pm - potência disponível no motor [kW];


Rt - rendimento das transmissões [adimensional].
Comparando cinco tratores, com e sem TDA, com potência no motor entre 29,4
e 89,8kW (40 e 122cv), feita por Yanai et al. (1988) demonstrou que o RT
manteve-se constante, ao redor de 0,83, ou seja, ambos conseguem converter
em potência na barra a mesma proporção da potência que chega do motor
quando analisados em pista de concreto. Para condições de campo, onde
existe menor aderência dos pneus, o uso da TDA pode aumentar o RT de 3 a
5% segundo pesquisa citada por Fontana et al. (1986).
Coeficiente de tração (CT)
A ASAE define CT, ou razão dinâmica de tração, como sendo a relação entre a
força de tração do veículo e o carregamento dinâmico sobre seus rodados
motrizes. O CT caracteriza a capacidade das rodas motrizes converterem o
peso sobre elas em tração.
Fbt - força de tração desenvolvida na barra de tração [N]; W - carregamento
dinâmico vertical aplicado ao rodado [N].
Tratores com TDA, conseguem converter uma parcela maior de seu peso em
força de tração,
Em tratores com TDA, W = ao peso total do trator, (dois eixos motrizes). O CT
foi o mesmo para os dois tipos de trator (aproximadamente 0,8) em pista de
concreto (Yanai et al., 1988). Segundo Souza (1986), a relação (Fbt/peso total)
é de aproximadamente 0,75 para tratores sem TDA e de 0,89 para tratores com
TDA. (quatro rodas motrizes).
tm bt
FCT bt.

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS.

Tecnologia de aplicação de agrotóxicos é o emprego de todos os


conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto
biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica,
com mínimo de contaminação de outras áreas.
Os agrotóxicos devem exercer a sua ação sobre um determinado organismo
que se deseja controlar. Portanto, o alvo a ser atingido é esse organismo, seja
ele uma planta daninha, um inseto, um fungo ou uma bactéria. Qualquer
quantidade do produto químico que não atinja o alvo não terá qualquer eficácia
e estará representando uma forma de perda. A fixação pouco exata do alvo
eleva invariavelmente a perda de grande proporções, pois o produto é então
aplicado sobre partes que não têm relação direta com o controle. Por exemplo,
em média, 30% do produto aplicado visando folhas atingem o solo por ocasião
da aplicação (Matuo, 1990).
A utilização de agrotóxicos é influenciada por diversos fatores, dentre os
quais destacam-se o clima, o hospedeiro, o alvo biológico, o ingrediente ativo e
o veículo utilizado no produto. O clima tem um grande efeito tanto sobre a
ocorrência de pragas e doenças como também na eficiência obtida após a
aplicação de um determinado produto. É aconselhável que as pulverizações
com agrotóxicos sejam realizadas nas horas mais frescas o dia, ou seja, pela
manhã e ao final da tarde, a fim de evitar a evaporação rápida do produto
aplicado. As aplicações eficientes são conseguidas também com velocidade de
vento inferior a 2,0 m s-1. Na prática, velocidade entre 2,0 e 3,1 m s-1 as folhas
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das árvores são ligeiramente agitadas. Deve-se interromper a pulverização


quando o valor da velocidade ultrapassar 3,0 m s-1 (Matuo, 1990).
A forma de aplicação de agroquímicos mais utilizada na cultura do
pessegueiro é a líquida. Nesse tipo de aplicação, o tamanho da gota é um dos
mais importantes fatores para a eficácia do controle. O tamanho da gota
aplicada é diretamente relacionado à penetração do produto, à uniformidade de
distribuição e à efetividade de deposição (Alonso, 1998).
As principais formulações de agrotóxicos mais empregadas utilizando a
água como veículo são: pó molhável, concentrado emulsionável e a suspensão
concentrada (Azevedo, 2001).
O pó molhável, quando diluído em água, forma uma mistura homogênea de
sólido no meio aquoso (suspensão). A suspensão não é tão estável e necessita
de agitação contínua para que a calda se mantenha homogênea. Por outro
lado, o atrito de partículas sólidas nas passagens estreitas do pulverizador
(válvulas, bicos) provoca desgaste com o passar do tempo. Como a dosagem é
recomendada por massa (peso) e tendo em vista as dificuldades de determinar
a massa no campo, é freqüente a medição em volume, por meio de "canecas",
o que resulta em erros de aplicação. Há necessidade também de utilizar um
outro recipiente para a diluição do produto em água, para então ser adicionado
ao tanque do pulverizador.
Na formulação concentrado emulsionado o ingrediente ativo é
primeiramente dissolvido em um solvente apropriado e são adicionados
adjuvantes. O resultado da diluição do concentrado emulsionável na água é
uma mistura homogênea onde glóbulos líquidos da formulação ficam dispersos
na fase aquosa (emulsão), constituindo uma calda de aspecto leitoso. A
estabilidade da emulsão é muito melhor que a da suspensão e, portanto, a
necessidade de agitação não é tão crítica. Não possuindo partículas sólidas, a
calda não provoca desgaste nem obstrução das passagens estreitas do
pulverizador.
A suspensão concentrada é uma formulação líquida para ser dissolvida em
água. Na sua elaboração, geralmente o ponto de partida é o próprio pó
molhável, que é suspendido em pequena porção de água e nele se adicionam
os adjuvantes para manter essa suspensão estável. No entanto, a suspensão
nem sempre é estável no armazenamento, pois durante o repouso as
partículas sólidas se sedimentam e após certo tempo formam uma camada de
separação e não mais se ressuspendem.
A água é o diluente mais comum nas aplicações por via líquida. Entretanto,
a água apresenta duas limitações:

Tensão superficial - a água apresenta alta tensão superficial. Isso faz com
que a gota depositada numa superfície permaneça esférica, fazendo com que
tenha pouca superfície de contato. Adicionando-se um agente tensoativo ou
surfactante, a gota se espalha facilmente na superfície, molhando mais área.
Algumas formulações já apresentam agentes molhantes, emulsionantes
incorporados, porém na sua ausência torna-se necessária a adição de agentes
tensoativos, conhecidos como espalhantes adesivos, para melhorar a
performace da aplicação.
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Evaporação - a superfície do líquido é enormemente aumentada quando


fragmentada em pequenas gotas. A água é um líquido volátil e pode se
evaporar no trajeto entre o pulverizador e o alvo visado.
Em dias de alta temperatura o fenômeno da evaporação das gotas de
pulverização é bastante problemático, agravando-se principalmente nos dias
secos. As aplicações com gotas médias a pequenas, muitas vezes não chegam
a atingir o alvo, evaporando antes.
O alto volume empregado rotineiramente nos pomares de pêssego pode ser
caracterizado pela aplicação de um volume de calda até além da capacidade
máxima de retenção das folhas, de modo que haja escorrimento. Nesse tipo de
aplicação, o depósito do produto químico sobre a superfície tratada é
proporcional à concentração da calda utilizada e independente do volume de
calda aplicado. Esse volume é muito variável dependendo do grau de
enfolhamento da cultura. A medida que a planta cresce e aumenta o índice de
enfolhamento devem-se efetuar os necessários ajustes, como o aumento do
volume de aplicação ou a diminuição do tamanho de gotas tornando-as mais
concentradas, proporcionando assim o aumento no grau de cobertura do alvo.
Na aplicação de agrotóxicos por via líquida, o tamanho de gota é um dos
mais importantes fatores para a eficácia do controle. O tamanho da gota
aplicada é diretamente relacionado à penetração do produto, à uniformidade de
distribuição e à efetividade de deposição. Para fungicidas se recomendam-se
gotas com diâmetro de 100 a 200 µm , resultando em 70 a 100 gotas cm-2;
para inseticidas 50 a 200 µm e 50 a 70 gotas cm-2 e para a aplicação de
herbicidas 200 a 300 µm e 20 a 30 gotas cm-2. A medição do número de
gotas por cm2 pode ser facilmente obtida utilizando-se papel sensível a água,
distribuído pelo dossel da planta e pulverizando-se água nas mesmas
condições empregadas durante a aplicação dos agrotóxicos (Alonso, 1998).
O bico é a peça final do pulverizador e tem por função formar gotas. Na
maioria das vezes, a vazão do pulverizador é estabelecida pela vazão do bico
(ou pela somatória das vazões dos bicos, quando existirem vários). Assim,
além de ser responsável pela qualidade das gotas formadas, é também uma
peça chave na vazão do equipamento. Os principais bicos utilizados são: o bico
cone, que trabalha com altas pressões 150 a 300 lbf pol-2, e forma gotas de
50 µm a 300 µm, sendo, de modo geral, usado principalmente na aplicação de
fungicidas, inseticidas e adubos foliares. Já o bico leque trabalha com pressões
menores, 30 a 60 lbf pol-2, gerando gotas de 300 a 500 m m, sendo
recomendado para a aplicação de herbicidas (Alonso, 1998; Matuo, 1990).

Regulagem do tubo atomizador

• Verifique, antes de iniciar a regulagem: Se o filtro de sucção está limpo; Se as


mangueiras não estão furadas ou dobradas; Se os componentes do regulador
de pressão (sede de válvula, válvula e mola) não estão gastas ou presas por
eventuais sujeiras; Se a bomba está lubrificada (nível de óleo ou graxa) e se
não apresenta vazamentos; Se os bicos são do mesmo tipo e se não estão
danificados ou desgastados.

Como efetuar a calibração

1 - Escolha um lote de 100 plantas


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2 - Abasteça completamente o pulverizador


3 - Escolha a marcha de trabalho
4 - Ligue a tomada de força
5 - Acelere o motor até a rotação a 540 rpm na tomada de força
6 - Inicie o movimento do trator no mínimo 5 plantas antes do ponto marcado
7 - Pulverize nas 100 plantas marcadas
8 - Complete o tanque e meça o volume gasto em litros. Para medidas
precisas, o pulverizador deve estar na mesma posição antes e depois da
operação.
9 - Repita essa operação várias vezes e tire a média. Quando a topografia do
terreno for irregular, marque as 100 plantas e repita todas as operações em
vários locais.
10 - Calcule o volume de pulverização em L / planta, através da seguinte
fórmula:
Q = vol / 100
Q = volume de pulverização em L / planta
Vol = volume gasto em litros

11 - Calcule volume total de calda (VTC) por hectare ou pelo número de


plantas no pomar:
Pessegueiro com espaçamento 3 m x 6 m
Total de plantas em 1 ha: 555 plantas
VTC = Q x 555

12 - Calcule a quantidade de produto que deve ser adicionado por tanque

Observações:

1 - se o volume de pulverização for abaixo do desejado, aumente a pressão,


diminua a velocidade ou troque os bicos por um de maior vazão;
2 - Se o volume de pulverização for acima do desejado, diminua a pressão,
aumente a velocidade ou troque os bicos por um de menor vazão.
Atenção: Para aumentar ou diminuir a velocidade troque a marcha, não
alterando a aceleração.

SEGURANÇA NA OPERAÇÃO COM TRATORES E MÁQUINAS


AGRÍCOLAS.

Precauções de segurança
O trator proporciona grandes benefícios ao homem, mas podem causar danos
materiais e pessoais. Para preveni-los siga as algumas orientações a seguir.

O trator
• O operador deve estar familiarizado com todos os comandos e controles da
máquina antes de operá-la.
• Antes de trabalhar com implementos, faça uma leitura do manual de
instrução, fornecido pelo fabricante, pois certos instrumentos requerem
técnicas especiais de operação.
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Manual de operação

• Se o trator estiver equipado com Arco de Segurança ou estrutura de proteção


contra capotamento (EPCC), use o cinto de segurança.
• Nunca use o cinto de segurança se o trator não possui arco de segurança ou
EPC.

Cinto de segurança

• Acesse a plataforma de operação pelo lado esquerdo do trator e não segure


no volante.
• Desça sempre de costas colocando as mãos nos apoios e os pés nos
degraus.
• Mantenha a plataforma do operador e os degraus livres de graxa, lama ou
sujeira.
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Plataforma de operação

• Ao transportar outras pessoas no trator além do operador, utilize carretas ou


plataformas para o transporte.

Transporte de pessoas

• Não sobrecarregue o trator ou opere com implementos fora das condições de


segurança, ou sem manutenção adequada.
• Mantenha sempre os decalques de segurança limpos, legíveis e troque-os
quando se danificarem.

Manutenção
• Não efetue operações de manutenção quando o motor estiver funcionando.
• Nunca utilizar equipamentos hidráulicos para trabalhar em baixo do trator, use
calços reforçados para suportar o peso da máquina.
• Nunca faça reparos nas mangueiras ou conexões do sistema hidráulico
quando ele estiver sob pressão, ou com o motor do trator funcionando, (um jato
sobre pressão pode perfurar a pele, provocar irritações ou graves infecções).
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Conexões de pressão

• Cuidado ao remover a tampa do radiador com motor quente. Espere que o


motor esfrie para abri-la, cubra com um pano e gire-a até o primeiro estágio
para aliviar a pressão.

Tampa do radiador

• Nunca fume quando estiver abastecendo o trator ou trabalhando em seu


sistema de combustível.

Cuidados no abastecimento
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• Desligue sempre o motor do trator ao abastecer o tanque de combustível


• Mantenha a tampa do tanque firmemente apertada, em caso de perda,
substitua por uma tampa original, não improvise.
• Ao manusear bateria, não provoque chamas, faíscas, evite o contato da
solução com roupas e a pele, pode haver risco de queimaduras graves.

Cuidados com a bateria

• Ao remover os cabos da bateria retire primeiro o cabo negativo e depois o


positivo, ao conectar proceda à operação inversa.

Conexões da bateria

MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA VEGETAL.

Morfologia vegetal
Morfologia externa das plantas angiospermas
O corpo da maioria das plantas angiospermas é dividido em duas partes
principais, uma localizada sob o solo, constituída pelas raízes, e outra área
constituída pelo caule, folhas, flores e frutos. As células das raízes, assim
com as células de muito caules, não fazem fotossíntese e por isso dependem
do alimento produzido nas células das folhas. O caule, folhas, flores e frutos,
por sua vez, dependem da água e dos sais minerais absorvidos pelas raízes.
A raiz
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Quase sempre a raiz é originada a partir da radícula do embrião, localizado


na semente.

Partes das semente


A partir dela surgem ramos secundários. No entanto, é freqüente surgirem
raízes a partir de caules e mesmo de folhas. Essas raízes conhecidas
como adventícias (do latimadvena = que vem de fora, que nasce fora do lugar
habitual), são comuns, por exemplo, na base de um pé de milho.

As raízes distribuem-se amplamente pelo solo, mas há algumas plantas que


possuem raízes aéreas, comuns nas trepadeiras, bromélias, orquídeas,
enquanto outras possuem raízes submersas, como os aguapés, comuns em
represas.

Raiz aérea Raiz aquática

Temos dois tipos básicos de sistema radicular: o pivotante, em que há uma


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raiz principal, e o fasciculado, em que os ramos radiculares são equivalentes


em tamanho e aparência, não apresentando uma raiz principal.
Partes da raiz
A extremidade de uma raiz é envolta por um
capuz de células denominado coifa, cuja
função é proteger o meristema radicular,
um tecido em que as células estão se
multiplicando ativamente por mitose. É no
meristema que são produzidos as novas
células da raiz, o que possibilita o seu
crescimento.

Logo após a extremidade, localiza-se a


região onde as células surgidas por mitose
crescem. Nessa região denominada zona de
distensão ou de alongamento celular, a raiz
apresenta a maior taxa de crescimento.
Após a zona de distensão situa-se a zona
pilíferada raiz, que se caracteriza por
apresentar células epidérmicas dotadas de
projeções citoplasmáticas finas e alongadas,
os pêlos absorventes. É através desses
pelos que a raiz absorve a maior parte da
água e dos sais minerais de que precisa.

Já a região de ramos secundários é aquela


que se nota o brotamento de novas raízes
que surgem de regiões internas da raiz
principal.

Tipos de Raízes

A principal função da raiz é a absorção dos nutrientes minerais, sendo que,


no solo, também é responsável pela fixação do vegetal ao substrato. Alguns
tipos de raízes, no entanto, também desempenham outras funções:
Raízes tuberosas, como as da mandioca, da batata-doce e do
nabo armazenam reservas alimentares, principalmente na forma de grãos de
amido, utilizadas durante a floração e a produção de frutos pela planta. Os
agricultores colhem essas raízes antes da planta tenha chance de consumir as
reservas armazenadas, utilizando-as na alimentação humana e de animais.

Raízes respiratórias ou pneumatóforos são adaptadas a realização de


trocas gasosas com o ambiente. Esse tipo de raiz é encontrado em plantas
como a Avicena tomentosa, que vive no solo encharcado e pobre em gás
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oxigênio nos manguezais. As raízes principais dessa planta crescem rente à


superfície do solo e, de espaço em espaço, apresentam pneumatóforos, que
crescem para cima, perpendicularmente ao solo. Durante a maré vazante os
pneumatóforos ficam expostos e pode realizar trocas de gases com o ar.

Raízes-suportes, também chamadas raízes-escoras, aumentam a base de


fixação da planta ao solo. Algumas espécies de árvores possuem raízes
tubulares, em forma de pranchas verticais, que aumentam a estabilidade da
planta e fornecem maior superfície para respiração do sistema radicular.

Raízes aéreas são características de plantas epífetas, isto é, que vivem sobre
outras plantas sem parasitá-las. Essas raízes podem atingir vários metros de
comprimento antes de alcançar o solo, constituindo os cipós.

Raízes sugadoras são adaptadas à extração de alimentos de plantas


hospedeiras, sendo características de plantas parasitas, como o cipó-chumbo e
a erva-de-passarinho. As raízes sugadoras possuem um órgão de fixação,
chamado apreensório, do qual partem finas projeções denominadas haustórios.
Os haustórios penetram na planta hospedeira até atingir os vasos condutores
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de seiva, de onde extraem água e nutrientes de que a planta parasita necessita


para sobreviver.
No caso de a planta ser hemiparasita, a exemplo da erva-de-passarinho (é
clorofilada, e portanto autótrofa), somente a seiva bruta (água e minerais), que
transita pelos vasos lenhosos do xilema, é retirada da planta hospedeira.

v
Caule
As funções do caule
O caule realiza a integração de raízes e folhas, tanto
do ponto de vista estrutural como funcional. Em
outras palavras, além de constituir a estrutura física
onde se inserem raízes e folhas, o caule
desempenha as funções de condução de água e
sais minerais das raízes para as folhas, e
de condução de matéria orgânica das folhas para
as raízes.
Caules jovens têm células clorofiladas e são
revestidos por uma epiderme uniestratificada, isto é,
formada por uma única camada (estrato) de células.
Plantas que apresentam pequeno crescimento em
espessura, como as gramíneas, por exemplo,
também apresentam caules revestidos pela
epiderme e esta pode ainda apresentar sobre si,
externamente, uma cutícula protetora.
Já em plantas que crescem muito em espessura,
transformando-se em arbustos ou árvores, a
epiderme é substituída por um revestimento
complexo, formado por vários tecidos. O tecido mais
externo é formado por células mortas, que conferem
o aspecto áspero e opaco aos troncos das árvores.
Esse revestimento multitecidual,
denominado periderme, acompanha o crescimento
em espessura dos troncos.
Os caules são, em geral, estruturas aéreas, que crescem verticalmente em
relação ao solo. Existem, no entanto, caules que crescem horizontalmente,
muitas vezes, subterraneamente.
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Caules subterrâneos podem ser distinguidos de raízes porque


apresentam gemas ou botões vegetativos, a partir dos quais podem se
desenvolver ramos e folhas.

Gemas

As gemas caulinares são formadas por grupos de células meristemáticas,


capazes de se multiplicar ativamente por mitose. Um conjunto de células
meristemáticas forma um meristema, motivo pela qual as gemas caulinares
também são chamadas meristemas caulinares.

No ápice do caule (e de cada ramo) existe sempre uma gema (ou meristema)
apical, que permite o crescimento em extensão graças à multiplicação das
células meristemáticas. À medida que o caule cresce diferenciam-se
lateralmente, regiões onde surgem folhas egemas axilares (ou laterais). As
regiões onde se inserem as folhas e as gemas são denominadas nós e os
espaços entre os nós são chamados entrenós.

As gemas axilares são meristemas localizados no caule, junto ao ângulo


formado entre a folha e o ramo, que os botânicos denominaram “axila” foliar.
As gemas axilares permanecem inativas durante certo período, denominado
dormência após o qual podem entrar em atividade, originando ramos laterais.

Tipos de caules
Troncos são caules robustos, desenvolvidos na parte inferior e ramificados no
ápice. São encontrados na maioria das árvores e arbustos do grupo das
dicotiledôneas.
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Estipes são caules geralmente não ramificados, que apresentam em seu ápice
um tufo de folhas. São típicos das palmeiras.

Colmos são caules não-ramificados que se distinguem dos estipes por


apresentarem, em toda a sua extensão, divisão nítida em gomos. Os gomos
dos colmos podem ser ocos como no bambu, ou cheios como no milho ou na
cana-de-açúcar.

Caules trepadores estão presentes em plantas trepadeiras e crescem


enrolados sobre diversos tipos de suporte. Esse tipo de caule representa uma
adaptação à obtenção de locais mais iluminados, em que há mais luz para a
fotossíntese.
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Estolão ou estolho é um tipo de caule que cresce paralelamente ao chão,


produzindo gemas de espaço em espaço. Essas gema podem formar raízes e
folhas e originar novas plantas.

Rizomas são caules subterrâneos que acumulam substâncias nutritivas. Em


alguns rizomas ocorre acúmulo de material nutritivo em certas regiões,
formando tubérculos. Rizomas podem ser distinguidos de raízes pelo fato de
apresentarem gemas laterais. O gengibre, usado como tempero na cozinha
oriental, é um caule tipo rizoma.
Na bananeira, o caule é um rizoma e a parte aérea é constituída
exclusivamente por folhas. Um única vez na vida de uma bananeira um ramo
caulinar cresce para fora do solo, dentro do conjunto de folhas, e forma em seu
ápice uma inflorescência que se transforma em um cacho com várias pencas
de bananas.
A batata-inglesa possui um caule subterrâneo que forma tubérculos, as
batatas, um dos alimentos mais consumidos no mundo.

Bulbos são estruturas complexas formadas pelo caule e por folhas


modificadas. Os bulbos costumam ser classificados em três tipos: tunicado,
escamoso e cheio.
O exemplo clássico de bulbo tunicado é a cebola, cuja porção central, chamada
prato, é pouco desenvolvida. Da parte superior do prato partem folhas
modificadas, muito ricas em substâncias nutritivas: são os catafilos, que
formam a cabeça da cebola. Da porção inferior do prato partem as raízes.
O bulbo escamoso difere do tunicado pelo fato dos catafilos se disporem como
escamas parcialmente sobrepostas. Esse tipo de bulbo é encontrado no lírio.
No caso do bulbo cheio, as escamas são menos numerosas e revestem o
bulbo como se fosse uma casca. Bulbos cheios estão presentes na palma.
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Cladódios são caules modificados, adaptados à realização de fotossíntese. As


plantas que os possuem perderam as folhas no curso da evolução, geralmente
como adaptação a regiões de clima seco. A ausência de folhas permite à
planta economizar parte da água que será perdida por evaporação.

Gavinhas são ramos modificados que servem para a fixação de plantas


trepadeiras. Ao encontrar um substrato adequado as gavinhas crescem
enrolando-se sobre ele.
Espinhos são ramos curtos, resistentes e com ponta afiada, cuja função é
proteger a planta, afastando dela animais que poderiam danificá-la. Os
espinhos tanto podem surgir por modificações de folhas, como nas cactáceas,
como se originar do caule. Nesse caso forma-se nas axilas das folas, a partir
de uma gema axilar, como ocorre nos limoeiros e laranjeiras.
Nas roseiras não há espinhos verdadeiros e sim acúleos, estruturas afiadas
originadas da epiderme, o que explica serem facilmente destacáveis da planta,
ao contrário dos espinhos.

A folha: local da fotossíntese

De formato extremamente variável, uma folha completa é formada por um


“cabinho”, o pecíolo, e uma superfície achatada dotada de duas faces,
o limbo percorrido pelas nervuras. A principal função da folha é servir como
local em que é realizada a fotossíntese. Em algumas plantas, existem folhas
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modificadas e que exercem funções especializadas, como as folhas


aprisionadoras de insetos das plantas insetívoras, e os espinhos dos cactos.
Uma folha é sempre originada a partir de um gema lateral do caule. Existem
dois tipos básicos de folhas quanto ao tipo de nervura que apresentam:
as paralelinérveas, típicas das monocotiledôneas, e as reticulinérveas,
comuns em eudicotiledôneas.

Eudicotiledôneas são uma das duas principais classes de angiospermas;


inicialmente contidas dentro do grupo das dicotiledôneas, que foi desmembrado por
não ser monofilético. O prefixo eu significa verdadeiro, portanto este termo
designaria as plantas que realmente apresentam dois cotilédones. Esse grupo
difere-se do antigo dicotiledônea por apresentar somente plantas que apresentem
grão de pólen triaperturado, característica derivada de um ancestral comum, que
torna o grupo monofilético
Algumas estruturas foliares especiais
Em algumas plantas, principalmente monocotiledôneas, não há um tecido
propriamente dito, mas um estrutura conhecida pelo nome de bainha, que
serve de elemento de ligação da folha à planta. É o caso, por exemplo, da folha
de milho. Já em eudicotiledôneas, próximas aos pecíolos existem estruturas de
formatos diversos – podem ser pontiagudas, laminares ou com a forma de
espinhos – conhecidas por estípulas.

O formato e a cor das folhas são muito variáveis e algumas delas chamam a
atenção por sua estrutura peculiar. É o caso por exemplo, das folhas
modificadas presentes em plantas carnívoras, cuja adaptação auxilia na
captura de insetos. Também é especialmente interessante a coloração de
certas brácteas, pequenas folhas modificadas na base das flores, apresentam:
de tão coloridas, elas atuam como importante elemento para atração dos
insetos.
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Dionaea Muscipula- Planta carnívora

Plantas descíduas e abscisão foliar


Em muitas espécies de angiospermas,
principalmente nas adaptadas a regiões temperadas,
as folhas caem no outono e renascem na primavera.
Plantas que perdem as folhas em determinada
estação do ano são chamadas
decíduas ou caducifólias. Plantas que não perdem
as folhas são chamadas de perenes.
A queda das folhas no outono é interpretada como
uma adaptação ao frio intenso e à neve. Em vez
de ter as folhas lesadas pelo frio do inverno, a planta
as derruba “deliberadamente” no outono, em um
processo por ela controlado.
A queda das folhas ocorre por meio de um processo chamado abscisão foliar.
Inicialmente forma-se um tecido cicatricial na região do pecíolo que une a folha
ao caule, o tecido de abscisão, que interrompe gradativamente a passagem de
água e nutrientes minerais do caule para a folha. A planta, assim, perde as
folhas com o mínimo de prejuízo e reduz a atividade metabólica durante todo o
inverno. Na primavera, surgem novos primórdios foliares junto às gemas
dormentes, que logo se desenvolvem em folhas.

Classificação das folhas


As folhas podem ser classificadas de diversas maneiras: de acordo com a sua
disposição no caule, a forma do limbo, a forma da borda etc.

Filotaxia

Filotaxia é o modo como as folhas estão arranjadas no caule. Existem três tipos
básicos de filotaxia: oposta, verticilada e alternada.
A filotaxia é oposta quando existem duas folhas por nó, inseridas em regiões
opostas. Quando três ou mais folhas inserem-se no mesmo nó, a filotaxia é
chamada verticilada. Quando as folhas se inserem em regiões ligeiramente
deslocadas entre si, em nós sucessivos, descrevendo uma hélice, a filotaxia é
chamada alternada.
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Folha oposta Folha verticilada


Tipos de limbo

O limbo pode ser simples (não-dividido) ou composto, dividido em dois, três


ou mais folíolos. Caso os folíolos de um limbo composto partam todos de um
mesmo ponto do pecíolo, dispondo-se como os dedos de uma mão, a folha é
chamada de palmada.

Quando os folíolos de dispõem ao longo do pecíolo, a folha é chamada


de penada. As folhas penadas podem terminar em um único folíolo, sendo
chamadas imparipenadas, ou em dois folíolos, sendo chamadas paripenadas.
A forma e o tipo de borda do limbo são outras características utilizadas na
classificação de folhas.

Flor
A flor é o órgão reprodutivo das plantas angiospermas. Flores que apresentam
órgãos reprodutores de ambos os sexos, masculino e feminino, são chamadas
de hermafroditas(ou monóica). Já as flores que apresentam órgãos
reprodutores de apenas um dos sexos (masculino ou feminino) são chamadas
de dióica.
Uma flor hermafrodita é geralmente constituída por quatro conjuntos de folhas
modificadas, os verticilos florais. Os verticilos se inserem em um ramos
especializado, denominado receptáculo floral. Os quatro verticilos florais são
o cálice, constituído pelas sépalas, a corola, constituída pelas pétalas,
o androceu, constituído pelos estames, e o gineceu, constituído pelos
carpelos.
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Flores completas e incompletas


Uma flor que apresenta os quatro verticilos florais, ou seja, cálice, corola,
androceu e gineceu, é uma flor completa. Quando falta um ou mias
desses componentes a flor é chamada incompleta.

Cálice, corola e perianto

As sépalas são geralmente verdes e lembram folhas. São as partes mais


externas da flor e a sua função é cobrir e proteger o botão floral antes dele se
abrir. O conjunto de sépalas forma o cálice floral.
Pétalas são estruturas geralmente coloridas e delicadas e se localizam
internamente às sépalas. O conjunto de pétalas forma a corola.

O conjunto formado pelos dois verticilos florais mais externos, o cálice e a


corola, é denominado perianto (do grego Peri, em torno, e anthos, flor).

Estames
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Estames são folhas modificadas, onde se formam os gametas


masculinos da flor. O conjunto de estames forma
o androceu (do grego andros, homem, masculino). Um estame
geralmente apresenta uma parte alongada, o filete, e uma parte
terminal dilatada, a antera.
O interior da antera é geralmente dividido em quatro cavidades,
dentro das quais se formam os grãos de pólen. No interior de
cada grão de pólen forma-se dois gametas masculinos,
denominados núcleos espermáticos. Quando a flor está
madura, as anteras se abrem e libertam os grãos de pólen.

Carpelos

Carpelos são folhas modificadas, em que se formam os gametas feminios da


flor. Um ou mais carpelos formam uma estrutura em forma de vaso, o pistilo.
Este apresenta uma região basal dilatada, o ovário, do qual parte um tubo, o
estilete, que termina em uma região dilatada, o estigma. O conjunto de pistilos
de uma flor constitui o gineceu (do grego gyncos, mulher, feminino).

O pistilo pode ser constituído por um, dois ou mais carpelos, dependendo do
tipo de flor. Em geral, o número de câmaras internas que o ovário apresenta
corresponde ao número de carpelos que se fundiram para formá-lo. No interior
do ovário formam-se um ou mais óvulos.
Os óvulos vegetais são estruturas complexas, constituídas por muitas células.
Nisso os óvulos vegetais diferem dos óvulos animais, que são estruturas
unicelulares.
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No interior de cada óvulo vegetal se encontra uma célula especializada,


a oosfera, que é o gameta feminino propriamente dito.
Diagramas florais
O número dos tipos de peças florais estudadas é variável de flor para flor e
pode ser representado esquematicamente por um diagrama. Cada tipo pode
ser representado por 3, 4 ou 5 peças ou múltiplos desses números. Na flor do
hibisco, por exemplo, uma planta comum em jardins, há 5 sépalas, 5 pétalas,
um número múltiplo de 5 estames e um pistilo cujo ovário é dividido em 5 lojas.
Inflorescências.
Em algumas plantas muitas flores se agrupam em um mesmo ramo, formando
conjuntos denominados inflorescências.

Flor do brócolis

Formação dos frutos e das sementes


Para que servem as flores?

Após a polinização e a fecundação, a flor sofre uma modificação extraordinária.


De todos os componentes que foram vistos anteriormente, acabam sobrando
apenas o pedúnculo e o ovário. Todo o restante degenera. O ovário sofre uma
grande modificação, se desenvolve e agora dizemos que virou fruto. Em seu
interior os óvulos viram sementes.
Assim, a grande novidade das angiospermas, em termos de reprodução, é a
presença dos frutos. Todos os componentes da flor que estudamos participa do
processo reprodutivo que culminará na produção de sementes dentro do fruto.
Em toda a angiosperma é assim, mas deve-se se lembrar que existe variações:
há diferentes formatos de frutos e diferentes quantidades ou até mesmo
nenhuma semente.
Quando a planta tem inflorescências para a reprodução, os frutos formados
também ficarão reunidos e constituirão as infrutescências. É o caso do cacho
de uvas, da amora, da jaca e da espiga de milho.
Como ocorre a formação dos frutos
Polinização e fecundação
Polinização é o transporte dos grãos de pólen das anteras, onde eles se
formam, até o estigma, geralmente de uma outra flor. A polinização é o primeiro
passo para a aproximação dos gametas femininos e masculinos, essencial
para que a fecundação ocorra.
O transporte do pólen, até o estigma é feito por agentes polinizadores, que
podem ser o vento, os insetos ou os pássaros.
Anemofilia
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A polinização pelo vento é chamada de anemofilia (do grego anemos, vento).


Há diversas adaptações que favorecem esse tipo de polinização. As flores de
plantas anemófilas geralmente tem estigmas plumosos, que oferecem maior
superfície para receber os grãos de pólen. Suas anteras geralmente possuem
filetes longos e flexíveis que oscilam ao vento, o que facilita a dispersão do
pólen. Além disso, as plantas anemófilas costumam produzir grande
quantidade de grãos de pólen, o que aumenta as chances de polinização.

Entomofilia e ornitofilia
A polinização por insetos é chamada entomofilia (do grego entomos, inseto) e a
polinização por aves, ornitofilia (do grego ornithos, aves). As flores polinizadas
por animais geralmente possuem características que atraem os polinizadores,
tais como corola vistosa, glândulas odoríferas e produtoras de substâncias
açucaradas (néctar). Existem até mesmo flores que produzem dois tipos de
estames, um com grãos de pólen férteis mas pouco atraentes e outro com
pólen atraente e comestível. O animal à procura do pólen comestível, se
impregna com o pólen fértil, transportando-o de uma flor para a outra.

Fecundação

Um grão de pólen, ao atingir o estigma de uma flor de mesma espécie, é


estimulado a se desenvolver por substâncias indutoras presentes no estigma.
O pólen forma um longo tubo, o tubo polínico, que cresce pistilo adentro até
atingir o óvulo. Este possui um pequeno orifício nos tegumentos,
denominado micrópila, por onde o tubo polínico penetra. Pelo interior do tubo
polínico deslocam-se duas células haplóides, os núcleos espermáticos, que
são os gametas masculinos.

No interior do óvulo há uma célula haplóide especial, a oosfera, que


corresponde ao gameta feminino. A oosfera situa-se em posição estratégica
dentro do óvulo, bem junto a pequena abertura denominada mocrópila. O tubo
polínico atinge exatamente a micrópila ovular e um dos dois núcleos
espermáticos do pólen fecunda a oosfera, originado o zigoto. Este dará origem
ao embrião.
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O outro núcleo espermático se une a dois núcleos polares presentes no interior


do óvulo, originando um tecido triplóide, o endosperma, que nutrirá o embrião.
O óvulo fecundado se transforma na semente, que contém um pequeno
embrião em repouse em seu interior.
Veja com mais detalhes!

Frutos e sementes

Os frutos surgem do desenvolvimento dos ovários, geralmente após a


fecundação dos óvulos. Em geral, a transformação do ovário em fruta é
induzida por hormônios liberados pelos embriões em desenvolvimento. Existem
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casos, porém, em que ocorre a formação de frutos sem que tenha havido
polinização.
Partes do fruto

Um fruto é constituído por duas partes principais: o pericarpo, resultante do


desenvolvimento das paredes do ovário, e as sementes, resultantes do
desenvolvimento dos óvulos fecundados.

O pericarpo compõe-se de três camadas: epicarpo (camada mais


externa), mesocarpo(camada intermediária) e endocarpo (camada mais
interna). Em geral o mesocarpo é a parte do fruto que mais se desenvolve,
sintetizando e acumulando substâncias nutritivas, principalmente açucares.

Classificação dos frutos


Diversas características são utilizadas para se classificar os frutos, entre elas o
tipo de pericarpo, se o fruto abre-se ou não espontaneamente para liberar as
sementes, etc.
Frutos que apresentam pericarpo suculento são denominados carnosos e
podem ser do tipo baga, quando se originam de ovários uni ou multicarpelares
com sementes livres (ex.: tomate, abóbora, uma e laranja), ou do tipo drupa,
quando se originam de ovários unicarpelares, com sementes aderidas ao
endocarpo duro (ex.: azeitona, pêssego, ameixa e amêndoa).
Frutos que apresentam endocarpo não suculento são chamados de secos e
podem ser deiscentes, quando se abrem ao amadurecer, liberando suas
sementes, ou indeiscentes, quando não se abrem ao se tornar maduros.
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A diferença de fruta e fruto


O que se conhece popularmente por “frutas” não tem significado botânico.
Fruta é aquilo que tem sabor agradável, às vezes azedo, às vezes doce. É o
caso da laranja, pêssego, caju, banana, pêra, maça, morango, amora. Note
que nem toda fruta é fruto verdadeiro.
Já o tomate, a berinjela, o jiló e a abobrinha, entre outros, são frutos
verdadeiros, mas não são frutas...

Pseudofrutos e frutos partenocárpicos

Nos pseudofrutos a porção comestível não corresponde ao ovário


desenvolvido. No caju, ocorre hipertrofia do pedúnculo floral. Na maça, na
pêra e no morango, é o receptáculo floral que se desenvolve.
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Assim, ao comer a polpa de um abacate ou de uma manga você está se


alimentando do fruto verdadeiro. No entanto, ao saborear um caju ou uma
maça, você está mastigando o pseudofruto.
No caso da banana e da laranja de umbigo (baiana), o fruto é partenocárpico,
corresponde ao ovário desenvolvido sem fecundação, logo, sem sementes.
Origem e estrutura da semente

A semente é o óvulo modificado e desenvolvido. Toda a semente possui um


envoltório, mais ou menos rígido, um embrião inativo da futura planta e um
material de reserva alimentar chamado endosperma ou albúmen.
Em condições ambientais favoráveis, principalmente de umidade, ocorre a
hidratação da semente e pode ser iniciada a germinação.
Os cotilédones
Todo o embrião contido em uma semente de angiosperma é um eixo formado
por duas extremidades:
 A radícula, que é a primeira estrutura a emergir, quando o embrião
germina;e
 O caulículo, responsável pela formação das primeiras folhas
embrionárias.
Uma “folha” embrionária merece especial atenção. É o cotilédone. Algumas
angiospermas possuem dois cotilédones, outras possuem apenas um. Plantas
que possuem dois cotilédones, são chamadas de eudicotiledôneas e plantas
que possuem um cotilédone sã chamadas de monocotiledôneas. Os
cotilédones inserem-se no caulículo, que dará origem ao caule.
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A célula vegetal

A compreensão da anatomia e da fisiologia das plantas depende,


fundamentalmente, do conhecimento sobre a organização e o funcionamento
de suas células.

As células das plantas vegetais apresentam pelo menos duas características


que permitem distinguilas claramente das células animais: possuem um
envoltório externo rígido, a parede celular, e um orgânulo citoplasmático
responsável pela fotossíntese, o plasto. Além disso, quando adultas, a maioria
das células vegetais possui uma grande bolsa membranosa na região central
do citoplasma, o vacúolo central, que acumula uma substância aquosa de
sais e açúcares.
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Parede da célula vegetal

A parede celular começa a se formar ainda na telófase da mitose que dá


origem à célula vegetal. Bolsas membranosas oriundas do aparelho de Golgi,
repletas de substâncias gelatinosas denominadas pectinas, acumulam-se na
região central da célula em divisão e se fundem, originando uma placa
chamada fragmoplasto.
Enquanto a telófase avança, o fragmoplasto vai crescendo pela fusão de
bolsas de pectina em suas bordas. Durante esse crescimento centrífugo (isto é,
do centro para fora), forma-se poros no fragmoplasto, por onde passa fios de
hialoplasma, que põe em comunicação os conteúdos das futuras células
vizinhas. Essas pontes hiloplasmáticas são os plasmosdesmos (do
grego plasmos, líquido, relativo ao citoplasma, e desmos, ponte, união).

O fragmoplasto atua como uma espécie de “forma” para a construção das


paredes celulósicas. Cada célula irmã-secreta celulose sobre o fragmoplasto e
vai construindo, de seu lado, uma parede celulósica própria. A camada de
pectinas, que foi a primeira separação entre as células-irmãs, atua agora como
um cimento intercelular, passando a se chamar lamela média.

Estrutura da parede celular vegetal


A parede da célula vegetal é constituída por longas e resistentes microfibrilas
de celulose. Uma microfibrila reúne entre sessenta e setenta moléculas de
celulose, cada qual, constituída, por sua vez, por quinhentas moléculas
de glicose encadeadas linearmente. As microfibrilas de celulose mantêm-se
unidas por uma matriz formada porglicoproteínas (proteínas ligadas á
açucares) e por dois polissacarídeos, hemicelulosee pectina. Esta
estruturação molecular lembra o concreto armado, onde longas e resistentes
varetas de ferro, correspondentes as microfibrilas celulósicas, ficam
mergulhadas em uma argamassa de cimento e pedras, correspondente à
matriz de glicoproteínas, hemicelulose e pectina.
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Paredes primárias e secundárias


A parede celulósica secretada logo após a divisão celular é a parede primária.
Essa parede é elástica e acompanha o crescimento celular. Depois que a
célula atingiu o seu tamanho e forma definitivos, ela secreta uma nova parede
internamente à parede primária. Essa é a parede secundária.

As especializações das células das plantas estão sempre associadas à


estrutura das paredes celulares. Nos diferentes tecidos vegetais as células têm
paredes diferentes de diferentes espessuras, organização e composição
química, que determinam não só a forma como também as funções das
células.

Conteúdo celular - principais organelas

Vacúolo
Delimitado por uma membrana denominada tonoplasto. Contém água,
açúcares, proteínas; pode-se encontrar ainda compostos fenólicos, pigmentos
como betalaínas, antocianinas cristais de oxalato de cálcio (drusas, estilóides,
cristais prismáticos, rafídios, etc.). Muitas das substâncias estão dissolvidas,
constituindo o suco celular, cujo pH é geralmente ácido, pela atividade de
uma bomba de próton no tonoplasto. Em células especializadas pode ocorrer
um único vacúolo, originado a partir da união de pequenos vacúolos de uma
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antiga célula meristemática (célula-tronco); em células parenquimáticas o


vacúolo chega a ocupar 90% do espaço celular.

Funções: Ativo em processos metabólicos, como:


 armazenamento de substâncias (vacúolos pequenos - acúmulo de
proteínas, íons e outros metabólitos). Um exemplo são os microvacúolos
do endosperma da semente de mamona (Ricinus communis), que
contêm grãos de aleurona;
 processo lisossômico (através de enzimas digestivas, existentes
principalmente nos vacúolos centrais e bem desenvolvidos, cujo
tonoplasto sofre invaginações para englobar material citoplasmático
contendo organelas (a autofagia ocorre em células jovens ou durante a
senescência). Se originam a partir do sistema de membranas do
complexo golgiense. Seu tamanho aumenta à medida que o tonoplasto
incorpora vesículas derivadas do complexo de Golgi.
Plastos
Organelas formadas por um envelope de duas membranas
unitárias contendo internamente uma matriz ou estroma, onde se situa um
sistema de membranas saculiformes achatadas, os tilacóides. Originam-se dos
plastídios e contêm DNA e ribossomos.
São divididos em três grandes grupos:
 cloroplasto;
 cromoplasto e
 leucoplasto; estes, por sua vez, originam-se de estruturas muito
pequenas, os proplastídios (que normalmente já ocorrem na oosfera, no
saco embrionário e nos sistemas meristemáticos). Quando os
proplastídios se desenvolvem na ausência de luz, apresentam um
sistema especial, derivado da membrana interna, originando tubos que
se fundem e formam o corpo prolamelar. Esses plastos são chamados
estioplastos.
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Cloroplastos: Seu genoma codifica algumas proteínas específicas dessas


organelas; contêm clorofila e estão associados à fase luminosa da fotossíntese,
sendo mais diferenciados nas folhas. Seu sistema de tilacóides é formado por
pilhas de membranas em forma de discos, chamado de granus; é nesse
sistema que se encontra a clorofila. Na matriz ocorrem as reações de fixação
de gás carbônico para a produção de carboidratos, além de aminoácidos,
ácidos graxos e orgânicos. Pode haver formação de amido e lipídios, estes
últimos em forma de glóbulos (plastoglóbulos).
Cromoplastos: Portam pigmentos carotenóides (geralmente amarelos,
alaranjados ou avermelhados); são encontrados em estruturas coloridas como
pétalas, frutos e algumas raízes. Surgem a partir dos cloroplastos.
Leucoplastos: Sem pigmentos; podem armazenar várias substâncias:
 amiloplastos: armazenam amido. Ex.: em tubérculos de batatinha
inglesa (Solanum tuberosum).
 proteinoplastos: armazenam proteínas.
 elaioplastos: armazenam lipídios. Ex.: abacate (Persea americana).

Conteúdo celular - organelas em comum com células animais


Núcleo
Importante organela existente nas células eucariontes, constitui-se de duas
membranas com um espaço entre si e contendo poros. Possui duas funções
básicas: regular as reações químicas que ocorrem dentro da célula,
e armazenar as informações genéticas da célula. Em seu interior
distinguem-se o nucléolo e a cromatina. Durante a divisão celular, a
cromatina se condensa em estruturas com formas de bastão,
oscromossomos.
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Sistema Golgiense (complexo de Golgi)


É constituído de várias unidades menores, os dictiossomos. Cada
dictiossomo é composto por uma pilha de cinco ou mais sacos achatados, de
dupla membrana lipoprotéica. Nas bordas dos sacos podem ser observadas
vesículas em processo de brotamento. Está relacionado aos processos de
secreção, incluindo a secreção da primeira parede que separa duas células
vegetais em divisão.

Ribossomos
Estruturas constituídas de RNA e proteínas; podem estar livres no hialoplasma
ou presos entre si por uma fita de RNA (polissomos) e, nesse caso, juntam os
aminoácidos do citoplasma para formar cadeias de proteínas.
Retículo endoplasmático
Constituído de um sistema de duplas membranas lipoproteícas. O retículo
endoplasmático liso, é constituído por duas membranas e o retículo
endoplasmático rugoso possui ribossomos aderidos do lado externo aderidos
ao lado externo. O retículo liso facilita reações enzimáticas, já que as enzimas
se aderem à sua membrana, sintetiza lipídios (triglicerídeos, fosfolipídios e
esteróides), regula a pressão osmótica(armazenando substâncias em sua
cavidade), atua no transporte de substâncias (comunicando-se com a carioteca
e com a membrana celular). o retículo rugoso além de desempenhar todas as
funções do retículo liso ele ainda sintetiza proteínas, devido a presença de
ribossomos.
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Mitocôndrias
Organelas constituídas de duas membranas; a interna sofre invaginações,
formandocristas mitocondriais que aumentam a superfície de absorção de
substâncias existentes na matriz mitocondrial. O papel da mitocôndria é a
liberação de energia para o trabalho celular.

Peroxisomos
Estruturas com membrana bi-lipídica - contêm enzimas que auxiliam no
metabolismo lipídico; participa do processo de fotorespiração, efetuando a
oxidação do glicerato em glicolato, que é transaminado em glicina.
Substâncias ergásticas

Produtos do metabolismo celular. Podem ser material de reserva ou produtos


descartados pelo metabolismo da célula. Encontradas na parede celular e nos
vacúolos, além de outros componentes protoplasmáticos. As mais conhecidas
são: amido, celulose, corpos de proteína, lipídios, cristais de oxalato de cálcio
(drusas, ráfides, etc.), cristais de carbonato de cálcio (cistólitos) e de sílica
(estruturas retangulares, cônicas, etc.).
Também são esgásticas as substâncias fenólicas, resinas, gomas,
borracha e alcalóides. Muitas vezes as células que contêm essas
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substâncias são diferentes morfo e fisiologicamente das demais, sendo


denominadas idioblastos.

Tecidos vegetais
Um violento temporal, uma seca prolongada, um animal herbívoro ou qualquer
outro agente agressivo do meio, têm que ser enfrentados pela planta imóvel, ao
contrário de um animal, que pode se refugiar em lugar seguro até que as
condições ambientais se normalizem.
Os tecidos protetores, ou de revestimento, de uma traqueófita são
a epiderme e o súber. A eficiência deles pode garantir a proteção da planta
contra diversos agentes agressivos do meio.
O súber

É um tecido de revestimento existente em raízes e troncos – portanto em


plantas arborescentes adultas, espesso, formado por várias camadas de
células mortas. A morte celular, nesse caso é devida a impregnação de
grossas camadas de suberina (um material lipídico) nas paredes da célula que
fica, assim, oca. Como armazena ar, o súber funciona como um excelente
isolante térmico, além de exercer, é claro, um eficiente papel protetor.

Ritidoma

O tronco de uma árvore periodicamente cresce em espessura. Esse


crescimento força a ruptura do súber que racha em muitos pontos e acaba se
destacando, juntamente com outros tecidos. Antes, porém, a árvore elabora
novo súber que substituirá o que vai cair. A este material periodicamente
destacado dá-se o nome de ritidoma.
A epiderme
A epiderme das plantas vasculares é um tecido formado, de modo geral, por
uma única camada de células de formato irregular, achatadas, vivas e
aclorofiladas. É um tecido de revestimento típico de órgãos jovens (raiz, caule e
folhas). A epiderme de uma raiz mostra uma camada cilíndrica de
revestimento, com uma zona pilífera, cujos pelos nada mais são do que
extensões de uma célula epidérmica.
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Corte transversal da raiz primária de Mandevilla velutina. Ep = epiderme;


Pr = pêlos radicular; Ex = exoderme; Pc = parênquima cortical; En =
endoderme; P = periciclo; Xp = xilema primária; Fp = floema primário.
Caules jovens também são revestidos por uma fina epiderme não-dotada,
porém, de pelos.
É na folha que a epiderme possui notáveis especializações: sendo um órgão de
face dupla, possui duas epidermes, a superior e a inferior.

As células epidérmicas secretam para o exterior substâncias


impermeabilizantes, que formam uma película de revestimento denominada
cutícula. O principal componente dacutícula é a cutina, um polímero feito de
moléculas de ácidos graxos. Além de evitar a perda de água, a cutícula protege
a planta contra infecções e traumas mecânicos.

Os anexos da epiderme

Diferenciam-se na epiderme estruturas como estômatos, tricomas, hidatódios e


acúleos.
Estômatos

Sem dúvida, os estômatos são os anexos mais importantes relacionados com a


troca de gases e água entre as folhas e o meio. As células estomáticas são as
únicas na epiderme que possuem clorofila. Um estômato visto de cima,
assemelha-se a dois feijões dispostos com as concavidades frente a frente: são
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as duas células estomáticas ou células-guarda, que possuem parede celular


mais espessa na face côncava e cuja disposição deixa entre elas um espaço
denominado fenda estomática ou ostíolo.

Ao lado de cada célula-guarda há uma anexa, que não tem cloroplastos – é


uma célula epidérmica comum. Em corte transversal, verifica-se que a fenda
estomática dá acesso a um espaço, a câmara estomática, intercomunicante
com os espaços aéreos do parênquima foliar de preenchimento.
Atenção! A troca de gases entre a planta e o meio ocorre através dos estômatos
da epiderme e de uma estrutura chamada lenticelas presentes no súber.
As lenticelas são pequenas aberturas que facilitam o ingresso e a saída de gases
nas raízes e caules suberificados.
Tricomas

Os tricomas são geralmente estruturas especializadas contra a perda de água


por excesso de transpiração, ocorrendo em planta de clima quente. Podem ser,
no entanto, secretores, produzindo secreções oleosas, digestivas ou urticantes.
As plantas carnívoras possuem tricomas “digestivos” e a urtiga, planta que
provoca irritação da pele, possui tricomas urticantes.

Acúleos

Os acúleos, estruturas pontiagudas com função de proteção da planta contra


predadores, são frequentemente confundido com espinhos, que são folhas ou
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ramos modificados. Os acúleos são fáceis de destacar e são provenientes da


epiderme. Podem ser encontrados nas roseiras.

Hidatódios

Hidatódios são estômatos modificados, especializados em eliminar excessos


líquidos da planta. Os hidatódios geralmente presentes nas bordas das folhas,
onde, pela manhã, é possível observar as gotas de líquido que eles eliminam,
fenômeno conhecido comogutação.
sustentação das traqueófitas

O porte das traqueófitas só foi possível por adaptações que tornaram possível
a sustentação do organismo vivo e a disponibilidade e transporte de água para
todas as células.

A sustentação de uma traqueófita é devida à existência de tecidos


especializados para essa função: o colênquima e o esclerênquima.
O Colênquima
As células do colênquima são alongadas, irregulares e encontram-se dispostas
em forma de feixes. Quando cortadas transversalmente, têm aspecto variado.
São vivas, nucleadas, e a parede apresenta reforços de celulose, mais intensos
nos cantos internos da célula, conferindo certa resistência ao esmagamento
lateral. O colênquima é um tecido flexível, localizado mais externamente no
corpo do vegetal e encontrado em estruturas jovens como pecíolo de folhas,
extremidade do caule, raízes, frutos e flores.
O Esclerênquima

O esclerênquima é um tecido mais rígido que o colênquima, encontrado em


diferentes locais do corpo de uma planta. As células do esclerênquima
possuem um espessamento secundário nas paredes devido à impregnação
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de lignina. As células mais comuns do esclerênquima são as fibras e


os esclerídeos, também chamados escleritos.
Estrutura interna das folhas
A folha é totalmente revestida pela epiderme, e seu interior, denominado
mesófilo (do grego, mesos, meio e phylon, folha), é constituído por parênquima
clorofiliano, tecidos condutores e tecidos de sustentação.
O parênquima clorofiliano foliar pode ser, em geral de dois tipos:
 palisádico - constituído por células prismáticas e justapostos como uma
paliçada, e
 lacunoso -constituído por células de forma irregular, que deixam
espaços ou lacunas entre si.
Pode haver parênquima paliçádico junto à epiderme de ambas as faces da
folha, ou, como é mais comum, parênquima paliçádico junto a epiderme da
face superior e lacunoso junto à inferior.

Nervuras foliares
Os tecidos condutores presentes na folha encontram-se agrupados em feixes
libero-lenhosos, nos quais o xilema está voltado para a epiderme superior e o
floema, para a epiderme inferior. Os feixes condutores mais grossos formam as
nervuras foliares, visíveis a olho nu.

Os Tecidos Condutores de Água e de Nutrientes em Traqueófitas


Além das trocas gasosas, um dos maiores problemas de um vegetal terrestre
relaciona-se à disponibilidade de água e sua perda, pois para à realização da
fotossíntese é fundamental que se consiga, além do gás carbônico, a água. O
problema de perda de água através das folhas é, em parte, minimizado pela
presença de cutículas lipídicas, nas faces expostas das epidermes, que as
impermeabilizam. Porém, isso dificulta as trocas gasosas.

A existência nas traqueófitas de aberturas epidérmicas reguláveis


(os estômatos) que permitem as trocas gasosas e ao mesmo tempo ajudam a
evitar perdas excessivas de vapor de água é um mecanismo adaptativo
importante.
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O transporte de água e nutrientes em uma traqueófita ocorre em parte por


difusão de célula à célula e, na maior parte do trajeto, ocorre no interior de
vasos condutores.

Inicialmente, ocorre a absorção de água e nutrientes minerais pela zona pilífera


da raiz. Os diferentes tipos de íons são obtidos ativa ou passivamente e a água
é absorvida porosmose.
Forma-se uma solução aquosa mineral, a seiva bruta ou seiva inorgânica.
Essa solução caminha de célula a célula radicular até atingir os vasos do
xilema (ou lenho) existentes no centro da raiz. A partir daí, o transporte dessa
seiva ocorre integralmente dentro dos vasos lenhosos até as folhas. Lá
chegando, os nutrientes e a água difundem-se até as células e são utilizados
no processo da fotossíntese.
Os compostos orgânicos elaborados nas células do parênquima clorofiliano das
folhas difundem-se para outro conjunto de vasos do tecido condutor
chamado floema ou líber. No interior dos vasos liberianos, essa seiva orgânica
ou seiva elaborada é conduzida até atingir as células do caule, de um fruto, de
um broto em formação, de uma raiz etc., onde é utilizada ou armazenada.
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O xilema
Os vasos condutores de seiva inorgânica são formados por células mortas. A
morte celular é devida à impregnação da célula por lignina, um composto
aromático altamente impermeabilizante. A célula deixa de receber nutrientes e
morre. Desfaz-se o conteúdo interno da célula, que acaba ficando oca e com
as paredes duras já que a lignina possui, também, a propriedade de endurecer
a parede celular. A deposição de lignina na parede não é uniforme. A célula,
então, endurecida e oca, serve como elemento condutor. Existe, ainda, um
parênquima (tecido vivo) interposto que separa grupos de células condutoras.
Acredita-se que essas células parenquimáticas secretem diferentes tipos de
substâncias que provavelmente auxiliam a preservação dos vasos mortos do
xilema.
Existem dois tipos de células condutoras no xilema: traqueíde e elemento de
vaso traqueário (ou xilemático ou, ainda, lenhoso).
 Traqueídes são células
extremamente finas, de pequeno
comprimento (em média 4 mm) e
diâmetro reduzido (da ordem de 2
mm). Quando funcionais, as
traqueídes estão agrupadas em
feixes e as extremidades de umas
tocam as das outras. Na
extremidade de cada traqueíde,
assim como lateralmente, há uma
série de pontuações ou
poros(pequeníssimos orifícios) que
permitem a passagem de seiva no
sentido longitudinal e lateral.
 Menores que as traqueídes (em
média de 1 a 3 mm), porém mais
longos (até 300 mm), os elementos
de vaso também possuem
pontuações laterais que permitem a
passagem da seiva. Sua principal
característica é que em suas
extremidades as paredes são
perfuradas, isto é, não há parede
divisória totalmente isolante entre
uma e outra célula. O vaso formado
pela reunião de diversos elementos
de vaso é conhecido como traquéia.
O nome traquéia para o vaso
condutor é derivado da semelhança
que os reforços de lignina do vaso
apresentam com os reforços de
cartilagem da traquéia humana e os
de quitina dos insetos.
A condução da seiva inorgânica
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Vimos que as raízes absorvem água do solo através da região dos pelos
absorventes ou zona pilífera. Desta, a água atravessa as células do córtex,
endoderme e periciclo da raiz. Na endoderme o fluxo da água pode ser
facilitado ela existência das chamadas células de passagem. A água atinge os
vasos do xilema e, a partir desses vasos, atinge a folha. Na folha, ou ela é
usada na fotossíntese ou é liberada na transpiração.
Atribui-se a condução da seiva inorgânica (ou bruta) a alguns mecanismos:
pressão da raiz, sucção exercida pelas folhas e capilaridade.
 A pressão da raiz – O movimento da água através da raiz é
considerado como resultante de um mecanismo osmótico. A água que
está no solo entra na célula do pêlo radicular, cuja concentração é maior
que a da solução do solo. A célula radicular é menos concentrada que a
célula cortical. Esta, por sua vez, é menos concentrada que a célula
endodérmica e, assim por diante, até chegar ao vaso do xilema, cuja
solução aquosa é mais concentrada de todas nesse nível. Assim, é
como se a água fosse osmoticamente bombeada, até atingir os vasos do
xilema.
 A sucção exercida pelas folhas – A hipótese mais aceita, atualmente,
para o deslocamento da seiva do xilema é baseada na “sucção” de água
que a copa exerce. Esta “sucção” está relacionada com os processos de
transpiração e fotossíntese que ocorrem nas folhas. Para que essa
“aspiração” seja eficiente, dois pré-requisitos são fundamentais:
inexistência de ar nos vasos de xilema e uma força de coesão entre as
moléculas de água. A coesão entre as moléculas de água faz com que
elas permaneçam unidas umas às outras e suportem forças
extraordinárias, como o próprio peso da coluna líquida no interior dos
vasos, que poderiam levá-las a separar-se. A existência de ar nos vasos
do xilema romperia essa união e levaria à formação de bolhas que
impediriam a ascensão da seiva lenhosa. As paredes dos vasos
lenhosos igualmente atraem as moléculas de água e essa adesão,
juntamente com a coesão, são fatores fundamentais na manutenção de
uma nova coluna contínua de água no interior do vaso.
 A transpiração e a fotossíntese removem constantemente água da
planta. Essa extração gera uma tensão entre as moléculas de água já
que a coesão entre elas impede que se separem. A parede do vaso
também é tracionada devido à adesão existente entre ela e as moléculas
de água. Para que se mantenha a continuidade da coluna líquida, a
reposição das moléculas de água retiradas da copa deve ser feita pela
raiz, que, assim, abastece constantemente o xilema.
 O efeito da capilaridade na condução da seiva – Os vasos lenhosos
são muito delgados, possuem diâmetro capilar. Assim, a ascensão do
xilema ocorre, em parte, por capilaridade. No entanto, por esse
mecanismo, a água atinge alturas bem inferiores a 1 metro e,
isoladamente, esse fato é insuficiente para explicar a subida da seiva
inorgânica.
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O floema
Os vasos do floema (também chamado de líber) são
formados por células vivas, cuja parede possui apenas a
membrana esquelética celulósica típica das células
vegetais e uma fina membrana plasmática. São células
altamente especializadas e que perdem o núcleo no
decorrer do processo de diferenciação. O seu interior é
ocupado pela seiva elaborada (ou seiva orgânica) e por
muitas fibras de proteínas, típicas do floema. A passagem
da seiva orgânica de célula a célula é facilitada pela
existência deplacas crivadas nas paredes terminais das
células que se tocam. Através dos crivos, flui a seiva
elaborada de uma célula para outra, juntamente com finos
filamentos citoplasmáticos, os plasmodesmos.
Os orifícios das placas crivadas são revestidos por calose.
Polissacarídeo que obstrui os crivos quando, em alguns
vegetais, periodicamente, os vasos crivados ficam sem
função. Ao retornarem à atividade, esse calo é desfeito.

Lateralmente aos tubos crivados, existem algumas células


delgadas, nucleadas, chamadas de companheiras, cujo
núcleo passa a dirigir também a vida das células
condutoras.
A condução da seiva elaborada

A seiva orgânica, elaborada no parênquima das folhas, é lançada nos tubos


crivados do floema e conduzida a todas as partes da planta que não são auto-
suficientes. O transporte é orientado principalmente para a raiz, podendo haver
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algum movimento em direção ao ápice do caule e folhas em desenvolvimento.


De modo geral, os materiais orgânicos são translocados para órgãos
consumidores e de reserva, podendo haver inversão do movimento (isto é, dos
órgãos de reserva para regiões em crescimento), quando necessário.

A hipótese de Münch
A hipótese mais aceita atualmente para a condução da seiva elaborada é a que
foi formulada por Münch e se baseia na movimentação de toda a solução do
floema, incluindo água e solutos. É a hipótese do arrastamento mecânico da
solução, também chamada de hipótese do fluxo em massa da solução. Por
essa hipótese, o transporte de compostos orgânicos seria devido a um
deslocamento rápido de moléculas de água que arrastariam, no seu
movimento, as moléculas em solução.
A compreensão dessa hipótese fica mais fácil acompanhando-se o modelo
sugerido por Münch para a sua explicação.

Observando a figura, conclui-se que haverá ingresso de água por osmose, do


frasco A para o osmômetro 1, e do frasco B para o osmômetro 2. No entanto,
como a solução do osmômetro 1 é mais concentrada, a velocidade de
passagem de água do frasco A para o osmômetro 1 é maior. Assim, a água
tenderá a se dirigir para o tubo de vidro 1 com velocidade, arrastando
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moléculas de açúcar. Como o osmômetro 2 passa a receber mais água, esta


passa para o frasco B. Do frasco B, a água passa para o tubo de vidro 2, em
direção ao frasco A. Podemos fazer a correspondência entre o modelo anterior
e uma planta:
 Tubo de vidro 1 corresponde ao floema e o tubo de vidro 2 ao xilema;
 Osmômetro 1 corresponde a uma célula do parênquima foliar e o
osmômetro 2, a uma célula da raiz;
 Frasco A representa a folha, enquanto o frasco B representa a raiz;
 As células do parênquima foliar realizam fotossíntese e produzem
glicose. A concentração dessas células aumenta, o que faz com que
absorvam água do xilema das nervuras. O excesso de água absorvida é
deslocado para o floema, arrastando moléculas de açúcar em direção
aos centros consumidores ou de reserva.

Organização dos Tecidos nas Raízes e nos Caules

Raízes e caules jovens, cortados transversalmente, mostram que são formados


por uma reunião de tecidos. A disposição desses tecidos é específica em cada
órgão e constitui uma estrutura interna primária típica de cada um deles. Uma
estrutura secundária, mais complexa, pode ser vista quando ocorre um
aumento no diâmetro do caule e da raiz.
Estrutura primária da raiz
Se acompanhássemos uma célula meristemática que terminou de surgir por
mitose na extremidade de uma raiz, veríamos que ela vai se alongando, ao
mesmo tempo que vai se distanciando da extremidade em decorrência do
surgimento de novas células. A maior taxa de crescimento em extensão de
uma raiz, ocorrerá, portanto, na região situada pouco acima da região
meristemática, denominada de zona de distensão.
Após crescerem as células iniciam a sua diferenciação. Na região mais interna,
por exemplo, terá início a diferenciação dos tecidos condutores, enquanto na
região mais externa diferenciam-se parênquimas e tecidos de revestimento.

Córtex
A região mais periférica da raiz jovem diferenciam-se em epiderme, tecido
formado por uma única camada de células achatadas e justapostas. Na região
abaixo da epiderme, chamada córtex, diferencia-se o parênquima cortical,
constituído por várias camadas de células relativamente pouco especializadas.
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Cilindro central
A parte interna da raiz é o cilindro central, composto principalmente por
elementos condutores (protoxilema e protofloema), fibras e parênquima. O
cilindro central é delimitado pela endoderme, uma camada de células bem
ajustadas e dotadas de reforços especiais nas paredes, as estrias de
Caspary. Essas estrias são como cintas de celulose que unem firmemente as
células vizinhas, vedando completamente os espaços entre elas. Assim, para
penetrar no cilindro central, toda e qualquer substância tem que atravessar
diretamente as células endodérmicas, uma vez que as estrias de caspary
fecham os interstícios intercelulares.

Logo abaixo da endoderme situa-se uma camada de células de paredes finas


chamada periciclo, que delimita o cilindro central, onde se localizam o xilema e
o floema. A maneira como os tecidos condutores se dispõem no cilindro central
é um dos critérios para distinguir dicotiledôneas de monocotiledôneas.

Raízes de mono e dicotiledôneas


Na maioria das plantas dicotiledôneas o xilema se concentra na região mias
interna do cilindro central. Quando se observa um corte transversal à raiz, vê-
se que o protoxilema ocupa uma área em forma de cruz ou estrela, cujas
pontas encostam no periciclo. O protofloema encontra-se nos vértices
formados pelos “braços” da cruz. Entre o protoxilema e o protofloema há um
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meristema primário chamado procâmbio. Os demais espaços dentro do cilindro


central são preenchidos por parênquima.
Nas plantas monocotiledôneas, o centro da raiz é ocupado por uma medula
constituída por parênquima medular e os vasos lenhosos e liberianos dispõem-
se ao redor.

Estrutura secundária

O crescimento em espessura da raiz pode ser chamado de crescimento


secundário, para distingui-lo do crescimento em extensão. Em linhas gerais,
durante o crescimento secundário desenvolvem-se cilindros de células
meristemáticas que permitem o surgimento de novos tecidos radiculares.
Os dois tecidos meristemáticos envolvidos no crescimento secundário da raiz
são ocâmbio vascular, que permite o crescimento do cilindro central, e o
câmbio suberógeno ou felogênio, que permite o crescimento
da periderme (casca).

Câmbio vascular
O câmbio vascular (do latim vasculum, vaso) é assim chamado porque origina
novos vasos condutores durante o crescimento secundário da raiz. O câmbio
vascular forma-se a partir do procâmbio e do periciclo, que se conjugam e
delimitam uma área interna do cilindro central, onde só há xilema. Ao se
multiplicar ativamente, as células do câmbio vascular originam vasos
xilemáticos para a região mais interna e vasos floemáticos para a região mais
externa. Aos poucos a área delimitada pelo câmbio vai tornando-se cada vez
mais cilíndrica.
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O cambio vascular da raiz é um meristema de origem mista, primária e


secundária. Isso porque tem origem tanto no procâmbio, um meristema
primário, quanto do periciclo, um tecido já diferenciado que sobre
desdiferenciação.
Câmbio suberógeno ou felogênio
O câmbio suberógeno, também chamado de felogênio (do
grego phellos, cortiça, e genos, que gera), é um cilindro de células
meristemáticas localizado na região cortical da raiz, sob a epiderme. O
felogênio é um meristema secundário, uma vez que tem origem por
desdiferenciação de células do parênquima cortical.
Como vimos, a atividade do felogênio produz feloderme e súber, este último um
tecido morto que protege externamente raízes e caules com crescimento
secundário.

Estrutura interna do caule


Como na raiz, a parte mais jovem de um caule é a que se localiza junto à
extremidade, onde ocorre a multiplicação das células do meristema apical,
que permite o crescimento em extensão.
Logo abaixo da zona meristemática apical as células iniciam o processo de
diferenciação celular, que leva ao aparecimento dos diversos tecidos que
compõem o caule.
Origem das gemas axilares
Nem todas as células produzidas pelo meristema apical sofrem diferenciação.
À medida que o caule cresce, permanecem grupos de células meristemáticas
sob a epiderme, pouco acima do ponto de inserção das folhas. Esses grupos
de células formam, nas axilas das folhas, protuberâncias chamadas gemas
axilares ou laterais.
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Estrutura primária
Feixes líbero-lenhosos
Caules que não cresceram, em espessura apresentam estrutura primária,
caracterizada pela presença de feixes líbero-lenhosos localizados entre as
células do parênquima que preenchem seu interior.
Cada feixe libero-lenhoso possui elementos do líber (floema) voltados
para fora e elementos do lenho (xilema) voltados para dentro.
Nas plantas monocotiledôneas, que geralmente na apresentam crescimento
secundário, os feixes condutores são distribuídos de maneira difusa no interior
do caule. Já nas dicotiledôneas os feixes líbero-lenhosos distribuem-se
regularmente, formando um cilindro.
Câmbio fascicular
Nos feixes libero-lenhosos das dicotiledôneas, o floema está voltado para o
exterior do caule e o xilema para o interior. Entre o floema e o xilema de um
feixe há um tecido meristemático: o câmbio vascular e o câmbio suberógeno ou
felogênio.
Câmbio vascular
O Câmbio vascular do caule forma-se a partir do câmbio fascicular e do câmbio
interfascicular, este último um tecido meristemátco secundário, resultante da
dedisferenciação de células parenquimáticas localizadas entre os feixes libero-
lenhosos. O câmbio fascicular passa a delimitar, assim, uma área interna do
caule onde só há xilema e parênquima. Como na raiz, as células do câmbio
vascular originam vasos xilemáticos para a região mais interna e vasos
floemáticos para a região mais externa. Aos poucos, a área delimitada pelo
câmbio vai se tornando cada vez mais cilíndrica.
O câmbio vascular o caule, como o da raiz, também é um meristema de origem
mista, primária e secundária. Isso porque tem origem tanto do cambio
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fascicular, um meristema primário, quanto do câmbio interfascicular, um


meristema que surgiu da desdiferenciação de células parenquimáticas.
Câmbio suberógeno ou felogênio
A atividade do câmbio vascular faz com que o caule vá progressivamente
aumentando de espessura. Para acompanhar esse crescimento em diâmetro,
célula do parênquima cortical sofrem desdiferenciação e originam um cilindro
de meristema secundário, o felogênio. Como vimos, a atividade do felogênio
produz feloderme para o interior e súber para o exterior, formando a
periderme, que passa a revestir o caule.
Anéis anuais
Nas regiões de clima temperado, a atividade do câmbio varia no decorrer
do ano. A atividade cambial é muito intensa durante a primavera e o verão,
diminuindo progressivamente no outono até cessar por completo no inverno.
No fim do verão, quando está encerrando mais um ciclo de atividade, o câmbio
produz vasos lenhosos de paredes grossas e lúmen estreito, que constituem o
lenho estival. Na primavera, ao retomar o seu funcionamento depois do
repouso invernal, o câmbio produz vasos lenhosos de paredes delgadas e
lúmen grande, que constituem o lenho primaveril.

Troncos de árvores que vivem em regiões temperadas apresentam, portanto,


anéis de lenho primaveril. Quando esses troncos são observados em corte
transversal, esses anéis são facilmente identificáveis e o número de pares de
anéis corresponde à idade da árvore.

Crescimento e desenvolvimento
O crescimento de uma planta começa a partir da germinação da semente. A
hidratação da semente, por exemplo, ativa o embrião. As reservas contidas no
endosperma ou nos cotilédones são hidrolisadas por ação enzimática. As
células embrionárias recebem os nutrientes necessários, o metabolismo
aumenta e são iniciadas as divisões celulares que conduzirão ao crescimento.
A radícula é a primeira estrutura a imergir; a seguir, exterioriza-se o caulículo e
a plântula inicia um longo processo que culminará no vegetal adulto.
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Qual a diferença entre crescimento e desenvolvimento?

Esses dois termos são frequentemente utilizados como sinônimos. No entanto,


há uma diferença entre eles:
 O crescimento corresponde a um crescimento irreversível no tamanho
de um vegetal, e se dá a partir do acréscimo de células resultantes das
divisões mitóticas, além do tamanho individual de cada célula. De modo
geral, o crescimento também envolve aumento do volume e da massa
do vegetal. O crescimento envolve parâmetros quantitativos
mensuráveis (tamanho, massa e volume).
 O desenvolvimento consiste no surgimento dos diferentes tipos
celulares e dos diversos tecidos componentes dos órgão vegetais. É
certamente um fenômeno relacionado ao processo de diferenciação
celular. O desenvolvimento envolve aspectos quantitativos, relacionados
ao aumento da complexidade do vegetal.
A ocorrência desses dois processos é simultânea. Um vegetal cresce e se
desenvolve ao mesmo tempo.

O meristema

Todos os tipos de células que compõe uma planta tiveram origem a partir
de tecidos meristemáticos, formados por células que têm uma parede
primária fina, pequenos vacúolos e grande capacidade de realiza mitose.
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As células dos tecidos


diferenciados, ainda que não
tenham morrido durante a
diferenciação (como o súber, o
xilema, por exemplo), perdem a
capacidade de se multiplicar por
mitose. As células meristemáticas
se multiplicam e se diferenciam,
originando os diversos tecidos
permanentes da planta, cujas
células não mais se dividem.
Meristema primários
Em certos locais das plantas,
como nos ápices da raiz e do
caule, existem tecidos
meristemáticos que descendem
diretamente das primeiras células
embrionários, presentes na
semente. Esses são os
meristemas primários.
O caule cresce em comprimento
graças à atividade de um
meristema primário presente em
seu ápice, omeristema apical
caulinar. Já o meristema
responsável pelo crescimento em
comprimento da raiz não é
terminal, mas está protegido sob
um capuz celular chamado
de coifa. Por isso é
denominado meristema
subapical radicular.
Meristemas secundários
Meristemas secundários são os que surgem a partir de células diferenciadas,
geralmente parenquimáticas, que readquirem a capacidade mitótica, fenômeno
que os botânicos denominam desdiferenciação. O felogênio que constitui a
periderme, por exemplo, é um exemplo de meristema secundário, que surge
pela desdiferenciação de células do parênquima localizadas sob a epiderme. A
multiplicação das células do felogênio origina a feloderme e o súber que
compõem a periderme.
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Os Hormônios Vegetais

Uma planta precisa de diversos fatores, internos e externos, para crescer e se


desenvolver, e isto inclui diferenciar-se e adquirir formas, originando uma
variedade de células, tecidos e órgãos.

Como exemplos de fatores externos que afetam o crescimento e


desenvolvimento de vegetais, podemos citar luz (energia solar), dióxido de
carbono, água e minerais, incluindo o nitrogênio atmosférico (fixado por
bactérias fixadoras e cianofíceas),temperatura, comprimento do
dia e gravidade.

Os fatores internos são basicamente químicos e serão discutidos neste texto.


Os principais fatores internos são os chamados hormônios
vegetais ou fitormônios, substâncias químicas que atuam sobre a divisão,
elongação e diferenciação celular.

Hormônios vegetais são substâncias orgânicas que desempenham uma


importante função na regulação do crescimento. No geral, são substâncias que
atuam ou não diretamente sobre os tecidos e órgãos que os produzem
(existem hormônios que são transportados para outros locais, não atuando em
seus locais de síntese), ativos em quantidades muito pequenas, produzindo
respostas fisiológicas especificas (floração, crescimento, amadurecimento de
frutos etc).

A palavra hormônio vem a partir do termo grego horman, que significa


"excitar". Entretanto, existem hormônios inibitórios. Sendo assim, é mais
conveniente considerá-los como sendo reguladores químicos.
A atuação dos reguladores químicos depende não apenas de suas
composições químicas, mas também de como eles são "percebidos" pelos
respectivos tecidos-alvo, de forma que um mesmo hormônio vegetal pode
causar diferentes efeitos dependendo do local no qual estiver atuando
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(diferentes tecidos e órgãos), da concentração destes hormônios e da época de


desenvolvimento de um mesmo tecido.

Os grupos de fitormônios conhecidos atualmente


Cinco grupos ou classes de hormônios vegetais (ou fitormônios) são
reconhecidos:
1. Auxinas
2. Citocininas
3. Giberelinas
4. Acido abscísico
5. Etileno

As Auxinas

Os hormônio vegetais mais conhecidos são as auxinas, substâncias


relacionadas à regulação do crescimento. Das auxinas, a mais conhecida é
o AIA – ácido indolilacético.

O AIA nos vegetais não é produzido apenas em coleóptilos (Dá-se o nome de


coleóptilo a primeira porção de planta que aparece à superfície do solo. Este
desenvolve-se segundo a luz. Se a sua intensidade for constante, a planta irá-
se desenvolver na vertical, se for iluminada lateralmente os coleóptilos irão
crescer na direcção da luz, curvando-se). Sua produção também ocorre
em embriões nassementes, em tubos polínicos, e até pelas células da parede
de ovários em desenvolvimento. Na planta adulta, é produzindo nas gemas
apicais, principalmente as caulinares.
O transporte do AIA é polar, isto é, ocorre apenas nos locais de produção para
os locais de ação por meio de células parenquimáticas especiais. O AIA age
em pequeníssima quantidade, na ordem de milionésimos de mg, estimulando o
crescimento.
Uma dose ótima para estimular o crescimento do caule pode inibir o
crescimento da raiz.
 A raiz e o caule de uma mesma planta reagem diferentemente ao
mesmo hormônio:
A dose ótima para o crescimento da raiz é inferior à dose ótima
para o crescimento do caule. A raiz, então, é mais sensível ao
AIA do que caule;
 A dose ótima para o crescimento do caule é inibitória para o
crescimento da raiz e também inibe o crescimento das gemas
laterais.
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Efeito das auxinas


Na dominância apical
As auxinas atuam nos genes das células vegetais, estimulando a síntese de
enzimas que promovem o amolecimento da parede celular, possibilitando a
distensão das células. A forma do corpo de muitas plantas, principalmente as
do grupo perene é definida pela ação hormonal. A gema apical, que atua no
crescimento longitudinal do caule, produz auxina na superfície para inibie as
gemas laterais, deixando-as dormentes. Eliminando-se a gema apical, o
crescimento passará a ser promovido pelas gemas laterais ativadas pela
ausência de auxina. O vegetal apresentará, então, forma copada: pouca altura
e mais galhos.
No crescimento sob a luz

Coleóptilos submetidos à iluminação unilateral apresentaram um crescimento


em direção oposta à da luz. O AIA desloca-se do lado iluminado para o não
iluminado, exercendo aí o seu efeito. A curvatura do coleóptilo será tanto maior
quanto maior for o tempo de iluminação, já que mais AIA acaba atingindo o
lado oposto.
Se um coleóptilo for iluminado uniformemente, ele crescerá em linha reta, o
mesmo acontecendo se ele for deixado no escuro.
Geotropismo

O geotropismo é um resposta dos órgãos vegetais à força da gravidade. Esta


resposta resulta no crescimento da parte aérea da planta na direção oposta à
força da gravidade (geotropismo negativo) e no crescimento das raízes na
direção da força gravitacional (geotropismo positivo). O geotropismo no caule
parece estar de acordo com a teoria de Cholodny-Went.
Quando a planta é colocada em posição horizontal, o acúmulo de auxinas na
parte inferior do caule provoca um maior crescimento dessa parte, ocorrendo
curvatura em uma direção oposta à força da gravidade, fazendo com que o
caule se dirija para cima. Na raiz em posição horizontal ocorre um maior
alongamento na parte superior comparada à inferior, provocando curvatura da
raiz na direção da força gravitacional. Há pouca evidência de que ocorra uma
distribuição assimétrica de AIA natural em raízes colocadas em posição
horizontal.
Outros efeitos das auxinas
 A aplicação de auxinas sobre a superfície do caule promove a
formação de raízes adventícias, o que é útil na propagação
vegetativa por meio de estacas.
 O nível de auxinas nos tecidos do ovário sobe sensivelmente
por ocasião da fecundação, promovendo o desenvolvimento do
fruto.
 A auxina sintética 2,4-D (ácido 2,4-diclofenoxiacético) é utilizada
como herbicida e atua somente em plantas eudicotiledôneas.
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Partenocarpia

Na natureza, é comum o desenvolvimento de ovários sem que tenha havido a


formação das sementes. É o caso da banana. A auxina existe na parede do
ovário e também nos tubos polínicos é que garante o crescimento do fruto.
Artificialmente, é possível produzir frutos partenocárpicos por meio da
aplicação de auxinas diretamente nos ovários, retirando-se previamente os
estames para evitar polinização. Isso é feito para se obter uvas, melancias, e
tomates sem sementes.

Ácido Abscísico - Abscisão Foliar


A queda das folhas de uma planta decídua pode ocorrer em resposta a sinais
do meio ambiente, tais como curtos ou baixas temperaturas no outono, ou
devido a condições adversas ao desenvolvimento vegetal. A folha jovem tem a
capacidade de sintetizar níveis de auxinas relativamente altos; durante a
senescência, a síntese de auxinas no limbo foliar diminui
consideravelmente, o que promove o rompimento do pecíolo na camada
de abscisão.

Durante a senescência, ao mesmo tempo que diminui o fluxo de auxinas no


pecíolo, ocorre um aumento na produção de etileno na região de abscisão. A
queda no nível de auxinas aparentemente torna as células da região de
abscisão mais sensíveis à ação do etileno. O etileno também inibe o transporte
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de auxinas no pecíolo e provoca a síntese e o transporte de enzimas que


atuam na parede celular (celulases) e na lamela média (pectinases). A
dissolução parcial ou total da parede celular e da lamela média torna a região
de abscisão enfraquecida, do ponto de vista mecânico. Basta neste momento
um vento moderado para causar a quebra do feixe vascular e completar a
separação da folha do restante da planta.
A abscisão de frutos é muito semelhante à abscisão foliar, somente que nos
frutos e em algumas folhas ocorre, antes da abscisão, um aumento no nível
de ácido abscísico. Este hormônio vegetal poderia promover a síntese de
etileno e, possivelmente, a síntese das enzimas que atuam na parede celular e
lamela média.

Etileno

O etileno é um hidrocarboneto insaturado, de natureza gasosa, regulador do


crescimento e que atua como hormônio. Sua produção em uma planta normal
ocorre praticamente em todas as células e se torna mais abundante nas flores
após a polinização e nos frutos em amadurecimento. Sua síntese também se
verifica em células danificadas.
Uma banana madura, colocada junto a outras verdes, acelera o
amadurecimento das outras por causa do etileno que ela desprende. Por isso,
os floricultores costumam armazenar frutos em câmaras onde é evitado o
acúmulo de etileno no ar, retardando, assim, o amadurecimento.
Outro modo de se evitar o amadurecimento dos frutos é enriquecer o ar do
armazém com gás carbônico (já que esse gás antagoniza os efeitos do etileno)
ou impedir a oxigenação dos frutos (o nível baixo de oxigênio reduz a taxa de
síntese de etileno).
O etileno também está envolvido com a queda – abscisão – de folhas e frutos.
Esse processo começa com a redução do teor de AIA da folha, seguido pela
produção do etileno. Ele estimula a síntese de celulase, enzima que digere as
paredes celulósicas, na região de abscisão do pecíolo. Nessa região surge um
meristema de abscisão, em que as células derivadas organizam uma cicatriz
que fechará a lacuna produzida com a queda da folha ou do fruto.
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As Giberelinas

A história inicial das giberelinas foi um produto exclusivo dos cientistas


japoneses. Em 1926, E.Kurosawa estudava uma doença de arroz (Oryza
sativa) denominada de doença das "plantinhas loucas", na qual a planta crescia
rapidamente, era alta, com coloração pálida e adoentada, com tendência a cair.
Kurosawa descobriu que a causa de tal doença era uma substância produzida
por uma espécie de fungo,Gibberella fujikuroi, o qual parasitava as plântulas.

A giberelina foi assim denominada e isolada em 1934. As giberelinas estão


presentes possivelmente em todas as plantas, por todas as suas partes e em
diferentes concentrações, sendo que as mais altas concentrações estão em
sementes ainda imaturas. Mais de 78 giberelinas já foram isoladas e
identificadas quimicamente. O grupo mais bem estudado e o GA3 (conhecido
por acido giberélico), que é também produzido pelo fungo Gibberella fujikuroi.

As giberelinas têm efeitos drásticos no alongamento dos caules e folhas


de plantas intactas, através da estimulação tanto da divisão celular como
do alongamento celular.

Locais de produção das giberelinas no vegetal


As giberelinas são produzidas em tecidos jovens do sistema caulinar e
sementes em desenvolvimento. É incerto se sua síntese ocorre também nas
raízes. Após a síntese, as giberelinas são provavelmente transportadas pelo
xilema e floema.
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Giberelinas e os mutantes anões

Aplicando giberelina em plantas anãs, verifica-se que elas


se tornam indistinguíveis das plantas de altura normal
(plantas não mutantes), indicando que as plantas anãs
(mutantes) são incapazes de sintetizar giberelinas e que o
crescimento dos tecidos requer este regulador.
Giberelinas e as sementes
Em muitas espécies de plantas, incluindo o alface, o tabaco
e a aveia selvagem, as giberelinas quebram a dormência
das sementes, promovendo o crescimento do embrião e a
emergência da plântula. Especificamente, as giberelinas
estimulam o alongamento celular, fazendo com que a
radícula rompa o tegumento da semente.
Aplicações práticas das giberelinas
1. Giberelinas podem ser usadas na quebra de dormência de
sementes de várias espécies de vegetais, acelerando a
germinação uniforme de plantações. Em sementes de cevada e
outras gramíneas, a giberelina produzida pelo embrião acelera a
digestão em reservas nutritivas contidas no endosperma (região
rica em reservas), pois estimula a produção de enzimas
hidrolíticas.
2. Giberelinas podem ser usadas para antecipar a produção de
sementes em plantas bienais. Juntamente com as citocininas,
desempenham importante papel no processo de germinação de
sementes.
3. Giberelinas, assim como auxinas, podem causar o
desenvolvimento de frutos partenocárpicos (sem sementes),
incluindo maçã, abóbora, berinjela e groselha. A maior aplicação
comercial das giberelinas é na produção de uvas para a mesa. O
ácido giberélico promove a produção de frutos grandes, sem
sementes, soltos entre si.
4. Giberelinas estimulam o florescimento de plantas de dia longo
(PDL) e bienais.
Na agricultura
1. Auxinas e giberelinas sintéticas: pulverizadas nas culturas, estas
substâncias provocam a floração simultânea de plantações de
abacaxi, evitam a queda prematura de laranjas e permitem a
formação de uvas sem sementes. Aumentam ainda o tempo de
armazenamento de batatas, impedindo o brotamento de suas
gemas.
2. Experimentos para a produção de cultura de tecidos vegetais com
auxinas e citocininas em soluções nutritivivas contendo sais
minerais, açúcar, vitaminas e aminoácidos. A partir disso, são
produzidas grandes massas de tecidos (calos) de maçã, pêra,
cenoura, batata e outros. Com estes calos, podem ser obtidas
novas plantas, selecionadas e isentas de parasitas. Experimentos
clássicos realizados em 1950 foram feitos para obter clones
(plantas geneticamente iquais, obtidas a partir de células
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somáticas de um único vegetal) de cenouras por cultura de


tecidos.
3. Utilização de hormônios vegetais como herbicidas seletivos:
alguns deles, como a 2,4 –D (ácido dicloro-fenoxiacético, uma
auxina sintética) são inócuos para gramíneas como arroz, trigo,
centeio, porem matam ervas daninhas de folhas largas como
carrapichos, picões, dentes-de-leão.

Para outras finalidades


4. Alguns hormônios sintéticos podem ser tóxicos para os animais e
o homem; seu uso indiscriminado pode desencadear efeitos
colaterais nocivos as comunidades e aos ecossistemas. E outra
auxina sintética, a 2,4,5-T ( ácido tricloro-fenoxiacético), usado
como agente desfolhante na guerra do Vietnã. Foi demonstrado
que esta substância é responsável por deformações nos
embriões dos mamíferos. Os efeitos perigosos da substância
decorrem de sua contaminação por traços de benzodioxina,
substância que se forma durante a fabricação do hormônio.
Pesquisas recentes mostram que apenas cinco partes por trilhão
de dioxina podem aumentar significativamente a probabilidade de
ocorrência de cânceres de vários tipos.

Citocininas
Uma quarta classe de hormônios vegetais é a das citocininas, assim chamadas
porque estimula a divisão celular (citocinese).
As citocininas são produzidas nas raízes e transportadas através do xilema
para todas as partes da planta. Embriões e frutos também produzem as
citocininas.

Funções das citocininas


O papel das citocininas no desenvolvimento das plantas tem sido estudado em
culturas de tecidos. Quando um fragmento de uma planta, um pedaço de
parênquima, por exemplo, é colocado em um meio de cultura contendo todos
os nutrientes essenciais à sua sobrevivência as células podem crescer mas
não se dividem. Se adicionarmos apenas citocinina a esse meio, nada
acontece, mas se adicionarmos também auxina, as células passam a se dividir
e podem se diferenciar em diversos órgãos.
O tipo de órgão que surge em uma cultura de tecidos vegetais depende da relação
entre as quantidades de citocina e auxina adicionadas ao meio. Quando as
concentrações dos dois hormônios são iguais, as células se multiplicam mas não
se diferenciam, formando uma massa de células denominada calo. Se a
concentração de auxina for maior que a de citocina, o calo forma raízes. Se, por
outro lado, a concentração de citocina for maior do que a de auxina, o calo forma
brotos.

As citocinas também atuam em associação com as auxinas no controle da


dominância apical. Nesse caso, os dois hormônios tem efeitos antagônicos.
As auxinas que descem pelo caule inibem o desenvolvimento das gemas
laterais, enquanto as citocinas que vêm das raízes estimulam as gemas a se
desenvolverem. Quando a gema apical é removida, cessa a ação das auxinas
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e as citocinas induzem o desenvolvimento das gemas laterais. Uma vez


iniciado o desenvolvimento das gemas laterais não mais pode ser inibido. O
fato de as gemas mais baixas do caule saírem da dormência antes das mais
altas tem a ver com o fato de elas estarem mais próximas das raízes, onde são
produzidas as citocinas.

As citocinas também retardam o envelhecimento das plantas. Ramos e flores


cortados e colocados em água envelhecem rapidamente pela falta desse
hormônio. A adição de citocina na água dos vasos faz com que as flores
cortadas durem bem mais tempo. É uma prática comum no comércio de
plantas pulverizar citocina sobre as flores colhidas com a finalidade de retardar
o seu envelhecimento.
Senescência
A senescência consiste no conjunto de mudanças que
provocam a deterioração e a morte da célula vegetal. Em
plantas multicelulares, a senescência ocorre após a
juvenilidade (crescimento vegetativo) e a maturidade
(reprodução) e é rápida em plantas perenes, de acordo
com o programa genético característico de cada tipo de
planta. A senescência é também sensível à influência de
fatores do meio ambiente tais como dias curtos, baixa
luminosidade, baixas e altas temperaturas, baixos níveis
de nutrientes essenciais e sais tóxicos no solo.
A senescência consiste no conjunto de mudanças que
provocam a deterioração e a morte da célula vegetal. Em
plantas multicelulares, a senescência ocorre após a
juvenilidade (crescimento vegetativo) e a maturidade
(reprodução) e é rápida em plantas perenes, de acordo
com o programa genético característico de cada tipo de
planta. A senescência é também sensível à influência de
fatores do meio ambiente tais como dias curtos, baixa
luminosidade, baixas e altas temperaturas, baixos níveis
de nutrientes essenciais e sais tóxicos no solo.

A senescência consiste no conjunto de mudanças que provocam a


deterioração e a morte da célula vegetal. Em plantas multicelulares, a
senescência ocorre após a juvenilidade (crescimento vegetativo) e a
maturidade (reprodução) e é rápida em plantas perenes, de acordo com o
programa genético característico de cada tipo de planta. A senescência é
também sensível à influência de fatores do meio ambiente tais como dias
curtos, baixa luminosidade, baixas e altas temperaturas, baixos níveis de
nutrientes essenciais e sais tóxicos no solo.
A senescência e a morte podem ocorrer aproximadamente ao mesmo tempo
em toda a planta, no caso de plantas anuais (milho, soja) e algumas plantas
perenes (agave, bambu), que florescem uma vez e morrem logo depois, ou
podem ocorrer somente na parte aérea das plantas bianuais e herbáceas
perenes, nas quais as partes subterrâneas se mantêm vivas e servem como
reservas para o crescimento do ano seguinte e podem ocorrer somente nas
folhas e frutos de plantas lenhosas perenes. Estas plantas florescem todo ano
e sua senescência total e a morte levam muitos anos.
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Em plantas com senescência total, ela se dá logo depois da floração e da


frutificação. A retirada de flores e de frutos adia a senescência e provoca um
retorno ao rápido crescimento vegetativo característico da fase anterior à
floração. Nos cereais (milho, trigo) a senescência é facilmente observada, já
que acontece quase simultaneamente em milhões de plantas.
A senescência não ocorre ao acaso e quando ela é total está mais relacionada
a fatores internos da planta que a fatores do meio ambiente. As mudanças que
se observam nessa fase são parte de um mecanismo de transferência de
nutrientes de partes da planta como a folha, para outras partes como os frutos,
as sementes e o caule. Freqüentemente, a senescência das folhas e dos frutos
é acompanhada de sua abscisão.
Uma causa possível da senescência da planta poderia ser a grande
mobilização de nutrientes e citocininas na direção dos frutos e das sementes. A
morte da parte vegetativa da planta seria a conseqüência dessa mobilização
dirigida pela atividade as auxinas produzidas pelos frutos. A retirada de flores e
de frutos atrasa e pode até evitar a senescência. Essa mobilização poderia
também ser considerada como um efeito e não como uma causa da
senescência. A teoria da mobilização não explica por que a presença de flores
masculinas em plantas masculinas provoca o início da senescência enquanto a
retirada dessas flores a retarda.
A aplicação de retardadores do crescimento tem como efeito a aceleração da
iniciação floral e da floração de certas plantas. No abacaxizeiro, as aplicações
de etileno, de compostos que liberam etileno em contato com a planta
(ethephon) ou de auxinas que induzem a produção de etileno pela planta,
provocam a iniciação floral e a floração. No repolho, entretanto, a floração está
associada a um rápido crescimento vegetativo. Isto mostra que nem sempre a
diminuição da taxa de crescimento está intimamente associada à iniciação
floral, à floração e à frutificação. Na realidade, além do fato de que ela faz parte
do programa genético da planta e que está sujeita, em certos casos, a fatores
do meio ambiente, pouco se conhece sobre as causas profundas da
senescência.

Fotoperiodismo
Diversas etapas do desenvolvimento das plantas ocorrem em épocas
determinadas do ano. A época da floração, por exemplo, é caraterística para
cada espécie: é comum ouvirmos dizer que tal planta floresce em agosto, outra
em setembro e assim por diante.
Como as plantas sabem a época em que devem florescer?
O estímulo ambiental que as plantas utilizam com mais freqüência é o foto
período, isto é, a relação entre a duração dos dias (período iluminado) e das
noites (período escuro). A resposta fisiológica a essa relação é chamada
fotoperiodismo.

De acordo com a maneira como o fotoperiodismo afeta a floração, as plantas


podem ser classificadas em três tipos principais: plantas de dia curto, plantas
de dia longo e plantas indiferentes.
Plantas de dia curto
Plantas de dia curto são aquelas que florescem quando a duração da noite
(período escuro) é igual ou maior do que determinado valor, denominado
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fotoperíodo crítico. Plantas de dia curto florescem no fim do verão, no outono


ou no inverno.

Plantas de dia longo


Plantas de dia longo são as que florescem quando submetidas a períodos de
escuridão inferiores ao fotoperíodo crítico. Plantas desse tipo das quais a
alface é um exemplo, florescem no fim da primavera ou no verão. Para
algumas plantas basta uma única exposição ao fotoperíodo indutor para
florescer, enquanto outras precisam de vários dias sucessivos de fotoperíodos
adequados.

Algumas plantas só respondem ao fotoperíodo depois de receber algum outro


tipo de estimulação. O trigo de inverno, por exemplo, não florescerá ao menos
que fique exposto por várias semanas à temperaturas inferiores a 10ºC. Essa
necessidade de frio para florescer ou uma semente germinar, é comum a
muitas plantas de clima temperado, sendo chamada de vernalização. Se, após
a vernalização, o trigo de inverno for submetidos a períodos indutores menores
que o fotoperíodo crítico, ele florescerá.
Plantas indiferentes
Existem plantas que florescem independente do fotoperíodo. Nesse caso, a
floração ocorre em resposta a outros estímulos. O tomate e o feijão de corda
são exemplos de plantas indiferentes.
Fitocromos e a Percepção da Luz
O fato de as plantas responderem a estímulos luminosos significa que elas são
capazes de perceber a luz. O fotorreceptor envolvido no fotoperiodismo,
bem como em muitos outros tipos de resposta à luz, é o fitocromo, uma
proteína de cor azul-esverdeada.
Tipos de fitocromos

O fitocromo existe em duas formas interconversíveis, uma inativa,


chamadafitocromo R, e outra ativa, chamada fitocromo F. O fitocromo R (do
inglês, Red, vermelho) se transforma em fitocromo F (do inglês, far-red,
vermelho-longo) ao absorver luz vermelha de comprimento de onda na faixa
dos 660 nanômetros. O fitocromo F, por sua vez, transforma-se em fitocromo R
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ao absorver luz vermelha de comprimento de onda na faixa dos 730


nanômetros (vermelho de onda mais longa).
A luz solar contém ambos os comprimentos de onda (vermelho e vermelho-
longo). Por isso durante o dia as plantas apresentam as duas formas de
fitocromos (R e F), com predominância do fitocromo F. À noite, o fitocromo F,
mais instável, converte-se espontaneamente em fitocromo R. Dependendo da
duração do período de escuridão, essa conversão pode ser total, de modo que
a planta ao fim de um longo período de escuridão, pode apresentar apenas
fitocromo R.

Papel do fitocromo na floração


Nas plantas de dia curto o fitocromo F é um inibidor da floração. Plantas
de dia curto florescem em estações do ano que as noites são longas, porque,
durante o período prolongado de escuridão, o fitocromo F converte-se
espontaneamente em fitocromo R, deixando de inibir a floração. Uma breve
exposição de luz (cerca de 10 minutos) durante o período de escuridão é o
suficiente para impedir a floração de plantas de dia curto, pois, nesse período o
fitocromo R é convertido em fitocromo F.

Nas plantas de dia longo o fitocromo F é um indutor de floração. Assim,


plantas de dia longo só florescem se o período de escuridão não forem muito
prolongados, de modo que não haja conversão total de fitocromo F em R. Já
em estações do ano que as noites são longas, as plantas de dia longo não
florescem, porque todo o fitocromo F é convertido em fitocromo R, que não
induz a floração.
Fitocromos e germinação
Os fitocromos também estão envolvidos em outros processos fisiológicos das
plantas, entre elas a germinação das sementes.
As sementes de diversas espécies de plantas precisam ser expostas à luz para
germinar. Isso porque a germinação é induzida pelo fitocromo F, formado
durante o período de exposição à luz.

Movimentos Vegetais

Os movimentos dos vegetais respondem à ação de hormônios ou de fatores


ambientais como substâncias químicas, luz solar ou choques mecânicos. Estes
movimentos podem ser do tipo crescimento e curvatura e do tipo locomoção.
Movimentos de Crescimento e Curvatura

Estes movimentos podem ser do tipo tropismos e nastismos.


Tropismos
Os tropismos são movimentos orientados em relação à fonte de estímulo.
Estão relacionados com a ação das auxinas.

Fototropismo
Movimento orientado pela direção da luz. Existe uma curvatura do vegetal em
relação à luz, podendo ser em direção ou contrária a ela, dependendo do órgão
vegetal e da concentração do hormônio auxina. O caule apresenta um
fototropismo positivo, enquanto que a raiz apresenta fototropismo negativo.
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Geotropismo
Movimento orientado pela força da gravidade. O caule responde com
geotropismo negativo e a raiz com geotropismo positivo, dependendo da
concentração de auxina nestes órgãos.

Quimiotropismo
Movimento orientado em relação a substâncias químicas do meio.
Tigmotropismo
Movimento orientado por um choqe mecânico ou suporte mecânico, como
acontece com as gavinhas de chuchu e maracujá que se enrolam quando
entram em contato com algum suporte mecânico.

Nastismos
Os nastismos são movimentos que não são orientados em relação à fonte
de estímulo. Dependem da simetria interna do órgão, que devem ter
disposição dorso - ventral como as folhas dos vegetais.

Fotonastismo
Movimento das pétalas das flores que fazem movimento de curvatura para a
base da corola. Este movimento não é orientado pela direção da luz, sendo
sempre para a base da flor. Existem as flores que abrem durante o dia,
fechando-se à noite como a "onze horas" e aquelas que fazem o contrário
como a "dama da noite".

Tigmonastismo e Quimionastismo
Movimentos que ocorrem em plantas insetívoras ou mais comumente plantas
carnívoras, que, em contato com um inseto, fecham suas folhas com tentáculos
ou com pêlos urticantes, e logo em seguida liberam secreções digestivas que
atacam o inseto. Às vezes substâncias químicas liberadas pelo inseto é que
provocam esta reação.

Seismonastia
Movimento verificado nos folíolos das folhas de plantas do tipo sensitiva ou
mimosa, que, ao sofrerem um abalo com a mão de uma pessoa ou com o
vento, fecham seus folíolos. Este movimento é explicado pela diferença de
turgescência entre as células de parênquima aquoso que estas folhas
apresentam.
Movimentos de Locomoção ou Deslocamento
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Movimentos de deslocamento de células ou organismos que são orientados em


relação à fonte de estímulo, podendo ser positivos ou negativos, sendo
definidos como tactismos.
Quimiotactismo
Movimento orientado em relação a substâncias químicas como ocorre com o
anterozóide em direção ao arquegônio.
Aerotactismo
Movimento orientado em relação à fonte de oxigênio, como ocorre de modo
positivo com bactérias aeróbicas.
Fototactismo
Movimento orientado em relação à luz, como ocorre com os cloroplastos na
célula vegetal.

Nutrição Vegetal
Como as plantas se nutrem
A nutrição da plantas é autotrófica, nisso diferindo da nutrição animal, que é
heterotrófica. Enquanto os animais obtêm alimento comendo outros seres
vivos, as plantas fabricam elas mesmas a matéria orgânica que lhes servem de
alimento. Para isso utilizam gás carbônico proveniente do ar e água e sais
minerais (nutrição inorgânica) retirados do solo.
Nutrição inorgânica
Quando falamos de nutrição inorgânica, na verdade estamos nos referindo
àabsorção dos nutrientes minerais essenciais para um bom
desenvolvimento vegetal. Esses nutrientes existem no substrato em que planta
vive (solo, água e, eventualmente, meio aéreo) e a sua absorção é realizada
principalmente pelas raízes. Muitas vezes, as folhas também executam esse
papel. A absorção radicular é efetuada a partir da zona pilífera, região na qual a
superfície de absorção é aumentada pela existência dos pelos absorventes.
Quando um nutriente é utilizado em grande quantidade por um vegetal, ele é
considerado um macronutriente. Se for utilizado em pequena quantidade, é
considerado um micronutriente. Esses termos não se relacionam com o
tamanho do nutriente, e sim com a quantidade em que são utilizados.
Entre os micronutrientes, podem ser citados o manganês, o cobre, o zinco e o
ferro.
A tabela abaixo resume o papel de alguns macronutrientes no organismo
vegetal.
Nutriente Papel Fisiológico
Nitrogênio Essencial para a síntese protéica e de ácidos nucléicos.
(N)
Fósforo (P) Essencial para a síntese de ATP e de ácidos nucléicos.
Potássio (K) Relacionados as trocas iônicas entre a célula e o meio;
envolvido nos movimentos de abertura dos estômatos.
Enxofre (S) Utilizado para a síntese de aminoácidos essenciais.
Magnésio Componente da molécula de clorofila.
(Mg)

O húmus
A decomposição de restos vegetais no solo, realizada por fungos, bactérias,
minhocas, insetos etc., resulta na mineralização dos nutrientes (carbono,
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nitrogênio, fósforo, enxofre, etc.), que são diretamente assimilados pelas


plantas ou formam outros compostos.

O húmus estabiliza a estrutura dos solo, aumentando a sua aptidão para


absorver os íons minerais (potássio, amônio, magnésio e cálcio)e regulariza a
umidade, constituindo assim agente insubstituível de fertilidade e conservação
do solo.

Nutrição orgânica – fotossíntese


A fotossíntese ocorre principalmente nas folhas de uma traqueófita. É
conveniente, agora, dar uma noção da morfologia interna desse órgão
relacionado com a nutrição orgânica.
Duas epidermes, formadas por células achatadas, revestem uma camada
interna constituída basicamente por dois tecidos: o tecido de
preenchimento e o tecido condutor. O tecido de preenchimento é conhecido
como parênquima e é, em geral, constituído por duas camadas de células
clorofiladas, vivas.
A camada próxima à epiderme superior possui células organizadas em uma
paliçada e, por isso, recebe o nome de parênquima paliçádico. A outra camada,
próxima à epiderme inferior, possuem células irregulares que se dispõem
deixando lacunas entre si, o que dá a essa camada um aspecto de esponja – é
o parênquima lacunoso. As células dessas camadas são ricas em cloroplastos.
O tecido condutor compõe as nervuras. Aqui, os vasos dispõem-se em feixes
de tecidos condutores, embainhados por células parenquimáticas especiais.
Há dois tipos de vasos: os que trazem para a folha a água necessária para a
fotossíntese, além de outras substâncias inorgânicas – vasos do xilema – e os
que conduzem o alimento produzido pelas folhas para o caule e para a raiz –
vasos do floema.
Cabe ao parênquima clorofiliano (outro nome dado ao conjunto formado pelo
parênquima paliçádico e parênquima lacunoso) o papel de nutrir o vegetal
como os alimentos orgânicos necessários a sua sobrevivência, a partir da
realização da fotossíntese.
As etapas clara e escura da fotossíntese ocorrem nos cloroplastos. Na fase de
claro (ou fotoquímica) há a participação da água e da luz, com liberação de
oxigênio e produção de ATP e NADPH2. Na fase escura (ou puramente
química), ocorre o ciclo de Calvin ou ciclo das pentoses, durante a qual há uma
sequência de reações com a participação do gás carbônico e com a utilização
do ATP e do NADPH2, produzidas na fase clara, resultando em moléculas de
glicose.
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A Sistemática Vegetal e seu significado

A Sistemática Vegetal é a parte da botânica que tem por finalidade agrupar as


plantas dentro de sistemas, levando em consideração suas características
internas e externas, suas relações genéticas e afinidades. Muitos botânicos
consideram o termo sistemática e taxonomia como sinônimos; porém, outros
reservam a designação taxonomia para a ciência que elabora as leis da
classificação e sistemática para aquela que cuida da classificação dos seres
vivos, baseada fundamentalmente na morfologia. A sistemática compreende
três etapas : a identificação, a nomenclatura e a classificação. A identificação :
é a determinação de um táxon como idêntico ou semelhante a outro já
conhecido. Pode ser realizado com auxílio de literatura ou por comparação com
outro táxon de identidade conhecida. Táxon é o termo estabelecido para
determinar uma unidade taxonômica de qualquer hierarquia (família, gênero,
espécie, etc.). Nomenclatura : cuida do emprego correto dos nomes das
plantas e compreende um conjunto de princípios, regras e recomendações
aprovados em Congressos Internacionais de Botânica e publicados num texto
oficial. Classificação : é a ordenação das plantas num táxon. Cada espécie é
classificada como membro de um gênero, cada gênero pertence a uma família;
as famílias estão subordinadas a uma ordem, cada ordem a uma classe, cada
classe a uma divisão. Vale lembrar que o termo classificação não é sinônimo
de identificação. Quando, por exemplo, se nomeia uma planta já conhecida, ela
está sendo identificada, ao passo que, quando se procura localizar um
exemplar ainda não conhecido dentro de um sistema de classificação, estar-se-
á classificando. Antigamente, Sistemática era uma ciência que se restringia ao
estudo de fragmentos de plantas, devidamente etiquetados e conservados em
herbáreo, baseandose no estudo morfológico desses espécimes. A sistemática
moderna, chamada Nova Sistemática, estuda o comportamento da planta na
natureza, fundamentada na morfologia, na estrutura anatômica dos vegetais,
nos caracteres genéticos, na ecologia, na distribuição geográfica, no estudo de
seus antepassados, etc. para compreender e estabelecer as verdadeiras
afinidades e grau de parentesco existente entre os diversos grupos vegetais.
Para agrupar os vegetais de acordo com suas afinidades verdadeiras, a
Sistemática lança mão de todas as ciências botânicas. Baseia-se na hipótese
de que existem relações genéticas entre as plantas e que os vegetais atuais
descendem de outros existentes ou já extintos, através de sucessivas
gerações. Está fundamentada na suposição de que ocorreu, durante as épocas
de desenvolvimento da história da Terra, uma evolução dos caracteres das
plantas, encontrando-as mais complexas hoje em dia.

Nomenclatura

Considerando uma espécie qualquer, o milho por exemplo, ela possui uma
série de características que a distingue de outra espécie qualquer. Muitas
vezes pode ocorrer de duas espécies possuírem caracteres tão semelhantes
que é difícil distingui-las, ou ainda, possuírem uma grande variabilidade de
formas. Isto ocorre devido ao próprio processo evolutivo, ou seja, muitas
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espécies não estão definidas ou estão em processo de formação de duas ou


mais.
A necessidade de identificar as espécies universalmente levou a utilização de
um nome científico. Várias tentativas foram feitas, mas somente Carl Linné
(1707- 1778) conseguiu organizar uma nomenclatura eficiente, formada por
apenas duas palavras: a Nomenclatura Binomial. A primeira palavra seria um
substantivo, retirado do táxon gênero, e a segunda seria um adjetivo que
formaria a espécie. No exemplo do milho, teríamos então Zea como
substantivo e mays como adjetivo; ficando a espécie com o nome científico de
Zea mays. Z. mays representa a unidade básica de toda a sistemática: a
espécie, e com isso seu conjunto próprio de caracteres genotípico e fenotípico.
A obtenção deste adjetivo é diversa, sendo na maioria das vezes derivado de
características existentes no próprio vegetal, seu habitat, etc. No caso do milho,
o termo mays, provem dos índios Maias que o cultivavam. Zea é o gênero a
que pertence a espécie citada, isto é, um grupo de espécies muito semelhantes
pertenceriam ao táxon chamado gênero. Portanto, ao dar o nome científico a
uma espécie já está se indicando a que grupo (táxon) ela pertence. Porém,
devido ao grande número de espécies existentes, foi necessário organizá-las
em taxa mais elevados, ou seja, um grupo de gêneros com características
próximas seria englobado por um táxon superior denominado família. Um
conjunto de famílias afins formaria um táxon de nível mais elevado,
denominado ordem e assim sucessivamente para classe e divisão. O termo
divisão está prescrito nas normas de nomenclatura para representar a
categoria de maior magnitude no reino vegetal e seu número varia com os
diferentes sistemas de classificação (tabela 6.1). Os zoologistas dividem o
reino animal em phyla e para uniformidade de termos alguns botânicos têm
adotado o termo phylum para plantas em lugar de divisão. Dentro de uma
espécie podem, ainda, ocorrer variações nas características ou seleção de
híbridos pelo homem, criando subníveis como: subespécie, variedade, forma,
raça, clone. Nos demais taxa podem também ocorrer subdivisões, nas quais
pode ser acrescentado o prefixo sub ao táxon, indicando que este é inferior e o
táxon tribo abaixo de família. Assim teremos: Divisão sub-divisão Classe sub-
classe Ordem sub-ordem Família sub-família tribo Gênero sub-gênero Espécie
sub-espécie, variedade, forma.

Regras de Nomenclatura
Cada táxon tem um radical e um sufixo determinado por normas: a. O radical é
obtido sempre de um taxa inferior mais característico. Assim, dentro de um
grupo de gêneros que pertencem a uma família, o mais característico
(chamado gênero tipo) fornece o radical para a formação do nome da família
Ex.: gênero Aster, família Asteraceae. O mesmo ocorre para os níveis
superiores à família, de modo que a família mais característica da ordem
fornecerá o radical para a formação do nome deste táxon e assim por diante.
b. Cada nível de táxon possui um sufixo específico. Exemplo: Rosa alba.
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c. Todos os nomes devem ser escritos em latim ou latinizados. Isso porque o


latim é uma língua "morta" e não sofre modificações (não evolui). Além disso,
não nacionaliza a ciência, já que não dá preferência a nenhuma nação atual.
d. Os nomes de taxa devem ter a letra inicial maiúscula, exceto de espécie.
e. O nome científico de uma espécie é sempre formado por duas palavras
(nomenclatura binomial, já descrita no texto).
f. O nome científico da espécie deve vir acompanhado do nome (abreviado) do
autor que a descreveu. Ex.: Rosa alba L. Quando ocorre dois nomes de
autores, sendo o primeiro entre parênteses, significa que o segundo modificou
a posição sistemática. Ex.: Bulbostylis capillaris (L.) Clarke. g. O nome
científico da espécie deve vir grifado ou destacado no texto.

Os Sistemas de Classificação

Os sistemas de classificação baseiam-se em três tipos principais: o artificial, o


natural e o filogenético. Os primeiros sistemas de classificação eram
considerados artificiais porque se baseavam num único caráter da planta. Um
exemplo clássico é o chamado sistema sexual de Lineu, fundamentado no
número e disposição dos estames. Este sistema era bastante falho, pois
plantas inteiramente diferentes eram agrupadas numa mesma classe porque
apresentavam o mesmo número de estames. No final do século XVIII, com o
aumento dos conhecimentos botânicos, começaram a surgir mudanças
revolucionárias nos sistemas de classificação vegetal. Os novos sistemas
foram chamados de sistemas naturais e eram baseados na afinidade natural
das plantas, que não depende de uma só característica, mas de toda a
organização do vegetal de modo que cada planta ficasse situada ao lado
daquela mais semelhante. Um dos primeiros a utilizar este sistema foi Jussie,
que procurava ordenar as plantas considerando o número de cotilédones, a
estrutura da semente e muitos caracteres vegetativos e reprodutivos. A difusão
rápida e a pronta aceitação das teorias de Darwin, demonstraram a
insatisfação que existia entre os pesquisadores a respeito dos diversos
sistemas de classificação até então existentes. O sistema filogenético surgiu
então, baseado na variabilidade das espécies. Este cuida de suas relações
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genéticas, levando em consideração tanto os vegetais atuais, como aqueles de


outras eras geológicas. Em síntese, o sistema filogenético se firma na teoria
evolutiva, classificando os organismos com base nas modificações de seus
caracteres. Um bom representante para o sistema filogenético foi Eichler
(1883) que dividiu o reino vegetal em Phanerogamae e Criptogamae. A
classificação das plantas, bem como dos demais seres vivos, está sujeita a
alterações, em função de novas descobertas científicas e reformulações de
antigos conceitos. Entretanto, as modificações propostas nem sempre são
aceitas por todos os pesquisadores, os quais podem decidir por outras
abordagens de classificação. Assim, é muito difícil dizer qual é o melhor
sistema de classificação, principalmente quando se trata de vegetais, onde pelo
menos quatro sistemas são comumente utilizados: o de Eichler (1883), o de
Tippo (1942), o de Wittaker (1969) e o de Bold (1970).

BIOQUÍMICA.

A bioquímica é uma disciplina que trata de vários processos essenciais para o


crescimento e desenvolvimento de organismos vivos. A bioquímica vegetal é
essencial para o entendimento do metabolismo de células e suas relações com
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processos fisiológicos como, fotossíntese, respiração celular, absorção de água


e nutrientes, processos de fotomorfogênese e demais rotas metabólicas que
dependem diretamente e indiretamente dessas reações. As reações
metabólicas são divididas em catabólicas e anabólicas. As catabólicas
envolvem processos de degradação de moléculas e as anabólicas envolvem
processos de síntese de moléculas.
Na bioquímica vários tipos de compostos orgânicos fazem parte do
metabolismo celular. (i) Cetona: são compostos orgânicos caracterizados pela
presença do grupamento - C=O, carbonila, ligado a dois radicais orgânicos. (ii)
Aldeídos: são compostos químico orgânico que se caracteriza pela presença,
em sua estrutura, do grupamento H—C=O (formila ou formilo), ligado a um
radical alifático ou aromático. (iii) Ácido carboxílico: são ácidos orgânicos
caracterizados pela presença do grupo carboxila. Em fórmulas químicas, esses
grupos são tipicamente representados como COOH. (iv) Fenóis: apresentam
uma hidroxila ligada a um anel aromomático.
Aminas: Podem ser derivados da amônia (NH3) substituindo o hidrogênio por
outros grupos. Se substituirmos um, dois ou três hidrogênios, teremos,
respectivamente, aminas primárias (R-NH2), secundárias(R1R2NH) ou
terciárias (R1R2R3N).

Propriedades físicas da água

A água é uma das substâncias mais comuns e mais importantes na superfície


da Terra, foi nela que a vida evoluiu e é nela que se processam as principais
reações bioquímicas (LARCHER, 1995). Os tecidos mais tenros das plantas
são constituídos em 90% a 95% por água. Apesar de terem de garantir uma
percentagem tão elevada de água no seu corpo as plantas não se podem
deslocar para ir buscar a mesma. Assim, a compreensão da forma como as
plantas a vão obter, distribuir pelos diferentes tecidos do seu corpo e como a
conseguem armazenar é um dos aspectos fundamentais da Fisiologia Vegetal.

Estrutura molecular da água:

A importância da água para a vida provém das suas características físicas e


químicas que por sua vez resultam da sua estrutura molecular (KRAMER;
BOYER, 1995). Quando os dois átomos de hidrogênio e o de oxigênio se
combinam para formar água há um compartilhamento de elétrons dos átomos
de hidrogênio e o do oxigênio.
Neste tipo de ligação, conhecida como covalente, cada átomo contribui com um
elétron; os dois pares de elétrons compartilhados que constituem a ligação são
mantidos juntos por ambos os núcleos. As ligações covalentes são muito fortes
(450 kJ mol-1), e assim, a molécula de água é extremamente estável. A
distribuição de cargas elétricas na molécula de água é assimétrica: os elétrons
não compartilhados do oxigênio encontram-se em um lado, enquanto que os
dois núcleos dos átomos de hidrogênio se encontram no outro (Figura 2). Desta
assimetria resulta um lado da molécula carregada negativamente e o outro lado
positivamente, formando o que se chama um dípolo (LARCHER, 1995). Como
consequência do carácter dipolar da água, o seu lado positivo é atraído por
cargas negativas e o seu lado negativo é atraído por cargas positivas. Assim,
quando se dissolvem sais em água, dissociam-se em íons positivos (cátions) e
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íons negativos (ânions), cada um dos quais se encontra envolvido por uma
“concha” de moléculas de água orientadas (Figura 3), que são as responsáveis
pela separação dos íons em soluções aquosas (TAIZ; ZEIGER, 2004). A
espessura da “concha” depende da intensidade de carga à superfície.

Compressibilidade

Para todos os efeitos práticos os líquidos são incompressíveis. Assim, as leis


da hidráulica são aplicáveis aos organismos vivos porque estes são
constituídos em grande parte por água.

Calor específico

O Calor específico é a quantidade de energia necessária para aumentar de 1


ºC, uma unidade de massa de uma substância. São necessários 4,184 J para
aumentar de 1 ºC um grama de água pura. O calor específico da água pura
varia apenas ligeiramente ao longo de toda a gama de temperaturas em que a
água se encontra no estado líquido, e é o valor mais alto de todas as
substâncias conhecidas, com exceção da amônia líquida (HOPKINS, 1995).
Este valor tão elevado é devido ao arranjo molecular da água, que permite que
os átomos de hidrogênio e oxigênio vibrem livremente, quase como se fossem
íons livres. Assim, podem absorver grandes quantidades de energia sem que
haja grandes aumentos de temperatura.

Calor latente de vaporização e de fusão

São necessários 2 452 J para converter 1 g de água a 20 ºC, a 1 g de vapor de


água a 20 ºC. Este calor latente de vaporização, invulgarmente alto, é causado
pela tenacidade das pontes de hidrogênio e, assim, da larga quantidade de
energia necessária para que uma molécula de água no estado líquido se
separe das restantes. Uma conseqüência deste elevado calor latente de
vaporização é que as folhas arrefecem sempre que perdem água por
transpiração. Para fundir 1 g de gelo a 0 ºC são necessários 335 J. Este valor é
muito elevado e deve-se igualmente às pontes de hidrogênio que existem entre
as moléculas de água, embora devido à estrutura aberta do gelo, cada
molécula de gelo estabeleça um número menor de pontes de hidrogênio com
as moléculas adjacentes (HOPKINS, 1995).

Maior densidade no estado líquido

Quando o gelo funde o volume total da água diminui. Isto deve-se ao fato que
no estado líquido as moléculas se organizam mais eficientemente que no
estado sólido, ficando cada uma rodeada por outras 5 ou 6 moléculas, em
oposição ao estado sólido em que, como vimos anteriormente, cada molécula
de água está rodeada apenas por quatro outras. O resultado desta diferença de
organização é que a água expande-se quando solidifica e, assim, o gelo tem
uma densidade menor que a água líquida. Deste modo, durante o Inverno o
gelo flutua nos lagos e correntes de água em vez de ir para o fundo, onde
poderia permanecer sem derreter durante o Verão seguinte (KRAMER;
BOYER, 1995).
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– Biomoléculas
Sacarídeos:

Essa palavra deriva do latim em que açúcar é saccharum, sendo derivado do


termo saccharide o qual é a base do sistema de classificação de carboidratos.
Os sacarídeos são formados por aldeídos e cetonas polihidroxi ou substâncias
que a hidrolise produz aldeídos e cetonas.” Os sacarídeos são produzidos a
partir do processo fotossintético, sendo inicialmente a energia da luz
transformada em energia química (ATP e NADPH) que posteriormente é
utilizada para reduzir o carbono atmosférico (CO2) formando uma triose, o
gliceraldeído. A maioria de monossacarídeos e os dissacarídeos são chamados
açúcares porque tem sabor adocicado. Todos os hidratos de carbono são
sólidos na temperatura ambiente. Por apresentar muitos grupos OH, são
extremamente solúveis na água (podem fazer muitas pontes de hidrogênio). Os
monossacarídeos são moléculas orgânicas formadas por átomos de carbono
(C), hidrogênio (H) e oxigênio (O) na proporção 1: 2: 1, respectivamente,
apresentando a fórmula geral (CH2O)n, em que “n” pode variar de 3 a 7. O
nome genérico do monossacarídeo está relacionado com o valor de n. sendo n
= 3 trioses; n= 4 tetroses; n = 5 pentose, n+ 6 hexose, n=7 heptulose. Os
sacarídeos são classificados em: (i) Monosacarídeos: é considerado um
simples carboidrato que não pode ser quebrado para formar pequenos
polissacarídeos. Os monossacarídeos mais abundantes são as hexoses com
fórmula geral (C6H12O6). Nessa classe, se inclui a glicose, o mais importante
combustível para a maioria dos seres vivos, componente dos polissacarídeos
mais importantes, como o amido e a celulose. Outras hexoses importantes são
a frutose e a galactose.
(ii) Disacarídeos em hidrólise forma dois monossacarídeos. Ex: Lactose:
ligação b(1 → 4) glicosídea entre uma galactose e uma glicose, Maltose, é uma
ligação entre duas glicoses a(1 → 4). Sacarose: ligação a, b(1 → 2) glicosídea
entre uma glicose e uma frutose.
(iii) Polisacarídeos (do grego polus significa muitos) em hidrolise e quebrado
para formar muitos monossacarídeos. São moléculas orgânicas formadas pela
união de mais 10 moléculas de monossacarídeos.Os polissacarídeos são
abundantes na natureza, podendo ter função biológica de reserva energética,
como o amido e o glicogênio ou função, como a celulose e a quitina. Os
Polissacarídeos de Reserva Energética em plantas é o amido é o
polissacarídeo de reserva energética dos vegetais, sendo armazenado nas
células do parênquima amiláceo de caules (batatinha) e raízes (mandioca). Em
animais o glicogênio é o polissacarídeo de reserva energética, sendo
armazenado no fígado e músculos. A celulose é o polissacarídeo presente na
membrana celulósica das células vegetais (imagine sua abundância na
natureza). Está relacionada com a estrutura e forma das células vegetais. O
aproveitamento da celulose na forma de moléculas de glicose só é possível na
presença da enzima celulase, que é produzida por microrganismos como
bactérias e protozoários, que vivem em simbiose no sistema digestivo de
organismos como ruminantes, moluscos, etc. No ser humano, a presença de
celulose na dieta (alimentação) garante o bom funcionamento do intestino, a
retenção de água ao bolo fecal, facilitando sua eliminação. Nos artrópodes, o
polissacarídeo quitina é um material impermeabilizante do exoesqueleto,
garantindo boa adaptação à vida terrestre. Os açúcares tem características
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óticas que podem ser utilizar para distinguir suas diferenças em atividades
fisiológicas, que é denominada de quiralidade. Em 1894 William Thomson
definiu um objeto como quiral aquele que a imagem refletida no espelho parece
igual mas não pode se sobrepor. Muitos objetos quirais são, meias, luvas,
orelhas, pés… O centro quiral é um centro tetraédrica que se liga a quatro tipos
diferentes de grupos de carbonos (Figura 7). A molécula que tem n centros
quirais o qual apresenta um máximo de 2n estereoisomeros. Carbonos que
apresentam duplas ou triplas ligações não pode apresentar centros quirais
(Figura 8). Estas moléculas são isômeros.

AGROMETEOROLOGIA

Introdução

Meteorologia é o ramo da ciência que se ocupa dos fenômenos físicos da


atmosfera (meteoros). Seu campo de atuação abrange o estudo das condições
atmosféricas em dado instante, ou seja, das condições do tempo. Tais
condições resultam da movimentação atmosférica, que é originada pela
variação espacial das forças atuantes na massa de ar. Portanto, a atmosfera é
um sistema dinâmico, em contínua movimentação, embora se tenha, em
algumas situações, a sensação de que o ar esteja "parado". Mas isso ocorre
esporadicamente em alguns locais e apenas por alguns instantes, em virtude
do equilíbrio dinâmico das forças atuantes naquele local. Um dos desafios da
ciência é prever, com razoável antecedência, os resultados dessa
movimentação e suas possíveis conseqüências. A isso se denomina Previsão
do Tempo, e essa é a parte visível da meteorologia, e que ganha cada vez
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mais espaço na tomada de decisões operacionais, principalmente nas


atividades agrícolas cotidianas. Outro aspecto importante dessa movimentação
atmosférica é sua descrição estatística, em termos de valores médios
seqüenciais. Desse modo, faz-se uma descrição do ritmo anual mais provável
de ocorrência dos fenômenos atmosféricos. É esse seqüenciamento médio que
define o clima de um local, e que determina quais atividades são ali possíveis.
Essa caracterização média define a Climatologia. Isto significa que a
Meteorologia trabalha com valores instantâneos enquanto a Climatologia utiliza
valores médios (de longo período). Tendo como critério a influência das
condições atmosféricas sobre as atividades humanas, a Meteorologia possui
divisões especializadas com objetivos bem focados sendo uma delas a
Agrometeorologia (ou Meteorologia Agrícola), voltada para as condições
atmosféricas e suas conseqüências no ambiente rural. As condições
climatológicas indicam o tipo de atividade agrícola mais viável de um local, e as
condições meteorológicas determinam o nível de produtividade para aquela
atividade, num certo período, além de interferir na tomada de decisão com
relação às diversas práticas agrícolas.

Meio (ambiente) e sistema

Do ponto de vista termodinâmico, (meio) ambiente é tudo que envolve e


interage com um sistema. No caso da agricultura, a atmosfera, o solo, e a água
fazem parte do ambiente, enquanto que as plantas, os animais, e os
microrganismos são os sistemas. Do ponto de vista ecológico, costuma-se
separá-los em meio biótico (plantas, animais e microrganismos) e abiótico
(atmosfera, solo e água). A água faz parte tanto do meio biótico como do
abiótico, sendo encontrada natural e simultaneamente nas três fases físicas
(sólida, líquida, gasosa). A presença ou ausência da água afeta profundamente
o balanço de energia do sistema. Havendo água em abundância, cerca de três
quartos da energia solar disponível serão utilizados no processo de mudança
de fase líquida para gasosa (calor latente de evaporação) com conseqüente
amenização da temperatura (calor sensível). O planeta Terra pode ser
comparado a uma gigantesca fábrica que contêm toda a matéria prima
necessária para sua produção, e a energia para os diversos processos é
provida diariamente pelo Sol. A captação da energia solar é feita pelas plantas
e algas que, pela fotossíntese, transformam-na em produtos necessários à
manutenção da vida na presente forma. Evidentemente, dentro desta “fábrica”
existem inúmeros departamentos, que são os grandes sistemas ecológicos
naturais. Cada departamento é constituído por diversas seções, que são
agrupamentos de indivíduos, nem sempre da mesma espécie. Em geral,
quanto mais próximo do equador terrestre, maior o número de espécies
presentes, isto é, maior a biodiversidade natural, em função do ambiente.

Condicionantes climáticos/meteorológicos da produtividade agrícola

A agricultura é um sistema tecnológico artificial desenvolvido pelo homem com


o objetivo de se obter alimento, fibra, e energia em quantidade suficiente para
garantir sua subsistência por um certo período. As plantas foram
gradativamente sendo domesticadas até permitir que extensas áreas fossem
cobertas com indivíduos com mesma composição genética. Nessa condição, a
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interação com o ambiente depende do estádio de desenvolvimento das plantas


visto que, num dado instante, todos os indivíduos daquela comunidade têm a
mesma idade, com porte semelhante, e também com mesma suscetibilidade
aos rigores impostos pelo meio. Quanto mais homogênea for a população de
plantas, maior será sua suscetibilidade às condições ambientais. O ritmo da
disponibilidade de energia e de água de uma região determina o seu potencial
de produtividade agrícola. A energia radiante, a temperatura, e a umidade
afetam o desenvolvimento e o crescimento dos vegetais, dos insetos e dos
microrganismos. A produção de biomassa está diretamente relacionada à
disponibilidade energética no meio, que condiciona a produtividade potencial
de cada cultura. A estimativa da potencialidade produtiva das culturas em uma
região é feita com modelos agroclimáticos, que também podem servir de
subsídio para a previsão de safras. A duração das fases e do ciclo de
desenvolvimento dos vegetais e dos insetos é condicionada pela temperatura,
e pelo tempo que ela permanece dentro de limites específicos. Um índice
bioclimático que tem sido usado para estudar essa relação é denominado de
graus-dias, ou seja, quantos graus de temperatura ocorreram durante um dia e
que efetivamente contribuíram de maneira positiva com o metabolismo do
organismo considerado. O efeito térmico é fundamental para a produção das
frutíferas de clima temperado, que necessitam entrar em repouso durante o
inverno, e para tal exigem certo número de horas de frio, para quebrar a
dormência das gemas e retomarem o crescimento vegetativo e o
desenvolvimento após o inverno. O fotoperíodo (número máximo possível de
horas de brilho solar) é outro condicionante ambiental que exerce influência no
desenvolvimento das plantas, pois algumas espécies só iniciam a fase
reprodutiva quando da ocorrência de um valor crítico de fotoperíodo por elas
exigido. O ritmo anual desses elementos permite a escolha de melhores
épocas de semeadura, visando ajustar o ciclo das culturas anuais às melhores
condições locais de clima, minimizando-se riscos de adversidades
meteorológicas, para que expressem sua potencialidade produtiva. O ciclo vital
dos fitopatógenos é constituído por fases típicas, e no caso de fungos, por
exemplo: pré- penetração, penetração, pós-invasão, e liberação/dispersão de
esporos. Com exceção da pós-invasão, as outras fases, por ocorrerem fora da
planta, são totalmente dependentes das condições ambientais, pois
temperatura e duração do molhamento da parte aérea das plantas, por orvalho
ou chuva, são essenciais para a germinação dos esporos e sua penetração nos
tecidos vegetais. O vento e a chuva atuam como agentes de dispersão
carregando esporos, além do vento causar lesões nas plantas, por atrito e
agitação, e que favorecem a penetração de patógenos nos tecidos.
Conhecendo-se os efeitos desses elementos condicionantes das infestações,
pode-se inferir a existência de condições ambientais favoráveis ou não para
ocorrência de pragas e de doenças, como base para seu controle e orientação
quanto a esquemas de alerta fitossanitários eficientes, econômica e
ambientalmente, e de aplicação de defensivos agrícolas.

Objetivos e Atuação da Agrometeorologia

Das atividades econômicas, a agricultura é sem dúvida aquela com maior


dependência das condições do tempo e do clima. As condições atmosféricas
afetam todas as etapas das atividades agrícolas, desde o preparo do solo para
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semeadura até a colheita, o transporte, o preparo, e o armazenamento dos


produtos. As conseqüências de situações meteorológicas adversas levam
constantemente a graves impactos sociais, e a enormes prejuízos econômicos,
muitas vezes difíceis de serem quantificados. Mesmo em regiões com
tecnologia avançada e com organização social suficiente para diminuir esses
impactos, os rigores meteorológicos muitas vezes causam enormes prejuízos
econômicos. Como as condições adversas do tempo são freqüentes e muitas
vezes imprevisíveis a médio e longo prazo, a agricultura constitui-se em
atividade de grande risco. Exemplos são as ocorrências de secas prolongadas,
os veranicos (períodos secos dentro de uma estação úmida), as geadas, e os
períodos de chuva excessiva muitas vezes acompanhadas de granizo.
Segundo Smith (1975), a “Meteorologia Agrícola tem por objetivo colocar a
ciência da Meteorologia à serviço da Agricultura em todas suas formas e
facetas, para melhorar o uso da terra, para ajudar a produzir o máximo de
alimentos, e a evitar o abuso irreversível dos recursos da terra”. Tendo essa
descrição em mente, o objetivo do presente texto é fornecer conhecimentos
necessários para se analisar e entender as relações entre o ambiente e as
atividades agrícolas, visando maximizar a exploração econômica dos recursos
naturais, porém consciente da necessidade de preservação do ambiente para
gerações futuras.

Perspectivas

Com a crescente tendência na tentativa de se minimizar os efeitos adversos da


exploração agrícola sobre o ambiente, com os consumidores impondo
restrições e especificando condições de produção de alimentos, o
planejamento do uso da terra com base nos aspectos forçantes do clima
procura fornecer elementos para desenvolvimento da agricultura sustentável. A
delimitação da aptidão das regiões aos cultivos quanto ao fator clima resulta no
Zoneamento Agroclimático. Essa delimitação climática, juntamente com a
aptidão edáfica (solos), compõem o Zoneamento Agroecológico (clima e solo),
que se juntando ao levantamento das condições sócioeconômicas, definem o
Zoneamento Agrícola, base para o planejamento racional do uso da terra.
Desde a semeadura até a colheita, os tratos culturais (aplicação de defensivos,
irrigações, movimento de máquinas agrícolas, etc.) são condicionados pelas
condições ambientais. Logo, a tomada de decisões e o planejamento de
operações cotidianas dependem do conhecimento das condições
meteorológicas prevalecentes. O acompanhamento diário dessas condições e
a utilização da previsão do tempo constitui-se em ferramenta fundamental para
a operacionalização das atividades agrícolas. A esse monitoramento diário das
condições ambientais existentes e à elaboração de informes específicos
denomina-se de Agrometeorologia Operacional. Essa é uma atividade em que
se procura estabelecer harmonia entre as condições reinantes, a previsão
meteorológica, e as atividades necessárias para bom desempenho econômico.
Essa é uma maneira prática de se reduzir o impacto agroambiental imposto
pela exploração desenfreada dos recursos naturais, na tentativa de se prover
alimentos, energia, e fibras para uma população crescente. Resumindo, a
Agrometeorologia tem sua principal aplicação no planejamento e na tomada de
decisões numa propriedade agrícola, seja na produção animal ou vegetal,
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sendo ferramenta indispensável àqueles envolvidos no processo produtivo


rural.

DEFINIÇÕES E CONCEITOS

Clima e tempo

A atmosfera é uma massa em contínuo movimento e isto induz variações nas


condições predominantes numa região. O estado da atmosfera pode ser
descrito por variáveis que caracterizam sua condição energética. Para um
local, essa descrição pode ser tanto em termos instantâneos, definindo sua
condição atual, como em termos estatísticos, definindo uma condição média.
Portanto, introduz-se uma escala temporal na descrição das condições
atmosféricas. Denomina-se tempo à descrição instantânea, enquanto que a
descrição média é denominada de clima. Logo, tempo é o estado da atmosfera
num local e instante, sendo caracterizado pelas condições de temperatura,
pressão, concentração de vapor, velocidade e direção do vento, precipitação; e
clima é a descrição média, valor mais provável, das condições atmosféricas
nesse mesmo local. Com a descrição climática sabe-se antecipadamente que
condições de tempo são predominantes (mais prováveis) na região e,
consequentemente, quais atividades agrícolas têm maior possibilidade de êxito.
Clima é uma descrição estática que expressa as condições médias
(geralmente, mais de 30 anos) do seqüenciamento do tempo num local. O ritmo
das variações sazonais de temperatura, chuva, umidade do ar, etc, caracteriza
o clima de uma região. O período mínimo de 30 anos foi escolhido pela
Organização Meteorológica Mundial (OMM) com base em princípios
estatísticos de tendência do valor médio. Desse modo, inclui-se anos com
desvios para mais e para menos em todos os elementos do clima. Ao valor
médio de 30 anos chama-se Normal Climatológica. A Figura 2.1 mostra a
variação anual da temperatura do ar próximo da superfície (≈ 1,5m acima do
solo) e da chuva na região de Piracicaba, SP. É uma visualização do ritmo
desses elementos climáticos ao longo do ano. Provavelmente, nunca ocorreu
um ano igual ao normal, mas esta é a descrição do seqüenciamento das
condições mais prováveis na região. Portanto, em termos médios, a
temperatura da região varia entre o mínimo de 10 °C, em Julho, e o máximo de
30 °C, em Fevereiro. Com respeito à chuva, o período primavera-verão (Out -
Mar) contribui com 78% do total anual. O período menos chuvoso corresponde
aos meses mais frios. Portanto, o clima de Piracicaba, SP, apresenta verão
chuvoso e quente, e inverno ameno e seco.
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Elementos e Fatores Climáticos / Meteorológicos

Elementos são grandezas (variáveis) que caracterizam o estado da atmosfera,


ou seja: radiação solar, temperatura, umidade relativa, pressão, velocidade e
direção do vento, precipitação. Esse conjunto de variáveis descrevem as
condições atmosféricas num dado local e instante. Fatores são agentes
causais que condicionam os elementos climáticos. Fatores geográficos tais
como latitude, altitude, continentalidade/oceanalidade, tipo de corrente
oceânica, afetam os elementos. Por exemplo, quanto maior a altitude menor a
temperatura e a pressão. A radiação solar pode ser tomada ou como fator
condicionador ou como elemento dependente da latitude, altitude, e época do
ano.

Escala Temporal dos Fenômenos Atmosféricos

A face da Terra voltada para o Sol (dia) está sempre mais quente que a face
oposta (noite). Com o movimento de rotação da Terra, um local experimenta
uma variação diária em suas condições meteorológicas (temperatura, pressão,
nebulosidade, chuva, umidade relativa, etc). Essa variação diária ocorre em
todos locais, com maior ou menor intensidade, e é um fenômeno natural. Em
geral, quanto mais árido (seco) maior a variação diária da temperatura (calor
sensível) e, consequentemente, da pressão. Portanto, essa é a escala diária de
variação das condições meteorológicas.

CONCEITO, IMPORTÂNCIA, BIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS PLANTAS


INVASORAS. CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS, PROPAGAÇÃO,
ESTABELECIMENTO, CICLO DE VIDA, DANOS E COMPETIÇÃO

Conceitos de planta daninha Conceito ecológico - planta que coloniza e


domina o estágio inicial de uma sucessão vegetal numa terra perturbada pelo
homem. Planta que se adapta com maior facilidade às condições
edafoclimáticas criadas pelo homem.

Conceito biológico - planta com características específicas que facilita sua


sobrevivência e dispersão.

Definição de planta daninha

É uma planta que se desenvolve onde não é desejada.


É uma planta que causa mais danos que benefícios.
É uma planta que causa danos à outras plantas de interesse.
É uma planta fora de lugar. É uma planta indesejável.
É uma planta que ocupa espaço destinado à outras atividades.
É uma planta que domina todas as artes de sobrevivência, exceto a de crescer
em fileiras.
Sinonímia: Planta daninha - "daninho" é atributo humano .
Mato - termo usado por profissionais do Paraná e São Paulo. Termo mais
popular.
Erva daninha - não engloba todas as espécies.
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Planta infestante - pode não causar danos, o que significa um novo conceito.
Planta invasora - a maioria das vezes não é ela que invade.
Invasora - bastante geral e muito usado.
Erva má - pouco usado e dependendo do local ou situação pode não ser má.
Inço - arroz, Rio Grande do Sul.
Juquira - Pastagem.
Estas podem ser vistas dentro de um contexto mais amplo, o que ajuda a
entender que não são sempre indesejáveis pois, podem: favorecer um
microclima, controlar erosão, aumentar teor de matéria orgânica, criar ambiente
favorável para microflora e microfauna. Ou podem ser vistas dentro de um
contexto particular o que nos ajuda dimensionar o problema mais específico em
função de: da espécie, da frequência, da época de emergência, do ciclo de
vida, da competitividade.

Características de uma planta para ser considerada daninha

Nenhuma exigência para germinar


Rápido crescimento
Alta capacidade de florescimento
Alta produção de sementes
Habilidade de dispersão
Adaptação às práticas de manejo
Tolerância à variação ambiental
Plasticidade fenotípica
Germinação assincrônica
Formação de raças fisiológicas
As plantas daninhas são dotadas de certas características que lhe são
peculiares e que interferem na estratégia de seu manejo. Para se manejar bem
estas plantas há necessidade de se conhecer mais profundamente tais
características. David Crockett em sua palestra durante o Congresso
Internacional de Controle de Plantas Daninhas, em 1992, colocou uma
afirmativa sobre a importância do conhecimento da biologia das plantas
daninhas para seu manejo: “Se você quiser controlar uma planta daninha, você
deverá pensar como uma planta daninha”. E, para se pensar como uma planta
daninha, você tem que conhecer suas características, acima citadas:
Germinação e crescimento em condições adversas - esta característica é mais
típica ou menos típica em função da espécie. Importante lembrar que todas
germinam e desenvolvem melhor em condições mais amenas porém, certas
espécies são capazes de se desenvolver onde outras não seriam capazes.
Exemplo: tiririca (Cyperus spp) que é classificada como uma espécie de
ambiente indiferente, cresce melhor em ambiente favorável porém, o ambiente
não é tão limitante como seria para outras espécies, principalmente as plantas
cultivadas. Assim, seu manejo será voltado em dar condições mais favoráveis
para a cultura e menos favorável para a planta daninha. Alta capacidade de
florescimento - esta característica expressa a necessidade e capacidade das
espécies de se multiplicarem. Quaisquer que sejam as condições, a maioria
das espécies daninhas florescem e produzem sementes em abundância. Uma
espécie cultivada, sob tais condições não floresce ou floresce de maneira
deficiente, comprometendo a produção de sementes e consequentemente a
multiplicação da espécie. O manejo da planta daninha neste caso é o seu
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controle antes mesmo que ela produza sementes viáveis. O controle de sua
descendência também resolve mas, com mais custos e outros prejuízos. Alta
produção de sementes - esta característica, juntamente com a dormência,
conferem às espécies daninhas a capacidade de perpetuação da espécie e
capacidade competitiva. Várias espécies chegam a produzir mais de 100.000
sementes por planta. O quadro a seguir,, mostra exemplos de espécies
comuns e sua produção de sementes por planta.

CLASSIFICAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS QUANTO AO CICLO

1 - Quanto ao ciclo: Anuais, bienuais, perenes


Anuais: germinam, desenvolvem, florescem, produzem sementes e morrem
dentro de um ano. Propagam por frutos e sementes. Melhor época de controle -
antes de produzir sementes. Ex.: carurú (Amaranthus hibridus).

Bianuais: plantas cujo completo desenvolvimento se dá em 2 anos. No


primeiro germinam e crescem. No segundo, produzem flores, frutos, sementes
e morrem. Devem ser combatidas no 1º ano. Podem ser anuais em uma região
e bianuais em outra. Ex.: Rubim (Leonurus sibiricus), flor das almas,
carrapichão.

Perenes (ou vivazes): podem dar flores e frutos durante anos consecutivos.
Reproduzem por sementes e por meios vegetativos. São melhor controladas
através de herbicidas sistêmicos pois, sistema mecânico de controle fazem
com que se multipliquem ainda mais através de suas partes vegetativas. Ex.:
guaxuma (Sida rhombifolia).
Dentro das perenes, tem-se:
Perenes simples – reproduzem apenas por sementes. De fácil controle. Ex.:
Guanxuma, cuscuta.
Perenes complexas – órgãos subterrâneos, superficiais. Ex. grama seda,
sapé. Além desta classificação de perenes, pode-se considerar ainda:
Perenes rizomatosas - produzem caule subterrâneo (rizoma) que se propaga
e se reproduz à certa distância da planta mãe. Controle através de herbicida
sistêmico. Ex.: capim massambará (Sorghum halepense).
Perenes estoloníferas - produzem estólons, os quais emitem nós e daí raízes
e a nova planta. Ex.: capim angola (Brachiaria purpuracens).
Perenes tuberosas - reproduzem basicamente por tubérculos (ou batatinhas).
Ex.: tiririca (Cyperus rotundus). Lenhosas: perene, de porte maior. Infestam
normalmente pastagens. Ex.: assa-peixe (Vermonia ferruginea).

2 - Quanto ao hábito de crescimento

Herbácea - tenra, de porte baixo.


Arbustiva - ramificação desde a base.
Arbórea - ramificação acima da base caule bem definido.
Trepadeira - usa outras plantas como suporte.
Hemiepífita - iniciam seu desenvolvimento sobre outra e depois emitem
sistema radicular.
Epífita - cresce sobre outra sem no entanto utilizar do fotossintato do
hospedeiro.
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Parasita - cresce sobre outra utilizando do seu alimento. Uma outra


nomenclatura ou classificação quanto ao hábito de crescimento:
Erva – planta de caule pouco desenvolvido ou aparentemente acaule (haste
achatada ou caules subterrâneos), geralmente não ultrapassa a 1m de altura,
herbácea.
Subarbusto – planta de caule pouco desenvolvido, geralmente não ultrapassa
a 1m de altura, na base é lenhosa e no restante herbácea.
Arbusto – planta de caule resistente, lenhosa ou semi-lenhosa, variando entre
1m e 5m de altura, ramificada desde a base.
Arvoreta – planta de caule resistente, lenhosa ou mais raramente semi-
lenhosa, variando entre 1m e 5m de altura, não ramificada na base, ou seja,
formando um eixo central definido por um certo espaço na altura.
Árvore – planta com caule muito desenvolvido, resistente, lenhosa, com altura
superior a 5m.
Liana – planta com caule de pouca resistência, cresce em comprimento e não
em altura (trepadeira, cipós trepadores, rastejantes).

3 - Quanto Ao Habitat Plantas Daninhas Terrestres: Vivem sobre o solo.


Algumas se desenvolvem melhor sobre solo mais fértil. Exemplos: carurú
(Amaranthus spp), beldroega (Portulaca oleracea).
São consideradas indicadoras de solo fértil, sendo que sua presença valoriza a
terra. Ao contrário, existem as espécies que se desenvolvem em solos de baixa
fertilidade. Exemplos: capim barba de bode (Aristida pallens), guanxumas (Sida
spp).
São indicadoras de solo pobre e desvalorizam a terra. Existem ainda aquelas
indiferentes à fertilidade. Exemplo: tiririca (Cyperus spp).

Plantas daninhas de baixada São aquelas espécies que se desenvolvem


melhor em solos orgânicos e úmidos. Exemplos: sete sangrias (Cuphea
carthaginensis), tripa de sapo (Alternanthera philoxeroides).

Plantas daninhas aquáticas


Podem ser: Aquáticas marginais (ou de talude) - são terrestres que ocorrem
às margens de rios, lagoas, represas, etc. Exemplos: tiririca, capim fino
(Brachiaria purpurascens)

Aquáticas flutuantes - ocorrem livremente nas superfícies da água, com as


folhas fora da água e as raízes submersas. Ex. aguapé (Eichornia crassipes).

Aquáticas submersas livres - vivem inteiramente abaixo do nível da água. Ex.


algas

Aquáticas submersas ancoradas - submersas com as raízes presas ao


fundo. Ex. elódea (Egeria densa).

Aquáticas emergentes - possuem as folhas na superfície da água e as raízes


ancoradas no fundo. Ex. taboa (Typha angustifolia).

Plantas daninhas de ambiente indiferente Vivem tanto dentro como fora da


água. Exemplo: capim arroz (Echinochloa spp).
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Plantas daninhas parasitas Vivem sobre outras plantas e vivendo às custas


delas. Exemplos: cipo chumbo (Cuscuta racemosa), erva de passarinho
(Phoradendrum rubrum).

Classificação Taxonômica

Cronskuist (Antiga, até 2000)

REINO 1. Monera (bactérias, núcleo difuso)


2. Protista (protozoários)
3. Fungo
4. Animal
5. Vegetal

Dentro do Reino Vegetal:


Divisão – Pteridófitas
Algas
Briófitas
Gymnospermae
Angiospermae

Dentro das Angiospermae: Classe – Monocotiledoneae


Dicotiledoneae

Classificação do Picão Preto: Divisão – Angiospermae


Classe – Dicotiledoneae
Ordem – Sapindales
Família – Compositae
Gênero – Bidens
Espécie – Bidens pilosa

Atualmente, nova classificação foi estabelecida com bases moleculares (DNA e


RNA):
Grupos: Filoganita e Angiospermae
Angiospermae:
Grupo Basal
Monocotiledoneae
Eudicotiledoneae

O Grupo Basal é representado por mais ou menos 3% das Angiospermae, as


Monocotiledoneae por 22% e as Eudicotiledoneae por 75%.
Algumas outras pequenas mudanças na classificação das plantas também
aconteceram, sendo:
1 – Famílias Malvaceae, Bombacaceae, Tiliaceae, e Sterculiaceae, pertencem
a uma única Família Malvaceae.
2 – Famílias Cesalpinaceae, Fabaceae e Mimosaceae são consideradas como
Subfamílias da Classe Monocotiledoneae.

REINO (Vegetal)
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DIVISÃO (Espermatophitae)
SUBDIVISÃO (Angiospermae)
CLASSE (Dicotiledoneae)
SUBCLASSE (Polipetalae)
ORDEM (Rosales)
FAMILIA (Rosaceae)
SUBFAMILIA (Rosaideae)
TRIBO (Roseae)
GENERO (Rosa)
ESPECIE (Rosa arkansana)
VARIEDADE (suffulta) A família é a menor unidade da categoria principal. Nela
se concentra grande número de semelhanças entre indivíduos. Assim sendo,
Família é usada como a principal unidade de identificação da planta. Vale
observar que a unidade Espécie é sempre acompanhada da unidade Gênero
na identificação.
A interferência das plantas daninhas reduz a produtividade e qualidade dos
frutos. Portanto, é necessário controlar as plantas daninhas, pelo menos
durante o período crítico (cerca de dois terços do ciclo da cultura), ou seja, até
que a cultura cubra suficientemente a superfície do solo, e não sofra mais
interferência negativa delas. A necessidade de controle depende do grau de
infestação e agressividade das plantas daninhas.
As plantas daninhas interferem diretamente no desenvolvimento da pimenta,
competindo por água, nutrientes, luz e liberando substâncias aleloquímicas,
que afetam a germinação e o crescimento da pimenteira. O grau de competição
que uma planta sofre depende da cultura (espécie, variedade/cultivar,
densidade e espaçamento de plantio) e da população de plantas daninhas
(espécie, densidade, distribuição e duração do período de competição). Esses
fatores podem ser modificados pelas condições edáficas (tipo, textura,
fertilidade e umidade do solo), climáticas e práticas culturais (rotação e
consórcio de cultivos).
O espaçamento e a densidade de plantio são fatores importantes no balanço
competitivo, pois influenciam a precocidade e a intensidade do sombreamento
promovido pela cultura. Plantios mais densos dificultam o desenvolvimento das
plantas daninhas, as quais têm que competir mais intensamente com a cultura
na utilização dos fatores de produção.
Após o PCI até o final do ciclo (Figura 1, fases G-I), as plantas daninhas não
interferem significativamente na produtividade, mas podem amadurecer e
aumentar o banco de sementes no solo, bem como servir de hospedeiros de
insetos-pragas, fitopatógenos e nematóides, além de dificultar e onerar a
colheita. Com a introdução da mosca-branca, que utiliza as plantas daninhas
como hospedeiros, fonte de alimento e reprodução, a incidência de viroses na
cultura tem crescido muito, reforçando a necessidade de adotar programas de
manejo integrado de plantas daninhas.
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As Técnicas De Manejo Integrado De Plantas Daninhas São Prevenção,


Erradicação E Controle.

A prevenção consiste em se evitar a introdução e/ou disseminação de


sementes ou qualquer propágulo vegetativo de plantas daninhas em áreas não
infestadas (Figura 1, fases C-I). As medidas de prevenção e controle devem
ser eficientes de forma a prevenir o aumento do banco de sementes ou
propágulos vegetativos no solo, evitando que plantas daninhas cresçam e
amadureçam suas sementes em áreas limítrofes, além de hospedarem insetos-
praga e patógenos, são fontes para outras infestações dentro ou fora das áreas
cultivadas. As plantas daninhas podem ser distribuídas pelo vento, água,
máquinas e implementos, matéria orgânica, animais e por meio do plantio de
mudas com torrão e lotes de sementes de hortaliças que contenham misturas
de sementes de plantas daninhas. Fundamentalmente, a introdução e a
disseminação das plantas daninhas nas áreas agrícolas são evitadas quando
os mecanismos de disseminação delas são rigorosamente observados.
Erradicação é a eliminação de todas as estruturas de propagação de uma
planta daninha de determinada área. Ela é, normalmente, usada em áreas
pequenas e recentemente infestadas. Inspeções dos campos devem ser
realizadas regularmente (Figura 1, fases C-I) para identificar focos iniciais e
adotar medidas de controle dirigido de forma a erradicá-las. Muitas vezes a
remoção mecânica é recomendada para eliminar plantas daninhas tolerantes
ou resistentes a determinados herbicidas. O produtor deve ficar atento ao
aparecimento de espécies novas (como por exemplo: a parasita Cuscuta spp.),
devendo eliminá-las antes que produzam e disseminem suas sementes.
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Controle é a supressão das plantas daninhas até um limiar de dano econômico,


ou seja, até atingir um nível de controle onde a planta daninha remanescente
não interfira significativamente na produtividade biológica da cultura (Figura 1,
fases C-F). Esta é a prática de manejo mais comumente usada quando a
planta daninha já está estabelecida. O controle e pode ser feito por meio de
métodos culturais, mecânicos, químico (manejo direto, dirigido não seletivo) ou
de forma integrada (Figura 1). A eficiência do controle dependerá do grau de
infestação e agressividade das espécies de plantas daninhas, época do
controle, estágio de desenvolvimento das plantas, condições climáticas, tipo de
solo, disponibilidade de herbicidas, de mão-de-obra e de equipamentos e
conhecimento da interação entre as plantas de pimenta e das plantas
daninhas.
Preferencialmente, deve-se lançar mão dos métodos culturais e mecânicos,
tais como: rotação de culturas, o uso de espaçamento e densidade adequados,
coberturas orgânica e/ou inorgânicas do solo, solarização, cultivos e capinas.
O controle químico seletivo não é recomendado para a cultura de pimenta, em
razão da falta de registro de herbicidas junto ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento[1].
O preparo do solo e a irrigação estimulam a germinação e desenvolvimento
das plantas daninhas (Figura 1, fases C-E). Recomenda-se fazer o preparo do
solo duas a três semanas antes do transplantio para permitir a germinação,
crescimento e o controle pós-emergente das plantas daninhas (4 a 6 folhas
definitivas) na área, por meio da aplicação de herbicidas de manejo não
seletivos de ação de contato, como diquate e paraquate, ou sistêmica, como
glifosato, realizada antes do transplantio das mudas de pimenta. O preparo do
solo deve ser bem feito, livre de torrões e de resíduos dos restos culturais
(Figura 1, fase C) facilitando, desse modo, o controle das plantas daninhas,
proporcionando o estabelecimento e o crescimento vigoroso das mudas de
pimenta.
O cultivo mecânico para controlar as plantas daninhas pode ser usado sozinho
ou juntamente com os herbicidas de manejo e não seletivos. O cultivo é mais
eficiente quando as plantas daninhas estão ainda pequenas, com 4 a 8 folhas
definitivas. Nesse estádio as plantas daninhas podem ser removidas facilmente
sem causar dano à cultura (Figura 1, fases E-F). A eficiência do controle
mecânico sobre as plantas daninhas perenes é baixa, podendo aumentar o
problema se os propágulos vegetativos forem removidos para locais não
infestados.
O produtor de pimenta procura, sempre que possível, cultivar áreas sob
rotação de culturas, evitando aquelas previamente utilizadas com solanáceas.
A rotação adequada de culturas é importante para o manejo de plantas
daninhas, pois as práticas culturais provocam mudanças na população de
plantas, havendo a cada ano uma nova relação de interferência entre as
diferentes espécies. Numa comunidade mista de plantas existe sempre um
balanço competitivo entre as espécies, predominando as mais agressivas e
adaptadas ao sistema de cultivos sucessivos ou de rotação.
Em virtude de não existir um método de controle que, aplicado isoladamente,
proporcione resultados satisfatórios, capaz de prevenir o crescimento e a
reprodução de todas as plantas daninhas, reduções substanciais nos níveis de
infestação só poderão ser alcançadas com a integração das técnicas de
manejo, entre as quais são empregados diferentes métodos de controle.
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Portanto, deve ser utilizado o manejo anual planejado, persistente e que


empregue, fundamentalmente, diversas medidas integradas de controle e
erradicação associadas a preventivas (Figura 1). Inclui ações que antecedem
as primeiras operações de preparo do solo (Fase C) a partir do primeiro ciclo
cultural (Fases A-I), por meio do levantamento, identificação e mapeamento
das plantas daninhas presentes na gleba (Fase A), planejamento e escolha das
técnicas de manejo possíveis de usar durante os ciclos culturais (Fase B),
preparo do solo (Fase C), do plantio (Fase D), colheita (Fase H), período pós-
cultivo (Fase I) e ações que visem o ciclo cultural subsequente (Fase J).

ALELOPATIA.

ALELOPATIA E OS AGROSSISTEMAS

I - Introdução

A alelopatia é definida como o efeito inibitório ou benéfico, direto ou indireto, de


uma planta sobre outra, via produção de compostos químicos que são
liberados no ambiente. Esse fenômeno ocorre em comunidades naturais de
plantas (Gressel & Holm, 1964) e pode, também, interferir no crescimento das
culturas agrícolas (Bell & Koeppe, 1972; Muller, 1966). Provavelmente, a
conseqüência mais significativa da alelopatia seja a alteração da densidade
populacional e do desenvolvimento das plantas. A alelopatia assume grande
importância quando resíduos de vegetais são deixados sobre a superfície ou
incorporados anualmente ao solo (Guenzi et al., 1967; Tukey Jr., 1969). Isso
indica que a interferência alelopática é tão importante no plantio convencional
quanto no plantio direto e nas pastagens.
Os vegetais liberam no ambiente uma grande variedade de metabólitos
primários e secundários a partir de folhas, raízes e restos da planta em
decomposição. Os estudos realizados sobre os efeitos desses compostos em
plantas próximas constituem o campo da alelopatia (Taiz & Zeiger, 2002). De
acordo com Santos et al. (2001) a expressão ação alelopática refere-se à
especificidade da composição bioquímica e das características biológicas
pertinente às espécies doadoras e receptoras que promovem a ocorrência da
interação. Segundo Rezende et al. (2003) a alelopatia distingue-se de
competição, pois essa envolve a redução ou retirada de algum fator do
ambiente necessário à outra planta no mesmo ecossistema, tal como a água,
luz e nutrientes. Taiz & Zeiger (2002) explicam que uma planta pode reduzir o
crescimento das plantas vizinhas pela liberação de aleloquímicos no solo, isso
pode ter como conseqüência a maior chance de acesso à luz, à água e aos
nutrientes e, portanto, propiciar sua maior adaptação evolutiva. A alelopatia tem
sido reconhecida como um importante mecanismo ecológico que influencia a
dominância vegetal, a sucessão, a formação de comunidades vegetais e de
vegetação clímax, bem como a produtividade e manejo de culturas. As
substâncias alopáticas são encontradas distribuídas em concentrações
variadas em diferentes partes da planta e durante seu ciclo de vida
(periodicidade). Quando essas substâncias são liberadas em quantidades
suficientes causam inibição ou estimulação (dependendo da concentração) da
germinação, crescimento e/ou desenvolvimento de plantas já estabelecidas e,
ainda, no desenvolvimento de microorganismos (Carvalho, 1993). Apesar
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desses resultados, a importância da alelopatia em ecossistemas naturais ainda


é controversa. Muitos cientistas questionam de que a alelopatia seja um fator
significativo na interação planta-planta, pois as evidências sobre tal fenômeno
são de difícil obtenção. É fácil mostrar que os extratos ou os compostos
purificados de uma planta possam inibir o crescimento de outra planta em
experimentos de laboratório, mas não tem sido fácil demonstrar que esses
compostos estejam presentes no solo em quantidades suficientes para alterar o
desenvolvimento de um vegetal. Além desses fatores, as substâncias
orgânicas presentes no solo estão, muitas vezes, ligadas a partículas do solo e
podem ser rapidamente degradadas por microorganismos (Taiz &Zeiger, 2002).

AGENTES ALELOPÀTICOS

A atividade dos aleloquímicos tem sido usada como alternativa ao uso de


herbicidas, inseticidas e nematicidas (defensivos agrícolas). A maioria destas
substâncias provém do metabolismo secundário, porque na evolução das
plantas representaram alguma vantagem contra a ação de microrganismos,
vírus, insetos, e outros patógenos ou predadores, seja inibindo a ação destes
ou estimulando o crescimento ou desenvolvimento das plantas (Waller, 1999).
Entre os agentes alelopáticos, existem mais de 300 compostos secundários
vegetais e microbiológicos pertencentes a muitas classes de produtos químicos
(Rice, 1984) e esse número continua aumentando com a realização de novas
pesquisas. Essa diversidade entre estruturas aleloquímicas é que dificulta os
estudos de alelopatia. Outra complicação é que a origem de um aleloquímico
freqüentemente é obscura e sua atividade biológica pode ser reduzida ou
aumentada pela ação microbiológica, oxidação e outras transformações.
Possíveis fontes de aleloquímicos no ambiente das plantas incluem numerosos
microrganismos, certas invasoras, uma cultura anterior ou mesmo a cultura
atual.
Algumas plantas forrageiras acumulam compostos, como o ácido cianídrico, os
glicosídeos, os alcalóides e os taninos, que possuem sabor amargo e/ou
adstringente, o que pode representar uma defesa contra o partejo e o ataque
de pragas. Essas plantas escapam do pastejo, pois os animais selecionam as
forrageiras mais pela palatabilidade do que pela aparência ou odor que
desprendem (Durigan & Almeida, 1993).

COMPOSTOS QUÍMICOS COM EFEITOS ALELOPÁTICOS

Vários tipos de compostos orgânicos foram identificados como aleloquímicos,


produzidos por microrganismos ou plantas superiores (Rice, 1984), podendo
ser relacionados como principais os seguintes:

Ácidos orgânicos solúveis em água, alcoóis de cadeia reta, aldeídos alifáticos e


cetonas; ácidos cítrico, málico, acético e butírico; metanol, etanol e
acetaldeído;
Lactonas insaturadas simples: patulina e ácido parasórbico;
Ácidos graxos de cadeia longa e poliacetilenos: oléico, esteárico, mirístico e
agropireno;
Naftoquinonas, antraquinonas e quinonas complexas: julglona, tetraciclina e
aureomicina;
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Fenóis simples, ácidos benzóico e derivados: ácido gálico, vanílico e


hidroquinona;
Ácido cinâmico e derivados: ácido clorogênico e ferúlico;
Cumarinas: escopoletina e umbeliforona;
Flavonóides: quercitina, florizina e catequina;
Taninos condensados e hidrolisáveis: ácidos elágico e digálico;
Terpenóides e esteróides: cineole, cânfora e limoneno;
Aminoácidos e polipeptídeos: marasmina e victorina;
Alcalóides e cianoidrinas: estriquinina, atropina, codeína, cocaína e amidalina;
Sulfetos e glicosídeos: sirigrina e alilisotiocianato;
Purinas e nucleosídeos: cordicepina, teofilina e paraxantina.

ALELOPATIA NA AGRICULTURA

Em solos degradados, é de se esperar que predominem espécies mais


resistentes às condições de estresse, que produzam pouca biomassa e
absorvam menor quantidade de nutrientes. O mata-pasto (Cassia occidentalis)
é um exemplo de espécie que passa a predominar em pastagens a partir do
momento em que o solo é degradado (Alvarenga et al., 1996).A presença de
espécies de maior resistência e rusticidade tendem a dificultar o uso e manejo
do solo pelos agricultores, levando-os, em muitos casos, a adotarem a prática
da queimada, acentuando o processo de degradação do solo.
Nas plantas, as substâncias alelopáticas desempenham as mais diversas
funções, sendo responsáveis pela prevenção da decomposição das sementes,
interferem na sua dormência e também na das gemas e influenciam as
relações com outras plantas, com microrganismos, com insetos e até com
animais superiores, incluindo o homem (Durigan & Almeida, 1993). Como
exemplos, os autores citam que a resistência da cevada (Hordeum vulgare) ao
pulgão (Schizaphis graminium) é conferida pelos fenóis e derivados que
contêm e que as lecitinas presentes nas sementes de muitas leguminosas as
tornam repelentes a algumas espécies de insetos.
Os compostos químicos liberados pelas plantas ou microrganismos no
ambiente e que causam efeitos benéficos ou deletérios sobre outras plantas ou
microrganismos são denominados de substancias alelopáticas, agentes
aleloquímicos ou simplesmente aleloquímicos, ou produtos secundários
(Carvalho, 1993). Quando o composto liberado causa somente efeitos
prejudiciais, recebe também o nome de fitotoxina. Esses compostos podem ser
produzidos em qualquer parte das plantas e a sua concentração varia de
espécie para espécie e, numa mesma espécie, de acordo com a parte da
planta e o seu estádio de desenvolvimento. (Rodrigues et al., 1993).
A prática de rotação de cultivos, em agricultura, é bastante difundida no Brasil.
Assim numa época do ano é plantada uma cultura, na seguinte outra(s), de
maneira que haja um rodízio de culturas. Isto visa não esgotar de forma
precoce uma área cultivando uma mesma espécie, porque os requerimentos
nutritivos explorados do solo seriam os mesmos cultivo a cultivo. A repetição
dos mesmos cultivos também facilita a instalação e continuidade de
fitopatógenos no solo. Por outro lado, este procedimento, muito recomendado,
pode ter uma limitação proveniente da incorporação de restos da cultura
anterior no solo, onde podem desempenhar uma função aleloopática devido
aos compostos químicos liberados. Dependendo da cultura na rotação, os
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efeitos podem ser bastante danosos, com diminuição acentuada do


crescimento e produtividade. Todas as plantas produzem metabólitos
secundários, que variam em qualidade e quantidade de espécie para espécie,
até mesmo na quantidade do metabólito de um local de ocorrência ou ciclo de
cultivo para outro, pois muitos deles tem sua síntese encadeada por eventuais
vicissitudes a que as plantas estão expostas. A resistência ou tolerância aos
metabólitos secundários que funcionam como aleloquímicos é mais ou menos
específica, existindo espécies mais sensíveis que outras, como por exemplo,
Lactuca sativa (alface) e Lycopersicum esculentum (tomate), por isso mesmo
muito usada em biotestes de laboratório.
O eucalipto possui efeito alelopático? Uma das críticas ao eucalipto se
relaciona ao seu possível efeito alelopático, criando no solo condições
desfavoráveis ao crescimento de outras plantas ou restringindo o crescimento
de certas culturas agrícolas pela proximidade da cultura de eucalipto. Algumas
perguntas vêm-nos à mente: será que o efeito inibitório do campo não seria
conseqüência da forte competição por água, nutrientes, luz e outros fatores do
meio. Estudos mostram que a introdução de uma espécie pode causar alguma
alteração na flora local, como resultado de modificações nas condições
microbiológicas do solo. Os especialistas da área são unânimes em afirmar que
os alegados efeitos de alelopatia em eucalipto são, em sua maioria, devido à
competição por água e nutrientes, que se estabelece durante a fase de
crescimento rápido.

APLICACÕES DA ALELEOPATIA NA AGRICULTURA

Uso de coberturas mortas- resíduos de plantas que permanecem sobre o


terreno não mobilizado, cobrindo-o de maneira uniforme
Isolamento e produção de substâncias como herbicidas
Produção de super cultivares
Uso de rotação de cultura/culturas intercalares
Plantas companheiras e introdução voluntária de espécies selvagens
Biotecnologia incorporando genes de alelopatia nas plantas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os conhecimentos dos efeitos da alelopatia e suas interações inter e intra-


específicas de plantas e microorganismos são de suma importância no
contexto de qualquer ecossistema. Tais informações possibilitam ao
pesquisador identificar possíveis causas do insucesso no estabelecimento e
persistência das pastagens, principalmente as consorciadas, propiciando a
adoção de práticas de manejo que auxiliem na seleção de espécies
promissoras, de forma a evitar prejuízos que possam ocorrer decorrentes
desses efeitos.

MÉTODOS DE MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS:


MECÂNICO, CULTURAL, FÍSICO, BIOLÓGICO E QUÍMICO.

Métodos de manejo de plantas daninhas As etapas de controle utilizadas como


manejo de plantas daninhas são: erradicação ou supressão, prevenção e
controle propriamente dito. (CONSTANTIN, 2001). As medidas de erradicação
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visam a eliminação de determinadas plantas na área, sendo destruídas suas


sementes ou qualquer outra forma de propagação. Nesta categoria o controle
utilizado engloba produtos químicos que promovam a desinfecção do solo
(BARARPOUR & OLIVER, 1998).
As medidas de prevenção incluem métodos que dificultem a introdução e a
disseminação de plantas daninhas em áreas onde elas ainda não existem. As
medidas de prevenção incluem o uso de sementes e mudas certificadas que
obedeçam a legislação vigente, limpeza de equipamentos; cuidados com
adubos orgânicos e canais de irrigação, bem como outras áreas próximas à
propriedade que possam estar contaminadas com algum tipo de daninha;
utilização de sistema adequado de manejo do solo na entressafra, como
rotação de culturas (CONSTANTIN, 2001).
Se as medidas preventivas não forem suficientes e as daninhas conseguirem
disseminar-se, os focos iniciais de novas plantas daninhas também devem ser
isolados, evitando o seu alastramento (GELMINI et al., 1994; VICTORIA
FILHO, 2000).

Tipos De Controle

O controle é o manejo propriamente dito que irá reduzir o número de plantas


daninhas a fim de impedir que a interferência sobre as plantas cultivadas
reduza a produção econômica, além de prevenir o aumento no número de
propágulos (POOLE & GILL, 1987). O controle pode ser físico, cultural,
biológico, mecânico ou químico.

Controle Físico

Como medidas de controle físico pode-se utilizar o calor, onde há a coagulação


do protoplasma em células vegetais, provocando a morte da planta (BRYANT,
1989).
A água, tanto na inundação quanto na drenagem também pode ser uma
alternativa quando há a possibilidade de ser utilizada, pois um grande número
de plantas daninhas não sobrevive quando uma área é inundada e as plantas
são totalmente imersas (VICTORIA FILHO, 2000). Essa técnica não é muito
utilizada. As coberturas plásticas para controlar daninhas, segundo GELMINI et
al. (1994) podem ser utilizadas. Há relatos de sucesso desse recurso em
algumas culturas como morango, videira e algumas frutíferas.

Controle Cultural

A adoção de medidas de controle cultural envolvem métodos que permitam que


a relação entre daninha-cultura seja favorecida, considerando que as raízes
das plantas daninhas e das culturas cultivadas, ao se desenvolverem em um
mesmo ambiente ocupam o mesmo espaço, competindo por água e nutrientes.
Um bom manejo permite que a planta cultivada ganhe no aspecto competitivo,
em relação às daninhas (VICTORIA FILHO, 2000). A escolha de cultivares é
determinante no sucesso do controle de plantas daninhas. Especial atenção
deve ser dada a cultivares que tenham fechamento mais rápido, controlando
melhor as daninhas (LIEBAMN et al., 2001).
O período de controle deve ser respeitado, não só visando a interferência das
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plantas daninhas sobre a produção da cultura como também o controle até a


colheita (CARVALHO & VELINI, 2001). REGNIER & JANKE (1990) incluem no
controle cultural a utilização de cobertura morta, rotação de culturas, utilização
de cultivares competitivos e/ou alelopáticos, utilização de diferentes
espaçamentos e épocas de semeadura. A rotação de culturas visa modificar a
população de plantas daninhas predominantes na área, propiciando a
diversificação dos métodos de controle, pois, quando diferentes culturas
exploram uma mesma área, a intensidade de competição e os efeitos
alelopáticos são modificados, possibilitando a oportunidade de utilização de
herbicidas com mecanismos de ação diferenciados, realizando uma rotação de
herbicidas e de métodos de controle (GRAVENA et al., 2004).
A rotação de culturas é um manejo cultural importante, pois além dos
benefícios de melhor uso e enriquecimento do solo, há uma redução de
dissemínulos de espécies que vegetam na área. Além disso, a rotação de
cultura com o plantio direto tem sido cada vez mais eficaz, principalmente na
cultura da soja (DEUBER, 1997).
A cobertura do solo influencia diretamente na germinação das plantas
daninhas, uma fez que há alterações nas comunidades infestantes e a
cobertura funciona como uma barreira física, dificultando ou mesmo impedindo
a germinação das daninhas (VELINI & NEGRISOLI, 2000). A eficiência do
manejo pela palhada da cultura, utilizada como cobertura morta, pode ser
constatada pela dificuldade dos processos de germinação dos propágulos e
pela presença de dormência, pois a palha atua na incidência da luz, na
temperatura e na umidade, funcionando como uma barreira física de
impedimento à emergência das plântulas das infestantes anuais, tendo um
efeito alelopático muitas vezes (CORREIA & DURIGAN, 2004).
A alelopatia é considerada como um método de manejo ou controle
aleloquímico de daninhas não manipulável pelo homem, estando ligada a
vários estresses ambientais, incluindo temperaturas extremas, deficiências de
nutrientes e de umidade, incidência de luz, insetos, doenças e herbicidas
(EINHELLIG, 1996).
Essas condições de estresse freqüentemente aumentam a produção de
aleloquímicos, aumentando o potencial de interferência alelopática
(EINHELLIG, 1995), o que contribui para o controle de plantas daninhas na
cultura da soja. Quimicamente, a palhada pode atuar com efeito alelopático, a
Crotalaria juncea é uma leguminosa anual que, segundo CALEGARI et al.
(1993), tem efeito alelopático e/ou supressor de invasoras bastante expressivo,
sendo utilizada muitas vezes como cobertura morta para o plantio da soja. Os
efeitos alelopáticos nem sempre são benéficos para a cultura. Em estudo com
os efeitos alelopáticos e de competição da invasora capim-marmelada (B.
plantaginea) na soja, ALMEIDA (1991) observou que houve alterações na soja
após 45 dias da semeadura. A soja foi semeada e logo após, os vasos foram
irrigados com extratos aquosos da parte aérea do capim-marmelada nas
concentrações de 0, 1, 5, 10 e 13,3%.
A produção de matéria seca das raízes da soja foi reduzida nas concentrações
de 10 e 13,3% e também a da parte aérea e a altura das plantas, na
concentração de 13,3%. O número total de nódulos e o peso unitário dos
mesmos reduziram-se gradativamente até atingirem as concentrações de 10 e
13,3%, quando inibiram completamente a sua formação.
Concluíram que existe um efeito alelopático do extrato aquoso do capim
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marmelada, que não é benéfico à soja. O planejamento do espaçamento


consiste em um tipo de controle cultural, no qual tem-se que, quanto menor o
espaçamento entre as linhas de plantio e maior a densidade de plantio da
cultura na linha, mais precoce e efetivo é o fechamento da cultura, sendo então
mais eficiente o controle das plantas daninhas (LIEBAMN et al., 2001). Em
maiores espaçamentos, onde a soja não cobre totalmente o solo, a umidade
existente no local também favorece as maiores infestações de plantas
daninhas e tornam-se fatores limitantes de produção, principalmente quando a
umidade é deficiente em estádios anteriores (DOUGHERTY, 1969).
A época de semeadura da soja após a dessecação da cobertura vegetal trata-
se de um fator importante que influi na produtividade da cultura. Um estudo foi
realizado com o objetivo de determinar a época de semeadura e o controle de
B. plantaginea, sobre a produtividade da soja. O experimento foi realizado em
Eldorado do Sul, utilizando as coberturas vegetais de aveia-preta (Avena
strigosa), nabo-forrageiro (Raphanus sativus) e ervilhaca (Vicia sativa). Os
tratamentos das parcelas principais foram épocas de semeadura da soja (1 e
10 dias após aplicação de dessecante – DAD) e das subparcelas as épocas de
controle da B. plantaginea (11, 17, 24, 31, 38 e 45 dias após a emergência da
soja – DAE, em semeadura de 1 DAD; e 8, 15, 22, 29, 36 e 42 DAE na
semeadura realizada aos 10 DAD). Constatou-se que o atraso na aplicação do
controle da planta daninha causou reduções na estatura da soja e no
rendimento de grãos, aos 10 DAD a perda aumentou 0,67% para cada dia de
atraso no controle da daninha. Concluíram que a soja deve ser semeada
próximo do momento da aplicação do dessecante, proporcionando um intervalo
de aplicações de controle maior (FLECK et al., 2002a). Em outro estudo sobre
os efeitos da época de semeadura da soja em relação a dessecação da
cobertura vegetal sobre a produção de sementes de picão-preto (B. pilosa) e
guanxuma (Sida rhombifolia) os autores verificaram que quanto mais cedo a
soja for plantada, logo após a dessecação da cobertura vegetal, menor é a
produção de sementes pelas plantas daninhas. A competição intraespecífica
(competição entre a própria planta daninha) é aumentada quando a densidade
de plantas daninhas aumenta, os recursos ficam mais escassos, o que resulta
na diminuição da produção de sementes das daninhas e diminuição da
competição com a soja (FLECK et al., 2003).

Controle Biológico

De acordo com VICTORIA FILHO (2000), o controle biológico das plantas


daninhas pode ser definido como a ação de organismos (predadores, parasitas,
etc) na manutenção/diminuição de uma população de planta daninha em uma
densidade menor a àquela que ocorre naturalmente, e que, portanto, não
cause dano econômico. O equilíbrio entre a população do agente biológico e a
população da planta daninha ocorre em um nível abaixo do dano econômico e
não há erradicação da planta daninha, nem prejuízos ambientais.

Controle Mecânico

O controle mecânico envolve o controle manual de daninhas, que é feito


através do arranquio manual das plantas daninhas. É um método muito
eficiente, porém lento e de difícil execução; sendo uma prática que evita que
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uma nova planta daninha venha a ser um problema sério no futuro


(CONSTANTIN, 2001). Além disso, pode-se proceder a utilização de um
cultivador motomecanizado que é uma boa alternativa e as plantas daninhas
perenes são facilmente controladas por ele. A aração rotacional pode ser uma
alternativa viável de controle mecânico, pois a flora das plantas daninhas é
modificada de uma maneira ampla, permitindo o seu controle (CUSSAN &
MOSS, 1982).

Controle Químico

O controle químico consiste na utilização de herbicidas, produtos que


interferem nos processos bioquímicos e fisiológicos, podendo matar ou retardar
significativamente o crescimento das plantas daninhas. Podem ser utilizados
herbicidas seletivos ou não à cultura e que podem ser aplicados no manejo
antes do plantio, em pré-plantio incorporado (PPI), em pré-emergência (Pré) da
cultura e das plantas daninhas e em pós-emergência (Pós) da cultura e das
plantas daninhas (DEUBER, 1997). Segundo SHAW (1982) a utilização de
herbicidas oferece algumas vantagens, tais como disponibilidade no mercado a
preços acessíveis, no caso de alguns produtos; ação rápida e eficiente em
densas populações de daninhas, disponibilidade de equipamentos, seletividade
de alguns produtos. Para VICTORIA FILHO (1982) o controle químico deve ser
bem monitorado, observando alguns parâmetros como atingir o alvo ao qual é
dirigido, apresentar retenção do produto pela folha, absorção e translocação
pela planta e aplicação no solo.

Controle Integrado De Plantas Daninhas

O programa de manejo integrado utiliza a combinação dos métodos de controle


de plantas daninhas para obter controle eficiente das espécies. Não há um
método que seja eficiente em todas as situações ou ambientes onde as
culturas e as plantas daninhas estão se desenvolvendo, portanto, deve-se
analisar quais práticas devem ser adotadas. Os agricultores devem ser
estimulados a utilizar diversos métodos, com o objetivo de diminuir custos e
tornar seu empreendimento sustentável, de modo, a não oferecer 16 riscos ao
ambiente, sem que haja com isso perdas de produção. Para que isso seja
possível, se faz necessário conhecer-se bem os métodos e a propriedade a ser
aplicados.

Manejo De Plantas Daninhas Antes Da Semeadura

Deve-se obter-se o histórico das plantas daninhas infestantes da área para que
seja possível basear-se nesse conhecimento afim de proceder-se a escolha de
práticas/herbicidas a serem empregados na área. Existem muitas estratégias
que podem ser adotadas para reduzir a infestação de plantas daninhas na
implantação da cultura, dentre elas pode-se citar: - preparo do solo: essa
prática elimina as plantas daninhas estabelecidas e torna o ambiente favorável
ao recebimento das sementes da cultura e à aplicação de herbicidas de pré-
plantio incorporado ou pré-emergência. -uso de cobertura morta e semeadura
em época favorável à germinação: proporcionarão o estabelecimento rápido da
cultura e reduzida germinação de sementes de plantas daninhas. Em áreas em
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que se adota o plantio direto, a dessecação antes da semeadura elimina as


plantas estabelecidas e proporciona a formação de cobertura morta,
funcionando como controle cultural. A dessecação deve ser feita de tal forma
que em, aproximadamente, uma semana após a aplicação do herbicida seja
possível realizar a semeadura. Deve-se ter especial cuidado em relação à
dessecação, uma vez que se não for bem feita pode-se ter na área,
principalmente plantas daninhas perenes, que irão competir com a cultura.

Manejo De Plantas Daninhas Após A Semeadura

Depois da semeadura da cultura e antes da emergência das plantas daninhas,


o agricultor tem a possibilidade de aplicar um herbicida pré-emergente. Após a
emergência das plantas daninhas, o uso de pós-emergentes é uma alternativa
eficiente para controlá-las, mas, exige que a aplicação seja feita de acordo com
a espécie e o estádio de desenvolvimento da população da área. O uso de
associações de herbicidas é comum em algumas regiões do país, sendo que,
nesses casos, deve-se atentar à seletividade e ao espectro de controle do(s)
produto(s).

CARACTERIZAÇÃO E RECOMENDAÇÃO DE HERBICIDAS.

Caracterização genética de Euphorbia heterophylla resistente a


herbicidas inibidores da acetolactato sintase.

Introdução

A espécie Euphorbia heterophylla L., conhecida como leiteira ou amendoim-


bravo, é uma planta daninha alógama cujo centro de origem está
compreendido na região Brasil-Paraguai (Kissmann & Groth, 1992). Essa
espécie está amplamente distribuída no centro-sul do Brasil, constatando-se
sua presença em 74% das áreas de soja do planalto do Estado do Rio Grande
do Sul (Vidal & Winkler, 2002). Cada dez plantas de E. heterophylla/m2 reduz
em 7% o rendimento de grãos quando o período de convivência com a cultura
ocorre durante todo o ciclo (Chemale & Fleck, 1982).

O controle de E. heterophylla é realizado principalmente com herbicidas


inibidores das enzimas acetolactato sintase (ALS) e protoporfirinogênio oxidase
(PROTOX) (Vidal & Merotto Júnior, 2001). Contudo, na última década,
identificou-se nessa espécie biótipos resistentes aos inibidores de ALS, nos
estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul e no
Paraguai (Gazziero et al., 1998; Heap, 2002; Vidal & Winkler, 2002). Os fatores
que favorecem a seleção de biótipos resistentes envolvem características
relacionadas às plantas daninhas, aos herbicidas e às práticas culturais. Uma
das características inerentes às plantas daninhas é a grande diversidade
genética. Esta, de maneira geral, favorece a seleção de indivíduos resistentes
aos herbicidas em virtude da maior probabilidade de se encontrar, na
população, alelo que confere resistência ao produto utilizado. Pelo mesmo
motivo, grandes infestações favorecem o aumento dos riscos de seleção para
resistência (Vidal & Merotto Júnior, 2001; Winkler et al., 2002).
A diversidade genética existente em uma população é o resultado do processo
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de evolução natural da espécie que a compõe, em função da variação


mendeliana, hibridação interespecífica e poliploidia. Cinco estádios são
empregados atualmente na tentativa de explicar a evolução da resistência: 1) a
eliminação de todos os biótipos altamente suscetíveis, o que favorece os
biótipos ditos tolerantes e resistentes; 2) eliminação de todos os biótipos,
exceto os resistentes; 3) seleção destes biótipos dentro de uma população com
elevada tolerância; 4) intercruzamento dos biótipos sobreviventes, gerando
indivíduos resistentes que serão selecionados; 5) segregação e recombinação
dos genes (Mortimer, 1998 citado por Vargas et al., 2001; Winkler et al., 2002).
A resistência aos inibidores de ALS em E. heterophylla é conferida por um
único gene dominante e com herança nuclear (Vargas et al., 1999). A
caracterização genética das populações resistentes aos inibidores de ALS
permitirá investigar se a resistência ocorreu simultaneamente em diversos
locais ou se houve um evento de seleção que se disseminou em diversas áreas
do país por meio da dispersão de pólen/semente.
Marcadores moleculares do tipo RAPD (polimorfismo de DNA amplificado ao
acaso) permitem caracterizar plantas e microrganismos e avaliar a diversidade
genética entre indivíduos de uma mesma espécie ou de diferentes espécies
(Williams et al., 1990). A variação genética em Poa annua L., causada pela
pressão de seleção proveniente da aplicação de herbicidas, também foi
avaliada por RAPD (Sweeney & Danneberger, 1995). A mesma técnica foi
usada para detectar diferenças de tolerância de Echinochloa crus-galli para o
herbicida quinclorac (Rutledge et al., 2000) e para avaliar a influência da
aplicação do herbicida na variação genética de Sinapsis arvensis L. (Moodie et
al., 1997).
Marcadores moleculares de RAPD também foram utilizados para determinar a
variação genética entre indivíduos de cinco populações geograficamente
separadas de Euphorbia esula (Rowe et al., 1997). Os autores concluíram que
a similaridade genética é maior entre indivíduos dentro de uma população e
que a dispersão de pólen foi facilitada dentro e entre populações muito
próximas geograficamente, contribuindo para este resultado. O objetivo deste
trabalho foi determinar a diversidade genética de populações de Euphorbia
heterophylla resistentes aos herbicidas inibidores de ALS.

Material e Métodos

Frutos de diversas plantas de Euphorbia heterophylla, que apresentaram


suspeita de resistência aos inibidores de ALS, foram coletados em lavouras de
soja localizadas na região do planalto do Estado do Rio Grande do Sul, entre
os meses de fevereiro e abril do ano de 2001 e enviadas para a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Nessa região, a espécie daninha floresce entre
os meses de janeiro e março e o amadurecimento dos frutos ocorre de
fevereiro a abril. Os locais de amostragem apresentavam no mínimo 50 plantas
por m2 sobreviventes a aplicação do herbicida.
Os frutos contendo as sementes foram inicialmente armazenados em sacos de
papel e, quando estavam devidamente secos, liberaram as sementes que
foram armazenadas em temperatura ambiente. Entre 1.000 e 3.000 sementes
foram coletadas em no mínimo 20 plantas distribuídas ao acaso na área. Em
agosto de 2001, as sementes foram colocadas em vasos com capacidade de
300 cm3, mantidos em casa de vegetação. Sementes de plantas suscetíveis
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foram usadas no experimento como tratamento controle. Como substrato,


utilizou-se a mistura de 33% de Argissolo Vermelho distrófico típico, 33% de
areia e 33% de turfa. Quando a maior parte das plantas apresentava-se no
estágio de quatro folhas, foram aplicados 200 g ha-1 do herbicida imazethapyr,
com adjuvante não iônico (0,2% v/v).
Todo este procedimento foi repetido duas vezes e apenas as populações com
plantas sobreviventes a duas repetições foram identificadas como resistentes.
Quarenta populações que apresentavam a resistência ao herbicida foram
selecionadas, representando os municípios de Almirante Tamandaré, Augusto
Pestana, Bela Vista, Carazinho, Charrua, Chiapeta, Colorado, Coxilha, Cruz
Alta, Ijuí, Jóia, Marau, Mato Castelhano, Não-me-Toque, Palmeira das Missões,
Pontão, Porto Alegre, Rio Pardo, Saldanha Marinho e Santo Ângelo (Tabela 1).

Amostras de 0,2 g de tecido foliar para extração de DNA foram coletadas em


20 plantas, de cada população, quando apresentavam quatro a cinco folhas. As
folhas foram agrupadas, formando um “bulk” de DNA para cada população. O
protocolo de extração foi adaptado do mé- todo CTAB (brometo de
cetiltrimetilamônio) contendo Tris-HCl 1M, EDTA 0,5M, NaCl 5M e 1,1% de
CTAB. Os reagentes SDS 20%, fenol, clorofórmio:álcool isoamílico (24:1 v/v),
etanol absoluto e na concentração de 70% e acetato de amônio 1M foram
utilizados em etapas.
Etapas sucessivas a fim de obter um DNA de qualidade, com leitura da
absorbância em espectrofotômetro que variou de 1,7 a 2,0. Trinta primers com
dez nucleotídeos de seqüência arbitrária foram utilizados para verificar o
polimorfismo para a espécie: OPP 05, 06, 07 ,08, 09, 10; OPE 06, 09, 10, 11,
12, 13; OPAF 18, 19, 20; OPAD 01, 02, 04, 08, 09, 10, 11, 17, 18; OPAG 01,
19, 20 e OPAI 14, 19, 20. Reações de amplificação do DNA foram feitas por
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meio da técnica de PCR(reação em cadeia da enzima polimerase) programado


para 1 min a 94ºC seguido por 35 ciclos de 1 min a 94ºC, 1 min a 35ºC e 2 min
a 72ºC. Uma incubação de 10 min a 72ºC foi incluída como passo final. As
reações foram preparadas para um volume final de 25 µL, contendo a solução
tampão da enzima Taq DNA polimerase (20 mM de Tris-HCl e 50 mM de KCl);
0,2 mM de cada dNTP; 1,5 mM de MgCl2; 0,24 µM de primer; 20 ng de DNA;
1,2 unidades da enzima Taq DNA polimerase. Os fragmentos de DNA foram
separados por eletroforese em gel de agarose 2%, em solução TBE (Tris-base,
ácido bórico, EDTA).
Os fragmentos amplificados foram visualizados em gel contendo brometo de
etídio, em um transiluminador com radiação ultravioleta. A imagem foi captada
por uma câmara digital acoplada ao computador e foi usado o programa Kodak
Digital Image. Avaliou-se a presença ou ausência das bandas. O coeficiente de
Jaccard foi usado para a construção da matriz de distâncias genéticas.
Considerando-se esses dados, foi elaborado um fenograma pelo método
UPGMA de agrupamento hierárquico, com o auxílio do programa
computacional NTSYS (Rohlf, 2000). Resultados e Discussão Dos 30 primers
selecionados, 27 amplificaram e apresentaram boa reprodutibilidade das
bandas.
Essas bandas demonstraram polimorfismo e, com isso, a existência de
variabilidade genética entre as populações estudadas, sendo estes primers
utilizados para a análise de RAPD. Todos os 176 locos avaliados são
polimórficos. Os primers OPE 13, OPAI 14 e 19 não apresentaram amplificação
de fragmentos e foram descartados da análise. No presente trabalho, os
primers OPAF 18 e OPAF 19 foram polimórficos. Em trabalho similar com E.
heterophylla, estes mesmos primers apresentaram comportamento
diferenciado quanto ao polimorfismo, sendo o OPAF 19 monomórfico
(Vasconcelos et al., 2000).

Normas E Critérios Para Avaliação E Recomendação De Herbicidas Para


A Cultura Da Soja Na Região Brasil Central Capítulo I Das
Recomendações De Herbicidas

Art. 1º - As recomendações de herbicidas e suas revisões serão procedidas,


mediante análise conjunta dos resultados obtidos nas Instituições de Pesquisa
participantes da Reunião de Pesquisa da Região Central do Brasil, conforme
consta do Capítulo V, Art. 90 , item “a” do respectivo regimento interno e
atendendo-se aos critérios estabelecidos nestas normas.
Art. 2º - O produto a ser recomendado deverá estar registrado para a cultura da
soja, junto aos órgãos competentes até o início da respectiva Reunião,
devendo ser encaminhado à Comissão cópia do registro e do relatório
rótulo/bula. § Único - Quaisquer solicitações de inclusão ou alteração de
produtos nas recomendações serão procedidas de acordo com o contido nas
presentes normas.
Art. 3º - Os experimentos que tenham por objetivo a seleção de herbicidas
visando sua recomendação ou alteração, devem ter sido realizados por
entidades de pesquisa participantes da Reunião de Pesquisa de Soja da
Região Central do Brasil, conforme definido no Capítulo V, Art. 90, item “a” do
respectivo regimento interno, e respeitadas as demais determinações contidas
nesse regimento e aquelas constantes dessas normas.
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Capítulo II DA METODOLOGIA DE PESQUISA

Art. 4º - Para a avaliação de eficácia do produto devem ser realizadas, no


mínimo, três avaliações visuais durante o ciclo da cultura e opcionalmente, uma
avaliação de matéria seca das plantas daninhas. Quando estiverem incluídos
no experimento produtos que apresentem apenas efeito supressor sobre as
plantas daninhas, uma das avaliações visuais deverá ser procedida por ocasião
da colheita da cultura.
Art. 5º - Para a avaliação de seletividade do produto devem ser realizadas no
mínimo duas avaliações visuais durante o ciclo da cultura e opcionalmente,
uma quantitativa. Art. 9º - Para efetuar as avaliações visuais de controle e de
seletividade do produto devem ser adotadas a escala porcentual e os conceitos
utilizados pela Comissão de Plantas Daninhas da Sociedade Brasileira da
Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD).

Capítulo III DA AVALIAÇÃO DE HERBICIDAS

Art. 7º - A análise conjunta dos experimentos realizados na Região Central do


Brasil deverá indicar resultados de eficiência e de seletividade que viabilizem a
sua recomendação. Assim, quanto ao controle, o produto deverá atingir no
mínimo os obtidos nas testemunhas padrões, devendo apresentar este nível de
controle na maioria dos experimentos conduzidos. Quanto a fitotoxicidade, o
dano máximo tolerado para considerar o produto seletivo será moderado com
recuperação da cultura, independente da escala utilizada para tal avaliação. §
Primeiro - Informações mínimas para recomendação de herbicidas:
a) Doses a serem utilizadas de acordo com o tipo de solo ou estádio de
desenvolvimento das plantas daninhas e a cultura.
b) Época e método de aplicação.
c) Nível de controle de espécies controladas e não controladas.
d) Sumário das peculiaridades de cada herbicida, contendo dados que possam
auxiliar na obtenção de máxima eficiência agronômica e segurança em sua
utilização. § Segundo - Inclusão e extensão do uso de herbicidas:
a) Para obter a primeira inclusão de um produto nas recomendações, ou em
decorrência de mudança em sua formulação, serão exigidos no mínimo 4
(quatro) experimentos e por autores diferentes no ano, ou dois autores em dois
anos, sendo pelo menos dois na região em que o produto será recomendado.
b) Para extensão do uso de herbicida já recomendado para outras plantas
daninhas específicas ou por mudança na sua formulação serão requeridos dois
experimentos por alvo conduzidos na região central do Brasil, podendo ser
realizados num só ano em locais diferentes, num ou mais locais em anos
diferentes. § Terceiro - Prazo para envio de solicitações de firmas:
a) Os documentos para suporte de recomendação devem ser enviados com 20
(vinte) dias de antecedência da Reunião (com selo do correio) de acordo com o
artigo 16 das normas desta reunião. § Quarto - Apresentações de trabalhos:
a) Os trabalhos serão submetidos à apreciação da Comissão para fins de
recomendação de herbicida ou alteração em produto já recomendado. § Quinto
- Rejeição de laudos ou relatórios:
a) A comissão reserva-se o direito de rejeitar laudos ou relatórios de ensaios
que não tenham seguido as resoluções estabelecidas pela Secretaria Nacional
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de Defesa Agropecuária (SNDA) e os procedimentos de pesquisa


recomendados pela Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas.
(1995)
b) Os testes sobre a eficiência e praticabilidade agronômica do produto
comercial para fins de registro e extensão de uso no SNDA, deverão conter no
mínimo:

1. Título, Autor(es), Instituição(ões);


2. Introdução; 3. Material e Métodos:
3.1 Local e data;
3.2 Cultivar - deverá ser indicado o cultivar utilizado no teste, e o experimento
deverá ter sido conduzido observando as recomendações fitotécnicas, tais
como espaçamento, adubação, calagem, tratos culturais da região; 3.3.
Descrição do produtos usados;
3.3.1. Citar a marca comercial, tipo de formulação, concentração e nome(s)
comum(s) ingrediente(s) ativo(s);
3.3.1. Quando definido(s), colocar o(s) grupo(s) químico(s).
3.4. Tratamento:
3.4.1. Dose(s) utilizada(s);
3.4.2. Tamanho da parcela, especificando espaçamento utilizado, densidade
populacional da cultivar ou híbrido;
3.4.3. Número de aplicações;
3.4.4. Época e modo de aplicação, citando a idade e o estádio de
desenvolvimento da cultura;
3.4.5. Intervalo de aplicação;
3.4.6. Tecnologia de aplicação;
3.5. Delineamento estatístico: Utilizar a metodologia e o delineamento
experimental adequado, para alcançar os objetivos propostos. Utilizar no
mínimo 6 (seis) tratamentos e 4 (quatro) repetições, sendo entre eles, um
tratamento com o produto padrão da região e um tratamento testemunha.
3.6. Métodos de avaliação: Deverá ser utilizado o método adequado para cada
situação, além de dados de produção, quando pertinentes.

4. Resultados e Discussão:

4.1. Tecer considerações a respeito da fitotoxicidade;


5. Conclusões;
6. Bibliografia consultada;
7. Assinatura do engenheiro agrônomo responsável pela condução do trabalho,
com nome datilografado, número de registro no CREA e região. O documento
deverá ser datilografado em papel timbrado do órgão oficial ou entidade
privada credenciada pela Coordenação de Defesa Sanitária Vegetal. O trabalho
técnico deverá ser visado ou encaminhado pelo chefe imediato ou pesquisador.
8. Só serão aceitos testes, quando conduzidos em condições de campo e
estabelecidos em regiões representativas da cultura, e o que não se enquadrar,
justificar.
9. As informações conclusivas sobre os testes devem ser relatadas de maneira
a não deixar dúvidas sobre a eficiência e praticabilidade do produto testado.
10. Qualquer modificação havida nas instruções e metodologias acima
descritas, deverá ser devidamente justificadas pelo pesquisador.
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b) Serão rejeitados laudos ou relatórios que se caracterizem por apresentar


baixa qualificação técnica.
c) A comissão reserva-se o direito de não recomendar herbicida, apesar da sua
eficiência técnica, bem como alertar a coletividade agrícola sobre os riscos que
este possa oferecer, quando for comprovado técnica e cientificamente,
problemas graves de toxicologia ou efeito nocivo sobre o ambiente.
§ Sexto - Exclusão de herbicidas:
a) O herbicida poderá ser retirado por solicitação de um ou mais membros da
comissão, após avaliação dos critérios técnicos que o recomendaram, quando
apresentar ineficiência no controle de espécies daninhas, quando aparecer
casos de resistência nessas espécies, ou quando apresentar baixa seletividade
às principais cultivares de soja em uso.
b) O herbicida deverá ser retirado das recomendações caso a empresa
fabricante e/ou distribuidora não comprovar o seu registro nos órgãos
competentes quando solicitada, ou ainda, por solicitação da própria empresa
registrante do mesmo.
c) Para cada reunião de pesquisa as associações credenciadas
(ANDEF/AENDA) devem enviar aos membros da Comissão a lista atualizada
dos produtos herbicidas registrados para uso em soja, manifestando o
interesse em mantê-los na relação de produtos indicados, caso contrário,
poderão ser retirados das recomendações. § Sétimo - Validação das normas e
critérios:
a) Qualquer alteração das normas e critérios para avaliação e recomendação
de herbicidas, deverá ser apresentada à Comissão e, se aprovada, será válida
à partir da reunião subsequente.

Capítulo IV
DAS ALTERAÇÕES E INFORMAÇÕES PARA REGISTRO

Art.8º - As instituições de pesquisa participantes da Reunião de Pesquisa de


Soja da Região Central do Brasil, conforme definido no regimento interno,
poderão, ao seu critério, fornecer as informações que viabilizem o registro de
produtos junto aos órgãos oficiais competentes, o que, entretanto, não
constituirá obrigatoriedade para sua recomendação futura por parte da
comissão. § Único - A comissão solicitará às empresas registrantes, quando for
o caso, que encaminhem aos órgãos oficiais competentes pedidos de alteração
dos dados técnicos nos respectivos registros, de forma a harmonizar registros
e recomendações.

MODOS DE AÇÃO DE HERBICIDAS.

Modo De Ação: Como Os Herbicidas Funcionam

Introdução

Herbicidas controlam ervas daninhas, interferindo com a forma como elas


crescem. Isso é conseguido através de vários 'modos de ação' (MOA), que em
última análise, bloqueiam a germinação das sementes ou o estabelecimento de
mudas; impedem a produção de carboidratos essenciais, proteínas ou lipídios
(óleos e gorduras) pelas plantas; ou desidratam folhas e caules. Conhecer o
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MOA de um herbicida é importante para entender como usar esse herbicida da


maneira mais eficaz. É um elemento importante, tanto na seletividade de
herbicidas quanto na resistência de ervas daninhas.
Os sintomas observados em ervas daninhas pulverizadas com herbicidas
expressam os MOAs destes. Em P&D de herbicidas, quando novos produtos
químicos são selecionados, os especialistas observam atentamente os
detalhes e o tempo de aparecimento dos sintomas para obter pistas sobre o
MOA. O entendimento completo de um MOA pode levar anos de pesquisa por
fisiologistas vegetais, bioquímicos, biólogos moleculares e profissionais de
muitas outras disciplinas científicas. O MOA exato do paraquat é muito bem
compreendido – para maiores informações, quanto mais se sabe sobre o MOA,
maior a segurança e eficácia com que os herbicidas podem ser usados. Há até
mesmo exemplos de produtos farmacêuticos em desenvolvimento como
resultado de uma pesquisa sobre MOA de herbicidas. Por exemplo, o
medicamento nitisinona substituiu a necessidade de um transplante de fígado
como primeira resposta de linha para a tirosinemia hereditária tipo 1, um
distúrbio metabólico raro em crianças. A nitisinona começou originalmente a
ser estudada como um possível herbicida. Seu MOA é a inibição da enzima 4-
hidroxifenilpiruvato dioxigenase (HPPD), o mesmo de vários herbicidas
comerciais, inclusive a mesotriona (Callisto), da Syngenta.

Modo de ação em detalhe

Frequentemente, os herbicidas têm MOAs que significam que uma enzima-alvo


não funciona corretamente, ou para totalmente de funcionar. Isso geralmente
ocorre porque a molécula herbicida distorce a molécula da enzima de alguma
forma. A forma é crucial para a função da enzima. As enzimas são
'catalisadores'. Eles fornecem uma plataforma para uma reação química
específica da qual não participam diretamente e que não ocorreria de maneira
eficaz sem elas. Fazer ‘nocaute’ de uma enzima com herbicida tem dois efeitos
principais com várias consequências:
 Os componentes químicos da reação se acumulam, podendo ser direta
ou indiretamente prejudiciais.
 A ausência do produto da reação restringe o crescimento, seja por
privação de componentes cruciais à estrutura ou porque a reação
química produz compostos químicos que normalmente protegem a
planta.

Como as enzimas funcionam


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O Diagrama 1 - mostra uma enzima funcionando normalmente. No Diagrama


2, - um herbicida está bloqueando a união das substâncias bioquímicas para a
formação do produto normal. Como resultado, a planta é privada do produto, e
componentes potencialmente prejudiciais da estrutura se acumulam. O
Diagrama 3 - mostra uma enzima que sofreu uma mutação que faz com que a
reação possa continuar, mesmo na presença do herbicida. Ou o herbicida é
seletivo para as espécies com este tipo de enzima, ou uma planta individual
com essa mutação conseguiu se reproduzir e estabelecer uma população de
plantas daninhas resistentes.Com a evolução das plantas, surgiram pequenas
diferenças em seus sistemas bioquímicos para a realização de processos
fisiológicos.
Às vezes, um gene com o DNA que codifica para uma enzima específica ou
outro alvo do herbicida sofreu mutação em algumas espécies, de modo que há
variações naquela enzima que diferem por apenas um ou talvez dois
aminoácidos em milhares.
Essa pequena mudança ainda permite que as plantas a cresçam com sucesso,
mas isso pode significar que os herbicidas com um MOA que envolva esta
enzima só será eficaz em um tipo e, portanto, em um determinado grupo de
espécies.Mutações genéticas são responsáveis por uma espécie de
seletividade de herbicidas com base no MOA. Herbicidas como o fluazifop-p-
butil inibem a enzima Acetil Coenzima A Carboxilase (ACC-ase) e controlam
seletivamente ervas daninhas gramíneas em culturas de folhas largas, como a
soja ou a colza (canola). A enzima que realiza a mesma função em ervas
daninhas de folhas largas e nas culturas é um levemente diferente, não sendo
afetado pelo herbicida. Por outro lado, o glifosato é um herbicida não-seletivo
com um espectro muito amplo de controle de ervas daninhas, pois inibe a
enzima 5-enolpiruvil shikimato-3-fosfato (EPSP sintase), uma enzima de
importância fundamental muito semelhante em todas as plantas.As mutações
também são uma maneira pela qual pode ocorrer resistência de ervas daninhas
a herbicidas.
Raras plantas individuais, que têm uma enzima mutante podem não ser
suscetíveis a um herbicida geralmente eficaz naquela espécie. Um foco de
resistência de ervas daninhas ocorre quando uma dessas plantas individuais
consegue se reproduzir e passa a dominar a população de ervas daninhas em
um campo. Garantir a utilização de herbicidas com diferentes MOAs ajuda a
evitar que as ervas daninhas se tornem resistentes.
O outro tipo principal de seletividade e resistência de plantas daninhas ocorre
quando um grupo de plantas consegue metabolizar um herbicida
suficientemente rápido para evitar qualquer dano. Existem vários outros tipos
de MOA de herbicidas.
Alguns afetam a fotossíntese de várias maneiras para finalmente desviar o
fluxo de energia da luz solar. Em vez de ser incorporada como reserva de
energia química, ela acaba em ‘radicais livres’ muito destrutivos baseados em
oxigênio.
Estes destroem as membranas e desidratam folhas. Outro grande grupo, os
primeiros herbicidas seletivos descobertos, imitam hormônios vegetais – os
mensageiros químicos que controlam o crescimento e desenvolvimento. Outro
grupo afeta a divisão celular, por exemplo, interrompendo o mecanismo pelo
qual os cromossomos se dispõem em uma célula, que se prepara para dividir
em duas. Outros herbicidas têm efeitos químicos mais gerais, difíceis de
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descrever como MOAs específicos, ou quando se descobriu muito pouco sobre


o MOA. Estes são geralmente produtos mais antigos, que foram substituídos.

Classificação de modos de ação

Os MOAs de herbicidas podem ser classificados pelo processo vegetal afetado,


por exemplo, fotossíntese, divisão celular ou enzimas-alvo específicas. Isso
muitas vezes reflete os usos práticos de produtos herbicidas.
Por exemplo, aqueles que afetam a fotossíntese são aplicados em pós-
emergência e, geralmente têm ação rápida; os que afetam a divisão celular
geralmente são herbicidas pré-emergência que afetam a germinação das
sementes; e alguns alvos enzimáticos determinam os padrões do espectro de
controle de ervas daninhas e seletividade, dependendo se a enzima é
fundamental para o crescimento de todas as plantas ou se é limitada, por
exemplo, a ervas daninhas gramíneas e ou de folhas largas.
Todavia, sempre existem exceções significativas a estas regras gerais, e sua
química específica pode significar que se movem nas plantas e solo de forma
diferente. Estes fatores determinam a seletividade, se são herbicidas de
contato ou sistêmicos, e se podem ser usados em pré-emergência, pós-
emergência, ou ambos.

1. MOAs que envolvem a fotossíntese

Quatro tipos de herbicidas afetam principalmente a fotossíntese. Paraquat e


seu herbicida irmão, o diquat, são os únicos membros do primeiro tipo. Quando
a energia solar é captada pela clorofila, ela é transferida em um fluxo de
elétrons através do ‘Fotossistema I’. O paraquat desvia este fluxo, o que resulta
na produção de radicais livres altamente reativos, destroem muito rapidamente
as membranas celulares, que derramam o conteúdo manifestando-se como
amarelecimento e ressecamento. Isso acontece em poucas horas sob luz solar
intensa, devido aos altos níveis de energia que foge do controle. Quase todas
as plantas verdes são afetadas pelo paraquat, o que o torna um herbicida não
seletivo de amplo espectro.O segundo tipo bloqueia a transferência de energia
através do ‘Fotossistema II’. Herbicidas desse tipo (‘inibidores do FS II’) se
ligam a uma proteína envolvida na cadeia de transmissão, reduzindo sua
eficácia. Isso causa algum desvio de elétrons, com resultados similares, porém
mais lentos, que os do paraquat, e retarda o crescimento devido ao menos
aporte de energia para a fotossíntese.
Triazinas, como a atrazina, e ureases, como o clortoluron, são inibidores do
FSII, mas têm MOAs levemente diferentes, pois se ligam à proteína em
questão em pontos diferentes.Um terceiro tipo, os inibidores da
protoporfirinogênio oxidase (PPO), interferem com uma enzima envolvida na
produção de clorofila e outras moléculas de grande importância na
fotossíntese. Sem clorofila nova, as folhas amarelam e a fotossíntese diminui.
No entanto, as estruturas formadoras de clorofila não utilizadas se acumulam e
reagem com o oxigênio, formando radicais livres reativos que são
especialmente destrutivos para as espécies de folhas largas.
O quarto tipo de inibidor da fotossíntese, impede a produção de pigmentos de
folhas chamadas carotenóides.
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Estes são conhecidos como as cores de outono, quando a clorofila verde se


degradou. Os carotenóides têm um papel na proteção da clorofila contra
destruição devido a mais energia luminosa do que pode processar. Herbicidas
nesta categoria têm vários alvos diferentes, mas todos resultam em plantas
tratadas que desbotam e se tornam brancas. Para simplificar, um quinto tipo
pode ser adicionado. Ele tem um único membro comercial, o glufosinato.
Embora seja um inibidor enzimático, ele indiretamente afeta a fotossíntese, e
seus sintomas que aparecem mais rápido se devem à destruição da
membrana, resultando em desidratação.
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Conclusões

A compreensão do MOA do herbicida é importante tanto em P&D quanto no


uso prático. Novos produtos são lançados continuamente, mas um novo MOA
está cada vez mais raro. Na verdade, com exceção de alguns herbicidas
menos importantes cujo MOAS nunca foram descobertos, todos os cerca de
300 ingredientes ativos já comercializadas podem ser incluídos em mais de 25
MOAs. É salutar perceber que os "dias de ouro" da descoberta parecem ter
ficado muito longe no passado, com uma queda brusca após o início dos anos
setenta; o último novo MOA foi a inibição de HPPD.A resistência de ervas
daninhas a herbicidas como o glifosato ameaça a produção de alimentos, e a
utilização inteligente da pequena variedade de MOAS disponíveis é de vital
importância.

Frequência de introdução de novos MOA s de herbicidas (refs 2,5).

RESISTÊNCIA DE PLANTAS INVASORAS E CULTIVADAS A HERBICIDAS.

Aspectos De Resistência De Plantas Daninhas A Herbicidas

Definições de resistência

A Weed Science Society of America (WSSA) definiu resistência de plantas


daninhas a herbicidas como “a habilidade de uma planta sobreviver e
reproduzir, após exposição a uma dose de herbicida normalmente letal para o
biótipo selvagem da planta” (Weed Science, 2006). Está implícito nesta
definição que a característica de resistência a herbicidas de uma planta pode
ser de ocorrência natural (selecionada em populações de plantas daninhas de
ocorrência natural no campo) ou induzida por técnicas como engenharia
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genética ou seleção de variantes produzidas por culturas de tecidos ou


mutagênesis (Heap, 2006).
Nesta publicação o enfoque principal é voltado para considerações específicas
sobre plantas daninhas resistentes a herbicidas. Sendo assim, definimos
resistência de plantas daninhas a herbicidas como: “a capacidade inerente e
herdável de alguns biótipos, dentro de uma determinada população, de
sobreviver e se reproduzir após a exposição à dose de um herbicida, que
normalmente seria letal a uma população normal (suscetível) da mesma
espécie”. Biótipo é definido por Kissmann (2003), como um grupo de indivíduos
com carga genética semelhante, porém pouco diferenciado da maioria dos
indivíduos da população, que no caso de plantas daninhas resistentes a
herbicidas é caracterizado, normalmente, apenas pela diferenciação genética
que confere a característica de resistência.
Heap (2006) faz um paralelo do que chama de definição científica x definição
agronômica de resistência de plantas daninhas a herbicidas. A definição
científica de resistência não leva em consideração a dose recomendada do
herbicida, pois, embora duas populações podem estatisticamente diferir em
suas respostas a um herbicida, isso não necessariamente implica que o
herbicida não controla a resistente na dose recomendada de campo. Em outras
palavras o biótipo pode ser considerado resistente por esta definição, quando
em sub-doses (doses abaixo da recomendada) ocorrem diferenças de controle,
porém, na dose utilizada normalmente no campo, o controle de ambos os
biótipos é satisfatório. Sendo assim, o pesquisador discute a necessidade de
uma definição que ele chama de agronômica, ou seja, para classificar uma
planta como resistente é necessário que a população resistente sobreviva à
dose recomendada do herbicida sob condições normais de campo. Esta
diferenciação entre as definições científica e agronômica pode ser ilustrada
pelo trabalho de López-Ovejero et al. (2005). Pela Tabela 1, baseado na
definição científica, conclui-se claramente que os biótipos R1, R2, R3 e R4 são
resistentes ao herbicida sethoxydin (inibidor da ACCase). Porém, o biótipo R3,
apesar de possuir uma relação R/S de 16,15, foi satisfatoriamente controlado
na dose recomendada (Figura 1), com os mesmos índices de controle do
biótipo S. Portanto, sob o ponto de vista agronômico este biótipo é considerado
S, porém sob a definição científica é considerado R.

Tabela 1. C50 (dose do herbicida sethoxydim, em g i.a. ha-1, necessária para


controle de 50% da população de capim-colchão (Digitaria ciliaris) resistente
(R) e suscetível (S) aos herbicidas inibidores da ACCase e relação R/S (C50 do
biótipo R dividido pelo C50 do biótipo S).
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Origem E Interação De Fatores No Processo De Seleção De Populações


Resistentes A Herbicidas

De acordo com Christoffoleti et al. (2000), qualquer população em que os


indivíduos mostram uma base genética variável quanto à tolerância a uma
medida de controle, irá com o tempo, mudar sua composição populacional
como mecanismo de fuga para sobrevivência, diminuindo a sensibilidade a esta
medida de controle. Um bom exemplo foi o uso do arado, que no primeiro
momento eliminou praticamente todas as plantas daninhas, mas com o passar
do tempo, essas plantas foram se adaptando a nova situação e voltaram a
reinfestar as culturas. Outro exemplo foi o advento do plantio direto, que a
princípio provocou uma redução drástica da incidência de plantas daninhas,
porém, mais tarde, houve uma seleção de espécies que se adaptaram a
germinação na nova condição e hoje o controle é tão necessário quanto no
sistema convencional. Isto é conseqüência do papel de seleção natural
(Darwin, s.d.).
As plantas daninhas são organismos biológicos evoluindo em resposta às
mudanças ambientais (distúrbio e estresse) que resulta na mudança de
espécies e resistência de plantas daninhas a herbicidas. Neste caso, o uso
intensivo de herbicidas na agricultura é uma das maiores causas da pressão de
seleção, proporcionando os fenômenos de mudança de espécies na área e
resistência de plantas daninhas a herbicidas, devido à eficácia e controle
seletivo.
A evolução das plantas daninhas impulsionada pelos herbicidas é
consequência de forças seletivas, resultando na seleção intra-específica de
biótipos (resistência a herbicidas) e seleção inter-específica (tolerância a
herbicidas). Dentre as maiores forças seletivas podem ser incluídas: (i) escolha
do herbicida; (ii) sistema de cultivo; (iii) escolha da cultura; (iv) práticas
culturais; (v) mudanças climáticas/padrões de clima; (vi) introdução de novas
espécies. Todas as populações de plantas daninhas, independentemente da
aplicação de qualquer produto, provavelmente contêm plantas individuais
(biótipos) que são resistentes a herbicidas (Kissmann, 2003).
Para compreender como a resistência a herbicidas ocorre numa população de
plantas daninhas, dois mecanismos são propostos: a) teoria da mutação
(mudança gênica) ou; b) mudança na população da planta daninha por genes
pré-existentes que conferem resistência à população (seleção natural). A
resistência pode acontecer pela ocorrência de mutações genéticas, sendo que
a mesma confere resistência ao herbicida. As mutações ocorrem ao acaso e
são pouco freqüentes. Essa mutação pode ter ocorrido antes ou após a
aplicação do herbicida na área e não existem evidências que a mesma seja
induzida pelos herbicidas. Esse mecanismo não é muito considerado
atualmente.
A seleção natural é amplamente aceita como explicação do desenvolvimento
da resistência. Sendo assim, biótipos resistentes a herbicidas sempre estão
presentes em baixa freqüência numa espécie de planta daninha. Quando o
herbicida é aplicado, o mesmo atua como agente de pressão de seleção, as
plantas suscetíveis são mortas e as plantas resistentes sobrevivem e se
reproduzem sem competição das plantas suscetíveis (Figura 2). O biótipo
resistente não infesta totalmente à área no primeiro ano. O surgimento da
resistência aos herbicidas é identificado, geralmente, quando 30% das plantas
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mostram-se resistentes. Normalmente, a resistência se apresenta em


manchas, e aumenta a sua proporção (progressão geométrica) com a
aplicação repetitiva do herbicida com mesmo mecanismo de ação, finalmente
dominando a área.

Fatores Genéticos Que Interagem No Desenvolvimento Da Resistência


Entre os fatores genéticos que interagem no desenvolvimento da resistência,
um dos principais é a freqüência inicial do genoma resistente a herbicidas. Para
alguns grupos de herbicidas essa freqüência é conhecida. Para o grupo
químico das triazinas essa freqüência está entre 10-10 e 10-20 plantas. Já no
caso dos inibidores da ALS e de ACCase, a freqüência inicial é mais alta, ao
redor de 10-6 plantas. Quanto maior a freqüência inicial do biótipo resistente,
maior a probabilidade de aumentar a proporção de indivíduos resistentes na
população, em menor período de tempo, com aplicações sucessivas do
herbicida selecionador (Vidal & Fleck, 1997a) (Tabela 6).

No Brasil, Vargas et al. (2001), determinaram que a resistência a inibidores de


ALS em Euphorbia heterophylla é codificada por um gene dominante nuclear
com dominância completa. Quando a resistência depende de um único gene
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(monogênica) a possibilidade de desenvolvimento é maior e mais rápida que a


dependente de mais de um gene (poligênica). Outra característica das plantas
daninhas determinantes no desenvolvimento da resistência é a adaptação
ecológica. Segundo Christoffoleti (1997), entende-se por adaptabilidade
ecológica a capacidade que um biótipo possui, dentro de uma população de
plantas daninhas, em manter ou aumentar sua proporção ao longo do tempo.
Assim, biótipos mais adaptados são normalmente mais competitivos e capazes
de aumentar sua proporção ao longo do tempo, eliminando os indivíduos
menos adaptados ou competitivos. A grande maioria dos estudos que
comparam a adaptabilidade ecológica de biótipos resistentes com a de
suscetíveis, de uma mesma espécie, é conduzida em condições controladas e,
a adaptabilidade é avaliada indiretamente pela taxa de crescimento e produção
de biomassa. Posteriormente, as conclusões tiradas destes experimentos em
condições de casa-de-vegetação ou câmara de crescimento são extrapoladas
para a adaptabilidade em condições de campo (Holt & LeBaron, 1990).

A seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas no Brasil e


no mundo é um fenômeno já constatado e relatado para praticamente todos os
herbicidas em uso na agricultura. No entanto, a freqüência de aparecimento
dos casos de resistência é variável em função do herbicida, da planta daninha
e do sistema de produção. O herbicida glyphosate, apesar de seu uso intensivo
na agricultura, tem poucos registros de casos quando comparado com outras
classes de herbicidas. Sendo assim, o conhecimento das características das
plantas daninhas, dos herbicidas e do sistema de produção, que favorecem o
aparecimento de biótipos de plantas daninhas resistentes a herbicidas, é de
fundamental importância para que técnicas de manejo sejam utilizadas para
evitar ou retardar o aparecimento de plantas resistentes em uma área e, caso
já esteja presente na área, evitar sua disseminação e reduzir sua presença.
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Ressaltamos que embora a seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes


seja um fato que exige cuidados e mudanças nas práticas agrícolas não é um
fenômeno que inviabilize o uso de herbicidas; é, pois um fenômeno que exige
do produtor racionalização de medidas de manejo de plantas daninhas.

MELHORAMENTO GENÉTICO VEGETAL.

INTRODUÇÃO

Analisando o atual crescimento populacional, visto que a população mundial já


atingiu os sete bilhões de pessoas e levando em consideração os atuais
padrões de consumo, vê-se a necessidade do aumento da produção
alimentícia. Como produzir mais e melhor sem aumentar as agressões ao meio
ambiente? O melhoramento genético vegetal apresenta-se como solução para
esse problema.
Sabe-se que a agricultura surgiu há mais ou menos 10.0 aC, quando o homem
abandonou a vida nômade e fixou-se a beira de rios, pois ele começou a
produzir (cultivar) seu alimento no ambiente e nas proximidades de onde
residia. Para isso foi necessário a domesticação de plantas e animais. Com a
observação dos ciclos reprodutores das plantas e com o domínio de técnicas
primitivas de plantio, o homem começou a escolher sementes de plantas com
características de interesse para produzir as novas gerações e através de um
processo de seleção artificial inconsciente, mudar as características e
arquitetura de diversas espécies vegetais. (MARINHO. C. L, 2006).
Então a domesticação de plantas não só proporcionou o surgimento da
agricultura, mas também, mesmo que inconscientemente, nascia o
Melhoramento genético vegetal. A definição de melhoramento genético vegetal
varia de acordo com o autor, porém, geralmente as definições tendem a um
termo comum: o termo evolução, pois este está fundamentado no
desenvolvimento, na mistura de plantas para criação de novas espécies ou
variedades.
Este último século testemunhou um desenvolvimento significativo na
agricultura: do histórico sistema dependente de recursos naturais para um
baseado em ciências e tecnologias (Ruttan apud COHEN,1993). Todo esse
avanço só foi possível graças à interação entre as diversas áreas de estudos
da ciência, entre estas áreas estão: a Botânica, a Fisiologia vegetal, a
Genética, a Fitopatologia, a Entomologia, a Bioquímica, a Estatística
experimental, a Biotecnologia, a Biologia Molecular e, sem duvida alguma, o
Melhoramento genético de plantas.
Por se tratar de uma área complexa e visando a dinâmica almejada pela
disciplina o presente projeto busca fazer uma análise histórica sobre o tema
supracitado, proporcionando uma visão geral sobre o tema, desde o
surgimento da agricultura até os melhoramentos genéticos realizados em
plantas na atualidade. O melhoramento genético do milho é abordado neste
artigo, por se tratar de uma cultura muito importante tanto para alimentação
humana como para a alimentação animal da região do Agreste alagoano,
assim como para o Nordeste e de modo geral para o Brasil e também na
geração de energia em alguns países, em especial os Estados Unidos da
América.
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Objetivamos que este artigo sirva para mostrar a importância do melhoramento


genético de plantas, como tudo começou. Quem trabalha nessa área, os
benefícios e os eventuais problemas, quais os cuidados que devem ser
tomados e etc. Com isso possibilitando ao estudante do curso de Agronomia
uma visão geral dessa área, que como futuro profissional ele poderá estar
atuando.

2.1 O QUE É MELHORAMENTO GENÉTICO VEGETAL?

Segundo Pochlman, um famoso melhorista americano, o melhoramento de


plantas.
“É a ciência de melhorar geneticamente plantas para o benefício da
humanidade” A arte do melhoramento depende da habilidade do melhorista de
observar diferenças nas plantas que podem ter importância econômica
(POCHLMAN 1965 apud BESPALHOK).
Já para Vavilov, um cientista russo, o melhoramento de plantas é a “Evolução
direcionada pela vontade do homem”. Pois o homem utiliza no melhoramento
de plantas os mesmos mecanismos que a natureza utiliza para a evolução das
espécies. (VAVILOV, 1950, apud FERREIRA, 2006.) enquanto para Smith, o
melhoramento seria a arte e a ciência de aperfeiçoar o padrão genético de
plantas em prol do seu uso econômico (SMITH, 1966, apud FERREIRA, 2006).
Lawrence, por sua vez, afirma que o melhoramento genético de plantas é a
preservação e utilização seletiva da variabilidade genética para o bem da
humanidade. (LAWRENCE, 1980, apud FERREIRA, 2006). Estas são algumas
definições de melhoramento genético vegetal.

Apesar de serem definições de autores diferentes, é possível perceber que elas


têm um termo em comum: o termo evolução, pois o Melhoramento Genético
Vegetal se baseia no desenvolvimento, na transformação de plantas para a
criação de novas espécies ou variedades, e para que haja tais mudanças é
preciso que exista uma variabilidade genética, e também uma seleção de
variedades com características específicas e, claro, o isolamento reprodutivo.

2.2 HITÓRICO DO MELHORAMENTO GENÉTICO VEGETAL

De acordo com Marino (2006), com o surgimento da agricultura, surgiram


também técnicas de cultivos, onde de forma primitiva os homens conseguiam
selecionar melhores sementes para o plantio, além de práticas de irrigação e
adubação, esta última feita com o esterco dos animais também domesticados,
e também o pousio da terra durante um ano, fazendo com que a terra
recuperasse sua fertilidade.
Bespalhok relata que no final do século XVII, mais precisamente em 1694,
Rudolf.
Jakob Camerarius demonstrou a existência do sexo em plantas, e, além disso,
sugeriram também técnicas para obter novas plantas, técnicas estas que
seriam a hibridação. É neste momento que se inicia o Melhoramento. Em 1714,
Mather, observou cruzamentos naturais em milho. E em 1765, Kohlreuter
mostrou que as plantas híbridas possuíam características de ambos os pais, e,
além disso, desenvolveu os primeiros híbridos em tabaco (BESPALHOK. F,
2006).
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Sem dúvida alguma, segundo Marino a maior contribuição para o


melhoramento se deu em 1866, por Gregor Mendel, visto que ele fez os
primeiros experimentos de hibridação e com base nestes experimentos
formulou as leis da hereditariedade, porém com sua morte, seus documentos
foram queimados. No entanto, essas leis foram redescobertas por Correns
(Alemanha), DeVries (Holanda) e von Tschermak (Austria) em 1900. (MARINO,
C.L, 2006).
No capitulo um do livro Melhoramento de Plantas de BESPALHOK (2006), ele
afirma que, Wilhelm Johannsen introduziu, em 1903, os termos genes, genótipo
e fenótipo. No começo do século X, Edward M. East e George Shull (Estados
Unidos) começaram experimentos de autofecundação em milho que levariam à
obtenção do milho híbrido. Em 1918, Donald F. Jones propôs o híbrido duplo
para cultivares comerciais, o que popularizou o milho híbrido. Em 1960, foram
desenvolvidas novas variedades de cereais com um potencial produtivo maior,
que ficou conhecido como Revolução Verde, o líder da equipe que descobriu
tais variedades foi o Dr. Norman Borlaug; por causa desta descoberta Borlaug
ganhou o prêmio Nobel da Paz. E que em 1944, Avery, MacLeod, McCarty
descobrem que o DNA é um material hereditário. E, com o desenvolvimento da
biotecnologia, em 1953, James Watson e Francis Crick sugerem um modelo
para a estrutura do DNA. Assim a biologia molecular começa a se desenvolver,
e em 1983, Herrera Estrella, cria a primeira planta transgênica. Mas, apenas
em 1994 chegou ao mercado a primeira cultivar transgênica, o tomate Flavr
Savr da empresa Calgene.( BESPALHOK. F, 2006)

2.3 PRINCIPAIS OBJETIVOS DO MELHORAMENTO DE PLANTAS

Segundo Ferreira, para que o melhoramento genético vegetal alcance seu


objetivo é necessário a interrelação com varias áreas da ciência, entre elas
estão: Estatística, fitopatologia, botânica, genética, entomologia, ciências do
solo, biotecnologia, etc. (FERREIRA, 2006)

Bespalhok, diz que o melhorista busca alterar características que irão


beneficiar tanto o agricultor, a indústria de transformação e o consumidor final.
Os programas de melhoramento de plantas, independente da cultura que se
está trabalhando, possuir alguns objetivos em comum. (BESPALHOK. F, 2006).
Como principais objetivos podemos citar: aumento da produtividade, aumento
da qualidade do produto, incorporação de novas áreas, proteção a doenças e
pragas, obtenção de novas variedades para colheita mecanizada e outras.

2.4 PERSPECTIVAS ATUAIS DO MELHORAMENTO GENÉTICO VEGETAL

Atualmente, continua a grande necessidade de serem produzidos mais


alimentos para atender o constante crescimento da população humana, em
tempos que as áreas agricultáveis são cada vez mais limitadas, visto que no
segundo semestre de 2011 a população mundial ultrapassou os 07 bilhões.

Ferreira coloca como grande desafio do Melhoramento Genético Vegetal atual


a produção de alimentos para essa grande população, e traz como princípios a
sustentabilidade, diminuindo os impactos no meio ambiente, proporcionando
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assim o aumento da qualidade do produto final que resultará na qualidade de


vida. Entre as preocupações dos fitomelhoristas contemporâneos destacam-se:
Fontes de energia renováveis (álcool e biodiesel); redução de insumos,
proteção do meio ambiente, agricultura orgânica (Requisitos previstos no
Protocolo de Kyoto), Aumento da urbanização – menos mão-de-obra disponível
para colheita. Aumento do foco em qualidade e saúde - alimentos funcionais ou
nutracêuticos. Além disso, os fitomelhoristas atuais procuram desenvolver
variedades de plantas mais baratas, mas que sejam produtivas. Assim como
preservar as espécies selvagens, de modo que não desapareçam por
completo. O melhoramento genético vegetal do mundo atual se preocupará
com a maximização da produtividade, conciliando-se com o melhoramento
ambiental, visto que é ele que preservará a flora e o ecossistema,
possibilitando a reprodução das espécies vegetais, evitando a erosão do solo,
a salinização e a contaminação do solo e da água pelos pesticidas usados nos
cultivares. Essa agricultura de alto desempenho é o resumo do melhoramento
genético vegetal do terceiro milênio.(FERREIRA, 2006).

2.5 – A IMPORTÂNCIA DO MELHORAMENTO GENÉTICO NA CULTURA DO


MILHO.

O milho ocupa uma posição de destaque na economia brasileira, pois seu


cultivo vai do Norte ao Sul do país, sendo superado, apenas, pela cultura da
soja. Por estar presente na agricultura de todo o Brasil, associa-se uma grande
diversidade em relação às tecnologias e aos insumos utilizados, assim como as
épocas de plantio, finalidades de uso e o perfil socioeconômico do produtor
(LOGUERCIO, L. L. et. al., 2002).

Ainda se tem dúvidas de onde teria surgido o milho, visto que este cultivar não
cresce de forma selvagem. Porém, no início do século 20, descobriu-se que o
milho teria um ancestral chamado de teosinto, que seria uma gramínea
proveniente do México. Em 1930, George Beadle, percebeu que os
cromossomos do teosinto e do milho eram bem parecidos, e fez experiências
com híbridos do milho e do teosinto, que, segundo Beadle, pareciam ser
espécies intermediárias. Então, concluiu que o milho seria da mesma espécie
do teosinto, sendo então, o milho uma forma domesticada do teosinto. Mais
tarde, John Doebley liderou uma pesquisa que tinha o intuito de rastrear a
paternidade do milho. Foram recolhidas mais de 60 espécies de teosinto, e seu
DNA foi comparado com o DNA de todas as variedades de milho. Com este
estudo, foi descoberto que todas as variedades se mostraram similares a um
tipo de teosinto encontrado no Vale do Rio Balsas, que está localizado no sul
do México, dessa forma, Doebley sugeriu que este fosse o ancestral do milho.
Com essa informação, foi possível descobrir também, que a domesticação do
milho começou há nove mil anos atrás (FERREIRA, 2010).

No Brasil, o terceiro produtor mundial de milho, onde em média produzem-se


30 milhões de toneladas, equivalente a 57% da área de cultivo de cereais no
país (GABARDO, 2011), a importância do milho explica-se pela sua aplicação
na indústria – produção de bebidas, medicamentos, tintas, plásticos,
explosivos, etc.-, assim como na matéria-prima na fabricação do etanol –
recentemente implantado no Brasil, mais especificamente no Mato Grosso -, na
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alimentação humana e na alimentação animal, onde mais de 80% do milho


produzido no Brasil serve como insumo na cadeia produtiva de aves e suínos
(GURGEL, 2006).

De acordo como Aloísio Alcântara Vilarinho, Pesquisador da Embrapa, os


efeitos do melhoramento podem ser vistos também no aumento da
produtividade média nacional. De 1220 kg/ha na safra 7/78, a produtividade
média nacional saltou para 3360 kg/ha em 2002/2003. São 2140 kg/ha de
aumento na produtividade em apenas 25 anos. Considerando que 50% desse
aumento aconteceu devido ao melhoramento genético e os outros 50% devido
às melhorias nas condições de cultivo, são 42,8 kg/ha/ano de contribuição do
melhoramento. Nos últimos anos, a área de cultivo de milho no Brasil tem sido
de, aproximadamente, 10 milhões de hectares. A um valor de mercado de R$
15,0 por saca de 60 kg de grãos, chega-se a R$ 107 milhões, por ano, como
fruto direto do melhoramento. Vilarinho coloca como objetivos principais do
melhoramento genético no milho, o desenvolvimento de variedades com alto
teor nutritivo e, para a agricultura empresarial, o desenvolvimento de híbridos
com alto potencial produtivo, o que sem dúvida, contribuirá para o aumento da
produção de grãos (VILARINHO, 2003).

Com o constante aumento populacional, é sabido que a demanda por


alimentos tende a aumentar também, e o milho, por ser uma fonte barata de
óleo, proteínas e carboidratos, além de estar presente na ração de crescimento
de suínos e aves e na fabricação do etanol, acaba sendo bem requisitado pela
população. Considerando tal fato, é válido que a produção do cereal aumente;
é nesse momento que o melhoramento genético age sobre a cultura do milho,
para que possa elevar a produtividade por área plantada, utilizando técnicas
mais rentáveis.

Um dos maiores problemas enfrentados pelos produtores, é o controle das


pragas que atacam os cultivares, visto que os métodos de controle através de
inseticidas não são rentáveis, além de prejudicar o meio ambiente e a saúde de
quem ingere o produto final. No caso do milho no Brasil, as condições
climáticas, atualmente, favorecem o aumento da população de pragas. Essas
pragas acabam causando deficiência na estrutura das plantas, comprometendo
a produção de grãos. Um dos insetos-pragas constantes no milho são as
lagartas, que se alimentam raspando as folhas jovens do milho, então, com o
crescimento dela no cultivar, acaba provocando danos nas folhas do milho. Por
este motivo, o milho Bt é de fundamental importância na produção de milho no
país, considerando que ele consegue fazer o controle desta praga (GABARDO,
2011).

O milho Bt é um milho geneticamente modificado, que foi desenvolvido com a


intenção de controlar as pragas que causam dano ao milho. Foi inserido neste
transgênico, genes específicos da bactéria do solo, Bacillus thuringiensis,
encontrada em diferentes ecossistemas, essa bactéria leva a produção de
proteínas tóxicas a determinadas ordens de insetos (Algumas proteínas são
tóxicas a lagartas que consomem as folhas da planta do milho, outras são
tóxicas a larvas de besouros que atacam o caule da planta do milho). No Brasil,
o milho Bt contém o gene que codifica a proteína tóxica a insetos
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mastigadores, como a lagartado-cartucho, uma das principais pragas do milho


no país. O ambiente do sistema digestivo do inseto, por ser alcalino, no
momento que a lagarta ingere a planta do milho Bt, a proteína tóxica é
quebrada em pontos específicos, liberando um núcleo ativo, que então, liga-se
a receptores específicos na parede do intestino do inseto, na forma de cristal.
Primeiramente, inibe-se a absorção de alimentos e depois provoca poros nas
membranas do intestino, destruindo-o por completo, e consequentemente,
levando a morte do inseto. A proteína do milho Bt, não é prejudicial a humanos
e animais superiores, porque o ambiente do sistema digestivo dos humanos e
dos animais é ácido, fazendo com que a proteína seja degradada
completamente em minutos (GABARDO, 2011).

ASPECTOS MORFOLÓGICOS, FISIOLÓGICOS E SISTEMAS DE CULTIVO


DE CULTURAS ANUAIS (MILHO, SOJA, TRIGO, SORGO, CANA-DE-
AÇÚCAR, MANDIOCA, ARROZ E FEIJÃO).

1. Introdução

O milho (Zea mays L.) é uma espécie que pertence à família


Gramineae/Poaceae, com origem no teosinto, Zea mays, subespécie mexicana
(Zea mays ssp. mexicana (Schrader) Iltis, há mais de 8000 anos e que é
cultivada em muitas partes do Mundo (Estados Unidos da América, República
Popular da China, Índia, Brasil, França, Indonésia, África do Sul, etc.). A sua
grande adaptabilidade, representada por variados genótipos, permite o seu
cultivo desde o Equador até ao limite das terras temperadas e desde o nível do
mar até altitudes superiores a 3600 metros, encontrando-se, assim, em climas
tropicais, subtropicais e temperados.
Esta planta tem como finalidade de utilização a alimentação humana e animal,
devido às suas elevadas qualidades nutricionais, contendo quase todos os
aminoácidos conhecidos, com excepção da lisina e do triptofano. No contexto
agrícola português, o milho é uma das culturas arvenses mais importante,
sendo a que mais explorações agrícolas envolve e segundo a Associação
Nacional de Produtores de Milho e Sorgo desde 2006 tem ocupado uma área
entre 130 a 150 mil hectares em todo o país. A área destinada à cultura pode
aumentar, em consequência do acréscimo da área de regadio e, para a qual,
contribuirá o projeto de Alqueva (Alentejo), tendo esta região de Portugal um
grande potencial por explorar e, dependendo dos preços e políticas do
mercado europeu e mundial, pode contribuir para um acréscimo na produção
nacional, capaz de reduzir o volume das importações deste cereal.
Atualmente, apesar do milho ser o cereal mais produzido em Portugal, o que se
produz cobre pouco mais de 32 % das necessidades do mercado interno
(Anuário Agrícola). O milho é uma cultura associada quer à produção de
silagem a qual é de excelente qualidade, quer à produção de grão, afirmando-
se atualmente como uma cultura com enorme potencialidade produtiva da
agricultura portuguesa de regadio, tendo um contibuto importante para a
vitalidade das economias regionais e nacional. A introdução de novas
variedades melhor adaptadas às nossas condições e da foclimáticas, bem
como práticas culturais mais adequadas (adubações, tratamentos
fitossanitários, etc.) têm conduzido a um aumento significativo da produtividade
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da cultura no nosso país, estando os indicadores de produtividade entre os


melhores a nível mundial.

2. Características Morfológicas E Fisiológicas Do Milho

Na classificação botânica, o milho pertence à ordem Gramineae, família


Poaceae, tribu Maydeae, género Zea e espécie Zea mays L.

2. 1. Semente

A semente do milho que é classificada botanicamente como cariopse,


apresenta três partes (Figura 1): o pericarpo, o endosperma e o embrião. O
pericarpo é uma camada fina e resistente, constituindo a parte mais externa da
semente. O endosperma é a parte da semente que está envolvida pelo
pericarpo e a que apresenta maior volume, sendo constituída por amido e
outros carbohidratos. À parte mais externa do endosperma e que está em
contato com o pericarpo, denomina-se de camada de aleurona, a qual é rica
em proteínas e enzimas e cujo papel no processo de germinação, é
determinante. O embrião, que se encontra ao lado do endosperma, possui
primórdios de todos os órgãos da planta desenvolvida, ou seja, não é mais do
que a própria planta em miniatura. Quando as condições de temperatura e
humidade são favoráveis, a semente do milho germina em 5 ou 6 dias. Para a
germinação das sementes, a temperatura do solo deve ser superior a 10ºC,
sendo a ótima de 15ºC. Na fase de desenvolvimento vegetativo e floração as
temperaturas ótimas variam de 24 a 30 ºC, sendo as superiores a 40 ºC,
prejudiciais à cultura.

Considerações Sobre A Cultura Do Milho

A cultura do milho é das que ocupam maior área no mundo, sendo com o trigo
e o arroz as três culturas com maior expressão. Segundo Bellido (1991) a sua
área de cultivo localiza-se entre as latitudes de 30º S e 55º N. No entanto, o
melhoramento genético tem permitido potenciar a adaptação de algumas
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variedades que, atualmente se encontram em latitudes superiores aos valores


indicados por Bellido (1991), nomeadamente a Norte em regiões da Rússia e
do Canada e a Sul em regiões da Argentina e da Bolívia. Em Portugal também
é uma das grandes culturas, sendo a área atribuída à cultura no Anuário
Estatístico de 2012 de, aproximadamente, 100 000 hectares. No entanto, a
Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo, Anpromis, indica valores
superiores, sendo a área média anual da cultura desde 2004 até 2013,
incluindo a finalidade grão e a finalidade silagem, de 146 719 hectares.

Características Morfológicas
A morfologia da planta de arroz pode ser descrita da seguinte forma:
Raiz
A raiz seminal, ou radícula, surge da coleorriza logo após o seu aparecimento e
é seguida por uma ou duas raízes seminais secundárias, todas elas
desenvolvem raízes laterais. Persistem apenas por um curto período de tempo
após a germinação e são logo substituídas pelo sistema secundário de raízes
adventícias. Estas são produzidas a partir de nós inferiores dos caules jovens.
São fibrosas e possuem muitas ramificações e pêlos radiculares.

Folha
A folha primária, surgida do coleóptilo, difere das demais por ser cilíndrica e
não apresentar lâmina. A segunda folha e as demais são dispostas de forma
alternada no colmo e surgem a partir de gemas situadas nos nós. A porção da
folha que envolve o colmo denomina-se bainha. A porção pendente da folha é
a lâmina. Na junção dessas duas partes situa-se o colar, do qual emergem dois
pequenos apêndices em forma de orelha, sendo por essa razão denominados
de aurículas, e uma estrutura membranosa em forma de língua, denominada
lígula. A partir do colmo principal originam-se de 8 a 14 folhas, conforme o ciclo
da cultivar. A última folha a surgir em cada colmo denomina-se folha-bandeira.
Os genótipos diferem quanto ao comprimento, largura, ângulo de inserção,
pubescência e cor das folhas. Essas características são de grande relevância
na caracterização e descrição varietal.

Caule
O caule da planta de arroz é composto por um colmo principal e um número
variável de colmos primários e secundários, ou perfilhos. Durante o período
vegetativo, um perfilho é visualizado como uma estrutura composta de folhas e
gemas axilares. O caule propriamente dito encontra-se na base do perfilho e é
visível mediante dissecação, como um conjunto de nós. Somente no período
reprodutivo da cultura é que os nós se distanciam devido ao alongamento dos
entrenós, o que permite a sua visualização. As características dos entrenós,
tais como comprimento, diâmetro e espessura, determinam a resistência ao
acamamento. A cor dos nós e entrenós, o número de perfilhos e o seu ângulo
são importantes características de descrição varietal.

Panícula
A inflorescência determinada da planta de arroz denomina-se panícula.
Localiza-se sobre o último entrenó do caule, erroneamente considerado um
pedúnculo, e é subtendida pela folha-bandeira. É composta pela ráquis
principal, que possui nós dos quais saem as ramificações primárias que, por
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sua vez, dão origem às ramificações secundárias de onde surgem as


espiguetas. Estas são formadas por dois pares de brácteas ou glumas. O par
inferior é rudimentar e as suas glumas denominadas de estéreis. As glumas do
par superior denominam-se pálea e lema e contêm no seu interior a flor
propriamente dita, composta por um pistilo e seis estames. O pistilo contém um
óvulo. A lema pode ter uma extensão filiforme denominada arista, que é um
importante descritor varietal.
Foto: Sebastião Araújo

Figura 1. Panícula
É formado pelo ovário fecundado e contém uma única semente aderida às
suas paredes, pericarpo, envolvida pela lema e a pálea. Estas, juntamente com
as glumas estéreis e estruturas associadas, formam a casca. O grão sem
casca denomina-se cariopse. A fenologia do arroz é basicamente composta de
duas fases, vegetativa e reprodutiva. A Tabela 1 ilustra essas duas fases e os
respectivos marcadores fisiológicos.
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IMPORTÂNCIA DO ARROZ

O arroz é um dos alimentos mais importantes para a nutrição humana, sendo a


base alimentar de mais de três bilhões de pessoas no mundo. É o segundo
cereal mais cultivado no mundo, ocupando área aproximada de 158 milhões de
hectares. A produção de cerca de 662 milhões de toneladas de grãos em casca
corresponde a 29 % do total de grãos usados na alimentação humana. O milho
é o grão com maior volume produzido no mundo, correspondendo a 33 %. O
consumo médio mundial de arroz é de 60 kg/pessoa/ano, sendo que nos
países asiáticos, onde são produzidos 90 % desse cereal, são os que
apresentam as médias mais elevadas, situadas entre 100 e 150 kg/pessoa/ano.
Na América Latina são consumidos, em média, 30 kg/pessoa/ano, destacando-
se o Brasil como grande consumidor (45 kg/pessoa/ano). Atualmente, o arroz é
a cultura com maior potencial de aumento de produção e responde pelo
suprimento de 20 % das calorias consumidas na alimentação de pessoas no
mundo. Em decorrência, desempenha papel estratégico na solução de
questões de segurança alimentar. Apesar do grande volume produzido, o arroz
é um produto com pequeno comércio internacional. Os 10 países maiores
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produtores são, em ordem decrescente: China, Índia, Indonésia, Bangladesh,


Vietnã, Tailândia, Mianmar, Filipinas, Brasil e Japão. O Brasil, com uma
produção anual entre 11 e 13 milhões de toneladas de arroz nas últimas safras,
participa com cerca de 82 % da produção do Mercosul, seguido pelo Uruguai,
Argentina e, por último, o Paraguai, com menos de 1 % do total (Tabela 1.1).

BASES DE FISIOLOGIA DA CULTURA DA SOJA

1. INTRODUÇÃO

Toda e qualquer vida existente no planeta é direta ou indiretamente


dependente de uma “relativamente simples reação bioquímica”, denominada
fotossíntese, que ocorre no interior de cloroplastos de células de seres
fotossintetizantes, por meio da qual o CO2 presente na atmosfera é fixado
organicamente, desde que haja disponibilidade de água e luz no ambiente. De
maneira simples, a reação da fotossíntese líquida é expressa por:

Luz e Clorofila
CO2 + H2O CH2O + O2

De maneira mais completa, a reação da fotossíntese líquida é expressa por:

Luz e
6CO2 + 18ATP + 12NADPH + 12H+ + 12H20 Clorofila 6CH2O + 18Pi +
18ADP + 12NADP+

Nota-se que são necessárias três moléculas de ATP para a fixação ou redução
de cada molécula de CO2 (LEHNINGER, 1976).
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Desde tempos imemoriáveis, a humanidade vive e sobrevive graças a esta


“relativamente simples reação bioquímica”, a partir da qual, por meio da
respiração celular, novos compostos orgânicos (aminoácidos, proteínas,
carboidratos, ácidos graxos e outros) são sintetizados e utilizados pelas plantas
e animais para crescimento estrutural, desenvolvimento reprodutivo e
armazenamento de reservas, que no fim, serão utilizadas dentro de diversas
cadeias tróficas como fontes de alimentos, energia e fibras.

Atualmente, tem-se observado nítida redução no número de pessoas


diretamente envolvidas com as atividades de produção animal e de produção
vegetal. No Brasil, os sistemas agrícolas ou agroecossistemas, onde a cultura
da soja possui efetiva e significativa participação, vêm apresentando relativos
ganhos de rendimento. Entretanto, novas situações, desafios e problemas
surgem, à medida em que maiores volumes de produção se originam, seja pelo
uso de tecnologias mais eficientes, que resultam em aumentos de
produtividade, seja pela expansão da fronteira agrícola.

Independente de ser área tradicional ou área nova, a produção de uma


determinada planta cultivada, sempre resultará das interações existentes entre
a espécie escolhida, o ambiente de produção e o manejo adotado. Se o
objetivo é atingir elevadas produtividades, torna-se essencial para quem exerce
o gerenciamento da tecnologia e do ambiente de produção, conhecimentos
detalhados do agroecossistema sob sua responsabilidade.

Com respeito ao fator planta cultivada, o conhecimento sobre as sucessivas


etapas de seu desenvolvimento (Fenologia), funcionalidade da espécie
(Fisiologia) e interações com o ambiente em que se encontra (Ecofisiologia), é
condição básica e necessária para se atingir elevados níveis de produtividade.

2. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA SOJA

A soja é classificada como espécie de ciclo C3, isto é, pertence ao grupo das
espécies de plantas cultivadas que fixam CO2 pelo ciclo de Calvin, uma vez
que os primeiros produtos estáveis da sua fotossíntese são as trioses
denominadas de ácido 3-fosfoglicérico (3-PGA) e glicerato, constituídas por
três átomos de carbono. Tem-se observado grande quantidade de glicerato,
que parece ser derivada de uma hidrólise enzimo-catalizada do PGA,
confirmada pela rápida conversão, na ausência de luz, do PGA para glicerato
(SEDIYAMA et al., 1985). Além do 3-PGA, os outros produtos primários da
fotossíntese são: alanina, serina, glicina e glicolato. Em seguida, como
produtos secundários da fotossíntese da soja, observa-se: glucose, frutose,
sacarose, rafinose, manose, ácido aspártico e ácido málico. As folhas mais
novas sintetizam mais aminoácidos essenciais do que as folhas mais velhas
(MÜLLER, 1981).
No processo fotossintético da fixação do CO2, ocorre a reação da carboxilação
e posterior quebra da pentose denominada ribulose 1,5-difosfato (RuDP). Esta
reação é catalisada pela enzima ribulose-difosfato-carboxilase, que apresenta
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menor afinidade pelo CO2 e maior pelo O2, que são utilizados como substrato
pela enzima. Em presença de maior concentração de O 2, este substitui o CO2
resultando na oxigenação da ribulose-difosfato, em vez de sua carboxilação.
Consequentemente, não se forma o 3-PGA; em seu lugar, ocorre a síntese de
fosfoglicolato que ao sofrer hidrólise enzimática origina o glicolato, substrato da
fotorrespiração.

Assim, a fotorrespiração nada mais é do que as evoluções do CO2 em ar livre


de CO2, ou seja, com baixa concentração deste gás, determinando
considerável perda de energia que deveria ser utilizada para a formação de
matéria orgânica viva. Trata-se de um mecanismo regulador da fixação de CO2,
quando a pressão parcial de oxigênio é alta e a de dióxido de carbono é baixa.
Para as espécies de ciclo C3 existe uma concentração mínima ou crítica de
CO2, abaixo da qual a planta não consegue fotossintetizar o 3-PGA, cessando
a fotossíntese líquida e aumentando a respiração de suas reservas, que
também serão consumidas pela fotorrespiração, até que a planta morra por
inanição. Essa concentração mínima ou crítica de dióxido de carbono é
denominada de ponto de compensação de CO 2. Para a soja, considera-se que
40 ppm de CO2 em ambiente a 25ºC, seja o seu ponto de compensação.
Estima-se que 10% a 50% do total do carbono fixado na fotossíntese são
perdidos por intermédio da fotorrespiração (LEHNINGER, 1976; MÜLLER,
1981; SHIBLES et al., 1987).

Como na maioria das espécies cultivadas, o produto fotossintético primário


exportado da folha da soja é a sacarose. Estudos com carbono marcado
revelaram que a sacarose participa de mais de 90% do fotoassimilado
translocado marcado. Quando a soja foi submetida à deficiência de nitrogênio,
a sacarose participou de, aproximadamente, 100% do material exportado
(NELSON et al., 1961). Embora a sacarose predominasse entre os
fotoassimilados exportados, serina e glicina foram os primeiros compostos a
deixar a folha. Após 20 minutos de fotossíntese, foi observada exportação de
ampla gama de compostos diferentes da sacarose, incluindo-se em ordem
decrescente de radioatividade: alanina, glutamato, ácido glicério, glicose,
rafinose, frutose, ácido málico, triose, ácido isocítrico, ácido succínico,
aspartato e ácido cítrico. Malato, em grande quantidade, glutamina, asparagina,
maltose e fosfatos de açúcar têm sido encontrados no translocado, além de
outros compostos não identificados (SEDIYAMA et al., 1985).

Observando-se atentamente a face abaxial de um folíolo de uma folha madura


de soja, nota-se uma intensa ramificação do sistema vascular, caracterizando
as nervuras e os respectivos espaços internervurais, onde ocorre a maior
concentração de estômatos e de células clorofiladas. A nervação foliar da soja
assemelha-se a uma bacia hidrográfica constituída pelo rio principal (nervura
central), seus afluentes (ramificações primárias da nervura central) e
subafluentes (demais ramificações). Os produtos da fotossíntese não são
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circulados entre as partes da folha ou entre células, mas saem das células
através das nervuras do tecido de condução. Cada nervura atua somente numa
certa parte da folha, pela qual os fotoassimilados são coletados, de maneira
semelhante ao sistema fluvial onde a água é coletada em uma bacia pelos rios
e riachos.

Estudos de translocação e utilização de fotoassimilados em soja, revelaram


que estes saem das folhas, predominantemente, através do floema.
Aproximadamente, 25% de CO2 fixados em 10 minutos de fotossíntese
movimentaram-se para fora da folha em 6 horas, com um adicional de 10%,
saindo nas 18 horas seguintes. A taxa de translocação foi estimada em 300 cm
h-1 nas plantas jovens e em 100 cm h-1 nas plantas adultas, quando glicose,
frutose ou sacarose isotopicamente marcados foram adicionados em
extremidades de pecíolos, após a remoção das folhas (NELSON et al., 1961).

O fotoassimilado é translocado para as regiões de utilização de energia ou


drenos, nas quais se incluem as raízes, ápice, gemas florais, sementes e folhas
em expansão. Pouco fotoassimilado é translocado para folhas maduras. Como
“fonte fisiológica”, compreende-se a folha madura de soja, isto é, que tenha
atingido 50% de sua expansão final e que atua mais como produtora de
fotoassimilados do que como consumidora. Como “dreno fisiológico”,
compreende-se a região da planta que, predominantemente, demanda energia
ou alimento para seu crescimento ou para sua manutenção.

Na soja, a translocação dos produtos da fotossíntese para os diversos órgãos e


tecidos demandantes é governado, parcialmente, pela distância física entre
fonte e dreno fisiológicos, uma vez que a quantidade de fotoassimilados
exportados da folha expandida para o ápice da planta e para as raízes, foi
inversamente proporcional à distância desses drenos fisiológicos. Desfolhando
a soja entre a folha-fonte e as raízes, NELSON et al. (1961) observaram que
maior quantidade de material elaborado foi translocado para a raiz e menor
para o ápice, do que em uma planta intacta. Inferiram que, a planta responde à
remoção das folhas baixeiras pelo aumento de fluxo das folhas superiores para
as raízes. Desprovendo as raízes de minerais, também observaram um
aumento do fluxo de assimilados para as raízes.
Os nódulos presentes nas raízes também atuam como drenos fisiológicos,
consumindo os produtos da fotossíntese como fonte de energia para a fixação
biológica do N2. As bactérias no interior dos nódulos convertem os ácidos
orgânicos obtidos das raízes em aminoácidos e estes aminoácidos, então,
retornam às raízes movendo-se por elas.

Quando uma planta de soja encontra-se em plena maturação, a maioria dos


fotoassimilados da folha se move para dentro das vagens inseridas na axila da
mesma folha. Se as vagens forem removidas, os assimilados movem-se
predominantemente para baixo, em direção à próxima vagem e muito pouco
movem-se para cima. Entretanto, foi verificado que algumas vagens do terço
superior da planta de soja desenvolveram-se, mesmo quando as folhas desses
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nós foram removidas (NELSON et al., 1961). Isto sugere que as vagens apicais
constituem-se em fortes drenos fisiológicos, capazes de drenar fotoassimilados
da haste principal, que contém clorofila, e das folhas localizadas na região
mediana da planta.

Morfologia dos Nódulos

Os nódulos bacterianos concentram-se “coroa da raiz”, região situada cerca de


1 a 3 cm abaixo do colo da planta, de onde saem as principais ramificações
radiculares. A nodulação primária ocorre nessa região e predomina sobre a
nodulação secundária, isto é, a nodulação das raízes secundárias.

Nódulos sadios e funcionais quanto à fixação do N2, apresentam-se


externamente com superfície rugosa e internamente com coloração rósea a
avermelhada, indicando a atividade da leghemoglobina. A vida média de um
nódulo dura de seis a oito semanas, havendo relatos de até treze semanas. Ao
longo do ciclo da soja ocorre uma constante formação e renovação de nódulos
no sistema radicular, observando-se o máximo de nodulação na fase
reprodutiva da cultura (estádios R2 a R5) época em que a soja apresenta maior
demanda pelos nutrientes e outros fatores da produção.

A quantidade e o número de nódulos por sistema radicular é variável conforme


o cultivar e o ambiente, diferindo de planta para planta. À grandes quantidades
correspondem menores tamanhos de nódulos. Em média, nódulos sadios
apresentam de 4 a 8 mm, verificando-se amplitude de 3 a 10 mm.

Produção De Sorgo (Sorghum Bicolor L. Moench Aspectos Gerais

A origem do sorgo está provavelmente na África, embora algumas evidências


indiquem que possa ter havido duas regiões de dispersão independentes:
África e Índia. A domesticação do sorgo, segundo registros arqueológicos, deve
ter acontecido por volta de 3000 AC, ao tempo em que a prática da
domesticação e cultivo de outros cereais era introduzida no Egito Antigo a partir
da Etiópia. Na primeira década do século XX, sorgo foi extensivamente
cultivado nos EUA para produção de xarope ou melaço. As cultivares eram de
porte muito alto e tardias, com alguma semelhança fenotípica com os atuais
sorgos forrageiros para silagem.
O porte avultado dessas cultivares não permitia sua utilização como plantas
graníferas porque a colheita, mesmo que fosse por processo manual, era muito
difícil. Além disso, o ciclo extremamente longo limitava seu cultivo às regiões
no sul do país mais próximas da linha do equador. Os primeiros colonizadores
das Grandes Planícies do Oeste Americano, então, selecionaram plantas dos
tipos Milo e Kafir mais ajustadas à agricultura que se modernizava e que eram
muito mais tolerantes ao clima seco da região do que o milho. Com o advento
da mecanização na segunda década do século XX, novas seleções foram
sendo feitas a partir dos materiais originais, que acrescentaram mais valores às
cultivares como precocidade e porte cada vez mais baixos (EMBRAPA 2010).
A moderna planta de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) é um produto da
intervenção do homem onde, a partir da domesticação desta espécie por
séculos, a submeteu a mudanças a fim de atender as exigências e demandas
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do ser humano. O sorgo é uma “extraordinária fábrica de energia”, de enorme


utilidade em regiões muito quentes e muito secas, onde o homem não
consegue boas produtividades de grãos ou de forragem cultivando outras
espécies, como o milho.
A grande eficiência da cultura do sorgo na conversão de água e nutrientes
absorvidos em fotoassimilados e esqueletos de carbono torna-o
excepcionalmente interessante para as regiões de alta temperatura e com
restrição pluviométricas, sendo desta forma mais adaptado a condições
adversas do que outras culturas, como o milho por exemplo.
Agronomicamente, os sorgos são classificados em quatro grupos: granífero;
forrageiro para silagem e/ou sacarino; forrageiro para pastejo/corte;
verde/fenação/cobertura morta e vassoura. O primeiro grupo inclui tipos de
porte baixo que são adaptados à colheita mecânica. O segundo grupo inclui
tipos de porte alto apropriados para silagem e/ou produção de açúcar e álcool.
O terceiro grupo inclui sorgos utilizados para pastejo, corte verde, fenação e
cobertura morta.
O quarto grupo inclui tipos cujas panículas são confeccionadas vassouras. Dos
quatro grupos, o sorgo granífero é o que tem maior expressão econômica e
está entre os cinco cereais mais cultivados em todo o mundo, ficando atrás do
arroz, trigo, milho e cevada (EMBRAPA 2009).
A planta de sorgo se adapta a uma gama de ambientes, principalmente sob
condições de deficiência hídrica, desfavoráveis à maioria dos outros cereais.
Esta característica permite que a cultura seja apta para desenvolvimento e
expansão em regiões de cultivo com distribuição irregular de chuvas e em
sucessão a culturas de verão.
As informações disponíveis com respeito ao sorgo mostram essa cultura como
uma boa substituta do milho na produção agrícola e na alimentação animal.
Mas aspectos culturais que afetam o comportamento dos agentes do
agronegócio do Brasil dificultam esta substituição e geram problemas de
mercado para o produto (EMBRAPA 2009). A escolha de cultivar mais
adequada é um aspecto fundamental para o estabelecimento de um sistema de
produção mais eficiente.
A eficiência na escolha de materiais genéticos pode ser feita pela observação
de um conjunto de informações para a cultura dentro de cada região.
Adaptação à região; potencial produtivo; estabilidade de produção; tolerância a
doenças (principalmente em plantio direto), inclusive quanto à sanidade dos
grãos; resistência ao acamamento de colmo e de raiz; ciclo; características dos
grãos – textura, coloração e teor de tanino dentre outras características. Com
base nessas informações, as quais devem ser atualizadas periodicamente e de
acordo com as necessidades do agricultor, é possível selecionar o híbrido ou
variedade mais apropriados para um sistema de produção específico.

2. Importância Econômica

A área cultivada com sorgo no Brasil deu um salto extraordinário, a partir do


inicio dos anos 90. O Centro Oeste é a principal região de cultivo de sorgo
granífero, enquanto o Rio Grande do Sul e Minas Gerais, de sorgos forrageiros.
O sorgo granífero é cultivado, sob três sistemas de produção. No Rio Grande
do Sul, planta-se sorgo na primavera e colhe-se no outono. No Brasil Central, a
semeadura é feita em sucessão às culturas de verão, principalmente a soja. No
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nordeste, a cultura é plantada na estação das chuvas (TEIXEIRA & TEIXEIRA,


2004). Uma lavoura de sorgo forrageiro, já dispõe de certa tradição entre os
agricultores, pois apresenta uma elevada qualidade e produtividade, desde que
tecnicamente bem manejada, alcança produtividades médias de 50 toneladas
de massa verde por hectare, havendo registros de até 80 toneladas em
experimentos conduzidos no estado de Goiás.
O sorgo além de apresentar boa qualidade e produtividade, pode ser usado o
segundo corte ou rebrota para o produtor sem apresentar custo, que pode
alcançar uma média de 20 toneladas (AGROSOFT.2010). O desenvolvimento
da cultura do sorgo no Brasil ocorre prioritariamente nas regiões Sudeste, Sul e
Centro-Oeste. Devido a sua característica intrínseca de maior tolerância ao
déficit hídrico, tem sua potencialidade para o cultivo na região Nordeste onde
atualmente é cultivado principalmente por pequenos produtores em sistema
consorciado.
Nesta região, a Bahia é o maior produtor com cerca de 75,7 toneladas por
hectare e Pernambuco ocupa a segunda posição com 10,7 toneladas por
hectare para a produção de 2009 de acordo com dados oficiais fornecidos pela
Companhia Nacional de Abastecimento – (CONAB 2009). Um grande aumento
foi observado na produção dessa cultura no Brasil desde a sua provável
consolidação como lavoura em 1976, até os dias atuais. Segundo APPS
(2009), a área de cultivo de sorgo no Brasil, safra 2008/09 foi de 1.321.925
hectares, considerando os tipos graníferos e forrageiros juntos. Nesse
levantamento ficou evidenciado que trata-se apenas de híbridos comerciais de
sorgo, considerando que para cada 10 kg de sementes comercializadas, é
contabilizado o plantio de um hectare. Os dados fornecidos pelos índices
econômicos e de produção de 1976 a 2009 indicam que no Brasil o aumento
em toneladas por hectare foi na ordem de 449,32%, na região Nordeste o
percentual de aumento da produção de sorgo foi de 2.092,54% e pontualmente
em Pernambuco esse percentual alcançou o patamar de 10.700% (CONAB,
2009).
Ainda em Pernambuco, as áreas 7 registradas de cultivo de sorgo foram
37.253, 22.720 e 21.164 hectares, para os anos agrícolas de 2006, 2007 e
2008, respectivamente (Tabosa et al., 2008; IPA, 2008). O último relatório
publicado pelo USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos,
consolidou a produção mundial de sorgo - Safra 2009/10, em 59,5 milhões de
toneladas, ante ao consumo de 61,9 milhões de toneladas. É estimada neste
relatório que a Safra 2010/11 alcance uma produção de 64,3 milhões de
toneladas, que representa incremento de 8,0% se comparada à safra deste
ano. Este aumento se deve a expansão de área, destinada ao cultivo deste
cereal, na Índia, Nigéria e Sudão. Já o consumo deverá ser de 63,6 milhões de
toneladas, equivalente a 2,7% a mais que o atual. No último relatório divulgado
pela Conab - "12º Levantamento de Avaliação da Safra de Grãos 2009/10", os
números apresentados mostram que a área cultivada, em comparação à safra
do ano passado, poderá ser reduzida em 17,5%, passando para 697,8 mil
hectares.
A produtividade deverá crescer 1,8% e alcançar 2.328 kg/ha. Quanto à
produção, estima-se redução média de 16,1% ou (310,7 mil toneladas), saindo
de 1.934,9 para 1.624,2 milhões de toneladas. Neste levantamento, foram
consolidados os números da área e da produção de sorgo-safra 2009/10. No
quadro de suprimento nacional, destaca-se a produção desta safra, que
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apresentou redução de 16,1%, se comparada à safra do ano passado.


Contudo, segundo o INMET - Instituto Nacional de Meteorologia, é provável
que este ano no Brasil, ocorra o fenômeno La Niña. Caso a assertiva seja
verdadeira, haverá recuo na semeadura de alguns produtos, especialmente
(milho - 2ª safra - concorrente do sorgo) por conta do encurtamento na janela
para plantio. Neste contexto, poderá haver recuperação da área a ser cultivada
com sorgo na safra 2010/11, uma vez que esta cultura se adapta melhor às
condições de estresse hídrico, fato que deverá incrementar a produção deste
cereal de modo que alcance o patamar da safra passada.

3.1 Botânica E Morfologia

O sorgo é uma planta da família gramineae, do gênero sorghum, e da espécie


Sorghum bicolor L. Moench. Sua estrutura radicular é composta por raízes que
por possuir sílica na endoderme, grande quantidade de pêlos absorventes e
altos índices de lignificação de periciclo, confere a cultura maior tolerância a
seca do que as demais.
O caule por sua vez é dividido em nós e entrenós e folhas ao longo de toda a
planta, Sua inflorescência é uma panícula e seu fruto é uma cariopse ou grão
seco. Compreende espécies anuais e espécies vivazes. Atinge 1 a 4 metros de
altura, tendo vários caules por pé (afilhamento), em que cada um dos quais tem
uma influencia terminal do tipo paniculado. Uma espiga séssil, fértil,
acompanhada por duas espigetas estéreis pedunculadas que caracterizam o
gênero. Vale ressaltar que a presença de tanino no grão confere a ele
resistência ao ataque de pássaros, entretanto esta substancia é adstringente,
acarretando ao grão problemas de digestibilidade (VON PINHO E
VASCONCELOS, 2002). Devido ao fato de não apresentar uma proteção para
sementes, como, por exemplo, a palha de milho ou as glumas do trigo e da
cevada, a planta de sorgo produz vários compostos fenólicos, os quais servem
como uma defesa química contra pássaros, patógenos e outros competidores.
Toda planta de sorgo possui aproximadamente os mesmos níveis de proteína,
amido, lipídios etc., porém vários compostos fenólicos podem ocorrer ou não.
Entre esses compostos, destaca-se o tanino condensado, o qual tem ação
antinutricional (MAGALHAES et al., 2000).
A presença do tanino no grão de sorgo depende da constituição genética do
material. Os genótipos que possuem os genes dominantes B1 e B2 são
considerados sorgo com presença de tanino. O tanino no sorgo tem causado
bastante controvérsia, uma vez que, apesar de algumas vantagens
agronômicas, como resistência a pássaros e doenças do grão, ele causa
problemas na digestão dos animais, pelo fato de formarem complexos com
proteínas e, assim, diminuírem a sua palatabilidade e digestibilidade
(RODRIGUEZ et al., 1999).
A presença da testa é fator determinante da presença de tanino em sorgo.
Existem duas classes de taninos: hidrolizáveis e condensados. Não há
evidências da presença de grandes quantidades de tanino hidrolizável no
sorgo. Já o tanino condensado é aquele que é encontrado em materiais de
sorgo resistentes a pássaros (EMBRAPA 2009). Outro composto existente no
sorgo é a durrina, um glicosídeo cianogênico que em altas concentrações pode
provocar morte em animais e seres humanos. Esse fator tem prejudicado muito
o cultivo e a comercialização do sorgo frente aos outros cereais.
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CANA-DE-AÇÚCAR

Produtividade das lavouras

Produtividade é o coeficiente da quantidade em massa (em quilos ou


toneladas) de cana-de-açúcar dividido pela área plantada em hectares (ha).
Quanto maior for o resultado dessa conta, maior será a produtividade. Por
exemplo, comparando-se os dois maiores municípios produtores de cana-de-
açúcar. Morro Agudo, apesar de ter maior área plantada/ colhida que Guaira,
este tem maior rendimento, pois tem maior quantidade de cana-de-açúcar
plantada em menos espaço em comparação ao município de Morro Agudo.
Para uma região ser produtiva, eficiente em seu plantio e colheita em um certo
espaço de terra, há muitos fatores envolvidos, como a mecanização ou colheita
manual, o tipo de solo, o tipo de relevo, os tipos e quantidades de insumos
usados para adubação, a irrigação, a espécie de cana-de-açúcar plantada, o
clima naquele ano, a logística da empresa, etc. Por isso, em síntese, a
produtividade das lavouras se dá pelo estudo dos fatores abiótico (clima, solo,
relevo, etc.) em conjunto com o biótico (espécie da planta apropriada, o
combate às pragas, a época de colheita, etc.) somados à logística da empresa.

Importância econômica

A agroindústria sucroalcooleira é um dos principais segmentos econômicos a


colaborar com o dinamismo da economia brasileira neste período inicial do
século XXI. Mantém participação acima de 30% no mercado internacional de
açúcar, com receita de mais de US$2,64 bilhões em divisas em 2004.
É uma das culturas agrícolas mais importantes do mundo tropical, gerando
centenas de milhares de empregos diretos. É uma importante fonte de renda e
desenvolvimento. O interior paulista, principal produtor mundial de cana-de-
açúcar, é uma das regiões mais desenvolvidas do Brasil, com elevados índices
de desenvolvimento urbano e renda per capita muito acima da média nacional.
Essa cultura também possibilitou ao Brasil ser um dos dois países maiores
produtores de álcool, com exportações de 2,2 bilhões de litros em 2004, US$
520 milhões.
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Na safra 2004/05, a cana-de-açúcar destinadas à indústria ocupou 3,52


milhões de hectares em São Paulo e produziu 244,5 milhões de toneladas. Isso
significa a geração de demanda de 247 mil postos de trabalho somente na
atividade agrícola, considerando a estimativa de 7,01 ocupações a cada 100
hectares, algo equivalente a 23% da população trabalhadora na agricultura
paulista em 2004, ou 1,058 milhão de pessoas. (BAPTISTELLA, et al, 2005).
O setor conta também, com o surgimento de novo mercado representado pela
utilização de álcool na produção de biocombustível, em substituição ao
derivado de petróleo. Complementarmente à cogeração de energia via bagaço
de cana, ainda pode aproveitar-se das oportunidades criadas no Protocolo de
Kyoto, com o mercado de carbono.
O Sistema Agroindustrial da Cana-de-açúcar é um dos mais antigos do país,
estando ligado aos seus principais eventos históricos. É de grande importância
na geração de empregos e movimenta cerca de 2% do PIB brasileiro. Em
1997/98, o Brasil foi o maior produtor mundial de cana, o maior produtor e
consumidor de álcool e o maior produtor e exportador de açúcar.

Morfologia

A cana-de-açúcar é da ordem das gramíneas. Desenvolve-se em forma de


touceira (moita). A parte aérea é formada por colmos, caule típico das
gramíneas, folhas, inflorescências (conjunto de flores arranjadas em haste) e
frutos. A parte subterrânea por raízes e rizomas (caules subterrâneos,
espessos e ricos em reserva nutritiva, providos de nós e entrenós e que
crescem horizontalmente).
Raízes – as raízes são fasciculadas ou em cabeleira, podendo atingir até 4 m
de profundidade sendo que, 85% delas encontram-se nos primeiros 50 cm e,
aproximadamente, 60% entre os primeiros 20-30 cm de profundidade, havendo
diferenças entre as variedades. Os rizomas são constituídos por nódios ou nós,
internódios ou entrenós e gemas, as quais são responsáveis pela formação dos
perfilhos da touceira. As novas touceiras da soca ou ressoca se originam dos
rizomas que brotarão após a colheita.
Colmo – o colmo é o caule das gramíneas. É caracterizado por nós bem
marcados e entrenós distintos e fica acima do solo. O colmo é responsável pela
sustentação das folhas e das panículas e seu porte pode ser ereto, semiereto
ou decumbente, dependendo da idade da planta.
Nó – chamados também de nódios ou região nodal. É uma região muito
importante para a descrição das variedades de cana-de-açúcar, pois contém a
gema, o anel de crescimento, a cicatriz foliar e a zona radicular, bastante
variável entre os tipos de cana (Figura 2.2).
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Gema – a gema caracteriza a definição das variedades. Além de reentrâncias,


a gema possui um poro germinativo que, ao germinar, emite um broto, dando
origem a um novo colmo.

Ecofisiologia

Objetivos
Conhecer a ecofisiologia da cana-de-açúcar. Saber os objetivos básicos do
processo canavieiro. Saber as diferenças entre cana-planta e cana-soca.
Conhecer os estádios de desenvolvimento da cana-de-açúcar.
Uma planta em seu habitat natural apresenta características relativas ao seu
desenvolvimento e produção final, e quando é levada para um ambiente com
condições climáticas diferentes, essa característica podem ser modificadas.
Daí a necessidade do conhecimento de comportamento de cada variedade de
cana-de-açúcar em determinada região produtora, considerando os fenômenos
periódicos das plantas e suas relações com as condições do ambiente, tais
como temperatura, luz, umidade, etc.
Como a maioria das gramíneas (poaceae), a cana-de-açúcar é uma planta que
apresenta uma grande taxa fotossintética e eficiência na utilização de CO2 (gás
carbônico) da atmosfera, mesmo que este gás esteja em baixas
concentrações. A cana-de-açúcar é adaptada às condições de alta intensidade
luminosa, altas temperaturas, e a umidade do solo é importante principalmente
durante sua fase de crescimento, já que a cultura necessita de grandes
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quantidades de água para suprir as suas necessidades hídricas, uma vez que
somente 30% de seu peso é representado pela matéria seca e, 70% pela água.
Sua capacidade em absorver água pelas folhas é maior do que em qualquer
outra planta de sua família. No entanto, são as raízes, através dos seus pêlos
absorventes, as responsáveis pela maior quantidade de absorção de água. O
orvalho da madrugada e os chuviscos, que não chegam a atingir o solo, são
absorvidos por suas folhas. A cana é uma espécie, portanto, ideal para cultivo
em regiões tropicais. A temperatura mínima para o desenvolvimento da planta
é em torno de 20ºC e máxima de 38ºC. (BACCHI, 1985). No entanto, o
conhecimento do ciclo da cultura é importante para melhor manejá-la, pois se
sabe que qualquer produção vegetal que vise à máxima produtividade
econômica, fundamenta-se na interação de três fatores: a planta, o ambiente
de produção e o manejo. O processo produtivo canavieiro visa a três objetivos
básicos: • Produtividade – alta produção de fitomassa por unidade de área, isto
é, elevado rendimento agrícola de colmos industrializáveis onde a sacarose é
armazenada.
• Qualidade – riqueza em açúcar dos colmos industrializáveis, caracterizando
matéria-prima de qualidade. Quando associada à produtividade, reflete-se na
produção por unidade de área.
• Longevidade do canavial – visa aumentar o número de cortes econômicos,
refletindo-se num prazo maior de tempo entre as reformas do canavial, que é o
novo plantio, resultando em melhor economicidade do empreendimento. Em
seu habitat natural, uma planta apresenta características relativas ao seu
desenvolvimento e produção final. Quando é levada para um ambiente com
condições climáticas diferentes, essas características podem ser modificadas.
Portanto, tal fato mostra a necessidade de que cada região ou unidade realize
estudos que possam avaliar o comportamento de variedades de cana-de-
açúcar para uso em diferentes sistemas de produção.

MANDIOCA

Aspectos Agro Econômicos Da Mandioca

Além da destacada importância na alimentação humana e animal, as raízes de


mandioca são também utilizadas como matéria-prima em inúmeros produtos
industriais. A cultura da mandioca é uma das mais importantes fonte de
carboidratos para os consumidores de renda mais baixa em países tropicais da
América Latina. A mandioca é produzida principalmente por produtores de
pequeno porte, em sistemas de produção complexos, com pouco ou nenhum
uso de tecnologia moderna, especialmente agroquímicos. A parte aérea da
mandioca pode ser consumida pelos animais na forma "in natura" , sob forma
de silagem, feno ou peletizada, pura ou misturada com outros alimentos. A
mandioca apresenta potencialidades para participar de outros mercados
alternativos. O amido (independente de sua origem) é tradicionalmente
empregado na indústria alimentícia, metalúrgica, mineração, construção,
cosmética, farmacêutica, papel e papelão, têxtil etc. Tradicionalmente a
produção de mandioca da Região Nordeste é orientada para produção de
farinha. As indústrias de processamento de farinha - as chamadas "casas de
farinha" - são próprias (individuais, às vezes com objetivos empresariais), ou
comunitárias.
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Consorciação e rotação de culturas

Os sistemas de cultivos múltiplos ou policultivos com culturas anuais e


fruteiras, agroflorestais e agrosilvipastoris tem sido amplamente utilizados nas
regiões tropicais, pelos pequenos produtores. A difusão desses sistemas tem
como base as vantagens apresentadas pelos mesmos, em relação aos
monocultivos, como o de promover maior estabilidade da produção, melhorar a
utilização da terra, melhorar a exploração de água e nutrientes, melhorar a
utilização da força de trabalho, aumentar a eficiência no controle de ervas
daninhas, aumentar a proteção do solo contra erosão e disponibilizar mais de
uma fonte alimentar e de renda. Nesse contexto, a mandioca é importante
como cultura consorte, pelo seu ciclo vegetativo longo, crescimento inicial
lento, variedades com hábito de crescimento ereto e vigor de folhagem médio,
caracterizando as possibilidades de consórcio, principalmente com culturas
anuais. O plantio de culturas associadas nesses policultivos, em uma mesma
área, deve ser feito procurando distribuir o espaço da lavoura o mais
conveniente possível, buscando uma baixa competição entre plantas pelos
fatores de produção como luz, água e nutrientes. Essa distribuição das linhas
de plantio dependerá das características agronômicas de cada uma das
culturas envolvidas na consorciação, especialmente o ciclo vegetativo, as
épocas de cultivo distintas e o porte das plantas.
Na Região do Cerrado estima-se que em torno de 80% das áreas com
mandioca são cultivadas por pequenos produtores. Nessas condições, onde a
força de trabalho, basicamente, é composta pela mão-de-obra familiar, e as
áreas são minifúndios, os cultivos múltiplos revestem de maior importância,
porque otimizam o uso mais intensivo dos recursos escassos, representados
pela mão-de-obra, terra e capital.
De modo geral, as culturas a serem consorciadas ou os sistemas a serem
utilizados pelo produtor são determinados por aspectos econômicos regionais e
pelas próprias atividades produtivas na propriedade. A mandioca pode ser
utilizada em policultivos com culturas anuais, perenes, agroflorestais e
agrosilvipastoris.
Com culturas anuais, o arranjo espacial de plantio das linhas de mandioca
pode ser em fileiras simples ou em fileiras duplas. Nas fileiras simples
recomenda-se a distribuição das plantas em forma retangular, com
espaçamento de 1,00 a 1,20 m entre linhas e 0,60 a 0,80 m entre plantas,
sendo que a cultura intercalar é plantada em fileiras alternadas com as de
mandioca. Nesse caso, recomenda-se o plantio de uma a duas fileiras da
cultura intercalar, a depender do porte da cultura. Nas fileiras duplas, a
distribuição das plantas é realizada reduzindo o espaçamento entre duas
fileiras simples para 0,60 m, deixando um espaço maior (2,00 a 3,00 m) até as
outras duas fileiras simples, também espaçadas de 0,60 m; onde o
espaçamento das fileiras duplas ficam de 0,60 x 0,60 a 0,80 m x 2,00 a 3,00 m.
Nesse caso, recomendam-se de duas a quatro fileiras da cultura consorciada, a
depender do porte da mesma.
Quanto ao consórcio com culturas perenes e em sistemas agroflorestais, as
culturas intercalares são utilizadas, além das vantagens já mencionadas, com o
objetivo de propiciar retorno econômico durante o período de crescimento das
culturas perenes, contribuindo para o custo de implantação das mesmas.
Nessas condições, a mandioca é utilizada como cultura intercalar, onde o
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número de fileiras a ser utilizado estará em função da cultura perene e do


espaçamento e arranjo espacial de plantio da mesma.
Vale ressaltar que, nos plantios de sistemas de policultivos ou consorciados,
deverão ser utilizadas as tecnologias recomendadas para cada cultura
componente do sistema.
Na cultura da mandioca, em condições de Cerrado, a utilização da prática de
rotação de culturas, além de outras vantagens, visa principalmente o controle
da bacteriose e a depauperação do solo. Assim, recomenda-se que essa
prática seja realizada pelo menos a cada dois cultivos da mandioca, utilizando
outras culturas como gramíneas ou leguminosas para produção de grãos, ou
leguminosas para adubação verde, ou ainda deixando a área em pousio.
Nesse particular, o sistema de plantio em fileiras duplas da mandioca em
consorciação reveste de importância para pequenas áreas, por permitir a
rotação das culturas em uma mesma área. Outro ponto a destacar é o
aproveitamento da adubação residual realizado pela cultura da mandioca.

FEIJÃO

Características: Espécie de ciclo curto, 80 a 100 dias conforme o cultivar, com


hábito de crescimento determinado ou indeterminado, trepador ou não,
formando dossel de 40 a 50 cm de altura. Seu melhor desenvolvimento é
observado em regiões ou períodos de clima ameno, porém livres de geadas.
[02]
Clima e Solo: A temperatura média ideal durante o ciclo é de 18 a 24oC sendo
21oC a ideal. [03 ; 04] Pode ser cultivado em solos com textura que pode variar
de arenosa leve a argilosa pesada, incluindo solos turfosos, mas os solos
argilosos maldrenados deverão ser evitados nas semeaduras de outubro e
novembro, assim como as baixadas úmidas ou sujeitas à inundação ou ao
encharcamento.
Época de Plantio: Basicamente, há três épocas indicadas para o plantio: nas
águas, a seca e no inverno. O feijão das águas é plantado em setembro,
outubro e novembro. Já o feijão da seca é semeado em janeiro, fevereiro e
início de março, enquanto o feijão de inverno, plantado em maio, junho e início
de julho, apresenta uma desvantagem: para vingar, a lavoura precisa ser
irrigada. [01 ; 02 ; 04]
Propagação: Através de sementes.
Espaçamento: No sistema de cultivo convencional, para os cultivares comuns,
utilizar a distância de 50 a 60 cm entre as linhas, procurando obter 10 plantas
adultas por metro linear na colheita. [02; 04] Para cultivares de ciclo curto e de
menor porte admitem-se semeaduras com 40 a 50 cm entre as linhas e
densidade de 12 a 15 plantas por metro. [02]
Técnicas de plantio: Em solos argilosos ou úmidos, deve-se semear na
profundidade de 3 a 4 cm; já em arenosos, pode-se atingir 5 a 6 cm. [04]
Faixa de pH ideal: Sensível à acidez do solo. [01]
Necessidade Hídrica: A cultura do feijão exige um mínimo de 300mm de
precipitação durante a cultura para que produza a contento, sem a necessidade
de utilização de irrigação. [03 ; 04] Melhores produtividades são obtidas com
340 a 370 mm. [04]
Manejo: Para a primeira produção de feijão em uma área, pode ser feita a
inoculação, juntamente com o plantio, para se obter uma melhor fixação de
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nitrogênio. O período crítico de interferência das plantas daninhas no feijoeiro


ocorre entre 15 e 30 dias após a emergência da cultura, sendo que depois
deste período as plantas invasoras não mais interferem diretamente na
produtividade, dispensando a capina. [04]
Principais pragas/doenças: O controle de pragas e doenças é feito com
liberação de inimigos naturais das pragas e produtos como o óleo de Nim.
Colheita: Quando as vagens do feijão estiverem amarelas e as plantas
perdendo as folhas, é hora de colher sua produção. Faça a colheita com tempo
bom, de preferência pela manhã, arrancando os pés de feijão, manualmente.
Acabe de secar as vagens ao sol, para debulhá-lo, caso não disponha de uma
trilhadeira, faça a bateção: leve o feijão para o terreiro, formando camada de 2
a 3 palmos de altura, e bata o feijão com vara verde – o que provoca a debulha
do grão. [01 ; 02 ; 04]
Produtividade: Dependendo das condições ambientais e sistema de cultivo,
ao redor de 1000 a 2500kg/ha. [02]
Rotação de Cultura: O feijoeiro responde bem à aplicação de matéria
orgânica ao solo; portanto, as melhores culturas para antecedê-lo são aquelas
que deixam no terreno grande quantidade de massa vegetal. [02 ; 05] Existem
muitos exemplos com Milho, arroz e trigo [01]
Consórcio: O feijão é o preferido nos consórcios culturais pelas seguintes
razões: é cultura de ciclo vegetativo curto e pouco competitiva; pode ser
semeado em diferentes épocas; é cultura relativamente tolerante com a
competição movida pela planta consorte; é um dos alimentos básicos do povo
brasileiro; e seu preço geralmente alcança bons níveis. O feijão pode ser
plantado como cultura secundária no meio de outras culturas. Pomares em
formação é um exemplo. Também é viável a associação com sorgo, girassol, e
mesmo abacaxi. No Nordeste, os consórcios triplos milho-feijão-algodão e
feijão-milho-mamona são empregados. Em outros países o feijão é consorciado
com a batata, e estudos provam que no Brasil isto também é viável. Consorcio
Milho-Feijão Pode ser realizados de duas formas: Plantio simultâneo ao milho
(feijão das águas), nas mesmas linhas do milho ou entre elas. Neste modelo, o
feijão é favorecido quando plantado de uma a duas semanas antes do milho.
Plantado quando o milho está começando a secar (feijão da “seca”), conhecido
como cultivo de substituição, geralmente distribuído entre os pés de milho, sem
nenhum alinhamento, fechando todo o espaço. Geralmente semeado na
segunda quinzena de fevereiro, não oferecendo risco a cultura do milho e
apresentando melhor produção que o plantio das águas. Indica-se que não seja
feito o dobramento do milho, prática comum após a colheita, pois alem de não
favorecer o feijão, elimina o suporte que os feijões trepadores utilizam.
Consórcio Mandioca-Feijão Este sistema é interessante por a mandioca
apresentar espaçamento relativamente largo entre as fileiras e entre as plantas
dentro das fileiras, além de sua lentidão para estabelecer o dossel.
Recomenda-se o plantio de apenas uma fileira de feijão no meio da rua da
mandioca, pois a mesma é muito sensível a competição. Variedades de feijão
precoces são menos competitivas. Consórcio Café - Feijão Este sistema é
interessante, pois o café só apresenta produção após o terceiro ano, sendo que
desta forma o feijão significa renda extra até a formação do cafezal. Indica-se o
plantio de 5-4 fileiras de feijão entre os cafeeiros recém-plantados, e com o
crescimento do pé de café o plantio de um do número menor de fileiras ano
após ano. Consórcio Cana-de-Açúcar – Feijão O largo espaçamento de plantio
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da cana-de-açúcar, o lento crescimento inicial e a época de plantio da cana


(janeiro-março) favorecem o consórcio dessas duas culturas. Indica-se o
plantio de duas fileiras de feijão na rua da cana-de-açúcar, cerca de 15 dias
após a implantação do canavial. [04]
Usos: Além de produzir os grãos, utilizados para consumo humano, tem a
função de fixar nitrogênio no sistema de plantio. Ciclo de produção: Tem sua
maturidade fisiológica entre 80 e 100 dias. [02 ; 03]
Longevidade: Planta anual, vivendo até 3 meses.
Grupo sucessional: Planta pioneira, porem tolerante ao consórcio e a boa
taxa de sombreamento. Raiz: Sistema radicular fasciculado, concentrando 80%
de suas raízes nos primeiros 20 cm de solo. [03 ; 04]
Dispersão: Através de sementes. Polinização: Por abelhas - autógama.
Regeneração: Apresenta uma pequena regeneração Potencial invasor: Não
apresenta risco como invasora.

FITOPATOLOGIA GERAL.

CICLO DAS RELAÇÕES PATÓGENO HOSPEDEIRO

A série de fases ou eventos sucessivos que conduzem à ocorrência da doença,


ou fazem parte do seu desenvolvimento, constitui um ciclo, denominado ciclo
das relações patógeno hospedeiro, no qual cada uma das diferentes fases
apresenta características próprias e tem função definida.

O estudo das relações patógeno-hospedeiro constitui a base para a aplicação


de medidas de controle, pois o conhecimento dos detalhes de cada ciclo em
particular indica quais as medidas de controle mais eficientes e econômicas a
serem adotadas e as fases mais adequadas para sua adoção.
O ciclo das relações patógeno-hospedeiro pode ser dividido em ciclo primário e
ciclo secundário.
Ciclo primário - É aquele que tem início a partir de estruturas de sobrevivência
do microrganismo ou a partir da fase saprofítica no solo. Caracteriza-se por
apresentar:
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- Pequeno número de plantas infectadas;


- Pequeno número de lesões por planta;
- Baixo índice de infecção.
Ciclo secundário - É aquele que sucede o ciclo primário e se desenvolve a
partir do inóculo nele produzido, sem a interposição de uma fase de repouso ou
dormência entre eles. Caracteriza-se por apresentar:
- Grande número de plantas infectadas;
- Grande número de lesões por planta;
- Alto índice de infecção.

Baseado no número de ciclos que uma determinada doença apresentar


durante uma mesma estação de cultivo, pode ser classificada como doença
monocíclica (ou de ciclo primário) ou doença policíclica (ou de ciclo
secundário).

FONTE DE INÓCULO

-Inóculo: é qualquer propágulo ou estrutura do patógeno capaz de causar


infecção. Ex: esporos e micélio de fungos, células de bactérias ou protozoários,
partículas de vírus ou viróides, ovos ou larvas de nematóides, etc.
-Fonte de inóculo: é o local onde o inóculo é produzido. Ex: plantas doentes,
restos de cultura, solo infestado, etc.

SOBREVIVÊNCIA DO INÓCULO

Esta fase caracteriza-se por garantir a sobrevivência do agente patogênico em


condições adversas, tais como ausência do hospedeiro e/ou condições
climáticas desfavoráveis. Patógenos de culturas anuais, onde as plantas
morrem ao final do ciclo, e mesmo de culturas perenes decíduas, onde as
folhas e frutos caem no inverno, são obrigados a suportar prolongados
períodos de tempo na ausência de tecido suscetível. Para tanto, estes agentes
desenvolvem uma grande variedade de estratégias de sobrevivência. A
sobrevivência do inóculo pode ser garantida através de:

Estruturas especializadas de resistência


Ex.: clamidosporos, esclerócios, teliosporos, ascosporos e oósporos em
fungos.

- Atividades saprofíticas
Ex.: colonização de restos culturais e utilização de nutrientes da solução do
solo.

- Plantas hospedeiras
Ex.: plantas doentes, crescimento epifítico em plantas sadias e sementes.

- Vetores
Ex.: sobrevivência de vírus em insetos, fungos e nematóides.

DISSEMINAÇÃO DO INÓCULO
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É a transferência do patógeno da fonte de inóculo para os locais mais diversos.


Pode ser ativa e passiva.

Disseminação ativa
Aquela realizada com os próprios recursos do patógeno (Ex.: zoósporos de
fungos, células de bactérias com flagelos e larvas de nematóides.). No entanto,
a importância deste tipo de disseminação é restrita e limitada a uma área muito
pequena em torno da fonte de inóculo. Ela pode apenas ser responsabilizada
pela distribuição do patógeno para outros órgãos de uma planta ou para outras
plantas vizinhas. Exemplos de disseminação ativa a longas distâncias não são
conhecidos.

Disseminação passiva
O inóculo do patógeno é transportado com o auxílio de agentes de
disseminação. Este tipo de disseminação é muito mais importante que a
ativa, sendo responsável pela disseminação dos agentes causais de doenças
de plantas a curta e a longas distâncias. Divide-se em disseminação passiva
direta e indireta.

-Disseminação passiva direta: aquela realizada conjuntamente com os


órgãos de propagação dos hospedeiros. Ex.: sementes infestadas ou
infectadas (podridão negra das cruciferas - Xanthomonas
campestris pv. campestris; podridão cinzenta do caule do feijoeiro -
Macrophomina phaseolina), borbulhas de citros (Exorcote - causado por um
viróide), rizomas (nematóide cavernícola em bananeira - Radopholus similis),
tubérculos (sarna da batatinha - Streptomyces scabies; murcha bacteriana da
batatinha – Ralstonia solanacearum) e mudas infectadas (gomose do abacaxi -
Fusarium subglutinans).

-Disseminação passiva indireta: realizada por diferentes agentes de


disseminação como o vento (Ex.: Ferrugem do colmo do trigo – Puccinia
graminis; oídio das cucurbitáceas – Erysiphe cichoracearum), água (Ex.:
crestamento gomoso das cucurbitáceas - Dydimela bryoniae, disseminada
através dos sulcos de irrigação), insetos (mosaico severo do caupi –
disseminado por Ceratoma arcuata), homem, animais, ferramentas (Ex.:
disseminação de Xanthomonas albilineans em cana-de-açúcar através de
facões de corte contaminados) e implementos agrícolas, etc.

INFECÇÃO
Processo que se estende da germinação até o estabelecimento das relações
parasitárias estáveis com o hospedeiro. O processo engloba: pré-penetração (é
o conjunto de eventos que ocorre a partir do início da germinação do esporo
até a penetração da hifa infectiva no hospedeiro); penetração e
estabelecimento das relações parasitárias estáveis.

PENETRAÇÃO
É a fase que ocorre a implantação do patógeno no local da planta onde se
iniciará o processo de colonização dos tecidos. A penetração do hospedeiro
pode se processar de três maneiras:
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- Penetração direta pela superfície intacta do hospedeiro


Provavelmente este é o tipo de penetração mais comum dos fungos e
nematóides. Nenhum dos demais patógenos, incluindo bactérias e nematóides,
penetram diretamente as plantas.
Geralmente os fungos possuem uma estrutura chamada apressório, a qual se
fixa firmemente ao hospedeiro, emitindo então um tubo de penetração o qual
perfura a cutícula e por intermédio do qual, o protoplasma do patógeno ganha o
interior da planta. Ex: Colletotrichum graminicola em folhas de milho e sorgo.
Nos nematóides, a penetração direta ocorre mediante uma série repetida de
impulsos do estilete, resultando na formação de pequenas aberturas na parede
celular das células da planta. Ex.: Meloidogyne incognita em raízes de
tomateiro.

Penetração por aberturas naturais

Muitos fungos e bactérias penetram nas plantas através dos estômatos,


(ferrugens, Alternaria ricini em folhas de mamona), porém alguns penetram
através de hidatódios (X. campestris pv. campestris em folhas de couve),
lenticelas (Streptomyces scabies em tubérculos de batata), nectários (Ralstonia
solanacearum em inflorescências de bananeira), etc. Muitos fungos e bactérias
penetram através destas aberturas naturais.

Penetração por ferimentos


São as mais importantes vias de penetração dos agentes fitopatogênicos. São
necessárias à penetração dos parasitas facultativos e ajudam a penetração
daqueles que normalmente penetram no tecido vegetal por outras vias. Estes
ferimentos podem ser causados por chuvas fortes, granizos, geadas, ventos,
práticas culturais, insetos, nematóides, etc. (Ex.: penetração de Erwinia
carotovora em frutos através de ferimentos; penetração de Penicillium
sclerotigenum em túberas de inhame através de ferimentos de colheita e
transporte; penetração de Fusarium oxysporum f.sp. lycopersici em tomateiro
através de ferimentos nas raízes).

COLONIZAÇÃO
É a fase que ocorre quando o patógeno passa a se desenvolver e nutrir dentro
do hospedeiro. As modalidades de colonização são as mais variadas possíveis,
dependendo, em especial, do patógeno envolvido.

Tipos de colonização
Muitos parasitas facultativos secretam enzimas que causam a degradação dos
componentes celulares da planta e, atuando sozinhas ou em conjunto com
toxinas, causam a morte e a desintegração; só então os talos bacterianos e as
hifas penetram no tecido morto e dele se alimentam como se fossem
saprófitos.
Por outro lado todos os parasitas obrigados e alguns facultativos, não destroem
as células de seu hospedeiro conforme avançam, obtendo seus nutrientes ao
penetrarem essas células vivas ou ao manterem-se em estreito contato com
elas. O tipo de associação que se estabelece entre esses patógenos e as
células que parasitam é muito estreita, resultando no desvio ou absorção
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constante de nutrientes do hospedeiro para o parasito, sem que o primeiro


possa aproveitá-los.
Embora a diminuição de nutrientes limite o desenvolvimento do hospedeiro e
propicie o aparecimento dos sintomas da doença, nem sempre ocasiona sua
morte. No caso de parasitas obrigados, a morte das células do hospedeiro
limita seu desenvolvimento posterior e inclusive pode causar sua morte. Além
das formas de colonização citadas anteriormente, existem várias outras:
· Colonização localizada: quando a ação do patógeno se restringe aos tecidos
próximos ao ponto de penetração. Ex.: manchas foliares, podridões radiculares,
de frutos e do colo.
· Colonização sistêmica ou generalizada: quando o patógeno se distribui por
toda a planta, a partir do ponto de penetração. Ex.: murchas bacterianas,
murchas causadas por Fusarium spp. e viroses.
A colonização e, portanto, o processo doença, só se desenvolve quando os
mecanismos de ação do patógeno se sobrepõem aos mecanismos de defesa
do hospedeiro.

REPRODUÇÃO DO PATÓGENO
É a formação de novos propágulos do patógeno para iniciação de novos ciclos.
É extremamente variável dependendo do patógeno envolvido. A reprodução do
patógeno é, concomitantemente, o fim de um ciclo das relações patógeno-
hospedeiro e o início do seguinte, quando se trata de doença policíclica.

Quando o hospedeiro é tomado como referência, a classificação reúne as


doenças que ocorrem numa determinada espécie botânica. Desta forma tem-
se, por exemplo, as doenças do feijoeiro, do tomateiro, da cana-de-açúcar, etc.
Esse tipo de classificação tem um caráter eminentemente prático, pois é de
interesse dos técnicos envolvidos com cada cultura específica.
Outra possibilidade, ainda ligada ao hospedeiro, é classificar doenças de
acordo com a parte ou idade da planta atacada. Assim, as doenças podem ser
agrupadas, por exemplo, em doenças de raiz, de colo, de parte aérea, etc.
A classificação de doenças tomando por base a natureza dos patógenos define
os grupos de doenças causadas por fungos, por bactérias, por,vírus, etc. Este
sistema de classificação tem como ponto desfavorável agregar, num mesmo
grupo, patógenos que, apesar da proximidade taxonômica, atuam de forma
diferente em relação à planta. Como evidência, pode-se mencionar o contraste
entre uma bactéria que provoca murcha (Ralstonia solanacearum, por
exemplo), cujo controle estaria mais próximo de uma murcha causada por
fungo(Fusarium oxysporum, por exemplo), e outra bactéria que causa podridão
em órgãos de armazenamento (Erwinia carotovora, por exemplo). Esta última
teria, do ponto de vista do controle, maior similaridade com um fungo causador
de podridão, como Rhizopus, por exemplo.
O processo doença envolve alterações na fisiologia do hospedeiro. Com base
neste aspecto, George L. McNew, em 1960, propôs uma classificação para as
doenças de plantas baseada nos processos fisiológicos vitais da planta
interferidos pelos patógenos. Os processos fisiológicos vitais de uma planta,
em ordem cronológica, podem ser resumidos nos seguintes:
I - Acúmulo de nutrientes em órgãos de armazenamento para o
desenvolvimento de tecidos embrionários.
II - Desenvolvimento de tecidos jovens às custas dos nutrientes armazenados.
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III - Absorção de água e elementos minerais a partir de um substrato.


IV - Transporte de água e elementos minerais através do sistema vascular.
V - Fotossíntese.
VI - Utilização, pela planta, das substâncias elaboradas através da
fotossíntese.

Assim, de acordo com McNew, o desenvolvimento de uma planta a partir de


uma semente contida num fruto envolveria várias etapas seqüenciais, como o
apodrecimento do fruto para a liberação da semente; o desenvolvimento dos
tecidos embrionários da semente a partir das reservas da mesma; a formação
dos tecidos jovens, como radícula e caulículo, ainda a partir das reservas
nutricionais da semente; a absorção de água e minerais pelas raízes; o
transporte de água e nutrientes minerais através dos vasos condutores; o
desenvolvimento das folhas, que passam a realizar fotossíntese, tornando a
planta independente das reservas da semente; o desenvolvimento completo da
planta, tanto vegetativa como reprodutivamente, graças aos materiais
sintetizados por ela. Considerando que estes processos vitais podem sofrer
interferências provocadas por diferentes patógenos, McNew propôs grupos de
doenças correspondentes:
- Grupo I - Doenças que destroem os órgãos de armazenamento
- Grupo II - Doenças que causam danos em plântulas
- Grupo III - Doenças que danificam as raízes
- Grupo IV - Doenças que atacam o sistema vascular
- Grupo V - Doenças que interferem com a fotossíntese

- Grupo VI - Doenças que alteram o aproveitamento das substâncias


fotossintetizadas

Esta classificação é conveniente pois, apesar de diferentes patógenos atuarem


sobre um mesmo processo vital, o modo de ação dos mesmos em relação ao
hospedeiro envolve procedimentos semelhantes (Tabela 1). Assim, diversos
fungos e diversas bactérias podem causar lesões em folhas; a doença
provocada por estes patógenos, porém, interfere no mesmo processo
fisiológico vital, ou seja, a fotossíntese. Em adição, doenças pertencentes a um
mesmo grupo apresentam características semelhantes quanto às diversas
fases do ciclo de relações patógeno-hospedeiro, não raro apresentando
idênticas medidas para seu controle.
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Finalmente, este sistema de classificação permite, também, uma ordenação


dos agentes causais de doença segundo os graus de agressividade,
parasitismo e especificidade. Assim, de um modo geral, à medida que se
caminha do grupo I para o grupo VI, constata-se menor grau de agressividade
no patógeno, maior grau de evolução no parasitismo e maior especificidade do
patógeno em relação ao hospedeiro. Em relação à agressividade, os
patógenos dos grupos I e II apresentam alta capacidade destrutiva, pois em
curto espaço de tempo provocam a morte do órgão ou da planta atacada; são
organismos saprofíticos que, através de toxinas, levam, antes, o tecido à morte
para, depois, colonizá-lo. Quanto à evolução do parasitismo, os patógenos
encontrados nos grupos V e VI são considerados mais evoluídos, pois
convivem com o hospedeiro, não provocando sua rápida destruição; ao invés
de toxinas, estes patógenos, geralmente, produzem estruturas especializadas
em retirar nutrientes diretamente da célula sem, no entanto, provocar sua morte
imediata. A especificidade dos patógenos em relação ao hospedeiro também
aumenta do grupo I para o VI. Nos primeiros grupos é comum a ocorrência de
patógenos capazes de atacar indistintamente uma grama de diferentes
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hospedeiros; por outro lado, nos últimos grupos estão presentes patógenos que
causam doença apenas em determinadas espécies vegetais. A ocorrência de
raças patogênicas, com especificidade a nível de cultivar, são de comum
ocorrência nesses grupos superiores.

Etiologia é uma palavra de origem grega, aetia = causa + logos = estudo. Em


Fitopatologia, corresponde à parte que estuda as causas das doenças de
plantas e tem como objetivo o estabelecimento de medidas corretas de
controle. Patógeno é qualquer organismo capaz de causar doença infecciosa
em plantas, ou seja, fungos, bactérias, vírus, viróides, nematóides e
protozoários. Patogenicidade é a capacidade que um patógeno possui, de
associando-se ao hospedeiro, causar doença.

TESTE DE PATOGENICIDADE

Quando um organismo é encontrado associado a uma planta doente, se for


conhecido ou registrado anteriormente, é identificado com a ajuda de literatura.
Entretanto, se for um organismo desconhecido, pelo menos para tal planta,
para confirmá-lo ou descartá-lo como agente causal da doença, é necessária a
realização do teste de patogenicidade.
O estabelecimento da relação causal entre uma doença e um microrganismo
só pode ser confirmado após o cumprimento de uma série de etapas,
conhecida por Postulados de Koch, desenvolvidos por Robert Koch (1881)
para patógenos humanos e adaptados posteriormente para Fitopatologia,
constituindo o teste de patogenicidade.

1. Associação constante patógeno hospedeiro: um determinado


microrganismo deve estar presente em todas as plantas de uma mesma
espécie que apresentam o mesmo sintoma. Em outras palavras, deve-se poder
associar sempre um determinado sintoma a um patógeno particular.

2. Isolamento do patógeno: o organismo associado aos sintomas deve ser


isolado da planta doente e multiplicado artificialmente.

3. Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas: a cultura pura do


patógeno, obtida anteriormente, deve ser inoculada em plantas sadias da
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mesma espécie que apresentou os sintomas inicias da doença e provocar a


mesma sintomatologia observada anteriormente.

4. Reisolamento do patógeno: o mesmo organismo deve ser isolado das


plantas submetidas à inoculação artificial. Se todas as etapas acima forem
cumpridas, o organismo isolado pode ser considerado como o agente
patogênico, responsável pelos sintomas observados.

Os testes de patogenicidade são realizados, geralmente, em casa-de-


vegetação para plantas, e em laboratório para partes de plantas como
estacas, frutos, tubérculos e legumes.

CLASSIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS

Parasitismo é um fenômeno extremamente complexo, sendo delineado em


vários níveis. Baseado nesses aspectos, existem várias classificações para
patógenos de plantas, entretanto, simplificadamente eles podem ser
agrupados em:

· Parasitas obrigados: são aqueles que vivem às custas do tecido vivo do


hospedeiro. Não são cultivados em meio de cultura. Ex: fungos causadores de
míldios, oídios, ferrugens e carvões; vírus, viróides, nematóides e algumas
bactérias.

· Saprófitas facultativos: são aqueles que vivem a maioria do tempo ou a


maior parte de seu ciclo de vida como parasitas, mas em certas circunstâncias,
podem sobreviver saprofiticamente sobre matéria orgânica morta. Podem ser
cultivados em meio de cultura. Ex: fungos causadores de manchas foliares,
como Alternaria spp., Colletotrichum spp. e Cercospora spp.

· Parasitas facultativos: são aqueles que normalmente se desenvolvem como


saprófitas, mas que são capazes de passar parte, ou todo o seu ciclo de
desenvolvimento como parasitas. São facilmente cultivados em meio de
cultura. Ex: fungos como Rhizoctonia solani e Sclerotium rolfsii.

· Parasitas acidentais: são aqueles organismos saprófitas que em


determinadas condições (Ex.:planta com estresse) podem exercer o
parasitismo. Ex: Pseudomonas fluorescens causando podridão em alface.
Em geral, os parasitas obrigados e facultativos diferem entre si pela forma
como atacam as plantas hospedeiras e obtém seus nutrientes a partir destas.
Nos parasitas obrigados, a colonização é, geralmente, intercelular; enquanto
que nos facultativos ela é, na maioria das vezes, intracelular.
Em virtude das diferenças de parasitismo, o teste de patogenicidade através
dos Postulados de Koch apresenta particularidades para parasitas
facultativos e obrigados. No caso de parasitas facultativos, o teste de
patogenicidade segue os postulados descritos previamente, enquanto no
caso de parasitas obrigados somente dois postulados podem ser aplicados:
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1. Associação constante patógeno hospedeiro: um determinado


microrganismo deve estar presente em todas as plantas de uma mesma
espécie que apresentam o mesmo sintoma.
2. Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas: extrato de
folhas doentes (no caso de vírus) ou suspensão de esporos ou esporângios (no
caso de fungos causadores de ferrugens, carvões, oídios e míldios) deve ser
inoculado em plantas sadias da mesma espécie que apresentou os sintomas
iniciais da doença e provocar a mesma sintomatologia observada
anteriormente.

DENOMINAÇÃO DOS PATÓGENOS

O nome genérico é escrito com inicial maiúscula e grifado. O nome especifico é


escrito com inicial minúscula e grifado. Os nomes subespecíficos como:
patovar (pv.), subespécie (subsp.), variedade (var.) e forma specialis (f.sp.)
também são escritos com inicial minúscula e grifados. O grifo poderá ser
substituído por letra em itálico ou negrito. O nome genérico deverá ser
abreviado a partir da segunda citação em texto científico. O nome do autor ou
autores que classificaram a espécie deve ser citado, toda vez que a mesma for
escrita pela primeira vez, em qualquer texto científico, podendo ser abreviados.
O termo spp. = varias espécies e sp. = espécie desconhecida.
Exemplos:
Colletotrichum gloeosporioides Penz.
Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum (Atk.) Snyder & Hansen
Uromyces phaseoli var. typica Arth.
Erwinia carotovora subsp. atroseptica (van all) Dye
Xanthomonas campestris pv. campestris (Pammel) Dowson
Cercospora sp.
Pseudomonas spp.
fitopatologia é uma palavra de origem grega
(phyton = planta, pathos = doença e logos = estudo), podendo ser definida
como a ciência que estuda as doenças de plantas, abrangendo todos os seus
aspectos: etiologia, epidemiologia, diagnose e controle.

O que é doença?

Existem vários conceitos de doenças de plantas na literatura. A seguir dois


conceitos frequentemente utilizados em fitopatologia.

Whetzel (1935): “Doença em planta consiste de uma atividade fisiológica


injuriosa, causada pela irritação contínua por fator causal primário, exibida
através de atividade celular anormal e expressa através de condições
patológicas características, chamadas sintomas”.

Agrios (2005): “Qualquer mal funcionamento de tecidos do hospedeiro causada


pela irritação contínua por um agente patogênico ou fator ambiental e que
resulta no desenvolvimento de sintomas”.

Histórico da fitopatologia
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A história da Fitopatologia pode ser dividida em cinco fases ou períodos:


Período Místico, Período da Predisposição, Período Etiológico, Período
Ecológico e Período Fisiológico.

1-Período Místico
Compreende desde a mais remota antiguidade até o início do século XIX. Esse
período é assim denominado devido ao homem, não encontrando explicação
racional, atribuía as doenças de plantas a causas místicas. Encontram-se na
Bíblia as informações mais antigas sobre doenças de plantas, atribuídas a
causas místicas, apresentadas como castigos divinos. No final do período
místico, botânicos faziam descrições de sintomas das doenças de plantas.
Com o progresso da Micologia, a atenção foi despertada para a associação
fungo-planta doente. Desta forma, Tillet (1714-1791) atribuiu ser um fungo a
causa da cárie do trigo. Targioni-Tozzetti, em 1767, considerou também serem
os fungos os agentes causais de ferrugens e carvões, os quais cresciam sob a
epiderme das folhas das plantas. No entanto, durante esse período houve
predominância marcante das teorias amparadas na geração espontânea e na
perpetuidade das espécies.

2-Período da Predisposição
Inicia-se no começo do século XIX, quando se tornou evidente a associação
entre fungos e plantas doentes. O suíço Prevost, em 1807, na Franca, publica
o seu trabalho que mostra ser Tillettia caries o agente causal da cárie do trigo,
confirmando assim as idéias de Tillet. No entanto, o trabalho de Prevost foi
refutado pelos que defendiam a teoria da geração espontânea.
Dentro desse espírito, um botânico alemão Unger, em 1833, apresentou sua
teoria pela qual as doenças seriam o resultado de distúrbios funcionais
provenientes de desordens nutricionais que predispunham os tecidos da planta
a produzirem fungos, como excrescências que neles se desenvolviam por
geração expontânea. Assim, seriam as doenças que produziam
microrganismos e não estes os responsáveis pelas doenças.

3-Período Etiológico
Em 1853, De Bary iniciou este período quando propôs serem as doenças de
plantas de natureza parasitária, baseado nos estudos sobre a requeima da
batata, provando cientificamente que o fungo Phytophthora infestans era o
agente causal. As idéias de De Bary revolucionaram os conceitos da época.
Nos anos subsequentes aos trabalhos de De Bary, os fitopatologistas se
dedicaram em provar a natureza parasitária das doenças. Em 1860, Pasteur
destrói a teoria da geração espontânea, iniciando o período áureo da
Microbiologia e provando a origem bacteriana de várias doenças em homens e
animais. As técnicas de esterilização, isolamento e purificação de
microrganismos utilizadas por Pasteur favoreceram, em muito, as pesquisas
fitopatológicas.
Ainda no período etiológico, foi formulado o primeiro fungicida eficiente no
controle das doenças de plantas, a calda bordalesa, por Millardet, na França,
em 1882.

4-Período Ecológico
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Neste período foram conduzidos estudos sobre diversos aspectos do meio,


como fatores climáticos, edáficos e nutricionais, além de outros. No período
ecológico foram iniciados os estudos sobre epidemiologia, sobrevivência do
patógeno, disseminação, penetração, colonização, condições predisponentes,
ciclo biológico, etc.

5-Período Fisiológico (atual)


De 1940 a 1950 foram conduzidas pesquisas básicas sobre fisiologia de fungos
e das plantas e, com a evolução da Fisiologia, da Microbiologia e da
Bioquímica, surgiram novas teorias sobre a relação planta x patógeno e a sua
resultante - a doença. Mais recentemente abordagem epidemiológica e
biotecnológica tem auxiliado nos estudos fitopatológicos.

Doenças de importância histórica no mundo

1-Requeima da batata – Phytophthora infestans (Fome na Irlanda)


A escassez de alimentos na Europa no século XIX foi um episódio muito
conhecido na história mundial. De 1845 a 1846, tubérculos de batata foram
perdidos na Europa devido a uma doença hoje conhecida como requeima da
batata. Na Irlanda, especialmente, onde a alimentação era composta
praticamente 100% de batata, cerca de 2 milhões de pessoas morreram de
fome. Devido a isso, calcula-se que essa doença levou a emigração de 1,5
milhões de irlandeses principalmente para a América do Norte.

2-Ergotismo: trigo x Claviceps purpurea


Uma doença de planta conhecida como ergotismo causou a morte de muitas
pessoas devido à produção de toxinas, entre elas o LSD no corpo de
frutificação do fungo Claviceps purpurea. Esses corpos de frutificação, escuros
e em formato de esporão, são formados quando o fungo infecta sementes de
centeio. O pão preparado com esse centeio contaminado se ingerido causa
formigamento dos membros, elevação de temperatura corporal, problemas
mentais, aborto, gangrena, alucinações e morte. Esta doença era conhecida
como fogo sagrado ou fogo de Santo Antônio e era comum na Idade Média.

3-Ferrugem do café – Hemileia vastatrix


O impacto de um problema fitopatológico pode até mesmo levar a mudança de
hábitos humanos. O Ceilão, hoje conhecido como Sri Lanka, produzia café e o
exportava quase que exclusivamente para a Inglaterra. Em 1869, surgiu uma
doença devastadora, conhecida como ferrugem do cafeeiro, causada pelo
fungo Hemileia vastatrix. A produção de café chegou a zero e a exportação foi
totalmente prejudicada. Os cingaleses não esperavam que um pequeno fungo
fosse desiquilibrar a sua economia provinda de uma monocultura. Pela falta do
café, os ingleses procuraram outra bebida estimulante para suas tardes. O chá.
Desta forma, o chá substituiu o café como a bebida preferida mais popular dos
ingleses.
4-Catástrofe de Bengala
Na temporada de plantio de arroz de 1942, as condições climáticas eram
adequadas para a epidemia da doença, seguido de um ciclone e enchentes. O
rápido avanço da doença na safra de 1942 proporcionou perdas de 90%. Com
a falta de alimentos em Bengala grande parte da população passaram fome. O
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resultado dessa perda de produção foi a morte de mais de 2 milhões de


pessoas!

Doenças de importância histórica no Brasil


1-Mal das folhas da seringueira - Microcyclus ulei
No Brasil houve uma doença que causou perdas econômicas significativas na
Amazônia. No início do século XX, o Brasil era um dos maiores produtores
mundiais de borracha. No fim dos anos 20, Henry Ford queria produzir pneus e
outros componentes para automóveis a partir da borracha de seringais
brasileiros. Batizada de Fordlândia, no estado do Pará, esta nova cidade foi a
escolhida (e comprada) por Ford para a produção de borracha. Mas uma
doença extremamente destrutiva surgiu nos seringais desta nova cidade. O mal
das folhas da seringueira causada pelo fungo Microcyclus ulei. Os 4 mil ha de
seringueiras que foram plantados em 1928 foram abandonados em 1934.
Neste mesmo ano, Ford não desistiu e tentou sua nova produção de borracha
em Belterra, cidade a alguns quilômetros de Fordlândia. Não houve sucesso.
Os seringais de Belterra também foram dizimados. Ford perdeu milhões de
dólares neste empreendimento. Naquela época, plantavam-se seringueiras no
sul da Ásia também. O baque causado pela impossibilidade de continuar a
produzir borracha no Brasil em grande quantidade e a ausência da doença no
sul da Ásia deram oportunidade para que a produção de borracha do sul
asiático se tornasse a maior do mundo.

Estruturas dos Pucciniomycetes, Ustilaginomycetes e os fungos mitospóricos.


Abaixo segue alguns exemplos dessas estruturas.

Filo Ascomycota

Fungos mitospóricos

1-Alternaria sp.

Conídios de Alternaria sp.

2-Penicillium sp.
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Conidióforos e conídios em cadeias de Penicillium sp.

3-Aspergillus sp.

Conidióforo e conídios de Aspergillus sp.

4-Oidium sp.
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Conídios em cadeias de Oidium sp.

5-Pseudocercospora sp.

Sinêmio de Pseudocercospora sp.

6-Septoria sp.
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Picnídio com conídios de Septoria sp.

7-Asperisporium sp.

Esporodóquio com conídios de Asperisporium sp.

Filo Basidiomycota
Classe: Pucciniomycetes
1-Tranzchelia discolor

Uredósporos de Tranzchelia discolor


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2-Puccinia sp.

Teliósporos de Puccinia sp.

3-Hemileia vastatrix

Uredósporos de Hemileia vastatrix

4-Phakopsora pachyrhizi

Urédia e uredósporos de Phakopsora pachyrhizi

Classe: Ustilaginomycetes
1-Sporisorium scitamineum (Ustilago scitaminea)
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Teliósporos de Sporisorium scitamineum

2-Ustilado tritici

Teliósporos de Ustilago tritici

3-Tilletia sp.

Teliósporos de Tilletia sp.

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