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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA CÍVEL DA CIDADE

Ação Revisional
Proc. nº. 0011223-44.2016.5.66.7777
Autor: Antônio das Quantas
Réu: Banco Zeta S/A

ANTÔNIO DAS QUANTAS (“Apelante”), solteiro, empresário,


residente e domiciliado na Rua X, nº. 0000. Apto. 1201 –Curitiba(PR) – CEP nº 55666-777,
possuidor do CPF(MF) nº. 555.444.333-22 , comparece, com o devido respeito e máxima
consideração à presença de Vossa Excelência, não se conformando, venia permissa maxima,
com a sentença meritória exarada às fls. 89/96, para interpor, tempestivamente (CPC, art. 1.003,
§ 5º), com suporte no art. 1.009 e segs. do Código de Processo Civil, o presente recurso de

APELAÇÃO,
tendo como recorrido BANCO ZETA S/A (“Apelada”), instituição de direito privado, inscrita no
CNPJ/MF sob n° 00.111.222/0000-33, com sede em São Paulo(SP) na Rua Y, nº. 0000 - CEP
nº. 66777-888, em virtude dos argumentos fáticos e de direito expostos nas RAZÕES
acostadas.
Outrossim, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência declare os
efeitos com que recebe o recurso evidenciado, determinando, de logo, que a Apelada se
manifeste sobre o presente (CPC, art. 1.010, § 1º) e, depois de cumpridas as formalidades
legais, seja ordenada a remessa desses autos, com as Razões de Apelação , ao Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de janeiro do ano de 0000.

Beltrano de Tal
Advogado – OAB(PR) 112233
RAZÕES DE APELAÇÃO

Processo nº. 0011223-44.2016.5.66.7777


Originário da 00ª Vara Cível de Cidade
Recorrente: Antônio das Quantas
Recorrido: Banco Zeta S/A

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ:


Em que pese à reconhecida cultura do eminente Juízo de origem e à
proficiência com que o mesmo se desincumbe do mister judicante, há de
ser reformada a decisão ora recorrida, porquanto proferida em completa
dissonância para com as normas aplicáveis à espécie, inviabilizando,
portanto, a realização da Justiça.

(1) – DA TEMPESTIVIDADE
(CPC, art. 1.003, § 5º)

O presente recurso há de ser considerado tempestivo, vez que a


sentença em questão fora publicada no Diário da Justiça nº. 0000, em sua edição do dia
00/11/2222, o qual circulou no dia 11/00/2222.

Nesse ínterim, à luz da regência da Legislação Adjetiva Civil (art.


1.003, § 5º), este recurso é interposto dentro do lapso de tempo fixado em lei.

(2) – PREPARO
(CPC, art. 1.007, caput)

O Recorrente acosta o comprovante de recolhimento do preparo


(CPC, art. 1.007, caput ), cuja guia, correspondente ao valor de R$ 00,00 ( .x.x.x. ), atende à
tabela de custas deste Tribunal.

(3) – SÍNTESE DO PROCESSADO


(CPC, art. 1.010, inc. II)

O Autora/Apelante ajuizou demanda pelo rito ordinário, requerendo,


como plano de fundo, a pretensão de reexaminar as condições acertadas em contrato de
adesão a cartão de crédito.

Anotou-se, na peça vestibular, que existira, no enlace contratual,


cobrança abusiva de encargos, no período de normalidade e nas eventuais fases de
inadimplência.

Dentre as matérias ventiladas na peça vestibular, argumentou-se a


cobrança de juros capitalizados diários, sem a devida previsão legal e contratual, o que
resvalaria na ausência de mora do Apelante. Formulou-se, por esse norte, pedido de produção
de prova pericial, para comprovar os fatos alegados, na medida de seu ônus processual (CPC,
art. 373, inc. I).

Citada, a Ré ofereceu defesa em 17 laudas, rebatendo, em parte, o


quanto alegado pelo Autor.

Ultrapassada essa fase processual, o Apelante fora surpreendido


com o julgamento antecipado da lide (fls. 47/55), onde o magistrado, em seu bojo, evidenciou a
seguinte fundamentação para tal desiderato processual:
"... julgo o feito como está, visto que a matéria ora tratada é somente de direito,
não sendo necessária a produção de nenhuma outra prova além daquelas que as
partes já trouxeram ao processo.”

O julgamento antecipado do mérito, sem sombra de dúvidas,


deslocou ao Apelante cerceamento da produção de sua prova, concorrendo, destarte, pela
nulidade do ato processual ora vergastado.

(4) – PRELIMINARMENTE (CPC, art. 1009, § 1º)


NULIDADE DA SENTENÇA
Error in procedendo

4.1. Cerceamento de defesa. Ausência de produção de provas


requeridas

O Recorrente, com a peça inaugural, requereu, expressamente e


fundamentadamente, a produção de prova pericial, pleiteando, inclusive, fosse saneado o
processo e destacada tal prova. Na hipótese, necessitava-se provar fatos, quais sejam: a
cobrança (ocorrência de fato) de encargos ilegais no período de normalidade, os quais, via
reflexa, acarretaria na ausência de mora do Apelante.

Outrossim, procurava-se comprovar, com a produção da prova em


liça (perícia contábil), a eventual cobrança de encargos moratórios indevidos (período de
inadimplência), o que na sentença foi rechaçado justamente pelo motivo do Apelante “não
haver comprovado” a ocorrência de tal anomalia , quando extraímos da sentença a seguinte
passagem:
“No caso dos autos, verifica-se que o pacto foi celebrado em 00/00/0000, e já em
agosto do mesmo ano veio o mutuário a propôs(sic) a presente ação revisional, sem,
contudo, demonstrar, ainda que de forma indiciária, qualquer cumulação proibida de
encargos contratuais, conforme ressai da análise dos extratos de movimentação da
conta 999.001.0000442233-2, alusiva aos meses de abril, maior e junho do mesmo
ano. Assim sendo, não se desincumbindo a parte autora do ônus de provar os fatos
constitutivos de seu alegado direito, só resta ao Estado Juiz desacolher o pedido. “
( destacamos )

Percebe-se, portanto, in casu, não foi oportunizada ao Apelante a


produção da prova técnica. Essa certamente iria corroborar sua tese sustentada da cobrança
de encargos abusivos pela Apelada.

No caso em vertente, a produção da prova pericial se mostra


essencial para dirimir a controvérsia fática, maiormente quanto à existência ou não da
cobrança de encargos abusivos, ou seja, contrários à lei.

De outro norte, a parte em uma relação processual, sobretudo o


Autor da querela, tem o direito e ônus (CPC, art. 373, inc. I) de produzir as provas que julgar
necessárias e imprescindíveis à demonstração cabal da veracidade de seus argumentos.

Embora o juízo a quo tenha entendido, concessa venia,


equivocadamente que a questão dos autos seria de direito, conclui-se que a questão da
cobrança de encargos ilegais (e não de sua licitude ou ilicitude) requer a verificação por um
expert.
Não se descura que o Juiz é o destinatário da prova, cabendo-lhe
indeferir aquelas que entender inúteis ou desnecessárias ao deslinde da questão posta sob sua
apreciação, a teor do disposto no art. 370 do CPC.

Entrementes, no estudo do caso em vertente, ao ser prolatado o


"decisum" combatido, incorreu em verdadeiro cerceio do direito de defesa do Apelante, posto
que o feito não se encontrava “maduro” o suficiente para ser decidido .

Diante da ausência de elementos técnicos quanto à incidência de


juros remuneratórios acima do patamar legal, a prática de capitalização diária de juros e, mais,
da descabida cobrança de encargos moratórios , cumpria ao julgador deferir a produção da prova
pericial, única capaz de elucidar tais fatos. Destarte, a ação demandava uma instrução
probatória mais acurada, especialmente em relação à cobrança de encargos abusivos durante
o período de normalidade contratual e à cobrança ilegal de encargos moratórios , e só o que
consta dos autos não autorizava o julgamento antecipado havido .

Nesse sentido:

APELAÇÃO. PROCESSO CIVIL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS C/C


CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE SEM
OPORTUNIZAR A PRODUÇÃO DE PROVAS REQUERIDA EXPRESSAMENTE NA EXORDIAL
E AINDA SEM INTIMAÇÃO DA PARTE ADVERSA ACERCA DE NOVOS DOCUMENTOS
JUNTADOS (ART. 398, DO CPC) [CPC/2015, art. 437, § 1º]. RECURSO CONHECIDO
PARA, ACOLHER A PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA.
1. Havendo requerimento explícito acerca da produção de prova pericial, conforme se
vê na inicial da presente ação, cabia ao magistrado, mesmo não deferindo a inversão
do ônus da prova, o que sequer foi apreciado, buscar a verdade dos fatos
determinando, a instrução probatória. 2. O julgamento antecipado da lide, sem a
produção de prova essencial e expressamente requerida pela apelante configurou
inequívoco cerceamento do direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório,
delineado no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988. 3. De acordo com o
art. 398 do CPC [CPC/2015, art. 437, § 1º], sempre que uma das partes requerer a
juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra, no prazo de 5
(cinco) dias. 4. Recurso conhecido para acolher a preliminar e decretar a nulidade da
sentença, devendo os autos regressarem ao juízo de origem para que sejam sanadas as
referidas irregularidades. (TJPI; AC 2014.0001.008112-6; Quarta Câmara Especializada
Cível; Rel. Des. Fernando Lopes e Silva Neto; DJPI 27/11/2015; Pág. 23)

AGRAVO DE INSTRUMENTO.
Revisional de contrato bancário c/c repetição de indébito (esquema nhoc). Julgamento
antecipado da lide. Cerceamento de defesa. Ocorrência. Produção de prova pericial.
Necessidade. Decisão cassada. Necessário oportunizar as partes a produção de provas
a fim de que possam comprovar seu direito. Tratando-se de revisional de contrato
bancário importante é a prova pericial para que se possa averiguar a incidência ou não
do sistema nhoc, juros capitalizados e demais tarifas contratadas (consideradas provas
complexas), no intuito de que o juízo possa com tranquilidade julgar a lide, sob pena de
cercear o direito de defesa das partes. Agravo de instrumento provido. (TJPR; Ag Instr
1384134-8; Santa Fé; Décima Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Paulo Cezar Bellio; Julg.
28/10/2015; DJPR 24/11/2015; Pág. 462)

De outro importe, era necessário que o Juiz a quo proferisse


despacho saneador (CPC, art. 357), destacando a(s) prova(s) a ser(em) produzida(s)( ou
rechaçando-as) e, inclusive, apontar os pontos controvertidos da querela, o que não ocorreu.
Quanto ao julgamento antecipado do pedido, como na hipótese,
somente poderia ocorrer quando:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução
de mérito, quando:

I - não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de
prova, na forma do art. 349.
( os destaques são nossos )

Entrementes, a questão em debate, para constatar fatos, a


produção de prova pericial. Portanto, por esse ângulo, o caso não seria de julgamento
antecipado.

Nem mesmo a produção de prova técnica simplificada fora


oportunizada (CPC, art. 464, § 2º).

De outro bordo, mister que o magistrado tivesse registrado,


motivadamente, as razões que o levaram a não se utilizar da prova contábil (CPC, art. 370,
parágrafo único).

Assim, a regra processual, abaixo em ênfase, pressupõe que a


sentença não poderia ter sido proferida sem a prolação de despacho saneador, em que se
decidissem as questões processuais pendentes, se deliberasse sobre as provas a serem
produzidas, designando-se audiência de instrução e julgament o, se necessário.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 357 - Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em
decisão de saneamento e de organização do processo:
(...)
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória,
especificando os meios de prova admitidos;
(...)
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
(...)
§ 3º - Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o
juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as
partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes ...”

Com esse enfoque, urge transcrever as lições de José Miguel


Garcia Medina:

“III. Julgamento imediato do mérito e cerceamento de defesa. Havendo necessidade


de produção de provas, não se admite o julgamento imediato do mérito. Ocorre, nesse
caso, cerceamento de defesa, devendo ser decretada a nulidade da sentença (cf. STJ,
AgRg no AREsp 371.238/GO, Rel. Ministro Humberto Martins, 2ª T., j. 03/01/2013),
salvo se, por ocasião do julgamento do recurso, for possível julgar o mérito em favor
daquele a quem aproveitaria o reconhecimento da nulidade ...
É tranquila no STJ a orientação de que ´resta configurado o cerceamento de defesa
quando o juiz, indeferindo a produção de provas requerida, julga antecipadamente a
lide, considerando improcedente a pretensão veiculada justamente porque a parte não
comprovou suas alegações’ (STJ, REsp 783.185/RJ, 1ª T., j. 24.04.2007, rel. Min. Luiz
Fux).” (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: com ...
– São Paulo: RT, 2015, p. 595)
(sublinhamos)

Apropriadas igualmente as lições de Humberto Theodoro Júnior:

“ Na ordem lógica das questões, só haverá despacho saneador quando não


couber a extinção do processo, nos termos do art. 354, nem for possível o julgamento
antecipado do mérito (art. 355).
Pressupõe, destarte, a inexistência de vícios na relação processual ou a
eliminação daqueles que acaso tivessem existido, bem como a necessidade de outras
provas além dos elementos de convicção produzidos na fase postulacional.
( ...)
Se for o caso de exame pericial, o momento de deferi-lo, com a nomeação do
perito e abertura de prazo para indicação de assistente pelas partes, é, também, a
decisão de saneamento (vide, infra, nº 629 e segs. ) ( In, Curso de Direito Processual
Civil. 56ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, vol. I., pp. 829-830)

Pela necessidade do despacho saneador, vejamos o seguinte


julgado:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL.
RELAÇÃO DE CONSUMO. PEDIDO DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NÃO
APRECIADO. MOMENTO DA INVERSÃO. ORIENTAÇÃO PREDOMINANTE NO STJ.
REGRA DE INSTRUÇÃO. PREFERENCIALMENTE NA FASE DE SANEAMENTO DO
PROCESSO. NULIDADE CONFIGURADA. SENTENÇA CASSADA.
1. Em que pese a divergência doutrinária e jurisprudencial, prevalece o entendimento
de que o juiz, ainda na fase de saneamento do feito, deve se manifestar no sentido de
indicar qual parte está incumbida do ônus da prova, uma vez que é a distribuição do
ônus da prova que determina o comportamento processual da parte. 1.1. No caso em
tela, verifica-se que, mesmo havendo pedido expresso do autor na petição inicial para
que fosse aplicado o art. 6º, VIII, do CDC, ao presente feito, sob alegação de
preenchimento dos requisitos legais, não houve apreciação judicial de tal pedido, o que
caracteriza uma nulidade processual insanável. 2. Considerando a divergência que
também lastreava as decisões adotadas pela Terceira e pela Quarta Turmas do STJ, a
Segunda Seção (Direito Privado) dessa egrégia Corte, que reúne os mencionados
colegiados, analisando o RESP 802.832/MG, que lhe fora afetado em razão desse
conflito, pacificou o entendimento no âmbito dessa Casa, no sentido de que as partes
devem ter, ao menos até o término da instrução, de preferência no despacho saneador,
a indicação de como devem se portar em relação à distribuição do ônus da prova, a fim
de que ajam em ordem a cumprir esse encargo sem sobressaltos. 3. "A distribuição do
ônus da prova, além de constituir regra de julgamento dirigida ao juiz (aspecto
objetivo), apresenta-se também como norma de conduta para as partes, pautando,
conforme o ônus atribuído a cada uma delas, o seu comportamento processual
(aspecto subjetivo). Doutrina. Se o modo como distribuído o ônus da prova influi no
comportamento processual das partes (aspecto subjetivo), não pode a inversão 'ope
judicis' ocorrer quando do julgamento da causa pelo juiz (sentença) ou pelo tribunal
(acórdão)". (RESP 802.832/ MG, Rel. Ministro Paulo DE TARSO SANSEVERINO,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/04/2011, DJe 21/09/2011). 4. Verificada a ocorrência
de error in procedendo, a sentença deve ser anulada a fim de que o processo possa ser
saneado, evitando-se insegurança e dando maior certeza às partes sobre seus encargos
processuais. 5. Apelação conhecida para cassar, de ofício, a r. Sentença resistida e
determinar o retorno dos autos ao Juízo de origem para o regular processamento do
feito, com a apreciação do pedido constante na petição inicial referente à inversão do
ônus da prova. (TJDF - Rec 2011.01.1.206137-5; Ac. 764.862; Primeira Turma Cível; Rel.
Des. Alfeu Machado; DJDFTE 07/03/2014; Pág. 65)

Desse modo, impõe-se reconhecer a


impossibilidade do julgamento antecipado do mérito, visto
que, havendo controvérsia a respeito de fatos, cuja prova não se
encontra nos autos, imprescindível que o juízo a quo viabilize ao
Apelante a produção da prova requerida. Ao caso em liça,
imprescindível a prova pericial, porquanto, nos termos do art. 373, I,
do Código de Processo Civil, tal ônus pertence ao Apelante, não
podendo ter sido proferida sentença sem a sua realização,
incorrendo, por esse norte, no notório cerceamento de defesa.

Portanto, por entender que, na espécie, é


imprescindível a realização de prova pericial para delimitar a
existência, ou não, da cobrança de encargos abusivos na relação
contratual em espécie, além da circunstância de que a "vexata
quaestio" não é exclusivamente de direito e, também, fática,
imperioso é o decreto de nulidade do "decisum" fustigado,
com a finalidade de se reabrir a instrução probatória.
Com tais fundamentos, deve ser acolhida a
presente preliminar de nulidade da sentença, por cerceamento
de defesa, cassando-se a sentença vergastada e determinando
o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de que se
produza prova pericial contábil.

Inaplicável, portanto, o “princípio da causa madura”, com a


apreciação do mérito por este Tribunal (CPC, art. 1.013, § 3º), porquanto: ( i ) a matéria não
versa exclusivamente de direito e, mais; ( ii ) há necessidade de produção de provas .

4.2. Ausência de fundamentação

É consabido que o magistrado deve julgar o mérito nos limites do


quanto fora proposto em juízo. Assim, defeso examinar-se matéria alheia que exige a iniciativa
da parte.

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 141 - O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe
vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da
parte.

Ora, a sentença é nula por não apreciar toda matéria ventilada e


requerida na inicial, quando, no tocante aos juros capitalizados, o Apelante pediu a
procedência de seus pedidos argumentando que:

“Todavia, no pacto em debate houvera sim cobrança indevida da capitalização de


juros, porém fora adotada outra forma de exigência irregular; uma “outra roupagem”.
Entrementes, o ajuste da periodicidade da capitalização dos juros fora na forma diária,
pois sua cláusula 7ª assim reza: (...)
É cediço que essa espécie de periodicidade de capitalização (diária) importa em
onerosidade excessiva ao consumidor.
Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a ilegalidade da cláusula que
prevê a capitalização diária dos juros, esses não poderão ser cobrados em qualquer
outra periodicidade (mensal, bimestral, semestral, anual). É que, lógico, inexiste
previsão contratual nesse sentido; do contrário, haveria nítida interpretação extensiva
ao acerto entabulado contratualmente.
Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém ressaltar os ditames
estabelecidos na Legislação Substantiva Civil:
CÓDIGO CIVIL
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem,
apenas se declaram ou reconhecem direitos.
Diante disso, conclui-se que uma vez declarada nula a cláusula que estipula a
capitalização diária, resta vedada a capitalização em qualquer outra modalidade.”

Dessarte, nesse aspecto, tocante aos juros capitalizados, abordou-se


a inviabilidade da capitalização diária.
Todavia, ao revés disso, o Magistrado a quo, ao examinar a questão
em espécie, conduziu-se por outros argumentos distintos, sem apreciar aqueles levantados na
exordial:

“Quanto à capitalização de juros, sua aplicabilidade restou autorizada desde a


edição da MP 1.963-17/2000, reeditada sob o nº. 2.170-36/2001, bem como em
decorrência da redação contida na Súmula 539 e 541 do STJ, condicionada
apenas à expressa pactuação entre as partes ... “
Seguramente essa deliberação merece reparo.

Com esse enfoque dispõe o Código de Processo Civil que:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar
sua relação com a causa ou a questão decidida;
(...)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

Sem sombra de dúvidas a regra supra-aludida se encaixa à decisão


hostilizada. A mesma passa longe de invocar argumentos capazes de motivar a rejeição ao
pedido buscado.

A ratificar o exposto acima, é de todo oportuno gizar o magistério de


José Miguel Garcia Medina:

“O conceito de omissão judicial que justifica a oposição de embargos de declaração, à


luz do CPC/2015, é amplíssimo. Há omissão sobre o ponto ou questão, isso é, ainda que
não tenha controvertido as partes (questão), mas apenas uma delas tenha suscitado o
fundamento (ponto; sobre a distinção entre ponto e questão, cf. comentário ao art.
203 do CPC/2015). Pode, também, tratar-se de tema a respeito do qual deva o órgão
jurisdicional pronunciar-se de ofício (p. ex., art. 485, § 3º do CPC/2015), ou em razão
de requerimento da parte. Deve ser decretada a nulidade da decisão, caso a omissão
não seja sanada. “( MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil
comentado: ... – São Paulo: RT, 2015, p. 1.415)
(itálicos do texto original)

Nesse mesmo passo são as lições de Teresa Arruda Alvim


Wambier:

“ Em boa hora, consagra o dispositivo do NCPC projetado ora comentado, outra regra
salutar no sentido de que a adequação da fundamentação da decisão judicial não se
afere única e exclusivamente pelo exame interno da decisão. Não basta, assim, que se
tenha como material para se verificar se a decisão é adequadamente fundamentada (=
é fundamentada) exclusivamente a própria decisão. Esta nova regra prevê a
necessidade de que conste, da fundamentação da decisão, o enfrentamento dos
argumentos capazes, em tese, de afastar a conclusão adotada pelo julgador. A
expressão não é a mais feliz: argumentos. Todavia, é larga e abrangente para acolher
tese jurídica diversa da adotada, qualificação e valoração jurídica de um texto etc.
Vê-se, portanto, que, segundo este dispositivo, o juiz deve proferir decisão afastando,
repelindo, enfrentando elementos que poderiam fundamentar a conclusão diversa.
Portanto, só se pode aferir se a decisão é fundamentada adequadamente no
contexto do processo em que foi proferida. A coerência interna corporis é necessária,
mas não basta. “ (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim ... [et al.]. – São Paulo: RT, 2015, p.
1.473)
(itálicos e negritos do texto original)
Não fosse isso o bastante, urge transcrever igualmente as lições de
Luiz Guilherme Marinoni:

“Assim, o parâmetro a partir do qual se deve aferir a completude da motivação das


decisões judiciais passa longe da simples constância na decisão do esquema lógico-
jurídico mediante o qual o juiz chegou à sua conclusão. Partindo-se da compreensão do
direito ao contraditório como direito de influência e o dever de fundamentação como
dever de debate, a completude da motivação só pode ser aferida em função dos
fundamentos arguidos pelas partes. Assim, é omissa a decisão que deixa de se
pronunciar sobre argumento formulado pela parte capaz de alterar o conteúdo da
decisão judicial. Incorre em omissão relevante toda e qualquer decisão que esteja
fundamentada de forma insuficiente (art. 1.022, parágrafo único, II), o que obviamente
inclui ausência de enfrentamento de precedentes das Cortes Supremas arguidos pelas
partes e de jurisprudência formada a partir do incidente de resolução de demandas
repetitivas e de assunção de competência perante as Cortes de Justiça (art. 1.022,
parágrafo único, I). “ (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO,
Daniel. Novo curso de processo civil: tutela ... vol. 2. – São Paulo: RT, 2015, p. 540)

É necessário não perder de vista a posição da jurisprudência oriunda


do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO


QUE ANALISA O PEDIDO DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS À
EXECUÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE. ART. 165 DO CPC.
1. Afasta-se a alegada violação do art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido,
integrado pelo julgado proferido nos embargos de declaração, dirime, de forma
expressa, congruente e motivada, as questões suscitadas nas razões recursais. 2. É
nula, por ausência de motivação, decisão que confere efeito suspensivo a embargos à
execução nos termos do art. 739 - A, § 1º, do CPC, sem que haja fundamento que
justifique essa excepcionalidade. 3. Agravo em Recurso Especial conhecido para negar
provimento ao recurso especial. (STJ; AREsp 120.546; Proc. 2011/0279821-9; RS;
Terceira Turma; Rel. Min. João Otávio de Noronha; DJE 16/06/2014)

No mesmo sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.


INDENIZATÓRIA. CEEE. CÁLCULO. CORREÇÃO. DEVER DE FUNDAMENTAR (ART. 93 DA
CF/88). DECISÃO DESCONSTITUÍDA.
Decisão judicial que se limitou a reconhecer a correção do cálculo apresentado pela
contadoria e não apreciou, de forma detida, os argumentos deduzidos pelos litigantes,
não deve ser mantida pela ausência de fundamentação. Nula toda e qualquer decisão
que não contenha fundamentação, conforme o artigo 165, do código de processo civil
e artigo 93, ix, da constituição federal. Deram provimento ao agravo de instrumento.
(TJRS; AI 0410398-09.2015.8.21.7000; Porto Alegre; Décima Nona Câmara Cível; Rel.
Des. Eduardo João Lima Costa; Julg. 17/12/2015; DJERS 28/01/2016)

PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. MORTE DO


EXEQUENTE. SENTENÇA DE EXTINÇÃO COM BASE NOS ARTS. 267, IV, E 295, III,
AMBOS DO CPC. AUSÊNCIA DE REQUISITO ESSENCIAL. RELATÓRIO. ART. 458 DO CPC.
NULIDADE. FALECIMENTO DO AUTOR DA DEMANDA. NECESSÁRIA SUSPENSÃO DO
PROCESSO. PREVISÃO LEGAL EXPRESSA. ARTS. 43, 265, I, 791, II, E 1.055, TODOS DO
CPC. SENTENÇA ANULADA EX OFICIO.
1. São requisitos essenciais da sentença o relatório, a fundamentação e o dispositivo.
Inexistente qualquer dos requisitos expressos no art. 458, impõe-se a anulação da
sentença ex oficio. 2. Ademais, havendo notícia de falecimento do exequente da ação,
não há que se falar em extinção do feito com base nos arts. 267, IV, e 295, III, ambos
do CPC. Devendo a ação ser suspensa, conforme previsão expressa constante nos arts.
265, I, 791, II e 1.055, todos do mesmo diploma legal, até que seja regularizado o polo
ativo da demanda, pela habilitação-incidente do espólio ou herdeiros do de cujus. 3.
Ante o exposto, impende declarar a nulidade da sentença de fl. 49, determinando-se a
remessa dos autos à primeira instância para suspensão da ação de execução, nos
termos do art. 791, II, do CPC. 4. Apelo parcialmente provido. (TJPE; Rec. 0093282-
86.1996.8.17.0001; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Roberto da Silva Maia; DJEPE
22/01/2016)

Diante disso, ou seja, face à carência de fundamentação, mostra-


se necessária a anulação do decisum combatido, e, por tal motivo, seja determinada a
baixa dos autos para que haja o regular processamento (CPC, art. 1.013, § 3º, inc. IV).

(5) – NO MÉRITO
(CPC, art. 1.010, inc. II)

4.1. Juros capitalizados mensalmente. Matéria incontroversa.

Quanto à cobrança de juros capitalizados sem a devida


cláusula, pela periodicidade mensal, a matéria é incontroversa. A defesa não rebateu
precisamente esse aspecto fático (CPC, art. 341, caput) ou, quando muito, vagamente
argumentou que era legal a cobrança “ dos encargos” porquanto pretensamente estavam
entabulados pela via contratual.

Já a sentença, em seus fundamentos, também sustentou a


existência dos juros capitalizados, inclusive citando que ficou acertado entre as partes sua
cobrança, quando assim se destacou:
“Quanto à capitalização de juros, sua aplicabilidade restou autorizada desde a
edição da MP 1.963-17/2000, reeditada sob o nº. 2.170-36/2001, bem como em
decorrência da redação contida na Súmula 539 e 541 do STJ, condicionada
apenas à expressa pactuação entre as partes ... “

Infere-se, por esse ângulo, que, para o Magistrado: ( i ) há a


cobrança de juros capitalizados; ( ii ) concorda o mesmo que a cobrança de tal encargo tão-
somente pode ocorrer caso as partes tenham convencionado expressamente no contrato de
mútuo financeiro; ( iii ) para esse, houve convenção entre as partes da cobrança de juros
capitalizados, quando a expressão “taxa efetiva de juros”, verificada no contrato, nada mais é
que o acerto para a cobrança de “juros nominais capitalizados”; ( iv ) diante da convenção para a
cobrança de juros entabulada entre as partes ora litigantes, não havia ilegalidade a ser rebatida
na sentença; ( v ) existe autorização legal para cobrança de juros capitalizados nesta
modalidade contratual.

Diante desse contexto, passemos, então, a verificar se, de fato,


houvera a convenção expressa entre as partes acerca da cobrança de juros capitalizados.

Como bem salientado na própria sentença combatida, a legalidade


da capitalização dos juros encontra-se atrelada ao preenchimento de dois requisitos: a)
autorização legal nesse sentido e; b) disposição contratual expressa prevendo a
possibilidade.

Relativamente à necessidade de preceito contratual apontando pela


pactuação de juros capitalizados, mister se faz o exame da aludida “cláusula” mencionada pelo
magistrado.
É consabido que a convenção acerca da capitalização, seja qual for
a periodicidade, bem como o tipo de contrato, há de estar, imprescindivelmente, consignada no
instrumento de forma expressa.

Ao revés disso, inexiste qualquer cláusula que no contrato de cartão


de crédito autorizando tal conclusão.

Por esse motivo, há de ser afastada a sua cobrança, segundo,


ademais, o assente entendimento dos Tribunais:

APELAÇÃO. AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO. CARTÃO DE CRÉDITO. PRELIMINAR DE


ILEGITIMIDADE PASSIVA. NÃO CONHECIMENTO. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA DO
INSTRUMENTO CONTRATUAL. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS E COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA AFASTADAS. JUROS REMUNERATÓRIOS. TAXA MÉDIA DE MERCADO.
1- Opera-se a preclusão em relação a questões decididas, contra as quais não se
interpôs qualquer recurso. 2- A ausência do instrumento contratual impede a prova de
haver expressa previsão da capitalização dos juros e da comissão de permanência, o
que implica no seu afastamento da relação contratual. 4- Impossibilitada a prova da
taxa de juros pactuada, deve ser esta limitada à taxa média de mercado. (TJMG; APCV
1.0145.11.045602-0/002; Rel. Des. Octavio Augusto de Nigris Boccalini; Julg.
03/03/2015; DJEMG 09/03/2015)

AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL, CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO CARTÃO


DE CRÉDITO. TAXAS DE JUROS REMUNERATÓRIOS.
Limitação Impossibilidade. Juros remuneratórios superiores a 12% ao ano
Admissibilidade Súmula nº 382 do STJ Administradora de cartão de crédito que se
equipara a instituição financeira, não se submetendo às limitações da Lei da Usura
Súmula nº 283 do STJ Não ficou demonstrada a cobrança de juros remuneratórios
abusivos, sendo incabível a limitação deste encargo Recurso improvido, neste aspecto.
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS Capitalização de juros remuneratórios, com
periodicidade inferior a um ano, permitida pela Medida Provisória nº 1.963-17, de 30
de março de 2000, reeditada sob o número 2.170-36, de 23 de agosto de 2001, desde
que pactuada nos contratos bancários celebrados após esta data Entendimento
pacificado do STJ, expresso no julgamento do RESP 973827/RS, sob o rito dos recursos
repetitivos Ausência de previsão contratual a respeito da capitalização de juros, o que
impossibilita a sua incidência por periodicidade inferior à anual Imputação de
pagamento Pagamentos parciais efetuados, que amortizaram os juros, os quais, em
consequência, não foram incorporados ao saldo devedor Aplicação do art. 354 do
Código Civil. Inocorrência de capitalização de juros, nos meses em que foram efetuados
os pagamentos das faturas, ainda que parciais Recurso parcialmente provido, neste
aspecto. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA Possibilidade de cobrança, no período de
inadimplência, desde que prevista em cláusula contratual, porém a cobrança de
comissão de permanência, cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos
remuneratórios e moratórios previstos no contrato, exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual Súmula nº 472 do STJ Cláusula
contratual que prevê a incidência cumulada de comissão de permanência com juros
moratórios e multa Inadmissibilidade Afastamento desta cumulação Recurso
parcialmente provido, neste aspecto. SUCUMBÊNCIA Ação parcialmente procedente.
Considerando que o réu decaiu de parte mínima do pedido, a autora arcará, por
inteiro, com as custas processuais e com os honorários advocatícios fixados na
sentença, nos termos do artigo 21, parágrafo único, do Código de Processo Civil.
Recurso improvido, neste aspecto. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; APL
0170399-44.2009.8.26.0100; Ac. 8230698; São Paulo; Vigésima Quarta Câmara de
Direito Privado; Rel. Des. Plinio Novaes de Andrade Júnior; Julg. 05/02/2015; DJESP
09/03/2015)
AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO. JUROS REMUNERATÓRIOS E CAPITALIZAÇÃO NÃO PREVISTOS.
LIMITAÇÃO À TAXA MÉDIA DE MERCADO. REITERAÇÃO DAS TESES AGITADAS NO
APELO. DECISÃO MANTIDA.
1. Na hipótese de o contrato prever a incidência de juros remuneratórios, porém sem
lhe precisar o montante, está correta a decisão que considera nula tal cláusula porque
fica ao exclusivo arbítrio da instituição financeira o preenchimento de seu conteúdo. A
fixação dos juros deve ser feita segundo a média de mercado nas operações da
espécie. Preenchimento do conteúdo da cláusula de acordo com os usos e costumes, e
com o princípio da boa-fé. 2. Sobre o contrato bancário que não prevê a capitalização
dos juros remuneratórios, e nem as suas taxas mensais e anuais, veda-se a sua
cobrança. 3. Inexistindo nos autos argumentos novos capazes de infirmar os
fundamentos que alicerçaram a decisão agravada, impõe-se sua manutenção. Agravo
interno desprovido. (TJGO; AC 0478574-12.2008.8.09.0051; Goiânia; Segunda Câmara
Cível; Rel. Des. Eudelcio Machado Fagundes; DJGO 05/03/2015; Pág. 292)

Por isso igualmente são descabidos os fundamentos de que


os juros capitalizados poderiam ser cobrados por força das MPs 1.963-17(art. 5º) e 2.170-
36(art. 5º) – visto que o pacto é posterior a vigência das mesmas --, mantidas pela Emenda
Constitucional nº. 32/01, posto que também, para essas hipóteses, o pacto expresso de
capitalização de juros se faz necessário.

Com efeito, de toda conveniência evidenciar os seguintes julgados:

PRELIMINAR. Preliminar de nulidade da sentença pelo julgamento da lide, sem a


aplicação correta da Lei ao caso concreto Rejeição Hipótese em que a má aplicação da
Lei pode resultar em uma reversão do julgamento, se for dado provimento ao recurso,
não tornar a sentença nula PRELIMINAR REJEITADA. AÇÃO COM PEDIDO DE COBRANÇA
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS Pretensão de reforma da sentença para afastar a
capitalização de juros de contrato de operação de desconto de títulos Cabimento
Hipótese em que a capitalização mensal dos juros é permitida nos contratos celebrados
em data posterior à Medida Provisória MP 1.963-17, atual MP nº 2.170-36, desde que
contratada Ausência de expressa contratação dos juros capitalizados que incidiram na
composição do débito Capitalização de juros afastada. RECURSO PROVIDO. (TJSP; APL
0002070-38.2009.8.26.0466; Ac. 8212464; Pontal; Décima Terceira Câmara de Direito
Privado; Relª Desª Ana de Lourdes; Julg. 19/02/2015; DJESP 02/03/2015)

REVISIONAL DE CONTRATOS BANCÁRIOS. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS.


AFASTADA. INAPLICABILIDADE DA MP 2.170-36. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
CABIMENTO. EM RELAÇÃO À COBRANÇA INDEVIDA DE FORMA SIMPLES.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ADEQUADOS. SENTENÇA MANTIDA.
Para a incidência da Medida Provisória nº 2.170-36, é necessário que o contrato
firmado com a instituição financeira tenha sido pactuado após 31 de março de 2.000, e
que também exista expressa menção à incidência de juros capitalizados, o que não
ocorre no caso. Apelação cível desprovida. (TJPR; ApCiv 1301901-3; Curitiba; Décima
Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Paulo Cezar Bellio; DJPR 13/02/2015; Pág. 106)

Portanto, ante à inexistência de cláusula expressa nesse sentido,


os juros capitalizados devem ser afastados, maiormente em face do que reza a Súmula 121 do
Supremo Tribunal Federal, assim como Súmula 93 do Superior Tribunal de Justiça:

STF - Súmula nº 121 - É vedada a capitalização de juros, ainda que


expressamente convencionada.
STJ - Súmula nº 93 - A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e
industrial admite o pacto de capitalização de juros.

A sentença (fl. 54), ademais, nesse ponto também é nula por


ausência de fundamentação. Resumiu-se a destacar que ““ Quanto à capitalização de
juros, sua aplicabilidade restou autorizada desde a edição da MP 1.963-17/2000, reeditada sob o
nº. 2.170-36/2001, condicionada apenas à expressa pactuação entre as partes ... “

(6) – RAZÕES DO PEDIDO DA REFORMA


(CPC, art. 1.010, inc. III)

Em conta disso, é inarredável que a sentença merece ser anulada


ou, subsidiariamente, reformada, porquanto:

( i ) houve notório cerceamento de defesa;


( ii ) a sentença não analisou todos os fundamentos debatidos pela parte recorrente;
( iii ) não existiu acerto no tocante à cobrança da capitalização diária dos juros e, por isso,
afasta-se a mora da parte recorrente.

(7) – PEDIDO DE NOVA DECISÃO


(CPC, art. 1.010, inc. IV)

Nessas condições, requer o Apelante que


esta Egrégia Corte reedite mais uma de suas brilhantes
atuações, para, em considerando tudo o mais que dos autos
constam, conheça das presentes razões recursais, dando
provimento ao apelo para cassar a sentença em face do
cerceamento de defesa, declarando-a nula (CPC, art. 1.013, §
3º, inc. IV). Por conseguinte, seja determinado o retorno dos
autos ao juízo monocrático para que esse realize a produção
das provas requeridas pelo Apelante.

Subsidiariamente, pede seja declarada abusiva


a cobrança de juros capitalizados, sob qualquer periodicidade,
uma vez que no contrato em espécie inexiste cláusula
expressa prevendo sua cobrança. Via reflexa, seja acolhido o
pleito do Apelante no sentido de afastar-se a mora em face da
cobrança de encargos abusivos no período de normalidade
contratual, invertendo-se o ônus da sucumbência e com
majoração recursal (CPC, art. 85, § 1º).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de janeiro do ano de 0000.

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